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Entenda como funcionam esses produtos e o que você precisa analisar antes de aplicar em um desses produtos O QUE SÃO FUNDOS DE INVESTIMENTOS E COMO ESCOLHER UM PARA INVESTIR Licenciado para - eldo silva - Protegido por Eduzz.com INTRODUÇÃO FUNDOS DE INVESTIMENTOS: COMO FUNCIONAM? 4 CAPÍTULO 1 O QUE É UM FUNDO DE INVESTIMENTO? 5 CAPÍTULO 2 VANTAGENS E DESVANTAGENS 9 VANTAGENS 11 1. Gestão profissional 2. Diversificação com pouco dinheiro 3. Compartilhamento e custos 4. Facilidade DESVANTAGENS 14 1. Custos podem ser altos 2. Falta de flexibilidade e autonomia 3. Liquidez limitada CAPÍTULO 3 TIPOS DE FUNDOS DE INVESTIMENTO 19 CONHEÇA OS DIFERENTES TIPOS POR ESTRATÉGIA DE INVESTIMENTO 20 GESTÃO ATIVA VERSUS PASSIVA 31 SUMÁRIO Licenciado para - eldo silva - Protegido por Eduzz.com CAPÍTULO 4 RISCOS E CUSTOS 35 RISCOS 36 1. Risco de Crédito 2. Risco de Mercado 3. Risco de Liquidez 4. Risco Operacional 5. Risco Legal CUSTOS 41 - Quanto custa investir em fundos de investimentos? - Mordida do leão CAPÍTULO 5 COMO INVESTIR EM FUNDOS DE INVESTIMENTOS 45 O QUE ANALISAR NA HORA DE ESCOLHER UM FUNDO DE INVESTIMENTO? 46 1. Avalie sua carteira de investimento como um todo 2. Leia a Lâmina do fundo e histórico de rentabilidade 3. Saiba onde o gestor aplica seu dinheiro 4. Não compre algo só pela rentabilidade passada 5. Avalie se vale o custo 6. Entenda quais riscos está correndo SUMÁRIO Licenciado para - eldo silva - Protegido por Eduzz.com INTRODUÇÃO4 Q uando você começa a procurar informações sobre investimen-tos, logo eles aparecem, os tais fundos de investimento. No Brasil, hoje estão aplicados mais de um TRILHÃO de reais, com T de tatu, neste tipo de produto financeiro, mas pouca gente entende mui- to bem o que são, como funcionam e – principalmente – sabe como escolher um fundo para aplicar. Este eBook se propõe justamente a tirar todas as suas dúvidas sobre esse produto. Iremos abordar: • O que é um fundo de investimento? • Fundos de investimentos: como funcionam? • Quais as vantagens e desvantagens de se investir em fundos de in- vestimento? • Tipos de fundos de investimento • Quais os riscos de se investir em fundos de investimentos? • Quanto custa investir em fundos de investimentos? • Como investir em fundos de investimentos • O que analisar na hora de escolher um fundo de investimento? INTRODUÇÃO Licenciado para - eldo silva - Protegido por Eduzz.com CAPÍTULO 15 O QUE É UM FUNDO DE INVESTIMENTO? O s fundos de investimentos funcionam como uma cesta de pro-dutos. Na prática, é um produto que investe em outros ativos fi- nanceiros, que podem ser desde ações de empresas listadas na bolsa a títulos públicos do Tesouro, contratos de câmbio com apostas para o futuro, ativos negociados fora do país, imóveis, títulos de dívida de empresas, cotas de outros fundos de investimento e por aí vai... Cada fundo tem suas particularidades e diretrizes que ditam no que Licenciado para - eldo silva - Protegido por Eduzz.com 6 CAPÍTULO 1 O QUE É UM FUNDO DE INVESTIMENTO? ele pode aplicar o dinheiro que capta de investidores. Tem alguns fundos mais conservadores, que só compram títulos do Tesouro Na- cional ou que podem comprar títulos públicos e privados, mas con- tanto que acompanhem a taxa Selic, que normalmente entram na categoria chamada de fundo DI. Tem também aqueles que aplicam quase que somente em ações de empresas negociadas na bolsa de valores brasileira, a B3, e são cha- mados popularmente de “fundos de ações”. Há ainda os que tem mais liberdade, chamados de “multimercados”, e que podem aplicar o dinheiro em ações e em moedas de outros países, além de montar estratégias que envolvam aposta no com- portamento futuro dos juros no Brasil e em outros países, além de commodities, por exemplo. Resumindo, existem diferentes tipos de fundos de investimentos e com estratégias de aplicação do dinheiro também bem diversas. Os tipos mais comuns de renda fixa, de ações multimercados e cambiais. Mas vamos detalhar melhor cada perfil no capítulo 3 (página 19). FUNDOS DE INVESTIMENTOS: COMO FUNCIONAM? Os fundos de investimento são diferentes entre si. Todos, porém, tem algo em comum: sua estrutura. Para entender, pense em um condomínio com vários apartamentos, quadras de esporte, acade- mia, salão de jogos, salão de festas, lavanderia e outras facilidades. Licenciado para - eldo silva - Protegido por Eduzz.com 7 CAPÍTULO 1 O QUE É UM FUNDO DE INVESTIMENTO? Os fundos de investimento funcionam, na prática, como condomínios em que há um síndico — o gestor — que faz a gestão do condomínio e define no que o dinheiro deve ser investido para valorizar o imóvel. Ele tem metas para bater e está sempre observando o que a média do mercado está fazendo (chamado benchmark ou referência). Esse condomínio tem vários proprietários de unidades, os cotistas, que investiram seu dinheiro ali esperando um retorno no mínimo igual ou acima da média do mercado. Como contrapartida do dinhei- ro aplicado, os clientes recebem cotas daquele condomínio. O nú- mero de cotas depende do valor investido e do valor da unidade no momento da aplicação. O condomínio contrata também uma empresa para ficar de olho no síndico e checar se ele não está fazendo nada fora do que foi acor- dado no regulamento e se está passando para os proprietários todas as informações importantes sobre o que acontece no condomínio e como o dinheiro de todo mundo está sendo investido. Esse “fiscal” independente é o administrador do fundo, e, assim como o gestor, ele precisa ser registrado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para fazer esse trabalho. E se alguém quiser sair do condomínio? Pede resgate e põe à venda as cotas no mercado. E se alguém se interessar por entrar como sócio nesse condomínio? Também é possível, na maior parte das vezes. A intermediação de compra e venda dessas unidades é feita por bancos, corretoras e plataformas digitais que têm prateleiras de produtos. São os revendedores. Mas tecnicamente são chamados de distribuidores. Licenciado para - eldo silva - Protegido por Eduzz.com 8 CAPÍTULO 1 O QUE É UM FUNDO DE INVESTIMENTO? Por fim, os fundos têm ainda a figura do custodiante, que é um banco responsável por guardar os ativos do fundo, como ações, títulos e de- mais ativos, enviando diariamente o inventário ao gestor e aoadminis- trador. O custodiante também é responsável pela liquidação física e financeira dos ativos, ou seja,o pagamento e recebimento de ativos e recursos. Essa é a estrutura de um fundo de investimento: quem aplica dinheiro no fundo é o cotista, quem escolhe em quais ativos investir e analisa se é a hora de vender ou comprar algum outro ativo é o gestor, e o admi- nistrador faz atividades fiscal do fundo, e é o responsável por garantir que o cotista saiba de tudo o que está acontecendo no seu fundo. Há fundos que são abertos, aqueles em que o investidor pode entrar ou sair quando quiser; fundos fechados, que não estão mais abertos para captação de dinheiro, seja de novos investidores ou de quem já é cotista. Há ainda um outro tipo de fundo, que é o exclusivo, de- senhado para uma pessoa ou família rica, e que quer uma gestão profissional e personalizada para seu dinheiro. É claro que os custos de se montar um fundo próprio, exclusivo, são altos, então, para a grande maioria das pessoas físicas, a opção viável é aplicar em um fundo que já existe. Está pensando em aplicar em um fundo? Veja no próximo capítulo as vantagens e desvantagens deste tipo de investimento. Licenciado para - eldo silva - Protegido por Eduzz.com CAPÍTULO 29 VANTAGENS E DESVANTAGENS A principal vantagem de investir por meio de um fundo de investi-mento é que você delega para um profissional (ou uma equipe de gestão) a decisão de escolher os ativos para aplicar seu dinheiro. Afinal, quem não trabalha no mercado financeiro não costuma ter tempo e na maior parte dos casos não tem conhecimento para esco- lher quais ativos comprar para montar sua carteira. E por isso esse produto é tão popular. Licenciado para - eldo silva - Protegido por Eduzz.com 10 CAPÍTULO 2 VANTAGENS E DESVANTAGENS Mas quem escolhe esse caminho precisa pagar por este serviço, claro. Se você decidisse alocar sozinho(a) o dinheiro que poupou, o primeiro passo seria entender quais opções de produtos de investimento você tem disponíveis. No mercado de investimento para pessoa física, são muitas as alternativas. Mesmo pensando apenas dentro do Brasil. Em renda fixa, dá para investir em: • Títulos públicos vendidos pelo Tesouro Nacional; • Certificados de Depósito Bancário (CDBs), Letras de Crédito Imobili- ário (LCI), Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs), Letras Financei- ra (LF), Letras de Câmbio - todos emitidos por bancos e instituições financeiras; • Dívida corporativa emitida por empresas não financeiras, como de- bêntures ou em instrumentos como Certificados de Recebíveis Imo- biliários (CRIs) e Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA). Em renda variável, dá para investir em: • Ações de empresas de capital aberto negociadas na B3; • ETFs, cuja sigla significa Exchange Traded Funds ou “fundos negocia- dos em bolsa”; • Fundos imobiliários negociados na B3; • Moedas; • Derivativos, como minicontratos de dólar e índice Ibovespa. • Recibos de ações de empresas estrangeiras (BDRs) na B3. Se você for montar uma carteira de investimento sozinho(a), precisa- rá estudar cada um desses ativos e pensar o que seria melhor para você levando com conta o tempo que você tem (por quanto tempo Licenciado para - eldo silva - Protegido por Eduzz.com 11 CAPÍTULO 2 VANTAGENS E DESVANTAGENS não precisará do dinheiro), o seu perfil de risco (conservador, mo- derado, arrojado etc.), o volume de dinheiro que você tem (cada produto tem uma aplicação inicial mínima) e quais os custos opera- cionais das aplicações, além da tributação. Desanimou de tentar essa empreitada solo? Aplicar em um fundo pode ser uma boa alternativa por causa da conveniência. Entenda com mais detalhes abaixo os prós e contras do produto. VANTAGENS 1 Gestão profissional No fundo de investimento a gestão é indireta. Ou seja, embora possa escolher o tipo ou a categoria do fundo (limitando o escopo das aplicações), você não escolhe o que terá na carteira do fundo. Essa tarefa é do(a) gestor(a), que é pago(a) para fazer isso. Além de ter bem mais experiência que a maioria dos investidores pequenos, esses profissionais contam com uma equipe para ajudá-los a analisar se um ativo está barato ou caro, traçar uma projeção para a inflação, juros e câmbio e acompanhar todas as notícias, comunicados e infor- mações sobre empresas e economias. Nem todo mundo tem tempo, interesse ou paciência para fazer essa análise aprofundada e tomar decisões. No fundo, você conta com uma gestão profissional. Fica a cargo do investidor, porém, escolher o(a) gestor(a) em quem confie, e também escolher o tipo do fundo em que vai aplicar, além do nível de risco que topa correr. Licenciado para - eldo silva - Protegido por Eduzz.com 12 CAPÍTULO 2 VANTAGENS E DESVANTAGENS 2 Diversificação com pouco dinheiroOutra vantagem dos fundos de investimento é poder diversifi- car a carteira mesmo com pouco dinheiro. O fundo compra ativos no “atacado” e vende pequenas cotas de sua sociedade (condomínio) no “varejo”. Para montar uma carteira com diversos ativos, custaria proporcionalmente caro para uma pessoa sozinha, especialmente se o patrimônio não for grande. Compartilhando os custos com outros cotistas, fica mais em conta. Em uma analogia, imagine que você queira comprar uma Ferrari, um helicóptero, uma casa na praia e uma casa de campo. Para ter todos esses ativos teria que desembolsar alguns milhões de reais. Mas se você se juntar com vários amigos para comprar juntos todos esses bens e compartilharem igualmente o uso e os custos, você não preci- sa ter tanto patrimônio para usufruir dos benefícios. É um exemplo hipotético, mas que mostra o poder que um fundo tem. Por ser considerado um investidor grande, chamado de investidor institucional, o fundo também consegue comprar ativos que a pes- soa física não tem acesso fácil ou cujo valor mínimo é muito alto e se torna um impeditivo. Seu tamanho também lhe dá mais poder de barganha para negociar custos de corretagem e custódia com as cor- retoras e de distribuição com as plataformas. Por tudo isso, este tipo de produto torna acessível ao pequeno in- vestidor uma boa gama de ativos com baixo valor inicial de inves- timento. A maioria dos fundos atualmente tem aplicação mínima Licenciado para - eldo silva - Protegido por Eduzz.com 13 CAPÍTULO 2 VANTAGENS E DESVANTAGENS a partir de R$ 1 mil, mas há opções no mercado brasileiro hoje a partir de R$ 1 (Sim, você leu certo!). O benefício de aplicar em uma cesta de ativos é a diversificação. Mesmo um fundo de ações que só pode comprar empresas lista- das na bolsa de valores brasileira costuma apostar em dez ou mais companhias. Então, se uma não se valorizar muito, o desempenho de outra pode compensar. O risco também fica pulverizado: se uma quebrar, como ela só representa uma parte pequena do patrimônio, o impacto é menor do que se você só estivesse investido(a) somente naquela empresa. O gestor pode, inclusive, pensar, durante a composição do portfólio, em colocar na cesta empresas que estão expostas a riscos diferentes. Por exemplo: ter uma varejista, que depende da economia brasileira, uma exportadora, que é exposta à variação do câmbio, das commo- dities e ao mercado internacional, um banco, que é mais resistente a crises e também uma companhia elétrica, que está em um mercado regulado e tem receita previsível. 3 Compartilhamento e custosFazer parte de um condomínio também é interessante porque os custos, assim como os resultados, são compartilhados entre to- dos. E na medida que o fundo atrai mais cotistas e consequentemen- te patrimônio, os custos e despesas tendem a ser diluídos, poque não aumentam na mesma proporção. Licenciado para - eldo silva - Protegido por Eduzz.com 14 CAPÍTULO 2 VANTAGENS E DESVANTAGENS 4 FacilidadePor fim, os fundos são fáceis – operacionalmente falando – para se investir e resgatar. Com uma conta aberta em qualquer correto- ra ou plataforma de investimento, ou mesmo nos bancos, você tem acesso a dezenas ou centenas de opções disponíveis. Os custos já são descontados automaticamente dos resultados (em caso de valo- rização da cota) ou do valor da cota (caso ele tenha prejuízo). Os impostos também já são descontados na hora do pedido de res- gate, ou seja, recolhidos na direto na fonte. Ou seja, o investidor não precisa se preocupar em recolher o imposto posteriormente. DESVANTAGENS 1 Custos podem ser altosComo tudo na vida, nem só de benefícios vivem os fundos de in- vestimento. Para especialistas, os custos cobrados por muitos fundos podem ser altos, especialmente em um cenário de taxa de juros mais baixa. Para fundos de ações e multimercados, costuma ser cobrada geralmente uma taxa de administração de 2% ao ano sobre o patri- mônio do fundo, e mais um tanto (geralmente de 20%) de taxa de “performance” sobre o exceder o índice de referência (benchmark) determinado no regulamento. Para explicar a taxa de performance de forma simplificada em ter- mos numéricos, imagine que o Ibovespa suba 10% num ano e o fundo de ações teve valorização de 18%. O gestor fica com 20% dos 8 pontos percentuais de “excesso” de retorno como performance, Licenciado para - eldo silva - Protegido por Eduzz.com 15 CAPÍTULO 2 VANTAGENS E DESVANTAGENS ou 1,6 ponto percentual. Para aqueles fundos cuja gestora precisa trabalhar bastante para conseguir uma boa rentabilidade, que tem uma equipe de ótimos profissionais de análise de investimento, com experiência, que inves- te em softwares, algoritmos e hardwares para cruzar dados e tomar as melhores decisões, as taxas são devidamente compensadas. Porém, muitos fundos cobram caro por um serviço esporádico ou um mínimo esforço da equipe de gestão. É o caso, por exemplo, daque- les fundos de renda fixa mais simples, como os DIs, ou dos fundos do tipo automático (“raspa-contas”), muito comum ainda em grandes bancos. Esses dois tipos de fundos costumam aplicar basicamente em títulos públicos e exigem muito pouco – ou praticamente nada – de esforço do gestor. Portanto, neste casos, não vale para você pagar taxas de administração maiores do que 0,50% (percentual já conside- rado alto para este tipo de produto). A lógica é. Não faz sentido o gestor cobrar caro por algo que o cliente pode fazer sozinho investindo diretamente no Tesouro Direto, por exemplo. Como a taxa básica de juros da economia hoje está baixíssima para padrões históricos e a inflação, medida pelo IPCA gira em torno do mesmo patamar, qualquer taxa de administração acima de 0,35% já é cara se a meta do gestor for remunerar pela taxa Selic. Quando des- contado o Imposto de Renda, o rendimento real desse fundo já fica negativo na hora. Licenciado para - eldo silva - Protegido por Eduzz.com 16 CAPÍTULO 2 VANTAGENS E DESVANTAGENS Onde encontrar a inflação: IBGE Onde encontrar a taxa de juros: BANCO CENTRAL Para justificar a aplicação e a cobrança de taxa, o fundo precisa render mais do que o CDI no caso de fundos de renda fixa e multimercados e acima do Ibovespa em fundos de ações. Isso porque existem produtos que garantem esses retornos da “média do mercado” praticamente sem custo para o investidor pessoa física, como Tesouro Direto e ETFs que replicam o Ibovespa. Fundo raspa-contas Aqui vale uma observação: os fundos raspa-contas são aque- les em que o banco te pergunta (ou às vezes nem pergunta) se você quer colocar o dinheiro que fica parado na conta cor- rente. O discurso é sempre de que ele é super líquido (você tem acesso ao dinheiro muito rapidamente) e que, dessa forma, o dinheiro, mesmo parado, renderia alguns trocados. O problema é que ninguém conta que o único beneficiado de verda- de nesses fundos é o banco. Não é difícil encontrar, entre os bancões, fundos raspa contas com taxa de administração de 1%, 1,5% ou 2% ao ano, extremamente abusivas no contexto atual. Além disso, o co- tista desses fundos paga Imposto de Renda (na maioria dos casos a alíquota maior, de 22,5%, para aplicações de até 180 dias) e, para quem resgata nos primeiros 30 dias, tem ainda que arcar com o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras. Vamos falar melhor dos custos e tributos no capítulo 4 (página 41). Licenciado para - eldo silva - Protegido por Eduzz.com https://www.ibge.gov.br/explica/inflacao.php?utm_source=ebook&utm_medium=ar%25ED%25AF%2580%25ED%25B6%259Fcle&utm_campaign=ebook_inves%25ED%25AF%2580%25ED%25B6%259Fmentos http://www.b3.com.br/pt_br/produtos-e-servicos/negociacao/renda-variavel/etf/renda-variavel/etfs-listados/?utm_source=ebook&utm_medium=article&utm_campaign=ebook_investimentos 17 CAPÍTULO 2 VANTAGENS E DESVANTAGENS 2 Falta de flexibilidade e autonomiaSe, por um lado, poder contar com uma gestão profissional para escolher os ativos da carteira é bom, por outro, quem aplica em fun- dos de investimento não consegue escolher ativos específicos para investir. Se não concordar com alguma decisão do(a) gestor(a) ou com a política de investimento do fundo, o cliente não tem muito a fazer. Ou seja, imagine que você seja cotista de um fundo de ações e acha que as ações da empresa XYZ estão baratas, mas o gestor não quis compra-las. Você não tem poder para incluí-las no fundo. E aí tem a opção de fazer a aplicação direta em paralelo, ou pedir o res- gate e sair do fundo. 3 Liquidez limitadaNão é também todo fundo que o investidor pede o resgate e o dinheiro cai na conta até o dia seguinte. Fundos mais arriscados ou que aplicam em ativos de menor liquidez ou mais voláteis, como os de ações e multimercado têm, por praxe, só devolver o dinheiro de- pois de 30 dias – alguns chegam a demorar 2 meses. Esse é o prazo de cotização, ou seja, se você pedir hoje para sair, a apuração do va- lor da cota e do dinheiro a receber só será feito daqui um mês. Se o fundo se desvalorizar nesse intervalo, você também perde dinheiro junto. (e vice-versa) Esse é um mecanismo de proteção para o fundo, de modo a evitar que haja uma corrida para resgatar e o gestor seja obrigado a vender ativos às pressas e aceitar um preço menor do que acha justo. Se isso acontece, os cotistas que ficam saem prejudicados. Por isso, o prazo de um mês é suficiente para o gestor vender aos poucos e com calma Licenciado para - eldo silva - Protegido por Eduzz.com 18 CAPÍTULO 2 VANTAGENS E DESVANTAGENS os ativos que precisa, sem grandes prejuízos, para colocar dinheiro em caixa e pagar os resgates. Há ainda fundos de crédito privado que, em alguns casos, têm pra- zo maior ainda – de 60 dias, 6 meses ou até 2 anos – porque não é tão simples e rápido encontrar comprador para os ativos que investe (dívida de empresas de longo prazo, com vencimentos em anos). O mercado secundário (de segunda-mão) de títulos de dívida está cres- cendo no Brasil, mas é ainda bem menos líquido do que o de ações, por exemplo, em que se encontra comprador a todo momento para quase qualquer papel. Agora que você entende as vantagens e desvantagens dos fundos de investimento, conheça que tipo de fundos existem no mercado. Licenciado para - eldo silva - Protegido por Eduzz.com CAPÍTULO 319 TIPOS DE FUNDOS DE INVESTIMENTO U m aspecto legal do mercado de fundos de investimentos é que existem opções para todos os gostos, riscos e bolsos. O seg- mento se desenvolveu bastante nos últimos anos com a ascensão de plataformas de investimentos e opção é que não falta para o inves- tidor. Mas, claro, não é qualquer fundo que serve para todo mundo. Para uma pessoa que morre de medo de perder o dinheiro, por exemplo, um fundo de ações ou fundo cambial pode ser muito arris- cado. Já para quem está super descontente com o retorno da renda Licenciado para - eldo silva - Protegido por Eduzz.com 20 CAPÍTULO 2 VANTAGENS E DESVANTAGENS fixa e topa correr um pouco mais de risco, tanto esses fundos como os imobiliários podem ser interessantes. CONHEÇA OS DIFERENTES TIPOS POR ESTRATÉGIA DE INVESTIMENTO: • Fundos de Renda fixa • Fundos de Crédito privado • Fundos de Debêntures incentivados • Fundos de Ações • Fundos Multimercado • Fundos Cambiais • Fundos de Investimento no Exterior • FIC (Fundo de Investimento em Cotas) • Fundos Temáticos • ETFs • Fundos Imobiliários • Fundos Alternativos FUNDOS DE RENDA FIXA Para ganhar o carimbo de “renda fixa”, o fundo precisa oferecer um conjunto de ativos que tenha pelo menos 80% de aplicações com ta- xas pré ou pós-fixadas. No fundo que possui papéis pós-fixados, eles costumam acompanhar o comportamento da taxa básica de juros do país (a Selic). Já naquele com carteira prefixada, como o nome já diz, os papéis que compõem a carteira têm taxas nominais conhecidas, e você tem uma boa ideia de largada do quanto aquele investimento deve te render. Um risco nesse caso é a taxa Selic no período de in- vestimento ser maior do que essas taxas contratadas. Um outro risco Licenciado para - eldo silva - Protegido por Eduzz.com 21 CAPÍTULO 2 VANTAGENS E DESVANTAGENS é a inflação disparar. Nos fundos de renda fixa, os ganhos tendem a ser menores do que na renda variável, no entanto, o risco também. FUNDOS SIMPLES E DI Dentro desta categoria há os fundos de renda fixa simples, que têm 95% das aplicações em títulos públicos e custos reduzidos (ou até ze- rados) de administração. Os fundos de renda fixa referenciados são aqueles que acompa- nham uma taxa, por isso a rentabilidade cresce e diminui de acordo com ela. Nesse grupo, um dos mais conhecidos são os fundos DI, que usam como referência a CDI (link para matéria o que é CDI). Eles tam- bém têm ampla composição em títulos públicos - mais um sinônimo de baixo risco. Afinal, as chances de calote do governo são as meno- res do mercado. De um jeito ou de outro, o Estado costuma pagar os juros. A não ser que haja uma hecatombe. FUNDOS DE CRÉDITO PRIVADO Ainda no guarda-chuva dos fundos de renda fixa, existem os que concentram um mínimo de 50% de ativos em títulos privados, como CDBs e debêntures. São os chamados fundos de renda fixa de “cré- dito privado” - e carregam essa expressão no nome. Costumam ser um tanto mais arriscados que aqueles que se concentram em títulos públicos, dado que é mais fácil uma empresa deixar de pagar uma dívida do que o Tesouro. Além disso, em momentos de estresse, a Licenciado para - eldo silva - Protegido por Eduzz.com 22 CAPÍTULO 2 VANTAGENS E DESVANTAGENS baixa liquidez pode fazer até mesmo papéis de baixo risco de inadim- plência serem negociados com desconto, e isso reduz o valor das co- tas desses fundos. FUNDOS DE DEBÊNTURES INCENTIVADAS Os fundos de debêntures incentivadas têm como estratégia princi- pal aplicar seu patrimônio majoritariamente em debêntures incen- tivadas. Em geral, as debêntures incentivadas são títulos de dívida corporativa, de empresas, com o propósito de financiar projetos no setor de infraestrutura, como saneamento básico e construção civil. O diferencial desses fundos em relação a todos os outros, de renda fixa e variável, é a concessão do benefício fiscal a investidores pessoa física: eles não pagam imposto de renda. FUNDOS DE RENDA VARIÁVEL • Fundo de Ações Dentro dos fundos de ações, pelo menos 67% do patrimônio (total de recursos aplicados pelos investidores) precisa estar investido em ações e ativos relacionados, como opções (direito de comprar ou ven- der um determinado papel, numa data determinada, por um preço também previamente definido). Por definição da CVM, o restante pode ser aplicado em outros pro- dutos variados, como títulos de renda fixa, para balancear o risco. Neste caso, o gestor utiliza o dinheiro aplicado para comprar e ven- der ações a depender das flutuações dos papéis na bolsa, mas es- pecialmente com base nos resultados e nas perspectivas de núme- Licenciado para - eldo silva - Protegido por Eduzz.com 23 CAPÍTULO 2 VANTAGENS E DESVANTAGENS ros das companhias abertas. Os dividendos que as empresas investidas pelo fundo pagam são re- passados indiretamente ao investidor pelo aumento do valor da cota. É uma maneira de redistribuir o benefício aos cotistas sem trabalheira. Se você quer entrar no mercado de ações, mas não entende muito bem sobre mercado financeiro, pode ser uma boa opção. No fim das contas, é o gestor que deverá tomar decisões e ficar de olho na bol- sa, nas informações das empresas e na divulgação de seus balanços trimestrais. • Fundos Long Only, Long and Short e Long Biased Os fundos de ações podem ter diferentes estratégias de investimen- tos. As mais comuns são “Long Only”, “Long and Short” e “Long Bia- sed”. Entenda o que isso significa: A palavra inglesa “Long” é usada em finanças para se referir à ação de “compra” de ativo. Na prática, significa que aquele fundo aposta na alta dos papéis e por isso está “comprado” naqueles ativos (comprou e mantêm na carteira esperando a valorização da ação). Os fundos Long Only são aqueles cuja estratégia é sempre comprar ações esperando sua valorização. É a mais tradicional e conhecida dentre as estratégias de fundos de ações. Normalmente, essa estra- tégia tem uma visão de longo prazo Já os fundos do tipo Long and Short apostam em via de mão dupla: combinam a compra de ações que esperam valorização com opera- Licenciado para - eldo silva - Protegido por Eduzz.com 24 CAPÍTULO 2 VANTAGENS E DESVANTAGENS ções vendidas de ativos que acreditam que podem se desvalorizem (short, em inglês e financês, é “vendido”) ou que tenham desempe- nho relativo pior do que o ativo em que o gestor está comprado. Os ativos comprados e vendidos funcionam como pares e geralmente são do mesmo setor ou até da mesma empresa (exemplo: o gestor percebe uma distorção em relação ao padrão histórico e compra a ação ordinária e fica vendido em ação preferencial da mesma com- panhia). Para ficar vendido, o(a) gestor(a) pode alugar ações, vender a descoberto ou ficar vendido em contratos de Ibovespa futuro (apos- tando na queda). Por fim, o long biased é um tipo de estratégia que se assemelha ao fundo tradicional de ações por ter grande parte comprada em ativos (“biased” em inglês e financês quer dizer enviesado, ou tendência – no caso, tendência de ficar comprado). Mas esse tipo de fundo tem uma particularidade: ele pode ter posições vendidas para proteger a carteira contra fortes oscilações. Mas a parte vendida costuma ser bem menor do que a comprada. Em ordem de risco, os fundos long only são os mais arriscados, segui- dos por long biased e long and short, que entre os três é o que tem menor volatilidade (mas costumam também ter retorno mais tímido). • Fundos Multimercado Pegue todas as opções acima e junte numa coisa só. Esse é o fundo multimercado. Ele dá amplos poderes ao gestor para aplicar em qual- quer tipo de investimento que ele considere que seja o mais interes- Licenciado para - eldo silva - Protegido por Eduzz.com 25 CAPÍTULO 2 VANTAGENS E DESVANTAGENS sante em dado momento. Além do trio ações, juros futuros e câmbio — que são os ativos mais comuns neste tipo de fundo —, há quem se aventure na seara das commodities (petróleo, minério, ouro etc.), derivativos e investimentos no exterior, além de papéis de renda fixa. Ele é indicado para investidores moderados ou arrojados, que já te- nham uma reserva de emergência em aplicações mais conservado- ras, e que estejam preparados para ver o seu dinheiro ora ganhando ora podendo ter perdas. É nesse tipo de produto que o gestor tem maior liberdade para mos- trar sua competência na seleção de ativos e estratégias. Por outro lado, como o mandato é amplo, o processo de seleção de quem vai assumir a tarefa de cuidar do seu dinheiro exige mais cuidado. • Fundos Cambiais É a turma da moeda estrangeira. Devem ter 80% dos seus rendimen- tos atrelados à variação de preço do dólar ou do euro, por exemplo. Se o dólar se valoriza, seus rendimentos acompanham. É indicado como proteção de carteira, porque é exposto ao mercado internacio- nal e não ao Brasil. O risco desses fundos costuma ser maior porque estão atrelados à flutuação da moeda estrangeira, sendo a mais comum a americana. O câmbio é uma das variáveis mais difíceis de prever porque é in- fluenciada por inúmeros fatores, domésticos e internacionais e, por isso, é imprevisível. Licenciado para - eldo silva - Protegido por Eduzz.com 26 CAPÍTULO 2 VANTAGENS E DESVANTAGENS • Fundos de Investimento no Exterior Por ora, a CVM só deixa os fundos de investimentos oferecidos a pe- quenos investidores terem até 20% do patrimônio em aplicações no exterior, que podem ser ações, ETFs (fundos espelhos de índices) ou dívida corporativa de empresas listadas lá fora, por exemplo. O res- tante do patrimônio precisa ser aplicado em ativos aqui no Brasil. Diversos fundos de ações, multimercados e até renda fixa podem ter uma fatia de ativos no exterior, mas isto não está explícito no nome do fundo – para encontrar essa informação, é preciso ver a lâmina ou regulamento do fundo (em “Objetivo e Política de Investimento”). Já os fundos que têm no nome “Investimento no Exterior”, esses são destinados a investidores qualificados, ou seja, que têm mais de R$ 1 milhão em investimentos. Mas vale comentar que há fundos que são oferecidos como investi- mento no exterior e que têm mais de 20% do patrimônio exposto ao exterior. Como? São produtos que usam instrumentos negociadas aqui na nossa bolsa de valores e permitidos para investidores peque- nos, e que são expostos a investimento lá fora. É o caso, por exemplo, dos fundos que investem em BDRs (Brazilian Depositary Receipt), os certificados de depósito emitidos e negocia- dos na B3 que representam ações de empresas listadas em outro país. Isso porque a CVM alterou a regulamentação sobre BDRs no fim de 2020 para possibilitar que pessoas físicas também possam in- vestir no produto. Portanto, os fundos que investem em BDRs, agora podem ser oferecidos ao público geral. Licenciado para - eldo silva - Protegido por Eduzz.com 27 CAPÍTULO 2 VANTAGENS E DESVANTAGENS Há ainda aqueles que se vendem como fundos de investimento na bolsa americana, mais especificamente no S&P 500, mas que, na ver- dade, fazem isso por meio de derivativos comprados na B3. Nestes casos, também não há restrição de público-alvo. É quando o gestor aplica diretamente lá fora que valem as restrições da CVM. Leia também: Quer investir no exterior? Entenda quais as opções e o que conside- rar na escolha do produto • ETFs Os ETFs – ou Exchange Traded Funds – são fundos de investimento negociados na bolsa de valores que espelham uma cesta de ativos, como índices do mercado. Eles podem ser de renda fixa ou de renda variável. No Brasil, há hoje 31 ETFs, sendo o mais conhecido o que replica o Ibovespa, o principal índice de ações da bolsa de valores, a B3. Mas já há opções de ETFs de renda fixa no Brasil, como o do Itaú, que tem uma cesta composta por títulos do Tesouro Nacional atrela- dos à inflação, e da gestora coreana Mirae Asset Global Investments, que tem como referência o índice “S&P/BM&F de Futuros de Taxas de Juros – DI 3 anos”. Hoje são 26 ETFs de renda variável e sete de renda fixa. É um merca- do que cresce a cada dia. Segundo dados da B3 de abril de 2021, ha- via mais de 360 mil investidores com dinheiro sob custódia em ETFs e cerca de R$ 130 bilhões movimentados em negócios no primeiro trimestre. Em 2020, foram R$ 365 bilhões negociados. Pessoas físicas já representam 20% do número de investidores e detém 15% do vo- lume total, segundo dados de abril de 2021. Licenciado para - eldo silva - Protegido por Eduzz.com https://valorinveste.globo.com/objetivo/hora-de-investir/noticia/2020/06/08/quer-investir-no-exterior-entenda-quais-as-opcoes-e-o-que-considerar-na-escolha-do-produto.ghtml?utm_source=ebook&utm_medium=article&utm_campaign=ebook_investimentos https://valorinveste.globo.com/objetivo/hora-de-investir/noticia/2020/06/08/quer-investir-no-exterior-entenda-quais-as-opcoes-e-o-que-considerar-na-escolha-do-produto.ghtml?utm_source=ebook&utm_medium=article&utm_campaign=ebook_investimentos 28 CAPÍTULO 2 VANTAGENS E DESVANTAGENS Mas como funcionam os ETFs? Assim como as ações, o ETF é negociado em bolsa, têm liquidez diária e suas cotas podem ser compradas e vendidas durante todo o pre- gão - período em que as negociações na bolsa estão abertas. A vantagem é que você diversifica o risco inclusive em ações, porque investe um pouco em tudo, seguindo um índice. E não precisa ter o trabalho de comprar cada uma das ações do Ibovespa na exata pro- porção. O ponto contra disso é que o ETF é um “pacote pronto” e, por isso, você não pode escolher quais ações ou ativos farão parte e nem o tamanho que cada uma terá na carteira. Outra vantagem é que a taxa de administração para investir em ETF costuma ser menor do que aquelas cobradas em fundos, justamente por se tratar de uma gestão passiva dos ativos (que, em teoria, não demanda um grande esforço). Para consultar os ETFs disponíveis na B3, clique aqui. • Fundos Temáticos Os fundos temáticos, como o próprio nome diz, seguem um tema. Há fundos que só investem em um ativo, como só na Petrobras ou fundo de ouro, e aqueles que aplicam em ações de um mesmo setor, ou em empresas que tenham políticas de sustentabilidade ambiental ou até mesmo um fundo que investe em cemitérios. No Brasil, ainda são poucos os fundos do tipo, mas é um mercado com potencial de crescimento. Licenciado para - eldo silva - Protegido por Eduzz.com http://www.b3.com.br/pt_br/produtos-e-servicos/negociacao/renda-variavel/etf/renda-variavel/etfs-listados/?utm_source=ebook&utm_medium=article&utm_campaign=ebook_investimentos 29 CAPÍTULO 2 VANTAGENS E DESVANTAGENS • FIC (Fundo de Investimento em Cotas) Você pode nem reparar, mas muitos fundos oferecidos em platafor- mas de investimento têm um “FIC” (Fundo de Investimento em Cotas) no seu nome ou sobrenome. Isso quer dizer que eles são fundos que aplicam o dinheiro dos cotistas em cotas de outro(s) fundo(s). Os FICs podem ser tanto um veículo para se investir num único fundo “master”, como também ser um produto que investe em diferentes fundos, de diferentes gestores. Esse último tipo é chamado de fundo de fundos, ou FoF, sigla em inglês para fund of funds. A principal vantagem deste tipo de produto é diversificação de risco e exposição a diferentes estratégias de investimentos. Mas atenção: eles também cobram por isso uma taxa de administração em cima das taxas dos fundos em que eles que investem. O investidor paga duas vezes. Em alguns FoFs existe uma devolução de parte das taxas para o cotista final, para reduzir o custo total. Mas isso nem empresa acontece. • Fundos Imobiliários Os fundos imobiliários (ou FIIs) são um bicho diferente. Mas eles nada mais são do que fundos de investimento que tem o propósito de só in- vestir no mercado imobiliário. E eles podem fazer isso comprando pré- dios mesmo (de tijolos) ou papéis de dívida de empresas do segmento de construção civil e imobiliário (CRI, LCI, debêntures, debêntures in- centivadas). Há aqueles que montam a carteira com tijolos e papéis. Licenciado para - eldo silva - Protegido por Eduzz.com 30 CAPÍTULO 2 VANTAGENS E DESVANTAGENS Os fundos de tijolos podem comprar galpões logísticos, shoppings, lajes corporativas, lojas de rua, prédios ou condomínios residenciais, hotéis, entre outros. Quem compra um FII deste tipo fica “sócio” dos imóveis, mas não pode usufruir deles. Os FIIs remuneram o investidor de duas formas: pelos dividendos da gestão dos imóveis (receitas com aluguéis descontadas das despesas com manutenção e operação) e valorização da cota do FII. Um dos grandes atrativos do produto é que a parcela distribuída na forma de dividendos é isenta de Imposto de Renda para pessoa física. Apesar de ter a previsibilidade do pagamento dos aluguéis, por ser um produto negociado em bolsa de valores diariamente, ele também é um tipo de investimento de renda variável, que pode ter uma alta volatilidade em períodos de crise, apesar de ser menos voláteis que as ações em si. Eles também estão sujeitos à valorização ou desvalo- rização do preço dos imóveis em que investem e ao risco de calote. • Fundos Alternativos Além dos FIIs, são considerados fundos alternativos os FIDCs (Fundo de Investimento em Direitos Creditórios) e os FIPs (Fundo de Investi- mento em Participação). Ambos são hoje vendidos apenas a investi- dores qualificados e profissionais. No caso dos FIDCs, a CVM estudo abri-los também para investidores de varejo, mas até meados de 2021 ainda não havia nada de concre- to. Este produto funciona como um fundo que compra direitos cre- ditórios, ou seja, ativos provenientes dos créditos que uma empresa Licenciado para - eldo silva - Protegido por Eduzz.com 31 CAPÍTULO 2 VANTAGENS E DESVANTAGENS tem a receber, como duplicatas, cheques e outros, de empresas nos segmentos financeiro, comercial, industrial, imobiliário, de hipotecas, de arrendamento mercantil e de prestação de serviços. Já os FIPs são mais comuns entre investidores de private equity e venture capital, que são modalidades de investimento que compram participações em empresas de diferentes estágios de maturidade e diferentes tamanhos. GESTÃO ATIVA VERSUS PASSIVA Os fundos de gestão ativa são aqueles que tem gestores dedicados a analisar e escolher os investimentos, e que procuram ter desempe- nho acima da média do mercado, ou da referência daquele mercado. Dando um exemplo, um fundo de ações de gestão ativa no Brasil deve buscar entregar aos cotistas um retorno acima do Ibovespa, após os custos com taxa de administração. Os fundos que se propõem a “bater o mercado” geralmente têm uma estratégia em que o gestor ativamente busca papéis que po- dem dar um bom retorno. Para isso, investem em equipe de aná- lise, softwares, viagens, deslocamentos para conhecer empresas, consultorias e outros tantos gastos. Para fazer esse trabalho, eles costumam cobrar taxas de administração e de performance, como explicamos no capítulo 4. Há, porém, fundos que se propõem a apenas segui o desempenho de algum indexador que represente a média daquela classe de ati- vos. A referência pode ser o CDI, ou um índice, como o Ibovespa ou Licenciado para - eldo silva - Protegido por Eduzz.com 32 CAPÍTULO 2 VANTAGENS E DESVANTAGENS IMA-B, e o gestor não precisa fazer quase nada na carteira – só mexe quando a composição do indexador é revisada. Neste último caso, a gestão é chamada de passiva. Os ETFs entram nesta categoria. É importante saber dessa diferença porque os primeiros são os que costumam dar retornos maiores, mas cobram mais pelo serviço – ge- ralmente pedem uma taxa de performance também pelo rendimen- to que exceder a média do mercado. O segundo grupo é bem mais barato para o investidor, mas cumprem a promessa de apenas seguir o desempenho do indexador e não entregar nada além disso. Você pode se perguntar por que alguém escolheria ficar “na média” (nos fundos passivos) em vez de acima da média (que é a proposta dos fundos ativos). E a resposta é que é fácil bater o mercado em um ou em alguns anos. Mas é difícil encontrar gestores que consigam fazer isso de forma consistente ao longo de cinco, dez ou vinte anos. E por isso a indústria dos fundos passivos cresceu tanto nos últimos anos. Isso não significa que não existam gestores que desafiem a hipóte- se de “eficiência do mercado” e consigam sim superar a média por vários anos. ESTRATÉGIAS DE INVESTIMENTOS Cada gestor de fundo pode ter sua própria estratégia ou abordagem de investimento, mas há algumas que são mais comuns no mercado. • Macro Uma delas é a estratégia macro, seguida por fundos multimercados, Licenciado para - eldo silva - Protegido por Eduzz.com 33 CAPÍTULO 2 VANTAGENS E DESVANTAGENS que podem investir e mercados de taxas de juros, moedas, ações e commodities, tanto no Brasil, quanto, possivelmente, em diferentes regiões geográficas no mundo (se constar no mandato). Sua princi- pal característica é de tomar decisões de investimento baseadas em cenários macroeconômicos. Na prática, o time de análise, que pode ter economistas, vai analisar os movimentos de taxa de juros, infla- ção, comportamento do consumidor, PIB etc. para tentar identificar o que pode acontecer no futuro e como isso vai se refletir no preço dos ativos. • Top Down A análise conhecida como “Top Down” é aquela em que o gestor olha “de cima para baixo”, ou seja, primeiro analisa as tendências macroe- conômicas para depois avaliar quais setores que podem ser prejudi- cados ou beneficiados daquela conjuntura que está se formando, e aí descem para analisar as companhias dentro dos setores que podem ser impactados positivamente. É comum entre fundos de ações. • Bottom Up Olha em um primeiro momento para as companhias, ou seja, quais empresas que estão se movimentado que podem se dar bem lá na frente. É uma visão mais microeconômica do que macro. É comum entre fundos de ações. • Total Return Se você ouvir falar que um fundo tem estratégia “Total return”, isso quer dizer que a política de investimento do fundo é ampla e tem Licenciado para - eldo silva - Protegido por Eduzz.com 34 CAPÍTULO 2 VANTAGENS E DESVANTAGENS como foco o retorno absoluto, e não relativo. Ou seja, Ou seja, dife- rente de um fundo de ações que visa superar um benchmark, um re- torno absoluto pode estabelecer um retorno que achar interessante como meta, independente de acompanhar as referências, como Ibo- vespa ou CDI. Daí a gestão pode se aproveitar de diferentes classes para isso, buscando as que mais façam sentido em cada momentos, sem estabelecer classes de ativos específicas para o gestor comprar. • Value Investing Este tipo de estratégia de investimento avalia o valor da companhia no longo prazo e não o seu preço hoje no mercado. Não que o gestor não esteja atento ao potencial de valorização do preço na bolsa – no fim, é sempre esse o objetivo, comprar a um preço menor e vender a um preço maior. Mas o gestor tem um olhar a longo prazo, aplica em empresas que têm potencial de crescer, expandir sua atuação, serem bem-sucedidas e, consequentemente, também ganharem va- lor na bolsa de valores. Talvez você já ouviu falar de investidores ou gestores que apostam em “buy and hold”, que em português significa comprar e segurar os papéis. Como a estratégia de value investing é de longo prazo, é comum os gestores ficarem com os ativos por um bom tempo na carteira. É comum entre fundos de ações. Conhecendo os produtos, vamos agora aos riscos, custos e impostos. Licenciado para - eldo silva - Protegido por Eduzz.com CAPÍTULO 435 RISCOS E CUSTOS O mercado está bombando e você vai lá na plataforma de investi-mento, escolhe um fundo com as informações ali disponíveis e depois de dois meses vêm uma pandemia e vê seu saldo despencar. O QUE VOCÊ FAZ? É claro que uma pandemia é um evento difícil de prever, mas o coro- navírus mostrou para todo mundo que investir exige uma gestão de risco. Mas, dificilmente os investidores param para analisar os reais ris- cos a que estão se expondo ao aplicar seu dinheiro naquele produto. Licenciado para - eldo silva - Protegido por Eduzz.com 36 CAPÍTULO 4 RISCOS E CUSTOS Há riscos de diversas naturezas, alguns de ocorrência mais rara, mas outros bastante conhecidos e mapeáveis, como os riscos de crédito (de calote do emissor), ou risco de mercado (de mudança de preços dos ativos), para citar apenas dois. Saiba mais: E se minha corretora quebrar? Os fundos de investimento trazem ganhos potenciais, mas também possuem riscos. Co- nheça abaixo com mais detalhes os cinco principais tipos de risco: de crédito, mercado, liquidez, operacional e legal. RISCOS 1 Risco de CréditoSabe quando você empresta o dinheiro para o seu primo e ele some do mapa e te dá o calote? Pois então, este é o risco de crédito. Está ligado à capacidade de pagamento da instituição na qual você investiu ou vai investir. Você já deve ter ouvido falar de algum banco, corretora ou outra instituição financeira que faliu, não? Os fundos de investimento não contam com a proteção do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) e correm o risco de levar calotes das em- presas emissoras de títulos de dívida privada em que investem. Esse risco se refere especialmente aos ativos de renda fixa do tipo crédito privado, como CDBs, letras financeiras, debêntures, CRIs e CRAs, por exemplo. Mas nada impede que fundos que tenham in- vestimentos fora do país tenham problemas com emissores. Apesar de mais seguros, os títulos públicos do Tesouro brasileiro também Licenciado para - eldo silva - Protegido por Eduzz.com https://valorinveste.globo.com/produtos/servicos-financeiros/noticia/2019/04/08/e-se-minha-corretora-quebrar.ghtml?utm_source=ebook&utm_medium=article&utm_campaign=ebook_investimento 37 CAPÍTULO 4 RISCOS E CUSTOS podem dar problema caso o governo se recuse a pagar sua dívida. É improvável hoje, mas não impossível. 2 Risco de MercadoÉ o risco de notícias ou outros fatores externos influenciarem preços e taxas que estão diretamente relacionados ao seu investi- mento. Uma notícia pode influenciar — para o bem ou para o mal — o valor de mercado de uma empresa (e o preço da ação dela), de um índice (IPCA, Selic, CDI, etc.) ou uma moeda (real, dólar, euro, libra). Com o sobe e desce dos ativos, pode ser, por exemplo, que você invis- ta em um fundo de ações e os papéis que estão dentro dessa carteira caiam. Em última instância, você pode sair com menos do que inves- tiu. Esse conceito, apesar de básico, muitas vezes é ignorado pelo investidor. Investimento não significa que você sempre ganhará algo — seja muito ou pouco. Você pode perder dinheiro, especialmente em produtos com maiores chances de sobe e desce. Todos os tipos de investimento têm algum grau de risco de merca- do. E esse risco aqui é tanto de ganhar menos do que poderia ou até mesmo de perder o principal investido. Diferentemente do risco de crédito, que você consegue medir, ana- lisando a vida da empresa que está emitindo o papel, por exemplo, o de mercado é bem mais imprevisível, pois depende de fatores po- líticos e econômicos que muitas vezes nos pegam de calças curtas. Se o presidente da República fala algo que o mercado desaprova, as ações das empresas podem cair e o dólar subir, por exemplo. E você Licenciado para - eldo silva - Protegido por Eduzz.com 38 CAPÍTULO 4 RISCOS E CUSTOS investidor não tem muito como prever isso, e às vezes nem como se proteger. Os gestores dos fundos costumam ficar bem atentos a esse tipo de risco. 3 Risco de LiquidezVocê já tentou vender um imóvel? Se sim, possivelmente sentiu na pele a dificuldade de fechar o contrato e receber o dinheiro rapi- damente. Pode levar meses ou até anos até que consiga vender, não é mesmo? Agora, outra pergunta: você já tentou transferir dinheiro da poupan- ça para sua conta corrente para cobrir algum rombo ou já prevendo algum gasto? Na mesma hora já cai, não é? Esses são dois exemplos extremos de diferença de liquidez (facilidade de acessar o dinheiro), e que exemplificam a existência deste risco. Os ativos têm diferentes riscos de liquidez. As ações de empresas que estão associadas ao principal índice da bolsa de valores, o Ibovespa, têm muito mais liquidez do que os papéis de empresas menores e mais “esquecidas”, por exemplo. Na maior parte dos fundos, o gestor te garante a “liquidez” necessária para você sair do fundo, mas alguns demoram mais que os outros porque precisam de um tempo para vender alguns ativos da cartei- ra, colocar dinheiro no caixa e aí pagar os resgates. Para fundos que compram ativos com menor liquidez, como debêntures ou papéis de longuíssimo prazo, o tempo de resgate é mais longo. Licenciado para - eldo silva - Protegido por Eduzz.com 39 CAPÍTULO 4 RISCOS E CUSTOS Quando você vir nas informações sobre um fundo que o resgate ocorre em “D+X”, sendo “X” um número, como 1 (D+1) ou 30 (D+30), isso significa o tanto de dias que você vai demorar para receber o dinheiro. Muitos fundos de ações e multimercado levam entre 30 a 32 dias para pagar o resgate, lembrando que o valor a ser pago só será definido no fim deste período. Ou seja, quando pedir um resgate, já saiba que você ficará à mercê da oscilação do preço da cota do fundo durante um mês (para o bem e para o mal). A exceção aqui são os ETFs e os fundos imobiliários que, negociados em bolsa, podem ser vendidos a qualquer momento. Mas que também podem ter liquidez mais alta ou mais baixa. Quanto menor, maior o potencial desconto que você terá que dar no preço para se desfazer do ativo. Ainda nesse aspecto, os fundos de renda fixa DI são os mais líquidos – em no máximo um dia o dinheiro costuma estar na conta, e por isso esses produtos são recomendados para quem precisa aplicar o dinheiro da reserva de emergência. 4 Risco OperacionalInfelizmente, nenhuma empresa está ilesa a fraudes ou erros não intencionais. Com gestoras e administradoras de recursos é a mesma coisa. A gestora do seu fundo pode quebrar, pode estar en- volvida em algum escândalo financeiro, o sistema pode não funcio- nar ou até mesmo a administradora da carteira pode estar fazendo a guarda (conhecida como custódia) errada dos ativos. Tem até aque- les casos de gente que digita um zero a mais na hora de comprar ou Licenciado para - eldo silva - Protegido por Eduzz.com 40 CAPÍTULO 4 RISCOS E CUSTOS vender um papel, não é? Estes problemas estão dentro do chamado risco operacional. Por esses e por outros motivos, antes de investir, é importante fazer uma pesquisa não apenas sobre o fundo em que você pretende in- vestir, mas também procurar saber sobre o gestor, o administrador, a capacidade tecnológica das empresas, e a idoneidade delas. No Brasil, as agências reguladoras da indústria de investimento até desenvolveram uma forma de tentar proteger o investidor destes problemas. Nos fundos de investimento, por exemplo, as atividades são divididas entre o gestor, o custodiante e o administrador, como já falamos na página 7. Assim, ninguém tem poder único sobre tudo. 5 Risco LegalO risco legal é o risco de o contrato não ser honrado. É mais comum quando envolve instituições financeiras de procedência du- vidosa que, depois, se mostram fraudulentas ou aqueles famosos ca- sos de pirâmides financeiras. O jeito de evitar esse risco é aplicar em instituições financeiras que você já conheça ou que têm credibilidade no mercado. Se mesmo as- sim, uma proposta de uma instituição que você não conhece parecer bem atrativa, pesquise nos sites da B3 (Corretoras certificadas), CVM (Comissão de Valores Mobiliários) ou BC (Banco Central) se aquela empresa é habilitada para captar investimento. Vale dizer que o principal “xerife” do segmento de fundos de investi- mento é a CVM e o regulamento dos fundos para pessoas físicas está na Instrução n.º 555/2014 do órgão, onde também constam as regras Licenciado para - eldo silva - Protegido por Eduzz.com 41 CAPÍTULO 4 RISCOS E CUSTOS básicas de limites de investimento em cada classe de ativo, depen- dendo do tipo do fundo. CUSTOS Quanto custa investir em fundos de investimentos? Gostou, entendeu os riscos, está a fim de colocar seu dinheiro (ou parte dele) em fundos de investimento. Agora, entenda o que você terá que pagar por isso. Quando você investe em um fundo, paga uma taxa de administra- ção, que é um porcentual fixo, que incide anualmente sobre o dinhei- ro que você tem aplicado lá. Então, se você tem R$ 10 mil e a taxa de administração é de 2%, você vai pagar R$ 200 por ano de taxa de administração para o gestor. Ele ganhando ou perdendo dinheiro, esse é o custo. Mas fique tranquilo que você não vai precisar imprimir nenhum boleto para fazer esse pagamento. A taxa de administração é descontada automaticamente do recurso que está no fundo. Alguns fundos também estão sujeitos a espécie de bônus para o ges- tor, dependendo de quanto ele conseguir de ganho para o investidor, chamado de taxa de performance. Se o fundo rende mais do que um determinado indicador ou referência (benchmark para os ínti- mos), como o Ibovespa (o índice de ações mais conhecido no Brasil) e ou o CDI, o gestor coloca no bolso um ganho extra. Por exemplo: se o fundo tem uma taxa de performance de 20% se o Licenciado para - eldo silva - Protegido por Eduzz.com 42 CAPÍTULO 4 RISCOS E CUSTOS retorno exceder 100% do CDI e o fundo tiver uma rentabilidade de 120% do CDI, esse gestor terá direito a 4% sobre os 20% que excele- ram o CDI. Geralmente, a taxa de performance é descontada a cada seis meses, um ano ou até em períodos maiores. Em tese, não faz sentido pagar uma taxa de performance no curto prazo (períodos de um mês, por exemplo), já que o importante é o gestor se mostrar um bom profis- sional num período maior de tempo. Afinal de contas, sacadas pon- tuais ou até mesmo uma dose de sorte neste ou naquele momento não formam um gestor competente. Alguns produtos, como os fundos de previdência, cobram também a chamada “taxa de carregamento”, que é paga pelo cotista quando ele entra no fundo ou quando ele resgata o dinheiro. Fique atento por- que, embora esteja caindo em desuso, ela é uma porcentagem que quando existe pode ser beeeeem salgada, chegando até 3% sobre o valor que você aplicou ou está resgatando. A recomendação de especialistas é evitar os produtos que ainda cobrem esse tipo de taxa. Mordida do leão Você acha que acabaram os custos? Não, infelizmente!!! O governo também quer a parcela dele em cima da sua alegria de ter ganhos so- bre o que aplicou. E rápido. Mesmo para quem ainda não fez o resga- te do fundo, todo semestre – no último dia de maio e no último dia de novembro – uma porcentagem do rendimento, referente ao imposto Licenciado para - eldo silva - Protegido por Eduzz.com 43 CAPÍTULO 4 RISCOS E CUSTOS de renda, é abocanhado antecipadamente de fundos de renda fixa e multimercados. O dinheiro já recolhido é, na hora do resgate mesmo, descontado do que você ainda tem que pagar de impostos. Leia mais: O que é come-cotas? O porcentual que é recolhido depende do tempo de aplicação. Nas aplicações de até 180 dias, a alíquota é de 22,5% sobre o ganho. É, puxado mesmo!!! De 181 a 360 dias, 20%; de 361 a 720 dias, 17,5% e acima de 721 dias, 15%. Quando cobra o come-cotas, o governo só sobra 15%. E se o cliente resgata antes de dois anos, existe o recolhi- mento da diferença, conforme os prazos descritos. A única classe de fundo que não paga imposto de renda é o fundo de debênture incentivada, produto de renda fixa que se tornou isento porque o governo quer incentivar os fundos e investidores a empres- tarem dinheiro para grandes projetos de infraestrutura, necessários para a economia do país. São fundos, porém, de longo prazo, com títulos com mais de cinco anos de duração até o vencimento. Além disso, os dividendos pagos aos cotistas de fundos imobiliários também não são tributáveis. Mas, vale ressaltar, a valorização da cota do fundo sim está sujeita à cobrança do imposto de renda, de 20% sobre o ganho. Por fim, aqui vai uma dica: evite aplicar em um fundo sabendo que você precisará do dinheiro em até um mês. Isso porque investimen- tos que são resgatados em menos de 30 dias precisam pagar tam- Licenciado para - eldo silva - Protegido por Eduzz.com https://valorinveste.globo.com/produtos/fundos/noticia/2019/04/12/o-que-e-come-cotas.ghtml?utm_source=ebook&utm_medium=article&utm_campaign=ebook_investimentos 44 CAPÍTULO 4 RISCOS E CUSTOS bém o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Assim como a alíquota do imposto de renda, a do IOF é regressiva. Se você ficar apenas um dia no fundo, paga, por exemplo, um IOF de 96% sobre a rentabilidade. E no 29º dia (véspera da isenção), no en- tanto, paga apenas 3%. Licenciado para - eldo silva - Protegido por Eduzz.com CAPÍTULO 545 COMO INVESTIR EM FUNDOS DE INVESTIMENTOS A té já comentamos que uma vantagem dos fundos de inves-timento é a facilidade de aplicar neles. Hoje em dia, todos os bancos, corretoras e plataformas de investimento disponibilizam de um amplo cardápio de fundos de investimentos. Para aplicar em um produto, é só abrir uma conta – geralmente gratuita -, transferir o di- nheiro para a sua conta da instituição financeira, escolher o produto e apertar o botão “aplicar”. Licenciado para - eldo silva - Protegido por Eduzz.com 46 CAPÍTULO 5 COMO INVESTIR EM FUNDOS DE INVESTIMENTOS Vale dizer que, para a abertura da conta você vai precisar responder um formulário com algumas perguntas que têm o objetivo de en- tender o seu perfil de risco, ou seja, o quanto você tolera de risco. É preciso ser sincero(a) nestas respostas porque correr riscos a mais ou a menos do que o ideal para você pode ser prejudicial a seus in- vestimentos. Esse formulário e o encaixe de cada investidor em um perfil é cha- mado de suitability e todas as empresas de investimento são obriga- das a fazer essas perguntas aos clientes. Se você quiser investir em um fundo que está fora do seu perfil (mais arriscado, por exemplo), você pode, mas vai receber um alerta de que aquele produto está desalinhado ao que você respondeu no questionário. Você precisará confirmar que está assumindo os riscos a mais. Isso também é obri- gatório por lei. Conheça os fundos disponíveis, encontre onde é possível investir e compare as opções de investimentos no Guia de Fundos do Valor! Agora, para finalizarmos, queremos te dar algumas dicas importan- tes sobre como escolher um fundo para aplicar. O QUE ANALISAR NA HORA DE ESCOLHER UM FUNDO DE INVESTIMENTO? Investir em fundos de investimento requer, como qualquer aplica- ção, atenção. Ainda mais porque, diferentemente dos outros produ- tos, eles são mais difíceis de decifrar. Os nomes dos fundos já não Licenciado para - eldo silva - Protegido por Eduzz.com https://valor.globo.com/guia-de-fundos/?utm_source=ebook&utm_medium=article&utm_campaign=ebook_investimentos https://valor.globo.com/guia-de-fundos/?utm_source=ebook&utm_medium=article&utm_campaign=ebook_investimentos 47 CAPÍTULO 5 COMO INVESTIR EM FUNDOS DE INVESTIMENTOS ajudam em nada o investidor a entender o que está comprando e as plataformas de gestão também provêm poucos detalhes sobre o investimento, preferindo destacar somente a rentabilidade passado. O risco envolvido também costuma ser pouco explicado. Fica a cargo do investidor caçar informações importantes nos diversos documen- tos chatos e burocráticos que os fundos divulgam. Como sabemos que pode ser complicado, vamos te ajudar nisso. 1 Avalie sua carteira de investimento como um todoA primeira coisa que você precisa fazer é olhar para todo o di- nheiro que possui (sua carteira) e entender se essa parcela que você está pensando investir em fundos de investimento é para sua reser- va de emergência ou é um dinheiro que pode ficar parado por mais tempo, que você não vai precisar. Se for para reserva de emergência, dê preferência a fundos de renda fixa do tipo Simples, menos arriscados e com taxa zero. Esse inves- timento não é para ganhar dinheiro, mas para te dar tranquilidade. Já se for para um plano seu daqui um, dois, cinco anos ou mesmo aposentadoria, você pode arriscar um pouco mais, desde que isso seja compatível com sua tolerância a risco. Caso este não seja seu primeiro investimento fora da poupança, pres- te atenção para onda estão alocadas as demais aplicações. Se você já tem dinheiro em ações, por exemplo, não é uma boa se arriscar muito mais. O equilíbrio da carteira total é importante para não ter problema depois. Licenciado para - eldo silva - Protegido por Eduzz.com 48 CAPÍTULO 5 COMO INVESTIR EM FUNDOS DE INVESTIMENTOS 2 Leia a Lâmina do fundo e histórico de rentabilidadeÉ chata, não tem boa usabilidade para quem lê e também tem palavras difíceis, mas a “Lâmina do fundo” ou “Regulamento” do fun- do são os documentos onde estão as especificações técnicas dele (assim como o aparelho eletrônico que você compra vem com manu- al e os remédios são acompanhados da bula). É lá que você encontra as informações para entender o que está comprando e para decidir se o produto serve mesmo para você. Vamos te ajudar a pelo menos ver quais as informações essenciais ali: Na lâmina do fundo ou regulamento: • Política de investimento do fundo: em quais ativos o gestor pode aplicar o patrimônio e quais os limites; • Prazo de resgate (liquidez); • Custos: taxas de administração, performance e carregamento (se tiver); • Nível de risco • Principais direitos e responsabilidades dos cotistas e adminis- tradores. • Histórico de rentabilidade: veja em quantos meses o fundo ficou positivo (se valorizou) e negativo (caiu), bateu ou ficou abaixo do índice de referência; • Volatilidade do fundo: qual o máximo que caiu e o máximo que subiu em um mês; • Idade do fundo: quanto mais antigo o fundo, mais o gestor deve ter experiência sob diversas situações e condições econômicas. É um ponto a favor. Licenciado para - eldo silva - Protegido por Eduzz.com 49 CAPÍTULO 5 COMO INVESTIR EM FUNDOS DE INVESTIMENTOS 3 Saiba onde o gestor aplica seu dinheiroQuando vai a um restaurante novo, a maioria das pessoas olha o cardápio e escolhe um prato cujos ingredientes conhece, até para ter certeza de que gosta de tudo que estará lá ou não. Mas por que pouca gente faz o mesmo com o fundo de investimen- to? Se tem dúvida, você tem o direito de perguntar, seja para os pro- fissionais que estão te vendendo o produto (assessores da platafor- ma de investimento ou gerentes do banco) ou para o(a) próprio(a) gestor(a) do fundo. Outra forma de ver é consultar na CVM a carteira do fundo. Muitas vezes você só conseguirá ver a carteira com três meses de atraso (as gestoras tem esse direito para evitar que as concorrentes copiem suas estratégias), mas já é suficiente para dar um bom “cheiro” do que o(a) gestor(a) gosta de colocar no portfólio e se o fundo é diversi- ficado ou concentrado em poucos ativos (mais arriscado). O caminho é: digite no Google “Consulta de fundos CVM” ou clique aqui. Quando a página abrir, clique no quadrado verde escrito “Fun- dos de Investimentos Registrados”. Vai abrir outra tela onde terá um quadradinho para você colocar o nome do fundo ou o CNPJ. No se- gundo quadradinho (“Escolha o tipo de fundo”) coloque “Fundos de investimentos” e, por fim, digite no terceiro o número que aparece ao lado, de segurança. Licenciado para - eldo silva - Protegido por Eduzz.com http://conteudo.cvm.gov.br/menu/regulados/fundos/consultas/fundos.html?utm_source=ebook&utm_medium=article&utm_campaign=ebook_investimentos http://conteudo.cvm.gov.br/menu/regulados/fundos/consultas/fundos.html?utm_source=ebook&utm_medium=article&utm_campaign=ebook_investimentos 50 CAPÍTULO 5 COMO INVESTIR EM FUNDOS DE INVESTIMENTOS Achou seu fundo? Clique nele. Se tiver um monte de opção, procure o seu fundo que tiver o “MASTER” no nome, que é o fundo-mãe, aquele que tem a principal estratégia que é copiada pelos demais fundos que seguem a estratégia. Vai aparecer outra tela com algumas informações básicas do fundo e, se você rolar um pouco para baixo, vai ver um menu de opções azul que terá uma opção “Composição da carteira”. Licenciado para - eldo silva - Protegido por Eduzz.com 51 CAPÍTULO 5 COMO INVESTIR EM FUNDOS DE INVESTIMENTOS Na Composição da Carteira, você vai ver a carteira. Mas, coloque a data de 4 meses atrás (Se estamos em junho, coloque para ver a carteira de fevereiro). Isso porque o portfólio de hoje não vai aparecer o nome das ações, mas de quatro meses atrás a gestora é obrigada a abrir. 4 Não compre algo só pela rentabilidade passadaImagine quem entrou na bolsa de valores na semana antes do carnaval de 2020. Céu azul, bolsa próximo de 120 mil pontos, euforia em eventos do mercado financeiro, todo mundo prevendo um ano de crescimento para o Brasil e para as empresas brasileiras. Mas o mês que sucedeu o fim do carnaval foi só de sangue na bolsa, com a disseminação do novo coronavírus, um mar de nuvens escuras no céu que dificultavam qualquer gestor ou investidor de ver o que vinha no horizonte. Ter um desempenho ruim num ano ruim não significa que o gestor é ruim. Do lado positivo, é a mesma coisa. Analisar a rentabilidade passada é bom para você saber se o gestor conseguiu ao longo do tempo (e não apenas alguns meses) manter a carteira positiva e em ascensão. Mas não é indicado escolher um fundo só pela rentabilidade (ver a maior em 12 meses e apertar o play). Geralmente, retornos altos também vêm acompanhado de altos riscos e é preciso saber se você está mes- mo disposto(a) a tomá-los. Na dúvida, peça ajuda e tire dúvidas com quem entende do assun- to (assessores e consultores de investimentos) e leia notícias sobre Licenciado para - eldo silva - Protegido por Eduzz.com 52 CAPÍTULO 5 COMO INVESTIR EM FUNDOS DE INVESTIMENTOS aquele fundo e gestora. No Valor Investe temos muitas reportagens sobre casas de gestão, gestores, estratégias de investimentos, com- portamento de fundos, entre outros. Vale acompanhar o que publi- camos no site – na busca, você pode filtrar por “Fundos de Investi- mentos” e em “Ferramentas”, no menu, pode ver nosso “Comparador de Fundos” e “Ranking de fundos” para te ajudar na escolha. Uma dica é analisar o desempenho médio do gestor em janelas de três, cinco ou dez anos. Se o fundo tem desempenho consistente- mente acima dos indicadores de referência em períodos longos, pro- vavelmente é um bom produto para se investir. Nossa ferramenta de ranking de fundos disponível gratuitamente no Valor Investe pode te ajudar nesse primeiro filtro. O Guia de Fundos do Valor também traz informações de fundos realmente disponíveis para investimento, e com seu desempenho em diferentes períodos. Por fim, vale lembrar que a recomendação de especialistas é que, com exceção do dinheiro da reserva de emergência, que pode ficar num único veículo, você invista em mais de um fundo da mesma ca- tegoria, para não concentrar o risco no desempenho de um único gestor. Em um exemplo, você pode investir em três fundos multimer- cados e três fundos de ações. 5 Avalie se vale o custoA taxa de administração do fundo pode abocanhar uma parte importante do rendimento mensal do cotista. Como já falamos no ca- pítulo 4 (página 41), ela pode, inclusive, deixar o investidor no prejuí- zo real, quando descontado os custos, impostos e a inflação. Alguns Licenciado para - eldo silva - Protegido por Eduzz.com 53 CAPÍTULO 5 COMO INVESTIR EM FUNDOS DE INVESTIMENTOS fundos cujo gestor realmente tem um grande trabalho e se esforça para dar um resultado acima da média do mercado até justificam o preço cobrado, mas muitos outros não tem uma boa relação custo benefício. Para fundos de ações e multimercados, a praxe do mercado é 2% de taxa de administração e 20% de taxa de performance. Mais do que isso é demais. Para fundos de renda fixa, mais de 1% é abusivo. Para aqueles fundos bem mamão-com-açúcar, como o DI, prefira fundos com taxa de administração de menos de 0,5%. Se você quer investir em bolsa e quer pagar menos, opte por um ETF (explicamos sobre ele na página 27). Vale ainda lembrar que há fundos que só investem em títulos Tesou- ro Selic, os mais seguros e recomendados para reserva de emergên- cia que cobram zero de taxas – menos do que a custódia do próprio Tesouro Direto (0,25% ao ano). Você encontra fundos assim nas pla- taformas BTG Digital, Órama, Pi, Rico e Vitreo. Outra dica é conhecer as plataformas que repassam o percentual que a gestora paga ao distribuidor ao investidor. Na prática, isso diminui a taxa de administração cobrada, o que é bom para o cotista. 6 Entenda quais riscos está correndoFundos de crédito privado, por exemplo, apesar de estarem em renda fixa e de oscilarem pouco na maior parte dos dias, podem dar dor de cabeça para os cotistas em momentos de crise. É como se o risco estivesse “escondido”, sem aparecer diariamente nas cotas. Mas ele está lá, e pode surgir repentinamente. Licenciado para - eldo silva - Protegido por Eduzz.com 54 CAPÍTULO 5 COMO INVESTIR EM FUNDOS DE INVESTIMENTOS Para fundos multimercados e de ações, um cuidado extra: descubra se aquele fundo que você gostou está ou pode ficar alavancado. Isso traz um risco extra de perdas – mas também de ganhos, obviamente. São os que oscilam mais. Não é todo investidor que tem estômago para isso. Licenciado para - eldo silva - Protegido por Eduzz.com 55 CAPÍTULO 5 COMO INVESTIR EM FUNDOS DE INVESTIMENTOS ELABORAÇÃO Naiara Bertão Marcelo d’Agosto Fernando Torres Organização: Naiara Bertão Edição: Fernando Torres Apoio Equipe Arte Editor de Arte/Fotografia: Silas Botelho Coordenação de Arte: Eli Sumida Designers: Thomas Camargo Coutinho, Vivianne Vilas Boas Peixoto Licenciado para - eldo silva - Protegido por Eduzz.com
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