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A CARREIRA DO ADMINISTRADOR EM ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR (OK)

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A CARREIRA DO ADMINISTRADOR EM ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR 1 
A CARREIRA DO ADMINISTRADOR EM ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO 
SETOR* 
 
 
 
David Alberto Beker Jordan** 
 
 
 
 
 
 
 
I. Introdução 
 
A emergência dos movimentos de ajuda mútua em escala mundial demonstra que as 
pessoas estão preocupadas umas com as outras cada vez mais: aqueles que têm mais estão 
ajudando aqueles que têm menos. 
 
A maior parte das organizações sem fins lucrativos existe para prover a população de 
serviços básicos, tais como saúde, educação, dentre outros. Algumas organizações, além de 
proverem serviços, estão voltadas para a promoção da cidadania e para a luta por 
determinados direitos. Como exemplos, cabe mencionar as fundações, instituições e 
organizações sem fins lucrativos voltadas para a ação na comunidade. 
 
Este ensaio procura mostrar como o administrador pode encontrar espaços de atuação 
dentro do universo do chamado Terceiro Setor. Na primeira parte do trabalho, procura-se 
tratar de questões teóricas relativas ao conceito de Terceiro Setor. A seguir, trata-se das 
oportunidades de carreira no setor. Em seguida, fala-se sobre os salários no Terceiro Setor. 
Por fim, é apresentada uma conclusão para o trabalho. 
 
 
II. Sobre o Terceiro Setor 
 
O primeiro setor é o Estado e o segundo, a iniciativa privada. Pode-se destacar que o 
crescimento das organizações sem fins lucrativos é grande devido ao fato de o Estado não 
conseguir atender todos na provisão dos serviços sociais, sendo que o número de indivíduos 
que precisam de ajuda também cresce sem parar. 
 
 
* Este artigo foi elaborado sob a orientação do professor Luiz Carlos Merege com base nos resultados de uma 
pesquisa feita com bolsa de iniciação científica, promovida pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento 
Científico e Tecnológico (CNPq), por meio do Núcleo de Pesquisas e Publicações da Escola de 
Administração de Empresas de São Paulo (NPP-EAESP-FGV), desenvolvida no período de agosto de 1996 a 
junho de 1997. 
** O autor é aluno de graduação em Administração de Empresas da EAESP-FGV. 
A CARREIRA DO ADMINISTRADOR EM ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR 2 
Nas organizações sem fins lucrativos, o objetivo principal não é o lucro financeiro, mas sim 
a provisão dos melhores serviços possíveis com os recursos disponíveis. 
 
Para que se possa fazer um estudo sobre a possibilidade de carreira para o administrador em 
entidades sem fins lucrativos, é preciso que antes se conheça um pouco mais sobre esse tipo 
de entidade, ou seja, sobre o Terceiro Setor. 
 
Existe uma série de organizações que não podem ser classificadas como pertencentes ao 
Estado nem ao mercado. Levando-se em conta esse fato, nota-se que, “para além do Estado 
e do mercado” (Landim, 1993), existem novas realidades que estão surgindo para suprir a 
carência do Estado em proporcionar à população um mínimo de bem-estar social. Essas 
novas realidades fazem parte de um Terceiro Setor não-lucrativo e não-governamental, que 
depende de doações de pessoas, empresas ou de ajuda do governo para poder existir. 
 
Devido à novidade do tema, não há muitos estudos sobre o assunto e constata-se que este 
ainda tem muito a ser explorado nos mais diversos âmbitos. Pode-se dizer que esses fatores 
dificultaram um pouco a obtenção de dados e de material, mas é de se esperar que a 
produção bibliográfica na área aumente com os anos devido à grande importância desse 
setor para a sociedade. 
 
Alguns dos principais autores que trabalharam na questão cujas idéias serão abordadas 
nesta introdução foram: Peter Drucker, Rubem César Fernandes, Leilah Landim, Jeremy 
Rifkin e Lester Salamon. 
 
Jeremy Rifkin, no seu livro “O Fim dos Empregos”, afirma: “O Terceiro Setor, também 
conhecido como setor independente ou voluntário, é o domínio no qual padrões de 
referência dão lugar a relações comunitárias, em que doar do próprio tempo a outros toma o 
lugar de relações de mercado impostas artificialmente, baseadas em vender-se a si mesmo 
ou seus serviços a outros” (p. 263). Rifkin, portanto, relaciona o Terceiro Setor a qualquer 
atividade comunitária voluntária. Ele chama a atenção para a possibilidade de trabalho no 
Terceiro Setor e para as relações sociais a ele associadas. Segundo Rifkin, o progresso 
tecnológico, a comunicação e a informação fazem com que a necessidade de mão-de-obra 
pelas empresas tenda a diminuir. Paralelo a essa situação, ele constata que os governos têm-
se tornado mais fracos e incompetentes, sendo que a contratação de mão-de-obra está 
ficando cada vez menor, ou seja, eles estão deixando de ter a função de contratantes de 
última instância. Para ele, a diminuição da jornada de trabalho liberaria mais horas “de 
lazer” e, com isso, o trabalho no Terceiro Setor seria uma opção interessante, pois rompe 
com a lógica utilitarista e insaciável do apego ao dinheiro e às suas possibilidades de 
consumir cada vez mais. A economia de mercado, medida em termos de Renda e Produto, 
estaria sendo substituída por uma economia social, que considera ganhos econômicos 
indiretos e grau de solidariedade em uma região. O Terceiro Setor é também importante 
para servir de força aglutinante e de elo social e para manter os diferentes interesses de uma 
sociedade dentro de uma identidade social coesa. 
 
Tanto Peter Drucker quanto Jeremy Rifkin pensam em termos globais partindo das últimas 
mudanças dos países desenvolvidos. Para ambos, a sociedade estaria entrando numa era 
A CARREIRA DO ADMINISTRADOR EM ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR 3 
pós-capitalista ou pós-mercado, na qual o fator de produção mais importante passa a ser o 
conhecimento, no lugar da mão-de-obra, da terra e do capital. O Terceiro Setor é uma 
alternativa para refazer a integração social. Drucker afirma, nesse sentido: “Historicamente, 
a comunidade era obra do destino. Na sociedade pós-capitalista, a comunidade precisa se 
tornar um compromisso.” 
 
Lester Salamon, pesquisador da Johns Hopkins University, foi um dos pioneiros no estudo 
do Terceiro Setor. Ele fez um levantamento e uma análise de dados econômicos como a 
capacidade do setor de gerar empregos e de movimentar renda. Salamon fez comparações 
entre vários países e definiu o setor não-lucrativo como sendo formado por organizações 
estruturadas, privadas, que não distribuem os seus lucros para os seus diretores ou 
acionistas, que são autogovernadas, que envolvem indivíduos voluntários, que são não-
religiosas e não-políticas e que atendem o público. 
 
Para Salamon, o Terceiro Setor, ou setor não-lucrativo, pode receber outros nomes, como 
setor da caridade, setor independente, setor voluntário, setor tax-exempt. Salamon destaca 
que o Terceiro Setor deve diversificar suas origens de recursos para que não tenha que 
depender tanto do governo para funcionar, passando a ser um parceiro deste na provisão de 
serviços sociais. 
 
Para Salamon, as causas da expansão recente do Terceiro Setor são “forças históricas 
fundamentais”, que consistem na perda de confiança no Estado, na expansão das 
comunicações, na emergência de uma classe média comercial e profissional mais vibrante, 
na crescente demanda por uma série de serviços especializados e no colapso do socialismo. 
 
Logo, para Salamon, Rifkin e Drucker, o Terceiro Setor tende a crescer a fim de resolver os 
problemas sociais gerados pelo mercado e que o Estado não consegue resolver, 
principalmente aqueles relacionados com a geração de emprego, uma vez que, no Terceiro 
Setor, o trabalho humano é insubstituível e indispensável. 
 
O autor brasileiro, Rubem César Fernandes, idealizador do movimento Reage Rio e 
membro da CIVICUS (Aliança Mundial para a Participação dos Cidadãos), em seu livro 
“Privado porém Público - O Terceiro Setor na América Latina”, questiona a validade da 
definição de Lester Salamon de Terceiro Setor para a realidade da América Latina e de 
outros países não desenvolvidos. Fernandes argumenta que o conceito de Salamon de 
“organizaçõesestruturadas” (isto é, formais ou institucionalizadas em alguma medida) 
abrange apenas a “ponta do iceberg” da realidade do Terceiro Setor latino-americano, sendo 
por isso excludente. Na verdade, “abaixo da linha d'água”, existe um grande conjunto de 
organizações informais que possuem peso econômico (metade do PIB em alguns países). 
As dinâmicas “abaixo da linha d'água” incluem as formas tradicionais de ajuda mútua, tais 
como cura espiritual, magia e outras manifestações religiosas, como umbanda, candomblé, 
evangélicos, etc. 
 
Para Fernandes, o Terceiro Setor deve buscar “interações positivas” com o Estado e, para 
isso, deve buscar a independência em relação ao Estado quanto a financiamento de suas 
A CARREIRA DO ADMINISTRADOR EM ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR 4 
atividades. Além disso, para ele, na América Latina o conceito de Terceiro Setor está muito 
ligado a uma dupla negação: não-lucrativo e não-governamental. 
 
Salamon, ao falar sobre o Brasil, diz que há “milhares de organizações comunitárias não 
registradas nas áreas pobres urbanas e rurais, que parecem ter aumentado em número 
significativamente na década passada [1980] como resultado do aprofundamento dos 
problemas econômicos e políticos”. 
 
A pesquisadora brasileira do ISER, Leilah Landim (em sua publicação “Para Além do 
Mercado e do Estado? - Filantropia e Cidadania no Brasil”), diz que um Estado “forte, 
patrimonialista e autoritário” numa sociedade como a brasileira contribuiria para a 
disseminação de organizações informais – isso devido às dificuldades colocadas pelo 
Estado (obtenção de benefícios, autorizações, regulamentos, subvenções, etc.). Essas 
dificuldades estimulariam a informalidade fazendo com que as organizações informais, ou 
seja, “abaixo da linha d'água”, provessem serviços sociais para a população sem possuir 
autorização formal do Estado. 
 
Peter Drucker destaca a importância do Terceiro Setor para a formação pessoal dos 
indivíduos em relação à conscientização para a ajuda ao próximo e para o aumento do bem-
estar da população. 
 
Leilah Landim colocou em evidência a importância do Estado centralizador e da forte 
religiosidade sobre a realidade do Terceiro Setor na sociedade brasileira. Ela diz que: “... é 
difícil aplicar mecanicamente os modelos que vêm sendo pensados para o Terceiro Setor 
quanto às sociedades democráticas que completaram com sucesso a trajetória do 
desenvolvimento e da modernidade. Onde colocar um país como o Brasil na espécie de 
continuum que se vem estabelecendo entre os ‘modelos’ holandês e escandinavo, quanto à 
conformação desse setor?” (p. 41). Para ela, o fato de existirem nos países da América 
Latina sistemas, como “sociedade do favor” e do “jeitinho”, dificulta a formação de 
instituições horizontais modernas características do Terceiro Setor. Já para os EUA, seria 
mais fácil devido ao fato de eles não possuírem esses mecanismos. 
 
Para Landim, o fato de muitas fundações serem instituídas pelo Estado desvirtua um pouco 
o caráter privado e não-governamental das organizações do Terceiro Setor, sendo que isso 
acaba aproximando-as de organizações paraestatais. 
 
Dentre os autores analisados, aquele que parece sugerir medidas mais práticas de estímulo a 
organizações do Terceiro Setor é Jeremy Rifkin. Rifkin parte da idéia já consensualmente 
aceita do Programa de Renda Mínima ou Imposto Negativo sobre a Renda e a desdobra na 
idéia de um salário social, ou seja, o desempregado continuaria a receber uma renda 
mínima, mas, em troca, teria que trabalhar em organizações comunitárias, o que também 
seria útil para sua formação e auto-estima. 
 
Outra idéia de Rifkin é o salário indireto para trabalho voluntário, que se baseia no 
abatimento de imposto de renda por doação de horas de trabalho voluntárias. Seria difícil 
A CARREIRA DO ADMINISTRADOR EM ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR 5 
avaliar quanto vale uma hora trabalhada voluntariamente. Além disso, seria difícil 
comprovar o número de horas que uma pessoa trabalhou voluntariamente. 
 
Rubem César Fernandes chama a atenção para o fato de as ONGs brasileiras ainda estarem 
muito voltadas para o aspecto político (exemplo: direitos humanos) e pouco para o 
econômico. 
 
A proposta de Fernandes e do CIVICUS consiste na promoção de interações e parcerias, 
principalmente por meio do estímulo da filantropia empresarial brasileira e apoio técnico do 
Estado; incentivo à doação particular e ao voluntariado; promoção e estímulo de um 
ambiente fiscal, político e legal propício para o desenvolvimento e crescimento da 
sociedade civil; estímulo à pesquisa e ao progresso sobre o Terceiro Setor a fim de apoiar as 
reivindicações de investimento social; empenho no diálogo com agências internacionais 
importantes; e valorização do poder do cidadão. 
 
Salamon afirma sobre as organizações sem fins lucrativos: “Por mais que se vangloriem de 
sua flexibilidade, as organizações não-lucrativas continuam a ser organizações. À medida 
que crescem em escala e complexidade, ficam vulneráveis a todas as limitações que afligem 
outras instituições burocráticas: indiferença, criação de obstáculos, rotinização e falta de 
coordenação.” Isso mostra que, à medida que as organizações do Terceiro Setor vão 
crescendo, surge a necessidade de uma pessoa para organizar as suas atividades a fim de 
que não se perca o controle e que o crescimento não cesse. Essa pessoa tem o perfil de um 
administrador. 
 
 
III. Carreira em organizações sem fins lucrativos 
 
Com o crescimento das organizações sem fins lucrativos (em tamanho e em número), a 
possibilidade de emprego e de carreira nessas organizações também aumenta e surgem 
então oportunidades para diversas categorias de profissionais. 
 
Nesta pesquisa, será enfatizada a possibilidade de carreira para os administradores que, 
nesse tipo de organização, devem dar atenção ao treinamento das pessoas, além de fornecer-
lhes apoio na execução de trabalhos. Eles devem também realizar projetos de curto prazo 
que visem a melhorias sociais, que possam difundir o trabalho da organização garantindo a 
sua imagem no longo prazo. Além disso, devem buscar uma interação positiva com o 
governo a fim de obter apoio na execução de projetos e no cumprimento dos objetivos da 
organização para garantir o respeito a sua missão. Porém não podem deixar que a entidade 
seja comandada pelo Estado. Esta deve manter autonomia e independência nas suas 
decisões. 
 
Um administrador de organizações sem fins lucrativos deve possuir, além de preocupação 
econômica, uma preocupação social e uma capacidade de trabalhar em equipe para poder 
executar com sucesso o maior número de projetos possíveis. 
 
A CARREIRA DO ADMINISTRADOR EM ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR 6 
Segundo Denise Chirspin Marim, as organizações sem fins lucrativos são uma fonte de 
empregos que se está consolidando no Brasil nos últimos anos e que exige novas 
especializações. Ainda segundo ela, uma das tendências desse tipo de organização é trocar o 
trabalho voluntário pelo de profissionais, passando a requisitar administradores de 
entidades sem fins lucrativos e fund raisers (captadores de fundos). 
 
O administrador desse tipo de organização deve conhecer o papel das instituições sem fins 
lucrativos, modelos de gestão adequados a essas instituições, fund raising (captação de 
doações de empresas), marketing voltado para a divulgação da ação social, ética em 
instituições sem fins lucrativos, dentre outros. Ele se defrontará com uma série de 
dificuldades, tais como avaliação do impacto e dos resultados de seus projetos, 
planejamento da aplicação dos recursos, capacitação técnica administrativa e operacional, 
informatização e alimentação de sistemas de informação, desenvolvimento de marketing 
apropriado. 
 
Segundo Luiz Carlos Merege, o Terceiro Setor está ganhando uma grande importância 
devido a sua geração de empregos. Enquanto os outros dois setores, o Estado e o Mercado, 
estão demitindo, as organizações do Terceiro Setor não param de contratar.Logo, conclui-se que, no desenho da sociedade contemporânea, o Terceiro Setor constituirá 
uma base sobre a qual os sistemas econômicos se apoiarão. 
 
Ainda sobre esse assunto, Oded Grajew, em seu texto “Uma Saída para o Desemprego 
Estrutural”, diz que o avanço tecnológico combinado com a globalização da economia está 
ocasionando um aumento do desemprego. Esse tipo de desemprego recebe o nome de 
desemprego estrutural. 
 
Para ele, o setor governamental e o setor privado não-lucrativo (fundações e entidades que 
trabalham em projetos na área cultural, social e na defesa dos direitos básicos do homem) 
possuem como objetivo principal a melhoria da qualidade de vida da população. Pode-se 
notar que esses dois setores são grandes empregadores de mão-de-obra. Isso pode ser 
comprovado por um estudo da universidade Johns Hopkins, dos Estados Unidos, que 
mostra que, em alguns países da Europa, nos Estados Unidos e no Japão, o setor 
governamental representa 27,6% dos empregos e o setor privado não-lucrativo, 4,5% dos 
empregos. 
 
Esse autor propõe que a sociedade aporte recursos de forma obrigatória (impostos e taxas) e 
voluntária (doações e contribuições ao Terceiro Setor) para que esses dois setores possam 
empregar mais pessoas e melhorar a qualidade de vida da população. 
 
Segundo o National Summary: Not-for-Profit Employment Forum the 1990 Census of 
Population and Housing, realizado pelo Independent Sector, Washington, D.C., a maioria 
das pessoas que trabalham no Terceiro Setor são mulheres e pessoas de cor. Isso ocorre 
tanto em cargos operacionais como em posições de comando. 
 
A CARREIRA DO ADMINISTRADOR EM ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR 7 
Ainda segundo esse estudo, o setor não-lucrativo e o governo empregam pessoas com maior 
nível educacional que o setor lucrativo. Quatro em cada dez pessoas do setor não-lucrativo 
e do governo possuem faculdade ou graus avançados; já no setor lucrativo, somente 17% 
das pessoas. 
 
Dentre os 7.7 milhões de pessoas que trabalham no setor não-lucrativo, 65% são mulheres. 
Já no governo, 53% são mulheres e no setor lucrativo, 44%. 
 
Segundo Cassandra Hayes em seu artigo “Deeds over Dollars”, conforme o número de 
organizações sem fins lucrativos cresce, as oportunidades de empregos nessas organizações 
também crescem. Essa autora ressalta que as principais organizações do Terceiro Setor são: 
fundações, associações de comércio, entidades civis, sociais, religiosas, fraternais, culturais, 
artísticas, de preservação do meio ambiente e internacionais. Ressalta também que as 
pessoas que consideram a possibilidade de trabalhar no Terceiro Setor devem 
primeiramente decidir o tipo de organização que almejam trabalhar. Um outro ponto 
enfatizado é o fato de que as pessoas se sentem motivadas a trabalhar nessas organizações, 
pois estão ao mesmo tempo trabalhando e ajudando a comunidade. 
 
Cabe ressaltar que o setor não-lucrativo está competindo com os outros setores por pessoas 
de qualidade. 
 
Segundo um estudo do Nonprofit Academic Centers Council nos Estados Unidos, os 
empregos no Terceiro Setor cresceram 32% entre 1982 e 1990. 
 
Para Cassandra Hayes, os cortes no orçamento realizados pelo governo serviram de 
estímulo a alianças estratégicas entre várias organizações sem fins lucrativos e, como 
resultado, a necessidade de se ter administradores experientes é grande. Contadores e 
advogados são profissionais altamente necessários nesse setor devido à transparência que 
essas organizações devem possuir perante a sociedade e, principalmente, perante os 
doadores. 
 
Dependendo do tipo de organização, as necessidades com relação a profissionais variam. 
Por exemplo, em entidades relacionadas ao atendimento de doentes, são necessários 
médicos e enfermeiras. 
 
Os profissionais de recursos humanos devem estar preparados para recrutar e reter não só 
funcionários pagos como também voluntários. 
 
Segundo Ronald L. Krannich e Caryl Rae Krannich, em “Jobs and Careers with Nonprofit 
Organizations”, enquanto o mercado e o Estado realizam programas de downsizing, as 
organizações sem fins lucrativos tendem a crescer. 
 
Eles prosseguem dizendo que, pelo fato de as organizações sem fins lucrativos 
proporcionarem cada vez mais serviços para a sociedade, elas necessitarão possuir um 
quadro de funcionários altamente competentes, além de administrar da melhor forma 
possível os recursos financeiros disponíveis. 
A CARREIRA DO ADMINISTRADOR EM ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR 8 
Logo, as organizações sem fins lucrativos tendem a ser um grande alvo de pessoas que 
buscam empregos e oportunidades de carreira, em detrimento ao Estado e ao mercado. 
 
Os autores acrescentam que existem mais de 700.000 organizações sem fins lucrativos que 
empregam aproximadamente 10 milhões de pessoas nos Estados Unidos (em torno de 8% 
da população economicamente ativa dos EUA). Porém elas são negligenciadas pelas 
pessoas que estão em busca de um emprego, devido ao fato de estas conhecerem muito 
pouco sobre esse tipo de organização e do seu potencial de contratação de mão-de-obra. 
Essas organizações podem ser encontradas em qualquer lugar, tratam de vários assuntos e 
representam uma série de interesses da sociedade. 
 
Dependendo do tipo de organização, os profissionais e os perfis desejados são diferentes, 
mas a maioria das organizações sem fins lucrativos precisa de pessoas com habilidade de 
comunicação e com conhecimentos em fund raising, pois elas sempre deverão mobilizar o 
apoio das pessoas para as atividades da organização. Porém até mesmo indivíduos com uma 
experiência de trabalho limitada, mas que demonstrem fortes habilidades de comunicação, 
de organização e de controle, possuirão grandes possibilidades de ter sucesso e de fazer 
carreira nesse tipo de organização. 
 
Nas organizações sem fins lucrativos, as possibilidades variam desde altos executivos até 
profissionais de menor qualificação. 
 
Similarmente às organizações governamentais e empresas lucrativas, as organizações sem 
fins lucrativos trabalham com orçamentos anuais, mas os esforços são canalizados para a 
captação de recursos em detrimento do marketing ou da venda de produtos e serviços. 
 
A produtividade nas organizações do Terceiro Setor é medida em relação ao cumprimento 
de objetivos propostos. 
 
Logo, as organizações do Terceiro Setor oferecem uma grande gama de empregos em que 
as pessoas podem desenvolver carreira e atingir grandes níveis de satisfação. Um avanço na 
carreira freqüentemente significa sair de uma organização pequena para uma maior, que 
oferece mais responsabilidades e opera com orçamentos maiores. 
 
O nível de salários e benefícios varia dependendo da natureza da organização. Sabe-se que 
várias organizações oferecem trabalhos muito mal remunerados, pois é muito utilizado 
ainda o recurso do trabalho voluntário. Mas sabe-se também que organizações de pesquisa, 
fundações e associações comerciais e de profissionais oferecem altos salários e uma grande 
gama de benefícios. Para Ronald L. Krannich e Caryl Rae Krannish, normalmente, no 
Terceiro Setor ganha-se 25% a menos que em organizações com fins lucrativos. 
 
O trabalho em organizações pode ser altamente confortante, uma vez que as pessoas podem 
estar ajudando umas às outras, ou trabalhando em atividades interessantes como arte, 
cultura, história, educação, serviço social, direito, política, dentre outros. 
 
A CARREIRA DO ADMINISTRADOR EM ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR 9 
Algumas pessoas que trabalham no governo e em organizações com fins lucrativos sairão 
destas para trabalhar no Terceiro Setor. A experiência adquirida em organizações sem fins 
lucrativos pode servir de marco inicial para ótimas oportunidades de carreira tanto em 
organizações governamentais quanto em organizações com fins lucrativos. 
 
Para Regina E. Herzlinger em “Effective Oversight: a Guide for Nonprofit Directors”, cada 
vez mais pessoas estão vendo as organizações sem fins lucrativos como um “endereço” para 
a solução de problemassociais. Ela destaca que a transparência em relação à sociedade e 
aos doadores deve ser um fator essencial nas organizações sem fins lucrativos. 
 
O artigo “Careers in the Third Sector”, de Jenny Onyx e Madi Maclean, diz que o conceito 
de carreira tende a ser idealizado como a mobilidade ascendente em uma hierarquia. 
Embora estejam ocorrendo transformações nas organizações devido à globalização e ao 
conseqüente aumento da competitividade, é assumido que a maioria dos funcionários é 
motivada pelo aumento das responsabilidades, do status e da remuneração. Porém, segundo 
esse critério, as pessoas que trabalham no Terceiro Setor não teriam carreira. 
 
Esse artigo se refere a uma pesquisa realizada em New South Wales na Austrália. Foram 
perguntadas quais as razões para a entrada no Terceiro Setor, e os itens mais mencionados 
foram: comprometimento filosófico ou político, comprometimento com mudança social, 
horário ou local conveniente para a família, experiência de vida pessoal e experiência 
voluntária. 
 
Foram também perguntadas as razões para apresentar-se para empregos no Terceiro Setor e, 
dentre as respostas, 24% dos entrevistados pensam na possibilidade de carreira na 
organização. 
 
Uma informação interessante apresentada pelos autores é que a definição tradicional de 
carreira (linear) não se aplica a organizações do Terceiro Setor. Nas organizações sem fins 
lucrativos, o conceito de carreira espiral é mais aplicável. Nesse conceito, é enfatizado o 
estilo integrativo de decisão e o crescimento pessoal. As pessoas que possuem carreira 
espiral procuram criatividade, proximidade interpessoal e generosidade. 
 
 
IV. A questão dos salários nessas organizações 
 
Segundo o artigo “Nonprofit Executives See More Incentive Pay”, pelo medo de perder os 
seus melhores executivos para o setor lucrativo, as organizações do Terceiro Setor 
começaram a aumentar o pagamento para os seus executivos. Um estudo realizado por 
William M. Mercer Inc., New York, chegou à conclusão de que 58% das 72 fundações e 
associações pesquisadas oferecem incentivos anuais e outros elementos de pagamento que 
são novos para as organizações sem fins lucrativos. 
 
Esse artigo destaca que 61% dessas organizações adotaram esses incentivos de pagamento 
nos últimos 5 anos e que uma minoria significante (30%) ainda resiste a essa prática, 
citando a inconsistência desses métodos para o status das organizações sem fins lucrativos. 
A CARREIRA DO ADMINISTRADOR EM ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR 10 
Dentre as organizações sem fins lucrativos que oferecem salário variável, 2/3 relacionam os 
incentivos a objetivos de negócio e adesão de novos doadores, enquanto 35% os relacionam 
a objetivos orçamentários. 
 
Um outro ponto apresentado é o fato de que os executivos do Terceiro Setor chegam a 
receber uma grande variedade de benefícios, tais como concessão de carros, almoços, 
atendimento médico, estacionamento e telefones celulares. Mesmo com todos esses novos 
incentivos e bônus, a sua remuneração total freqüentemente fica abaixo daquela oferecida 
pelas organizações lucrativas. 
 
O artigo “Nonprofit Salaries: What Are You Paying for”, de Gretchen Gemeinhardt e Steve 
Werner, ajuda as organizações sem fins lucrativos a determinar os salários de seus 
empregados. Para a realização do artigo, foram pesquisadas organizações sem fins 
lucrativos e 2.333 empregados em todos os níveis organizacionais. 
 
Pela pesquisa, foi possível identificar que os salários variam em relação a raça, sexo, 
posição de supervisão, tempo de experiência, nível educacional, decisões tomadas pela 
pessoa e performance organizacional. 
 
A pesquisa ressalta que as pessoas do sexo masculino que trabalham em organizações sem 
fins lucrativos ganham mais que as do sexo feminino. O mesmo ocorre com os brancos que 
ganham mais que os não-brancos. Além disso, aqueles que possuem um cargo de 
supervisão ganham mais que os que não possuem. 
 
Nota-se também que a remuneração aumenta de acordo com o tempo de experiência de 
trabalho e o número de decisões tomadas, ou seja, quanto maior a experiência e o número 
de decisões, maior o salário. 
 
Também é possível identificar que a remuneração aumenta de acordo com o aumento do 
grau de instrução das pessoas. Por exemplo, uma pessoa sem colegial recebe em média 
US$ 1.000 por mês. Já uma pessoa com mestrado/MBA recebe em média US$ 2.500 e 
finalmente uma pessoa com doutorado recebe em média US$ 4.500 por mês. Isso mostra 
que a relação estudo/salário nessas organizações é diferente do que nas organizações com 
fins lucrativos onde um MBA traz maiores salários do que um doutorado. 
 
De acordo com Cassandra Hayes, um problema referente ao Terceiro Setor é a 
remuneração, que é em média 15% mais baixa que nas organizações com fins lucrativos. 
Porém isso está mudando, pois as organizações sem fins lucrativos estão passando a utilizar 
alguns fatores a fim de tornar esse setor mais atraente. Dentre esses fatores, é possível citar: 
incentivos, pagamentos de acordo com performance e bônus, dentre outros. 
 
De acordo com uma pesquisa sobre o salário em organizações sem fins lucrativos, realizada 
em 1994 pela Coopers & Lybrand, os diretores executivos ganham em média US$ 6.040,00 
por mês; os administradores financeiros, US$ 3.833,00; e os altos executivos de recursos 
humanos, US$ 3.517,00. 
 
A CARREIRA DO ADMINISTRADOR EM ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR 11 
Já uma pesquisa realizada pela Ernest & Young em organizações sem fins lucrativos em 
Nova York apontou que, devido ao fato de o custo de vida nessa região ser mais elevado, os 
salários também são. Os altos executivos ganham em média US$ 11.417,00 por mês, e os 
administradores financeiros, US$ 6.775,00. 
 
 
V. Como a educação está se adaptando às necessidades do Terceiro Setor 
 
Para que os profissionais se adaptem às necessidades do Terceiro Setor, as universidades de 
administração estão oferecendo cursos sobre administração de organizações não lucrativas. 
 
Luiz Carlos Merege, em seu artigo “Filantropia e universidade”, fala sobre o 2o. Encontro 
Ibero-Americano de Filantropia realizado em Guadalajara na primeira semana de outubro 
de 1994. Este reuniu fundações e entidades filantrópicas da Europa, dos Estados Unidos e 
da América Latina. O encontro concluiu que caberá às universidades da América Latina: 
 
1. formar dirigentes de organizações não-lucrativas, tendo em vista a necessidade urgente 
de profissionalização de suas atividades; 
 
2. pesquisar a respeito do tamanho do setor (número de pessoas), assim como mensurar o 
volume de recursos que movimenta; 
 
3. promover mudanças na legislação para que o setor possa se desenvolver em sua 
plenitude; 
 
4. estudar as relações desse setor emergente com o Estado, a fim de definir melhor a sua 
área de atuação; 
 
5. facilitar as relações entre doadores e organizações que necessitam de recursos; 
 
6. servir de elo de união entre as organizações não-lucrativas do continente, assim como 
possibilitar que entidades com diferentes naturezas estabeleçam vínculos entre si, como, 
por exemplo, ONGs e fundações privadas. 
 
A autora Patrícia da Cunha Tavares, no seu artigo “O Papel das Universidades no 
Desenvolvimento do Terceiro Setor”, afirma que não se pode dizer que as organizações sem 
fins lucrativos realizam o seu trabalho da melhor forma possível, uma vez que lhes falta 
uma gerência profissional que possibilitaria sua transformação em uma empresa social, 
visando a sua auto-sustentação e aplicação eficiente dos recursos disponíveis. Ela destaca 
que, para conseguir realizar essa transformação, essas organizações precisam ser ajudadas 
pelas universidades e escolas de administração, devido aos seguintes motivos: 
 
* nesses lugares, são proporcionados conhecimento e pesquisa que podem ser multiplicados 
para organizações do Terceiro Setor; 
 
 
A CARREIRA DO ADMINISTRADOR EM ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR 12 
* a interface universidade – Terceiro Setor proporciona umagrande riqueza tanto para o 
estudo das características organizacionais quanto para a formação do futuro profissional 
de administração. “O Terceiro Setor é mercado de trabalho com possibilidade de carreira, 
sendo isso valorizado pelos estudantes/futuros profissionais de administração.” Com a 
realização de consultorias e assessorias, são beneficiadas tanto as universidades quanto as 
organizações do Terceiro Setor. 
 
Ainda segundo a autora, as universidades devem formar um administrador socialmente 
responsável, sensibilizado para a questão social. 
 
Segundo o artigo “Unveiling the Hidden Sector” de Allan R. Clyde, existe um fundo de 
pesquisa do setor não-lucrativo - Nonprofit Sector Research Fund (NSRF) - que está 
trabalhando para aumentar a visibilidade pública, o entendimento e o suporte por meio de 
pesquisas. Esse artigo diz que, de acordo com o Nonprofit Almanac, muito mais pessoas 
trabalham no setor não-lucrativo do que na indústria americana de carros. O ganho com o 
emprego nesse setor cresceu de $ 75,9 bilhões para $ 254,8 bilhões entre 1977 e 1990. 
Apesar desses números que mostram o tamanho e a importância do setor não-lucrativo, 
existe a necessidade contínua de visibilidade mais forte desse setor para alcançar a 
compreensão de um público maior e para apoiar o papel desse setor na sociedade. Uma 
parcela dessa necessidade está sendo tratada pelo NSRF, criado para apoiar pesquisas 
independentes e de alta qualidade que podem informar qualquer pessoa interessada no setor 
não-lucrativo. 
 
A diretora do NSRF, Elizabeth T.Boris, diz: “O setor não-lucrativo é invisível para a 
maioria das pessoas que trabalham nele, para os acadêmicos que estudam a maneira como a 
sociedade americana funciona e para líderes políticos que fazem leis.” 
 
A necessidade de um fundo como o NSRF foi reconhecida não só pelo setor não-lucrativo, 
mas também pelas universidades. 
 
A lacuna de pesquisas independentes e o interesse contínuo em documentar o setor 
incentivaram algumas fundações a ajudar faculdades e universidades a estabelecer os seus 
próprios centros de pesquisa filantrópicos, tais como o programa de Organizações sem Fins 
Lucrativos da Yale University, o Mandel Center da Case Western University, o Center on 
Philanthropy da Indiana e o Center for Studies on Philanthropy da City University of New 
York. 
 
Exemplos de pesquisas financiadas pelo NSRF: 
 
* “Nonprofit Industrial Development Organizations - Accountability and Distributional 
Effects” (Organizações sem Fins Lucrativos de Desenvolvimento Industrial - 
Responsabilidade e Efeitos da Distribuição). 
 
* “The Efficiency and Effectiveness of Tropical African Private Voluntary Agency 
Development Consortia: Lessons for the Development Community and International 
Donors” (A Eficiência e a Efetividade do Consórcio de Agências Voluntárias de 
A CARREIRA DO ADMINISTRADOR EM ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR 13 
Desenvolvimento na África Tropical: Lições para a Comunidade em Desenvolvimento e 
para Doadores Internacionais). 
 
* “Organizational Change and Transformation: Success, Survival and Decline Among 
Feminist Groups in the 1990s” (Mudança e Transformação Organizacional: Sucesso, 
Sobrevivência e Declínio entre Grupos Feministas nos anos 90). 
 
O NSRF está planejando aumentar a sua base de doadores e o número de pesquisas 
financiadas. Está também implementando fundos de pesquisa regionais para que doadores 
contribuam nas suas próprias regiões. 
 
Ele também planeja patrocinar conferências e desenvolver programas envolvendo as 
organizações sem fins lucrativos para identificar as questões práticas de pesquisa que 
tragam maiores benefícios para elas, além de provisionar assistência técnica para as pessoas 
interessadas em desenvolver propostas de pesquisa. 
 
Segundo Elizabeth T. Boris, o objetivo do fundo “é aumentar a quantidade de dinheiro que 
o setor não-lucrativo está investindo na sua própria pesquisa e desenvolvimento”. Ela 
prossegue dizendo que “o mercado, o governo e o setor sem fins lucrativos são parceiros na 
nossa sociedade, mas o setor não-lucrativo é o menos estudado, o menos documentado e o 
menos visível dentre os parceiros”. 
 
Para atender às necessidades do Terceiro Setor, a educação deve sofrer algumas 
modificações. 
 
Peter Baalen e Lucas Meijs, no seu artigo “The Unpaved Road to Entrepreneurship in the 
Third Sector, How Education Must Change too”, dizem que estão trabalhando em um 
projeto em conjunto com as faculdades de administração e de administração pública a fim 
de esboçar um novo programa educacional para estudantes que querem adquirir 
conhecimento sobre problemas administrativos em organizações do Terceiro Setor. A 
administração para organizações sem fins lucrativos deve ser diferente da administração 
para empresas públicas e empresas lucrativas. A diferença não está no esboço pedagógico 
do programa, e sim no conteúdo dos cursos. 
 
Para eles, os administradores das organizações sem fins lucrativos precisam ter habilidades 
específicas e responsabilidades que não são usuais. É freqüentemente dito que os 
administradores de organizações do Terceiro Setor devem ter um contato real com a missão 
da organização, devem ter “feeling” político. Os administradores, concebidos como 
trabalhadores com conhecimento, aplicam e criam conhecimento para resolver problemas 
particulares das organizações. 
 
O artigo “Nonprofit Management Education in the Year 2000”, de Naomi B. Wish e 
Roseanne Mirabella, fala sobre os resultados preliminares do projeto para avaliar a 
efetividade e os impactos nas faculdades e universidades em relação à educação para a 
administração das organizações sem fins lucrativos. Foram pesquisadas as universidades e 
faculdades que possuem programas com uma concentração na administração das 
A CARREIRA DO ADMINISTRADOR EM ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR 14 
organizações sem fins lucrativos. O questionário foi mandado para mais de 1.000 
faculdades e universidades que são membros da AACSB (Congregação das Escolas de 
Administração), da NASPAA (Associação Nacional de Negócios Públicos e 
Administração), da ARNOVA (Associação dos Pesquisadores de Organizações sem Fins 
Lucrativos e Ações Voluntárias) e do NACC (Conselho Nacional de Centros Acadêmicos). 
 
Mais de trezentos estabelecimentos de ensino responderam ao questionário. Destes, 102 
possuem matérias sobre Administração de Organizações sem Fins Lucrativos para alunos 
de pós-graduação e 46 possuem essas matérias para alunos de graduação. 
 
No Brasil, a Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio 
Vargas foi pioneira em iniciativas, no que diz respeito ao ensino e pesquisa sobre o Terceiro 
Setor, ao criar o Centro de Estudos do Terceiro Setor, que concentra alunos e professores 
para oferecer cursos e realizar pesquisas nessa área. 
 
O Centro de Estudos do Terceiro Setor foi criado em setembro de 1994, com o objetivo de 
atuar na área acadêmica, treinando profissionais do setor por meio de cursos oferecidos pelo 
Programa de Educação Continuada da Fundação Getulio Vargas e oferecendo disciplinas 
nessa área para alunos de graduação e pós-graduação, e também com o objetivo de realizar 
pesquisas e fornecer serviços de assessoria e consultoria, realizando planejamento 
estratégico para as organizações do Terceiro Setor. Esse Centro é coordenado pelo 
Professor Luiz Carlos Merege. A Escola oferece também matérias sobre administração de 
organizações sem fins lucrativos para os alunos da graduação. 
 
É possível concluir que as universidades estão cada vez mais se preocupando em preparar 
profissionais para o Terceiro Setor, não só nos Estados Unidos como também no Brasil. 
 
Nas faculdades de Administração de Empresas, o número de disciplinas e cursos oferecidos 
sobre administração de organizações sem fins lucrativos, assim como o número de alunos 
interessados por esse novo campo de trabalho, está crescendo. 
 
 
VI. Conclusão 
 
As organizações sem fins lucrativos possuem crescentespapéis políticos, econômicos e 
sociais. Elas adquirem importância na provisão de serviços sociais para a população, uma 
vez que o Estado não consegue provê-la de todos. Logo, representam uma possibilidade de 
mudança social para aumentar a qualidade de vida das pessoas. 
 
Alguns pontos positivos dessas organizações são a possibilidade de mudança social, a 
possibilidade de as pessoas trabalharem em prol de uma causa social, o espírito de 
solidariedade que existe dentro dessas organizações, o espírito de crescimento em conjunto 
e de participação, o ambiente de trabalho agradável e o fato de que essas organizações não 
são burocráticas. Alguns pontos negativos são a probabilidade de que elas passem a 
depender do setor público e até mesmo do setor privado em virtude da falta de recursos, a 
A CARREIRA DO ADMINISTRADOR EM ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR 15 
falta de organização interna e o fato de que algumas organizações não realizam prestação de 
contas. 
 
Essas organizações apresentam alguns valores bastante positivos, como transparência, 
solidariedade e gestão participativa. 
 
A quantidade e o tamanho das organizações sem fins lucrativos estão aumentando a cada 
dia e, com isso, elas estão contratando um número cada vez maior de profissionais. 
Enquanto o Estado e o setor privado lucrativo realizam cortes e enxugamento no quadro de 
funcionários, as organizações sem fins lucrativos não param de contratar. 
 
Uma característica importante das pessoas que trabalham nessas organizações é a vontade e 
o empenho em ajudar os outros, o que proporciona um aumento na qualidade de vida das 
pessoas. Nessas organizações, ainda existe muito trabalho voluntário, porém cada vez mais 
elas estão se profissionalizando. 
 
Conforme o tipo de entidade, diferentes especializações profissionais são requeridas. Por 
exemplo, uma entidade de ajuda médica necessita de médicos e enfermeiros e assim por 
diante. 
 
Com o crescimento dessas organizações, surge a necessidade de contratar um profissional 
que se encarregue da gestão dos recursos financeiros, materiais e humanos, além da 
organização das atividades, para que seja executado o maior número de projetos possíveis. 
Esse profissional possui o perfil de um administrador. 
 
Um administrador de organizações sem fins lucrativos não deve estar preocupado somente 
com o seu retorno econômico, mas também em ajudar ao próximo. 
 
Nessas organizações, ao contrário das organizações com fins lucrativos, não existe 
competição entre as pessoas; o que existe é competição para realizar o maior número de 
projetos possíveis, ou seja, todos trabalham juntos para executar projetos que ajudem a 
população. Logo, um administrador de organizações sem fins lucrativos também deve saber 
trabalhar em equipe. 
 
Um outro papel que pode ser exercido pelo administrador é o de captar recursos. As 
organizações sem fins lucrativos devem possuir uma constante e segura captação de 
recursos para que possam cumprir os seus objetivos. 
 
Muitas universidades de administração já possuem cursos e matérias para preparar o 
administrador para o trabalho nessas organizações. A Escola de Administração de Empresas 
de São Paulo da Fundação Getulio Vargas oferece matérias optativas no curso de 
Administração de Empresas sobre administração de organizações sem fins lucrativos. Além 
disso, a Escola possui um curso do Programa de Educação Continuada que visa atender 
profissionais que já estão trabalhando na área. 
 
A CARREIRA DO ADMINISTRADOR EM ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR 16 
As universidades também possuem o papel de formar administradores socialmente 
responsáveis, que não se preocupem somente com o retorno financeiro. 
 
Quanto aos salários nessas organizações, pode-se notar que estão sendo aumentados e que, 
por mais que estejam ainda de 15% a 25% mais baixos que os das organizações com fins 
lucrativos, a tendência é que subam cada vez mais. 
 
É possível concluir que o Terceiro Setor ainda tem muito para crescer, em tamanho, em 
conhecimento, em profissionalização, em número de funcionários contratados e 
principalmente em número de pessoas atendidas, em número de projetos executados com 
sucesso e também no aumento da qualidade de vida da população. Logo, cada vez mais 
profissionais, dentre eles administradores, serão contratados por essas organizações e 
conseqüentemente o Terceiro Setor será um campo que constituirá uma ótima oportunidade 
de carreira para esses profissionais. 
 
 
VII. Levantamento bibliográfico 
 
Foi realizado um levantamento bibliográfico na biblioteca da Fundação Getulio Vargas, na 
qual foram consultados todos os livros e artigos disponíveis sobre o assunto. 
 
Devido à novidade do tema, foi realizada uma pesquisa em CD-ROM (ABI) para obter 
algumas publicações recentes, em periódicos, específicas sobre o assunto. 
 
Os artigos obtidos pela pesquisa, via CD-ROM, foram solicitados na biblioteca da 
Fundação Getulio Vargas, porém somente dois artigos estavam disponíveis no acervo. 
Houve então a necessidade de realizar uma pesquisa no COMUT para localizar os artigos. 
Estes foram localizados no The British Library Document Supply Centre e foram remetidos 
para a biblioteca da Fundação Getulio Vargas, que posteriormente os entregou ao 
pesquisador. 
 
Ainda pela novidade do tema, houve a necessidade de se realizar uma pesquisa na Internet. 
Foram localizados três sites que possuíam oportunidades de emprego no Terceiro Setor. 
São eles: 
 
1) http://www.careerexpo.com/pub/library/nonprofit.htm 
2) http://www.phylantropy-journal.org 
3) http://www.occ.com 
 
Outro site visitado e estudado foi o do Foundation Center que possui uma série de 
informações sobre fundações e sobre a elaboração de projetos na área. O endereço 
eletrônico é: http://www.fdncenter.org/2index.html. 
 
 
 
 
A CARREIRA DO ADMINISTRADOR EM ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR 17 
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