Buscar

Carta Conjuntura 51 Economia Brasileira

Prévia do material em texto

1
José Ronaldo de C. Souza Júnior
Diretor de Estudos e Políticas 
Macroeconômicas do Ipea
ronaldo.souza@ipea.gov.br
Marco A. F. H. Cavalcanti
Diretor adjunto de Estudos e Políticas 
Macroeconômicas do Ipea
marco.cavalcanti@ipea.gov.br
Paulo Mansur Levy
Técnico de planejamento e pesquisa 
da Diretoria de Estudos e Políticas 
Macroeconômicas (Dimac) do Ipea
paulo.levy@ipea.gov.br
Leonardo Mello de Carvalho
Técnico de planejamento e pesquisa da 
Dimac/Ipea
leonardo.carvalho@ipea.gov.br
Estêvão Kopschitz X. Bastos
Técnico de Planejamento e Pesquisa da 
Dimac/Ipea
estevao.bastos@ipea.gov.br
Francisco E. de Luna A. Santos
Técnico de Planejamento e Pesquisa da 
Dimac/Ipea
francisco.santos@ipea.gov.br
Divulgado em 30 de junho de 2021.
NÚMERO 51 — NOTA DE CONJUNTURA 33 — 2 ° TRIMESTRE DE 2021
Visão Geral da Conjuntura
Sumário
A economia brasileira vem registrando recuperação significativa desde o terceiro 
trimestre do ano passado. A piora das condições sanitárias no final de 2020, e a 
consequente adoção de novas medidas restritivas em março e abril deste ano, im-
pactaram negativamente a atividade econômica em magnitude significativamen-
te menor que se temia inicialmente. A queda na mobilidade de trabalhadores e 
consumidores foi menos intensa e persistente do que no início da pandemia, e a 
economia parece ter aprendido a produzir e vender mesmo com menor grau de 
mobilidade. Ainda assim, é certo que a pandemia continua a representar um obs-
táculo à retomada mais forte da atividade econômica. No segundo semestre deste 
ano, com o avanço da vacinação, diante do ambiente externo favorável e da redu-
ção das incertezas fiscais no curto prazo, espera-se crescimento mais sustentado da 
atividade econômica. Na média do ano, o crescimento projetado é de 4,8%, e para 
2022, de 2,0%.
Uma das características desta retomada tem sido a heterogeneidade setorial: a in-
dústria reagiu rapidamente na segunda metade do ano passado, mas perdeu fôlego 
no primeiro quadrimestre de 2021, enquanto o setor agropecuário, cuja operação 
foi menos afetada pela pandemia, foi o grande responsável pelo crescimento obser-
vado no primeiro trimestre deste ano. Algumas atividades do setor serviços, como 
comércio e transportes, acompanharam a trajetória da indústria – refletindo fenô-
meno já amplamente reconhecido de substituição do consumo de serviços pelo 
consumo de bens. Porém, as outras atividades de serviços – que correspondiam a 
cerca de um quarto do valor adicionado pelo setor como um todo em 2019 e que 
incluem os serviços prestados às famílias –, mesmo tendo crescido 13,2% nos três 
últimos trimestres até março, ainda se encontravam 6,1% abaixo do nível pré-pan-
demia.
O cenário externo favorável tem sido um fator importante para explicar a resili-
ência da economia à situação ainda grave do quadro sanitário. Desde o segundo 
semestre do ano passado, com algumas oscilações relacionadas à evolução da pan-
demia, as economias mais avançadas e a China têm registrado crescimento robusto, 
tendência que se acelerou em 2021. Esse quadro tem favorecido a economia brasi-
leira através da valorização das commodities exportadas pelo Brasil, do aumento dos 
fluxos de comércio internacional e de condições financeiras globais que estimulam 
o apetite por risco e, portanto, maiores fluxos de capital para países emergentes. 
Nesse contexto externo favorável, as exportações brasileiras deram um salto, tanto 
em volume quanto em valor. Com a retomada da economia brasileira, as importa-
ções também têm se recuperado.
2
Carta de Conjuntura
| 51 | N
ota 33 | 2˚ trim
estre de 2021
Nas últimas semanas, o cenário de inflação no país veio se modificando, refletindo 
nova conjunção de fatores internos e externos, cujo impacto sobre o Índice de Pre-
ços ao Consumidor Amplo (IPCA) é de alta, em 2021, maior que a prevista ante-
riormente. De abril para maio, a taxa de inflação acumulada em doze meses saltou 
de 6,8% para 8,1%, pressionada pela aceleração, acima das expectativas, dos preços 
monitorados e dos bens industriais. O surgimento de novos elementos no cenário 
econômico alterou o balanço de riscos para a inflação, de forma que a projeção para 
o IPCA, em 2021, feita pelo Grupo de Conjuntura do Ipea – divulgada na Nota de 
Conjuntura no 17 – avançou de 5,3% para 5,9%. Ainda que ocorra melhora no ce-
nário de câmbio, a continuada aceleração dos preços das commodities no mercado 
internacional vem mantendo os índices de preços ao produtor pressionados, pos-
sibilitando altas adicionais nos preços dos bens de consumo industriais no varejo e 
levando ao aumento na projeção de inflação deste subgrupo de 4,3% para 4,8%, 
em 2021. A estimativa para a alta dos preços monitorados também foi revista para 
cima, passando de 8,4% para 9,7%, sobretudo pela piora no comportamento da 
energia elétrica. Ainda que em menor intensidade, a expectativa da inflação dos 
serviços livres (exceto educação) também foi majorada – de 4,0% para 4,2% –, 
motivada por uma melhora do nível de atividade e pelo avanço da vacinação, que 
devem gerar incremento de demanda para esse setor. Já para os alimentos e para a 
educação, as projeções divulgadas anteriormente foram mantidas.
Diante da aceleração da inflação, o Banco Central deu início a um ciclo de aperto 
monetário que já levou a taxa básica de juros (Selic) de 2% ao ano – patamar em 
que se encontrava desde agosto do ano passado – para 4,25% ao ano em junho. 
A sinalização inicial foi de um ajuste parcial que manteria os juros reais abaixo do 
neutro. No entanto, com a persistência da inflação em nível elevado, a perspectiva 
após a última reunião passou a ser a de um ajuste de maior alcance. Apesar do 
aumento das expectativas de mercado para a inflação em 2021 e 2022, a inflação 
esperada para 2023 mantêm-se em torno da meta de 3,25%, demonstrando a ca-
pacidade do Banco Central ancorar as expectativas.
As contas públicas melhoraram nos últimos meses, assim como a relação entre a 
dívida e o produto interno bruto (PIB) foi revista para baixo, por conta do cres-
cimento nominal e real do PIB mais elevado que o previsto no início do ano. O 
aumento da arrecadação no primeiro quadrimestre levou a revisão importante do 
total esperado para 2021, tanto por parte do governo quanto por agentes privados, 
de acordo com expectativas coletadas pelo Prisma Fiscal. No entanto, as despesas 
primárias federais projetadas para o ano apresentaram redução, diminuindo de for-
ma substancial a necessidade de ajuste visando cumprir o teto de gastos da União. 
Permanece, ainda, a necessidade de algum esforço adicional em termos de conten-
ção de despesas visando satisfazer o teto, mas parece factível realizar esse esforço 
sem que isso implique prejuízos adicionais mais difusos em termos de funciona-
mento da máquina pública. Para 2022 e 2023, espera-se uma folga razoável das 
despesas projetadas em relação ao teto. Isso decorre fundamentalmente da trajetó-
ria esperada para a inflação ao longo de 2021, com a inflação (medida pelo IPCA) 
acumulada em doze meses em junho, que balizará o reajuste do teto de gastos para 
3
Carta de Conjuntura
| 51 | N
ota 32 | 2˚ trim
estre de 2021
2022, situando-se próxima de 8,6%, enquanto a inflação no final do ano, medida 
pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que embasará o reajuste 
de despesas importantes indexadas ao valor do salário mínimo, deverá atingir ape-
nas 5,1%.
A evolução favorável dos indicadores fiscais no curto prazo parece ter melhorado a 
percepção de risco em relação à situação fiscal do país, pois reduziu, ceteris paribus, 
a magnitude dos resultados primários futuros requeridos para estabilizar a razão dí-
vida/PIB, bem como ampliou a janela de tempo para a adoção de medidas adicio-
nais de consolidação fiscal. Contudo, essa melhora não deve ser interpretada como 
sinal de que a questão fiscal foi resolvida. Deve-se ter em mente que o ambiente 
externo favorável – recuperação da economia mundial, preços de commodities emelevação e baixas taxas de juros – não perdurará indefinidamente. Assim, o desafio 
de recolocar as contas públicas em uma trajetória sustentável ainda requer esforço 
adicional significativo, principalmente no que tange a medidas de controle do cres-
cimento de despesas obrigatórias.
1 Conjuntura econômica: análise do período recente1 
A economia brasileira vem registrando recuperação significativa desde o terceiro 
trimestre do ano passado. O choque da Covid-19 em março de 2020 e as medidas 
de distanciamento social que se seguiram produziram uma queda acumulada do 
PIB de 11,2% no primeiro semestre relativamente ao final de 2019. Desde então, o 
PIB cresceu 12,6% até o primeiro trimestre deste ano. O crescimento do primeiro 
trimestre de 2021, de 1,2% na comparação dessazonalizada com o trimestre an-
terior, e de 1,0% em termos anuais, foi particularmente surpreendente diante do 
agravamento da pandemia a partir de novembro e do fim do auxílio emergencial 
em dezembro. 
1.1 Pandemia e atividade econômica
O recrudescimento da pandemia desde o final de 2020 teve um impacto bem me-
nor sobre a atividade econômica do que no início da crise sanitária. Em parte, isso 
ocorre porque as medidas restritivas foram menos rigorosas que no ano passado. 
Além disso, houve, desde o início da pandemia, um gradual processo de adapta-
ção da economia às restrições associadas ao distanciamento social, amortecendo a 
queda dos negócios diante do endurecimento das restrições adotadas para conter o 
ritmo de contágios e assim a pressão sobre o sistema de saúde. A mobilidade média 
nas estações de transporte público, segundo dados da Google, atingiu nível 47,4% 
abaixo do patamar pré-pandemia no segundo trimestre do ano passado, mas en-
contrava-se apenas 24,2% menor que esse patamar no primeiro trimestre de 2021, 
e 18,4% menor no segundo trimestre (com dados até 24/6). O box 1 discute bre-
vemente a evolução recente da pandemia no país e sua relação com os indicadores 
de mobilidade e de atividade econômica.
1 Esta seção contou com a colaboração de Maria Andréia P. Lameiras técnica de planejamento e pesquisa da Dimac/Ipea.
4
Carta de Conjuntura
| 51 | N
ota 33 | 2˚ trim
estre de 2021
Um fator que provavelmente contribuiu de modo importante para reduzir o im-
pacto do agravamento da pandemia sobre a economia foi o início do processo 
de vacinação no final de janeiro. De acordo com a One World Data, a vacinação 
ganhou velocidade em março, tendo passado de uma média diária de 227 mil 
doses em fevereiro para 1,1 milhão de doses em meados de abril. Nos trinta dias 
subsequentes, o ritmo de vacinação desacelerou, oscilando em torno de uma média 
de 720 mil doses/dia. Nova aceleração ocorreu entre o final de maio e ao longo 
de junho, de modo que, em 22 de junho, a média móvel de sete dias registrava a 
aplicação de 1,4 milhão de doses/dia. 
BOX 1
Pandemia e indicadores de mobilidade no Brasil
O agravamento da crise sanitária causada pela pandemia de Covid-19 no país a 
partir de novembro de 2020 foi significativo. O número de novos casos da doença 
registrados diariamente, que na média móvel de sete dias havia caído para cerca de 
17 mil no início de novembro, rapidamente voltou a subir nas semanas e meses 
seguintes, chegando a mais de 75 mil no final de março de 2021 e estabilizando-se 
na faixa de 60 mil a 70 mil entre abril e junho. De modo semelhante, o número 
médio de óbitos diários por Covid-19, que se situava em torno de 330 na segunda 
semana de novembro, apresentou crescimento substancial a partir de então, supe-
rando as marcas de 1.000 óbitos em meados de janeiro de 2021, 2.000 óbitos em 
março e 3.000 óbitos no início de abril. Esse número caiu um pouco no segundo 
trimestre, mas permaneceu muito elevado, oscilando entre 1.600 e 2.000 óbitos 
diários em junho. 
Os gráficos 1 e 2 apresentam a evolução dos números de novos casos e óbitos por 
Covid-19 no país como um todo, bem como sua distribuição por grandes regiões. 
Observa-se que o aumento dos casos e óbitos a partir do final do ano passado foi 
difuso, afetando todas as regiões, ainda que não necessariamente com a mesma 
força. Os gráficos 3 e 4, que mostram os números de novos casos e mortes por 100 
mil habitantes em cada grande região, indicam que a região Sul foi uma das que 
mais sofreram em termos relativos, apresentando pronunciados picos de incidência 
de novos casos em dezembro do ano passado e em março deste ano, e elevada mor-
talidade entre março e abril. As outras regiões com taxas mais altas de mortalidade 
nesse período foram o Centro-Oeste e o Sudeste, mas todas apresentaram quadro 
muito adverso. 
5
Carta de Conjuntura
| 51 | N
ota 32 | 2˚ trim
estre de 2021
Para além da perda de vidas, a consequ-
ência direta mais grave da Covid-19, é 
provável que o agravamento recente da 
pandemia no país também tenha tido 
consequências econômicas negativas. Os 
principais canais por meio dos quais a 
pandemia pode ter afetado a economia 
no curto prazo referem-se não somente 
à imposição de novas medidas de distan-
ciamento social e de restrições a ativida-
des econômicas e sociais, mas também à 
maior cautela da população na realiza-
ção de atividades fora de casa, visando 
reduzir as chances de contágio. De acor-
do com os indicadores de mobilidade 
disponibilizados pela Google em seu Relatório de Mobilidade da Comunidade 
GRÁFICO 1
Brasil e Grandes Regiões: novos casos confirmados de 
Covid-19
(Média móvel de sete dias)
Fonte: Brasil.io. 
Elaboração: Grupo de Conjuntura da Diretoria de Estudos e Políticas 
Macroeconômicas da Dimac/Ipea.
 -
 10.000
 20.000
 30.000
 40.000
 50.000
 60.000
 70.000
 80.000
 90.000
07
/0
3/
20
20
07
/0
4/
20
20
07
/0
5/
20
20
07
/0
6/
20
20
07
/0
7/
20
20
07
/0
8/
20
20
07
/0
9/
20
20
07
/1
0/
20
20
07
/1
1/
20
20
07
/1
2/
20
20
07
/0
1/
20
21
07
/0
2/
20
21
07
/0
3/
20
21
07
/0
4/
20
21
07
/0
5/
20
21
07
/0
6/
20
21
CO NE NO SE SU
GRÁFICO 2
Brasil e Grandes Regiões: novos óbitos por Covid-19
(Média móvel de sete dias)
Fonte: Brasil.io. 
Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea.
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
07
/0
3/
20
20
07
/0
4/
20
20
07
/0
5/
20
20
07
/0
6/
20
20
07
/0
7/
20
20
07
/0
8/
20
20
07
/0
9/
20
20
07
/1
0/
20
20
07
/1
1/
20
20
07
/1
2/
20
20
07
/0
1/
20
21
07
/0
2/
20
21
07
/0
3/
20
21
07
/0
4/
20
21
07
/0
5/
20
21
07
/0
6/
20
21
CO NE NO SE SU
GRÁFICO 3
Grandes Regiões: novos casos confirmados de Covid-19
(Casos por 100 mil habitantes; média móvel de sete dias)
Fonte: Brasil.io.
Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
07
/0
3/
20
20
07
/0
4/
20
20
07
/0
5/
20
20
07
/0
6/
20
20
07
/0
7/
20
20
07
/0
8/
20
20
07
/0
9/
20
20
07
/1
0/
20
20
07
/1
1/
20
20
07
/1
2/
20
20
07
/0
1/
20
21
07
/0
2/
20
21
07
/0
3/
20
21
07
/0
4/
20
21
07
/0
5/
20
21
07
/0
6/
20
21
CO NE NO SE SU
GRÁFICO 4
Grandes Regiões: novos óbitos por Covid-19
(Por 100 mil habitantes; média móvel de sete dias)
Fonte: Brasil.io.
Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea.
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
07
/0
3/
20
20
07
/0
4/
20
20
07
/0
5/
20
20
07
/0
6/
20
20
07
/0
7/
20
20
07
/0
8/
20
20
07
/0
9/
20
20
07
/1
0/
20
20
07
/1
1/
20
20
07
/1
2/
20
20
07
/0
1/
20
21
07
/0
2/
20
21
07
/0
3/
20
21
07
/0
4/
20
21
07
/0
5/
20
21
07
/0
6/
20
21
CO NE NO SE SU
GRÁFICO 5
Indicadores de mobilidade no Brasil — variação em re-
lação ao nível de janeiro de 2020
(Em %)
Fonte: Google.
Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea.
-80
-60
-40
-20
0
20
40
fe
v/
20
m
ar
/2
0
ab
r/
20
m
ai
/2
0
ju
n/
20
ju
l/2
0
ag
o/
20
se
t/
20
ou
t/
20
no
v/
20
de
z/
20
ja
n/
21
fe
v/
21
m
ar
/2
1
ab
r/
21
m
ai
/2
1
ju
n/
21
Presença em lojas de varejo e locais de lazer
Presença em mercados e farmácias
Presença em estações de transporte público
Presença em locaisde trabalho
6
Carta de Conjuntura
| 51 | N
ota 33 | 2˚ trim
estre de 2021
(disponível em: <https://www.google.com/covid19/mobility/>), a presença de 
pessoas em estabelecimentos e locais públicos, que vinha se recuperando de forma 
contínua desde a forte queda observada no inicio da pandemia, em abril de 2020, 
voltou a diminuir no começo de 2021, especialmente em março – quando novas 
restrições às atividades econômicas e sociais foram adotadas em vários estados e 
municípios. 
O gráfico 5 mostra a evolução, entre abril de 2020 e junho de 2021, dos indica-
dores de mobilidade nos quatro tipos de estabelecimentos ou locais públicos mais 
diretamente associados à atividade econômica: lojas de varejo e locais de lazer; 
mercado e farmácias; estações de transporte público; e locais de trabalho. Os in-
dicadores são expressos como variações percentuais em relação ao valor mediano 
da mobilidade observada no período de cinco semanas entre 3 de janeiro e 6 de 
fevereiro de 2020. Observa-se que, em todos esses tipos de locais, houve queda da 
mobilidade entre o final de 2020 e os meses de março e abril de 2021, o que pode 
ter tido reflexo negativo na atividade econômica. É interessante notar, contudo, 
que a queda na mobilidade foi significativamente mais branda e menos persistente 
do que a observada no início da pandemia. A partir de maio, os indicadores de 
mobilidade voltaram a aumentar.
Cabe notar que os dados de mobilida-
de não são dessazonalizados, de modo 
que parte dessas variações pode refletir 
fatores puramente sazonais; contudo, 
há motivos para crer que a redução da 
mobilidade, especialmente em março e 
abril, esteve relacionada à intensificação 
das medidas de distanciamento social 
nesse período. De fato, exercícios econo-
métricos mostram forte correlação entre 
os indicadores de mobilidade e o índi-
ce de medidas legais de distanciamento 
social (Physical Distancing Rules Index 
– PDI) calculado pelo Ipea (disponível 
em: <http://tinyurl.com/ipeacoronavi-
rus>). O gráfico 6 apresenta o indicador 
de mobilidade em locais de trabalho e seu valor ajustado, quando regredido no 
PDI. Observa-se que as variações no PDI são capazes de explicar parcela signifi-
cativa das variações na mobilidade – resultado corroborado por estimações com 
dados de painel no nível das Unidades da Federação (UFs). Em particular, a inten-
sificação das medidas de distanciamento em março parece explicar grande parte na 
queda da mobilidade nesse mês. Pode-se também especular que a recuperação dos 
indicadores de mobilidade a partir de maio deve estar parcialmente associada ao re-
laxamento recente das medidas de distanciamento social e de restrições a atividades 
econômicas e sociais em alguns estados, ainda não captado no índice do Ipea, que 
possui dados apenas até 11 de abril de 2021.
GRÁFICO 6
Indicador de mobilidade em locais de trabalho no 
Brasil: valor observado e valor predito com base no 
índice de medidas legais de distanciamento social
(Em %)
Fonte: Google e Ipea.
Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea.
-70
-60
-50
-40
-30
-20
-10
0
10
20
10
/0
3/
20
20
10
/0
4/
20
20
10
/0
5/
20
20
10
/0
6/
20
20
10
/0
7/
20
20
10
/0
8/
20
20
10
/0
9/
20
20
10
/1
0/
20
20
10
/1
1/
20
20
10
/1
2/
20
20
10
/0
1/
20
21
10
/0
2/
20
21
10
/0
3/
20
21
10
/0
4/
20
21
10
/0
5/
20
21
10
/0
6/
20
21
Mobilidade - observada Mobilidade - ajustada
https://www.google.com/covid19/mobility/
http://tinyurl.com/ipeacoronavirus>
http://tinyurl.com/ipeacoronavirus>
7
Carta de Conjuntura
| 51 | N
ota 32 | 2˚ trim
estre de 2021
O gráfico 7 sugere que, como seria de se esperar, os índices de mobilidade apresen-
tam forte correlação com indicadores de atividade econômica, notadamente no se-
tor de serviços. Esse resultado é corroborado por exercício econométrico divulgado 
pelo Banco Central do Brasil (BCB) em seu Relatório de Inflação de junho de 2021, 
na box Intensidade Da Pandemia E Atividade Econômica. Contudo, é interessante 
notar que, de acordo com o estudo do BCB, parece ter ocorrido uma redução 
da sensibilidade da atividade econômica à intensidade da pandemia ao longo do 
tempo, que pode ter ocorrido por dois canais: menor correlação entre pandemia e 
mobilidade, e menor impacto da mobilidade na atividade econômica. 
Elaboração: Marco A. F. H. Cavalcanti, diretor-adjunto da Dimac/Ipea.
Os dados de curto prazo da atividade 
econômica corroboram a visão de que a 
economia está mais resiliente. A indús-
tria de transformação, que no primeiro 
trimestre caiu 0,5%, dá sinais de reação. 
Estima-se que tenha crescido 1,4% em 
maio em relação a abril na série dessazo-
nalizada, interrompendo uma sequência 
de três quedas consecutivas. Esse movi-
mento pode estar associado ao compor-
tamento das vendas do comércio, que 
também retraíram nos meses iniciais do 
ano, refletindo a interrupção do Auxí-
lio Emergencial, a aceleração da inflação 
na segunda metade de 2020 e o próprio 
agravamento da pandemia, com a rein-
trodução de restrições à mobilidade e ao funcionamento do comércio. O relaxa-
mento dessas restrições e a retomada, em abril, das transferências às famílias e do 
GRÁFICO 7
Indicadores de mobilidade versus atividade econômica: variação em relação aos níveis de janeiro de 2020 (jan./
2020-jun./2021)
(Em %)
Fonte: Google e IBGE. 
Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea.
30
50
70
90
110
130
ja
n/
20
fe
v/
20
m
ar
/2
0
ab
r/
20
m
ai
/2
0
ju
n/
20
ju
l/2
0
ag
o/
20
se
t/
20
ou
t/
20
no
v/
20
de
z/
20
ja
n/
21
fe
v/
21
m
ar
/2
1
ab
r/
21
m
ai
/2
1
ju
n/
21
Presença em lojas de varejo e locais de
lazer
Presença em mercados e farmácias
Presença em estações de transp.
Público
Presença em locais de trabalho
Serviços prestados às famílias
Vendas de artigos farmacêuticos
GRÁFICO 1
Indicadores Mensais da Atividade Econômica e 
estimativas para maio de 2021
(Índice com ajuste sazonal, fev./2020 = 100)
Fonte: IBGE, Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas 
(IBRE/FGV) e Dimac/Ipea.
Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea.
Obs.: Os valores entre parênteses referem-se à previsão Dimac/Ipea de taxa de 
crescimento na margem (com ajuste sazonal) para cada indicador.
100,4
104,0
99,8
100 100,1
65
70
75
80
85
90
95
100
105
110
m
ai
/1
9
ju
l/1
9
se
t/
19
no
v/
19
ja
n/
20
m
ar
/2
0
m
ai
/2
0
ju
l/2
0
se
t/
20
no
v/
20
ja
n/
21
m
ar
/2
1
m
ai
/2
1
Indústria geral (PIM-PF) Varejo Ampliado (PMC)
Serviços (PMS) PIB (Monitor)
(3,9%)
(1,4%)
(2,0%)
(1,3%)
8
Carta de Conjuntura
| 51 | N
ota 33 | 2˚ trim
estre de 2021
Benefício Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda (BEm) indicam 
reversão daquela trajetória: a estimativa é de que o volume de vendas no comércio 
tenha crescido 3,8% em maio e 25,8% em relação a maio de 2020. 
A produção industrial vem sendo também positivamente impactada pela recom-
posição dos níveis de estoques, que nas sondagens empresariais do final de 2020 
apareciam em nível bem inferior ao desejado. Esse processo pode ter compensado 
parcialmente a queda da demanda no primeiro quadrimestre. Embora, em maio, 
as sondagens já indicassem níveis de estoques próximos aos desejados na média, em 
alguns setores, especialmente bens de consumo duráveis e bens intermediários, os 
estoques ainda eram insuficientes. Essa situação pode estar refletindo os problemas 
de suprimento de partes, peças e componentes – em especial eletrônicos – que têm 
limitado a expansão da produção e, em alguns setores, levado à sua interrupção 
total. A normalização das cadeias de suprimento funcionaria assim como um estí-
mulo adicional ao crescimento nos próximos trimestres.
Os serviços, como comentado anteriormente, ainda são o setor da economia que 
mais sofre com o quadro sanitário e as restrições à mobilidade e ao funcionamen-
to de várias de suas atividades, onde o contato presencial é quase inevitável. Não 
obstante, vem se recuperando, em parte pelo relaxamentogradual das restrições, 
em parte pela adaptação às novas condições. Em abril, o indicador de volume de 
serviços cresceu 0,7%, revertendo parcialmente a queda de 3,1% de março. Para 
maio, a estimativa da Dimac/Ipea é de que tenha havido crescimento de 1,3% ante 
abril e de 22,8% contra maio do ano passado.
O quadro relativamente positivo da atividade econômica encontra respaldo na 
evolução dos indicadores de confiança (gráfico 2). Embora generalizada, a melho-
ra observada tem sido mais intensa entre os empresários, enquanto o sentimento 
dos consumidores parece seguir refletindo as condições adversas do mercado de 
trabalho. De acordo com as pesquisas Sondagens Setoriais, da FGV, o Índice de 
Confiança Empresarial (ICE) atingiu o patamar de 97,7 pontos em maio, estiman-
do-se, com base nos indicadores setoriais já divulgados, que em junho tenha su-
perado a zona neutra que separa otimismo de pessimismo pela primeira vez desde 
outubro de 2013. Já o Índice de Confiança do Consumidor (ICC), embora venha 
se recuperando desde abril, ainda se encontra em nível que reflete um razoável 
pessimismo (gráfico 3). A diferença entre as duas séries chegou a 21,5 pontos em 
maio, a maior diferença já registrada na série histórica. O resultado chama atenção 
para um descompasso entre os setores produtivos, cujo desempenho tem superado 
as expectativas, e a demanda interna, pois as famílias ainda se deparam com altas 
taxas de desocupação e aumento de custo de vida. Em junho, todos os indicadores 
de confiança empresarial setoriais e o ICC apresentaram melhoras significativas.
9
Carta de Conjuntura
| 51 | N
ota 32 | 2˚ trim
estre de 2021
1.2 Mercado de trabalho
De fato, apesar do comportamento melhor que o esperado da produção e das ven-
das, as condições gerais do mercado de trabalho pouco se alteraram nos últimos 
meses, revelando um quadro ainda deteriorado. Os dados dessazonalizados, obti-
dos após a desagregação mensal dos trimestres móveis da Pesquisa Nacional por 
Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, mostram que em março a taxa de de-
socupação foi de 14,7%, levemente superior à registrada em fevereiro (14,4%), 
pressionada principalmente pelo retorno à força de trabalho de uma parcela de 
indivíduos que dela haviam saído por conta da pandemia. De janeiro a março de 
2021, a força de trabalho aumentou em 589 mil pessoas, enquanto o contingente 
ocupado recuou em 11 mil. No entanto, apesar desta aceleração na margem, os 
dados ainda mostram uma força de trabalho 5% abaixo da observada nos períodos 
pré-pandemia. 
A recuperação da ocupação nos últimos meses vem ocorrendo de forma mais in-
tensa nos segmentos informais do mercado de trabalho, ou seja, entre os empre-
gados sem carteira e os trabalhadores por conta própria – de acordo com os dados 
GRÁFICO 2
ICE por setor
Fonte: IBRE/FGV.
Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea.
40
50
60
70
80
90
100
110
120
ju
n/
14
ou
t/
14
fe
v/
15
ju
n/
15
ou
t/
15
fe
v/
16
ju
n/
16
ou
t/
16
fe
v/
17
ju
n/
17
ou
t/
17
fe
v/
18
ju
n/
18
ou
t/
18
fe
v/
19
ju
n/
19
ou
t/
19
fe
v/
20
ju
n/
20
ou
t/
20
fe
v/
21
ju
n/
21
Indústria Comércio Construção Serviços
Otimista
Pessimista
GRÁFICO 3
Índices de confiança de empresários e consumidores
Fonte: IBRE/FGV.
Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea.
Nota: 1 Resultado para o índice de confiança empresarial de junho foi estimado 
com base nos resultados setoriais.
40
50
60
70
80
90
100
110
120
ju
n/
14
ou
t/
14
fe
v/
15
ju
n/
15
ou
t/
15
fe
v/
16
ju
n/
16
ou
t/
16
fe
v/
17
ju
n/
17
ou
t/
17
fe
v/
18
ju
n/
18
ou
t/
18
fe
v/
19
ju
n/
19
ou
t/
19
fe
v/
20
ju
n/
20
ou
t/
20
fe
v/
21
ju
n/
21
Empresarial Consumidor
Otimista
Pessimista
GRÁFICO 4
Mercado de trabalho: força de trabalho, população ocupada e taxa de desocupação
Fonte: PNAD Contínua/IBGE.
Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea.
106,2 106,2
103,2
97,1
95,7 95,7
94,1
96,5
98,7 99,4
100,3 100,5 100,3 100,7 100,9
94,0 94,0
90,5
84,5 83,5
82,3
80,3
82,5
84,4 85,4
85,5 85,9 86,2 86,3 86,1
11,6 11,6
12,4
12,9 12,7
13,9
14,3 14,4 14,6 14,1
14,8 14,7
14,2 14,4
14,7
ja
n/
20
fe
v/
20
m
ar
/2
0
ab
r/
20
m
ai
/2
0
ju
n/
20
ju
l/2
0
ag
o/
20
se
t/
20
ou
t/
20
no
v/
20
de
z/
20
ja
n/
21
fe
v/
21
m
ar
/2
1
Força de trabalho (milhões de pessoas) População ocupada (milhões de oessoas) Taxa de desocupação (%)
10
Carta de Conjuntura
| 51 | N
ota 33 | 2˚ trim
estre de 2021
da PNAD Contínua. Na comparação 
interanual, embora esses dois grupos 
ainda apresentem recuo na ocupação, as 
quedas vêm perdendo intensidade. Já a 
ocupação do setor privado com carteira 
vem mantendo uma trajetória de baixo 
dinamismo, marcada por uma estabili-
dade de pessoal ocupado em patamares 
bem desfavoráveis.
Os dados do Novo Cadastro Geral de 
Emprego e Desemprego (Novo Caged), 
do Ministério da Economia, mostram 
um cenário bem mais favorável para o 
emprego formal que o descrito pela PNAD Contínua. De acordo com o cadastro, 
nos quatro primeiros meses do ano, a economia brasileira gerou liquidamente cer-
ca de 960 mil novos postos de trabalho formal, enquanto no acumulado em doze 
meses o saldo de novas vagas com carteira ultrapassa o montante de 1,93 milhão.2
1.3 Economia mundial e seus impactos sobre o Brasil
O cenário externo favorável tem sido um dos fatores críticos para explicar a resi-
liência da economia à situação ainda grave do quadro sanitário. Desde o segundo 
semestre do ano passado, com algumas oscilações relacionadas à evolução da pan-
demia, as economias mais avançadas e a China têm registrado crescimento robusto, 
tendência que se acelerou em 2021 à medida que a vacinação avançou e novas 
medias de estímulo foram adotadas, especialmente nos Estados Unidos. Esse qua-
dro externo tem impactado positivamente a economia brasileira por meio da valo-
rização das commodities exportadas pelo Brasil, do aumento dos fluxos de comércio 
internacional e de condições financeiras globais que estimulam o apetite por risco 
e, portanto, maiores fluxos de capital para países emergentes.
As previsões para o crescimento da economia mundial e para os países desenvolvi-
dos foram significativamente revistas para cima desde o início do ano. A Organisa-
tion for Economic Co-operation and Development (OECD), por exemplo, reviu o 
crescimento global previsto para 2021 de 4,2% em seu World Economic Outlook de 
dezembro de 2020 para 5,8% no relatório de maio, principalmente pelo desempe-
nho dos países desenvolvidos. A reabertura da economia nesses países tem contri-
buído para a retomada de atividades como lazer e turismo, acelerando a redução do 
desemprego e aumentando a confiança de consumidores e empresários. O volume 
do comércio internacional em abril foi 25% superior ao de um ano antes, já tendo 
retomado nível compatível com a tendência pré-pandemia.
Os preços internacionais de commodities têm refletido a retomada da atividade eco-
nômica global, com forte crescimento nos últimos meses e nível histórico elevado. 
O Fundo Monetário Internacional (FMI) calcula que em maio, para o conjunto 
2. Uma discussão sobre a comparação entre PNAD Contínua e Caged está disponível em: <https://www.ipea.gov.br/cartadeconjuntura/
index.php/2021/03/a-reducao-no-numero-de-entrevistas-na-pnad-continua-durante-a-pandemia-e-sua-influencia-para-a-evolucao-do-em-
prego-formal/>. 
GRÁFICO 5
Evolução da ocupação segundo natureza do vínculo de 
trabalho
(Taxa de variação interanual, em %)
Fonte: PNAD Contínua/IBGE.
Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea.
-10,7
-12,1
1,4
-1,3
-30
-25
-20
-15
-10
-5
0
5
10
ja
n-
m
ar
/1
9
m
ar
-m
ai
/1
9
m
ai
-ju
l/1
9
ju
l-s
et
/1
9
se
t-
no
v/
19
no
v-
ja
n/
20
ja
n-
m
ar
/2
0
m
ar
-m
ai
/2
0
m
ai
-ju
l/2
0
ju
l-s
et
/2
0
se
t-
no
v/
20
no
v-
ja
n/
21
ja
n-
m
ar
/2
1
Privado com carteira Privado sem carteira
Publico Conta própria
https://www.ipea.gov.br/cartadeconjuntura/index.php/2021/03/a-reducao-no-numero-de-entrevistas-na-pnad-continua-durante-a-pandemia-e-sua-influencia-para-a-evolucao-do-emprego-formal/https://www.ipea.gov.br/cartadeconjuntura/index.php/2021/03/a-reducao-no-numero-de-entrevistas-na-pnad-continua-durante-a-pandemia-e-sua-influencia-para-a-evolucao-do-emprego-formal/
https://www.ipea.gov.br/cartadeconjuntura/index.php/2021/03/a-reducao-no-numero-de-entrevistas-na-pnad-continua-durante-a-pandemia-e-sua-influencia-para-a-evolucao-do-emprego-formal/
11
Carta de Conjuntura
| 51 | N
ota 32 | 2˚ trim
estre de 2021
das commodities, os preços tenham aumentado 70% em relação a maio do ano pas-
sado. O crescimento, contudo, vai mais além do efeito de uma base deprimida: o 
nível de preços das commodities registrado em maio é o mais alto desde setembro de 
2014, embora ainda esteja 23% abaixo do de julho de 2008, quando o superciclo 
de commodities iniciado em 2002 atingiu seu pico. Além disso, a intensidade da 
recuperação recente é maior que a do período pré-crise financeira internacional, 
que levou ao recorde da série: de janeiro de 2007 a julho de 2008, o crescimento 
médio mensal foi de 3,4% ao mês, enquanto agora, de abril do ano passado a maio 
de 2021, foi de 4,9% ao mês.
BOX 2
Índices de preços de commodities
Um tema em destaque recentemente é o preço das commodities: sua evolução recen-
te, seu nível em relação à série histórica e suas perspectivas. Como as mercadorias 
são muitas, é usual recorrer-se a índices de preços quando se deseja ter uma visão 
sintética. No entanto, é preciso atentar para o fato de que diferentes índices mos-
tram resultados diversos. 
Dois tipos básicos de índices de preços de commodities são os construídos com 
preços à vista e os que se baseiam em cotações dos mercados futuros. Os índices 
de preços à vista são médias ponderadas de preços de commodities, compostos por 
variadas cestas, com diferentes pesos para cada commodity. Os índices de preços 
de mercados futuros usam preços de bolsas de mercadorias e, além da composição 
e pesos, são influenciados também pelos retornos de rolagem e de colateral, que 
decorrem, respectivamente, dos fatos de que os contratos que vencem precisam ser 
substituídos – o que pode gerar perdas ou ganhos – e de que, em mercados futuros, 
só uma pequena parte do valor do contrato precisa ser depositada como margem – 
permitindo a aplicação do restante do valor em renda fixa, por exemplo.
Aqui serão mostrados apenas exemplos de índices de preços à vista, produzidos 
pelo FMI. O gráfico 1 mostra o índice para todas as commodities: apesar de o ín-
dice ter subido 85% desde o vale de abril do ano passado, ele ainda se encontra, 
em maio de 2021, 23% abaixo do pico do período mostrado no gráfico, ocorrido 
em julho de 2008. No gráfico 2, vê-se, no entanto, que essa distância em relação 
ao máximo de 2008 se deve aos preços dos combustíveis (energia). O índice das 
demais commodities está bem acima do nível daquele ano e em nível equivalente ao 
máximo de 2011. Olhando o índice de metais (gráfico 3), importante para o Brasil 
por causa do minério de ferro, o aumento em relação a abril de 2020 foi de 99%, 
fazendo o nível de maio de 2021 ficar muito perto (apenas 2% abaixo) do de 2011. 
Finalmente, o índice de alimentos (gráfico 4) – também muito importante para o 
Brasil por incluir grãos, óleos vegetais, carnes e açúcar – subiu 47% entre abril do 
ano passado e maio deste ano, superando em 3% o pico de 2011.
12
Carta de Conjuntura
| 51 | N
ota 33 | 2˚ trim
estre de 2021
Elaboração: Estêvão Kopschitz X. Bastos, Felipe Simplicio Ferreira e Marcelo Vilas Boas de Castro (Dimac/
Ipea).
Nesse contexto externo favorável, as exportações brasileiras deram um salto, tanto 
em volume quanto em valor – neste caso, beneficiadas pelo aumento dos preços 
externos. Desde o início de 2021, as exportações tiveram uma aceleração da ten-
dência de crescimento: entre janeiro e maio ele foi de 40%, contra 12% no mesmo 
período do ano passado. Com a retomada da economia, as importações também 
têm se recuperado, registrando crescimento de 21% nos cinco primeiros meses do 
ano em relação a igual período de 2020. O saldo da balança comercial nos pri-
meiros cinco meses do ano passou de US$ 15,8 bilhões em 2020 para US$ 27,1 
bilhões este ano. Houve também uma tendência geral de redução do deficit em 
transações correntes do balanço de pagamentos, com superavit em abril (US$5,4 
bilhões) e maio (US$3,8 bilhões).
GRÁFICO 1
Índice de preços de todas as commodities
(2016 = 100) 
Fonte: FMI. 
Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea.
jul/08; 202,8
abr/20; 84,0
155,4
0
25
50
75
100
125
150
175
200
225
ja
n/
92
m
ai
/9
3
se
t/
94
ja
n/
96
m
ai
/9
7
se
t/
98
ja
n/
00
m
ai
/0
1
se
t/
02
ja
n/
04
m
ai
/0
5
se
t/
06
ja
n/
08
m
ai
/0
9
se
t/
10
ja
n/
12
m
ai
/1
3
se
t/
14
ja
n/
16
m
ai
/1
7
se
t/
18
ja
n/
20
m
ai
/2
1
-23%
+85%
GRÁFICO 2
Índice de preços de energia e não energia
(2016 = 100) 
Fonte: FMI. 
Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea. 
Obs.: energia – petróleo, gás natural, carvão e propano; não energia – metais 
preciosos, alimentos e bebidas e insumos industriais.
jul/08; 127,0
abr/11; 155,0
mai/21; 155,4
jul/08; 312,4
mai/21; 155,3
0
50
100
150
200
250
300
350
ja
n/
92
m
ai
/9
3
se
t/
94
ja
n/
96
m
ai
/9
7
se
t/
98
ja
n/
00
m
ai
/0
1
se
t/
02
ja
n/
04
m
ai
/0
5
se
t/
06
ja
n/
08
m
ai
/0
9
se
t/
10
ja
n/
12
m
ai
/1
3
se
t/
14
ja
n/
16
m
ai
/1
7
se
t/
18
ja
n/
20
m
ai
/2
1
Não-energia Energia
GRÁFICO 3
Índice de preços de metais
(2016 = 100) 
Fonte: FMI. 
Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea. 
Obs.: Alumínio, cobalto, cobre, minério de ferro, chumbo, molibdênio, 
níquel, estanho, urânio e zinco.
fev/11; 234,7
abr/20; 115,2
mai/21; 229,7
0
50
100
150
200
250
ja
n/
92
m
ai
/9
3
se
t/
94
ja
n/
96
m
ai
/9
7
se
t/
98
ja
n/
00
m
ai
/0
1
se
t/
02
ja
n/
04
m
ai
/0
5
se
t/
06
ja
n/
08
m
ai
/0
9
se
t/
10
ja
n/
12
m
ai
/1
3
se
t/
14
ja
n/
16
m
ai
/1
7
se
t/
18
ja
n/
20
m
ai
/2
1
GRÁFICO 4
Índice de preços de alimentos
(2016 = 100) 
Fonte: FMI. 
Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea. 
Obs.: Cereais, óleos vegetais, carnes, peixes, frutos do mar, açúcar e outros 
alimentos (maçãs, bananas, leguminosas, farinha de peixe, amendoim, leite 
e laticínios e tomate).
abr/11; 132,8
abr/20; 92,9
mai/21; 136,8
40
60
80
100
120
140
160
ja
n/
92
m
ai
/9
3
se
t/
94
ja
n/
96
m
ai
/9
7
se
t/
98
ja
n/
00
m
ai
/0
1
se
t/
02
ja
n/
04
m
ai
/0
5
se
t/
06
ja
n/
08
m
ai
/0
9
se
t/
10
ja
n/
12
m
ai
/1
3
se
t/
14
ja
n/
16
m
ai
/1
7
se
t/
18
ja
n/
20
m
ai
/2
1
13
Carta de Conjuntura
| 51 | N
ota 32 | 2˚ trim
estre de 2021
1.4 Aceleração inflacionária recente
A forte alta dos preços de commodities tem pressionado os custos no setor indus-
trial, além de impactar o consumidor em itens como alimentação e transportes. A 
aceleração da inflação desde o segundo semestre do ano passado foi significativa: 
no caso do setor produtivo, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) registrou 
variação anual de 50% em maio, com aumento próximo a 75,6% em matérias pri-
mas brutas. Os preços agrícolas no IPA registram crescimento de 47,7%, enquanto 
os produtos industriais apontam variação de 54,7%, pressionados pelo aumento da 
demanda mundial.
Em nível de consumidor, o IPCA acumulou variação de 8,1% nos doze meses 
terminados em maio, refletindo os recentes aumentos dos preços monitorados e 
dos bens industriais, assim como a pressão, ainda existente, nos alimentos no do-
micílio. No caso dos preços monitorados, cuja variação em doze meses avançou 
de 1,8% em janeiro para 13,1% em maio, parte da aceleração decorre de reajustes 
não ocorridos em 2020, mas a intensidade da alta vem surpreendendo. Os prin-
cipais determinantes dessa aceleração foram os repasses da desvalorização cambial 
de 2020 – que impactou, entre outros, os preços dos combustíveis – e a adoção da 
bandeira vermelha nas contas de luz residenciais em maio em função do baixonível 
dos reservatórios. Em relação aos bens industriais, além dos impactos defasados do 
câmbio, o aumento nos preços internacionais das matérias-primas e a escassez de 
alguns insumos vêm pressionando a inflação neste segmento, cuja taxa de variação 
em doze meses já chega a 8,2%. Por fim, mesmo desacelerando nos últimos meses, 
os preços dos alimentos no domicílio ainda registram forte variação em doze meses 
(15,4%), constituindo-se no segundo grupo com maior contribuição ao IPCA no 
período.
Diante da aceleração da inflação, o BCB elevou os juros básicos da economia em 
0,75 ponto percentual (p.p.) na reunião do Comitê de Política Monetária (Co-
pom) de março, repetindo a mesma decisão nas três reuniões seguintes de modo a 
trazer a taxa Selic para 4,2% ao ano (a.a.). No primeiro momento, talvez refletindo 
GRÁFICO 6
IPA: inflação acumulada em doze meses
(Em %)
Fonte: IBRE/FGV.
Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea.
0
10
20
30
40
50
60
70
ja
n/
19
m
ar
/1
9
m
ai
/1
9
ju
l/1
9
se
t/
19
no
v/
19
ja
n/
20
m
ar
/2
0
m
ai
/2
0
ju
l/2
0
se
t/
20
no
v/
20
ja
n/
21
m
ar
/2
1
m
ai
/2
1
IPA Ind IPA Agro
GRÁFICO 7
IPCA: inflação acumulada em doze meses
(Em %)
Fonte: IBGE.
Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea.
-5
0
5
10
15
20
25
ja
n/
20
fe
v/
20
m
ar
/2
0
ab
r/
20
m
ai
/2
0
ju
n/
20
ju
l/2
0
ag
o/
20
se
t/
20
ou
t/
20
no
v/
20
de
z/
20
ja
n/
21
fe
v/
21
m
ar
/2
1
ab
r/
21
m
ai
/2
1
IPCA Administrados Serviços Alimentos Bens industriais
14
Carta de Conjuntura
| 51 | N
ota 33 | 2˚ trim
estre de 2021
a percepção de um choque transitório, o Copom falou em “ajuste parcial”, sinali-
zando que a taxa nominal de juros ao fim do processo ainda resultaria numa taxa 
real inferior à taxa neutra, mantendo assim a postura expansionista. Em junho, 
porém, diante da sustentação da inflação em patamar elevado, o Copom sinalizou 
com uma trajetória mais agressiva e com a perspectiva de levar os juros ao nível 
considerado neutro. Como discutido na box 3, a estrutura a termo da taxa de juros 
ficou menos inclinada com a elevação das taxas mais curtas, em proporção maior 
que as taxas mais longas. As expectativas de inflação para este ano aumentaram 
2 p.p. desde o início de março, estando em 6,0% em 25 de junho. As de 2022 
também cresceram, porém bem menos, apenas 0,4 p.p., para 3,8%. As expectativas 
para a inflação de 2023 permanecem estáveis e ancoradas pela meta de 3,25%.
BOX 3
Expectativas de IPCA, juros e câmbio hoje e há três meses
Como evoluíram as previsões de inflação, juros e dólar desde a última Visão Geral 
da Conjuntura (de março deste ano)? Os gráficos a seguir o ilustram. Na última 
sexta-feira de março, o IPCA previsto pela mediana do Focus para 2021 era de 
4,81%. Essa expectativa subiu até os atuais 5,97%. Para o ano que vem, a previsão 
passou de 3,51% para 3,78%; para 2023, não se alterou, continuando presa à meta 
de 3,25% (gráfico 1). Concomitantemente ao aumento da inflação esperada para 
este e o próximo anos, a trajetória da Selic definida pelo Copom alterou-se, com o 
nível de 6,5% passando a ser esperado para outubro deste ano; em março, a Selic 
para o fim de 2021 era esperada em 5,00% e uma sequência de elevações a levaria 
até 6,50% somente em março de 2023. Agora, espera-se que, uma vez atingido o 
patamar de 6,50%, ele será mantido ao longo de todo o ano que vem (gráfico 2). 
Ao mesmo tempo, toda a estrutura a termo da taxa de juros de títulos públicos 
se elevou, mais nos primeiros dois anos e entre 0,4 e 0,1 p.p. a partir do terceiro 
(gráfico 3). Por fim, o gráfico 4 mostra a trajetória mensal esperada para a taxa de 
câmbio real/dólar há três meses e recentemente. Em 26 de março, quando a taxa 
vigente era de R$ 5,70, a expectativa era de valorização até R$ 5,33 em dezembro 
deste ano e R$ 5,26 em dezembro de 2022. Agora, com a taxa observada de R$ 
4,92 em 25 de junho, a expectativa é de desvalorização até R$ 5,10 em dezembro 
deste ano e R$ 5,20 em dezembro de 2022.
15
Carta de Conjuntura
| 51 | N
ota 32 | 2˚ trim
estre de 2021
Elaboração: Estêvão Kopschitz X. Bastos, Felipe Simplicio Ferreira e Marcelo Vilas Boas de Castro (Dimac/
Ipea).
1.5 Expansão do crédito
O saldo total de crédito no Sistema Financeiro Nacional (SFN), medido em rela-
ção ao PIB, apresentou tendência de crescimento até dezembro de 2020, atingindo 
então o patamar de 54,0%. Desde então, o saldo total oscila em torno deste valor, 
o que pode ser explicado pela redução da taxa de crescimento de pessoas jurídicas, 
cujo movimento favorável impulsionou o crescimento do crédito ao longo de todo 
o ano de 2020. Conforme pode ser visto pelo gráfico 8, a variação em doze meses 
do saldo real para pessoas jurídicas pode ser dividida em duas grandes fases no 
período recente: crescimento em 2020 e desaceleração em 2021, possivelmente 
refletindo a perda de dinamismo de alguns setores, como a indústria, no início do 
GRÁFICO 1
Expectativa para o IPCA, de acordo com a mediana do 
Focus
Fonte: BCB. 
Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea.
26/03/2021; 4,81
5,01
11/06/2021; 5,82
25/06/2021; 5,97
3,51 3,61
3,78 3,78
3,25 3,25 3,25 3,25
2
2,5
3
3,5
4
4,5
5
5,5
6
6,5
01
/0
3/
20
21
08
/0
3/
20
21
15
/0
3/
20
21
22
/0
3/
20
21
29
/0
3/
20
21
05
/0
4/
20
21
12
/0
4/
20
21
19
/0
4/
20
21
26
/0
4/
20
21
03
/0
5/
20
21
10
/0
5/
20
21
17
/0
5/
20
21
24
/0
5/
20
21
31
/0
5/
20
21
07
/0
6/
20
21
14
/0
6/
20
21
21
/0
6/
20
21
2021 2022 2023
Metas e intervalos:
2021 – 3,75% (2,25-5,25)
2022 – 3,50% (2,00-5,00)
2023 – 3,25% (1,75-4,75)
GRÁFICO 2
Meta para a Selic: observada e prevista pela mediana do 
Focus em março e junho de 2021
(Em %)
Fonte: BCB. 
Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea.
5,00
6,00
out/21; 6,506,50
3,75
2,00
4,25
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
5
5,5
6
6,5
7
7,5
8
m
ar
/1
8
ju
l/1
8
no
v/
18
m
ar
/1
9
ju
l/1
9
no
v/
19
m
ar
/2
0
ju
l/2
0
no
v/
20
m
ar
/2
1
ju
l/2
1
no
v/
21
m
ar
/2
2
ju
l/2
2
no
v/
22
m
ar
/2
3
ju
l/2
3
26/03/2021 25/06/2021 Meta Selic Observada
GRÁFICO 3
Estrutura a termo da taxa de juros nominais prefixados
(Em %)
Fonte: Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de 
Capitais (Anbima). 
Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea.
5,11
6,11
6,84
7,36
7,73
8,01
8,22 8,39
8,52 8,63
8,72 8,80 8,86
8,92 8,97 9,01 9,05
6,64
7,31
7,70
7,96 8,14
8,29 8,42
8,54 8,66
8,77 8,88
8,98 9,08
9,17 9,27 9,35
9,431,53
1,20
0,87
0,60
0,41
0,28
0,20 0,15 0,14 0,14 0,16
0,19 0,22
0,26 0,30
0,34 0,38
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
1,8
4
5
6
7
8
9
10
11
1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5 5,5 6 6,5 7 7,5 8 8,5 9
Anos
22/03/2021 28/06/2021 Diferença
GRÁFICO 4
Taxa de câmbio: expectativa mediana do Focus/BCB
(Em R$/US$ fim do mês)
Fonte: BCB. 
Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea.
5,55
5,47
5,40
5,37
5,33 5,31 5,30 5,30 5,32
5,33
5,26
5,30
5,05 5,05 5,05
5,10 5,10 5,12
5,15
5,25 5,25
5,20
5,12 5,13 5,10
m
ar
/2
02
1
ab
r/
20
21
m
ai
/2
02
1
ju
n/
20
21
ju
l/2
02
1
ag
o/
20
21
se
t/
20
21
ou
t/
20
21
no
v/
20
21
de
z/
20
21
ja
n/
20
22
fe
v/
20
22
m
ar
/2
02
2
ab
r/
20
22
m
ai
/2
02
2
ju
n/
20
22
ju
l/2
02
2
ag
o/
20
22
se
t/
20
22
ou
t/
20
22
no
v/
20
22
de
z/
20
22
ja
n/
20
23
fe
v/
20
23
m
ar
/2
02
3
ab
r/
20
23
m
ai
/2
02
3
26/03/2021 25/06/2021
16
Carta de Conjuntura
| 51 | N
ota 33 | 2˚ trim
estre de 2021
ano. O segmento de pessoas físicas (PF) sofreu algum abalo no início da pandemia, 
no ano passado, mas voltou a acelerar o crescimento logo depois.
Ao analisar o movimento recente das concessões, observam-se ciclos curtos de ex-
pansão e retração. O gráfico 9 mostra que a fase atual é ascendente tanto para PF, 
quanto pessoa jurídica (PJ). Na segmentação por tipo de recursos, a evolução das 
concessões é mais favorável em recursos livres, ao passoque as concessões com 
recursos direcionados estão estáveis em termos reais, após apresentarem queda no 
final de 2020 por conta da retirada gradual dos estímulos públicos.
A trajetória ascendente da taxa média de novas operações de crédito antecedeu 
a elevação na taxa básica de juros. Desde setembro de 2020, o aumento ficou na 
faixa de 2-3 p.p. em todas as aberturas, com exceção das taxas para recursos dire-
cionados. Em maio, no entanto, houve reversão desta tendência com a queda de 
aproximadamente 0.5 p.p. nas taxas médias. O Indicador de Custo do Crédito 
(ICC), que mede o custo médio de todo o crédito do SFN, apresenta evolução 
bastante parecida. Os níveis de comprometimento de renda mantêm trajetória as-
cendente, ainda que com efeitos limitados sobre os níveis de inadimplência, que se 
encontram em suas mínimas históricas. Ao analisar todos os fatores em conjunto, 
observa-se uma discreta piora nas condições gerais do mercado de crédito, cuja evo-
lução e tendência para os próximos meses depende da evolução da economia, com 
destaque para o mercado de trabalho, e da implementação de medidas de estímulo, 
como a renovação do programa de garantias de crédito, o Programa Nacional de 
Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (PRONAMPE), que agora 
é permanente. 
GRÁFICO 8
Variação em doze meses do saldo real da carteira de crédito
(Em %)
Fonte: BCB.
Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea.
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
25
m
ai
/1
1
ja
n/
12
se
t/
12
m
ai
/1
3
ja
n/
14
se
t/
14
m
ai
/1
5
ja
n/
16
se
t/
16
m
ai
/1
7
ja
n/
18
se
t/
18
m
ai
/1
9
ja
n/
20
se
t/
20
m
ai
/2
1
Total Pessoa jurídica Pessoa física
GRÁFICO 9
Média diária de concessões dessazonalizadas
(Em R$ milhões a preços constantes de setembro de 2019)
Fonte: BCB.
Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea.
5
7
9
11
13
15
17
19
21
23
m
ai
/1
1
ja
n/
12
se
t/
12
m
ai
/1
3
ja
n/
14
se
t/
14
m
ai
/1
5
ja
n/
16
se
t/
16
m
ai
/1
7
ja
n/
18
se
t/
18
m
ai
/1
9
ja
n/
20
se
t/
20
m
ai
/2
1
Total PJ PF
17
Carta de Conjuntura
| 51 | N
ota 32 | 2˚ trim
estre de 2021
2 Cenário fiscal3
As contas públicas apresentaram melhora nos últimos meses. O governo central, 
que havia registrado deficit primário de R$ 101,2 bilhões, a preços de abril de 
2021, no primeiro quadrimestre de 2020, apresentou um superavit de R$ 41,5 
bilhões no primeiro quadrimestre deste ano – uma diferença de R$ 142,7 bilhões 
(tabela 1). A diferença entre as despesas para mitigação dos efeitos da Covid-19 nos 
dois quadrimestres, mais alta no ano passado que neste ano, explica algo como R$ 
44,2 bilhões; as demais despesas, pouco mais de R$ 20 bilhões; e a receita líquida, 
R$ 78,1 bilhões. O menor volume de despesas se explica também pelo atraso na 
aprovação do orçamento, que limitou as despesas discricionárias.
As receitas federais cresceram 16,6% em termos reais no acumulado no ano até 
abril, e o crescimento foi forte tanto nas administradas pela Receita Federal do 
3 Esta seção contou com a colaboração de Geraldo Julião Júnior, Felipe Martins e Sergio Ferreira, pesquisadores da Dimac/Ipea.
GRÁFICO 10A
PJ e PF – Taxas de juros das operações de crédito
(Em %)
Fonte: BCB.
Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea.
19,91
12,55
24,57
3,29
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
m
ai
/1
1
ja
n/
12
se
t/
12
m
ai
/1
3
ja
n/
14
se
t/
14
m
ai
/1
5
ja
n/
16
se
t/
16
m
ai
/1
7
ja
n/
18
se
t/
18
m
ai
/1
9
ja
n/
20
se
t/
20
m
ai
/2
1
Total PJ PF Selic anualizada
GRÁFICO 10B
Livres e direcionados – Taxas de juros das operações de 
crédito
(Em %)
Fonte: BCB.
Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea.
28,45
6,97
3,29
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
m
ai
/1
1
ja
n/
12
se
t/
12
m
ai
/1
3
ja
n/
14
se
t/
14
m
ai
/1
5
ja
n/
16
se
t/
16
m
ai
/1
7
ja
n/
18
se
t/
18
m
ai
/1
9
ja
n/
20
se
t/
20
m
ai
/2
1
Recursos Livres Recursos Direcionados Selic anualizada
TABELA 1
Resultado primário do governo central (1o quadr. de 2020 e 2021)
(Em R$ bilhões de abril de 2021)
Fonte: STN.
Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea.
Notas: 
1 Receita federal do Brasil (RFB)
2 Regime geral de previdência social (RGPS)
 
Período 
Janeiro-abril (preços 
constantes, R$ milhões 
de abr./2021) 
Taxa de 
variação (%) 
2020 2021 
 1. Receita total 534.952 623.519 16,6 
 1.1 Receitas administradas pela RFB¹ 345.481 406.584 17,7 
1.2 Arrecadação do RGPS² 128.030 138.613 8,3 
 1.3 Receitas não administradas 61.441 78.356 27,5 
 2. Transferências a estados e municípios 99.949 110.376 10,4 
 3. Receita líquida (1-2) 435.003 513.143 18,0 
 4. Despesa total 537.199 471.477 -12,2 
4.1 Pessoal e encargos sociais 106.782 102.487 -4,0 
4.2 Benefícios da previdência 219.702 215.119 -2,1 
4.3 Outras despesas obrigatórias 131.620 86.804 -34,0 
4.4 Despesas do Poder Executivo sujeitas à programação financeira 79.094 67.066 -15,2 
 5. Resultado previdenciário -91.672 -76.506 -16,5 
 6. Resultado primário (3-4) -101.244 41.496 -141,0 
18
Carta de Conjuntura
| 51 | N
ota 33 | 2˚ trim
estre de 2021
Brasil (RFB) quanto nas não administradas. Esse crescimento contrasta com a ex-
pansão anda relativamente modesta da atividade econômica no período: segundo o 
Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), o crescimento foi de 
4,8% até abril. Mesmo quando se consideram os fatores não recorrentes destacados 
pela RFB na divulgação dos resultados mensais de arrecadação, o crescimento – 
superior a 10% reais – ainda é bem maior que a expansão da atividade no período. 
Isso pode ser explicado, em parte, pela composição setorial do crescimento, com 
maior contribuição da indústria em relação aos serviços e do setor formal vis-à-vis o 
informal. Ou seja, com a retomada das atividades no setor serviços, o crescimento 
da arrecadação em relação ao crescimento do PIB tende a ser menor.
O aumento da arrecadação no primeiro quadrimestre levou a uma revisão im-
portante do total esperado para 2021. De acordo com o Relatório de Avaliação de 
Receitas e Despesas Primárias do segundo bimestre, divulgado em maio, as receitas 
primárias federais previstas para o ano aumentaram em cerca de R$ 108,4 bilhões, 
relativamente aos relatórios anteriores. Considerando-se as transferências por re-
partição de receitas aos entes subnacionais, o acréscimo na receita líquida do gover-
no federal foi de R$ 88,2 bilhões. As previsões dos agentes de mercado avançaram 
na mesma direção: as medianas das projeções do Prisma Fiscal para a arrecadação 
federal em 2021 e 2022, que eram de R$ 1.600 bilhões e R$ 1.724 bilhões em 
janeiro, passaram para R$ 1.721 bilhões e R$ 1.829 bilhões em junho. 
De outro lado, as despesas primárias federais projetadas para o ano apresentaram 
redução de cerca de R$10,1 bilhões no relatório do segundo bimestre, relativa-
mente ao relatório anterior. Essa redução nas despesas deveu-se primordialmente 
ao veto presidencial às programações de despesas discricionárias constantes do Au-
tógrafo do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) 2021, que permitiu reduzir 
as despesas discricionárias em cerca de R$ 19,8 bilhões em relação ao relatório 
anterior e mais do que compensou o aumento das despesas obrigatórias projetadas 
para o ano, da ordem de R$9,7 bilhões, associado a novas medidas de mitigação 
dos efeitos da pandemia de Covid-19 no país. 
A revisão do valor das despesas projetadas para 2021 diminuiu de forma substan-
cial a necessidade de ajuste visando cumprir o teto de gastos da União – que passou 
de R$29,1 bilhões no relatório de avaliação extemporânea de abril para R$ 4,5 
bilhões no relatório de maio (tabela 2). Permanece, assim, a necessidade de algum 
esforço adicional em termos de contenção de despesas visando satisfazer o teto, mas 
parece factível realizar esse esforço sem que isso implique prejuízos adicionais mais 
difusos em termos de funcionamento da máquina pública.
Para 2022 e 2023, espera-se uma folga razoáveldas despesas projetadas no Projeto 
de Lei das Diretrizes Orçamentárias (PLDO) 2022 em relação ao teto. Isso de-
corre fundamentalmente da trajetória projetada para a inflação ao longo de 2021: 
enquanto se espera que a inflação (medida pelo IPCA) acumulada em doze meses 
em junho, que balizará o reajuste do teto de gastos para 2022, se situe próxima de 
8,6%, a inflação no final do ano deverá estar em patamar substancialmente mais 
baixo, em torno de 5,8%. Trajetória semelhante deverá ser observada para o INPC, 
19
Carta de Conjuntura
| 51 | N
ota 32 | 2˚ trim
estre de 2021
cuja variação acumulada em 2021 está projetada em 5,1% e deverá balizar o rea-
juste de despesas importantes indexadas ao valor do salário mínimo, como os bene-
fícios previdenciários, abono salarial, seguro-desemprego e Benefício de Prestação 
Continuada (BPC)/ Renda Mensal Vitalícia (RMV). Assim, supondo que a infla-
ção de fato apresente trajetória declinante ao longo do ano, espera-se que o teto de 
gastos seja reajustado a uma taxa substancialmente mais alta do que alguns itens 
importantes da despesa primária da União, abrindo a folga mostrada na tabela.
Como resultado das revisões nas projeções das receitas e despesas primárias federais 
para 2021, a magnitude do deficit primário esperado para o ano diminuiu consi-
deravelmente, de R$ 286 bilhões no relatório de avaliação de receitas e despesas 
extemporâneo de abril para R$ 187,7 bilhões no relatório do segundo bimestre. 
As projeções medianas de mercado para o deficit primário do governo central em 
2021 também apresentaram melhora, ainda que em menor magnitude, passando 
de R$ 257,4 bilhões em maio para R$ 200,8 bilhões em junho, conforme dados 
do Prisma Fiscal. Para 2022, é importante notar que parte da folga em relação ao 
teto de gastos apresentada na tabela 2 poderá ser ocupada por despesas adicionais, 
quando da elaboração do orçamento daquele ano. Ainda assim, diante do aumento 
esperado nas receitas, o deficit primário projetado pelos agentes de mercado dimi-
nuiu de R $170,2 bilhões para R$ 135,6 bilhões.
A melhora no resultado primário esperado para 2021 e 2022, combinada ao au-
mento mais forte esperado para o PIB nominal (decorrente de maior crescimento 
real e, também, de aumento no deflator do PIB), tem levado a revisões na trajetória 
esperada para a relação entre a dívida bruta do governo geral (DBGG) e o PIB. O 
gráfico 11 apresenta as projeções de mercado para a razão DBGG/PIB nos anos 
de 2021 a 2023, coletadas pelo Prisma Fiscal entre janeiro de 2020 e junho de 
2021. Após terem atingido valores máximos entre setembro e outubro de 2020, 
essas projeções diminuíram e se estabilizaram em patamares mais baixos no início 
TABELA 2
Estimativa das despesas primárias do governo central sujeitas ao teto de gastos e da “folga” ou “necessidade de ajuste” 
em relação ao teto 
(Em R$ milhões)
Fonte: Ministério da Ecocomia; Ipea.
Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea.
Notas: 
1 Inclusive a despesa com emendas parlamentares.
2 Exclusive as despesas com emendas parlamentares.
Obs.: Os dados para 2020 são observados. Para 2021, as principais informações são retiradas do Relatório Bimestral de Avaliação de Receitas e Despesas do Ministério 
da Economia de maio de 2021, e para 2022 e 2023 a fonte básica é o PLDO 2022. As estimativas oficiais para 2021-23 foram complementadas com projeções para 
alguns itens de despesa em nível desagregado e atualizadas com base nas projeções de inflação (IPCA e INPC) da DIMAC/IPEA. Essas projeções de inflação também 
subsidiaram a estimativa do teto de gastos em 2022 e 2023. As estimativas não consideram o impacto potencial da Lei 14176, de 22 de junho de 2021, nas despesas 
com BPC. 
 2020 2021 2022 2023 
1 - Teto de gastos 1.454.946 1.485.936 1.615.213 1.679.821 
2 - Despesas sujeiras ao teto 1.402.792 1.490.458 1.585.343 1.647.558 
2.1. Obrigatórias¹ 1.173.079 1.232.416 1.323.540 1.391.256 
 Benefícios previdenciários 663.505 706.839 767.578 815.497 
 Pessoal e encargos sociais 306.619 321.864 332.355 341.691 
 Abono e Seguro desemprego 59.571 50.182 65.550 70.171 
 BPC 62.668 67.655 70.797 74.441 
 Legislativo, Judiciário, MPU e DPU 10.614 13.910 17.910 19.328 
 Demais obrigatórias¹ 70.102 71.966 69.350 70.128 
 2.2. Obrigatórias com controle de fluxo 133.784 154.886 165.128 170.945 
2.3. Discricionárias do Poder Executivo² 95.929 103.156 96.675 85.357 
3 - Folga(+)/necessidade de ajuste(-) em relação ao Teto dos gastos (1 - 2) 52.155 -4.522 29.869 32.264 
 
20
Carta de Conjuntura
| 51 | N
ota 33 | 2˚ trim
estre de 2021
de 2021, até que em junho, diante dos 
dados recentes de atividade econômica 
e arrecadação tributária, apresentaram 
nova queda. A razão DBGG/PIB pro-
jetada para 2021, que era de 95,7% em 
outubro de 2020 e 90,8% em janeiro de 
2021, caiu para 84,5% em junho. Que-
das de magnitudes semelhantes ocorre-
ram nas projeções para 2022 e 2023.
A evolução favorável dos indicadores fis-
cais no curto prazo parece ter melhora-
do a percepção de risco em relação à si-
tuação fiscal do país, pois reduziu, ceteris 
paribus, a magnitude dos resultados primários futuros requeridos para estabilizar a 
razão dívida/PIB, bem como ampliou a janela de tempo para a adoção de medidas 
adicionais de consolidação fiscal. Contudo, essa melhora não deve ser interpretada 
como sinal de que a questão fiscal foi resolvida. Deve-se ter em mente, em particu-
lar, que o ambiente externo favorável – recuperação da economia mundial, preços 
de commodities em elevação e baixas taxas de juros – não perdurará indefinidamen-
te. Assim, o desafio de recolocar as contas públicas em uma trajetória sustentável 
ainda requer esforço adicional significativo, principalmente no que tange a medi-
das de controle do crescimento de despesas obrigatórias. 
3 Projeções de PIB e inflação para 2021 e 20224
3.1 PIB
A interrupção de alguns programas de sustentação da renda e do emprego ao final 
do ano passado foram fontes importantes de incerteza em relação ao ritmo de 
crescimento da demanda no primeiro trimestre de 2021. Esses fatores, somados 
ao recrudescimento da pandemia no período – que culminou com um novo endu-
recimento das medidas de distanciamento social –, gerou uma expectativa de que 
o ritmo de recuperação da atividade econômica poderia desacelerar no primeiro 
semestre. Porém, o avanço de 1,2% registrado pelo PIB no primeiro trimestre de 
2021, na comparação já livre de efeitos sazonais, surpreendeu positivamente, fi-
cando acima da previsão divulgada em março deste ano na Visão Geral5 da Carta 
de Conjuntura no 50 – que era de queda de 0,5%. Os indicadores mensais mais 
recentes de atividade econômica, como detalhado na Nota de Conjuntura no 31,6 
reforçam esse cenário positivo, em que a economia se mostrou mais resiliente aos 
efeitos do agravamento da pandemia e das políticas de afastamento social.
4. Esta seção contou com a colaboração de Sidney Caetano e Tarciso G. da Silva, pesquisadores visitantes da Dimac/Ipea; Marcelo L. de 
Moraes, Pedro M. Garcia e Carolina Ripoli, assistentes de pesquisa da Dimac/Ipea; Maria Andreia P. Lameiras e Ajax B. Moreira, técnicos 
de planejamento e pesquisa da Dimac/Ipea; e Fabio Servo, especialista em políticas públicas e gestão governamental na Diretoria de Estudos 
e Políticas Setoriais de Inovação e Infraestrutura (Diset) do Ipea.
5. Disponível em: <https://www.ipea.gov.br/cartadeconjuntura/index.php/2021/03/visao-geral-da-conjuntura-10/>.
6. Disponível em: <https://www.ipea.gov.br/cartadeconjuntura/index.php/2021/06/indicadores-mensais-de-industria-comercio-e-servicos/>.
GRÁFICO 11
Projeções de mercado para a razão DBGG/PIB 
(Em %)
Fonte: Prisma Fiscal/SPE.
Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea.
95,7
90,77
84,5
97,9
92,36
87,8
70
75
80
85
90
95
100
105
ja
n/
20
fe
v/
20
m
ar
/2
0
ab
r/
20
m
ai
/2
0
ju
n/
20
ju
l/2
0
ag
o/
20
se
t/
20
ou
t/
20
no
v/
20
de
z/
20
ja
n/
21
fe
v/
21
m
ar
/2
1ab
r/
21
m
ai
/2
1
ju
n/
21
Mês de realização das projeções
2021 2022 2023
https://www.ipea.gov.br/cartadeconjuntura/index.php/2021/03/visao-geral-da-conjuntura-10/
https://www.ipea.gov.br/cartadeconjuntura/index.php/2021/06/indicadores-mensais-de-industria-comercio-e-servicos/
21
Carta de Conjuntura
| 51 | N
ota 32 | 2˚ trim
estre de 2021
Embora alguns setores ainda se encontrem em níveis distintos de recuperação após 
uma queda generalizada em março, a rápida reação observada na maioria dos in-
dicadores de atividade de abril e maio mostra um cenário econômico bem distinto 
em relação ao observado no ano passado, diante da primeira leva de restrições às 
atividades econômicas e sociais, que se havia caracterizado por quedas recordes na 
maioria dos setores. O retorno de alguns programas de estímulos fiscais (o Auxílio 
Emergencial e o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda) 
deve estimular a demanda neste e no próximo trimestre, mas o fator que deve ter 
um impacto mais duradouro e com efeitos especialmente positivos sobre os seg-
mentos do setor de serviços mais afetados pela crise é a aceleração da campanha 
nacional de vacinação. Embora ainda não tenhamos atingido o grau de cobertura 
suficiente para permitir a flexibilização mais generalizada das políticas de distancia-
mento social, a aceleração recente da vacinação já pode estar contribuindo para re-
duzir a ocupação de leitos de UTI e de mortes pela doença. Além da normalização 
dos níveis de mobilidade no segundo semestre, que irão contribuir para aquecer a 
demanda doméstica, esperamos também que o desempenho da economia mundial 
continue sendo um importante driver de crescimento, particularmente para os se-
tores ligados ao agronegócio e para as indústrias extrativas.
Nesse contexto, a previsão da Dimac/Ipea para o crescimento acumulado do PIB, 
em 2021, foi revisada de 3,0% – previsão feita em março – para 4,8% (ver tabela 
3). Projetamos um crescimento interanual de 12,7% no segundo trimestre, que 
viria acompanhado por um resultado próximo à estabilidade na margem. É bom 
lembrar que, embora os indicadores de atividade tenham vindo melhores que os 
esperados em abril, ainda assim foram afetados pelo agravamento da pandemia de 
Covid-19. Mesmo com a recuperação esperada para maio para a produção indus-
trial, as nossas estimativas apontam para um carregamento estatístico negativo no 
segundo trimestre.7 Apesar dessa melhora significativa da projeção de crescimento, 
há riscos relacionados à escassez de energia – devido à crise hídrica – e à própria 
dinâmica da pandemia – pois ainda não se sabe ao certo a eficiência e a duração da 
imunidade proveniente da vacinação em massa para a Covid-19.
7. Com base nas estimativas de crescimento para os indicadores de maio feitas na Nota de Conjuntura no 31, estima-se carry-over negativo 
para a PIM-PF, do IBGE, de 2,4%.
TABELA 3
Projeções: taxas de crescimento do PIB e de seus componentes
(Em %)
Fonte: Ipea.
Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea.
 
 
 
 
Observado Previsto 
2019 2020 
2020-T4 2021-T1 2021-T2 
2021 2022 Trim. Ano 
anterior 
Trim. Ano 
anterior 
Trim. Ano 
anterior 
Trim. Anterior 
dessazonalizado 
PIB 1,4 -4,1 -1,1 1,0 12,6 0,1 4,8 2,0 
 
Agropecuária 0,6 2,0 -0,4 5,2 12,7 7,7 2,6 2,0 
Indústria 0,4 -3,5 1,2 3,0 17,4 -0,5 5,7 1,5 
Serviços 1,7 -4,5 -2,2 -0,8 9,9 0,1 4,5 2,2 
 
Consumo das famílias 2,2 -5,5 -3,0 -1,7 11,7 0,6 3,9 2,2 
Consumo do governo -0,4 -4,7 -4,1 -4,9 4,9 1,5 2,0 2,0 
FBCF 3,4 -0,8 13,5 17,0 26,8 -9,3 10,7 3,5 
Exportações de bens e 
serviços -2,4 -1,8 -4,3 0,8 9,7 8,8 6,7 3,9 
Importações de bens e 
serviços 1,1 -10,0 -3,1 7,7 20,2 -2,6 9,2 5,3 
22
Carta de Conjuntura
| 51 | N
ota 33 | 2˚ trim
estre de 2021
Pela ótica da produção, esperamos que o avanço na campanha de imunização re-
duza os riscos de um novo agravamento da crise sanitária. Com isso, o setor de 
serviços, que ainda apresenta segmentos em patamares bastante inferiores àqueles 
observados no período pré-pandemia, terá condições de apresentar uma trajetória 
de recuperação mais robusta no segundo semestre, com impactos positivos, princi-
palmente, no mercado de trabalho. Após um provável segundo trimestre com baixo 
crescimento, esperamos uma trajetória de aceleração nos dois trimestres seguintes, 
encerrando o ano com crescimento de 4,5%.
A conjuntura internacional tem sido um fator relevante na recuperação da econo-
mia brasileira. O crescimento do PIB mundial e a aceleração dos preços de com-
modities têm provocado um aumento na demanda externa e melhora nos termos 
de troca. Na esteira desses movimentos, os setores do agronegócio e das indústrias 
extrativas, particularmente, têm sido os mais beneficiados. 
A previsão para o valor adicionado do setor agropecuário em 2021, com base nas 
estimativas do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), do IBGE, 
e em projeções próprias para a pecuária a partir dos dados da Pesquisa Trimestral do 
Abate de Animais, da Produção de Ovos de Galinha e Leite, foi revisada de 2,2% 
para 2,6%.8 A produção vegetal, por sua vez, tem alta de 2,7%, em relação ao ano 
anterior. O principal destaque é o crescimento estimado para a produção de soja 
– produto com maior peso no valor bruto da produção da produção vegetal – de 
9,4%, resultando em nova safra recorde para o grão. No caso da produção animal, 
projetamos alta para todos os segmentos, com destaque para as produções de suí-
nos e frangos, que devem crescer 6,8% e 6,5%, respectivamente.
Em relação ao PIB industrial, o segmento das indústrias extrativas é o que tem 
melhores perspectivas devido às altas de demanda e preços internacionais. A indús-
tria de transformação, por seu turno, segue enfrentando escassez e encarecimento 
de insumos de produção. Parte desse problema também se reflete em níveis insu-
ficientes de estoques, cujo processo de ajustamento vai continuar contribuindo 
positivamente para o crescimento da produção industrial ao longo de 2021. Como 
mencionado anteriormente, a produção industrial continua com carry-over negati-
vo para o segundo trimestre, mesmo com a recuperação esperada para maio. Desse 
modo, uma queda na margem de 0,5% no segundo trimestre é aguardada, seguida 
por recuperação no restante do ano, acumulando alta de 5,7% em 2021.
Pelo lado da despesa, a recuperação do consumo de bens e serviços segue contida, 
devido à lenta recuperação do mercado de trabalho e à aceleração inflacionária. 
Contudo, a retomada do Auxílio Emergencial e do BEm 2021, já em meados de 
abril, deve contribuir para incrementar a demanda interna. Sendo assim, o consu-
mo das famílias deve apresentar ritmo moderado de expansão no segundo trimestre 
de 2021, acelerando ao longo dos períodos seguintes, com o avanço da vacinação e 
a normalização dos níveis de mobilidade. Com isso, esperamos que encerre o ano 
com crescimento de 3,9%.
8. Análise completa da previsão de crescimento do setor agropecuário está disponível em: <https://www.ipea.gov.br/cartadeconjuntura/index.
php/2021/06/projecao-do-valor-adicionado-do-setor-agropecuario-para-2021-2/>.
https://www.ipea.gov.br/cartadeconjuntura/index.php/2021/06/projecao-do-valor-adicionado-do-setor-agropecuario-para-2021-2/
https://www.ipea.gov.br/cartadeconjuntura/index.php/2021/06/projecao-do-valor-adicionado-do-setor-agropecuario-para-2021-2/
23
Carta de Conjuntura
| 51 | N
ota 32 | 2˚ trim
estre de 2021
Em relação aos investimentos, os indi-
cadores setoriais de destino da produ-
ção nacional de bens de capital indicam 
que a Formação Bruta de Capital Fixo 
(FBCF) tem sido estimulada pelo cres-
cimento da demanda de setores como 
agricultura, indústrias extrativas e da 
construção civil. Apesar da estimativa de 
alta interanual de 26,8% no segundo tri-
mestre, deve-se ter em mente o efeito do 
ajuste contábil das importações fictas de 
plataformas de petróleo do Repetro nos 
primeiros três meses do ano, que elevou 
a base de comparação, o que explicaa 
queda prevista na comparação na margem, como mostra o gráfico 12. Mais especi-
ficamente, a ausência desse fluxo contábil de importações irá causar uma queda da 
FBCF que não representará uma redução de fato do fluxo de investimentos. Para o 
ano, espera-se crescimento de 10,7% da FCBF. 
Por fim, estimamos contribuição negativa das exportações líquidas no ano. Ape-
sar da alta esperada de 6,7% das exportações, impulsionadas pelo crescimento da 
economia mundial e pelo câmbio desvalorizado, estimamos que o crescimento da 
demanda interna irá causar uma elevação ainda maior das importações, de 9,2% 
Para 2022, a Dimac/Ipea projeta um aumento de 2% para o PIB, inferior aos 2,8% 
previstos na divulgação anterior. O motivo para essa revisão é o aumento da base 
de comparação, o PIB em 2021. A recuperação do PIB já no primeiro trimestre 
aumenta o crescimento de 2021 e reduz o carrego estatístico para o próximo ano. 
Diferentemente do que acontece neste ano, o esforço de crescimento em 2022 é 
maior, refletindo um efeito carry-over inferior a 1%. Vale destacar que, apesar da 
redução do crescimento esperado para 2022, a previsão para o crescimento acumu-
lado no biênio passou de 5,9% para 6,9%. 
As hipóteses cruciais deste cenário envolvem o controle da pandemia no Brasil 
por meio de vacinação e a manutenção de um cenário relativamente estável para a 
política fiscal no curto prazo – especialmente em relação ao teto dos gastos. Com 
os níveis de mobilidade em patamares próximos àqueles pré-pandemia, o setor de 
serviços deverá ser o principal motor do crescimento pela ótica da produção, ge-
rando impactos positivos no mercado de trabalho. Como fator de risco positivo, o 
investimento pode refletir, nos próximos anos, os avanços nos marcos regulatórios 
de setores de infraestrutura, como saneamento e gás, assim como as concessões e 
privatizações já realizadas ou encaminhadas. Os efeitos defasados do ciclo de nor-
malização das taxas de juros, no entanto, deverão ser sentidos mais intensamente 
em 2022. Entre os fatores de risco negativos, destaca-se o possível aumento das 
taxas de juros nos Estados Unidos, no âmbito externo, que poderia pressionar câm-
bio e juros no Brasil. Por fim, os estímulos provenientes da demanda mundial ain-
GRÁFICO 12
Importações de bens de capital: total sem Repetro versus 
importações do Repetro
(Em US$ milhões)
Fonte: Secretaria de Comércio Exterior (Secex) e Dimac/Ipea.
Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea.
0
1.000
2.000
3.000
4.000
5.000
6.000
7.000
ja
n/
20
fe
v/
20
m
ar
/2
0
ab
r/
20
m
ai
/2
0
ju
n/
20
ju
l/2
0
ag
o/
20
se
t/
20
ou
t/
20
no
v/
20
de
z/
20
ja
n/
21
fe
v/
21
m
ar
/2
1
ab
r/
21
m
ai
/2
1
Importações de bens de capital (sem Repetro)
24
Carta de Conjuntura
| 51 | N
ota 33 | 2˚ trim
estre de 2021
da estarão presentes, embora num ritmo menor, provocando alguma desaceleração 
no crescimento das exportações.
3.2 Inflação
De abril a maio deste ano, a taxa de inflação acumulada em doze meses saltou de 
6,8% para 8,1%, impactada por uma aceleração, acima das expectativas, dos preços 
monitorados e de bens industriais. No caso dos preços monitorados, a alta de 2,1% 
em maio refletiu não apenas o acionamento da bandeira vermelha e seus impactos 
sobre a energia elétrica, como também os novos aumentos dos medicamentos, do 
gás e da gasolina. Em relação aos bens industriais, embora uma recomposição de 
preços já fosse esperada – dados os impactos defasados do câmbio, o aumento nos 
preços internacionais das matérias-primas e a escassez de alguns insumos –, a inten-
sidade da alta registrada em maio (1,3%) surpreendeu. 
O surgimento de novos elementos no cenário econômico gerou uma mudança no 
balanço de riscos para a inflação brasileira de tal forma que a projeção para o IPCA 
em 2021 foi revisada de 5,3% – previsão divulgada no final de maio na Nota de 
Conjuntura no 179 – para 5,9%. Ainda que ocorra uma melhora no cenário de câm-
bio, a aceleração dos preços das commodities no mercado internacional vem man-
tendo os índices de preços ao produtor pressionados. Altas adicionais nos preços 
dos bens de consumo industriais no varejo devem levar a um aumento na projeção 
de inflação desse subgrupo, de 4,3% para 4,8% em 2021. De modo análogo, a 
estimativa para a alta dos preços monitorados também foi revista para cima, pas-
sando de 8,4% para 9,7%, pressionada, sobretudo, pela piora no comportamento 
da energia elétrica. Por certo, além da aplicação da bandeira vermelha nível 2 em 
junho e da hipótese de que esta se manterá em vigor durante todo o ano – dada a 
baixa histórica no nível dos reservatórios –, a correção dessa sobretaxa, que pode-
rá passar de R$ 6,24 a cada 100 KW/h para R$ 9,49 a cada 100 KW/h, explica 
essa aceleração esperada da energia em 2021. Ainda que em menor intensidade, a 
expectativa da inflação dos serviços livres, exceto educação, também foi majorada 
– de 4,0% para 4,2% –, motivada por uma melhora do nível de atividade e pelo 
avanço da vacinação, que devem gerar um incremento de demanda para este setor. 
Já para os alimentos e para a educação, o grupo de conjuntura manteve as projeções 
divulgadas anteriormente. 
Assim como o IPCA, a inflação do INPC projetada para o ano também foi revi-
sada para cima, passando de 4,6% para 5,1%. No caso dos preços monitorados, 
o aumento previsto acelerou de 8,0% para 9,2%, enquanto para os bens livres e 
serviços, as altas estimadas passaram de 2,7% e 3,2%, para 3,2% e 3,5%, respec-
tivamente. 
Para 2022, as estimativas da Dimac/Ipea indicam uma desaceleração da inflação, 
tanto para o IPCA quanto para o INPC, em relação à alta projetada em 2021. De 
acordo com os modelos de previsão utilizados, a inflação medida pelo IPCA deve 
encerrar o ano de 2022 em 3,9%, levemente acima dos 3,7% estimados para o 
INPC.
9. Disponível em: <https://www.ipea.gov.br/cartadeconjuntura/index.php/2021/05/analise-e-projecoes-de-inflacao-2/>.
https://www.ipea.gov.br/cartadeconjuntura/index.php/2021/05/analise-e-projecoes-de-inflacao-2/
25
Carta de Conjuntura
| 51 | N
ota 32 | 2˚ trim
estre de 2021
TABELA 4
Cenários para juros e câmbio – final de ano
(Em %)
Fonte: Ipea.
Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea.
 
 
 
Observado Previsto 
2019 2020 2021 2022 
Taxa de juros SELIC (% a.a.) 4,50 2,00 6,50 7,00 
 
Taxa de câmbio R$/US$ 4,03 5,20 4,90 5,20 
 
TABELA 5
IPCA: previsão para inflação em 2021
(Em %)
Fonte: Ipea.
Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea.
Obs.: Previsão anterior refere-se à Nota de Conjuntura no 17, disponível em <https://www.ipea.gov.br/cartadeconjuntura/index.php/2021/05/analise-e-projecoes-
-de-inflacao-2/>.
 
 Previsão Anterior Previsão Revisada 
Peso Previsão da taxa de variação 
Contribuição 
para o IPCA 
Previsão da taxa 
de variação 
Contribuição 
para o IPCA 
Alimentos no domicílio 15,2 5,0 0,8 5,0 0,8 
Bens livres (exceto alimentos) 22,8 4,3 1,0 4,8 1,1 
Serviços (exceto educação) 30,7 4,0 1,2 4,2 1,3 
Educação 5,4 3,8 0,2 3,8 0,2 
Monitorados 25,9 8,4 2,2 9,7 2,5 
IPCA 100,0 5,3 5,9 
 
TABELA 6
INPC: previsão para inflação em 2021
(Em %)
Fonte: Ipea.
Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea.
Obs.: Previsão anterior refere-se à Nota de Conjuntura no 17, disponível em <https://www.ipea.gov.br/cartadeconjuntura/index.php/2021/05/analise-e-projecoes-
-de-inflacao-2/>.
 
 
 Previsão Anterior Previsão Revisada 
Peso Previsão da taxa de variação 
Contribuição 
para o INPC 
Previsão da taxa 
de variação 
Contribuição 
para o INPC 
Alimentos no domicílio 18,6 5,2 1,0 5,2 1,0 
Bens livres (exceto alimentos) 25,9 2,7 0,7 3,1 0,8 
Serviços (exceto educação) 25,2 3,2 0,8 3,5 0,9 
Educação 4,3 1,0 0,0 1,0 0,0 
Monitorados 26 8,0 2,1 9,2 2,4 
INPC 100,0 4,6 5,1 
 
https://www.ipea.gov.br/cartadeconjuntura/index.php/2021/05/analise-e-projecoes-de-inflacao-2/
https://www.ipea.gov.br/cartadeconjuntura/index.php/2021/05/analise-e-projecoes-de-inflacao-2/
https://www.ipea.gov.br/cartadeconjuntura/index.php/2021/05/analise-e-projecoes-de-inflacao-2/

Continue navegando

Outros materiais