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1 Tópico 2 - Fundamentos da Oferta e da Demanda Introdução Neste tópico vamos introduzir o aluno no campo da Teoria Microeconômica. Como dissemos anteriormente, a Teoria Microeconômica preocupa-se em estudar o comportamento econômico das unidades econômicas individuais, tais como consumidores, empresas e proprietários de recursos. Ela trata, basicamente, dos fluxos de bens e serviços das empresas para os consumidores, dos fluxos dos recursos produtivos dos seus proprietários para as empresas, da composição desses fluxos e da formação dos preços dos componentes desses fluxos. Iniciaremos nosso estudo pelo modelo simples de oferta e de demanda, procurando mostrar como funcionam os mercados competitivos e a maneira que preços e quantidades são determinados nesse tipo de mercado. Definição da Demanda A demanda (ou procura) de um indivíduo por determinado bem (ou serviço) refere-se à quantidade desse bem que ele deseja e está capacitado a comprar, por unidade de tempo. Nessa definição, três elementos devem ser destacados: i) A demanda é uma aspiração, um desejo, e não a realização do desejo. A realização do desejo se dá pela compra do bem desejado. Logo não se pode confundir demanda com compra. ii) Para que haja demanda por um bem é preciso que o indivíduo esteja capacitado a pagar por esse bem. Em outras palavras, é preciso que ele tenha renda que lhe permita participar do mercado desse bem. Na realidade, nem todo desejo do consumidor se manifesta no mercado sob a forma de demanda. O desejo de um consumidor comprar um bem somente influirá no preço de mercado desse bem se tal desejo puder ser traduzido em uma demanda monetária para o bem em questão. Em economia, demanda significa desejo apoiado por dinheiro suficiente para comprar o bem desejado. Exemplificando, embora inúmeros indivíduos desejem comprar um carro importado, com certeza poucos têm efetivamente posses para isso. Assim, somente a demanda daqueles que têm dinheiro suficiente para compra-los pode afetar o preço dos carros importados. iii) A demanda é um fluxo por unidade de tempo, ou seja, devemos expressar a procura por uma determinada quantidade em um determinado período de tempo. Assim, se dissermos que João deseja adquirir 20 litros de leite, e que essa é sua demanda, estaremos incorrendo em erro, uma vez que não teremos especificado a unidade de tempo em que João deseja comprar os litros de leite (se por dia, semana, mês, ano ou outra unidade de tempo qualquer). Para que a informação esteja correta, é preciso que se diga que João deseja adquirir 20 litros de leite por mês (por exemplo) sendo esta, então a sua demanda de leite. Feitas essas observações, devemos identificar quais os elementos que influenciam a demanda do consumidor por um determinado bem ou serviço. Os principais fatores que podem influenciar a demanda da maioria dos bens são: 2 1) Preço do bem: a quantidade demanda de um bem é influenciada por seu preço. Normalmente é de se esperar que quanto mais alto for o preço de um bem, menor deverá ser a quantidade que o consumidor desejará adquirir desse bem. Inversamente, quanto mais baixo for o preço, maior deverá ser a quantidade que o consumidor desejará adquirir desse bem. 2) Renda: para a maioria dos bens é de se esperar que uma elevação na renda do consumidor esteja associada a uma elevação nas quantidades compradas. Essa é a regra geral, e os bens que têm essa particularidade são chamados de Bens Normais. Existem, entretanto, duas possíveis exceções a esse padrão geral. É o caso dos denominados Bens Inferiores e Bens de Consumo Saciado. Os Bens Inferiores são aqueles cuja demanda varia inversamente às variações ocorridas na renda do consumidor, dentro de uma certa faixa de renda. Isso significa que a demanda desse tipo de produto diminui quando a renda do consumidor aumenta, e aumenta quando a renda do consumidor sofre redução. Como exemplos de bens inferiores podemos citar a carne de segunda e as roupas usadas, normalmente adquiridas por famílias pobres. Assim, conforme a renda do consumidor se eleva, ele passa a ter condições financeiras de comprar bens de melhor qualidade. A ideia é a que o consumidor troca os produtos anteriormente consumidos por outros de qualidade superior (por exemplo, carne de segunda por carne de primeira) tão logo tenha condições de fazê-lo. 3) Gosto e Preferência do Consumidor: a demanda de um determinado bem depende dos hábitos e preferências do consumidor. Estes, por sua vez, dependem de uma série de circunstâncias, tais como idade, sexo, tradições culturais, religião e até educação. Mudanças nesses hábitos e preferências podem provocar mudanças na demanda desse bem. 4) Preço dos Bens Relacionados: a demanda de um bem pode ser afetada pela variação no preço de outros bens. Isso ocorre em relação aos denominados Bens Complementares e Bens Substitutos. Os Bens Complementares são aqueles que tendem a aumentar a satisfação do consumidor quando utilizados em conjunto. Nesse caso, a elevação no preço de um deles produz uma redução da demanda do outro, e uma diminuição no preço de um conduz a uma aumento na demanda do outro. É o caso, por exemplo, do pão e da manteiga. Assim, um aumento no preço do pão tende a reduzir a demanda de manteiga. Devemos observar que a complementaridade pode ser técnica, caso da caneta-tinteiro e tinta, automóvel e gasolina, ou psicológica, tal como restaurante com música. Os Bens Substitutos, por sua vez são aqueles cujo consumo de um pode substituir o consumo de outro. Nesse caso haverá uma relação direta entre o preço de um bem e a demanda do outro. Em outras palavras, uma elevação no preço de um bem produzirá aumento na demanda do outro bem (e uma redução no preço de um provocará redução na demanda do outro). A manteiga e a margarina, ao que parece, enquadram-se nessa classificação. Assim, um aumento no preço da manteiga deverá elevar a demanda de margarina (e uma diminuição no preço da manteiga deverá diminuir a demanda de margarina). Outros exemplos de bens substitutos seriam leite em pó e leite fresco, carne de frango e carne bovina etc. 3 5) Expectativas sobre Preços, Rendas ou Disponibilidade: As expectativas que as pessoas têm em relação ao futuro dos seus rendimentos e em relação ao comportamento dos preços também exercem papel fundamental na demanda por bens e serviços. Assim, se um consumidor acredita que, no futuro, terá um aumento substancial em seus rendimentos, poderá estar disposto a gastar mais hoje do que uma pessoa que acredita que virá a ter um rendimento bem menor no futuro. Da mesma forma, se o consumidor acredita que os preços aumentarão no futuro próximo, pode aumentar a demanda corrente de bens estocáveis, prevenindo-se, assim, de eventuais aumentos de preços. Aumentos nas demandas correntes por determinados bens e serviços também poderão ocorrer caso as pessoas acreditem que esses bens e serviços vão escassear no futuro (ou seja, que haverá menor disponibilidade desses bens no futuro). Observando os determinantes da demanda, verificamos que todos podem variar simultaneamente, ficando difícil avaliar o efeito que cada um deles, isoladamente, exerce sobre a demanda. Para contornar esse problema vamos nos valer da imposição da condição coeteris paribus, expressão latina que significa tudo o mais permanecendo constante. Partimos, por exemplo, que o preço de um produto se modifique, fazendo a suposição de que a renda do consumidor, os preços dos bens relacionados, os gostos e preferências e as expectativas permaneçam inalterados (isso não significa que esses fatores não existam, mas tão somente que seu valor permanece o mesmo durante a análise). Assim, procedendo, conseguimos identificar o efeito que apenas as mudanças de preço provocam nas quantidadesdemandadas do produto objeto de análise. É como se os consumidores, a cada redução (aumento) de preço desse produto, conferissem a sua renda, seus gostos e preferências, os preços dos bens relacionados, suas expectativas, e somente depois de constatar que esses elementos não se alteram, se dispusessem a comprar mais (menos) desse bem. Chamamos a atenção para o fato de que se todos os fatores determinantes da demanda permanecem com o mesmo valor (com exceção do preço), variações nas quantidades demandadas de determinado bem só podem ser atribuídas a variações do preço desse bem. Dizemos então, que a demanda do bem em questão depende do preço, coeteris paribus. Naturalmente, esse procedimento pode ser estendido a todos os elementos que influenciam a procura. A Curva de Demanda A curva da demanda informa a quantidade de bens e serviços que os consumidores desejam comprar a determinado preço, em determinado período de tempo. Podemos escrever essa relação entre a quantidade demandada e os preços como uma equação: QD = f(P) Note que a curva de demanda nessa figura, indicada por D de Demanda, é descendente: os consumidores geralmente estão dispostos a comprar quantidades maiores se o preço está mais baixo. Por exemplo, um preço mais baixo pode estimular consumidores que já tenham adquirido tal mercadoria a consumir quantidades maiores. Além disso, pode 4 permitir que outros consumidores que anteriormente não dispunham de poder aquisitivo para comprar tal mercadoria comecem a adquiri-la. A demanda pode ser deslocada por variações na: Renda (R), Gosto ou preferência (g), Preço dos Bens Substitutos (PS), Preço dos Bens Complementares (PC), Expectativa de renda (Re), de Disponibilidade (De) e de Preços (Pe). Um aumento da R, um aumento de Ps, redução dos Pc, expectativas favoráveis (seja de aumento Re, queda de De e/ou aumento de Pe) e um choque favorável nas preferências dos consumidores (g) desloca a curva de demanda para a direita ou para cima (de D0 para D1), conforme mostra a figura abaixo. Uma redução da R, uma redução de Ps, aumento de Pc, expectativas desfavoráveis (seja de redução Re, aumento de De e/ou redução de Pe) e um choque desfavorável nas preferências dos consumidores (g) desloca a curva de demanda para a esquerda ou para baixo (de D0 para D2), conforme mostra a figura acima. Suponhamos agora que ocorra uma redução na renda. Como isso afeta a curva de demanda considerando duas hipóteses: i) com o preço fixo e ii) com a quantidade ofertada fixa. D1 (R, Ps, Pc, Re, De, Pe, g ) D0 D2 (R, Ps, Pc, Re, De, Pe, g ) ) P QD QD0 P0 D P QD 5 Diante da hipótese de preço fixo, um aumento da renda provoca um deslocamento da curva de demanda para direita ou para cima gerando um aumento da quantidade demanda (de QD0 para Q D 1). O inverso também é verdadeiro para uma queda na renda dos consumidores. A curva de demanda se desloca para esquerda ou para baixo (de D0 para D2), dado o preço, ocorre uma redução da quantidade demanda de Q D 0 para Q D 2. Alternativamente, com quantidade fixa em QD0, podemos perguntar que preço os consumidores pagariam para adquirir essa quantidade QD0 à medida que a renda sofre modificações. Um aumento da renda desloca a curva de demanda para a direita (de D0 para D1) que, dada a quantidade produzida, gera um aumento de preços de P0 para P1. Do mesmo modo, uma redução da renda desloca a curva de demanda para a esquerda (de D0 para D2) que, dada a quantidade produzida, gera uma redução no preço de P0 para P2. Portanto, variações de preços NÃO desloca a curva de demanda. Ocorre apenas um movimento AO LONGO da própria curva de demanda de origem. Por outro lado, variações na renda (ou outros fatores que influenciam a demanda) dos consumidores, P2 2 QD2 2 D2 D2 1) ↑R →(dado P) →↑QD. 2) ↓R →(dado P) →↓QD. QD0 QD1 D1 0 P0 1 D0 P QD 1) ↑R →(dado QD) →↑P. 2) ↓R →(dado QD) →↓P. P1 D1 0 P0 1 D0 P QD QD0 6 esta SIM, desloca a curva de demanda PARA A ESQUERDA OU PARA A DIREITA. Observe que quando o preço é fixo, a resposta em relação à redução (ou aumento) da renda É TODA dada sobre as QUANTIDADES. Por outro lado, quando a quantidade é fixa, a resposta em relação à redução (ou aumento) da renda É TODA dada sobre os PREÇOS. Diante disso, empregaremos a expressão mudança na demanda para nos referirmos aos deslocamentos da curva da demanda, e a expressão mudança nas quantidades demandadas para a situação em que ocorrem movimentos ao longo da curva da demanda. Definição da Oferta Define-se por oferta individual de um bem ou serviço a quantidade desse bem que um único produtor deseja vender no mercado, por unidade de tempo. Dois elementos devem ser destacados nessa definição: i) A oferta é uma aspiração, um desejo, e não a realização do desejo. A oferta é um desejo de vender (um bem, um serviço). A realização do desejo se dá pela venda do bem. Logo, não se pode confundir oferta com venda. ii) A oferta, da mesma forma que a demanda, é um fluxo por unidade de tempo, ou seja, devemos expressar a oferta de uma mercadoria como uma determinada quantidade em um determinado período de tempo. Assim, se dissermos que um produtor deseja oferecer 50 kg de açúcar, e que é essa sua oferta, estamos incorrendo em erro, uma vez que não especificamos a unidade de tempo em que o produtor deseja oferecer a mercadoria (se por dia, semana, mês, ano, ou outra unidade de tempo qualquer). Para que a informação esteja correta, é preciso que se diga que o produtor deseja oferecer 50 kg de açúcar por mês (ou outra unidade de tempo qualquer), sendo esta, então, a sua oferta de açúcar. Feitas essas observações, devemos identificar quais os elementos que influenciam a oferta de um determinado bem ou serviço. Os principais fatores que podem influenciar a oferta da maioria dos bens são: 1) O Preço do Bem: normalmente, podemos esperar a existência de uma relação direta entre a quantidade ofertada e o preço. Nessas condições, quanto maior for o preço de um bem, maior deverá ser sua quantidade ofertada no mercado. E vice-versa. É certo que na análise do comportamento do ofertante devem ser sempre relacionados o custo de produção e/ou distribuição e a receita total a obter. Se o preço de venda alcançado pelo produto no mercado não for suficiente para cobrir o custo de produção, não haverá estímulo para se oferecer a mercadoria. Essa relação entre quantidade e preço deverá apresentar, portanto, um limite mínimo dado pelo custo de produção. Por outro lado, deverá apresentar também um limite máximo, dado pelo pleno emprego dos fatores de produção, quando então a quantidade ofertada se tornará constante, independentemente das elevações de preços que possam vir a ocorrer. 7 2) Preços dos Fatores de Produção: A quantidade de um determinado bem que um produtor individual deseja oferecer no mercado depende dos preços dos fatores de produção. De fato, os preços pagos pela utilização dos fatores de produção, juntamente com a tecnologia empregada, determinam o custo de produção. Reduções nos preços desses fatores (nos níveis salariais, nos preços de matérias- primas, nas despesas de capital, etc.) diminuem os custos, tornando a produção mais lucrativa. O aumento na lucratividade estimula a empresa a aumentar a produção e a oferta de seu produto no mercado. Inversamente, elevações nos preços dos fatores de produção acarretam aumentos de custos e diminuição na lucratividade, desestimulando a produção e diminuindo a oferta. 3) Tecnologia: o estadoatual da tecnologia (isto é, o estado de conhecimento a respeito dos diversos métodos de produção) também se relaciona diretamente com os custos de produção. Avanços tecnológicos que permitam obter um volume maior de produção a custos menores aumentarão a lucratividade da empresa produtora do bem cujo processo foi beneficiado pela evolução tecnológica, estimulando a produção e aumentando a oferta do bem produzido por essa empresa no mercado. Por exemplo, a introdução de uma nova máquina que permita obter uma produção maior por unidade de tempo permitirá a empresa que adote essa nova máquina aumentar a quantidade a ser ofertada desse produto no mercado. 4) Expectativas de preços: o produtor, na sua decisão de produção atual, também leva em consideração as alterações esperadas de preços. Por exemplo, se um criador de gado acredita que haverá um aumento no preço da carne no futuro, é provável que retenha o fornecimento atual de gado para o abate, a fim de aproveitar preços mais altos posteriormente. Isso provoca uma diminuição na oferta atual da carne. 5) Condições Climáticas: relativamente a alguns produtos, especialmente produtos agrícolas, as condições climáticas exercem grande influência na oferta. Exemplificando, uma fazenda na qual se produza café poderá sofrer uma grande redução na produção desse bem caso ocorra uma geada. Se isso acontecer, a oferta de café por parte desse produtor deverá diminuir. 6) Taxa de juros: é comum aos empresários recorrerem a empréstimos para financiarem a produção, porém o custo desse empréstimo é representado pela taxa de juros. Desse modo, quanto maior a taxa de juros, maior o custo de produção e, portanto, menor tende a ser a oferta. Por outro lado, redução na taxa de juros significa estímulo para os empresários aumentarem a produção. Observando os determinantes da oferta, verificamos que todos podem variar simultaneamente, ficando difícil avaliar o efeito que cada um deles, isoladamente, exerce sobre a oferta. Para contornar esse problema vamos nos valer novamente da imposição da condição coeteris paribus. Permitimos, por exemplo, que o preço de um produto se modifique, fazendo a suposição de que o preço dos fatores de produção, a tecnologia, as expectativas e as condições climáticas (quando for o caso) permaneçam inalterados (isso não significa dizer que esses fatores não existam, mas tão somente que o seu valor permanece o mesmo durante a análise). Assim procedendo, conseguimos identificar o efeito que somente as 8 mudanças de preço provocam nas quantidades ofertadas do produto analisado. Dizemos, então que a quantidade ofertada desse bem depende do seu preço, coeteris paribus. Chamamos a atenção para o fato de que se todos os fatores determinantes da oferta permanecem com o mesmo valor, variações nas quantidades ofertadas do bem analisado só podem ser atribuídas a variações no preço do próprio bem. Naturalmente, esse procedimento pode ser estendido a todos os elementos que influenciam a oferta. A Curva de Oferta A curva de oferta informa a quantidade de bens e serviços que as empresas estão dispostas a vender a determinado preço e em determinado período de tempo, mantendo- se constantes quaisquer fatores que possam afetar a quantidade ofertada. A curva O da figura abaixo ilustra isso. O eixo das ordenadas (vertical) do gráfico mostra o preço da mercadoria, P. Esse é o preço que os vendedores recebem por determinada quantidade ofertada. O eixo abscissas (horizontal) mostra a quantidade total ofertada, QO, medida em unidades por período. A curva da oferta é, assim, uma relação entre quantidade ofertada (QO) e preço (P). Podemos escrever essa relação por meio de uma equação: QO = f(P) Ou graficamente: Onde: P = Preço; QO = quantidade ofertada; O = curva de oferta1. A curva de oferta é ascendente porque, quanto maior o preço, maior será a capacidade e o desejo das empresas de produzir e vender. Por exemplo, um preço mais alto pode permitir que as empresas existentes aumentem sua produção no curto prazo, por meio da contratação de trabalhadores adicionais, ou então por meio de horas extras trabalhadas pelos funcionários atuais (a um custo mais alto para a empresa). Podem também aumentar a produção no longo prazo, por meio da expansão de suas fábricas. O preço mais alto também pode atrair para o mercado novas empresas, que se defronta com custos mais altos, em virtude de sua inexperiência, e que, portanto, teria considerada 1 Oferta em inglês é supply, por isso a curva de oferta é representa por S em alguns manuais. P0 QS0 Q P O 9 não vantajosa sua entrada no mercado a preços mais baixos (a expectativa do custo era maior que a de lucro a um preço baixo). A curva de oferta pode ser deslocada por variações nos Preços dos Fatores de Produção (PFP), choques de Tecnologia (T), pelas expectativas de Preços do bem (P e) e pelas Condições Climáticas (Cc). Uma redução de PFP, um choque favorável de tecnologia (TcF), expectativas de reduções de preços do bem (Pe), uma redução da taxa de juros (i) e condições climáticas favoráveis (CCF), desloca a curva de oferta para a direita, conforme mostrado no gráfico abaixo. Um aumento de PFP, um choque desfavorável de tecnologia (T), expectativas de aumentos de preços do bem (Pe) e condições climáticas desfavoráveis (CcD), desloca a curva de oferta para esquerda, conforme mostrado no gráfico acima. Observe que em linhas gerais, a curva de oferta se relaciona fortemente com os custos de produção. Então, suponhamos agora que ocorra uma variação no custo total da empresa. Como isso afeta a quantidade ofertada? Vejamos como isso poderia acontecer diante de duas hipóteses: i) com o preço fixo e ii) com a quantidade ofertada fixa. Uma redução do custo total (provocada por exemplo, pela queda dos preços dos fatores de produção) desloca a curva de oferta para baixo ou para a direita (de O0 para O1), aumentando a produção de QO0 para Q O 1. QO2 2 O2 1) ↓CT→(dado P) →↑lucro→↑QO 2) ↑CT→(dado P) →↓lucro→↓QO O2 (PFP, TCD, P e, CCD, i,) O1 (PFP, TCF, Pe, CCF, i) O0 P QO QO1 Q O 0 0 O1 P0 O0 1 P QO 10 Com um custo de produção menor, a produção se torna mais lucrativa e isso estimula as empresas existentes a expandirem a produção e possibilita a entrada de novas empresas no mercado. Se ao mesmo tempo o preço de mercado se mantém constante em P0, devemos observar uma quantidade ofertada maior. O efeito inverso também é verdadeiro para um aumento do custo total de produção. A curva de oferta se desloca para a esquerda (de O0 para O2), reduzindo a produção de Q O 0 para QO2. Outro modo de olhar o efeito de uma queda no custo total é imaginar que a quantidade produzida permanece fixa em QO0, e depois perguntar qual o preço cobrado pelas empresas que vão produzir essa quantidade. Como seus custos estão menores, elas podem aceitar um preço menor – P1. Como já mencionado, uma redução do custo desloca a curva de oferta para baixo, mas como a quantidade ofertada é fixa por hipótese, a redução de custo pode ser toda repassada para o preço, provocando uma redução do preço de P0 para P1. O inverso também é verdadeiro para um aumento do custo de produção. A curva de oferta desloca-se para esquerda (de O0 para O2), mas como a quantidade é fixa por hipótese, o aumento de custo é todo repassado para os preços, aumentando o preço de P1 para P2. Portanto, variações de preços NÃO desloca a curva de oferta. Ocorre apenas um movimento AO LONGO da própria curva de oferta de origem. Por outrolado, variações no custo de produção, esta SIM, desloca a curva de oferta PARA A ESQUERDA OU PARA A DIREITA. Observe que quando o preço é fixo, a resposta em relação à redução (ou aumento) do custo de produção É TODA dada sobre as QUANTIDADES. Por outro lado, quando a quantidade é fixa, a resposta em relação à redução (ou aumento) do custo de produção É TODA dada sobre os PREÇOS. A fim de distinguir essas duas mudanças gráficas nas condições da oferta, os economistas frequentemente empregam a expressão mudança na oferta para se referir P2 2 O2 P1 1) ↓CT→(dado QO) →↓P 2) ↑CT→(dado QO) →↑P QO0 0 O1 P0 O0 1 P Q 11 aos deslocamentos na curva da oferta, bem como a expressão mudança na quantidade ofertada para os movimentos ao longo da própria curva da oferta. Equilíbrio e o Mecanismo de Mercado O próximo passo consiste em colocar em um mesmo gráfico a curva de oferta e a curva de demanda. Isso é feito no gráfico abaixo. O eixo das ordenadas (vertical) mostra o preço de um bem, P. Esse é agora o preço que os vendedores recebem por dada quantidade ofertada e o preço que os compradores pagam por dada quantidade demandada. O eixo das abscissas (horizontal) mostra a quantidade total demandada e ofertada, Q (QO = QD), medida por meio do número de unidades por período. Equilíbrio: no ponto em que as duas curvas se cruzam, dizemos que foram atingidos a quantidade e o preço de equilíbrio. Nesse preço (P0 na figura acima), a quantidade ofertada e a quantidade demandada são exatamente iguais (a Q0). Sempre que o mercado se encontrar fora da condição de equilíbrio (QO = QD), em mercados livres, existe uma tendência de que o preço e as quantidades se modifiquem até que o mercado retorne ao equilíbrio. Essa tendência é denominada de mecanismo automático de mercado. Nesse ponto, não há escassez nem excesso de oferta, de tal forma que não existe pressão para que o preço continue se modificando. A oferta e a demanda podem não estar sempre em equilíbrio, e em alguns mercados o equilíbrio pode demorar quando as condições são modificadas repentinamente. A tendência, porém, é de que os mercados se tornem equilibrados. Para compreendermos por que os mercados tendem a se tornar equilibrados, suponhamos que o preço seja inicialmente superior ao nível de equilíbrio do mercado – digamos que seja P1, na figura abaixo. Dessa maneira, os produtores procurariam produzir e vender quantidades maiores do que os compradores estariam dispostos a adquirir. Haveria um excesso de oferta, situação na qual a quantidade ofertada excede a quantidade demandada. Para que tal excedente possa ser vendido, ou pelo menos possa parar de crescer, os produtores começariam a reduzir seus preços. Por fim, conforme o preço caia, a quantidade demandada aumenta e a quantidade ofertada diminui, até que o preço de equilíbrio, P0, seja alcançado. P0 O D P Q Q0 12 Aconteceria o oposto caso o preço inicial estivesse abaixo de P0 – digamos que em P2. Ocorreria, então, um excesso de demanda – situação na qual a quantidade demandada excede a quantidade ofertada – e os consumidores não conseguiriam comprar toda a quantidade que desejariam. Isso ocasionaria uma pressão ascendente sobre os preços, á medida que os compradores se mostrassem dispostos a pagar mais pelas quantidades existentes e os produtores reagissem com aumentos de preço e de produção. E, novamente, o preço acabaria chegando a P0. Estática Comparativa Vimos como as curvas de oferta e da demanda se deslocam em resposta às mudanças em variáveis como salários, custos de capital e renda. Vimos também como o mecanismo de mercado produz um equilíbrio em que a quantidade ofertada é igual à quantidade demandada. Veremos, agora, como esse equilíbrio pode ser alterado em face de deslocamentos nas curvas da demanda e da oferta. Mudanças no equilíbrio do mercado (deslocamento da oferta) Suponha por exemplo, que ocorra uma queda na taxa de juros que desloque a curva de oferta para a direita (de O0 para O1). Ao preço P0 a quantidade demandada (Q D) continua em Q0 e a quantidade ofertada aumenta para Q O, ocorrendo assim um excesso de oferta no mercado (isto é, QO > QD). QS 2 1 Preço MAIOR que o preço de equilíbrio QO > QD →↓P 1) ↓P→↓QO 2) ↓P→↑QD Preço MENOR que o preço de equilíbrio QD > QO →↑P 1) ↑P →↑QO 2) ↑P →↓QD QD > QO Excesso de demanda P2 QD = QO P1 O P0 Excesso de oferta QO > QD D P Q Q0 QD Q2 0 P1 O2 Q1 O0 P0 P2 O1 D P Q Q0 (QS=QD ) 13 Esse excesso de oferta faz com que o mecanismo de mercado comece a operar, gerando uma tendência de redução dos preços. À medida que o preço for sendo reduzido, a quantidade demandada vai aumentando e a quantidade ofertada vai diminuindo até que se igualem, ou seja, até que o equilíbrio seja restabelecido. Porém, agora com uma quantidade demandada e ofertada de equilíbrio maior e o preço de equilíbrio menor em relação ao equilíbrio inicial. Graficamente, o preço de equilíbrio cai (de P0 para P1) e a quantidade de equilíbrio aumenta (de Q0 para Q1). Isto é o que devemos esperar: menores custos resultam em menores preços e, consequentemente em aumento das vendas. O inverso também é verdadeiro. Um aumento na taxa de juros desloca a curva de oferta para a esquerda (de O0 para O2). Ao preço P0 a quantidade demandada continua em Q0 e a quantidade oferta cai para QO, ocorrendo assim um excesso de demanda no mercado (isto é, QO < QD). Esse excesso de demanda faz com que o mecanismo de mercado comece a operar, gerando uma tendência de alta dos preços. À medida que o preço for aumentando, a quantidade demandada cai e a quantidade ofertada aumenta até que se igualem, ou seja, até que o equilíbrio seja restabelecido. Porém, agora com uma quantidade demandada e ofertada de equilíbrio menor e o preço de equilíbrio maior em relação ao equilíbrio inicial. Graficamente, o preço de equilíbrio aumenta (de P0 para P2) e a quantidade de equilíbrio cai (de Q0 para Q2). Isto é o que devemos esperar: maiores custos resultam em preços maiores e, consequentemente em queda das vendas. Mudanças no equilíbrio do mercado (deslocamento da demanda) Um aumento da renda (ou em qualquer fator que desloque a curva de demanda), por exemplo, desloca a curva de demanda para direita (de D0 para D1). Ao preço P0, a quantidade demanda aumenta para QD e a quantidade ofertada continua em Q0, gerando assim um excesso de demanda no mercado (QD > QO). Esse excesso de demanda faz com que o mecanismo de mercado comece a operar, gerando uma tendência de alta dos preços. À medida que o preço for aumentando, a quantidade demandada vai caindo e a quantidade ofertada aumentando, até que o excesso de demanda seja eliminado e o equilíbrio do mercado seja restabelecido. Porém, agora com um preço e quantidade de equilíbrio superior ao equilíbrio inicial (ponto 1 no gráfico). Graficamente, o preço de equilíbrio aumenta (de P0 para P1) e a quantidade de equilíbrio aumenta (de Q0 para Q1). Q0 (Q D =Q O ) 1 2 Q2 0 P2 D1 P1 O P0 Q1 D2 D0 P Q QD QO 14 Uma redução da renda, por exemplo, desloca a curva de demanda para esquerda (de D0 para D2). Ao preço P0, a quantidade ofertada cai para Q O e a quantidade demanda continua em Q0, gerando assim um excesso de oferta no mercado (Q D < QO). Esse excesso de oferta faz com que o mecanismo de mercado comece a operar, gerando uma tendência de redução dos preços. À medida que o preço for caindo, a quantidade demandada vai aumentando e a quantidade ofertada reduzindo,até que o excesso de oferta seja eliminado e o equilíbrio do mercado seja restabelecido. Porém, agora com um preço e quantidade de equilíbrio inferior ao equilíbrio inicial (ponto 2 no gráfico). Cálculo do Equilíbrio de Mercado O equilíbrio do mercado pode ser mostrado matematicamente. Para isso considere que a curva de oferta seja dada por: QO = 3P – 50. E a curva de demanda por determinado bem seja dada por QD = 300 – 2P + 4R, onde R. Encontre o preço e a quantidade de equilíbrio de mercado para o bem em questão quando: a) A renda for igual a 25 (R = 25). QD = 300 – 2P + 4R QD = 300 – 2P + 4(25) QD = 300 – 2P + 100 QD = 400 – 2P Considere a condição de equilíbrio do mercado (QO = QD) 3P – 50 = 400 – 2P 3P + 2P = 400 + 50 5P = 450 P = 450/5 P = 90 Então, o preço de equilíbrio é 90 R$. Para encontrar a quantidade de equilíbrio, basta substituir o preço em uma das funções (demanda ou oferta). Substituindo na função de demanda, temos: QD = 400 – 2(90) QD = 400 – 180 QD = 220 Substituindo na função oferta, temos: QO = 3(90) – 50 QO = 270 – 50 QO = 220 Observe que a quantidade ofertada é igual à quantidade demandada, ou seja, QO = QD = 220. Assim, em equilíbrio temos preço igual a 90 R$ e a quantidade ofertada e demandada igual 220 unidades. 15 b) A renda for igual a 50 (R = 50). QD = 300 – 2P + 4R QD = 300 – 2P + 4(50) QD = 300 – 2P + 200 QD = 500 – 2P Considere a condição de equilíbrio do mercado (QO = QD) 3P – 50 = 500 – 2P 3P + 2P = 500 + 50 5P = 550 P = 550/5 P = 110 Então, o preço de equilíbrio é 110 R$. Para encontrar a quantidade de equilíbrio, basta substituir o preço em uma das funções (demanda ou oferta). Substituindo na função de demanda, temos: QD = 500 – 2(110) QD = 500 – 220 QD = 280 Substituindo na função oferta, temos: QO = 3P – 50 QO = 3(110) – 50 QO = 330 – 50 QO = 280 Observe que a quantidade ofertada é igual a quantidade demandada, ou seja, QO = QD = 280. Assim, com o aumento da renda dos consumidores desse mercado, o preço de equilíbrio é igual a 110 R$ e a quantidade ofertada e demandada de equilíbrio é igual 280 unidades. c) Ilustre suas respostas em um único gráfico. 1 280 110 S 90 0 D1 (R = 50) D0 (R = 25) P Q 220 16 Efeitos da Intervenção Governamental (controle de preços) Fixação de Preço Máximo O objetivo da política de preço máximo é defender o consumidor. Em certas ocasiões, o governo entende que o preço de mercado é muito alto e intervém, fixando um preço “máximo” pelo qual a mercadoria pode ser vendida. Esse preço é inferior ao preço de mercado. Contudo, a empresa pode vender seu bem a um preço menor que esse preço máximo, mas não pode vender de forma legal por um preço acima de Pmáx. Fixando um preço abaixo do mercado, tende a ocorrer um excesso de demanda (QD > QO), se o mecanismo de mercado estivesse operando, esse excesso provocaria um aumento de preços e, consequentemente, um aumento da quantidade ofertada até que voltasse ao preço e a quantidade de equilíbrios. No entanto, o governo fixou o preço, de modo que o mecanismo de mercado fica inoperante, surgindo, portanto, um excesso de demanda (QD – QO). Vamos tomar como exemplo, que o bem em questão seja a gasolina. Quais são as consequências de uma política de preços máximos para a gasolina? Temos pelo menos quatro consequências que podem surgir diante de uma política desse tipo: filas; racionamento, mercado negro, e venda por debaixo dos panos. Vejamos cada uma. 1) Surgimento de filas nos postos: os primeiros a chegarem nos postos conseguirão obter a gasolina. Esse é um critério de distribuição do produto que surge espontaneamente quando aparece excesso de demanda. 2) O governo ou a empresa estabelece um racionamento: nesse caso, o governo resolve intervir no mercado para distribuir a quantidade oferecida entre os consumidores. Existem vários critérios para se fazer o racionamento. Um deles poderia ser o estabelecimento de um consumo máximo para cada unidade familiar, em que cada família recebe uma determinada quantidade de cupons, usando-os para comprar a mercadoria em falta. 3) São feitas vendas por debaixo do pano: isso pode ocorrer para qualquer produto em que exista excesso de demanda, uma vez que o ofertante pode dar preferência aos clientes antigos, aos amigos ou a outras pessoas, por diferentes razões. 4) Surge o mercado negro e a violação da lei: o mercado negro é um mercado ilegal, em que os controles de preços são ignorados. Para contornar o controle de QD > QS Excesso de demanda Pmáx QS O P0 QD D P Q Q0 17 preços, os consumidores que não conseguem adquirir a quantidade desejada ao preço máximo estabelecido procuram fornecedores que estejam dispostos a vender o produto a preços ilegais, ou seja, a preços superiores ao fixado. Fixação de Preços Mínimos A fixação de preços mínimos visa proteger os produtores, em geral agrícolas, das flutuações de mercado, ou seja, de uma possível queda acentuada nos preços de seus produtos. Na ausência desse tipo de política, os produtores são os maiores prejudicados. Suponha por exemplo, que em dado ano, tenha ocorrido uma grande safra de soja e, portanto, haverá um excesso de oferta que torna o preço de equilíbrio menor. Sendo esse preço, às vezes, inferior ao custo de produção e, portanto, reduzindo a receita (ou renda) do produtor de soja. O produtor de soja ao observar sua renda diminuir, no ano seguinte deixará de produzir soja para cultivar um produto com preço mais elevado, arroz por exemplo. Desse modo, a oferta de soja no ano seguinte será menor e a de arroz maior. Esse movimento inverso leva ao aumento do preço da soja e a queda do preço do arroz, como a soja serve de matéria prima para uma grande cadeia de produtos (óleo, ração, combustível, etc.), os preços desses bens também serão afetados gerando prejuízos para a indústria e, sobretudo, para os consumidores em geral. O inverso ocorre com o arroz. Talvez no outro ano a situação se inverta, e assim por diante. Para evitar estas flutuações e os prejuízos decorrentes, o governo interfere no mercado e fixa o preço mínimo para a soja, de modo que garante aos produtores uma remuneração mínima superior ao custo de produção que levem esses produtores a continuarem produzindo soja no ano seguinte. O governo pode fazer isto fixando o preço mínimo acima do preço de equilíbrio de mercado. Isto pode ser feito por meio de legislação direta, ou seja, tornando ilegal a cobrança de um preço inferior a um nível mínimo especificado (como é realizado com o salário mínimo, por exemplo). Ao determinar o preço mínimo acima do preço de equilíbrio de mercado, surge um excesso de oferta. Os produtores vão preferir vender ao preço Pmín que ao preço P0, pois Pmín > P0. A quantidade ofertada a este preço (Pmín) será Q O. A quantidade demandada será QD. O excesso de oferta será a diferença: QO – QD. Para eliminar esse excesso o governo pode fazê-lo através de: QO Q D Pmín O P0 Excesso de oferta QO > QD D P Q Q0 18 1) Programa de compras – o governo compra o excesso ao preço Pmín. Podemos representar esta invenção por meio de um deslocamento para a direita da curva de demanda. 2) Programa de subsídio – o governo permite que os preços se reduzam, mas para manter a receita dos produtores, paga a estes um subsídio. Este é exatamente a diferença entre o preço mínimo e o preço de mercado (Pmín – P1) – sendo esse preço P1 inferior ao preço de equilíbrio do mercado. Graficamente teremos.Para que os consumidores adquiram a quantidade QO, é preciso que o preço seja P1. Os produtores recebem dos consumidores o preço P1 e o governo paga um subsídio por unidade vendida igual a (Pmín – P1), de forma que os produtores mantenham uma receita total acima do custo total de produção. Considere o mercado de um bem X, em que sua curva de demanda é dada pela função QD = 60 – 10P e sua curva de oferta é dada por QO = 15 + 5P. Se calculamos o equilíbrio de mercado, vamos encontrar um preço igual a R$ 3,00 e uma quantidade de equilíbrio igual a 30 unidades (faça e tire a prova). P1 B QS Q D Pmín O P0 A B D P Q Q0 QO Q D Pmín O P0 A D D P Q Q0 19 Suponha agora que o governo considere que esse preço seja abusivo e imponha uma política de preços máximos, cujo preço é fixado igual R$ 2,00 por unidade. Que tipo de desequilíbrio ocorrerá nesse mercado? Qual o valor? Quando o governo realiza uma política de preços máximos, surge um excesso de demanda. Para encontrar o valor desse excesso, basta substituir o preço na função de demanda e na função de oferta. Assim, QD = 60 – 10(2) QD = 60 – 20 QD = 40 Na função oferta, QO = 15 + 5(2) QO = 15 + 10 QO = 25 Portanto, o excesso de demanda será de: 40 – 25 = 15. Agora suponha que o governo errou, de modo que na verdade deveria ter feito um política de preços máximos. Fixando o preço agora em R$ 5,00. Que tipo de desequilíbrio ocorrerá nesse mercado? Qual o valor? Quando o governo realiza uma política de preços máximos, surge um excesso de oferta. Para encontrar o valor desse excesso, basta substituir o preço na função de demanda e na função de oferta. Assim, QD = 60 – 10(5) QD = 60 – 50 QD = 10 Na função oferta, QO = 15 + 5(5) QO = 15 + 25 QO = 40 Portanto, o excesso de oferta será de: 40 – 10 = 30. Para resolver esse desequilíbrio, o governo pode adotar duas medidas: i) de compras e ii) subsídio. Vejamos qual é a mais vantajosa para o governo. i) Compras Como o excesso foi de 30 unidades, isso significa que os consumidores estão comprando 10 unidades desse bem ao preço de R$ 5,00, isto é: 10(5) = 50 R$. Nesse caso, com a política de compras o governo deve comprar o restante, ou seja: 5(30) = 150 R$. 20 i) Subsídio Nesse caso, sabemos que o subsídio é dado pela diferença entre o preço mímino e o preço que os consumidores estão dispostos para adquirir a quantidade total ofertada. Portanto, precisamos encontrar esse preço. A quantidade total ofertada é de 40 unidades, assim basta substituir na função de demanda, ou seja: 40 = 60 – 10P 10P = 60 – 40 P = 20/10 P = 2 Então, o valor do subsídio por cada unidade é de: 5 – 2 = 3. Multiplicando pela quantidade total ofertada, temos o valor total do subsídio: Subsídio total = 3(40) Subsídio total = 120 R$ Dessa forma, a política de subsídios é mais vantajosa para o governo uma vez que ele gasta 30 R$ a menos em relação a política de compras. Considerações Finais Neste tópico avançamos no sentindo de formalizar a intuição sobre as relações existente entre oferta, demanda e preços. No entanto, aprofundamos além dessa intuição já que trabalhamos com diversos fatores que influenciam de alguma forma a demanda e a oferta. Foi demonstrado o equilíbrio de mercado e a ação dos mecanismos de mercados que tendem sempre a levar o mercado para um situação de equilíbrio. Além disso, analisamos o impacto de uma política de preços máximos e mínimos adotada pelo governo. Por fim, calculamos o equilíbrio de mercado e os excedentes derivados das políticas de preços do governo. No próximo tópico continuamos estudando o mercado, mas considerando a sensibilidade, ou seja, as elasticidades dos bens e serviços a variações no preço do bem, na renda do consumidor e nos preços dos bens substitutos e complementares. No final, será analisado o impacto da introdução de um imposto pelo governo.
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