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EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS ESTÁTICOS SENAI PETROBRAS CTGÁS-ER Natal / RN 2011 EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS ESTÁTICOS © 2009 CTGÁS-ER Qualquer parte desta obra poderá ser reproduzida, desde que citada a fonte. Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis– CTGÁS-ER Diretor Executivo Rodrigo Diniz de Mello Diretor de Tecnologias Pedro Neto Nogueira Diógenes Diretor de Negócios José Geraldo Saraiva Pinto Unidade de Negócios de Educação – UNED Coordenadora Maria do Socorro Almeida Elaboração Sandro Ricardo Alves Farias Diagramação Lidigleydson de Melo Torres FICHA CATALOGRÁFICA CENTRO DE TECNOLOGIAS DO GÁS E ENERGIAS RENOVÁVEIS – CTGÁS -ER AV: Cap. Mor Gouveia, 1480 – Lagoa Nova CEP: 59063-400 – Natal – RN Telefone: (84) 3204.8100 Fax: (84) 3204.8118 E-mail: ctgas@ctgas.com..br Site: www.ctgas.com.br mailto:ctgas@ctgas.com..br http://www.ctgas.com.br/ SUMÁRIO CAPÍTULO 1 – TANQUE DE ARMAZENAMENTO .................................................... 5 1.1 - INTRODUÇÃO .................................................................................................... 5 1.2 - CLASSFICAÇÃO DOS TANQUES DE ARMAZENAMENTO .............................. 8 1.3 - SELEÇÃO DO TIPO DE TANQUE DE ARMAZENAMENTO EM FUNÇAO DO PRODUTO ARMAZENADO ...................................................................................... 15 1.4 - LOCALIZAÇÃO DE UM PARQUE DE ARMAZENAMENTO ............................. 16 1.5 - CAPACIDADE DE ARMAZENAMENTO ........................................................... 17 1.6 - DIQUES E BACIA DE CONTENÇÃO ............................................................... 18 CAPÍTULO 2 – TROCADOR DE CALOR ................................................................. 19 2.1 - INTRODUÇÃO .................................................................................................. 19 2.2 - CLASSIFICAÇÃO DE TROCADORES DE CALOR .......................................... 20 2.2.1- CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO COM PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA .................................................................................................................................. 20 2.2.2 - CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO COM O TIPO DE CONSTRUÇÃO ............. 24 2.2.3 - CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO A DISPOSIÇÃO DAS CORRENTES ............ 31 2.2.4 - CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO COM A UTILIZAÇÃO ................................. 33 CAPÍTULO 3 - VASOS DE PRESSÃO ..................................................................... 35 3.1 - INTRODUÇÃO .................................................................................................. 35 3.2 – CLASSIFICAÇÃO E FINALIDADES DOS VASOS DE PRESSÃO ................... 37 3.3 - DESCRIÇÃO ..................................................................................................... 40 3.4 – DIMENSÕES CARACTERÍSTICAS ................................................................. 41 3.5 – ABERTURAS E REFORÇOS ........................................................................... 42 3.6 – PEÇAS INTERNAS DOS VASOS DE PRESSÃO ............................................ 48 3.7 – PEÇAS INTERNAS EM TROCADORES DE CALOR ...................................... 53 3.8 – PEÇAS EXTERNAS DOS VASOS DE PRESSÃO ........................................... 54 3.9 – SUPORTES ...................................................................................................... 57 3.10 CÓDIGO DE PROJETO .................................................................................... 60 3.11 – MATERIAIS .................................................................................................... 62 3.12 – DEFINIÇÕES ................................................................................................. 65 3.13- VÁLVULAS DE SEGURANÇA E ALÍVIO ......................................................... 67 3.14– TESTE DE PRESSÃO .................................................................................... 71 CAPÍTULO 4 - TUBULAÇÕES ................................................................................. 76 4.1 - INTRODUÇÃO .................................................................................................. 76 4.2 – CLASSIFICAÇÃO DOS TUBOS ....................................................................... 76 4.3 - PROCESSOS DE FABRICAÇÃO ..................................................................... 77 4.4- MATERIAIS PARA TUBOS ................................................................................ 79 4.5 – MEIOS DE LIGAÇÃO ....................................................................................... 88 4.6 - CONEXÕES ...................................................................................................... 92 4.7 - VÁLVULAS........................................................................................................ 95 4.8 - SISTEMA CONSTRUTIVO DAS VÁLVULAS.................................................... 97 CAPÍTULO 5 - TORRES DE RESFRIAMENTO ..................................................... 105 5.1- INTRODUÇÃO ................................................................................................. 105 5.2 - GENERALIDADES .......................................................................................... 110 5.3 -TIPOS E CONCEPÇÕES DE PROJETOS ...................................................... 112 5.4 -CLASSIFICAÇÃO ............................................................................................ 114 5.5 – TORRES DE RESFRIAMENTO OU DE ARREFECIMENTO ......................... 116 5.6 – ASPECTOS OPERACIONAIS ........................................................................ 133 5.7 - PROBLEMAS EM SISTEMAS RECIRCULAÇÃO DE ÁGUA .......................... 135 CAPÍTULO 6 - PURGADORES DE VAPOR, FILTROS E DISPOSITIVOS SEPARADORES ..................................................................................................... 139 6.1 - O QUE É VAPOR ? ......................................................................................... 139 6.2 - POR QUE SE UTILIZA O VAPOR? ................................................................ 139 6.3 - TIPOS DE VAPOR .......................................................................................... 140 6.4 - ELIMINAÇÃO DO CONDENSADO ................................................................. 141 6.5 - CASOS TÍPICOS DE EMPREGO DE PURGADORES ................................... 144 6.6 - PRINCIPAIS TIPOS DE PURGADORES DE VAPOR .................................... 147 6.7 – EFEITOS DA CONTRAPRESSÃO ................................................................. 154 6.8 - GOLPE DE ARIETE ........................................................................................ 155 6.9 - OCORRÊNCIA DE VAPOR PRESO ............................................................... 157 6.10 - DRENAGENS COLETIVAS ......................................................................... 158 6.11 - MÉTODOS DE AVALIAÇÃO EM PURGADORES ........................................ 160 CAPÍTULO 7 - FILTROS E OUTROS DISPOSITIVOS SEPARADORES .............. 164 7.1 - INTRODUÇÃO ................................................................................................ 164 7.2 – EMPREGO DA FILTRAÇÃO .......................................................................... 165 7.3 – CLASSFICIAÇÃO DOS FILTROS PARA LÍQUIDOS ..................................... 166 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 172 Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 5 CAPÍTULO 1 – TANQUE DE ARMAZENAMENTO O Objetivodeste capítulo é apresentar uma introdução geral sobre os tanques de armazenamento e suas aplicações nas indústrias de processamento químico e afins. Principais componentes e acessórios. Dispositivos de segurança. Principais aspectos de construção e montagem. Manutenção e inspeção. Norma API 650. 1.1 - INTRODUÇÃO Tanques de armazenamento são equipamentos de caldeiraria pesada, sujeitos à pressão aproximadamente atmosférica, normalmente na faixa de 0 a 0,5 psig e destinados, principalmente, ao armazenamento de produtos nas industrias de processamento químico, usinas de açúcar e álcool, termoelétricas, siderúrgicas, papel e celulose, petróleo e seus derivados. Esta apostila tem o objetivo de apresentar de forma geral os tanques de armazenamento atmosféricos, cilíndricos, verticais, não enterrados, de fabricação soldada e construídos com chapas de aço carbono. Estes equipamentos tipicaments encontrados em refinarias, terminais de armazenamento, bases de distribuição, parques industriais, industrias petroquímicas, usinas, etc. A construção de um tanque de armazenamento normalmente é regulamentada pela norma norma americana API 650 “ Welded Steel Tanks for Oil Storage” do American Petroleum Institure (API). No Brasil, utiliza-se, também, a norma NBR 7821 “Tanques Soldados para Armazenamento de Petróleo e Derivados”, publicado pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Atualmente, os tanques de armazenamento convencionais – projeto convencional e material de fabricação nacional – são construídos numa ampla faixa de capacidades, desde 100 barris (16 m3) até aproximadamente 550.000 barris (87.500 m3). Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 6 Projetos especiais permitem a construção de tanques de armazenamento com capacidade superior a 1.000.000 barris (159.000 m3). Os maiores tanques de armazenamento construídos no Brasil, pertencentes à PETROBRAS, apresentam capacidade da ordem de 550.000 barris. A construção de um tanque de armazenamento merece a mais cuidadosa atenção possível, principalmente devido aos seguintes motivos: Elevado investimento de capital envolvido; São equipamentos imprescindíveis ao funcionamento de uma unidade operacional; Na Figura 1.1 é indicado os principais componentes de um tanque de armazenamento. Na Figura 1.2 ilustramos alguns tanques utilizados em unidades industriais. Figura 1.1 - Principais componentes de um tanque de armazenamento Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 7 a) b) c) Figura 1.2 - a) Refinaria b) Região de produção (E&P-UN-RNCE). c) Terminal marítimo ( fonte: freefoto.com) Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 8 1.2 - CLASSFICAÇÃO DOS TANQUES DE ARMAZENAMENTO 1.2.1 - Quanto a forma geométrica CILÍNDRICOS HORIZONTAIS CILÍNDRICOS VERTICAIS ESFÉRICOS MODIFICADOS 1.2.1.1 - Cilíndricos Horizontais São sempre de pequeno porte, utilizados como tanques subterrâneos ou instalados sobre selas ou estruturas. Para um mesmo volume, ocupam maior espaço do que os verticais e a construção, por ser mais robusta, é também mais cara. Como tanques aéreos, normalmente são empregados quando se deseja fluxo por gravidade ou quando há necessidade de auxiliar a sucção de bombas. 1.2.1.2 - Cilíndricos Verticais Constituem a grande maioria dos tanques encontrados nas industrias. Cobrem toda a faixa de volumes e são de construção mais barata. 1.2.1.3 - Esféricos Modificados São utilizados para o armazenamento de gases ou líquidos voláteis, em pressões acima da atmosférica. São projetados para resistirem à pressão que se desenvolve no interior sem que haja alteração do volume interno, por isso são providos de válvulas de segurança. 1.2.2 Quanto a Pressão Interna Atmosféricos Baixa Pressão 1.2.2.1 - Atmosféricos Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 9 São utilizados para a estocagem de fluídos de baixa volatilidade, ou seja, aqueles com pressão de vapor absoluta inferior a atmosférica na temperatura de armazenamento. Admitem pressão interna máxima de 17.4 Kpa (0,18 Kgf/cm2) 1.2.2.1 -Baixa Pressão Utilizados para a estocagem de fluidos que têm, na temperatura de armazenamento, pressão de vapor absoluta entre 17,65 e 102,97 Kpa (0,18 e 1,05 Kgf/cm2). 1.2.3 - Quanto ao material de construção Metálicos Plásticos Concreto armado Madeira 1.2.3.1 - Tanques Metálicos • Aço carbono - Material utilizado em todos os tanques metálicos, quando resistência à corrosão e temperatura não forem fatores limitantes. • Aços liga – Os aços liga são geralmente empregados em tanques para armazenagem de fluidos em temperatura inferirores a -20°C.. • Aços inoxidáveis – Empregado para armazenagem de líquidos corrosivos ou que não possam ser contaminados por produtos de corrosão. São largamente usados nas industrias alimentícia e farmacêutica.. • Metais não ferrosos – Empregados em tanques pequenos, por motivo de corrosão ou contaminação. As ligas de alumínio são mais utilizadas, pelo custo e pela boa resistência a oxidação. Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 10 . Figura 1.3 -. tanque de aço carbono Figura 1.4 -. Tanque de aço inoxidável (fonte: freefoto.com) 1.2.3.2. Tanques Plásticos O uso de materiais plásticos na construção de tanques vem sendo incrementado como substituto para os aços inoxidáveis e ligas não ferrosas, devido a excelente resistência à corrosão. Como limitantes da utilização, estão as baixas resistências a temperaturas e propriedades mecânicas inferiores às das ligas metálicas. A resistência mecânica dos materiais plásticos é aumentada com a utilização de fibras de vidro incorporadas ao material plásticos. Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 11 Figura 1.5 - Tanque de PRFV instalado na planta de dióxido de cloro da Aracruz Celulose (Fonte: Tecniplas) Fibras de vidro As fibras de vidro têm uma menor resistência à tração e um módulo de elasticidade mais baixo do que as fibras de carbono e do que as fibras de aramido, embora apresentem um maior alongamento. A sua densidade é também maior, no entanto, devido à sua versatilidade e baixo custo, são de longe o material mais usado para reforçar os plásticos 1.2.3.3. Tanques de Concreto Armado Empregados em grandes reservatórios de água e em estações de tratamento e purificação de líquidos. 1.2.3.4. Tanques de Madeira Está em desudo nas instalações industriais. São do tipo cilíndrico vertical e de pequena capacidade. Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 12 1.2.4 - Quanto ao tipo de construção Soldados Rebitados Aparafusados • Soldados – Representam a imensa maioria dos tanques metálicos. Podem ser fabricados em todas as formas e dimensões e armazenar a maioria dos fluidos utilizados. • Rebitados – Tipo de construção muito utilizada no passado, mas inteiramente superada nos dias atuais. • Aparafusados – Sistema de construção usado em tanques pequenos, utilizados em instalações provisórias. Na indústria do petróleo são muito utilizados nos campos de produção. 1.2.5 - Quanto a Temperatura de Armazenamento do Fluído Temperatura Ambiente Aquecidos Refrigerados • Temperatura Ambiente – Grande maioria das situações de armazenagem de fluidos. • Aquecidos – Para armazenagem de líquidos viscosos ou de alto ponto de fusão. • Refrigerados – Para armazenagem de líquidos em baixas temperaturas ou gases liquefeitos. Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 13 1.2.6- Quanto ao Tipo de Teto Teto fixo Teto móvel Teto flutuante Teto em diafragma flexível Tetos mistos 1.2.6.1. Tanques de Teto Fixo São tanques cujos tetos estão diretamente ligados à parte superior de seus costados. Podem ser autoportantes ou suportados. - autoportantes, nos quais os tetos são apoiados diretamente no costado; - suportados, aqueles em que o teto é apoiado por uma estrutura metálica interna. De acordo com a forma de construção, os tetos fixos são classificados como: • Teto Cônico – Apresentam a forma aproximada de um cone reto. Podem ser do tipo autoportante ou suportado. • Teto Curvo – Apresenta a forma aproximada de uma calota esférica. Geralmente são do tipo autoportante. • Teto em Gomos – Variantes do teto curvo, podendo ser semiesferoidal ou tipo guarda chuva, no qual qualquer seção horizontal é sempre um polígono regular. 1.2.6.2. Tanques de Teto Móvel São tanques cujos tetos se movimentam externamente ao costado, em função da pressão de seu espaço vapor. Um selo líquido ou seco entre o teto móvel e o costado evita as perda por evaporação. Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 14 1.2.6.3. Tanques de Teto Flutuante São tanques cujos tetos estão diretamente apoiados na superfície do líquido armazenado, no qual flutuam, acompanhando sua movimentação durante os períodos de esvaziamento e enchimento. São utilizados como o objetivo de minimizar as perdas por evaporação devido à movimentação de produto. 2.6.4. Tanques de Teto com Diafragma flexível São tanques em que os tetos são fixos ao costado, mas apresentam a possibilidade de variar o volume do espaço vapor em conseqüência da modificação da pressão de armazenamento. Essa variação se dá em razão da existência de uma membrana flexível, de material resistente ao produto armazenado, que se ajusta à variação do espaço vapor. 1.2.6.5. Tanques de Teto Mistos Os tanques de tetos mistos são empregados com as mesmas finalidades dos tanques de teto flutuante, com as vantagens adicionais do teto fixo. Esses tanques oferecem um bom controle das perdas por evaporação sem apresentarem os problemas de drenagem dos tetos flutuantes Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 15 1.3 - SELEÇÃO DO TIPO DE TANQUE DE ARMAZENAMENTO EM FUNÇAO DO PRODUTO ARMAZENADO Apenas como informação, a tabela A-1 da norma N-270, recomenda o tipo de tanque de armazenamento a ser adotado em função do produto armazenado. Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 16 1.4 - LOCALIZAÇÃO DE UM PARQUE DE ARMAZENAMENTO Como parque de armazenamento entendemos a área destinada à armazenagem e transferência de produtos, onde se situam os tanques de armazenagem, armazéns e bombas de transferência. Alguns aspectos devem ser considerados para escolha do local aonde serão construídos o parque de armazenamento. Os principais aspectos que deverão ser avaliados são: • Natureza do solo – um dos mais importantes fatores a analisar. Uma escolha inadequada implicará, fatalmente, em elevado custo de fundação para os tanques de armazenamento; • Necessidade de ampliação – o local escolhido deverá apresentar área suficiente para as expansões futuras; • Facilidade de operação – a elevação do terreno, na região dos tanques de armazenamento, deverá facilitar as condições de sucção das bombas de movimentação do produto armazenado; • Facilidade de acesso e segurança operacional – a área a ser ocupada pelo parque de armazenamento deverá ser de fácil acesso, completamente limpa, desmatada; A localização dos tanques de armazenamento deverá sempre visar a segurança operacional, com a máxima redução de riscos para as área vizinhas. Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 17 Figura 1.6 - Área com recalque e com área empoçada Figura 1.7 - Facilidade de operação conforme localização dos tanques. 1.5 - CAPACIDADE DE ARMAZENAMENTO A capacidade de armazenamento ou tancagem de uma unidade operacional dependerá de diversos fatores, entre os quais citamos: tipo de unidade operacional: refinaria, base de distribuição etc; produto armazenado; produção ou demanda da unidade operacional; consumo da região; tipo de desastre utilizado para o suprimento da unidade operacional. Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 18 1.6 - DIQUES E BACIA DE CONTENÇÃO Diques apropriados são normalmente construídos em torno de cada tanque, ou conjunto de tanques, limitando uma região que se denomina bacia de contenção Os diques e a bacia de contenção objetivam a segurança da instalação de armazenamento, apresentando basicamente as seguintes finalidades: conter o produto armazenado em caso de rompimento do tanque de armazenamento ou tubulação; conter o produto armazenado em caso de falha de operação ou qualquer outro eventual vazamento proveniente do tanque de armazenamento ou de suas tubulações limitar um incêndio a uma pequena área. Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 19 CAPÍTULO 2 – TROCADOR DE CALOR Objetivo: Descrever conceitos de trocadores de calor e a importância do sistema de transferência de calor. Serão apresentados os principais tipos de trocadores de calor. Conhecer as normas TEMA e ASME VIII. Processos de fabricação. Equipamentos de Troca Térmica Os trocadores de calor são equipamentos que facilitam a transferência de calor entre dois ou mais fluidos em temperaturas diferentes. Foram desenvolvidos muitos tipos de trocadores de calor para emprego em diversos níveis de complicação tecnológica e de porte, como usinas elétricas a vapor, usinas de processamento químico, aquecimento e condicionamento de ar em edifícios, refrigeradores domésticos, radiadores de automóveis, radiadores de veículos espaciais, etc. Nos tipos comuns, como trocadores de calor casco tubo e radiadores de automóveis, a transferência de calor se processa principalmente por condução e convecção, de um fluido quente para um fluido frio, separados por uma parede metálica. Em certos tipos de trocadores de calor, como as torres de resfriamento, o fluido quente (por exemplo, a água) é resfriado por um mistura direta com o fluido frio (por exemplo, o ar); isto é, a água é nebulizada, ou que cai em uma corrente induzida de ar, é resfriada por convecção e por vaporização. O projeto de trocadores de calor é um assunto complexo. A transferência de calor e a perda de carga, o dimensionamento e a avaliação de desempenho, e os aspectos econômicos têm papéis importantes no projeto final. Por exemplo, embora sejam muito importantes as considerações de custo nas aplicações de grande porte, as considerações de peso e dimensões são o fator dominante na escolha do projeto para aplicações espaciais e aeronáuticas. 2.1 - INTRODUÇÃO Freqüentemente, em um processo químico, estamos interessadosem transferir energia térmica de um sistema para a vizinhança ou entre partes de um sistema. Isto é feito através de um equipamento, chamado de Trocador de Calor, no Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 20 qual entre em contato térmico com algum outro fluido com temperatura diferente. Este equipamento é muito comum de ser encontrado em indústrias. Podemos classificar os trocadores de diversas maneiras: quanto ao modo de troca de calor, quanto ao número de fluidos, tipo de construção, etc. De uma forma mais básica, duas classificações vão nos interessar: aquela que divide os trocadores entre aqueles que utilizam o contato direto e os de contato indireto e uma outra que os classifica em função das suas características de construção. 2.2 - CLASSIFICAÇÃO DE TROCADORES DE CALOR De acordo com os processos de transferência De acordo com o tipo de construção De acordo com a disposição da corrente De acordo com sua utilização 2.2.1- Classificação de acordo com processos de transferência Contato indireto Contato direto 2.2.1.1 - Trocadores de calor de contato indireto Em um trocador de calor de contato indireto, os fluidos permanecem separados e o calor é transferido continuamente através de uma parede impermeável, e recebem o nome de trocadores de calor de superfície. Não há Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 21 mistura dos fluidos, existe uma parede entre elas, que possui forma especial, em função do tipo de operação que realiza. Os trocadores de contato indireto classificam-se em: trocadores de transferência direta e de armazenamento. a. Tipo de Trocadores de Transferência Direta Neste tipo, há um fluxo contínuo de calor do fluido quente ao frio através de uma parede que os separa. Não há mistura entre eles, pois cada corrente permanece em passagens separadas. Este trocador é designado como um trocador de calor de recuperação, ou simplesmente como um recuperador. Alguns exemplos de trocadores de transferência direta são trocadores de: placa e tubular, Recuperadores constituem uma vasta maioria de todos os trocadores de calor. Figura 2.1 – Trocador de calor de transferência direta Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 22 b. Trocadores de armazenamento Em um trocador de armazenamento, os ambos fluidos percorrem alternativamente as mesmas passagens de troca de calor. A superfície de transferência de calor geralmente é de uma estrutura chamada matriz. Em caso de aquecimento, o fluido quente atravessa a superfície de transferência de calor e a energia térmica é armazenada na matriz. Posteriormente, quando o fluido frio passa pelas mesmas passagens, a matriz “libera” a energia térmica. Este trocador também é chamado regenerador. Figura 2.2 – Trocador de calor de armazenamento. 2.2.1.2 - Trocadores de calor de contato direto No tipo de contato direto, a transferência de calor ocorre entre dois fluidos imiscíveis, como um gás e um líquido, que entram em contato direto. As torres de resfriamento (condensadores com nebulização para vapor de água e outros vapores, utilizando pulverizadores de água, são exemplos típicos de trocadores por contato direto). Neste trocador, os dois fluidos se misturam. Comparado a recuperadores de contato indireto e regeneradores, são alcançadas taxas de transferência de calor Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 23 muito altas. Sua construção é relativamente barata. As aplicações são limitadas aos casos onde um contato direto de dois fluxos fluidos é permissível. Figura 2.3 – Secção através de uma torre de resfriamento com convecção natural (fonte: Ozisik,1990) Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 24 2.2.2 - Classificação de acordo com o tipo de construção Os trocadores de calor podem ser classificados de acordo com as características construtivas. Os principais tipos de trocadores de calor são os tubulares, de tubo aletado, de placa,de placa aletada, e regenerativos 2.2.2.1 – Trocadores de calor tipo duplo tubo Os trocadores de calor tipo duplo tubo ou dupla canalização, como o próprio nome sugere, são constituídos de dois tubos, um inserido dentro do outro, concentricamente, formando dois espaços de escoamento, um por dentro do tubo interno e outro pelo espaço anular entre os tubos interno e externo. Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 25 Figura 2.5 – Trocador de calor duplo tubo (fonte: Kreith,1997) Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 26 2.2.2.2 – Trocadores de calor tipo casco e tubos Os trocadores de calor tubulares são amplamente usados e fabricados em muitos tamanhos, com muitos arranjos de escoamento e em diversos tipos. Podem operar em extremo domínio de temperaturas e de pressões. A facilidade de fabricação e o custo relativamente baixo constituem a principal razão para seu emprego disseminado nas aplicações de engenharia. Um modelo comumente empregado, o trocador de casco e tubos, consiste em tubos, cilindros montados em casco cilíndrico, com eixos paralelos ao eixo do casco. A Figura 2.5 ilustra esse tipo de trocador de calor. Figura 2.6 – Trocador de calor casco e tubos (fonte: trocalor) Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 27 Os trocadores de calor de casco e tubo, também chamados de multi- tubulares, são constituídos de um feixe de tubos de pequeno diâmetro (em geral ¼” a 1”) por dentro dos quais escoa um dos fluidos. O feixe é envolvido por uma carcaça de forma usualmente cilíndrica, escoando o outro fluido externamente ao feixe através do espaço determinado pela carcaça. Na Figura 2.6 são mostradas as principais partes componentes de um trocador de calor casco e tubos. Os principais componentes são o feixe de tubos, o casco, os cabeçotes e as chicanas. As chicanas sustentam os tubos, dirigem a corrente do fluido na direção normal aos tubos e aumentam a turbulência do fluido no casco. São disponíveis muitas variações do trocador de casco e tubos, as diferenças estão no arranjo das correntes do escoamento e nos detalhes de construção. Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 28 Figura 2.7 – Principais partes componentes de um trocador casco e tubos(Ozisik e Kreith) Quanto à espécie dos fluidos, podemos ter líquido para líquido, líquido para gás ou gás para gás. Os trocadores do tipo líquido para líquido são os de aplicação mais comum. Ambos os fluidos são bombeados através do trocador; a transferência de calor no lado dos tubos, e no lado do casco, ocorre por convecção forçada. Uma vez que o coeficiente de transferência de calor é alto com o fluxo do líquido, não há geralmente necessidade de aletas. A disposição líquido para gás também é comumente empregada; neste casos, usam-se em geral aletas no lado do tubo em que flui o gás, onde o coeficiente de transferência de calor é baixo. Os trocadores do tipo gás para gás são adotados nos exaustores de gás e nos recuperadores de pré-aquecimentodo ar nos sistemas de turbinas de gás, nos sistemas criogênicos de liquefação de gás, e nos fornos de aço. Estes são trocadores muito versáteis, feitos de uma variedade de materiais e tamanhos e são extensivamente usados em processos industriais. Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 29 2.2.2.3 – Trocadores de calor de placa Como o nome indica, os trocadores de calor são geralmente construídos de placas delgadas. As placas podem ser lisas ou onduladas. Já que a geometria da placa não pode suportar pressões ou diferenças de temperaturas tão altas quantu um tubo cilíndrico, são ordinariamente projetados para temperaturas ou pressões moderadas. 2.2.2.4 – Trocadores de calor de placa aletada A Figura 2.6 ilustra configurações típicas de placas aletadas. As aletas planas ou onduladas são separadas por chapas planas. Correntes cruzadas, contracorrente, ou correntes paralelas podem ser obtidos com facilidade mediante a orientação conveniente das aletas em cada lado da placa. Os trocadores de placa aletada são geralmente empregados nas trocas de gás para gás. Figura 2.8 – Trocadores de calor de placa aletada (fonte: Ozisik) 2.2.2.5 – Trocadores de calor de tubo aletado Quando se precisa de um trocador que opere em alta pressão, ou de uma superfície extensa de um lado, utilizam-se os trocadores de tubo aletado. A Figura 2.7 ilustra duas configurações típicas, uma com tubos cilíndricos e outra com tubos Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 30 chatos. Os trocadores de tubo aletado podem ser utilizados em um largo domínio de pressão do fluido nos tubos, não ultrapassando cerca de 30 atm e operam em temperaturas que vão desde baixas, nas aplicações criogênicas, até cerca de 870°C. Figura 2.9 – Trocadores de calor de tubo aletado (fonte: Ozisik) 2.2.2.6 – Trocadores de calor regenerativos Os trocadores de calor regenerativos podem ser ou estáticos ou dinâmicos. O tipo estático não tem partes móveis e consiste em uma massa porosa (por exemplo, bolas, seixo, etc) através da qual passam alternadamente fluidos quentes e frios. Uma válvula alternadora regula o escoamento periódico dos dois fluidos. Durante o escoamento do fluido quente,o calor é transferido do fluido quente para o miolo do trocador regenerativo. Depois o escoamento do fluido quente é interrompido, e inicia o escoamento do fluido frio. Durante a passagem do fluido frio, transfere-se calor do miolo para o fluido frio. Os regeneradores do tipo estático podem ser pouco compactos, para uso em altas temperaturas como nos pré- aquecedores de ar, na fabricação de coque e nos tanques de fusão de vidro. Nos regeneradores do tipo dinâmico, o miolo tem a forma de um tambor que gira em torno de um eixo de modo que uma parte qualquer passa periodicamente através da corrente quente e, em seguida, através da corrente fria. O calor armazenado no miolo durante o contato com o gás quente é transferido para o gás frio durante o contato com a corrente fria. O exemplo típico de regenerador rotativo é o pré-aquecedor regenaritvo de ar Ljungstrom, Figura 3.8.Os Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 31 regeneradores rotativos só são convenientes para a troca de calor de gás para gás, pois somente com gases a capacidade calorífica do miolo, que transfere o calor, é muito maior do que a capacidade calorífica do gás escoante. Não é conveniente para a transferência de calor líquido para líquido, pois a capacidade calorífica do miolo de transferência de calor é muito menor do que a capacidade calorífica do líquido. Figura 2.9 – Trocadores de calor de tubo aletado (fonte: Ozisik) 2.2.3 - Classificação segundo a disposição das correntes Existem numerosas possibilidades para a disposição do escoamento nos trocadores de calor. Vamos resumir aquis as principais. 2.2.3.1 – Correntes paralelas Os fluidos quente e frio entram na mesma extremidade do trocador de calor, fluem na mesma direção, e deixam juntos a outra extremidade, como está ilustrado na Figura 2.10a. 2.2.3.2 – Contracorrente Os fluidos quente e frio entram em extremidades opostas do trocador de calor e fluem em direções opostas, como está indicado na Figura 2.10b. Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 32 2.2.3.3 – Correntes cruzadas Os fluidos fluem perpendicularmente um ao outro, como está indicado na Figura 2.10. Figura 2.10 – (a) Corrente paralelas, (b) contracorrente, e (c) correntes cruzadas (Ozisik) 2.2.3.3 – Escoamento multipasse A configuração de escoamento com passes múltiplos é empregada frequentemente no projeto de trocadores de calor, pois a multipassagem intensifica a eficiência global, acima das eficiências individuais. A Figura 2.11 Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 33 Figura 2.11 – Dispositivo de escoamento de múltiplos passes (Ozisik) a) Um passe no casco, dois passes nos tubos, b) dois passes no casco, quatro passes nos tubos, (c) três passes no casco, seis passes nos tubos. 2.2.4 - Classificação de acordo com a utilização Os trocadores de calor são designados por termos correspondentes às modificações que realizam nas condições de temperatura ou estado físico do fluido de processo. No caso de o equipamento operar com dois fluidos de processo, prevalece, se possível, a designação correspondente ao serviço mais importante. Através deste critério, os trocadores de calor são classificados como: a) Rresfriador (cooler) – resfria um líquido ou gás por meio de água, ar ou salmoura; b) Refrigerador (chiller) – resfria também um fluido processa através da evaporação de um fluido refrigerante, como amônia, propano ou hidrocarboneto (neste caso a operação chama-se refrigeração). c) Condensador (condenser) – retira calor de um vapor até a sua condensação parcial ou total, com o auxilio de um meio frio; d) Aquecedor (heater) – aquece o fluido de processo, utilizando, em geral, vapor fluido térmico, excluído o fogo direto; Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 34 e) Vaporizador (vaporizer) – cede calor ao fluido de processo vaporizando-o total ou parcialmente através de circulação natural ou forçada. O termo “refervedor de vapor” (steam generator) aplica-se ao vaporizador que gera vapor d´água, aproveitando calor excedente de um fluido de processo. f) Evaporador (evaporador) – promove concentração de uma solução pela evaporação do líquido, de menor ponto de ebulição. Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 35 CAPÍTULO 3 - VASOS DE PRESSÃO Objetivo: Apresentar os conceitos gerais dos vasos de pressão, função e finalidade, tipos e concepções de projeto, dimensões, apresentar componentes internos e externos, Código ASME Seç. VIII-Div.1, materiais utilizados, válvula de segurança e alívio, suportes, exemplos de acidentes industriais envolvendo vasos de pressão. 3.1 - INTRODUÇÃO O nome vaso de pressão designa genericamente todos os recipientes estanques de qualquer tipo, dimensões, formato ou finalidade, capazes de conter um fluido pressurizado. Dentro de uma definição tão abrangente inclui-se uma enorme variedade de equipamentos, desde uma simples panela de pressãode cozinha, até os mais sofisticados reatores nucleares. Vasos de pressão são todos os reservatórios destinados ao armazenamento e processamento de líquidos e gases sob pressão ou sujeitos a vácuo total ou parcial. Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 36 Neste curso trataremos de vasos de pressão que podem ser considerados “equipamentos de processo”. Denominamos equipamentos de processo os equipamentos em indústrias de processo, que são as indústrias nas quais materiais sólidos ou fluidos sofrem transformações físicas e/ou químicas, ou as que se dedicam à armazenagem, manuseio ou distribuição de fluidos. Dentre essas indústrias podemos citar, entre outras, as refinarias de petróleo, as industrias químicas e petroquímicas em geral, grande parte das industrias alimentares e farmacêuticas, a parte térmica das centrais termoelétricas, os terminais de armazenamento e de distribuição de produtos de petróleo, bem como as instalações de processamento de petróleo e/ou de gás natural, em terra ou no mar. Nas indústrias de processo existem três condições específicas características que tornam necessário um maior grau de confiabilidade para os equipamentos, em comparação com o que é normalmente exigido para as demais indústrias em geral: - A grande maioria dessas indústrias de processo trabalha em regime contínuo, dia e noite, durante meses a fio. Os equipamentos ficam, portanto, submetidos a um regime severo de operação, porque não há paradas diárias para manutenção e inspeção. - Os diversos equipamentos formam uma cadeia contínua, através do qual circulam os fluidos de processo. Deste modo, a falha ou paralisação de um único equipamento, por qualquer motivo, obriga geralmente a paralisação de toda instalação. Vasos de pressão e tubulações são utilizados em diversos ramos da indústria, podendo-se citar as indústrias químicas, petroquímicas, de petróleo, alimentícia, siderúrgica, etc. Estes equipamentos são empregados para conter e transportar fluidos, muitas vezes perigosos. Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 37 O objetivo de um projeto de fabricação adequada é assegurar que tais equipamentos possam exercer suas funções, sem risco considerável, submetidos aos carregamentos, temperaturas e pressões previstas. A construção de um vaso de pressão envolve uma série de cuidados especiais relacionados a seu projeto, fabricação, montagem e testes. Isto porque um vaso de pressão representa: Grande risco: Normalmente opera com grandes pressões e temperaturas elevadas. Alto investimento: É um equipamento de custo unitário elevado. Papel importante na continuidade operacional do processo. Exemplo de aplicações Indústrias químicas e petroquímicas Indústrias alimentares e farmacêuticas Refinarias Terminais de armazenagem e distribuição de petróleo e derivados; Estações de produção de petróleo em terra e no mar 3.2 – CLASSIFICAÇÃO E FINALIDADES DOS VASOS DE PRESSÃO Os vasos de pressão podem ser classificados em dois grupos: › Vasos não sujeitos a chama: Vasos de armazenamento e acumulação Torres de destilação fracionada, retificação, absorção, etc,... Reatores diversos Esferas de armazenamento de gases Permutadores de calor Aquecedores Resfriadores Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 38 Condensadores Refervedores Resfriadores a ar › Vasos sujeitos a chama Caldeiras Fornos A Figura 3.1 mostra um grande vaso de pressão sendo preparado para ser transportado. Figura 3.1 – Vaso de pressão de grandes dimensões sendo preparado para o transporte. O código ASME – Pressure Vessel Boiler Code, define vasos de pressão como sendo todos os reservatórios, de qualquer tipo, dimensões ou finalidade, não sujeitos a chama, que contenham qualquer fluído em pressão manométrica igual ou superior a 1,02 kgf/cm2 ou submetidos à pressão externa. Os vasos de pressão são empregados em três condições distintas. Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 39 Armazenamento de gases sob pressão Os gases são armazenados sobre pressão para que se possa ter um grande peso num volume relativo pequeno. Acumulação intermediária de líquidos e gases Isto ocorre em sistemas onde é necessária a armazenagem de líquidos ou gases entre etapas de um mesmo processo ou entre processos diversos. Processamento de gases e líquidos Inúmeros processos de transformação em líquidos e gases precisam ser efetuados sob pressão. Numerosos processos de transformações físicas, bem como muitas reações químicas precisam ser efetuados em ambientes sob pressão. Alguns processos são realizados em ambiente de vácuo: os vasos para esses casos, também chamados de vasos de pressão, trabalham sujeitos à pressão atmosférica externa. A faixa de variação de pressões e de temperaturas de trabalho dos vasos de pressão muito extensa. Existem vasos de pressão trabalhando desde o vácuo absoluto até cerca de 4.000 kg/cm2. Os vasos de pressão podem ter grandes dimensões e peso, havendo alguns com mais de 60m de comprimento, e outros com mais de 200t de peso. Da mesma forma, é enorme a quantidade de fluidos que podem estar contidos nos vasos, incluindo-se praticamente todos os que sejam de uso industrial: líquidos, gases, mistura de líquidos e gases, líquidos ou gases com sólidos em suspensão etc. Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 40 3.3 - DESCRIÇÃO 3.3.1 - COMPONENTES Num vaso de pressão podemos distinguir os seguintes componentes: - Corpo (casco ou costado) - Normalmente cilíndrico, cônico, esférico ou combinação dessas formas. - Tampos - Denominan-se tampos as peças de fechamento dos cascos cilíndricos dos vasos de pressão. Normalmente nos tipos elípticos, semi-elípticos, toro-esféricos, semi-esféricos, cônicos. Toro-cônicos e planos. Existe uma grande variedade de tampos planos, como mostram alguns exemplos da figura. Os tipos (e) e (f) são tampos não removíveis para vasos de baixa pressão. O tipo (g) tem um flange cego aparafusado removível, e o tipo (h) também é removível mediante a retirada de um anel rosqueado no corpo cilíndrico, que o mantém no lugar. Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 41 Figura 3.2 – Alguns tipos de tampos para vasos de pressão 3.4 – DIMENSÕES CARACTERÍSTICAS As dimensões características de um vaso de pressão são as seguintes: Diâmetro interno (DI) Diâmetro externo (DE) Comprimento entre tangentes (CET) O comprimento entre tangentes é o comprimento total do corpo cilíndrico, ou a soma dos comprimentos dos corpos cilíndricos e cônicos sucessivos. As linhas de tangência, que limitam o comprimento entre tangentes, são linhas traçadas próximo a ambos os extremos do casco, na tangência entre o corpo cilíndrico e os tampos de fechamento. A figura apresenta alguns vasos de pressão típicos e suas dimensões características. Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 42 Figura 3.3 – Alguns tipos de tampos para vasos de pressão 3.5 – ABERTURAS E REFORÇOS Todos os vasos de pressão têm sempre várias aberturas com diversas finalidades. Bocais são aberturas feitas nos vasospara: Ligação com tubulações de entrada e saída de produto.. Instalação de válvulas de segurança. Instalação de instrumentos, drenos e respiros. Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 43 Figura 3.3 – Conexões de entrada e saída de produto Figura 3.4 – Bocal de instalação da válvula de segurança. Entrada de fluido Saída de Gás Saída de Fluido Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 44 Figura 3.5– Conexões de instrumentos Podem ainda existir aberturas feitas para permitir a ligação entre o corpo do vaso e outras partes do mesmo vaso; por exemplo, ligação a potes de drenagem (sumps). Uma abertura num vaso de pressão, embora necessária ao seu funcionamento, é um ponto de concentrações de tensões. Para combater este efeito é necessário a colocação de reforços junto as aberturas feitas num vaso de pressão. Os reforços normalmente utilizados são: anel de chapa soldado ao pescoço tubular e à parede do vaso. Disco de chapa de maior espessura, soldado de topo no vaso. Percas forjadas integrais. Pescoço tubular com maior espessura. O disco de chapa soldado ao pescoço tubular e a parede do vaso é permitido para qualquer diâmetro mas não deve ser usado quando a espessura da parede do vaso e igual ou superior a 50,0 mm. Não é recomendado para serviços com baixa temperatura, serviços cíclicos ou serviço com hidrogênio. As figuras 3 e 4 apresentam tipos de reforço de aberturas previstos pelos códigos de projeto. Os dois requisitos básicos necessários ao material que é colocado como reforço junto a aberturas num vaso de pressão são: Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 45 1- Deverá ser suficiente para compensar o enfraquecimento da parede do vaso provocado pela abertura; 2- Deverá ser colocado dentro de determinado limites, a partir da extremidades da abertura, para minimizar o efeito de concentrações de tensões. Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 46 Figura 3.6 – Tipos de Reforço de Aberturas. Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 47 Figura 3.7 – Tipos de Reforço de Aberturas – conforme norma PETROBRAS N- 253. Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 48 3.6 – PEÇAS INTERNAS DOS VASOS DE PRESSÃO A variedade de tipos e detalhes de peças internas em vasos de pressão é muito grande, dependendo essencialmente do serviço para o qual o vaso se destina. Todas as peças internas que devam ser desmontáveis, (grades, bandejas, distribuidores, defletores, extratores de névoa, etc.). Devem ser obrigatoriamente subdivididas em seções, de tal maneira que cada seção possa passar com facilidade através das bocas de visita dos vasos. A Figura 3.8 apresenta detalhes típicos de peças internas dos vasos de pressão. Figura 3.8 – Peças internas de Vasos de Pressão. Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 49 Os distribuidores, Figura 3.8(b), são tubos interno, com ou sem ramificações, para espalhar o líquido que entra no vaso, devendo para isso possuir furos ou rasgos convenientemente colocados. Os flanges internos para permitir a desmontagem dos distribuidores costumam ser peças leves, recortadas de chapas, pelo fato de não estarem sujeitos a esforços de pressão. As bandejas, Figura 3.8 (c), construídas de chapa, destinam-se a conter borbulhadores ou válvulas. As bandejas tem sempre um vertedouro, e são cortadas alternadamente à direita e à esquerda (ou no centro e nas extremidades); devem ter um alçapão removível para permitir a passagem de pessoas durante a montagem ou manutenção. As grades, Figura 3.8(e), construídas de barras chata e de vergalhões, destinam-se a sustentar recheios, leitos de catalisador, eliminadores de névoa (demister) etc. Tanto as bandejas como as grades são geralmente construídas em seções retangulares desmontáveis. As grades e as bandejas são sustentadas por um anel periférico de chapa ou de barra chata soldado ao casco. A Figura 3.9 apresenta o interno de uma torre de processo. Figura 3.9 – Bandejas internas de um torre de processo. Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 50 Outras peças internas comuns em vasos de pressão são os defletores, chicanas, calhas, coletores, chaminés, potes de selagem e quebra-vórtices Os defletores, chicanas, calhas e coletores são peças com a finalidade de dirigir a corrente fluida, evitar impactos, ou coletar a saída de líquidos. Os quebras vórtices evitam a formação de vórtices. Todas as peças são construídas de chapas, e geralmente soldadas à parede do vaso. As peças internas desmontáveis, com exceção das vigas principais de sustentação de bandejas, grades etc., devem ser projetadas de forma que tenham, sempre que possível. O peso máximo de 24kg. Devem ter dimensões tais que possibilitem a fácil passagem através das bocas de visita do vaso. A fixação das peças internas desmontáveis é normalmente feita por aparafusamento. Todas as peças internas soldadas à parede do vaso devem ser sempre do mesmo material do vaso, ou pelo menos de material de mesmo “número P”, como definido pelo código ASME, Seção VIII. A Figura 3.10 e Figura 3.11 ilustram impelidores internos utilizados em reatores. Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 51 Figura 3.10 – Impelidores internos em vasos de pressão. Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 52 Figura 3.11 – Impelidores internos em vasos de pressão (cont.) Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 53 3.7 – PEÇAS INTERNAS EM TROCADORES DE CALOR Os permutadores tem sempre um conjunto especial de peças internas que é formada de: feixe tubular, espelho, chicanas, tirantes e tubos espaçadores. Na Figura 3.12 é apresentado um esquema básico dos componentes interno de um trocador de calor do tipo casco tubo. Figura 3.12 – Peças internas de um permutador de calor. Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 54 3.8 – PEÇAS EXTERNAS DOS VASOS DE PRESSÃO Os vasos de pressão podem ter diversos tipos de acessórios externos, dentre os quais podemos citar como exemplo: Reforço de vácuo Anéis de suporte de isolamento térmico externo Chapas de ligação, orelhas ou cantoneiras para suportes de tubulação, plataformas, escadas ou outras estruturas. Suportes para turcos de elevação e outros flanges cegos A Figura 3.13 e Figura 3.14 apresentam os desenhos esquemáticos de uma torre com diversos acessórios externos. Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 55 Figura 3.13 – Peças externas de um vaso de pressão. Figura 3.14 – Peças externas de um vaso de pressão. Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologiasdo Gás e Energias Renováveis 56 A Figura 3.15 apresenta o desenho esquemático de um vaso de pressão com diversos acessórios externos e internos. Figura 3.15 – Vaso de pressão típico completo. Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 57 3.9 – SUPORTES Existem vários tipos de estruturas de suporte, tanto para vasos verticais como para vasos horizontais. Vasos Verticais são usualmente sustentados por uma “saia”de chapa, embora vasos verticais de pequenas dimensões possam também ser sustentados em sapatas ou colunas. As torres devem ser suportadas por meio de saias. As esferas para armazenagem de gases também são sustentadas por colunas, soldadas ao casco aproximadamente na linha do equador da esfera. A maioria dos vasos horizontais são suportados em dois berços (selas), sendo que para permitir a dilatação do vaso, em um dos berços os furos para os chumbadores são ovalados. São comuns vasos horizontais superpostos, principalmente em permutadores de calor. A Figura 3.16 e Figura 3.17 apresentam diversos tipos de suportação de vasos de pressão. Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 58 Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 59 Figura 3.16 – Suportação de Vasos de pressão. Figura 3.17 – Suportação de Vasos de pressão (cont.). Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 60 3.10 CÓDIGO DE PROJETO Entre 1870 e 1910, pelo menos 10.000 explosões em caldeiras foram registradas na América do Norte. Após 1910, a taxa se elevou para 1.300 a 1400 falhas ao anos. Em 1905, ocorreu uma explosão de caldeira em uma fábrica de sapatos em Brockton, Massachusetts (EUA), matando 58 pessoas e 117 feridos, que motivou a criação de uma norma regulatória, denominada Massachusetts Rules, sobre o projeto e construção de caldeiras, emitida em 1907. Figura 3.18 – Explosão em uma fábrica de sapatos – EUA. Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 61 O Comitê de Caldeiras ASM foi criado em 1911, com a publicação da primeira edição do código em 1914-1915. Em 1924, seria publicada a Seção VIII, referentes a vasos de pressão não sujeitos a chama. 3.10.1 – Código ASME-The American Society of Mechanical Engineers Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 62 3.11 – MATERIAIS 3.11.1 – Introdução Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 63 Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 64 Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 65 3.12 – DEFINIÇÕES Neste item são apresentadas definições de alguns termos que necessitam ser bem esclarecidas. Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 66 Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 67 3.13 - VÁLVULAS DE SEGURANÇA E ALÍVIO Texto baseado no Guia de Inspeção de Equipamentos n°.10- Inspeção de Válvulas de Segurança e Alívio. Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 68 Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 69 Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 70 Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 71 3.14 – TESTE DE PRESSÃO Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 72 Anexo I ACIDENTES INDUSTRIAIS Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 73 FEYZIN (França – 1966) • vazamento de propano em esfera • nuvem de 1 m de altura dirige-se direção da rodovia • Estima que a uma distância de 160 m ocorre a ignição • Bombeiros não familiarizados com incêndios em refinarias • não resfriamento da esfera em chamas • 1h 30min após vazamento esfera explode • 18 mortes e 81 feridos Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 74 REDUC (Brasil – 1972) • 30 março 1972 • BLEVE em uma (1.600 m3) das 5 esferas de GLP • congelamento da válvula quando drenagem da esfera • 37 mortes (da REDUC e FABOR) e 53 feridos Figura – Tampão caiu a 1 km de distância Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 75 FLIXBOROUGH (Inglaterra – 1974 ) • 01 de julho de 1974 (sábado – 16:53h) • ruptura de “tubulação” de 20” usada como bypass de tanque em manutenção • Explosão de nuvem • 28 mortos na planta e centenas de feridos leves externamente, com destruição total da planta • atinge casas a 5 km • Inquérito público pelo Parlamento Britânico Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 76 CAPÍTULO 4 - TUBULAÇÕES Objetivo: Apresentar os termos e fundamentos de tubulação industrial e os principais acessórios. Meios de ligação. Materiais. Classificação dos tubos. Tipos de Válvula. 4.1 - INTRODUÇÃO Tubo é um conduto fechado, oco, geralmente circular destinado ao transporte de fluidos. Tubulação é um conjunto de tubos, conexões, válvulas e acessórios formando uma linha para a condução de fluidos. Os tubos são necessários para transportar fluidos transmitindo potência de uma entrada (geralmente um bomba) para uma saída (usualmente um reservatório). Porém, o movimento do fluido no interior do tubo está sujeito a perdas de velocidade (carga) ao longo de toda a extensão da tubulação, principalmente se houver variações na seção. Estas variações de seção ocorrem nas curvas, conexões, válvulas e demais acessórios. Os tubos podem ser classificados em tubos sem costura e tubos com costura. Os tubos sem costura são fabricados por laminação (Figura 4.3) e que apresentam diâmetros grandes, por extrusão (Figura 4.4) e que apresentam diâmetros pequenos e por fundição. Já os tubos com costura são fabricados por solda (Figura 4.5). 4.2 – CLASSIFICAÇÃO DOS TUBOS Os tubos podem ser classificados em tubos sem costura e tubos com costura. Os tubos sem costura são fabricados por laminação (Figura 4.1) e que apresentam diâmetros grandes, por extrusão (Figura 4.2) e que apresentam Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 77 diâmetros pequenos e por fundição. Já os tubos comcostura são fabricados por solda (Figura 4.3). 4.3 - PROCESSOS DE FABRICAÇÃO Figura 4.1 – Processo de fabricação de tubos por laminação Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 78 Figura 4.2 – Processo de fabricação de tubos por EXTRUSÃO Figura 4.3 – Processo de fabricação de tubos com costura Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 79 4.4 - MATERIAIS PARA TUBOS É muito grande a variedade dos materiais atualmente utilizados para a fabricação de tubos. Só a ASTM especifica mais de 500 tipos diferentes. Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 80 4.4.1 - FATORES DE INFLUÊNCIA NA SELEÇÃO DE MATERIAIS A seleção adequada é um problema difícil porque, na maioria dos casos, os fatores determinantes podem ser conflitantes entre si. Caso típico é corrosão versus custo. Os principais fatores que influenciam são: Fluido conduzido – Natureza e concentração do fluido, Impurezas ou contaminantes; pH; Velocidade; Toxidez; Resistência à corrosão; Possibilidade de contaminação. Condições de serviço – Temperatura e pressão de trabalho. (Consideradas as condições extremas, mesmo que sejam condições transitórias ou eventuais.) Nível de tensões do material – O material deve ter resistência mecânica compatível com a ordem de grandeza dos esforços presentes. (pressão do fluido, pesos, ação do vento, reações de dilatações térmicas, sobrecargas, esforços de montagem etc. Natureza dos esforços mecânicos – Tração; Compressão; Flexão; Esforços estáticos ou dinâmicos; Choque s; Vibrações; Esforços cíclicos etc. Disponibilidade dos materiais – Com exceção do aço-carbono os materiais tem limitações de disponibilidade. Sistema de ligações – Adequado ao tipo de material e ao tipo de montagem. Custo dos materiais – Fator freqüentemente decisivo. Deve-se consideraro custo direto e também os custos indiretos representados pelo tempo de vida, eos conseqüentes custos de reposição e de paralisação do sistema. Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 81 Segurança – Do maior ou menor grau de segurança exigido dependerão a resistência mecânica e o tempo de vida. Facilidade de fabricação e montagem – Entre as limitações incluem-se a soldabilidade, usinabilidade, facilidade de conformação etc. Experiência prévia – É arriscado decidir por um material que não se conheça nenhuma experiência anterior em serviço semelhante. Tempo de vida previsto – O tempo de vida depende da natureza e importância da tubulação e do tempo de amortização do investimento. Tempo de vida para efeito de projeto é de aproximadamente 15 anos. 4.4.2 - TUBOS DE AÇO CARBONO Os tubos de aço-carbono são de uso geral devido as suas excelentes qualidades mecânicas, facilidade de soldar e de se trabalhar mecanicamente (dobramento, pintura e usinabilidade), por serem de baixo custo e podem serem usados para transportar óleos, ar, vapor, vapor condensado, gases e demais fluidos não corrosivos. Entretanto os tubos de aço-carbono que estão exposto ao ar atmosférico sofrem corrosão (ferrugem) e os que estão enterrados em contato direto com o solo sofrem também corrosão. De acordo com as especificações de cada fabricante, pode-se estimar que as faixas de temperatura de serviço de tubos de aço são: 450ºC para serviço severo 480ºC para serviço não severo 520ºC máximo em picos 370ºC começa deformação por fluência 530ºC oxidação intensa (escamação) -45ºC torna-se quebradiço Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 82 Externamente, pode-se protegê-lo com revestimentos ou até mesmo usar um tubo com uma espessura maior. Internamente, usa-se uma proteção com revestimento. Por exemplo, a galvanização é feita com Zinco depositado a quente. Como se sabe, os resíduos de corrosão do aço não são tóxicos, porém podem mudar a cor e o sabor do fluido conduzido. O aço-carbono sofre ação corrosiva dos ácidos minerais, principalmente quando diluídos ou quentes, e suportam o os álcalis. Comercialmente, os tubos de aço-carbono são disponibilizados sem tratamento (tubo preto) ou protegidos com revestimento de zinco depositado a quente (tubo galvanizado). Uma outra opção para resistir a corrosão é o uso de tubos de aços-liga ou de aços inoxidáveis, que são mais caros que os aços-carbono e apresentam os processos de soldagem, conformação e montagem mais difíceis e caros. Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 83 4.4.3 -TUBOS DE AÇOS-LIGA E AÇOS IOXIDÁVEIS Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 84 4.4.4 - ESPECIFICAÇÃO DE MATERIAL PARA TUBOS DE AÇO A tabela 4.1 apresenta as principais especificações de materiais para tubos conforma a norma ASTM American Society Of Mechanical Engineers para tubos. Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 85 Figura 4.4 – Normas ASTM para tubos Os diâmetros comerciais dos tubos de aço são especificados pela American National Standards Institute através da norma ANSI B36.10 para aço carbono e aço liga e pela norma ANSI B.36.19 para aço inoxidáveis. Os tubos são especificados por um número denominado “diâmetro nominal ips” (iron pipe size) ou bitola nominal. Até o valor de 12”, o diâmetro nominal não corresponde à nenhuma dimensão física do tubo, mas a partir de 14”, o diâmetro nominal é o diâmetro externo dos tubos. Norma dimensional ABNT A ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas adotou a norma ANSI B36 desprezando a polegada do diâmetro nominal e usando o número como designação. Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 86 Para cada Diâmetro Nominal fabricam-se tubos com várias espessuras de parede, denominadas “séries” ou “schedule”. Para cada diâmetro nominal o diâmetro externo é sempre constante, variando apenas o diâmetro interno, que será Tanto menor quanto maior for a espessura de parede do tubo. A Figura 4.5 apresenta a espessura de tubos de acordo com a norma ANSI B.36.10 (fonte: catálogo CONFORJA). Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 87 Figura 4.6 – Espessura para tubos conforme norma ANSI B.36.10 Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 88 4.5 – MEIOS DE LIGAÇÃO 4.5.1 – Principais meios de ligação Ligações rosqueadas – Figura 4.6. Ligações soldadas – Figura 4.7. Ligações flangeadas – Figura 4.8. Ligações de ponta e bolsa. Ligações de compressão. Ligações patenteadas. 4.5.2 – Fatores que interferem na escolha do meio de ligação Material e diâmetro da tubulação, Finalidade e localização, Custo, Grau de segurança exigido, Pressão e temperatura de trabalho, Fluido conduzido, Necessidade ou não de desmontagem e Existência ou não de revestimento interno no tubo Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis89 Figura 4.7 – Ligação Roscada Figura 4.8 – Ligação soldada para tubos Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 90 IMPORTANTE: A norma ANSI/ASME B31.3 contém inúmeras recomendações sobre soldagem dos tubos, incluindo seqüência de soldagem, tratamentos térmicos, qualificação de soldadores, testes de inspeção e aceitação etc. LIGAÇÕES FLANGEADAS São facilmente desmontáveis e aplicadas em diâmetros de 2” ou maiores. Figura 4.9– Ligação flangeada para tubos UTILIZAÇÃO 1. Ligação de tubos com válvulas e equipamentos e também nos pontos da tubulação que for necessário desmontagem. 2. Ligações correntes em tubulações de aço que possuam revestimento interno anticorrosivo. Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 91 Figura 4.10– Tipos de flanges Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 92 4.6 CONEXÕES 4.6.1 – Classificação das conexões de tubulação Figura 4.11 – Classificação das conexões 4.6.2 – Principais meios de ligação Figura 4.12 – Acessórios e conexões de tubos Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 93 4.6.3 – Conexões para solda de topo Figura 4.13 – Acessórios para soldagem Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 94 4.6.4 – Conexões para solda de encaixe Figura 4.14 – Acessórios para solda de encaixe 4.6.5 – Conexões rosqueadas Figura 4.15 – Acessórios para conexões roscada Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 95 4.7 -. VÁLVULAS 4.7.1 - Introdução Válvula é um acessório que raramente percebemos o seu funcionamento e, normalmente, ignoramos a sua importância. Sem os sistemas modernos de válvulas, não haveria água pura e fresca em abundância nos grandes centros, o refino e distribuição de produtos petrolíferos seriam muito lentos e não existiria aquecimento automático nas casas. Por definição, uma válvula é um acessório destinado a bloquear, restabelecer, controlar ou interromper o fluxo de uma tubulação. As válvulas de hoje podem, além de controlar o fluxo, controlar o nível, o volume, a pressão, a temperatura e a direção dos líquidos e gases nas tubulações. Essas válvulas, por meio da automação, podem ligar e desligar, regular, modular ou isolar. Seu diâmetro pode variar de menos de uma polegada até maiores que 72 polegadas. Podem ser fabricadas em linhas de produção, em bronze fundido, muito simples e disponível em qualquer loja de ferramentas ou até ser o produto de um projeto de precisão, com um sistema de controle altamente sofisticado, fabricada de uma liga exótica de metal para serviço em um reator nuclear. As válvulas podem controlar fluidos de todos os tipos, do gás mais fino a produtos químicos altamente corrosivos, vapores superaquecidos, abrasivos, gases tóxicos e materiais radioativos. Podem suportar temperaturas criogênicas à de moldagem de metais, e pressões desde altos vácuos até pressões altíssimas. 4.7.2 - Classificação das válvulas 4.7.2.1 - Válvula de bloqueio São as que predominantemente trabalham em condições de abertura e fechamento (ON/OFF) total da passagem do fluido. Sua operação pode ocorrer manualmente, por dispositivos elétricos, pneumáticos ou hidráulicos. • válvulas de gaveta Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 96 • válvulas de macho • válvulas de esfera • válvulas de comporta 4.7.2.2 - Válvula de regulagem São as que apresentam a capacidade de modulação do fluxo. A sua operação é manual por meio de volante ou alavanca, podendo trabalhar em qualquer posição de fechamento parcial. • válvulas de globo • válvulas de agulha • válvulas de controle • válvulas de borboleta (pode trabalhar como válvula de bloqueio) • válvulas de diafragma (pode trabalhar como válvula de bloqueio) 4.7.2.3 - Válvula que controlam a pressão a montante São as que apresentam a capacidade inerente da modulação das características do fluxo como a vazão, pressão ou temperatura automaticamente, sem a intervenção manual. Algumas delas são idênticas às válvulas de bloqueio mas internamente concebidas para modulação. As suas características são pré- estabelecidas para cada aplicação. Válvula que controlam a pressão a montante • válvulas de segurança e de alívio • válvulas de contrapressão • válvulas de excesso de vazão Válvula que controlam a pressão a jusante • válvulas redutoras e reguladoras de pressão 4.7.2.4 - Válvula unidirecional (fluxo em um sentido) São as que apresentam a capacidade de impedir o refluxo do fluido. São consideradas como válvulas auto-operadas pois sua operação ocorre pela ação direta do fluido. • válvulas de retenção • válvulas de retenção e fechamento Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 97 • válvulas de pé Existe uma grande variedade de válvulas, e, em cada tipo, existem diversos subtipos, cuja escolha depende não apenas da natureza da operação a realizar, mas também das propriedades físicas e químicas do fluido considerado, da pressão e da temperatura a que se achará submetido, e da forma de acionamento pretendida. Para selecionar uma válvula é importante, primeiramente, estabelecer a sua função e o que se espera dela. A própria avaliação dessa função irá influir na escolha da válvula mais adequada. As válvulas são, normalmente, empregadas em duas funções básicas de bloquear e restabelecer o fluxo e regulagem desse fluxo. Outras funções podem ser consideradas, como a prevenção de contra fluxo, controles diversos e segurança. Existem vários fatores que precisamos considerar antes da escolha da melhor válvula. Segue alguns dos itens necessários: temperatura e pressão do fluido e suas propriedades, vazão, diâmetro da tubulação, modo de acionamento da válvula, sistema de deslocamento da válvula, tipo de extremidade, material de construção, classe de pressão, entre outras. 4.8 - Sistema construtivo das válvulas. Quanto ao meio de ligação dos extremos, as válvulas podem ter as suas extremidades com os mais variados meios de ligação. 4.8.1 -Extremidades roscadas As válvulas com os extremos roscados são empregadas onde se deseja a facilidade da montagem e desmontagem ou ainda onde a solda se torna difícil ou em muitos casos impossíveis. Normalmente empregadas em válvulas de pequenos diâmetros fabricadas em bronze, que são especialmente indicadas para as instalações residenciais e Equipamentos Industriais Estáticos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis 98 prediais e para as instalações industriais de pequena responsabilidade como em serviços de baixa pressão e temperaturas ambientes e para fluidos não perigosos. Figura 4.16 – Válvula roscada 4.8.2 - Extremidades do tipo encaixe e solda (soquetadas) As válvulas com os extremos do tipo encaixe e solda são empregadas primordialmente em instalações industriais de responsabilidade e onde se deseja uma estanqueidade perfeita e ainda facilidade e rapidez na montagem. São indicadas para serviços com altas pressões e temperaturas. Normalmente empregadas em válvulas de pequenos diâmetros fabricadas
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