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Avaliação de parâmetros geotécnicos por meio de correlações de resultados de SPT, CPT e DMT Raquel Souza Teixeira Universidade Estadual de Londrina, Londrina, Brasil, raquel@uel.br Carlos José Marques da Costa Branco Universidade Estadual de Londrina, Londrina, Brasil, costabranco@uel.br Vanessa Regina Mangieri Sobrinho Mestranda Pós-Graduação em Edificações e Saneamento/UEL, Londrina, Brasil, vanessam@uel.br Sidnei Helder Cardoso Teixeira Universidade Estadual de Londrina, Londrina, Brasil, sidnteix@uel.br RESUMO: Neste trabalho, vários parâmetros geotécnicos foram avaliados por meio de uma campanha de investigação de campo, com uso de ensaios dos tipos SPT, CPT elétrico e DMT, no solo laterítico do Campo Experimental de Engenharia Geotécnica da Universidade Estadual de Londrina. Os objetivos desta campanha de investigação foram de identificar o perfil estratigráfico por meio dos diferentes tipos de ensaios, além de estimar parâmetros geotécnicos através de correlações. Foram constatadas diferenças na identificação da estratigrafia do perfil e, principalmente, nos valores estimados dos parâmetros geotécnicos. PALAVRAS-CHAVE: Penetrômetros, Solos lateríticos, Parâmetros geotécnicos 1 INTRODUÇÃO Os métodos de investigação geotécnica de campo são importantes ferramentas para a exploração do subsolo, principalmente porque preservam, dentro de um limite aceitável, as características naturais do solo. Atualmente, nesta área, existe uma grande variedade de técnicas e equipamentos, que estão em constante evolução, buscando atender às diversas necessidades dos profissionais da engenharia civil e de outras áreas. No Brasil, o SPT (Standard Penetration Test) é a técnica mais usada para fins de conhecimento do comportamento mecânico de um maciço de solo. Contudo, outros tipos de ensaios, como o CPT (Cone Penetration Test) e o DMT (Dilatometer Marchetti Test), vêm sendo cada vez mais divulgados e utilizados. É consenso, entre os profissionais da área, que o uso em conjunto de duas ou mais técnicas de investigação melhora significativamente a qualidade dos resultados, pois geralmente se complementam em informações, tanto em termos de comportamento mecânico como em caracterização física, além de melhorar a representatividade da área em estudo. No Campo Experimental de Engenharia Geotécnica (CEEG), da Universidade Estadual de Londrina/PR, foram executadas sondagens de simples reconhecimento (SPT), ensaios de cone (CPT elétrico) e ensaios dilatométricos (DMT), com os objetivos de obter a descrição do perfil estratigráfico e estimar parâmetros geotécnicos através de correlações. Os parâmetros estimados são relativos à deformabilidade, compressibilidade, resistência e estados de tensão. Os resultados obtidos nestes ensaios foram comparados entre si e foi feita uma análise da variabilidade desses resultados. 2 MATERIAIS E MÉTODOS 2.1 Materiais A cidade de Londrina/PR, localizada na região Sul do Brasil, aproximadamente entre a longitude 50º05' Oeste e a latitude 23º30' Sul, está sob a influência do clima subtropical úmido, onde os verões são quentes e úmidos e os invernos, frios e secos, apresentando temperatura média anual de 22,5ºC. A Geologia predominante no município é a formação Serra Geral, pertencente à Bacia Sedimentar do Paraná e a litologia principal é associada ao basalto (JKsg). O perfil de solo originado, nestas condições, em termos pedológicos, é o Latossolo em sua grande maioria, mas com a ocorrência de outros tipos, como os Argissolos e os Neossolos. No local de estudo, a área do CEEG, o intemperismo sofrido pelo basalto resultou em um perfil estratigráfico espesso, com horizonte B laterítico e constituído de solo bem drenado, com alto teor de argila, em média de 80%, elevado índice de vazios, em torno de 2, baixo peso específico natural, em torno de 14 kN/m3, elevado peso específico dos sólidos, em torno de 30 kN/m3, Limite de Liquidez entre 60 a 70%, e Limite de Plasticidade entre 45 a 52% (Miguel et al. 2002). Até a cota 7 m de profundidade, o solo é vermelho escuro, argiloso e colapsível, apresentando índices de colapso variando de 2,5% a 24%, em função das tensões aplicadas e do teor de umidade inicial das amostras, conforme critério de Vargas (1978), segundo Teixeira et al. (2004). Os mesmos autores relatam que o solo deste estrato, quando submetido ao ensaio de sedimentação, apresenta um percentual de partículas de argila superior ao de silte, quando se utiliza defloculante (hexametafosfato de sódio + carbonato de sódio). Caso a sedimentação seja feita sem defloculante, a porcentagem de silte predomina sobre a de argila. Rocha et al (1991) estudaram a composição mineralógica do perfil de latossolo situado no Campus da UEL e descreveram que ela é formada, predominantemente, por caulinita, gibsita, vermiculita e uma importante fração de hematita e goethita (óxidos de ferro). 2.1 Métodos Para a realização deste estudo, foram realizados quatorze SPT (Standard Penetration Test), dois CPT (Cone Penetration Test) e dois DMT (Dilatometer Marchetti Test). A Figura 1 apresenta uma planta de locação dos furos destes ensaios, que foram executados para obtenção do perfil estratigráfico e da posição do nível d’água subterrâneo. Os resultados dos ensaios foram, finalmente, utilizados na análise da variabilidade do perfil e estimativas dos parâmetros geotécnicos, através de correlações. 2.1.1 SPT O SPT consiste na cravação dinâmica de um amostrador padrão no solo e fornece o índice N (resistência oferecida pelo solo à cravação dos 30 cm finais deste amostrador). É realizada uma medida a cada metro e permite a identificação textural do solo e da sua macro-estrutura, além da verificação da presença ou não do N.A. subterrâneo. Por meio de correlações com o valor de N, podem ser obtidos parâmetros geotécnicos para uso em projetos. As sondagens de simples reconhecimento com SPT foram executadas segundo as normas NBR-6484/0197 “Solos - Sondagens de Simples Reconhecimento com SPT - Método de Ensaio”; NBR-6502/95: “Rochas e Solos - Terminologia”; NBR-13441/95: “Rochas e Solos - Simbologia”. 2.1.2 CPT O CPT elétrico é um ensaio de penetração de cone, executado de forma estática, por meio de um conjunto de hastes e com velocidade constante. O cone localizado na extremidade inferior do conjunto possui um ângulo de vértice de 60º e área da base de 10 cm2. Com a cravação deste conjunto obtém-se a resistência de ponta (qc) e a resistência por atrito lateral (fs) do solo, não permitindo a amostragem do material atravessado. É, portanto, um ensaio que fornece um grau de detalhamento da estratigrafia e do comportamento do solo maior que o fornecido pelo SPT, pois seus dados são coletados ao longo de toda cravação. Os ensaios de CPT foram executados de acordo com o método ABNT MB-3.406 (1991). 2.1.3 DMT O DMT é realizado a partir da penetração estática, com velocidade constante, de uma lâmina com uma membrana em uma das suas faces. A cravação desta lâmina é interrompida a cada 20 cm de penetração e, em seguida, é aplicada uma pressão atrás da membrana. São registradas as pressões referentes às posições da membrana com deslocamentos de 0,05 mm (leitura A) e de 1,1 mm (leitura B). Também é um ensaio feito sem amostragem e com um detalhamento do perfil do solo investigado maior que o obtido com o SPT. Maiores detalhes sobre o DMT estão descritos em Marchetti (1980), Schmertmann (1986), Lutenegger (1988), Lune et al. (1989) e Schnaid (2000). N Figura 1. Área do CEEG e locação dos furos de sondagem. 3 RESULTADOS E ANÁLISES São apresentados os resultados dos SPT, CPT e DMT, além dos parâmetros geotécnicosestimados. Os resultados das sondagens de simples reconhecimento (SPT), com os índices de resistência à penetração N, a localização do N.A. subterrâneo e as demais informações complementares estão apresentados em Teixeira et al (2004). A Figura 2 apresenta a média dos resultados, na forma de gráficos, dos quatorze STP, dois CPT e dois DMT. Os parâmetros geotécnicos de cada furo, estimados com base em correlações, estão relacionados nas Tabelas 1, 2 e 3. Para se estimar os parâmetros geotécnicos, foram feitas algumas considerações adicionais, tais como: a tensão efetiva de campo é igual à tensão total, pois não foi detectado nível de água nos CPT e DMT e o peso específico natural adotado para CPT foi de 14 kN/m3, valor este obtido em Miguel et al (2002). Adicionalmente, nas correlações que levam em conta o valor de pressão neutra, esta foi considerada igual a zero. Os parâmetros em função dos resultados dos ensaios de SPT, DMTe CPT foram estimados a partir da média deste valor, para cada estrato do perfil. 3.1 Classificação estratigráfica Os perfis estratigráficos definidos entre o SPT e CPT apresentaram discordância em termos do número de estratos e da classificação textural. Esta discordância ocorre pelo fato do CPT classificar o solo em função do seu SPT 0 5 10 15 20 25 0 20 40 60 80 N P ro f. ( m ) 0% 25% 50% 75% 100% Nmédio CV DILATÔMETRO DE MARCHETTI ED (kPa) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 0 50 100 150 200 P ro f. ( m ) DMT9 DMT14 KD 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 0 20 40 60 80 100 DMT9 DMT14 ID 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 0 5 10 15 20 25 DMT9 DMT14 ENSAIO DE CONE qc (MPa) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 0 5 10 15 P ro f. ( m ) CPT9 CPT14 fs (kPa) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 0 200 400 600 CPT9 CPT14 FR (%) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 0% 10% 20% 30% 40% CPT9 CPT14 Figura 2. Resultados dos ensaios SPT, DMT e CPT. Tabela 1. Parâmetros estimados a partir de correlações com os resultados do SPT Peso esp. Compressibilidade Perfil estratigráfico g Su c f σ'a Gmáx E (kN/m 3 ) (kPa) (kPa) (°) (kPa) (MPa) (MPa) z(m) Textura Média CV (*1) Su=12,5.N C=10.N f =20N 0,5 +15 s'a = 33,33.N72 Gmax=47,5.N72 0,72 E=a.K.N 0,00 argila siltosa porosa muito mole a mole 3,6 44% 15,0 44,9 35,9 23,5 119,8 119,3 5,0 6,00 idem, média 7,9 35% 17,0 98,2 78,6 27,5 261,9 209,5 11,0 11,00 argila resudual variegada rija 13,9 30% 19,0 173,4 138,7 31,7 462,3 315,5 19,4 15,00 argila residual variegada dura 20,3 40% 21,0 253,3 202,6 35,1 675,4 414,5 28,4 18,00 argila residual variegada rija 17,7 39% 21,0 221,3 177,0 33,8 590,0 376,0 24,8 21,00 idem, dura 37,8 46% 19,0 472,2 377,8 42,5 1259,1 649,1 52,9 26,00 silte argiloso, residual, duro 60,0 0% 21,0 472,2 377,8 42,5 1259,1 649,1 47,2 (*1)=Godoy, 1972 N Resultados DeformabilidadeSPT (14 furos) Resistência Tabela 2. Parâmetros estimados a partir de correlações com os resultados do CPT Resistência Compressibilidade Deformabilidade g f E (kN/m 3 ) areias (°) (MPa) z(m) Cl. - Textura Média CV Média CV Média CV (admitido) K0=1-senf (1,49-Dr)tanf=0,712 OCR = 5,04.Ko 1,54 E = 1,5.qc 0,00 a 1,00 3 - Argila 2,20 96% 91,18 97% 3,92 73% 14,0 -- -- -- 3,3 1,00 a 8,00 6 - Silte arenoso a silte argiloso (comportam. arenoso) 1,36 33% 10,97 84% 0,80 78% 14,0 0,5 28,2 1,9 2,0 8,00 a 12,00 4 - Argila siltosa a argila (comportam. arenoso) 2,86 30% 108,89 60% 4,31 76% 14,0 0,5 30,1 1,7 4,3 12,00 a 19,95 3 - Argila (comportam. arenoso) 3,64 38% 225,94 28% 7,16 51% 14,0 0,5 30,3 1,7 5,5 OCR (areias)qC (MPa) fS (kPa) FR(%) K0 CPT (2 furos) Peso específico, K0 Resultados Perfil estratigráfico Tabela 3. Parâmetros estimados a partir de correlações com os resultados do DMT Resistência Deformabil. g K0 m=0,44 Su Ed (kN/m 3 ) (adotado) (kPa) (MPa) z(m) Textura Média CV Média CV (*2) Ko = 0,34.Kd m Su=0,22.(0,5.Kd) 1,25 .s´vo OCR = (0,5.Kd) 1,56 OCR = (0,225.Kd) 1,35 Ed=34,7.∆P 0,00 a 1,00 Silte Arenoso 1,09 40% 6,38 101% 16,9 -- -- -- -- -- 1,00 a 2,20 Silte Argiloso 0,71 71% 1,06 120% 16,2 0,7 20,5 5,4 -- 1,1 2,20 a 3,20 Argila Siltosa 0,43 109% 0,69 112% 16,3 0,4 4,7 0,4 -- 0,7 3,20 a 4,60 Silte Argiloso 0,49 62% 0,60 95% 15,0 0,3 4,6 0,3 -- 0,6 4,60 a 8,20 Silte Arenoso 1,33 41% 5,25 57% 16,9 0,4 19,6 -- 0,2 5,3 8,20 a 12,60 Silte arenoso 1,43 31% 19,85 37% 18,2 0,5 48,4 -- 0,4 19,9 12,60 a 13,00 Areia Siltosa 1,95 20% 28,60 45% 18,8 0,4 43,5 -- 0,3 28,6 13,00 a 16,60 Silte arenoso 2,20 152% 31,92 72% 19,1 0,4 56,0 -- 0,3 31,9 (*2)=Marchetti e Crapps, 1981 Perfil estratigráfico CompressibilidadeDMT (2 furos) Peso específico, K0 Ed (MPa) OCR (para Id> 1,2) Resultados OCR (para Id< 1,2) Id comportamento e o SPT em função da granulometria, descrita pela análise visual e tátil. O solo identificado por meio do DMT foi em quase toda profundidade do perfil, um silte arenoso e no último estrato, uma areia. Esta identificação também discordou da classificação obtida por meio do SPT, sendo neste caso, a maior parte do perfil composto por um solo argiloso. Os perfis de solo obtidos dos CPT e DMT não foram semelhantes, uma vez que, em geral, a classificação pelo CPT apontou um solo argiloso a siltoso e pelo DMT, um solo siltoso a arenoso, apesar de ambos os ensaios classificarem o solo em função do comportamento. Os resultados obtidos pelo SPT mostraram uma elevada variabilidade (acima 25%). As maiores variabilidades observadas foram de 44% no primeiro estrato e de 46% no penúltimo estrato. A variabilidade do primeiro estrato poderia ser explicada pela maior suscetibilidade aos efeitos de ressecamento e compactação. No caso do penúltimo estrato, a variabilidade poderia ser resultado do menor grau de intemperismo. 3.2 Parâmetros geotécnicos 3.2.1. SPT versus CPT Todos os parâmetros geotécnicos avaliados com base no resultados dos SPT são crescentes com a profundidade, conforme pode ser visto na Tabela 1, em concordância com a variação nos valores de N. É possível fazer uma comparação entre os valores de módulo de elasticidade (E) e ângulo de atrito interno (f) estimados, observando-se os resultados da Tabela 3. Os valores de E estimados com base em correlações com o NSPT foram cerca de 5 vezes maiores que os obtidos através de correlações com o CPT. Os valores de f estimados com base no NSPT também foram maiores que os obtidos através de correlações com o CPT. 3.2.2. SPT versus DMT Fazendo uma comparação entre os valores de módulo de elasticidade (E) e módulo dilatométrico (Ed) e de resistência não drenada (Su) estimados com as correlações apresentadas nas Tabelas 1 e 2, nota-se que os valores de E e Ed foram, no máximo, o dobro. Ressalta-se que, apesar dos módulos de elasticidade (E) e dilatométrico (Ed) não serem o mesmo parâmetro, foram comparados por representarem o comportamento referente à deformabilidade. 3.2.3. CPT versus DMT Embora esses ensaios permitam fazer a classificação granulométrica do solo com base no seu comportamento, foram identificadas divergências nos valores dos parâmetros geotécnicos. Os parâmetros referentes à deformabilidade dos estratos superiores, estimados a partir dos módulos de elasticidade (E), variaram entre o dobro e a metade do módulo dilatométrico (Ed) (Tabelas 2 e 3). No entanto, para os estratos com profundidades superiores a 8 m, os valores de E encontrados foram cerca de 6 vezes menores que os valores de Ed. Ressalta-se, igualmenteque, apesar dos módulos de elasticidade (E) e dilatométrico (Ed) não serem o mesmo parâmetro, foram comparados por representarem o comportamento referente à deformabilidade. Os valores do coeficiente de empuxo em repouso (K0) apresentaram valores semelhantes para as estimativas através de correlações com o CPT e os obtidos através de correlações com o DMT. 4 CONCLUSÕES Com base nos resultados das correlações obtidas a partir os três tipos de ensaios de campo realizados no solo do Campo Experimental da Universidade Estadual e Londrina, é possível delinear as seguintes conclusões, válidas para o local estudado: a) Foram encontradas diferenças importantes entre as classificações e os parâmetros obtidos a partir dos três ensaios, conforme evidenciado nas Tabelas 1, 2 e 3. b) As estruturas naturais macroporosas e microporosas dos solos finos lateríticos fazem com que na prática estes solos tenham o comportamento de siltes e até de areias finas, conduzindo a diferentes classificações granulométricas quando se compara os diferentes tipos de ensaio de campo. No SPT, a classificação visual e táctil aponta para um solo argiloso, enquanto que nos CPT e DMT, o comportamento do solo indica se tratar de um material siltoso. c) Entende-se que a apresentação rotineira do coeficiente de variação (CV) para cada correlação proposta, seria conveniente para permitir a avaliação da sua confiabilidade. d) Ressaltam-se as diferenças entre a natureza física de execução desses ensaios de campo. Em termos de princípios de funcionamento, o SPT é um ensaio de energia controlada, enquanto que o CPT e o DMT são ensaios de deslocamento controlado. Quanto à velocidade dos deslocamentos, o SPT apresenta um caráter dinâmico, enquanto o CPT e o DMT apresentam caráter estático, inclusive com velocidades diferentes. Além disso, tanto no SPT quanto no CPT os deslocamentos ocorrem na direção vertical, enquanto que no DMT, ocorrem na direção horizontal. e) Por tudo isso, pode-se concluir que a interpretação dos resultados deve ser feita de forma cautelosa, principalmente quando se consideram solos lateríticos. Assim sendo, fica evidenciada a necessidade de avançar em estudos do comportamento destes solos e associá-los aos resultados de ensaios de campo. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem ao laboratório de Geotecnia da UEL e ao seu técnico, Pedro Cândido de Souza, à Prefeitura do Campus da UEL e às empresas Damasco Penna e Solum. REFERÊNCIAS ABNT (2001) Solo-Sondagens de Simples Reconhecimento com SPT – Método de Ensaio. NBR- 6484/01. Associação Brasileira de Normas Técnicas. Rochas e Solos ABNT (1995) Solo-Sondagens de Simples Reconhecimento com SPT – Terminologia. NBR 6502/95. Associação Brasileira de Normas Técnicas. Rochas e Solos. ABNT (1995) Solo-Sondagens de Simples Reconhecimento com SPT – Simbologia. NBR 13441/95. Associação Brasileira de Normas Técnicas. Rochas e Solos. ABNT (1991). Ensaio de Penetração de Cone In Situ (CPT). MB 3406/91 Método de Ensaio. Associação Brasileira de Normas Técnicas. Rochas e Solos. Baldi, G., Belloti, R., Ghionna, V., JamiolKowski, M., Pasqulini, E. (1981). Cone resistance of a dry medium sand. Proc. X International Conference on Soil Mechanics and foundation Engineering. Stockholm, 2, p 427-32. Barros, J. M. C. (1994). Avaliação do módulo de cisalhamento máximo de solos lateríticos. In: X Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia de Fundações. v. IV, p. 1165-1172. Décourt, L. (1989) The Standard Penetration Test – State of the art report. Proc. XIII ICSMFE. Rio de Janeiro. v.3, n.3, p. 267-314. Décourt, L. (1991a). Special problems on foundations, General report. Proc. IX PAMCSMFE. Viña del Mar. v.IV, pp. 1953-2001. Godoy, N. S. (1972). Fundações. 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