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Ultrassonografia Veterinária – Princípios físicos e semiologia do exame ecográfico • Nomenclatura: - Ultrassonografia > ultrassom diagnóstico > ecografia (termo mais correto, porque o que é utilizado para formar a imagem é o eco); • Princípios físicos: o som; - Onda mecânica – produzida por fontes vibrantes (movimento); - Necessita de matéria pra se propagar; - Velocidade é constante para os materiais; - Representação senoidal; - Diagnóstico por imagem – 3,5 e 20MHz (frequência); • Produção do ultrassom: - Transformação de onda sonora em eco e formação de imagem; - Efeito Piezoelétrico (formação da imagem); - Formação da imagem: interação do som com a matéria. o Impedância (z): z = v.d (v = tecidos moles - +/- 1540m/s); o Atenuação; o Frequência: maior = melhor imagem = menor profundidade da capacidade de penetração do tecido / menor = pior imagem = maior profundidade da capacidade de penetração de tecido. o Time Gain Compensation – TGC (capacidade de refletir ecos naquela região); o Ganho geral (capacidade de refletir eco em toda a imagem); o Foco (imagem melhor em determinada região); o Imagens harmônicas (melhor qualidade na devolução de ecos); • Técnica de varredura: - Sequência padrão (inicie e finalize no mesmo ponto); - Em leque (cortes); - Cortes: sagital, transversal e dorsal; - Imagem fidedigna; - Convenção de posicionamentos; - Transdutores: linear (+ transretal), setorial, microconvexo. • Modos de processamento dos ecos: - Modo A: amplitude do eco em eixo linear – intensidade (muito limitado, usado ainda na oftalmologia); - Modo B (modo de brilho): escala de cinza, quadros por segundo > resolução temporal (tempo real); - Modo M (movimento): deslocamento do ponto luminoso do Modo B em função do tempo (muito utilizado na ecocardiografia); - Modo Doppler: efeito que quantifica a variação da frequência dependendo do referencial, diferença entre frequência emitida e recebida; o Ângulo de insonação: ângulo de formação das ondas de acordo com o modo; o Imagem colorida; o Modo espectral ou pulsado; o Modo contínuo; o Modo power doppler; o Modo duplex e triplex: resolução temporal; o Modo doppler tecidual; - Elastrografia (mais usado em humanos); - Exame contrastado: microbolhas (observar a vascularização de tecidos). * líquido (não gera eco – imagem bem escura); • Artefatos da técnica: - Reforço acústico posterior: líquido (não gera eco – imagem bem escura) gera um rastro mais brilhoso logo após a região que não produziu imagem; - Reverberação: encontro do som com o ar (gera rastros chamados de calda de cometa); - Imagem em espelho: superfície convexa gera duas imagens parecidas dos dois lados; - Sombreamento de borda: efeito físico onde o som tangencia a borda e é puxado para o centro do órgão; - Artefato de lobo lateral; - Erro de propagação; - Aliasing: frequências maiores a frquência emitida, limite de Nyquist – ½ FRP. • Descrição Anatômica US: o que podemos ver e descrever observando uma US. - Em questão de número: o Não identificação de um órgão; o Agenesia; o Redução (atrofia/hipoplasia); o Ausência cirúrgica; o Deslocamentos/hérnias; o Acentuada alteração da arquitetura. - Região topográfica: o Checar a localização habitual dos órgãos; o Descrever a localização; o Ectopias/deslocamentos; o Estruturas/formações de origens não conhecidas; o Localização dentro de um órgão; - Contornos: o Órgãos, estruturas, áreas internas; o Regulares; o Irregulares; o Boa/pobre delimitação; o Afilados/arredondados; o Saliências/proeminências; o Presença de efusão facilita avaliação. - Formato: o Nódulos; o Formações; o Superfície de cálculos; o Arredondado; o Ovalado; o Alongado; o Tubular; o Filamentar; o Pontiagudo/plano; o Côncavo/convexo; o Espiculado; o Multilaminar/em alvo; o Radiado/estrelado; o Amorfo. - Dimensões: o Baço e fígado (subjetividade, não dá pra dimensionar direito); o Espessura de parede (estômago, alça intestinal, bexiga); o Rins e testículo (eixo longitudinal/assimetria 2 eixos); o Próstata: precisão em 3 eixos; o Ovários (maior eixo); o Adrenais (comprimento x espessura); o Linfonodos (2 eixos – correlação de normalidade); o Formações (2 eixos – definir o plano). - Ecogenicidade: quantificação da produção de ecos. o Anecogênico/anecoico (ausência de eco – líquidos); o Hiperecogêncio/hiperecoico (muito eco – gases); o Hipoecogênico/hipoecoico (pouco eco – comparação); o Isoecogênico/isoecoico (???) - Ecotextura: o Homogênea; o Heterogênea: local ou difusa. - Arquitetura: o Arquitetura dos órgãos parenquimatosos (rins, testículos); o Estratificação parietal (estômago, alças intestinais); o Arquitetura vascular (fígado). • Padrões ecográficos básicos: - Cístico; - Cavitário; - Sólido; - Mineralizado; - Líquido; - Gasoso. • Uso do US: - Indolor; - Não invasivo; - Não requer anestesia; - Não ionizante; - Arquitetura interna; - Objetos radioluscentes; - Pâncreas, adrenais, linfonodos, ovários, olhos; - Diagnóstico precoce de gestação; - Dinâmico em tempo real (viabilidade fetal, movimentos peristálticos); - Biópsias; - Gel condutor. • Limitações da US: - Preparo adequado do animal; - Animais obesos; - Repleção vesical inadequada; - TGI com grande quantidade de gás; - Baixa especificidade para lesões focais; - Não distingue lesão benigna de maligna; - Nem sempre permite diagnóstico definitivo; - Achados normais não excluem doença; - Não avalia a função dos órgãos; - Não define causas fisiológicas; - Custo elevado. • Preparo - Tricotomia ampla: é o mais indicado por causa do ar que fica entre o pelo e a pele, que atrapalha a formação do eco; - Evitar leite e micção; - Abdomen e pelve: decúbito dorsal ou estação (utilização de calha); - Tórax: mesa especial com buraco na mesa, animal em decúbito lateral; - Membros, crânio e pescoço: decúbito lateral; - Ocular: em estação. • TGI: - Laringe e esôfago: melhor visualizados pelo raio-x; - Como avaliar? o Rx; o US; o Técnicas contrastadas (mais indicado para avaliação do esôfago); o RM (neoplasias – não tem em belém); o Contraste natural menor; o kV alto e mAs baixo. - Esôfago: o Técnica – RX com contraste (não pode ser visualizado com rx simples, a menos que esteja obstruído); o Região cervical e torácica; o Uso de contraste – sulfato de bário (exceto rupturas – contraste iodado, que pode ser absorvido pelo organismo); o Projeção lateral. - Esofagograma: o Bário 3-5mL/kg VO; o Iopamidol 7mL/kg VO; o Criptas longitudinais (pregas do esôfago) – linhas paralelas; o Gatos – espinha de peixe (caudal – linhas transversais); o Dilatação: ➢ Megaesôfago: corpo estranho, causas neuropáticas ou miopáticas, agentes anestésicos, dilatação com ar (linha traqueal), alargamento do mediastino (pode causar problemas pulmonares), pneumonia, etc. o Disautonomia felina (Key-Gaskell): ➢ Causa desconhecida; ➢ Alta morbidade; ➢ Megaesôfago; ➢ Impactação; ➢ Pode causar anisocoria (pupilas de tamanhos diferentes); o Estenose: danos na mucosa – cicatrização. Retenção cranial do contraste (o mesmo que acontece com o alimento, causando êmese); o Neoplasias: ➢ Casos mais raros; ➢ Spirocerca lupi (causa nódulos na parede do esôfago); ➢ Osteossarcoma; ➢ Fibrossarcoma; ➢ Carcinoma de células escamosas o Anomalias do anel vascular: ➢ Arco aórtico persistente ou duplo (não-fisiológico) – causa estenose do esôfago; ➢ Artérias subcraniais aberrantes; ➢ Melhor identificado por US e tomo; ➢ Rx identifica somente dilatação cranial. o Corpo estranho: ➢ Radiolucente ou radiopacos; ➢ Esôfago torácico (geralmente); ➢ Ar no interior do esôfago; ➢ Tecido mole – perfuração do mediastino (utilizar iodo e não o bário); ➢ Formação de divertículo(bolsas formadas em função da perfuração da parede do esôfago); ➢ Rx contrastado. o Intussuscepção gastroesofágica (raro e grave): ➢ Rx – tórax caudal radiopaco; ➢ Ausência de bolha de gás do estômago; ➢ Contraste: pregas gástricas, baço e pâncreas (observa-se parte do estômago dentro do esôfago, na cavidade torácica); o Fístula esofágica: ➢ Detectada por meio de contraste (iodado); ➢ Esofagobrônquica; ➢ Esofagobrônquica; ➢ Esofagotraqueal; ➢ Melhor visualizadas com endoscopia. o Outras: irregularidades das pregas (esofagite), compressão (massas adjacentes). - Estômago: o Cavidade abdominal; o Rx – J do abdômen: ➢ Cárdia (esfíncter), fundo do estômago e corpo do estômago à esquerda; ➢ Piloro à direita; ➢ Em gatos está tudo à esquerda; ➢ Vazio – inteiro na caixa torácica; ➢ Simples ou contrastado, nas duas formas é possível visualizar; ➢ Imagem LL e VD; ➢ Piloro e fundo perpendiculares (sombra circular densa); ➢ Estômago perpendicular à coluna e paralelo às costelas. o Preparo: ➢ Jejum; ➢ Cartárticos (???); ➢ Enema; ➢ Não utilizar sedação. o Exame contrastado (não é mais preconizado) – exame de trânsito intestinal: ➢ Utiliza a gravidade; ➢ Oposição entre gás e líquido; ➢ Mucosa impregnada; ➢ Pregas fúndicas regulares; ➢ Esvaziamento ocorre em minutos; ➢ Retenções acima de 12h do contraste são anormais; ➢ Nível de estresse muito alto pode ter o trânsito alterado. o US: ➢ Alta frequência; ➢ Preparo adequado – jejum importante; ➢ Camadas – serosa, muscular, submucosa, mucosa e lúmen; ➢ 3-5mm em cães, 2mm em gatos, peristaltismos (5 contrações por minuto); ➢ Imagem de órgão normal parece uma roda de carroça. o Corpo estranho: ➢ Depende da radiopacidade; ➢ Esvaziamento seguido de aderência do contraste ao CE; ➢ US – gás e sombra; ➢ Endoscopia – diagnóstico definitivo e terapêutico. o Gastrite: ➢ Rx – avaliação limitada; ➢ Gastrografia – mucosa espessada, esvaziamento rápido, floculações de contraste; ➢ US (mais preconizado): - Ulceração – espessamento localizado; - Gastrite crônica – espessamento generalizado; - Pancreatite (aspecto engelhado) – espessamento localizado e atonia. o Dilatação e vólvulo (melhor por rx pela existência de gás): ➢ Problemas hemodinâmicos ocasionados pela compressão de órgãos; ➢ Atonia ou obstrução; ➢ Torção? - Estiramento do ligamento gastrohepático; - Piloro rotacionado de forma dorso-cranio-lateral esquerdo; - Gastropexia por vídeo (cirurgia). ➢ RX: - Repleção gasosa; - Com ou sem deslocamento do piloro; - Visualização do baço e megaesôfago; - Deslocamento caudal de vísceras; - Compartimentalização (gás no fígado). o Neoplasias: ➢ Adenocarcinoma: raro, mas o mais comum em cães; ➢ Linfossarcoma em gatos; ➢ Gastrografia – ocorre falha de preenchimento; ➢ US – parede espessada > 7mm – pseudoestratificação; ➢ Endoscopia – pode coletar fragmento para biópsia. o Obstrução pilórica: ➢ Pode ocorrer por CE e inflamação; ➢ Hipertrofia, fibrose e neoplasia; ➢ Diminui tempo de esvaziamento (sinal de cordão) – mais de meia hora pra esvaziar; ➢ US – espessamento do piloro, peristalse sem esvaziamento normal; ➢ Endoscopia. - Intestino delgado: o Duodeno; o Jejuno e íleo; o Flexura duodenal cranial – ampola ou bulbo duodenal – 9-10ª costelas – descendente; o Flexura duodenal caudal – 6ª vértebra lombar – ascendente; o Jejuno e íleo – estruturas em espirais. o Rx: ➢ Mesmas especificações do estômago; ➢ Não pode ser visto no exame simples; ➢ Diâmetro não maior que 2x o diâmetro das costelas em cães (contraste); ➢ Pseudoúlceras – normal em cães; ➢ Colar de pérolas – normal em gatos; ➢ Trânsito normal do contraste deve durar no máximo 2-4h. o Us: ➢ Movimentos peristálticos; o Alterações: ➢ Obstruções: - Mecânica/obstrutiva: ▪ Intussuscepção; ▪ Vólvulo; ▪ Hérnia; ▪ Rx – alça sentinela, alças que se destacam; - Paralítica (causas neurológicas): ▪ Muito líquido na cavidade da alça. ➢ Alças empilhadas em ambos os tipos; ➢ Trânsito diminuído. o CE: ➢ RX; ➢ Composição do ce; ➢ Quando são lineares as alças se apresentam em plissamento. ➢ US; ➢ Acúmulo de conteúdo; ➢ Sombra acústica; ➢ Quando são lineares apresentam o padrão sanfona. o Intussuscepção: ➢ Animais jovens – íleocólica; ➢ Delimitação por gás; ➢ Pneumocólon para o diagnóstico; ➢ Sinais de processo obstrutivo “mola helicoidal” – várias camadas; ➢ Ao US – sinal em alvo de arco e flecha; ➢ Acúmulo de líquido; ➢ Edema de parede. o Enterite: ➢ Doença intestinal inflamatória; ➢ RX – inespecífico, não é possível visualizar nada; ➢ US – parede espessada e linfadenopatia regional (quais linfonodos?); ➢ Aspecto plissado; ➢ Endoscopia. o Neoplasias: ➢ Causam obstruções; ➢ Massas com densidade água; ➢ Padrão de camadas; ➢ Mesentério reativo – US; ➢ Pseudoestratificação; ➢ Endoscopia. - Intestino grosso: o Céco, cólon, reto e ânus; o Céco – divertículo do cólon; o Cólon e reto: região estratificada com bastante sombreamento. ➢ Ascendente; ➢ Descendentes; ➢ Flexuras. o RX: ➢ Exibe gás; ➢ Exame baritado – maior detalhes com o devido preparo (10- 20ml/kg); ➢ VD e LL; ➢ Contraste negativo; ➢ Endoscopia (padrão ouro). o Retenção fecal: fecaloma; o Megacólon: ➢ Congênito – Hirschsprung; ➢ Adquirido – trauma pélvico ou obstrução prolongada; o Obstipação: prostatomegalia; o Colite: ➢ Aguda ou crônica; ➢ Ulcerativa ou granulomatosa; ➢ Contraste – pregas espessadas, lúmen estreito, ulcerações; ➢ US e endo – doença intestinal inflamatória; o CE e deslocamento: o Divertículo retal e neoplasia. - Fígado: o Intratorácico; o 6 lobos; o Vesícula biliar – cranioventral direito; o RX: densidade água, entre o diafragma e o estômago em LL e funde-se ao baço. Dentro do gradil torácico; o US: ➢ Linha média da cartilagem xifóide; ➢ Granular e homogêneo; ➢ Vasos portais – paredes hiperecóicas; ➢ Veias visíveis; ➢ Hipoecogênico – baço; ➢ Isoecogênico – rim; ➢ Hiperecogênico – vesícula biliar; ➢ Vesícula biliar – pêra; ➢ Veia cava, porta e artéria aorta. o Hepatomegalia: ➢ Bordos arredondados; ➢ Ultrapassa o gradil costal; ➢ Provoca o deslocamento gástrico em VD; ➢ Calcificação; ➢ Padrão US hiperecóico/hipoecóico; ➢ Diagnóstico diferencial requer biópsia. o Gás intra-hepático – vólvulo – embolia vascular; o Microhepatia: ➢ Anomalias vasculares; ➢ Estômago mais próxima ao diafragma; ➢ US padrão cirrótico – hiperecogênico/dimensões diminuídas. o Shunt – anomalias da veia porta: ➢ Extra ou intra / pequenas e gatos /grandes; ➢ Genéticos ou adquiridos; ➢ Porto-caval; ➢ Porto-ázigos; ➢ Portografia mesentérica 1ml/kg; ➢ Esplenoportografia operatória; ➢ US – doppler. - Vesícula biliar: o Colangiohepatite; o Ductos biliares visíveis ao US – gatos; o Colélitos; o Mucocele; o Peritonite – grave; o Enfisema – gás cranial ao piloro. - Pâncreas: o Localizado na curvatura maior do estômago; o US; o Alta frequência; o Ao lado do duodeno descendente; o Veia pancreaticoduodenal; o Ecotextura fina; o Isso ou hipoecogênico ao mesentério; o Triangular ao corte transversal; o Ducto pancreático – anecoico e parede hiperecogênica; o Pancreatite: ➢ Rx – opacidade de tecido mole; ➢ Contrastado – peristaltismo reduzido, espessamento de parede, peritonite; ➢ Us – mesentério reativo, líquido livre. o Neoplasias: ➢ Impreciso, necessita de biópsia. - Baço e linfonodos: o Mecanismos de defesa e remoção de antígenos; o Timo – estrutura que regride e sem localização abdominal; o Baço: ➢ Circulação portal e sistêmica; ➢ Polpa branca: tecido conectivo / folículos linfáticos -> c. linfóides > Ac (sistema linfóide); ➢ Polpa vermelha: reservatório de sangue / sinusóides – filtro > limpeza/fagocitose (sistemareticuloendotelial); ➢ Hematopoiese extramedular (He, Le, plaquetas); ➢ Não essencial à vida, porém sobrecarrega outros órgãos. ➢
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