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SEGURAÇA PÚBLICA 1. Direitos Humanos: desarmamento e combate aos preconceitos de gênero, étnico, racial, geracional, de orientação sexual e de diver- sidade cultural. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01 2. Criação e fortalecimento de redes sociais e comunitárias. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01 3. Instituições de segurança pública e do sistema prisional. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 03 4. Enfrentamento do crime organizado e da corrupção policial. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 5. Garantia do acesso à Justiça. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 6. Valorização dos espaços públicos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 7. Participação da sociedade civil. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 8. Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (PRONASCI).. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 SEGURAÇA PÚBLICA 1 DIREITOS HUMANOS: DESARMAMENTO E COMBATE AOS PRECONCEITOS DE GÊNERO, ÉTNICO, RACIAL, GERACIONAL, DE ORIENTAÇÃO SEXUAL E DE DIVERSI- DADE CULTURAL O Estatuto do Desarmamento Devido ao aumento das mortes e da violência envolvendo ar- mas de fogo no Brasil, o governo federal junto a sociedade, através do Ministério da Justiça, buscou uma ação efetiva para o controle do armamento em poder da população. Dentre os muitos esforços empregados destacamos aqui o Estatuto do Desarmamento. A Lei nº 10.826/2003 que foi uma mudança significativa de como contro- lávamos as armas no Brasil, pois ela regula os seguintes termos: re- gistro, posse, porte e a comercialização de armas de fogo e munição no território nacional. Exclusão social Exclusão social1 é um conceito que caracteriza a exclusão ou afastamento de grupos do sistema socioeconômico predominante. Mas elas não estão apenas relacionadas as questões socioeconômi- cas dos indivíduos. Outros fatores também influenciam na exclusão de grupos do sistema imposto e determinado como correto pela sociedade. Tipos de Exclusão Social - Exclusão de gênero: geralmente, mulheres e grupos que não se adequam ao gênero de nascimento, como os transexuais. - Exclusão Cultural: existente por conta das práticas culturais de determinados grupos. Por exemplo, os mitos e rituais de algumas aldeias são considerados fora do padrão sociocultural predominan- te. - Exclusão Étnica:existente em relação a minorias étnicas, como por exemplo negros e indígenas. - Exclusão Patológica: o indivíduo é excluído pela sociedade por ser portador de alguma doença (física, mental ou imunológica) ou por alguma necessidade especial. Cadeirantes e grupos portadores de AIDS e autistas, por exemplo, são excluídos por conta de suas condições. - Exclusão Religiosa: grupos excluídos por não seguirem a reli- gião oficial e imposta pela sociedade. Por exemplo os muçulmanos e membros de religiões de matriz africana, que sofrem preconceito no Brasil. A questão da exclusão étnica no Brasil, por exemplo, tem ori- gens históricas. Os indígenas, grande maioria no país durante a épo- ca da chegada dos portugueses. A tentativa de alterar os hábitos, religiosidade e costumes indígenas foi uma forma de padronizá-los à nova realidade brasileira, descaracterizando e ignorando por com- pleto seus hábitos e padrões culturais. Além disso temos também a exclusão social dos negros. Mes- mo após a abolição da escravatura, em 1888, os negros não foram integrados à sociedade da época por conta das questões culturais, sociais e econômicas e ainda hoje enfrentam o preconceito e ex- clusão. Os LGBTQIA+ (aqui caracterizado pela exclusão de gênero) mo- vimento, que nasceu com a sigla GLS, busca lutar pelos direitos e inclusão de pessoas de diversas orientações sexuais e identidades de gênero.É o movimento político e social que defende a diversida- de e busca mais representatividade e direitos para a comunidade. O seu nome demonstra a sua luta por mais igualdade e respeito à diversidade. 1 Disponível emhttps://querobolsa.com.br/enem/sociologia/exclu- sao-social Acesso em 19.05.2021 O Brasil tem adotado políticas de ações afirmativas, ao longo dos anos, em relação a negros e indígenas, como a obrigatoriedade das cotas, por exemplo. É uma tentativa proposta pelo governo e vários órgãos e entidades de minimizar anos de práticas e ações excludentes. As chamadas minorias sociais nem sempre fazem parte da minoria populacional. Levando em conta o fator econômico, por exemplo, os dados do IBGE, levantados em 2017, apontam que na- quele ano os 10% mais ricos detinham 43,3% da renda do país, en- quanto os 10% mais pobres tinham acesso a apenas 0,7% da renda total do país. Conselho Nacional de Combate à Discriminação e Promoção dos Direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (CNCD/LGBT)2 O Conselho Nacional de Combate à Discriminação e Promoção dos Direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (CNCD/LGBT) é um órgão colegiado, integrante da estrutura básica do Ministério dos Direitos Humanos, criado por meio da Medida Provisória 2216-37 de 31 de Agosto de 2001. Suas políticas são voltadas para a promoção da igualdade racial e para a população indígena sendo executadas por outros órgãos, em dezembro de 2010 o Governo Federal institui nova competência e estrutura ao CNCD/LGBT, por meio do Decreto nº 7388, de 9 de dezembro de 2010. Para atender uma demanda histórica do movi- mento LGBT brasileiro e com a finalidade de potencializar as políti- cas públicas para a população LGBT, o agora CNCD/LGBT passa a ter como finalidade formular e propor diretrizes de ação governamen- tal, em âmbito nacional, voltadas para o combate à discriminação e para a promoção e defesa dos direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais. A grande preocupação do CNCD/LGBT tem sido fomentar e acompanhar as políticas públicas, além da busca incansável de sen- sibilizar os órgãos de Estado nas ações de defesa e garantia dos di- reitos da população LGBT. CRIAÇÃO E FORTALECIMENTO DE REDES SOCIAIS E COMUNITÁRIAS De acordo com Robert Peel, autor inglês reconhecido pela dou- trina como precursor na estruturação da polícia moderna em 1829, “a polícia é o povo e o povo é a polícia”. Tal definição leva à compre- ensão de que uma pessoa que faz parte de uma instituição policial é, antes de tudo, um integrante do povo; bem como, no processo de implantação da polícia comunitária, a comunidade é encorajada a participar ativamente da resolução de seus problemas. A estratégia de Polícia Comunitária oferece, então, meios para o processo de fortalecimento dos cidadãos, no sentido de compar- tilharem entre si e com a polícia a tarefa de planejar práticas para enfrentar o crime. Características da Polícia Comunitária Gestão participativa e prestação de contas A comunidade participa na escolha de prioridades a serem re- solvidas e avaliação do serviço executado, através de conselhos co- munitários de segurança, os quais sempre manterão o foco na mel horia geral da qualidade de vida. 2 Disponível em https://www.gov.br/mdh/pt-br/acesso-a-informacao/ participacao-social/conselho-nacional-de-combate-a-discriminacao- -lgbt/conselho-nacional-de-combate-a-discriminacao-lgbt Acessoem 05.08.2021 SEGURAÇA PÚBLICA 2 Polícia e Cidadania Opção da polícia por participar no desenvolvimento de uma sociedade democrática, deslocando a ênfase do controle social para a mediação de conflitos. - Supervisão comunitária da polícia: “Toda instituição policial deve ser representativa da comunidade como um todo e deve ser res- ponsável perante ela e prestar lhe contas”. (Resolução 34/169 da Assembleia das Nações Unidas, de 17 Dez 79). Dada a proximidade e a participação da comunidade, a supervisão acontece de forma natural, sem constrangimentos, pois, o próprio policial se sente constrangido em agir de maneira errada ou se omitir perante as demandas vindouras. - Defesa dos direitos humanos: A polícia resgata sua função, assumindo compromisso existencial de defesa do pacto social com o res- peito à vida antes de tudo. - Isenção político partidária: Os Conselhos Comunitários não devem ter, na sua Diretoria e em seus Conselhos, membros que exerçam cargos públicos eletivos ou liderança político partidária, como uma das formas de evidenciar na comunidade o seu caráter não partidário, que deve revestir todos os seus atos, para que sua atuação não se confunda com interesses políticos eleitorais. Controle da Qualidade Total - Produtividade: A redução de índices de criminalidade e de acidentes, e aumento da sensação de segurança por parte da comunidade, proporcionando tranquilidade antes de tudo quanto à própria atuação e, durante ela, é o produto final desejado pela Polícia - Orientação pelo cliente-cidadão: Desde a adequação do próprio modelo, passando pela fixação de prioridades, até a verificação da interceptação de resultados, a opinião dos clientes é fundamental para a polícia. As necessidades e expectativas da comunidade devem ser correspondidas - Qualidade em primeiro lugar: A identificação da qualidade no “mercado” é feita através dos Conselhos Comunitários e outros mecanismos de “orientação pelo cliente”. - Ação orientada por prioridades: Priorizar os problemas críticos na função desempenho, confiabilidade, custo, desenvolvimento, etc. Os problemas que assolam as questões de segurança pública de maneira direta ou indireta devem, após ação conjunta (polícia e comuni- dade), serem priorizados, norteando as ações destinadas à prevenção. - Ação orientada por fatos e dados (cientificidade): Falar, raciocinar e decidir com base em dados e fatos. - Controle de processos: A qualidade é integrada no produto, durante o processamento. É necessário que todos os servidores se com- prometam com o resultado do seu próprio trabalho, em todas as fases (todos os processos), do planejamento à atividade de linha. Após a priorização dos problemas a serem resolvidos, o processo de solução dos mesmos deve ser acompanhado em todas as suas fases, visando garantir o sucesso final desejado. - Controle da dispersão: Deve-se estabelecer limites de tolerância na variação dos resultados desejados. A dispersão deve ser observa- da cuidadosamente, isolando-se sua causa fundamental e estabelecendo-se ações corretivas. Cabe ao policial militar comunitário desdo- brar-se para garantir que as soluções dos problemas aconteçam conforme o planejado, para tanto, deve acercar-se de cuidados a evitar a dispersão que leve a resultados adversos. - Clientes no processo: A relevância da participação ativa dos clientes (comunidade) como fator de geração de valor nos processos de identificação, priorização e solução dos problemas que afetam as questões de segurança pública local. - Controle prévio (proatividade na prevenção): Prever possibilidades de problemas para eliminar seus fatos motivadores organizacio- nais. O policial deve estar sempre um passo à frente das situações concretas que possam desencadear situações de violência e de crime. A prevenção primária é parte fundamental do policiamento comunitário. - Ação de bloqueio: Adotar medidas de bloqueio para que o mesmo problema não ocorra outra vez pela mesma causa. Deve-se buscar ações de prevenção que sejam duradouras, perenes, com o intento de expurgar a situação de fragilidade que pode levar à violência e ao crime causados pela mesma origem. - Valorização humana: Compreende: 1) Padronizar toda tarefa específica; 2) Educar, treinar e familiarizar todos os servidores; 3) Dependendo da capacidade do servidor, delegar cada tarefa após certificação; 4) Solicitar sua criatividade para manter e melhorar sua rotina diária; 5) Organizar um programa de crescimento da capacidade para o desenvolvimento pessoal dos servidores. O policial é extremamente importante para o sucesso das ações de prevenção primária, pois, é o polarizador e incentivador da comu- nidade. Assim, valorizar o profissional em sua humanidade é garantir resultados positivos. - Comprometimento da alta direção: Entender a definição da missão da organização e a visão estratégica da alta direção e executar as diretrizes e metas através de todas as chefias. Para que todo e qualquer projeto dê certo em uma organização, é de extrema importância que haja a participação efetiva do seu mais alto escalão que é, dentro da estrutura administrativa, quem define as prioridades de atuação da área operativa. SEGURAÇA PÚBLICA 3 A Polícia Comunitária é a filosofia de trabalho indistinta dire- cionada a todos os integrantes das instituições policiais, sendo um de seus pilares estruturais, o Policiamento Comunitário é a ação de policiar, patrulhar o território para evitar, pela presença do agente público, a prática de ilícitos penais e contravencionais, de desenvol- ver ações efetivas junto à comunidade com o escopo de prevenir delitos e eventualmente reprimi-los. O policiamento comunitário traduz-se, assim, em ações inicia- das pelas polícias para utilizar um potencial não aproveitado na co- munidade para lidar com mais eficácia e eficiência com os proble- mas do crime, principalmente na sua prevenção. A prevenção comunitária do crime está incorporada na noção de que os meios mais eficazes de evitar o crime devem envolver os moradores na intervenção proativa e na participação em proje- to, cujo objetivo seja reduzir ou prevenir a oportunidade para que o crime não ocorra em seus bairros (ROSENBAUM apud MOORE, 2003, p.153). O diferencial do ‘policiamento comunitário’ consubstancia-se num serviço policial que se aproxime das pessoas, com identificação bem definida, personalizando o policial, com um comportamento regulado pela frequência pública cotidiana, submetido, portanto, às regras de convivência cidadã. Os processos de policiamento que mais favorecem a aproxima- ção comunitária podem assim ser apontados: (i) policiamento a pé, (ii) de bicicletas, (iii) a cavalo, (iv) em viaturas, (v) em bases fixas e móveis, (vi) embarcações. INSTITUIÇÕES DE SEGURANÇA PÚBLICA E DO SISTEMA PRISIONAL Segurança pública3 pode ser considerada um processo com- posto por elementos de ordem preventiva, repressiva, judicial, de saúde e social. Por isso a segurança pública necessita de um con- junto de ferramentas e de conhecimentos que envolvem os diver- sos setores da sociedade, sempre focados nos mesmos objetivos. Ela é um serviço que deve ser universal (tem de abranger todas as pessoas) para proteger a integridade física dos cidadãos e dos seus bens. Para isso, existem as forças de segurança (como a polícia), que trabalham em conjunto com o Poder Judicial. A Constituição Federal de 1988 diz em seu artigo 144º que a segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolu- midade das pessoas e do patrimônio, por intermédio dos seguintes órgãos: Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Ferroviá- ria Federal, Polícias Civis, Polícias Militares e Corpo de Bombeiros Militares. Portanto, a Constituição diz que é dever da sociedade agir de maneira conjunta para que a democracia seja garantida contra a violação dos direitos ocasionada pela criminalidade. A segurança pública é a condição essencialpara que a paz social seja assegurada a cada indivíduo. Em regra geral, as grandes metrópoles sofrem problemas de se- gurança pública, as quais apresentam elevadas taxas de delitos. Em contrapartida, as pequenas localidades costumam oferecer melho- res condições de segurança. 3 Disponível em https://www.ssp.ma.gov.br/conceito-de-seguranca Acesso 04.06.2021 De certa forma, isto prende-se com a população em massa, uma vez que os milhões de habitantes de uma grande cidade acabam por ficar no anonimato (as pessoas não se conhecem). Já, nas al- deias, é menos provável que uma pessoa cometa algum crime ou delito sem que ninguém fique a saber. A segurança pública também depende da eficácia da polícia, do funcionamento do Poder Judicial, das políticas estatais e das con- dições sociais. O debate relativamente à incidência da pobreza na insegurança é sempre polémico apesar de a maioria dos especia- listas acreditar que haja uma relação entre a taxa de pobreza e a quantidade de delitos. Na doutrina pátria encontra-se a seguinte definição de seguran- ça pública por De Plácido e Silva: [...] é o afastamento, por meio de organizações próprias, de todo o perigo, ou de todo o mal que possa afetar a ordem pública em prejuízo da vida, da liberdade ou dos direitos de propriedade do cidadão, limitando as liberdades individuais, estabelecendo que a liberdade de cada cidadão mesmo em fazer aquilo que que a lei não lhe veda, não pode ir além da liberdade assegurada aos demais, ofendendo-a. A segurança da sociedade surge como o principal requisito à ga- rantia de direitos e ao cumprimento de deveres, estabelecidos nos ordenamentos jurídicos. A segurança pública é considerada uma demanda social que ne- cessita de estruturas estatais e demais organizações da sociedade para ser efetivada. Às instituições ou órgãos estatais, incumbidos de adotar ações voltadas para garantir a segurança da sociedade, de- nomina-se sistema de segurança pública, tendo como eixo político estratégico a política de segurança pública, ou seja, o conjunto de ações delineadas em planos e programas e implementados como forma de garantir a segurança individual e coletiva. O contexto contemporâneo, caracterizado pela globalização, principalmente no âmbito econômico, tem provocado transforma- ções na estrutura do Estado e redefinição de seu papel enquanto organização política. Diferentemente da redução do papel do Es- tado no âmbito econômico e social, no que se refere à segurança pública, tem ocorrido uma ampliação dos instrumentos de controle sobre a sociedade. Por isso, “[...] não tardou para que no final do século 20, na sociedade de controle, com o neoliberalismo, apa- recesse uma terceira versão para os perigosos a serem confinados [...]” (PASSETTI, 2003, p. 134). A relação entre Estado e Sociedade Civil, no Brasil, tem sofrido profundas transformações desde o fim da ditadura militar. A gestão das políticas de controle da criminalidade na sociedade brasileira é muito deficiente. A ausência de bons diagnósticos, de planejamentos estratégicos, de mecanismos de monitoramento e avaliação de resultados é o que tem prevalecido na atuação do po- der público no setor. E esse é um dos fatores que tem contribuído para o recrudescimento da violência em nosso país em décadas re- centes. À medida que os recursos financeiros, materiais e humanos, além de escassos, são mal administrados, reduz-se drasticamente a capacidade do poder público de prevenir e reprimir o crime. A despeito da prevalência desse cenário desalentador, existem iniciativas que sinalizam em sentido contrário. Nem tudo é caos! É possível identificar práticas de gestão da segurança pública no Brasil que alcançam resultados alentadores, seja nas esferas municipal, estadual e federal. Podem ser qualificadas como boas práticas. A definição do que são boas práticas na gestão da segurança pública podem ter de duas dimensões: SEGURAÇA PÚBLICA 4 - Boas práticas são aquelas intervenções cujos resultados foram objetivamente avaliados, identificando-se a efetividade das mes- mas no alcance dos objetivos e metas propostas; - Boas práticas são aquelas intervenções que se baseiam em premissas consideradas as mais adequadas para o contexto em que foram criadas, para se alcançar os resultados pretendidos. A expressão gestão da segurança pública no Brasil é susceptível de interpretações diversas, contemplando desde projetos locais de controle da criminalidade até políticas públicas mais amplas que agregam programas e projetos tanto na repressão quanto na pre- venção social do crime. Priorizou-se a dimensão mais estratégica da gestão da seguran- ça pública, concebida como macro gestão, que engloba as seguintes áreas: a) Gestão administrativa do orçamento, do pessoal, da logísti- ca, dentre outros, necessários ao funcionamento da máquina ad- ministrativa, observada a diversificação das demandas regionais e setoriais; b) Gestão operacional destinada à realização das atividades fins de cada instituição, pressionada pela elevação das taxas de crimi- nalidade, pela atuação de grupos criminosos estruturados e pela ocorrência de crimes interestaduais e transnacionais; c) Gestão política do relacionamento com os atores políticos es- tatais e internos; d) Gestão comunitária do relacionamento com as comunida- des diversificadas e regionais, diante dos conflitos decorrentes dos serviços prestados e das novas demandas propostas pelo ativismo social. O Programa Brasil Mais Seguro (BMS), principal programa fede- ral da área, torna-se a referência para o estabelecimento das pre- missas das boas práticas. Ele está estruturado nos seguintes eixos de atuação: a) Gestão Integrada e governança: tem como objetivo promo- ver a articulação entre os atores e implementar mecanismos que garantam a efetividade do programa por meio de ações que visem fortalecer a integração, a gestão compartilhada, o monitoramen- to, a avaliação, a articulação, a colaboração e cooperação entre os órgãos de segurança pública dos estados e municípios que fazem parte do programa, contando com a participação e o envolvimento dos atores necessários; b) Fortalecimento da segurança pública estadual: composto de ações que objetivam incrementar a capacidade preventiva e investi- gativa e de inteligência das organizações policiais locais no que tan- ge ao crime de homicídio, bem como a operacionalidade da Perícia Forense; c) Controle de armas: composto de ações que objetivam reduzir o estoque de armas de fogo legais e ilegais em circulação na socie- dade; d) Prevenção da violência: composto de ações que objetivam minimizar a vulnerabilidade nas áreas mais violentas dos estados e municípios, por meio de mecanismos de prevenção, de acordo com as diretrizes da Política Nacional de Segurança Pública, atuando nas oportunidades situacionais para o cometimento de homicídios, bem como sobre o contexto social que tem atraído os jovens para carreiras criminosas; e) Fortalecimento da articulação do sistema de justiça criminal: composto de ações que objetivam promover a melhor articulação do Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública no pro- cessamento dos crimes de homicídio, além de garantir o aprimora- mento do fluxo de informações com o sistema de segurança pública. Serão consideradas boas práticas na gestão da segurança públi- ca no Brasil aquelas que: 1) Promovam a articulação entre as organizações da segurança pública e implementem mecanismos de garantia da efetividade de ações por meio da gestão compartilhada, do monitoramento e da avaliação, ou 2) Incrementem a capacidade preventiva e investigativa e de in- teligência das organizações policiais, bem como a operacionalidade da Perícia Forense, ou 3) Reduzam o estoque de armas de fogo legais e ilegais em cir- culação na sociedade, ou 4) Minimizem a vulnerabilidade nas áreas mais violentas por meio de mecanismos de prevenção, atuando nas oportunidades situacionais, bem como sobre o contexto socialque tem atraído os jovens para carreiras criminosas, ou 5) Promovam a melhor articulação do Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública no processamento dos crimes, além de garantir o aprimoramento do fluxo de informações com o siste- ma de segurança pública. A Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social trata-se de um conjunto de princípios, diretrizes, objetivos que condicionará a estratégia de segurança pública a ser implementada pelos três ní- veis de governo (federal, estadual e municipal) de forma integrada e coordenada. Ela foi criada pela Lei nº 13.675/18. A Política Nacional de Segurança Pública que ora se inicia com a implantação do Sistema Único de Segurança Pública (Susp), para ser submetida à sociedade e aos órgãos envolvidos na sua implementa- ção, nasce para se consolidar como instrumento de Estado. LEI Nº 13.675, DE 11 DE JUNHO DE 2018. Disciplina a organização e o funcionamento dos órgãos respon- sáveis pela segurança pública, nos termos do § 7º do art. 144 da Constituição Federal; cria a Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social (PNSPDS); institui o Sistema Único de Segurança Pública (Susp); altera a Lei Complementar nº 79, de 7 de janeiro de 1994, a Lei nº 10.201, de 14 de fevereiro de 2001, e a Lei nº 11.530, de 24 de outubro de 2007; e revoga dispositivos da Lei nº 12.681, de 4 de julho de 2012. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na- cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES PRELIMINARES Art. 1º Esta Lei institui o Sistema Único de Segurança Pública (Susp) e cria a Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social (PNSPDS), com a finalidade de preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, por meio de atuação conjunta, coordenada, sistêmica e integrada dos órgãos de seguran- ça pública e defesa social da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, em articulação com a sociedade. Art. 2º A segurança pública é dever do Estado e responsabilida- de de todos, compreendendo a União, os Estados, o Distrito Federal e os Munícipios, no âmbito das competências e atribuições legais de cada um. SEGURAÇA PÚBLICA 5 CAPÍTULO II DA POLÍTICA NACIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA E DEFESA SOCIAL (PNSPDS) Seção I Da Competência para Estabelecimento das Políticas de Seguran- ça Pública e Defesa Social Art. 3º Compete à União estabelecer a Política Nacional de Se- gurança Pública e Defesa Social (PNSPDS) e aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer suas respectivas políticas, ob- servadas as diretrizes da política nacional, especialmente para aná- lise e enfrentamento dos riscos à harmonia da convivência social, com destaque às situações de emergência e aos crimes interesta- duais e transnacionais. Seção II Dos Princípios Art. 4º São princípios da PNSPDS: I - respeito ao ordenamento jurídico e aos direitos e garantias individuais e coletivos; II - proteção, valorização e reconhecimento dos profissionais de segurança pública; III - proteção dos direitos humanos, respeito aos direitos fun- damentais e promoção da cidadania e da dignidade da pessoa hu- mana; IV - eficiência na prevenção e no controle das infrações penais; V - eficiência na repressão e na apuração das infrações penais; VI - eficiência na prevenção e na redução de riscos em situa- ções de emergência e desastres que afetam a vida, o patrimônio e o meio ambiente; VII - participação e controle social; VIII - resolução pacífica de conflitos; IX - uso comedido e proporcional da força; X - proteção da vida, do patrimônio e do meio ambiente; XI - publicidade das informações não sigilosas; XII - promoção da produção de conhecimento sobre segurança pública; XIII - otimização dos recursos materiais, humanos e financeiros das instituições; XIV - simplicidade, informalidade, economia procedimental e celeridade no serviço prestado à sociedade; XV - relação harmônica e colaborativa entre os Poderes; XVI - transparência, responsabilização e prestação de contas. Seção III Das Diretrizes Art. 5º São diretrizes da PNSPDS: I - atendimento imediato ao cidadão; II - planejamento estratégico e sistêmico; III - fortalecimento das ações de prevenção e resolução pacífica de conflitos, priorizando políticas de redução da letalidade violenta, com ênfase para os grupos vulneráveis; IV - atuação integrada entre a União, os Estados, o Distrito Fe- deral e os Municípios em ações de segurança pública e políticas transversais para a preservação da vida, do meio ambiente e da dig- nidade da pessoa humana; V - coordenação, cooperação e colaboração dos órgãos e insti- tuições de segurança pública nas fases de planejamento, execução, monitoramento e avaliação das ações, respeitando-se as respecti- vas atribuições legais e promovendo-se a racionalização de meios com base nas melhores práticas; VI - formação e capacitação continuada e qualificada dos pro- fissionais de segurança pública, em consonância com a matriz cur- ricular nacional; VII - fortalecimento das instituições de segurança pública por meio de investimentos e do desenvolvimento de projetos estrutu- rantes e de inovação tecnológica; VIII - sistematização e compartilhamento das informações de segurança pública, prisionais e sobre drogas, em âmbito nacional; IX - atuação com base em pesquisas, estudos e diagnósticos em áreas de interesse da segurança pública; X - atendimento prioritário, qualificado e humanizado às pesso- as em situação de vulnerabilidade; XI - padronização de estruturas, de capacitação, de tecnologia e de equipamentos de interesse da segurança pública; XII - ênfase nas ações de policiamento de proximidade, com foco na resolução de problemas; XIII - modernização do sistema e da legislação de acordo com a evolução social; XIV - participação social nas questões de segurança pública; XV - integração entre os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciá- rio no aprimoramento e na aplicação da legislação penal; XVI - colaboração do Poder Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública na elaboração de estratégias e metas para alcançar os objetivos desta Política; XVII - fomento de políticas públicas voltadas à reinserção social dos egressos do sistema prisional; XVIII - (VETADO); XIX - incentivo ao desenvolvimento de programas e projetos com foco na promoção da cultura de paz, na segurança comunitária e na integração das políticas de segurança com as políticas sociais existentes em outros órgãos e entidades não pertencentes ao siste- ma de segurança pública; XX - distribuição do efetivo de acordo com critérios técnicos; XXI - deontologia policial e de bombeiro militar comuns, respei- tados os regimes jurídicos e as peculiaridades de cada instituição; XXII - unidade de registro de ocorrência policial; XXIII - uso de sistema integrado de informações e dados eletrô- nicos; XXIV – (VETADO); XXV - incentivo à designação de servidores da carreira para os cargos de chefia, levando em consideração a graduação, a capaci- tação, o mérito e a experiência do servidor na atividade policial es- pecífica; XXVI - celebração de termo de parceria e protocolos com agên- cias de vigilância privada, respeitada a lei de licitações. Seção IV Dos Objetivos Art. 6º São objetivos da PNSPDS: I - fomentar a integração em ações estratégicas e operacionais, em atividades de inteligência de segurança pública e em gerencia- mento de crises e incidentes; II - apoiar as ações de manutenção da ordem pública e da inco- lumidade das pessoas, do patrimônio, do meio ambiente e de bens e direitos; III - incentivar medidas para a modernização de equipamentos, da investigação e da perícia e para a padronização de tecnologia dos órgãos e das instituições de segurança pública; IV - estimular e apoiar a realização de ações de prevenção à vio- lência e à criminalidade, com prioridade para aquelas relacionadas à letalidade da população jovem negra, das mulheres e de outros grupos vulneráveis;SEGURAÇA PÚBLICA 6 V - promover a participação social nos Conselhos de segurança pública; VI - estimular a produção e a publicação de estudos e diagnósti- cos para a formulação e a avaliação de políticas públicas; VII - promover a interoperabilidade dos sistemas de segurança pública; VIII - incentivar e ampliar as ações de prevenção, controle e fis- calização para a repressão aos crimes transfronteiriços; IX - estimular o intercâmbio de informações de inteligência de segurança pública com instituições estrangeiras congêneres; X - integrar e compartilhar as informações de segurança pública, prisionais e sobre drogas; XI - estimular a padronização da formação, da capacitação e da qualificação dos profissionais de segurança pública, respeitadas as especificidades e as diversidades regionais, em consonância com esta Política, nos âmbitos federal, estadual, distrital e municipal; XII - fomentar o aperfeiçoamento da aplicação e do cumprimen- to de medidas restritivas de direito e de penas alternativas à prisão; XIII - fomentar o aperfeiçoamento dos regimes de cumprimento de pena restritiva de liberdade em relação à gravidade dos crimes cometidos; XIV - (VETADO); XV - racionalizar e humanizar o sistema penitenciário e outros ambientes de encarceramento; XVI - fomentar estudos, pesquisas e publicações sobre a política de enfrentamento às drogas e de redução de danos relacionados aos seus usuários e aos grupos sociais com os quais convivem; XVII - fomentar ações permanentes para o combate ao crime organizado e à corrupção; XVIII - estabelecer mecanismos de monitoramento e de avalia- ção das ações implementadas; XIX - promover uma relação colaborativa entre os órgãos de se- gurança pública e os integrantes do sistema judiciário para a cons- trução das estratégias e o desenvolvimento das ações necessárias ao alcance das metas estabelecidas; XX - estimular a concessão de medidas protetivas em favor de pessoas em situação de vulnerabilidade; XXI - estimular a criação de mecanismos de proteção dos agen- tes públicos que compõem o sistema nacional de segurança pública e de seus familiares; XXII - estimular e incentivar a elaboração, a execução e o moni- toramento de ações nas áreas de valorização profissional, de saúde, de qualidade de vida e de segurança dos servidores que compõem o sistema nacional de segurança pública; XXIII - priorizar políticas de redução da letalidade violenta; XXIV - fortalecer os mecanismos de investigação de crimes he- diondos e de homicídios; XXV - fortalecer as ações de fiscalização de armas de fogo e mu- nições, com vistas à redução da violência armada; XXVI - fortalecer as ações de prevenção e repressão aos crimes cibernéticos. Parágrafo único. Os objetivos estabelecidos direcionarão a for- mulação do Plano Nacional de Segurança Pública e Defesa Social, documento que estabelecerá as estratégias, as metas, os indicado- res e as ações para o alcance desses objetivos. Seção V Das Estratégias Art. 7º A PNSPDS será implementada por estratégias que garan- tam integração, coordenação e cooperação federativa, interopera- bilidade, liderança situacional, modernização da gestão das institui- ções de segurança pública, valorização e proteção dos profissionais, complementaridade, dotação de recursos humanos, diagnóstico dos problemas a serem enfrentados, excelência técnica, avaliação continuada dos resultados e garantia da regularidade orçamentária para execução de planos e programas de segurança pública. Seção VI Dos Meios e Instrumentos Art. 8º São meios e instrumentos para a implementação da PNS- PDS: I - os planos de segurança pública e defesa social; II - o Sistema Nacional de Informações e de Gestão de Segurança Pública e Defesa Social, que inclui: a) o Sistema Nacional de Acompanhamento e Avaliação das Po- líticas de Segurança Pública e Defesa Social (Sinaped); b) o Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública, Pri- sionais e de Rastreabilidade de Armas e Munições, e sobre Material Genético, Digitais e Drogas (Sinesp); b) o Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública, Prisionais, de Rastreabilidade de Armas e Munições, de Material Genético, de Digitais e de Drogas (Sinesp); (Redação dada pela Lei nº 13.756, de 2018) c) o Sistema Integrado de Educação e Valorização Profissional (Sievap); d) a Rede Nacional de Altos Estudos em Segurança Pública (Re- naesp); e) o Programa Nacional de Qualidade de Vida para Profissionais de Segurança Pública (Pró-Vida); III - (VETADO); IV - o Plano Nacional de Enfrentamento de Homicídios de Jo- vens; V - os mecanismos formados por órgãos de prevenção e con- trole de atos ilícitos contra a Administração Pública e referentes a ocultação ou dissimulação de bens, direitos e valores. CAPÍTULO III DO SISTEMA ÚNICO DE SEGURANÇA PÚBLICA Seção I Da Composição do Sistema Art. 9º É instituído o Sistema Único de Segurança Pública (Susp), que tem como órgão central o Ministério Extraordinário da Segu- rança Pública e é integrado pelos órgãos de que trata o art. 144 da Constituição Federal , pelos agentes penitenciários, pelas guardas municipais e pelos demais integrantes estratégicos e operacionais, que atuarão nos limites de suas competências, de forma cooperati- va, sistêmica e harmônica. § 1º São integrantes estratégicos do Susp: I - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, por intermédio dos respectivos Poderes Executivos; II - os Conselhos de Segurança Pública e Defesa Social dos três entes federados. § 2º São integrantes operacionais do Susp: I - polícia federal; II - polícia rodoviária federal; III – (VETADO); IV - polícias civis; SEGURAÇA PÚBLICA 7 V - polícias militares; VI - corpos de bombeiros militares; VII - guardas municipais; VIII - órgãos do sistema penitenciário; IX - (VETADO); X - institutos oficiais de criminalística, medicina legal e identifi- cação; XI - Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp); XII - secretarias estaduais de segurança pública ou congêneres; XIII - Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sedec); XIV - Secretaria Nacional de Política Sobre Drogas (Senad); XV - agentes de trânsito; XVI - guarda portuária. § 3º (VETADO). § 4º Os sistemas estaduais, distrital e municipais serão respon- sáveis pela implementação dos respectivos programas, ações e pro- jetos de segurança pública, com liberdade de organização e funcio- namento, respeitado o disposto nesta Lei. Seção II Do Funcionamento Art. 10. A integração e a coordenação dos órgãos integrantes do Susp dar-se-ão nos limites das respectivas competências, por meio de: I - operações com planejamento e execução integrados; II - estratégias comuns para atuação na prevenção e no controle qualificado de infrações penais; III - aceitação mútua de registro de ocorrência policial; IV - compartilhamento de informações, inclusive com o Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin); V - intercâmbio de conhecimentos técnicos e científicos; VI - integração das informações e dos dados de segurança públi- ca por meio do Sinesp. § 1º O Susp será coordenado pelo Ministério Extraordinário da Segurança Pública. § 2º As operações combinadas, planejadas e desencadeadas em equipe poderão ser ostensivas, investigativas, de inteligência ou mistas, e contar com a participação de órgãos integrantes do Susp e, nos limites de suas competências, com o Sisbin e outros órgãos dos sistemas federal, estadual, distrital ou municipal, não necessa- riamente vinculados diretamente aos órgãos de segurança pública e defesa social, especialmente quando se tratar de enfrentamento a organizações criminosas. § 3º O planejamento e a coordenação das operações referidas no § 2º deste artigo serão exercidos conjuntamente pelos partici- pantes. § 4º O compartilhamento de informações será feito preferen- cialmente por meio eletrônico, com acesso recíproco aos bancos de dados, nos termos estabelecidos pelo Ministério Extraordinário da Segurança Pública. § 5º O intercâmbio de conhecimentostécnicos e científicos para qualificação dos profissionais de segurança pública e defesa social dar-se-á, entre outras formas, pela reciprocidade na abertura de vagas nos cursos de especialização, aperfeiçoamento e estudos es- tratégicos, respeitadas as peculiaridades e o regime jurídico de cada instituição, e observada, sempre que possível, a matriz curricular nacional. Art. 11. O Ministério Extraordinário da Segurança Pública fixará, anualmente, metas de excelência no âmbito das respectivas com- petências, visando à prevenção e à repressão das infrações penais e administrativas e à prevenção dos desastres, e utilizará indicadores públicos que demonstrem de forma objetiva os resultados preten- didos. Art. 12 . A aferição anual de metas deverá observar os seguintes parâmetros: I - as atividades de polícia judiciária e de apuração das infra- ções penais serão aferidas, entre outros fatores, pelos índices de elucidação dos delitos, a partir dos registros de ocorrências poli- ciais, especialmente os de crimes dolosos com resultado em morte e de roubo, pela identificação, prisão dos autores e cumprimento de mandados de prisão de condenados a crimes com penas de re- clusão, e pela recuperação do produto de crime em determinada circunscrição; II - as atividades periciais serão aferidas mediante critérios téc- nicos emitidos pelo órgão responsável pela coordenação das perí- cias oficiais, considerando os laudos periciais e o resultado na pro- dução qualificada das provas relevantes à instrução criminal; III - as atividades de polícia ostensiva e de preservação da ordem pública serão aferidas, entre outros fatores, pela maior ou menor incidência de infrações penais e administrativas em determinada área, seguindo os parâmetros do Sinesp; IV - as atividades dos corpos de bombeiros militares serão afe- ridas, entre outros fatores, pelas ações de prevenção, preparação para emergências e desastres, índices de tempo de resposta aos desastres e de recuperação de locais atingidos, considerando-se áreas determinadas; V - a eficiência do sistema prisional será aferida com base nos seguintes fatores, entre outros: a) o número de vagas ofertadas no sistema; b) a relação existente entre o número de presos e a quantidade de vagas ofertadas; c) o índice de reiteração criminal dos egressos; d) a quantidade de presos condenados atendidos de acordo com os parâmetros estabelecidos pelos incisos do caput deste arti- go, com observância de critérios objetivos e transparentes. § 1º A aferição considerará aspectos relativos à estrutura de tra- balho físico e de equipamentos, bem como de efetivo. § 2º A aferição de que trata o inciso I do caput deste artigo de- verá distinguir as autorias definidas em razão de Sem flagrante das autorias resultantes de diligências investigatórias. Art. 13. O Ministério Extraordinário da Segurança Pública, res- ponsável pela gestão do Susp, deverá orientar e acompanhar as atividades dos órgãos integrados ao Sistema, além de promover as seguintes ações: I - apoiar os programas de aparelhamento e modernização dos órgãos de segurança pública e defesa social do País; II - implementar, manter e expandir, observadas as restrições previstas em lei quanto a sigilo, o Sistema Nacional de Informações e de Gestão de Segurança Pública e Defesa Social; III - efetivar o intercâmbio de experiências técnicas e operacio- nais entre os órgãos policiais federais, estaduais, distrital e as guar- das municipais; IV - valorizar a autonomia técnica, científica e funcional dos institutos oficiais de criminalística, medicina legal e identificação, garantindo-lhes condições plenas para o exercício de suas funções; V - promover a qualificação profissional dos integrantes da se- gurança pública e defesa social, especialmente nas dimensões ope- racional, ética e técnico-científica; VI - realizar estudos e pesquisas nacionais e consolidar dados e informações estatísticas sobre criminalidade e vitimização; VII - coordenar as atividades de inteligência da segurança públi- ca e defesa social integradas ao Sisbin; VIII - desenvolver a doutrina de inteligência policial. Art. 14. É de responsabilidade do Ministério Extraordinário da Segurança Pública: SEGURAÇA PÚBLICA 8 I - disponibilizar sistema padronizado, inf ormatizado e seguro que permita o intercâmbio de informações entre os integrantes do Susp; II - apoiar e avaliar periodicamente a infraestrutura tecnológica e a segurança dos processos, das redes e dos sistemas; III - estabelecer cronograma para adequação dos integrantes do Susp às normas e aos procedimentos de funcionamento do Sistema. Art. 15. A União poderá apoiar os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, quando não dispuserem de condições técnicas e opera- cionais necessárias à implementação do Susp. Art. 16. Os órgãos integrantes do Susp poderão atuar em vias urbanas, rodovias, terminais rodoviários, ferrovias e hidrovias fe- derais, estaduais, distrital ou municipais, portos e aeroportos, no âmbito das respectivas competências, em efetiva integração com o órgão cujo local de atuação esteja sob sua circunscrição, ressalvado o sigilo das investigações policiais. Art. 17. Regulamento disciplinará os critérios de aplicação de re- cursos do Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP) e do Fundo Penitenciário Nacional (Funpen), respeitando-se a atribuição cons- titucional dos órgãos que integram o Susp, os aspectos geográficos, populacionais e socioeconômicos dos entes federados, bem como o estabelecimento de metas e resultados a serem alcançados. Art. 18. As aquisições de bens e serviços para os órgãos inte- grantes do Susp terão por objetivo a eficácia de suas atividades e obedecerão a critérios técnicos de qualidade, modernidade, efici- ência e resistência, observadas as normas de licitação e contratos. Parágrafo único. (VETADO). CAPÍTULO IV DOS CONSELHOS DE SEGURANÇA PÚBLICA E DEFESA SOCIAL Seção I Da Composição Art. 19. A estrutura formal do Susp dar-se-á pela formação de Conselhos permanentes a serem criados na forma do art. 21 desta Lei. Art. 20. Serão criados Conselhos de Segurança Pública e Defesa Social, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, mediante proposta dos chefes dos Poderes Executivos, encaminhadas aos respectivos Poderes Legislativos. § 1º O Conselho Nacional de Segurança Pública e Defesa Social, com atribuições, funcionamento e composição estabelecidos em regulamento, terá a participação de representantes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. § 2º Os Conselhos de Segurança Pública e Defesa Social con- gregarão representantes com poder de decisão dentro de suas estruturas governamentais e terão natureza de colegiado, com competência consultiva, sugestiva e de acompanhamento social das atividades de segurança pública e defesa social, respeitadas as instâncias decisórias e as normas de organização da Administração Pública. § 3º Os Conselhos de Segurança Pública e Defesa Social exerce- rão o acompanhamento das instituições referidas no § 2º do art. 9º desta Lei e poderão recomendar providências legais às autoridades competentes. § 4º O acompanhamento de que trata o § 3º deste artigo consi- derará, entre outros, os seguintes aspectos: I - as condições de trabalho, a valorização e o respeito pela inte- gridade física e moral dos seus integrantes; II - o atingimento das metas previstas nesta Lei; III - o resultado célere na apuração das denúncias em tramita- ção nas respectivas corregedorias; IV - o grau de confiabilidade e aceitabilidade do órgão pela po- pulação por ele atendida. § 5º Caberá aos Conselhos propor diretrizes para as políticas pú- blicas de segurança pública e defesa social, com vistas à prevenção e à repressão da violência e da criminalidade. § 6º A organização, o funcionamento e as demais competências dos Conselhos serão regulamentados por ato do Poder Executivo, nos limites estabelecidos por esta Lei. § 7º Os ConselhosEstaduais, Distrital e Municipais de Segurança Pública e Defesa Social, que contarão também com representantes da sociedade civil organizada e de representantes dos trabalhado- res, poderão ser descentralizados ou congregados por região para melhor atuação e intercâmbio comunitário. Seção II Dos Conselheiros Art. 21. Os Conselhos serão compostos por: I - representantes de cada órgão ou entidade integrante do Susp; II - representante do Poder Judiciário; III - representante do Ministério Público; IV - representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB); V - representante da Defensoria Pública; VI - representantes de entidades e organizações da sociedade cuja finalidade esteja relacionada com políticas de segurança públi- ca e defesa social; VII - representantes de entidades de profissionais de segurança pública. § 1º Os representantes das entidades e organizações referidas nos incisos VI e VII do caput deste artigo serão eleitos por meio de processo aberto a todas as entidades e organizações cuja finalidade seja relacionada com as políticas de segurança pública, conforme convocação pública e critérios objetivos previamente definidos pe- los Conselhos. § 2º Cada conselheiro terá 1 (um) suplente, que substituirá o titular em sua ausência. § 3º Os mandatos eletivos dos membros referidos nos incisos VI e VII do caput deste artigo e a designação dos demais membros terão a duração de 2 (dois) anos, permitida apenas uma recondução ou reeleição. § 4º Na ausência de representantes dos órgãos ou entidades referidos no caput deste artigo, aplica-se o disposto no § 7º do art. 20 desta Lei. CAPÍTULO V DA FORMULAÇÃO DOS PLANOS DE SEGURANÇA PÚBLICA E DEFESA SOCIAL Seção I Dos Planos Art. 22. A União instituirá Plano Nacional de Segurança Pública e Defesa Social, destinado a articular as ações do poder público, com a finalidade de: I - promover a melhora da qualidade da gestão das políticas so- bre segurança pública e defesa social; II - contribuir para a organização dos Conselhos de Segurança Pública e Defesa Social; III - assegurar a produção de conhecimento no tema, a definição de metas e a avaliação dos resultados das políticas de segurança pública e defesa social; IV - priorizar ações preventivas e fiscalizatórias de segurança in- terna nas divisas, fronteiras, portos e aeroportos. SEGURAÇA PÚBLICA 9 § 1º As políticas públicas de segurança não se restringem aos integrantes do Susp, pois devem considerar um contexto social amplo, com abrangência de outras áreas do serviço público, como educação, saúde, lazer e cultura, respeitadas as atribuições e as fi- nalidades de cada área do serviço público. § 2º O Plano de que trata o caput deste artigo terá duração de 10 (dez) anos a contar de sua publicação. § 3º As ações de prevenção à criminalidade devem ser consi- deradas prioritárias na elaboração do Plano de que trata o caput deste artigo. § 4º A União, por intermédio do Ministério Extraordinário da Se- gurança Pública, deverá elaborar os objetivos, as ações estratégicas, as metas, as prioridades, os indicadores e as formas de financia- mento e gestão das Políticas de Segurança Pública e Defesa Social. § 5º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão, com base no Plano Nacional de Segurança Pública e Defesa Social, elabo- rar e implantar seus planos correspondentes em até 2 (dois) anos a partir da publicação do documento nacional, sob pena de não po- derem receber recursos da União para a execução de programas ou ações de segurança pública e defesa social. § 6º O poder público deverá dar ampla divulgação ao conteúdo das Políticas e dos Planos de segurança pública e defesa social. Art. 23. A União, em articulação com os Estados, o Distrito Fede- ral e os Municípios, realizará avaliações anuais sobre a implemen- tação do Plano Nacional de Segurança Pública e Defesa Social, com o objetivo de verificar o cumprimento das metas estabelecidas e elaborar recomendações aos gestores e operadores das políticas públicas. Parágrafo único. A primeira avaliação do Plano Nacional de Se- gurança Pública e Defesa Social realizar-se-á no segundo ano de vigência desta Lei, cabendo ao Poder Legislativo Federal acompa- nhá-la. Seção II Das Diretrizes Gerais Art. 24. Os agentes públicos deverão observar as seguintes dire- trizes na elaboração e na execução dos planos: I - adotar estratégias de articulação entre órgãos públicos, enti- dades privadas, corporações policiais e organismos internacionais, a fim de implantar parcerias para a execução de políticas de segu- rança pública e defesa social; II - realizar a integração de programas, ações, atividades e proje- tos dos órgãos e entidades públicas e privadas nas áreas de saúde, planejamento familiar, educação, trabalho, assistência social, pre- vidência social, cultura, desporto e lazer, visando à prevenção da criminalidade e à prevenção de desastres; III - viabilizar ampla participação social na formulação, na imple- mentação e na avaliação das políticas de segurança pública e defesa social; IV - desenvolver programas, ações, atividades e projetos articu- lados com os estabelecimentos de ensino, com a sociedade e com a família para a prevenção da criminalidade e a prevenção de de- sastres; V - incentivar a inclusão das disciplinas de prevenção da vio- lência e de prevenção de desastres nos conteúdos curriculares dos diversos níveis de ensino; VI - ampliar as alternativas de inserção econômica e social dos egressos do sistema prisional, promovendo programas que priori- zem a melhoria de sua escolarização e a qualificação profissional; VII - garantir a efetividade dos programas, ações, atividades e projetos das políticas de segurança pública e defesa social; VIII - promover o monitoramento e a avaliação das políticas de segurança pública e defesa social; IX - fomentar a criação de grupos de estudos formados por agentes públicos dos órgãos integrantes do Susp, professores e pes- quisadores, para produção de conhecimento e reflexão sobre o fe- nômeno da criminalidade, com o apoio e a coordenação dos órgãos públicos de cada unidade da Federação; X - fomentar a harmonização e o trabalho conjunto dos inte- grantes do Susp; XI - garantir o planejamento e a execução de políticas de segu- rança pública e defesa social; XII - fomentar estudos de planejamento urbano para que me- didas de prevenção da criminalidade façam parte do plano diretor das cidades, de forma a estimular, entre outras ações, o reforço na iluminação pública e a verificação de pessoas e de famílias em situ- ação de risco social e criminal. Seção III Das Metas para Acompanhamento e Avaliação das Políticas de Segurança Pública e Defesa Social Art. 25. Os integrantes do Susp fixarão, anualmente, metas de excelência no âmbito das respectivas competências, visando à pre- venção e à repressão de infrações penais e administrativas e à pre- venção de desastres, que tenham como finalidade: I - planejar, pactuar, implementar, coordenar e supervisionar as atividades de educação gerencial, técnica e operacional, em coope- ração com as unidades da Federação; II - apoiar e promover educação qualificada, continuada e inte- grada; III - identificar e propor novas metodologias e técnicas de edu- cação voltadas ao aprimoramento de suas atividades; IV - identificar e propor mecanismos de valorização profissional; V - apoiar e promover o sistema de saúde para os profissionais de segurança pública e defesa social; VI - apoiar e promover o sistema habitacional para os profissio- nais de segurança pública e defesa social. Seção IV Da Cooperação, da Integração e do Funcionamento Harmôni- co dos Membros do Susp Art. 26. É instituído, no âmbito do Susp, o Sistema Nacional de Acompanhamento e Avaliação das Políticas de Segurança Pública e Defesa Social (Sinaped), com os seguintes objetivos: I - contribuir para organização e integração dos membros do Susp, dos projetos das políticas de segurança pública e defesa social e dos respectivosdiagnósticos, planos de ação, resultados e avalia- ções; II - assegurar o conhecimento sobre os programas, ações e ati- vidades e promover a melhora da qualidade da gestão dos progra- mas, ações, atividades e projetos de segurança pública e defesa social; III - garantir que as políticas de segurança pública e defesa social abranjam, no mínimo, o adequado diagnóstico, a gestão e os resul- tados das políticas e dos programas de prevenção e de controle da violência, com o objetivo de verificar: a) a compatibilidade da forma de processamento do planeja- mento orçamentário e de sua execução com as necessidades do respectivo sistema de segurança pública e defesa social; b) a eficácia da utilização dos recursos públicos; c) a manutenção do fluxo financeiro, consideradas as necessi- dades operacionais dos programas, as normas de referência e as condições previstas nos instrumentos jurídicos celebrados entre os entes federados, os órgãos gestores e os integrantes do Susp; SEGURAÇA PÚBLICA 10 d) a implementação dos demais compromissos assumidos por ocasião da celebração dos instrumentos jurídicos relativos à efetiva- ção das políticas de segurança pública e defesa social; e) a articulação interinstitucional e intersetorial das políticas. Art. 27. Ao final da avaliação do Plano Nacional de Segurança Pública e Defesa Social, será elaborado relatório com o histórico e a caracterização do trabalho, as recomendações e os prazos para que elas sejam cumpridas, além de outros elementos a serem definidos em regulamento. § 1º Os resultados da avaliação das políticas serão utilizados para: I - planejar as metas e eleger as prioridades para execução e financiamento; II - reestruturar ou ampliar os programas de prevenção e con- trole; III - adequar os objetivos e a natureza dos programas, ações e projetos; IV - celebrar instrumentos de cooperação com vistas à correção de problemas constatados na avaliação; V - aumentar o financiamento para fortalecer o sistema de segu- rança pública e defesa social; VI - melhorar e ampliar a capacitação dos operadores do Susp. § 2º O relatório da avaliação deverá ser encaminhado aos res- pectivos Conselhos de Segurança Pública e Defesa Social. Art. 28. As autoridades, os gestores, as entidades e os órgãos envolvidos com a segurança pública e defesa social têm o dever de colaborar com o processo de avaliação, facilitando o acesso às suas instalações, à documentação e a todos os elementos necessários ao seu efetivo cumprimento. Art. 29. O processo de avaliação das políticas de segurança pú- blica e defesa social deverá contar com a participação de represen- tantes dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, do Ministério Público, da Defensoria Pública e dos Conselhos de Segurança Públi- ca e Defesa Social, observados os parâmetros estabelecidos nesta Lei. Art. 30. Cabe ao Poder Legislativo acompanhar as avaliações do respectivo ente federado. Art. 31. O Sinaped assegurará, na metodologia a ser empregada: I - a realização da autoavaliação dos gestores e das corporações; II - a avaliação institucional externa, contemplando a análise global e integrada das instalações físicas, relações institucionais, compromisso social, atividades e finalidades das corporações; III - a análise global e integrada dos diagnósticos, estruturas, compromissos, finalidades e resultados das políticas de segurança pública e defesa social; IV - o caráter público de todos os procedimentos, dados e resul- tados dos processos de avaliação. Art. 32. A avaliação dos objetivos e das metas do Plano Nacional de Segurança Pública e Defesa Social será coordenada por comissão permanente e realizada por comissões temporárias, essas compos- tas, no mínimo, por 3 (três) membros, na forma do regulamento próprio. Parágrafo único. É vedado à comissão permanente designar avaliadores que sejam titulares ou servidores dos órgãos gestores avaliados, caso: I - tenham relação de parentesco até terceiro grau com titulares ou servidores dos órgãos gestores avaliados; II - estejam respondendo a processo criminal ou administrativo. CAPÍTULO VI DO CONTROLE E DA TRANSPARÊNCIA Seção I Do Controle Interno Art. 33. Aos órgãos de correição, dotados de autonomia no exer- cício de suas competências, caberá o gerenciamento e a realização dos processos e procedimentos de apuração de responsabilidade funcional, por meio de sindicância e processo administrativo dis- ciplinar, e a proposição de subsídios para o aperfeiçoamento das atividades dos órgãos de segurança pública e defesa social. Seção II Do Acompanhamento Público da Atividade Policial Art. 34. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão instituir órgãos de ouvidoria dotados de autonomia e inde- pendência no exercício de suas atribuições. Parágrafo único. À ouvidoria competirá o recebimento e trata- mento de representações, elogios e sugestões de qualquer pessoa sobre as ações e atividades dos profissionais e membros integran- tes do Susp, devendo encaminhá-los ao órgão com atribuição para as providências legais e a resposta ao requerente. Seção III Da Transparência e da Integração de Dados e Informações Art. 35. É instituído o Sistema Nacional de Informações de Segu- rança Pública, Prisionais, de Rastreabilidade de Armas e Munições, de Material Genético, de Digitais e de Drogas (Sinesp), com a finali- dade de armazenar, tratar e integrar dados e informações para au- xiliar na formulação, implementação, execução, acompanhamento e avaliação das políticas relacionadas com: I - segurança pública e defesa social; II - sistema prisional e execução penal; III - rastreabilidade de armas e munições; IV - banco de dados de perfil genético e digitais; V - enfrentamento do tráfico de drogas ilícitas. Art. 36. O Sinesp tem por objetivos: I - proceder à coleta, análise, atualização, sistematização, inte- gração e interpretação de dados e informações relativos às políticas de segurança pública e defesa social; II - disponibilizar estudos, estatísticas, indicadores e outras in- formações para auxiliar na formulação, implementação, execução, monitoramento e avaliação de políticas públicas; III - promover a integração das redes e sistemas de dados e in- formações de segurança pública e defesa social, criminais, do siste- ma prisional e sobre drogas; IV - garantir a interoperabilidade dos sistemas de dados e infor- mações, conforme os padrões definidos pelo conselho gestor. Parágrafo único. O Sinesp adotará os padrões de integridade, disponibilidade, confidencialidade, confiabilidade e tempestividade dos sistemas informatizados do governo federal. Art. 37. Integram o Sinesp todos os entes federados, por inter- médio de órgãos criados ou designados para esse fim. § 1º Os dados e as informações de que trata esta Lei deverão ser padronizados e categorizados e serão fornecidos e atualizados pelos integrantes do Sinesp. § 2º O integrante que deixar de fornecer ou atualizar seus dados e informações no Sinesp poderá não receber recursos nem celebrar parcerias com a União para financiamento de programas, projetos ou ações de segurança pública e defesa social e do sistema prisio- nal, na forma do regulamento. SEGURAÇA PÚBLICA 11 § 3º O Ministério Extraordinário da Segurança Pública é autori- zado a celebrar convênios com órgãos do Poder Executivo que não integrem o Susp, com o Poder Judiciário e com o Ministério Públi- co, para compatibilização de sistemas de informação e integração de dados, ressalvadas as vedações constitucionais de sigilo e desde que o objeto fundamental dos acordos seja a prevenção e a repres- são da violência. § 4º A omissão no fornecimento das informações legais implica responsabilidade administrativa do agente público. CAPÍTULO VII DA CAPACITAÇÃO E DA VALORIZAÇÃO DO PROFISSIONAL EM SEGURANÇA PÚBLICA E DEFESA SOCIAL Seção I Do Sistema Integrado de Educação e Valorização Profissional (Sievap) Art. 38. É instituído o Sistema Integrado de Educação e Valoriza- çãoProfissional (Sievap), com a finalidade de: I - planejar, pactuar, implementar, coordenar e supervisionar as atividades de educação gerencial, técnica e operacional, em coope- ração com as unidades da Federação; II - identificar e propor novas metodologias e técnicas de educa- ção voltadas ao aprimoramento de suas atividades; III - apoiar e promover educação qualificada, continuada e in- tegrada; IV - identificar e propor mecanismos de valorização profissional. § 1º O Sievap é constituído, entre outros, pelos seguintes pro- gramas: I - matriz curricular nacional; II - Rede Nacional de Altos Estudos em Segurança Pública (Re- naesp); III - Rede Nacional de Educação a Distância em Segurança Públi- ca (Rede EaD-Senasp); IV - programa nacional de qualidade de vida para segurança pú- blica e defesa social. § 2º Os órgãos integrantes do Susp terão acesso às ações de educação do Sievap, conforme política definida pelo Ministério Ex- traordinário da Segurança Pública. Art. 39. A matriz curricular nacional constitui-se em referencial teórico, metodológico e avaliativo para as ações de educação aos profissionais de segurança pública e defesa social e deverá ser ob- servada nas atividades formativas de ingresso, aperfeiçoamento, atualização, capacitação e especialização na área de segurança pú- blica e defesa social, nas modalidades presencial e a distância, res- peitados o regime jurídico e as peculiaridades de cada instituição. § 1º A matriz curricular é pautada nos direitos humanos, nos princípios da andragogia e nas teorias que enfocam o processo de construção do conhecimento. § 2º Os programas de educação deverão estar em consonância com os princípios da matriz curricular nacional. Art. 40. A Renaesp, integrada por instituições de ensino supe- rior, observadas as normas de licitação e contratos, tem como ob- jetivo: I - promover cursos de graduação, extensão e pós-graduação em segurança pública e defesa social; II - fomentar a integração entre as ações dos profissionais, em conformidade com as políticas nacionais de segurança pública e de- fesa social; III - promover a compreensão do fenômeno da violência; IV - difundir a cidadania, os direitos humanos e a educação para a paz; V - articular o conhecimento prático dos profissionais de segu- rança pública e defesa social com os conhecimentos acadêmicos; VI - difundir e reforçar a construção de cultura de segurança pública e defesa social fundada nos paradigmas da contemporanei- dade, da inteligência, da informação e do exercício de atribuições estratégicas, técnicas e científicas; VII - incentivar produção técnico-científica que contribua para as atividades desenvolvidas pelo Susp. Art. 41. A Rede EaD-Senasp é escola virtual destinada aos pro- fissionais de segurança pública e defesa social e tem como objetivo viabilizar o acesso aos processos de aprendizagem, independente- mente das limitações geográficas e sociais existentes, com o pro- pósito de democratizar a educação em segurança pública e defesa social. Seção II Do Programa Nacional de Qualidade de Vida para Profissio- nais de Segurança Pública (Pró-Vida) Art. 42. O Programa Nacional de Qualidade de Vida para Profis- sionais de Segurança Pública (Pró-Vida) tem por objetivo elaborar, implementar, apoiar, monitorar e avaliar, entre outros, os projetos de programas de atenção psicossocial e de saúde no trabalho dos profissionais de segurança pública e defesa social, bem como a inte- gração sistêmica das unidades de saúde dos órgãos que compõem o Susp. CAPÍTULO VIII DISPOSIÇÕES FINAIS Art. 43. Os documentos de identificação funcional dos profis- sionais da área de segurança pública e defesa social serão padro- nizados mediante ato do Ministro de Estado Extraordinário da Se- gurança Pública e terão fé pública e validade em todo o território nacional. Art. 44. (VETADO). Art. 45. Deverão ser realizadas conferências a cada 5 (cinco) anos para debater as diretrizes dos planos nacional, estaduais e municipais de segurança pública e defesa social. Art. 46. O art. 3º da Lei Complementar nº 79, de 7 de janeiro de 1994 , passa a vigorar com as seguintes alterações: “Art. 3º ........................................................................ § 1º (VETADO). ...................................................................................... § 4º Os entes federados integrantes do Sistema Nacional de In- formações de Segurança Pública, Prisionais, de Rastreabilidade de Armas e Munições, de Material Genético, de Digitais e de Drogas (Sinesp) que deixarem de fornecer ou atualizar seus dados no Siste- ma não poderão receber recursos do Funpen. ............................................................................” (NR) Art. 47. O inciso II do § 3º e o § 5º do art. 4º da Lei nº 10.201, de 14 de fevereiro de 2001 , passam a vigorar com a seguinte redação: “Art. 4º .......................................................................... ........................................................................................ § 3º ................................................................................ ........................................................................................ II - os integrantes do Sistema Nacional de Informações de Segu- rança Pública, Prisionais, de Rastreabilidade de Armas e Munições, de Material Genético, de Digitais e de Drogas (Sinesp) que cumpri- rem os prazos estabelecidos pelo órgão competente para o forneci- mento de dados e informações ao Sistema; ....................................................................................... SEGURAÇA PÚBLICA 12 § 5º (VETADO) .............................................................................” (NR) Art. 48. O § 2º do art. 9º da Lei nº 11.530, de 24 de outubro de 2007 , passa a vigorar com a seguinte redação: “Art. 9º .......................................................................... ........................................................................................ § 2º Os entes federados integrantes do Sistema Nacional de In- formações de Segurança Pública, Prisionais, de Rastreabilidade de Armas e Munições, de Material Genético, de Digitais e de Drogas (Sinesp) que deixarem de fornecer ou de atualizar seus dados e in- formações no Sistema não poderão receber recursos do Pronasci.” (NR) Art. 49. Revogam-se os arts. 1º a 8º da Lei nº 12.681, de 4 de julho de 2012. Art. 50. Esta Lei entra em vigor após decorridos 30 (trinta) dias de sua publicação oficial. Brasília, 11 de junho de 2018; 197º da Independência e 130º da República. ENFRENTAMENTO DO CRIME ORGANIZADO E DA CORRUPÇÃO POLICIAL O crime organizado vem se infiltrando em nossa sociedade de maneira vertiginosa e que o combate a esta criminalidade especia- lizada é uma árdua tarefa a ser executada pelos responsáveis pela justiça criminal e segurança pública. O crime organizado aproveita as carências e as expectativas so- ciais para conseguir adeptos: muitos de seus membros tentam fugir da pobreza e obter lucros e respeito por meio da participação na atividade criminosa proporcionada por esse tipo de organização. As milícias Milícias são grupos formados por agentes do Estado, da área da segurança pública ou militares, que controlam comunidades por meio de extorsão e violências. Estes grupos parapoliciais atuam com o respaldo de políticos e lideranças comunitárias locais. Além da cobrança de tributos de moradores, os milicianos con- trolam o fornecimento de muitos serviços, geralmente a preços mais altos, incluindo a venda de gás, eletricidade e outros sistemas de transporte privado, além da instalação de ligações clandestinas de televisão a cabo. Assim como o tráfico, as milícias também possuem suas fac- ções. A mais conhecida delas é a chamada “Liga da Justiça”, que tem como símbolo o escudo do Batman. Todas as milícias possuem as seguintes características: 1) Controle de um território e da população que nele habita por parte de um grupo armadoirregular; 2) O caráter coativo desse controle; 3) O ânimo de lucro individual como motivação central; 4) Um discurso de legitimação referido à proteção dos morado- res e à instauração de uma ordem; 5) A participação ativa e reconhecida dos agentes do Estado. O interesse pela formação destes grupos paramilitares foi incre- mentado depois que o transporte alternativo (VAN) se instaurou, cresceu e começou a ser uma fonte de lucro muito grande. Enfrentamento A luta contra o crime organizado residirá principalmente do uso adequado desses mecanismos ou técnicas de investigação e das fer- ramentas de aplicação da lei desenvolvidas ao longo de muitos anos de experiência na repressão a esse fenômeno criminológico. Meios eletrônicos: técnicas operacionais que consistem na uti- lização de equipamentos específicos para a gravação e reprodução de sons e imagens que instruem ou definem uma determinada si- tuação O emprego de meios eletrônicos, ou suporte eletrônico, repre- senta a mais importante das armas à disposição contra o crime or- ganizado. Fornece confiabilidade, provas objetivas por intermédio dos depoimentos dos próprios participantes e permite conhecer os planos dos criminosos para cometer crimes antes que sejam postos em prática. O suporte eletrônico também é restrito em termos de duração. Seu uso é limitado a 15 dias, que podem ser prolongados por perí- odos iguais, desde que todos os requerimentos sejam cumpridos e aprovados pelo juiz. Modalidades de captação eletrônica da prova: a) interceptação telefônica; b) escuta telefônica; c) interceptação ambiental; d) escuta ambiental; e) gravação clandestina. Operações encobertas ou disfarçadas: são a segunda na hie- rarquia das ferramentas de combate ao crime organizado, ficando atrás somente das investigações feitas com o auxílio do suporte eletrônico, sendo que ambas, não raramente, caminham de mãos dadas. Os agentes são frequentemente capazes de ganhar a confiança dos bandidos, induzindo-os a revelar seu passado de crimes, bem como convidando-os a participar de atividades que estejam já em andamento. Em conjunto com o suporte eletrônico, a abordagem disfarçada oferece uma cobertura regular das atividades diárias dos alvos. Entretanto, ela é muito delicada e representa um risco cons- tante de se atrair pessoas outrora inocentes para atividades crimi- nosas. Informantes: delicada técnica especializada utilizada para repri- mir organizações criminosas envolve o uso de informantes. Um in- formante é a pessoa que fornece dados/informes a um policial, com relação a determinados fatos, circunstâncias ou pessoas. A classe ou agrupamento social de um informante poderá variar com a na- tureza do crime ou fato que está sendo investigado. O melhor informante não é aquele que o policial consegue na hora, é o que já existe, que já foi cultivado ou recrutado, que é co- nhecido e cujos informes historicamente repassados já puderam ser avaliados. Poderemos ter dois tipos de informantes: o “confi- dente” e o “recrutado”. Segundo o Manual Elementar n° 04, Coleção Polícia Metropoli- tana, CALVANO, Alberto et al. Informações Policiais: fichários e ar- quivos, 1977, são numerosos os motivos pelos quais uma pessoa se torna um informante: 1) Vaidade – pessoas vaidosas gostam de fornecer informes, ob- tendo atitudes favoráveis dos policiais etc. 2) Atitude cívica – pessoas com elevado espírito público que de- sejam que a justiça seja feita. 3) Medo – pessoas que desejam obter a proteção da polícia, pois sentem-se inseguras com perigos reais ou imaginários. SEGURAÇA PÚBLICA 13 4) Remorsos – co-autores ou familiares dos criminosos, que ne- cessitam informar sobre o crime pois está pesando em suas cons- ciências. 5) Troca – pessoas que são detidas por ofensas pequenas e pro- curam negociar com o policial, informando sobre ofensas mais gra- ves de que tem conhecimento. 6) Privilégios – pessoas que dão informes para que possam ob- ter algum privilégio por parte do policial ou da polícia. O preso pode desejar cigarros, visitas, atenções para com sua família enquanto está em custódia. 7) Competição – pessoas que dão informes para prejudicar pos- síveis concorrentes, afastar competidores no seu ramo de negócio. Deve-se ter o máximo cuidado em sua utilização. 8) Vingança – pessoas que desejam vingar-se de outras por mo- tivos vários e injurias passadas. 9) Ciúmes – pessoas que tem, por qualquer motivo, inveja ou ciúmes de outras e desejam vê-las afastadas de seus caminhos ou metidas em complicações. 10) Estipêndio – pessoas que fornecem informes mediante pro- messas de recompensa. Devem ser avaliados cautelosamente e cri- teriosamente. 11) Amizade - pessoas que tem amizade ao policial, são suas conhecidas ou querem expressar sua gratidão. Em geral, bons in- formantes. Proteção a testemunhas ameaçadas: apoio para a repressão às organizações criminosas. Por conta do violento comportamento por parte de facções criminosas, a intimidação às testemunhas pode significar um grande obstáculo no caminho de uma ação bem-su- cedida. Uma testemunha é admitida no Programa quando ela é capaz de fornecer provas significantes em casos importantes nos quais haja a evidente ameaça a sua segurança. Uma vez no Programa, a testemunha e sua família recebem novas identidades e são re- movidas para outra região do país onde os riscos à sua segurança são menores. Também lhes é dada assistência financeira até que a testemunha esteja apta a um emprego seguro GARANTIA DO ACESSO À JUSTIÇA A garantia constitucional do acesso à justiça, também denomi- nada de princípio da inafastabilidade da jurisdição, está consagrada no artigo 5º, inciso XXXV da Constituição Federal, que diz: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residen- tes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igual- dade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito; O artigo 8º da 1ª Convenção Interamericana sobre Direitos Hu- manos de São José da Costa Rica, da qual o Brasil é signatário, tam- bém garante: Art. 8º. Toda pessoa tem direito de ser ouvida, com as garantias e dentro de um prazo razoável, por um juiz ou tribunal competente, independente e imparcial, estabelecido anteriormente por lei, na apuração de qualquer acusação penal contra ela, ou para que se determinem seus direitos ou obrigações de natureza civil, trabalhis- ta, fiscal ou de qualquer natureza. O direito do acesso à justiça supera uma garantia constitucional, sendo elevado a uma prerrogativa de Direitos Humanos, revelan- do tamanha sua importância. A garantia constitucional do acesso à justiça está intimamente ligada e se relaciona diretamente com os demais princípios constitucionais, tais como, o da igualdade, haja vista que o acesso à justiça não é condicionado a nenhuma caracte- rística pessoal ou social, sendo, portanto, uma garantia ampla, geral e irrestrita. Princípio da Inafastabilidade da Jurisdição Também conhecido como Princípio do acesso à justiça, o princí- pio da inafastabilidade da jurisdição tem previsão no artigo 5º, inci- so XXXV, da Constituição Federal vigente, que dispõe: “a lei não ex- cluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”. Esse princípio já deixa claro que, se por um lado cabe ao Poder Judiciário o monopólio da jurisdição, por outro lado é assegurado a todo aquele que se sentir lesado ou ameaçado em seus direitos o ingresso aos órgãos judiciais. O princípio do acesso à justiça não está somente para o legis- lador, pois alcança principalmente o Estado-Juiz, que deverá colo- car à disposição dos interessados os meios que lhes garantam um processo rápido e eficiente, eliminando os empecilhos que possam se apresentar ao cidadão menos culto ou economicamente hipos- suficiente, a fim de proporcionar às partes litigantes igualdade de condições.
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