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2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 4 2 DEFINIÇÃO DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA ................................................ 5 2.1 Conceitos De Triagem ................................................................................ 5 2.2 Serviços De Triagem No Pronto Socorro ................................................... 7 2.3 Importância Do Acolhimento Nos Serviços De Saúde ............................. 11 2.4 Políticas Públicas na Urgência e Emergência .......................................... 13 3 EPIDEMIOLOGIA DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA ..................................... 17 4 GERENCIAMENTO DE ENFERMAGEM EM UNIDADE DE EMERGÊNCIA E URGÊNCIA ........................................................................................................... 20 5 PORTARIA Nº 2048, DE 5 DE NOVEMBRO DE 2002 ................................... 22 6 ATENDIMENTO INICIAL À VÍTIMA DO TRAUMA ......................................... 29 6.1 Avaliação primária .................................................................................... 29 6.2 ABCDE do trauma .................................................................................... 31 7 IDENTIFICAÇÃO DA CENA ........................................................................... 36 8 CINEMÁTICA DO TRAUMA ........................................................................... 38 8.1 Mecanismo do acidente versus padrão de lesão ..................................... 39 9 PORTARIA Nº 2616, DE 12 DE MAIO DE 1998 ............................................. 41 10 EPIDEMIOLOGIA DAS INFECÇÕES HOSPITALARES ............................. 44 11 VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA DAS INFECÇÕES HOSPITALARES ...... 48 12 INFECÇÕES HOSPITALARES MAIS INCIDENTES EM SERVIÇOS DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA ............................................................................... 50 3 13 ISOLAMENTO E BIOSSEGURANÇA ......................................................... 57 13.1 Estratégias de ação de biossegurança ................................................. 58 13.2 Barreiras de contenção ......................................................................... 59 13.3 A biossegurança na enfermagem ......................................................... 61 13.4 Medidas de precaução .......................................................................... 63 14 BIBLIOGRAFIA ............................................................................................ 65 4 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 5 2 DEFINIÇÃO DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA De acordo com a resolução n. 1.451/95 do Conselho Federal de Medicina temos: Emergência é a ocorrência de agravo à saúde, com risco iminente de vida ou que cause intenso sofrimento ao paciente, exigindo tratamento médico imediato. Urgência é constituída de agravo à saúde com ou sem risco potencial de vida, que também implica em atendimento médico imediato. Esses dois termos geram muitas dúvidas no meio da saúde, portanto passou-se a utilizar somente o termo “urgência”, para os casos que necessitem de cuidados imediatos, classificando em níveis os vários graus de urgência da seguinte forma (BRASIL, 2006): ● Nível 1: Emergência ou urgência de prioridade absoluta Casos em que há risco imediato de morte ou de perda funcional grave. ● Nível 2: Urgência de prioridade moderada Casos de necessidade de atendimento médico não imediato, mas dento de poucas horas. ● Nível 3: Urgência de prioridade baixa Há necessidade de avaliação médica, podendo aguardar várias horas. ● Nível 4: Urgência de prioridade mínima Ocorrências em que o médico pode fornecer orientações por telefone. De acordo com a evolução do quadro do paciente ao decorrer do tempo, pode-se alterar sua classificação de um nível para outro. 2.1 Conceitos De Triagem Triagem vem da palavra trie cujo significado é “escolher”. O enfoque da triagem é priorizar casos mais graves e estabelecimento de uma espera segura dos demais clientes (BARE; SMELTZER, 2002). Para Bover e Lisboa (2005) a palavra triagem deriva do francês “triage” determinando a classificação em grupos. 6 A triagem constitui basicamente de uma avaliação ágil e imediata para apontar as prioridades de acordo com a gravidade bem como procedimentos médicos necessários (OLIVEIRA, 2001 apud SABBADINI; GONÇALVES, 2008). Bare e Smeltzer (2002, p. 1.823) descrevem que a triagem é caracterizada por três categorias essenciais sendo estas: “emergente (doença ou lesão de risco de vida ou com risco potencial que exige o tratamento imediato), imediato (lesão ou doença não-aguda sem risco de vida) e urgente (doença ou lesão secundária que necessita de tratamento em nível de primeiros socorros)”. Na realização da triagem são investigados alguns pontos importantes como, por exemplo: sinais vitais, história, avaliação neurológica e níveis de glicemia quando necessário. Posteriormente segue-se um protocolo desenvolvido pelo enfermeiro com base em suas experiências com a finalidade de iniciar os exames radiológicos e laboratoriais (BARE; SMELTZER, 2002). Desta forma Bover e Lisboa (2005) sugerem o fluxograma abaixo: FONTE: BOVER, P.; LISBOA, M.A.P.L.P. Triagem de enfermagem em pronto-socorro: proposta para implantação em hospital privado. In: Tratados de Enfermagem. São Paulo, v. 2, n.2, p. 75-87, jun. 2005. 7 2.2 Serviços De Triagem No Pronto Socorro O surgimento da triagem vem desde a Guerra Mundial, no qual naquela época tinha o objetivo de prestar cuidados a um número significativo de pessoas (BOVER; LISBOA, 2005). A triagem é tida como um sistema eficiente, caracterizado por redução do tempo de atendimento a pacientes com risco de vida (BOVER; LISBOA, 2005). Chaves (2005) reconhece que vivemos rotineiramente com a presença excessiva da procura por parte da clientela das unidades de urgência e emergência, sendo que as mesmas muitas vezes não são casos graves, causando estrangulamento dos recursos direcionados a saúde por determinar que os serviços de emergência são o único caminho para a realização do atendimento por falta de conhecimento dos clientes do que é o atendimento de emergência e a demora da rede pública, e com esta elevada utilização dos serviços de emergência foi necessária a implantação da triagem em todo o País (CHAVES, 2005). Os processos de atendimento em unidade de emergência destacam-se: triagem: - que é tida como avaliação do paciente a fim de determinar o grau de complexidade do caso e encaminhamento adequado; diagnóstico: - onde é identificado o problema, e em muitos casos os médicos solicitam exames laboratoriais e exame de imagem para observação, enfocando a reabilitaçãoe a cura (SABBADINI; GONÇALVES, 2008). Bover e Lisboa (2005) divulgam para a classificação de pacientes os termos de urgência, emergência e não urgência, com o objetivo de determinar os casos por prioridades. O formulário da triagem deve constar espaço para colar as etiquetas divulgando o grau de complexidade bem como: Vermelha: emergência – risco de vida iminente com atuação imediata; Amarelo: urgência – não tem risco iminente de vida, porém necessita de atuação em no máximo vinte minutos; Verde: não urgente – condições crônicas que podem aguardar por mais tempo. 8 Os procedimentos em emergências, em nível de complexidade e gravidade definido pelo Ministério da Saúde (1995) destacam: ● urgência de baixa e média complexidade: não há risco de vida; ● urgência de alta complexidade: não há risco de vida, porém o paciente apresenta um quadro crítico ou agudo; e ● emergência; casos em que há risco de vida. Para os casos acima citados o Ministério da Saúde (1995) define tais procedimentos: - realização de triagem; prestação de atendimento social ao paciente e seu acompanhamento; procedimentos de enfermagem e higienização; realização de atendimento de urgência; diagnóstico; terapia e se necessário manter em observação até vinte e quatro horas. A complexidade de uma unidade de emergência vai deste a formação de filas de espera, alocação de leitos, e aglomeração excessiva de pacientes ambulatoriais, dentre outras modalidades. Alguns dos principais fatores são: ● demanda aleatória a unidade; ● mudanças rápidas ao longo do tempo; ● influências externas sem o controle da organização; e ● os recursos, escalas de plantões, unidade de observação clínica e número de enfermeiras nas unidades de emergência. Os fatores que podemos destacar como principais nas procuras por atendimento nas unidades de emergência são: ● fatores demográficos e características socioeconômicas; ● acesso aos meios de transporte; ● distância do Departamento de emergência; ● início dos sintomas/percepção da severidade do caso pelo paciente; ● violência urbana; ● polos geradores de tráfego que elevam o número de acidentes automobilísticos e atropelamentos; e 9 ● deficiência nos serviços prestados por outras unidades públicas de assistência à saúde (STEIN, 2002; TOSCANO, 2001 apud SABBADINI; GONÇALVES, 2008, p. 9). As condições socioeconômicas bem como a renda e o grau de instrução estão diretamente ligados a atendimentos de unidades de emergências, pois os menos desfavorecidos e desprovidos tem a saúde comprometida (SABBADINI; GONÇALVES, 2008). A disponibilidade de transporte e a distância das unidades hospitalares podendo os pacientes chegar a pé, de carro ou ônibus têm influência no atendimento (STEIN, 2002 apud SABBADINI; GONÇALVES, 2008). O aparecimento dos sintomas iniciais objetivando a evolução do caso poderia ser evitado se no início da sintomatologia o paciente procurasse atendimento evitando a aglomeração das unidades de emergência (SABBADINI; GONÇALVES, 2008). Os acidentes automobilísticos, atropelamentos e a violência urbana são evidenciados pela formação de polos de tráfego. Com a ausência de estruturação e a minimização da oferta à saúde, os casos mais simples que poderiam ser atendidos neste setor passa a procurar as unidades de emergência sabendo que a mesma terá um médico de plantão (SABBADINI; GONÇALVES, 2008). O atendimento é tido tão logo que o cliente chega, com o objetivo dos casos mais graves serem priorizados e casos menos complexos encaminhados às unidades de atenção básica. Este atendimento é caracterizado por uma pré- consulta, constando aferição de pressão arterial, queixa básica e análise de encaminhamentos de outras unidades de saúde (FAMEMA, 2005). Esta implantação demandou empregos de recursos e contratação de funcionários para os horários previstos. Há perspectiva de deslocamentos graduais para a criação de protocolos de triagem de risco e a junção de serviços sociais e refletir a possibilidade atendimento por 24 horas (FAMEMA, 2005). 10 O Hospital das Clínicas Luzia de Pinho Melo, prestador de serviços públicos destinados ao SUS (Sistema Único de Saúde), é administrado desde julho de dois mil e quatro pela Universidade Federal de São Paulo / Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (BARBOSA et al., 2007). Devido aos obstáculos organizacionais foram necessárias mudanças no gerenciamento hospitalar bem como implementações de medidas radicais onde os contratos de prestação de serviços foram revistos e renegociados, as escalas de trabalho adequadas, dentre outros (BARBOSA et al., 2007). Vale destacar ainda que é possível fazer saúde pública de qualidade através de mudanças administrativas objetivando a mudança na cultura institucional, pois com estas mudanças a instituição beneficiou-se com a capacidade de maior resolução. Por outro lado mesmo com todas estas mudanças e capacidades de resolução, o Pronto Socorro continua com atendimento crítico e insatisfatório à demanda espontânea e sem priorização de gravidades resultando em tempo excessivo de espera e atendimento de baixa qualidade. Com isto, foi necessária a criação da equipe multiprofissional em junho de dois mil e seis com a finalidade de analisar este setor, onde apontaram mudanças administrativas na gestão do Pronto Socorro com enfoque na ampliação da humanização e priorização dos atendimentos de urgência e emergência. Estes conjuntos de elementos foram baseados nas diretrizes do Ministério da Saúde de dois mil e quatro, beneficiando os clientes e os profissionais deste setor (BARBOSA et al., 2007). Após esta implantação foram coletadas informações de que no ano de dois mil e seis a tendência ao crescimento reverteu-se e começou a cair o número de atendimento, onde melhorou o fluxo de atendimento e a resolutividade (BARBOSA et al., 2007). No dia vinte e sete de agosto de dois mil e sete o jornal “O Estado de São Paulo” divulga em sua página inicial a saturação do pronto socorro do Hospital das Clínicas de São Paulo, retratando o desconhecimento da clientela sobre seu devido uso e demonstrando desconfianças em serem atendidos em outros serviços de 11 saúde pública. Ainda destaca que cerca de seiscentas e cinquenta pessoas são atendidas diariamente neste setor e em dias de crise este número eleva-se chegando até novecentas pessoas, sem contar que setenta por cento destes atendimentos não são emergências, objetivando assim cerca de cinquenta macas nos corredores (SANT’ANNA, 2007). Em dois de outubro de dois mil e sete após a divulgação da notícia acima citada o jornal “O Estado de São Paulo” divulga que iniciou a triagem no pronto socorro do Hospital das Clínicas de São Paulo a fim de evitar sobrecargas (MORENO, 2007). O Hospital das Clínicas de São Paulo realizou uma pesquisa com mil pacientes atendidos no pronto socorro chegando ao resultado de que setenta e cinco por cento das pessoas pesquisadas não necessitariam de atendimento emergencial. Para acabar com esta super lotação, a triagem tornou-se necessária e a expectativa de resultados satisfatórios (MORENO, 2007). Nos EUA foi implantado o serviço de triagem em hospitais há aproximadamente vinte anos para minimizar a congestão excessiva do setor de emergência (BOVER; LISBOA, 2005). 2.3 Importância Do Acolhimento Nos Serviços De Saúde O acesso aos serviços de saúde pode ocorrer através de consultas, realização de exames e procedimentos, administração de medicamentos e vacinas, dentre outros. O acolhimento deve estar presente em todos os processos de trabalho e atender a todos que procuram os serviços de saúde através de um atendimento com resolutividade e responsabilização, acolhendo, escutando e fornecendo todas as informações necessárias aos usuários como encaminhamentos para outros serviçosde saúde (BRASIL, 2006). O acolhimento não pode ser entendido somente como uma forma de triagem de paciente e encaminhamentos para outros serviços, nem somente como 12 um modo de proporcionar um ambiente confortável ao usuário, mas sim, selar um compromisso com o outro, compartilhando suas angústias e necessidades (BRASIL, 2006). Algumas atitudes devem ser tomadas para colocar em ação o acolhimento e implicam várias mudanças como as citadas por Brasil (2006): ● reorganização do serviço de saúde possibilitando a intervenção de toda a equipe multiprofissional; ● elaboração de projeto terapêutico individual e coletivo; ● ampliação de espaços de discussão, escutas, trocas e decisões coletivas; ● escuta e compromisso com o usuário; ● escutar as queixas, os medos e as expectativas do usuário, identificando riscos e vulnerabilidades, produzindo vínculos; ● adequação da área física; e ● compartilhamento ou não de saberes para melhoria da qualidade das ações de saúde, quando em favor da vida, dentre outros. Segundo Marques e Lima (2007), o fato de o usuário da atenção básica muitas vezes não conseguir um atendimento imediato, faz com que ele procure os serviços de urgência e emergência, ou muitas vezes são encaminhados para esses serviços por ele não estar agendado, excedendo a cota diária de atendimento da unidade básica. O paciente muitas vezes luta sozinho pela integralidade das ações que procura, que deveria ser uma garantia do sistema obtido por lei. Assim, ainda em Marques e Lima (2007), encontramos uma análise que explicita muito bem a necessidade de uma atitude de mudança no que diz respeito ao acolhimento nos serviços de saúde: O usuário procura, nos serviços, a resolução de suas necessidades; não conseguindo, desloca-se de um serviço para outro até obtê-la. A manifestação de uma necessidade pelo usuário pode expressar a solução pensada, por ele, do que representa um problema. A definição do problema leva em conta o conceito de saúde-doença apreendido por ele nas relações sociais e no cotidiano. Cabe a nós, trabalhadores/gestores, a compreensão e caracterização desses problemas a fim de tornar o atendimento mais acolhedor, utilizando uma abordagem que leve à 13 solução competente e que satisfaça o usuário. (MARQUES; LIMA, 2007, p.1). O acolhimento permite refletir e mudar a assistência prestada aos usuários dos serviços de saúde, pois permite avaliar não somente riscos e vulnerabilidades do usuário, mas também sua rede social, o que implica considerar seu grau de sofrimento físico e psíquico. Assim, um usuário sem sinais visíveis de problemas físicos pode estar angustiado necessitando de atendimento e com maior grau de risco e vulnerabilidade (BRASIL, 2006). Ainda segundo Brasil (2006), o conceito de acolhimento se traduz por meio de uma escuta qualificada e da pactuação entre a demanda do usuário e a resposta do serviço, responsabilizando-se por aquilo que não é possível direcionar imediatamente, de maneira ética e resolutiva. Desse modo, entende-se que o acolhimento não é necessariamente uma atividade em si, mas faz parte de toda atividade assistencial, que consiste na constante busca do reconhecimento cada vez maior das necessidades de saúde dos usuários e sua satisfação, resultando em encaminhamentos, deslocamentos e trânsitos pela rede assistencial (TAKEMOTO; SILVA, 2007). 2.4 Políticas Públicas na Urgência e Emergência O atendimento às urgências e emergências tem sido investigado em vários países, em função do seu impacto na atenção à saúde e nos indicadores de morbimortalidade. No Brasil, diversos autores vêm discutindo a atenção prestada às urgências e emergências sob enfoques variados. Destacamos aqui a gestão da superlotação das emergências hospitalares (SANTOS et al., 2003; BITTENCOURT; HORTALE, 2009; O’DWYER et al., 2009), problema largamente anunciado pela academia, assim como pela imprensa. 14 A Política Nacional de Urgência (PNAU), formulada no Brasil em 2003, foi fruto de uma grande insatisfação com o atendimento nas emergências hospitalares, que culminou com a mobilização de diversos atores, como: o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS), a Rede Brasileira de Cooperação em Emergência (RBCE), além do próprio Governo Federal (O’DWYER, 2010). Nesse processo, destaca-se a criação de um novo ente gestor no organograma do Ministério da Saúde, a Coordenação Geral de Urgência e Emergência – CGUE (BRASIL, 2003c), primordial para a formulação e implantação dessa política. A construção da política federal para atenção às urgências no Brasil envolveu três momentos principais: de 1998 até 2003, há predomínio da regulamentação; entre 2004 e 2008, há grande expansão do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU); e a partir de 2009, predomina a implantação do componente fixo da atenção pré-hospitalar, as Unidades de Pronto- atendimento – UPAs (MACHADO et al., 2011). A PNAU teve como marcos o financiamento federal, a regionalização e a capacitação dos profissionais. Apresentou-se como uma normatização coerente para oferecer cuidado integral na atenção às urgências (O’DWYER, 2010). Tem entre seus méritos a superação da concepção de urgência apenas baseada em critérios clínicos, propondo o conceito ampliado de urgência, que incorpora a concepção advinda do usuário. A partir da PNAU, a diferenciação entre urgência/emergência é superada e substituída pelo termo “urgência” em níveis crescentes de gravidade (BRASIL, 2003a). O componente pré-hospitalar móvel ou SAMU (BRASIL, 2003b) foi o primeiro componente da política a ser implementado no Brasil. O SAMU é um serviço de socorro pré-hospitalar móvel, no qual o usuário, através do acesso telefônico gratuito pelo número 192, solicita atendimento em casos de urgências. Tem um componente regulador, a Central Médica de Regulação, e um componente assistencial, as equipes das ambulâncias. Um dos seus pressupostos é ser observatório da rede de atenção às urgências e estar sob 15 a gestão de comitês de urgência nos níveis nacional, estadual, regional e municipal (O’DWYER, 2010). Esse novo serviço pretende organizar o acesso aos serviços de emergência hospitalar, aos leitos hospitalares e regular o acesso à rede de forma mais ampla. Portanto, o SAMU consiste em uma nova porta de entrada no sistema, que acontece a partir das chamadas telefônicas e atendimento por ambulância, conforme critérios de gravidade. Atualmente, o SAMU está presente em todos os estados brasileiros, cobrindo quase 3.000 municípios. Isto corresponde a uma cobertura de 70% da população brasileira (SAGE, 2013). As UPAs se constituíram no principal componente fixo de urgência pré- hospitalar e têm se estabelecido como importante ponto de acesso ao sistema, instituindo-se enquanto unidades intermediárias entre a atenção básica e as emergências hospitalares. São classificadas em três diferentes portes (BRASIL, 2008, 2009, 2011b, 2011 c), de acordo com a população do município-sede, a área física, número de leitos disponíveis, gestão de pessoas e a capacidade diária de realizar atendimentos médicos. No que diz respeito ao desenvolvimento da política de urgências, o Ministério da Saúde e a CGUE propõem que a Rede de Atenção às Urgências (RAU) tem a finalidade de articular e integrar todos os equipamentos de saúde, objetivando ampliar e qualificar o acesso humanizado e integral aos usuários em situação de urgência/emergência nos serviços de saúde, de forma ágil e oportuna (BRASIL, 2011a). ARAU está entre as redes de atenção prioritárias do Ministério da Saúde e foi constituída considerando que o atendimento aos usuários com quadros agudos deve ser prestado por todas as portas de entrada dos serviços de saúde do SUS. Essa rede considera os componentes pré-hospitalares – atenção básica, SAMU e UPA –, o componente hospitalare a atenção domiciliar, tendo como interfaces promoção e prevenção, acolhimento, qualificação profissional, informação e regulação (BRASIL, 2011a). 16 Na nova proposta de rede permanece o projeto de expansão dos serviços de atendimento às urgências, já evidenciado no começo dos anos 2000, assim como o forte financiamento federal. Entre as propostas de investimentos previstos até 2018, destacamos algumas: para o componente pré-hospitalar, 100% de cobertura e regionalização pelo SAMU; ampliação para 1.096 UPAs; criação de 900 Salas de Estabilização;1 e investimento e qualificação para as portas hospitalares de urgência, considerando hospitais com 100 ou mais leitos. Devido ao desenvolvimento recente no cenário nacional, ainda é pequena a produção bibliográfica sobre o atendimento pré-hospitalar. Entretanto, as experiências no Brasil têm gerado alguns estudos que contextualizam o atendimento às urgências pré-hospitalares móveis no país (MINAYO; DESLANDES, 2008; TANNEBAUM; ARNOLD, 2001; EVANGELISTA et al., 2008; CICONET et al., 2008, LIMA; RIVERA, 2010; O’DWYER, 2010; O’DWYER; MATTOS, 2012; O’DWYER; MATTOS, 2013; O’DWYER et al.; 2013). 17 3 EPIDEMIOLOGIA DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Os estudos epidemiológicos visam promover a descrição e a análise dos diferentes fenômenos que implicam no processo da saúde/doença, contribuindo para a quantificação e classificação, determinando, assim, os fatores causais subjacentes ao processo supracitado. (CARDOSO,2004) Ao tratar sobre a produção dos serviços de urgência e emergência, os dados epidemiológicos podem fornecer orientação técnica permanente para os profissionais envolvido no contexto, normatizando as decisões sobre a execução de ações de controle de doenças e agravos, gerando consecutivamente informações atualizadas sobre as ocorrências, bem como a área geográfica ou população definida. (BRASIL, 2009) Frente aos recentes dados epidemiológicos, pode-se constatar que nas últimas décadas houve um aumento exacerbado da utilização dos serviços de urgência e emergência. (ROMANI, 2009) Segundo O'dwyer et al., 2009, estes serviços funcionam no Brasil acima de sua capacidade máxima, com taxa de ocupação de leitos acima de 100%. Dessa forma, os agravos tanto para profissionais da saúde, como ritmo acelerado durante a realização da assistência e sobrecarga de trabalho, como para os usuários do serviço, como a ausência da adoção de estratégias de promoção da qualidade de vida, a ineficiência da organização das redes regionais de atenção integral às urgências e a falta de qualificação e educação permanente dos profissionais de saúde de todos os níveis tem sabota do este serviço. (FIGUEIREDO, 2001) Este mesmo pensamento é comumgado por O'dwyer et al., 2009, acrescentando a questão do número insuficiente de profissionais nas unidades, com verba insuficiente e/ou gerenciamento precário de recursos, entre outros. Voltando-se ao comportamento epidemiológico dos agravos em urgência e emergência em relação às doenças mais 6 frequentes, conforme Acosta e Lima, 18 2013 em seu estudo não foram encontradas publicações científicas no Brasil voltadas a tratar exclusivamente este assunto, mesmo o tema estando em constante discussão entre gestores e profissionais da saúde. O mesmo fato pode ser ratificado pelo manuscrito em questão. De forma tímida Acosta e Lima, 2013, evidenciou que, de modo geral, os usuários mais frequentes são do sexo feminino, não especificando as doenças e seus comprometimentos, comida de média entre 30e 65 anos e sem empregado. Vale ainda salientar que, além dos fatores supracitados que afetam diretamente o serviço em apreço, a atenção em urgência e emergência também sofre as influências do contexto econômico, político e social da população, pois fatores como a localização geográfica onde o serviço está inserido, a cultura médica local, as ideologias dos prestadores do serviço e dos usuários e a situação socioeconômica são aspectos que influenciam o modelo de consumo deste tipo de serviços. Em diversos lugares, o serviço de urgência e emergência, por suas características, acaba fazendo o papel de reguladora do sistema, ou seja, depósito dos problemas não resolvidos, seja oriundo da atenção básica ou simplesmente condutas meramente laboratoriais. (O'DWYER, 2009) Acosta e Lima, 2013, finaliza afirmando que os usuários deste serviço são geralmente indivíduos socioeconomicamente mais vulneráveis, tendo com maior prevalência complicações provocadas por doenças crônicas. Para Travassos e McGugan et al., 2000, o agravante neste contexto são as restrições de acesso no Brasil ao serviço de urgência e emergência para os em maior vulnerabilidade social. Já O´dwyer et al. 2008, dizem que o investimento nos serviços de emergência é algo inadiável devido aos benefícios sociais e a redução da morbimortalidade. Nesse ínterim, vale colocar que para o real benefício da população e uma resposta mais resolutiva dos serviços em urgência e emergência se faz necessário 19 também uma rede estruturada. Essa constatação precisa ser incorporada por gestores e profissionais. (O´DWYER, 2008) É essencial a comunicação entre os serviços de urgência e de atenção primária e secundária, com a formação e pactuação de fluxos de referência e contra referência, visando o cuidado contínuo dos pacientes. (ACOSTA, 2013) Enquanto a rede, desde a atenção básica em saúde não apresentar seus avanços e aumentar a capacidade de oferta de serviços, os ambientes de urgência e emergência continuarão com grande afluxo de demanda espontânea, culminando com a superlotação e, consequentemente, com a baixa qualidade da assistência, somado as filas de espera para consultas, exames e cirurgias e falta de vagas para internação. (RIBEIRO, 2006) Frente à realidade apontada, a vigilância epidemiológica desponta como um instrumento que pode favorecer um melhor planejamento, uma organização mais eficiente, gerando consecutivamente uma operacionalização dos serviços de saúde com mais eficácia e maior efetividade, além de uma normatização de atividades técnicas correlatas e eficazes. (BRASIL, 2009) 20 4 GERENCIAMENTO DE ENFERMAGEM EM UNIDADE DE EMERGÊNCIA E URGÊNCIA O gerenciamento em enfermagem corresponde a um dos pilares de sustentação para uma assistência convergente com a qualidade exigida pela clientela atendida nos serviços de saúde dos tempos atuais. Entretanto, as concepções de gestão e de cuidado ainda são vistas como estanques por muitos enfermeiros, o que representa a expressão da divisão do trabalho e culmina na dicotomia administração versus assistência na vivência cotidiana desse profissional. (MONTEZELI, 2009) O enfermeiro articula, supervisiona e controla as ações que são desenvolvidas pelos profissionais de saúde, tanto referentes ao pessoal de enfermagem como aos procedimentos voltados para diagnóstico e tratamento. O papel gerencial do enfermeiro inclui inúmeras atividades que são necessárias e indispensáveis para garantir o desenvolvimento do trabalho coletivo, bem como identificar técnicas de gerenciamento utilizadas para motivar as equipes na prestação dos serviços com qualidade. (MONTEZELI, 2009) Segundo Wehbe, 2001 em relação às atividades gerenciais desenvolvidas pelos enfermeiros na unidade de emergência, destacam-se: prestar o cuidado ao paciente juntamente com o médico, preparar e ministrar medicamentos, viabilizar a execução de exames especiais procedendo a coleta, instalar sondas nasogástricas, nasoenterais e vesicais em pacientes, realizar troca de traqueostomia e punção venosa com cateter, efetuar curativos de maior complexidade, preparar instrumentos para intubação, aspiração, monitoramento cardíaco e desfibrilação auxiliando a equipe médicana execução dos procedimentos diversos, realizar o controle dos sinais vitais, executar a evolução dos pacientes e anotar no prontuário. As novas propostas gerenciais para o setor de saúde estão criando estruturas mais enxutas e ágeis, a criação de unidades autônomas, a descentralização do processo decisório e a intensificação da comunicação, 21 valorizando o fortalecimento do trabalho em equipe e garantindo os objetivos comuns, estabelecendo maior vínculo com a clientela e a melhoria na qualidade dos serviços prestados. (GONÇALVES, 2007) O enfermeiro, como gerente, necessita ser eficiente e eficaz. A eficiência se dá em fazer a coisas direito, e a eficácia em fazer a coisa certa. Dessa maneira, o enfermeiro precisa estar concentrado em fazer com que as atividades sejam concluídas, ou seja, alcançar a eficiência de maneira que suas decisões contemplem os clientes (pacientes), os funcionários (equipe de enfermagem) e administração maior (direção de enfermagem ou proprietário). (DAVE, 2000) O gerenciamento do cuidado passa por decisões compartilhadas, partindo da multidisciplinaridade para a interdisciplinaridade. Cada profissional unido e coletivamente percebe e planeja a assistência à saúde, baseado na individualidade do sujeito a ser cuidado, nas suas necessidades, adequando-as ao contexto e às condições humanas e materiais da unidade de saúde. (NÓBREGA, 2006) Não basta conhecer a administração de organizações e pessoas, é preciso estar preparado para essa prática. É preciso ter habilidades gerenciais que identifiquem os comportamentos ou habilidade indispensáveis ao cargo gerencial. Essa abordagem começa com a identificação de habilidades gerais e em seguida passa à busca de habilidades específicas relacionadas à eficácia. (ROBBINS, 2003) Assim, os gerentes devem ter aptidão mental para analisar e diagnosticar situações complexas, ajudando a perceber como as coisas de relacionam e a tomar decisões acertadas. (ROBBINS, 2003) 22 5 PORTARIA Nº 2048, DE 5 DE NOVEMBRO DE 2002 O Ministro de Estado da Saúde, no uso de suas atribuições legais, Considerando que a área de Urgência e Emergência constitui-se em um importante componente da assistência à saúde; Considerando o crescimento da demanda por serviços nesta área nos últimos anos, devido ao aumento do número de acidentes e da violência urbana e a insuficiente estruturação da rede assistencial, que têm contribuído decisivamente para a sobrecarga dos serviços de Urgência e Emergência disponibilizados para o atendimento da população; Considerando as ações já desenvolvidas pelo Ministério da Saúde que, em parceria com as Secretarias de Saúde dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, tem realizado grandes esforços no sentido de implantar um processo de aperfeiçoamento do atendimento às urgências e emergências no País, tanto pela criação de mecanismos para a implantação de Sistemas Estaduais de Referência Hospitalar em Atendimento às Urgências e Emergências como pela realização de investimentos relativos ao custeio e adequação física e de equipamentos dos serviços integrantes destas redes, na área de assistência pré-hospitalar, nas Centrais de Regulação, na capacitação de recursos humanos, na edição de normas específicas para a área e na efetiva organização e estruturação das redes assistenciais na área de urgência e emergência; Considerando a necessidade de aprofundar o processo de consolidação dos Sistemas Estaduais de Urgência e Emergência, aperfeiçoar as normas já existentes e ampliar o seu escopo e ainda a necessidade de melhor definir uma ampla política nacional para esta área, com a organização de sistemas regionalizados, com referências previamente pactuadas e efetivadas sob regulação médica, com hierarquia resolutiva e responsabilização sanitária, universalidade de 23 acesso, integralidade na atenção e equidade na alocação de recursos e ações do Sistema de acordo com as diretrizes gerais do Sistema Único de Saúde e a Norma Operacional da Assistência à Saúde - NOAS-SUS 01/2002; Considerando a grande extensão territorial do País, que impõe distâncias significativas entre municípios de pequeno e médio porte e seus respectivos municípios de referência para a atenção hospitalar especializada e de alta complexidade, necessitando, portanto, de serviços intermediários em complexidade, capazes de garantir uma cadeia de reanimação e estabilização para os pacientes graves e uma cadeia de cuidados imediatos e resolutivos para os pacientes agudos não-graves; Considerando a necessidade de ordenar o atendimento às Urgências e Emergências, garantindo acolhimento, primeira atenção qualificada e resolutiva para as pequenas e médias urgências, estabilização e referência adequada dos pacientes graves dentro do Sistema Único de Saúde, por meio do acionamento e intervenção das Centrais de Regulação Médica de Urgências; Considerando a expansão de serviços públicos e privados de atendimento pré-hospitalar móvel e de transporte inter-hospitalar e a necessidade de integrar estes serviços à lógica dos sistemas de urgência, com regulação médica e presença de equipe de saúde qualificada para as especificidades deste atendimento e a obrigatoriedade da presença do médico nos casos que necessitem suporte avançado à vida, e Considerando a necessidade de estimular a criação de estruturas capazes de problematizar a realidade dos serviços e estabelecer o nexo entre trabalho e educação, de forma a resgatar o processo de capacitação e educação continuada para o desenvolvimento dos serviços e geração de impacto em saúde dentro de cada nível de atenção e ainda de propor currículos mínimos de capacitação e habilitação para o atendimento às urgências, em face dos inúmeros conteúdos 24 programáticos e cargas horárias existentes no país e que não garantem a qualidade do aprendizado, resolve: Art. 1º Aprovar, na forma do Anexo desta Portaria, o Regulamento Técnico dos Sistemas Estaduais de Urgência e Emergência. § 1º O Regulamento ora aprovado estabelece os princípios e diretrizes dos Sistemas Estaduais de Urgência e Emergência, as normas e critérios de funcionamento, classificação e cadastramento de serviços e envolve temas como a elaboração dos Planos Estaduais de Atendimento às Urgências e Emergências, Regulação Médica das Urgências e Emergências, atendimento pré-hospitalar, atendimento pré-hospitalar móvel, atendimento hospitalar, transporte inter- hospitalar e ainda a criação de Núcleos de Educação em Urgências e proposição de grades curriculares para capacitação de recursos humanos da área; § 2º Este Regulamento é de caráter nacional devendo ser utilizado pelas Secretarias de Saúde dos estados, do Distrito Federal e dos municípios na implantação dos Sistemas Estaduais de Urgência e Emergência, na avaliação, habilitação e cadastramento de serviços em todas as modalidades assistenciais, sendo extensivo ao setor privado que atue na área de urgência e emergência, com ou sem vínculo com a prestação de serviços aos usuários do Sistema Único de Saúde. Art. 2º Determinar às Secretarias de Saúde dos estados, do Distrito Federal e dos municípios em Gestão Plena do Sistema Municipal de Saúde, de acordo com as respectivas condições de gestão e a divisão de responsabilidades definida na Norma Operacional de Assistência à Saúde – NOAS-SUUS 01/2002, a adoção das providências necessárias à implantação dos Sistemas Estaduais de Urgência e Emergência, à organização das redes assistenciais deles integrantes e à organização/habilitação e cadastramento dos serviços, em todas as modalidades assistenciais, que integrarão estas redes, tudo em conformidade com o 25 estabelecido no Regulamento Técnico aprovado por esta Portaria, bem como a designação, em cada estado, do respectivo Coordenador do Sistema Estadual de Urgênciae Emergência. § 1º As Secretarias de Saúde dos estados e do Distrito Federal devem estabelecer um planejamento de distribuição regional dos Serviços, em todas as modalidades assistenciais, de maneira a constituir o Plano Estadual de Atendimento às Urgências e Emergências conforme estabelecido no Capítulo I do Regulamento Técnico desta Portaria e adotar as providências necessárias à organização/habilitação e cadastramento dos serviços que integrarão o Sistema Estadual de Urgência e Emergência; § 2º A abertura de qualquer Serviço de Atendimento às Urgências e Emergências deverá ser precedida de consulta ao Gestor do SUS, de nível local ou estadual, sobre as normas vigentes, a necessidade de sua criação e a possibilidade de cadastramento do mesmo, sem a qual o SUS não se obriga ao cadastramento. § 3º Uma vez concluída a fase de Planejamento/Distribuição de Serviços conforme estabelecido no § 1º, confirmada a necessidade do cadastramento e conduzido o processo de seleção de prestadores de serviço pelo Gestor do SUS, o processo de cadastramento deverá ser formalizado pela Secretaria de Saúde do estado, do Distrito Federal ou do município em Gestão Plena do Sistema Municipal, de acordo com as respectivas condições de gestão e a divisão de responsabilidades estabelecida na Norma Operacional de Assistência à Saúde – NOAS-SUS 01/2002. § 4º O Processo de Cadastramento deverá ser instruído com: a - Documentação comprobatória do cumprimento das exigências estabelecidas no Regulamento Técnico aprovado por esta Portaria. 26 b - Relatório de Vistoria – a vistoria deverá ser realizada “in loco” pela Secretaria de Saúde responsável pela formalização do Processo de Cadastramento que avaliará as condições de funcionamento do Serviço para fins de cadastramento: área física, recursos humanos, responsabilidade técnica e demais exigências estabelecidas nesta Portaria; c - Parecer Conclusivo do Gestor – manifestação expressa, firmada pelo Secretário da Saúde, em relação ao cadastramento. No caso de Processo formalizado por Secretaria Municipal de Saúde de município em Gestão Plena do Sistema Municipal de Saúde, deverá constar, além do parecer do gestor local, o parecer do gestor estadual do SUS, que será responsável pela integração do Centro à rede estadual e a definição dos fluxos de referência e contra-referência dos pacientes. § 5º Uma vez emitido o parecer a respeito do cadastramento pelo(s) Gestor(es) do SUS e se o mesmo for favorável, o Processo deverá ser encaminhado da seguinte forma: a - Serviços de Atendimento Pré-Hospitalar, Pré-Hospitalar Móvel, e Hospitalar de Unidades Gerais de Tipo I ou II – o cadastramento deve ser efetivado pelo próprio gestor do SUS; b - Unidades de Referência Hospitalar em Atendimento às Urgências e Emergências de Tipo I, II ou III – remeter o processo para análise ao Ministério da Saúde/SAS, que o avaliará e, uma vez aprovado o cadastramento, a Secretaria de Assistência à Saúde tomará as providências necessárias à sua publicação. Art. 3º Alterar o Artigo 2º da Portaria GM/MS nº 479, de 15 de abril de 1999, que estabelece os critérios para a classificação e inclusão dos hospitais nos Sistemas Estaduais de Referência Hospitalar em Atendimento de Urgências e Emergência, que passa a ter a redação dada pelo contido no Capítulo V do 27 Regulamento Técnico constante do Anexo desta Portaria no que diz respeito às Unidades Hospitalares de Referência em Atendimento às Urgências e Emergências de Tipo I, II e III. § 1º Ficam mantidos todos os demais Artigos e parágrafos da Portaria GM/MS nº 479, de 15 de abril de 1999; § 2º Ficam convalidados todos os atos que tenham sido praticados até a presente data relacionados com a classificação, cadastramento e inclusão de hospitais nos Sistemas Estaduais de Referência Hospitalar em Atendimento de Urgências e Emergências, com base no estabelecido na Portaria GM/MS nº 479, de 15 de abril de 1999; § 3º A partir da publicação da presente Portaria, a classificação, cadastramento e inclusão de novas Unidades Hospitalares de Referência em Atendimento às Urgências e Emergências de Tipo I, II ou III deverá se dar em cumprimento ao estabelecido no Capítulo V do Regulamento Técnico ora aprovado e no Artigo 2º desta Portaria. Art. 4° Determinar à Secretaria de Assistência à Saúde, dentro de seus respectivos limites de competência, a adoção das providências necessárias à plena aplicação das recomendações contidas no texto ora aprovado. Art. 5º Estabelecer o prazo de 2 (dois) anos para a adaptação dos serviços de atendimento às urgências e emergências já existentes e em funcionamento, em todas as modalidades assistenciais, às normas e critérios estabelecidos pelo Regulamento Técnico aprovado por esta Portaria. § 1º As Secretarias de Saúde dos estados, do Distrito Federal e dos municípios em Gestão Plena do Sistema Municipal, devem, dentro do prazo estabelecido, adotar as providências necessárias para dar pleno cumprimento ao 28 disposto nesta Portaria e classificar, habilitar e cadastrar os serviços de atendimento às urgências e emergências já existentes e em funcionamento; § 2º Para a classificação, habilitação e cadastramento de novos serviços de atendimento às urgências e emergências, em qualquer modalidade assistencial, esta Portaria tem efeitos a contar de sua publicação. Art. 6º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação, revogando a Portaria GM/MS nº 814, de 01 de junho de 2001. 29 6 ATENDIMENTO INICIAL À VÍTIMA DO TRAUMA O paciente vítima de trauma em condições que colocam a sua vida em risco e que apresenta lesões multissistêmicas graves deve ter como prioridade, em seu atendimento, a identificação e o tratamento rápidos. Nesses pacientes, o socorrista não conseguirá realizar muito além da avaliação primária (NATIONAL ASSOCIATION OF EMERGENCY MEDICAL TECHNICIANS, 2017). O atendimento inicial a vítimas de trauma deverá estar focado na avaliação rápida e efetiva, no início da reanimação se necessário e no transporte até o hospital referência. Essas etapas devem estar muito claras ao socorrista que presta o atendimento de urgência, devendo ser memorizados e fazendo uso das possíveis fisiopatologias a serem encontradas na cinemática. (NATIONAL ASSOCIATION OF EMERGENCY MEDICAL TECHNICIANS, 2017). 6.1 Avaliação primária A avaliação primária realizada em vítimas de trauma é contemplada tanto no SBV quanto no SAV e deve ser aplicada em todos os pacientes que apresentarem suspeita de trauma ou em situação ignorada — quando não é possível excluir o trauma. A avaliação primária no paciente vítima de trauma deve ser iniciada com uma visão geral da situação e das condições dos sistemas respiratório, circulatório e neurológico da vítima, com a finalidade de buscar fatores externos relacionados à oxigenação, à circulação e a hemorragias ou deformidades (NATIONAL ASSOCIATION OF EMERGENCY MEDICAL TECHNICIANS, 2017). A observação inicial deve ser focada na garantia de segurança do local, avaliando a responsividade por meio de questionamentos simples à vítima e executando simultaneamente a estabilização da coluna cervical. Com isso, inicia- se a verificação da respiração efetiva ou não da vítima. Após a avaliação das vias aéreas, o socorrista deve promover a sua permeabilidade por meio da manobra de 30 abertura com paciente traumático, realizando a retirada de corpos estranhos, se houver, utilizando a oximetria e ofertando oxigênio por intermédio da máscara facial, instalando o colar cervical e, no SAV, avaliando a necessidade de via aérea avançada para que a vítima mantenha a função ventilatória suficiente. (NATIONAL ASSOCIATION OF EMERGENCY MEDICAL TECHNICIANS, 2017). Depois de fazer as manobras para a manutenção da permeabilidade das viasaéreas, deve ser realizada a avaliação da presença de uma boa respiração e oxigenação pela visualização do posicionamento da traqueia e da presença de turgência de jugular, pela expansão do tórax, pelos sinais de esforço respiratório com a utilização de musculatura acessória e pela presença de lesões abertas ou fechadas no tórax. (NATIONAL ASSOCIATION OF EMERGENCY MEDICAL TECHNICIANS, 2017). A avaliação da circulação ocorre na sequência, com a finalidade de controlar sangramentos externos por meio de compressão direta ou por torniquetes, conforme indicação, de modo a avaliar se a vítima apresenta enchimento capilar em até 2 s e as características da pele e do pulso central e radial e, se possível, aferindo a pressão arterial. (NATIONAL ASSOCIATION OF EMERGENCY MEDICAL TECHNICIANS, 2017). O estado neurológico deve ser avaliado na sequência, com a aplicação da Escala de Coma de Glasgow (ECG) ou AVDI (alerta, voz, dor e inconsciência) e a avaliação das pupilas. Depois de todas essas etapas, deve ocorrer a exposição da vítima, com controle da hipotermia, por meio do corte das vestes para que seja feita a avaliação somente das partes necessárias, protegendo-a, dessa forma, da ocorrência de hipotermia com a utilização da manta aluminizada. Todas essas etapas do atendimento inicial devem ser realizadas rapidamente e de forma efetiva e eficiente, objetivando a diminuição do tempo no local da ocorrência do trauma. Para isso, a avaliação e a intervenção requerem amplo conhecimento sobre fisiopatologia associado a um plano de tratamento bem estabelecido (NATIONAL ASSOCIATION OF EMERGENCY MEDICAL TECHNICIANS, 2017). 31 O estabelecimento de prioridades na cinemática do trauma é essencial e se divide em três principais campos: Avaliar a cinemática do trauma; Reconhecer incidentes com múltiplas vítimas ou com vítimas em massa; Avaliar cada vítima com foco nos que apresentam maior gravidade, dando ênfase à sequência: a) condições que possibilitam a perda da vida; b) condições que possibilitam a perda de um membro; c) demais condições que não coloquem em risco a vida ou um membro (NATIONAL ASSOCIATION OF EMERGENCY MEDICAL TECHNICIANS, 2017). O atendimento inicial a vítimas do trauma tem a necessidade de ser realizado da maneira mais rápida possível, compreendendo todas as suas etapas. O período de ouro do atendimento compreende esse momento, no qual deve ser reconhecida a urgência, o manejo e o transporte da vítima até o hospital mais adequado. Cabe ressaltar que a avaliação primária do paciente vítima do trauma será a mesma para todos, sejam eles idosos, crianças, gestantes ou adultos. (NATIONAL ASSOCIATION OF EMERGENCY MEDICAL TECHNICIANS, 2017). 6.2 ABCDE do trauma O método mnemônico ABCDE do trauma foi elaborado pelo Colégio Americano de Cirurgiões, por meio do advanced trauma life support (ATLS), com a finalidade de padronizar o atendimento ao paciente politraumatizado. O método foi pensado para a identificar lesões com potencial fatalidade, sendo possível aplicá-lo em todas as vítimas em situações críticas. Apesar de haver indicação de a avaliação primária ser aplicada de maneira sequencial, ela deve ocorrer simultaneamente, otimizando o tempo de avaliação e atendimento. Esse mesmo protocolo deve ser retomado na realização do exame secundário da vítima, durante o monitoramento dos sinais vitais. (BRASIL, 2014) 32 Os componentes do mnemônico estão listados por ordem de prioridade para a realização do tratamento ideal, sendo A referente às vias aéreas com estabilização da coluna cervical, B à respiração e à ventilação, C à circulação com controle da hemorragia, D ao estado neurológico e E à exposição e ao controle da temperatura. (BRASIL, 2014) Via aérea com estabilização da coluna cervical Nessa primeira etapa, é realizada a inspeção das vias aéreas com a finalidade de mantê-las pérvias e buscando possíveis corpos estranhos que obstruam a passagem do oxigênio. A melhor maneira de realizar essa avaliação é pela abordagem verbal à vítima, que, quando for satisfatória, demonstra a permeabilidade. Em casos de alteração na voz, sons estridores, roncos e esforço respiratório, devem ser iniciadas as manobras de abertura das vias aéreas, sendo que as mais utilizadas são a de elevação do mento (Chin lift) — quando não há suspeita de trauma cervical —, e a manobra de anteriorização da mandíbula (Jaw thrust) — quando há qualquer suspeita de lesão medular que impeça a hiperextensão cervical. (BRASIL, 2014) No ambiente intra-hospitalar, podem ser retirados corpos estranhos com a aspiração ou a utilização de pinça de Magill. Caso a desobstrução das vias aéreas não tenha sido efetiva, as condutas a serem tomadas podem evoluir para intubação orotraqueal, cricotireoidostomia ou traqueostomia, sendo a intubação considerada o padrão ouro no ambiente pré-hospitalar. Nessa fase, ainda é realizada a proteção da coluna cervical por intermédio de uma abordagem pela região frontal da vítima, de modo a evitar a movimentação da cabeça, com a utilização do colar cervical associado à imobilização total da coluna com os demais equipamentos, fazendo uso de movimentação em bloco. (BRASIL, 2014) 33 Ventilação Nessa fase, o socorrista deve realizar a avaliação da respiração e do padrão ventilatório, reunindo dados objetivos por meio da frequência respiratória, da inspeção dos movimentos torácicos, da cianose de extremidades, dos desvios de traqueia e da utilização de musculatura acessória nos movimentos respiratórios, sendo necessárias, para isso, a inspeção, a palpação, a percussão e a ausculta. Em vítimas que apresentam quadros de hipoventilação e bradipneia ou apneia, o suporte ventilatório imediato deve ser instalado. Algumas situações que afetam o desempenho respiratório podem ser observadas em pacientes traumatizados, causando um problema real ou de potencial risco de morte à vítima, entre elas o pneumotórax hipertensivo, o pneumotórax aberto, o hemotórax, o tórax instável e o tamponamento cardíaco. (BRASIL, 2014) Circulação e hemorragias Um dos principais desafios da equipe de socorristas no trauma é o reconhecimento rápido do choque hipovolêmico quando presente, sendo que a maneira de realizar essa identificação é por evidências clínicas e alterações circulatórias, como hipoperfusão com oxigenação tecidual inadequada (NATIONAL ASSOCIATION OF EMERGENCY MEDICAL TECHNICIANS, 2017). A maioria dos quadros de hemorragias é estancada com a compressão direta no foco do sangramento, porém, quando essa medida não é suficiente, podem ser utilizados torniquetes como uma opção temporária. Os principais determinantes das alterações circulatórias são identificados pela avaliação da frequência cardíaca e do enchimento capilar, bem como por alterações da coloração da pele, presença de sudorese e rebaixamento de sensório. As orientações nos casos de evidência de choque hipovolêmico são de reposição rápida de cristaloides, por meio da utilização de acessos venosos periféricos calibrosos, atentando-se aos fatores de coagulação e acompanhando a situação hemodinâmica da vítima. (BRASIL, 2014) 34 Disfunção neurológica Ao chegar nesse ponto da avaliação da vítima de eventos traumáticos, é esperado que disfunções em A, B e C estejam manejadas para que seja realizada a avaliação neurológica. Essa avaliação se dá ao analisar o nível de consciência e o tamanho e a reatividade das pupilas e ao identificar uma possível lesão medular. O objetivo principal dessa fase é minimizar as possíveis lesões secundárias por meio da manutenção da perfusão do tecido cerebral, a qual pode ser analisada pela ECG e AVDI, que serve para avaliar o nível de consciência da vítima. (BRASIL, 2014) Alerta: o socorrista nota que, ao tocar na vítima, ela reage de maneira instantânea, ou seja,a vítima ainda tem suas funções corporais e neurológicas ativas. (BRASIL, 2014) Voz: a vítima não responde a estímulos sonoros e demonstra um processo de perda de consciência, uma vez que a audição é um dos últimos sentidos a se perder antes da inconsciência. (BRASIL, 2014) Dor: a vítima é exposta a estímulos dolorosos em busca de algum estágio de consciência. (BRASIL, 2014) Inconsciência: a vítima se encontra totalmente inconsciente, demonstrando a não atividade cerebral em seu organismo. (BRASIL, 2014) A ECG avalia as respostas motora e verbal e a abertura ocular, com pontuações que variam entre 3 e 15. Vítimas com pontuação entre 3 e 8 na ECG apresentam déficit neurológico severo e, por isso, indica-se a intubação orotraqueal imediata, tendo em vista o rebaixamento do nível de consciência que sugere a redução da perfusão cerebral. Nessa fase, devem ser considerados os quadros de hipoglicemia e intoxicações por álcool ou outras drogas. (BRASIL, 2014) 35 Exposição e controle da temperatura A última fase se refere à análise da extensão das lesões e do controle do ambiente na prevenção do quadro de hipotermia da vítima por meio de um exame mais geral, com exposição da vítima em busca de possíveis fraturas ou outros focos de hemorragias. Além disso, busca-se impedir a perda de calor e, consequente, a hipotermia com a utilização de mantas térmicas e cristaloides endovenosos aquecidos. (BRASIL, 2014) 36 7 IDENTIFICAÇÃO DA CENA Há uma variação muito grande em um trauma, seja em nível de extensão, intensidade e gravidade dos ferimentos, seja no nível de seus agentes causadores, podendo ser físicos, químicos ou elétricos, de maneira intencional ou acidental (ALVES, 2015). Nesse sentido, elencaremos os mais diversos casos de urgência e emergência com os quais poderemos nos deparar em nosso cotidiano: acidentes automobilísticos, queimaduras com diferentes tipos de agentes (água quente, fogo, descarga elétrica), perfurações e cortes pelo uso de armas de fogo e armas brancas, quedas de nível, etc. Estima-se que acidentes provoquem cerca de 90 mil mortes a cada ano no mundo todo, estando entre as principais causas de mortes entre todos os países do mundo, já que esse tipo de evento é imprevisível e pode ocorrer independentemente do contexto, além de promover um alto custo para os cofres públicos (JESUS et al., 2014). Segundo alguns órgãos da área, os profissionais da área da saúde com maior capacidade de avaliar tanto o quadro da vítima do acidente quanto o cenário em que o episódio ocorreu e as possíveis lesões originadas desse evento podem prestar um serviço de socorro muito mais eficiente e elevar significativamente a chance de sobrevivência desse paciente. (BERTONCELLO; CAVALCANTI; ILHA, 2012 Uma boa análise cinemática do acidente e da cena do trauma permite ao socorrista prever com alta precisão as possíveis lesões resultadas daquele cenário, por meio das características dos objetos envolvidos e do corpo da vítima (BERTONCELLO; CAVALCANTI; ILHA, 2012). A habilidade de antever lesões não apresentadas de forma óbvia dentro da avaliação física e primária de um paciente é essencial para poder tratar de modo adequado e preservar a vida do indivíduo que está sob risco. 37 No processo de avaliação da cena de um acidente ou uma situação de urgência/emergência, devemos prestar a atenção a alguns pontos capazes de auxiliar no processo de análise da atuação das forças, dos movimentos e das possíveis lesões nesse contexto. (BERTONCELLO; CAVALCANTI; ILHA, 2012 Entre eles, podemos citar (ALVES, 2015) a apresentação do local, a presença de crianças no local, os agentes envolvidos (p. ex., carros ou motos), a altura da queda e a primeira parte do corpo acometida pelo impacto, o tipo de arma ou utensílio que provocou o ferimento, o tempo de parada, a saída de projeto balístico do corpo, entre outros importantes detalhes que devem ser considerados na observação do contexto emergencial. É importante salientar que uma análise cinemática do trauma não deve retardar o atendimento primário às vítimas do acidente. Um bom profissional é capaz de fazer uma análise adequada, em alguns casos até mesmo antes de chegar até as vítimas ou o local do acidente, prevendo lesões pelas características do acidente ou mesmo por observações rápidas do local. (BERTONCELLO; CAVALCANTI; ILHA, 2012 38 8 CINEMÁTICA DO TRAUMA A cinemática do trauma consiste na análise biomecânica das forças e dos movimentos que podem, de algum modo, influenciar ou ter influenciado em lesões de uma vítima de trauma. (ALVES, 2015). Na análise da cinemática do trauma, é fundamental compreender alguns aspectos relacionados às leis da física que abordam energia, movimento e força (ALVES, 2015). Abordaremos algumas delas a seguir. „ Lei da conservação da energia — a energia não pode ser criada nem destruída, mas sua forma pode ser modificada. „ Primeira lei de Newton — um corpo em movimento ou em repouso permanece nesse estado até que uma força externa atue sobre ele. „ Segunda lei de Newton — força é igual à massa do objeto multiplicada por sua aceleração. „ Terceira lei de Newton — para toda ação, há uma reação oposta e de igual intensidade. „ Energia cinética — energia do movimento. É igual à metade da massa multiplicada pela velocidade elevada ao quadrado. „ Troca de energia — quando dois corpos movimentando em velocidades diferentes interagem, as velocidades tendem a se igualar. A rapidez com que um corpo perde velocidade para o outro depende da densidade (número de partículas por volume) e da área de contato entre os corpos. Quanto maior a densidade, maior a troca de energia. (ALVES, 2015). Tendo esses conceitos bem definidos, o profissional da área da saúde responsável por realizar a análise da cinemática do trauma deve buscar analisar a direção e a velocidade da força aplicada no impacto que provocou o trauma na vítima, além do tamanho (massa) do indivíduo e os possíveis sinais de liberação de energia resultados do trauma. A partir disso, é possível definir as lesões, mesmo que não aparentes, e acelerar o processo de prestação de socorro e atendimento da condição básica de saúde da vítima do acidente/trauma. Por exemplo, em um jogo de basquete, um atleta conduz a bola em velocidade e se choca com seu 39 adversário, que estava parado, abruptamente, levando os dois a caírem se queixando de dores. (ALVES, 2015). Nesse caso, temos a aplicação do conceito da terceira lei de Newton, que diz que, para toda ação, existe uma reação de igual magnitude e direção oposta. Em outras palavras, o atleta que provocou o choque correndo em velocidade foi atingido com a mesma proporção de força que seu adversário que estava parado, porém as aplicações de força tiveram sentidos opostos para os jogadores. Além disso, essa força tem proporção à aceleração imposta pela potência do atleta e sua massa corporal (segunda lei de Newton) e as velocidades tendem a se igualar (lei da troca de energia) no momento da interação entre os corpos. Por último, ainda podemos observar a situação aplicando a primeira lei de Newton, que afirma que um corpo tende a manter-se em movimento a menos que uma força externa atue sobre ele — nesse caso, o atleta conduzindo a bola teve seu movimento interrompido pela ação de força externa do seu adversário, que estava parado e bloqueou a sua passagem. 8.1 Mecanismo do acidente versus padrão de lesão Um dos acidentes mais comuns e que promovem maiores índices de fatalidades são os acidentes de trânsito. Em virtude da falta de perícia, da imprudência e do descumprimento das leis de trânsito, o número de eventos traumáticos automobilísticos cresce ano após ano no Brasil. Diversas leis vêmsendo criadas, bem como campanhas de conscientização, para tentar ao menos frear esses números e diminuir o número de mortes ou sequelas oriundas de acidentes de trânsito. (ALVES, 2015). Segundo Alves (2015), é possível realizar uma análise do padrão de lesão de acordo com o modo como ocorreu o acidente de trânsito, o que pode auxiliar 40 muito no processo de análise cinemática do trauma e, consequentemente, no serviço de atendimento prestado à vítima 41 9 PORTARIA Nº 2616, DE 12 DE MAIO DE 1998 O Ministro do Estado da Saúde interino, no uso das atribuições que lhe confere o artigo 87, inciso II da Constituição, e Considerando as determinações da Lei nº 9431 de 6 de janeiro de 1997, que dispõe sobre a obrigatoriedade da manutenção pelos hospitais do país, de Programa de Controle de Infecções Hospitalares. Considerando que as infecções Hospitalares constituem risco significativo à saúde dos usuários dos hospitais, e sua prevenção e controle envolvem medidas de qualificação de assistência hospitalar, da vigilância sanitária e outras, tomadas no âmbito do Estado, do Município e de cada hospital, atinentes a seu funcionamento; Considerando que o capítulo I artigo V e inciso III da lei nº 8080 de 19 de setembro de 1990 estabelece como objetivo e atribuição do Sistema Único de Saúde (SUS), "a assistência as pessoas por intermédio de ações de promoção, proteção e recuperação da Saúde com a realização integrada das ações assistenciais e das atividades preventivas". Considerando que no exercício da atividade fiscalizadora os órgãos estaduais de saúde deverão observar, entre outros requisitos e condições, a adoção, pela instituição prestadora de serviços, de meio de proteção capazes de evitar efeitos nocivos à saúde dos agentes, clientes, pacientes e dos circunstantes, (Decreto nº 77 052 de 19/01/1976, artigo 2º, inciso IV); Considerando os avanços técnicos-científicos os resultados do Estudo Brasileiro da Magnitude das Infecções Hospitalares, Avaliação da Qualidade das Ações de Controle de Infecção Hospitalar o reconhecimento mundial destas ações 42 como as que implementam a melhoria da qualidade da assistência a saúde, reduzem esforços, problemas, complicações e recursos; Considerando a necessidade de informações e instrução oficialmente constituída para respaldar a formação técnico/profissional, resolve: Art. 1º Expedir na forma dos anexos I, II, III, IV e V, diretrizes e normas para prevenção e o controle das infecções hospitalares. Art. 2º As ações mínimas necessárias, a serem desenvolvidas, deliberada e sistematicamente, com vistas a redução máxima possível da incidência e da gravidade das infecções dos hospitais, compõe o Programa de Controle de Infecções Hospitalares. Art. 3º A Secretaria de Política de Saúde, do Ministério da Saúde, prestará cooperação técnica as Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde, a fim de orientá-las sobre o exato cumprimento, interpretação das normas aprovadas por esta Portaria. Art. 4º As Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde poderão adequar as normas conforme prevê a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Art. 5º A inobservância ou o descumprimento das normas aprovadas por esta Portaria sujeitará o infrator ao processo e as penalidades previstas na Lei nº 6437 de 20 de agosto de 1977, ou, outra que a substitua, com encaminhamento dos casos ou ocorrências ao Ministério Público e órgãos de defesa do consumidor para aplicação da legislação pertinente (lei nº 8078/90 ou outra que a substitua). Art. 6º Este regulamento deve ser adotado em todo o território nacional, pelas pessoas jurídicas e físicas, de direito público e privado envolvidas nas atividades hospitalares de assistência a saúde. 43 Art. 7º Esta portaria entrará em vigor na data de sua publicação. Art. 8º Fica revogada a Portaria nº 930, de 27/08/92. 44 10 EPIDEMIOLOGIA DAS INFECÇÕES HOSPITALARES O termo epidemiologia, segundo a etimologia grega, significa estudo sobre a população. Desta maneira, definição de epidemiologia, proposta por Rouquayrol e Goldbaum (2003, p. 17), diz que ela é uma [...] ciência que estuda o processo saúde e doença em coletividades humanas, analisando a distribuição e os fatores determinantes das enfermidades, danos à saúde e eventos associados à saúde coletiva, propondo medidas específicas de prevenção, controle e erradicação de doenças, e fornecendo indicadores que sirvam de suporte ao planejamento, administração e avaliação das ações de saúde. O cuidado à saúde é constantemente desafiado pelas infecções hospitalares que resultam no agravamento das doenças, no aumento da morbimortalidade e dos custos assistenciais e vem representando nos últimos anos um importante agravo de saúde pública. Conceitualmente a Infecção Hospitalar(IH) é definida pelo Center for Dissesse Control andPrevention (CDC) como infecções sistêmicas ou locais que ocorrem após 48 horas da admissão hospitalar, em até 48 horas após alta da Unidade de Terapia Intensiva(UTI) e 30 dias após cirurgia sem colocação de prótese ou um ano de colocação (GARNER et al., 1988) Posteriormente, o critério utilizado pelo CDC foi adotado pelo Ministério da Saúde do Brasil, expresso pela Portaria2.616/98 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária(ANVISA), onde se definiu IH como aquela adquirida após a admissão do paciente e, que se manifesta durante a internação ou após a alta, quando puder ser relacionada com a internação ou procedimentos hospitalares (BRASIL, 1998). No Brasil a cada dia, a problemática da IH cresce apresentando altos índices de 15,5%, o que corresponde a aproximadamente dois episódios de infecção por paciente internado com IH nos hospitais brasileiros. Além disso, 45 considera-se mais um agravante, o fato das instituições de saúde pública possuem a maior taxa de prevalência de IH no país, 18,4%(PRADE et al., 1995). A UTI que desempenha atualmente, um papel decisivo na chance de sobrevida de pacientes gravemente enfermos, sejam eles vítimas de trauma ou de qualquer outra condição clínica extremamente grave (PEREIRA JÚNIOR et al., 1999), em contrapartida se tornou o principal local de ocorrência das infecções hospitalares. Os pacientes internados nesse ambiente possuem alto risco de adquirir infecções hospitalares devido à gravidade da doença, aos recursos tecnológicos empregados na assistência ao paciente, exposição aos procedimentos invasivos, além do prolongamento do tempo de internação. (SMITH, SAWYER, PRUETT, 2003). De acordo com WOLFF et al. (1997), este risco está aumentado em cinco, até dez vezes mais nos pacientes de UTI e, por isso, este setor, muitas vezes, é o epicentro da emergência do problema de infecção em um hospital, representando mais de 20% de todas as infecções adquiridas no hospital (SMITH, SAWYER, PRUETT, 2003). Segundo TRILLA (1994), as taxas de infecção hospitalar variam consideravelmente, dependendo do tipo de cliente hospitalizado, do tipo de UTI, do tipo de hospital, do sistema de vigilância adotado e da efetividade do Programa de Controle de Infecção Hospitalar. Esse tipo de clientela em sua grande maioria idosa apresenta condições clínicas susceptíveis às infecções tanto pelo próprio estado clínico, como pela contínua e frequente execução de procedimentos invasivos ou imunossupressivos com finalidade diagnóstica e/ou terapêutica, utilização de polifármacose antibióticos de largo espectro (ANVISA, 2004b). A topografia mais comum das infecções foi a infecção primária de corrente sanguínea (38,59%), seguida da pneumonia associada à ventilação mecânica (36,84%) e do trato urinário (21,05%). Achados similares foram encontrados em: AGARWAL et al., (2006), ROSENTHALet al., (2003), ROSENTHAL et al., (2006),46 ERBAY et al., (2003), ESEN e LEBLEBICIOGLU (2004), ZOLLDANNet al., (2005), VINCENTet al., (1995) e PRADEet al., (1995) com uma variação de 13 a 46% para pneumonia,15,7 a 29% para o trato urinário e 12 a 37% para corrente sanguínea. A incidência de infecção por procedimento foi: infecção primária de corrente sanguínea (15,07‰cateteres/dia), pneumonia (29,61‰ ventiladores/dia) e infecção do trato urinário (8,20‰ cateteres /dia). Neste estudo, a taxa de infecção por procedimento associado foi semelhante às encontradas por ROSENTHAL et al., (2006), CUELLAR et al. (2008), RAMIREZBARBA et al., (2006) e DETTENKOFER et al., (2001). De acordo com a Anvisa (2004b), as infecções mais frequentes encontradas em UTIs do tipo geral são as infecções urinárias, respiratórias e associadas a cateteres vasculares. Dentre os transtornos decorrentes do efeito da infecção hospitalar para a saúde pública, pacientes internados e instituição destacam-se: a significativa letalidade elevando diretamente e indiretamente as taxas de morbidade e mortalidade, aumento do tempo de internação e custos decorrentes tanto para instituição quanto para os próprios pacientes e familiares, além da ameaça da disseminação de bactérias multirresistentes (ANVISA, 2004a). Os principais microrganismos envolvidos com a etiologia destas infecções foram as Pseudomonas Aeruginosa (31,58%), Acinetobacter Baumanni (15,79%) e Klebsiella Pneumoniae (10,53%).Achados similares foram encontrados no estudo EPIICrelatado por VINCENT et al., (1995), no estudo multicêntrico NNISS, no estudo de ESEN,LEBLEBICIOGLU, (2004), AGARWAL et al., (2006) e et al., (1995), apresentando uma variação de 13a 29% para Pseudomonas Aeruginosa, de 16,1 a 26,8%para Acinetobacter Baumanni e de 9 a 16,1% paraKlebsiella Pneumoniae. A Pseudomona Aeruginosa é um microrganismo importante que causa várias infecções nosocomiais, sendo responsáveis, principalmente, pelos casos de pneumonia com 16%,12% de infecção do trato urinário e 10% de infecção por corrente sanguínea. A maioria dos isolados clínicos da Acinetobacter baumannii 47 representa mais colonização do que infecções, entretanto, várias infecções têm sido documentadas em pacientes de UTI, incluindo pneumonia, septicemia e infecções do trato urinário (MARTINS et al., 2004). É importante ressaltar que muitos dos patógenos clinicamente importantes são resistentes para todos ou quase todos os antibióticos. O panorama da resistência bacteriana é preocupante e o crescente surgimento de novas amostras de bactérias resistentes nos hospitais brasileiros vem causando preocupação entre os profissionais de saúde (SANTOS,2004). A infecção é uma manifestação frequente nos pacientes graves internados em UTI e os métodos invasivos contribuem para a ocorrência do mesmo. Assim, o desenvolvimento da IH relacionado ao procedimento invasivo será tanto menos provável quanto maior for o rigor técnico observado na sua instalação e manutenção, e ainda quanto menor for sua utilização (DAVID,1998). 48 11 VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA DAS INFECÇÕES HOSPITALARES O Programa de Controle de Infecção Hospitalar (PCIH) é obrigatório no Brasil, desde 1983. Sua existência em todos os hospitais brasileiros visa manter sob controle a iatrogenia conhecida como infecção hospitalar, 1-4 atuando como “assessor do dirigente hospitalar”. Tem a função de diagnosticar e vigiar a frequência e distribuição do fenômeno entre os hospitalizados e egressos; intervir, por diversos meios, na padronização da qualidade de condutas profissionais invasivas nos pacientes e na orientação da escolha terapêutica; e, de maneira sistêmica, prevenir e controlar fontes e formas de transmissão de microrganismos entre clientes, trabalhadores e ambiente, de modo a manter em alto nível a qualidade assistencial prestada. (PRADE, 1988) No PCIH, dois blocos de dados básicos de informações são necessários para obter a análise da qualidade assistencial: aqueles que se referem aos resultados assistenciais, detectados a partir da vigilância epidemiológica dos pacientes hospitalizados e egressos, e outro, que se refere às condições estruturais e dos processos, disponibilidade dos recursos, do conhecimento e da habilidade técnica para uma assistência proficiente e eficaz, pois, de acordo com Donabedian, 1993 a avaliação não pode se restringir só a resultados. As informações geradas pelo PCIH devem localizar quais procedimentos e processos assistenciais são de maior risco e quais os pacientes mais suscetíveis de adquirir infecção hospitalar e revelar o grau de conhecimentos e habilidades dos operacionalizadores da assistência em prevenir tal iatrogenia. Presta-se também, para apoiar decisões orientadas por séries históricas de cada hospital, embasando por um lado, o planejamento e a construção do projeto institucional ou, por outro, apontando a necessidade de intervenções imediatas para debelar surtos ou epidemias. (PRADE, 1988) Os estudos epidemiológicos assim como a vigilância constante são atividades práticas e diárias das comissões de controle de infecções, não sendo 49 tarefa fácil para seus executores. Entende-se, portanto, que a vigilância epidemiológica das infecções só faz sentido se houver implementação de medidas eficientes de redução de riscos e consequentemente das taxas de infecções, assim a criação do serviço de controle de infecção hospitalar com vigilância constante, estudos epidemiológicos relacionado à infecção hospitalar fazem parte das ações que podem ser desenvolvidas pela enfermagem (OLIVEIRA, BRAZ, MACHADO, 2005, p.1). 50 12 INFECÇÕES HOSPITALARES MAIS INCIDENTES EM SERVIÇOS DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA No Brasil, ao longo dos anos, a infecção hospitalar (IH) vem constituindo como um problema da saúde pública, e se faz necessário à intervenção do governo, através do Ministério da Saúde, instituindo políticas de saúde para a área hospitalar, foi criado às comissões de controle de infecções hospitalares (CCIH), com ações educativas como treinamentos e cursos específicos, abordando aspectos técnicos e biológicos, voltados para os profissionais de saúde (SANTOS et. al. 2008, p.442). Neste contexto a infecção hospitalar torna-se um evento histórico, social e não apenas biológico o que requer investimentos científicos, tecnológicos e humanos para a criação de medidas preventivas e de controle, sem perder de vista a qualidade do cuidado prestado pela enfermagem (PEREIRA, 2005, p. 256). As infecções representam a causa mais comum de morte e sequelas entre pacientes que sobrevivem ao trauma inicial. Em relação aos agentes infecciosos, a maioria dos presentes no serviço de emergência está relacionada com os comunitários, aqueles trazidos pelo paciente, porém a permanência prolongada aumenta a colonização de pacientes por agentes hospitalares, podendo desencadear uma infecção (MORAES, 2007, p.207-208). Grande parte das infecções hospitalares revela-se como complicação de pacientes gravemente enfermos, que decorre de um desequilíbrio entre sua microbiota normal e seus mecanismos de defesa (VALLE et. al. 2008, p. 305). Isso pode ocorrer devido à própria patologia de base do paciente (doenças pré-existentes como: Diabetes, cardiopatias e outras), procedimentos invasivos (intubação orotraqueal, cateter venoso central e outros) e alterações da população microbiana, as quais geralmente são induzidas pelo uso irracional de antibióticos (PEREIRA, et. al. 2005, apud WEBER; RULATA, 1997, p. 491-514). A infecção hospitalar pode ser adquirida desde o atendimento emergencial ou durante toda permanência do indivíduo na unidade de saúde. Entretanto as 51 infecções na unidade de emergência sem dúvida representam um importante
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