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GESTÃO E AÇÃO NO SERVIÇO SOCIAL PROF.A VALÉRIA CRISTINA DA COSTA Reitor: Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira Pró-reitor: Prof. Me. Ney Stival Gestão Educacional: Prof.a Ma. Daniela Ferreira Correa PRODUÇÃO DE MATERIAIS Diagramação: Alan Michel Bariani Thiago Bruno Peraro Revisão Textual: Gabriela de Castro Pereira Letícia Toniete Izeppe Bisconcim Luana Ramos Rocha Produção Audiovisual: Heber Acuña Berger Leonardo Mateus Gusmão Lopes Márcio Alexandre Júnior Lara Gestão de Produção: Kamila Ayumi Costa Yoshimura Fotos: Shutterstock © Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114 Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo (a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá. Primeiramente, deixo uma frase de Sócrates para reflexão: “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida.” Cada um de nós tem uma grande responsabilidade sobre as escolhas que fazemos, e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica e profissional, refletindo diretamente em nossa vida pessoal e em nossas relações com a sociedade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente e busca por tecnologia, informação e conhecimento advindos de profissionais que possuam novas habilidades para liderança e sobrevivência no mercado de trabalho. De fato, a tecnologia e a comunicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e nos proporcionando momentos inesquecíveis. Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino a Distância, a proporcionar um ensino de qualidade, capaz de formar cidadãos integrantes de uma sociedade justa, preparados para o mercado de trabalho, como planejadores e líderes atuantes. Que esta nova caminhada lhes traga muita experiência, conhecimento e sucesso. Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira REITOR 33WWW.UNINGA.BR U N I D A D E 01 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................. 4 1 - CONCEITOS E CARACTERÍSTICA DE GESTÃO ................................................................................................... 5 1.1. A IMPORTÂNCIA DA LIDERANÇA PARA REALIZAÇÃO DA GESTÃO ................................................................ 8 1.2. GESTÃO SOCIAL EM DEBATE ........................................................................................................................... 12 1.3. GESTÃO SOCIAL NO CONTEXTO ATUAL .......................................................................................................... 14 2 - CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................................................. 19 CONCEITOS E CARACTERÍSTICAS DE GESTÃO PROF.A VALÉRIA CRISTINA DA COSTA ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: GESTÃO E AÇÃO NO SERVIÇO SOCIAL 4WWW.UNINGA.BR GE ST ÃO E A ÇÃ O NO S ER VI ÇO S OC IA L | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO As profundas mudanças econômicas, políticas, culturais e sociais ocorrem na sociedade como um todo – tanto no Brasil como no resto do mundo –, afinal vivemos num mundo globalizado em que acontecimentos influenciam diretamente na vida das pessoas, independentemente de sua localização geográfica. As demandas sociais emergem constantemente, fruto das desigualdades sociais e econômicas que requerem políticas e intervenções diretas nesta realidade. Assim, exigem de profissionais de Serviço Social, bem como de outras áreas, capacidade para intervir nessa realidade, com competência e habilidade técnica, não só no âmbito de suas atribuições privativas como na gestão do trabalho. Neste contexto, nesta primeira unidade vamos aproximá-lo(a), caro(a) aluno(a), à princípio, de conceitos elementares do que é gestão e seus inúmeros significados. Ampliando o seu conhecimento quanto aos aspectos de Gestão Social, compreendendo os principais conceitos e características do processo, com visão crítica, reflexiva, como interventiva na Gestão de Políticas, planos, programas e projetos sociais. Esperamos poder contribuir não só com informações que irão colaborar ao enfrentamento das expressões da questão social no cotidiano profissional, mas que se aproxime da discussão e entendimento de gestão e sobretudo da gestão social. Assim, vamos tratar, portanto, neste primeiro momento de conceito essenciais gerais, para que nas próximas unidades avancemos na discussão do Serviço Social nessa área de atuação. Boa leitura e bons estudos! 5WWW.UNINGA.BR GE ST ÃO E A ÇÃ O NO S ER VI ÇO S OC IA L | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA 1 - CONCEITOS E CARACTERÍSTICA DE GESTÃO É muito recente a discussão quanto ao conceito de Gestão, data aproximadamente no final do século XX. Seu cerne está em contribuir com experiências exitosas de uma política, de um projeto ou de uma ação, perpassando todo o processo, desde o estudo situacional, passando pela planificação, sua implantação e monitoramento e avaliação. Ou seja, a gestão está presente em todo momento do desenvolvimento de um trabalho. A gestão tem sido – e deve ser – utilizada tanto no âmbito da esfera pública como da privada. Quando dissermos privada, estamos tratando do segundo e terceiro setor, respectivamente: com fins lucrativos e as organizações da sociedade civil que não tem como característica fins lucrativos. Precisamos ter compreensão de algumas definições importantes para que possamos avançar neste assunto, mesmo porque para que o Serviço Social se reconheça como possível gestor e romper com a ideia conservadora de que está contrapondo-se ao projeto profissional, é preciso ter conhecimento para poder argumentar a respeito. Pensar a prática profissional no campo da gestão requer aprofundamento teórico e metodológico, buscando todos os conhecimentos necessários para desenvolver gestão. Como nos diz em termos Unamuno (2013, p. 30): Todo o conhecimento tem uma finalidade. Saber por saber e apenas, digam o que digam, uma tétrica petição de principio [...] Mas, assim como um conhecimento cientifico visa a outros conhecimentos, a filosofia que formos abraçar tem outra finalidade extrínseca, refere-se a todo nosso destino, a nossa atitude perante a vida e o universo. A prática requer a elaboração de planos, programas, projetos e serviços sociais que, colocados em prática, produzem efeitos efetivos. Porém os recursos são escassos e ainda há pouca compreensão sobre o Serviço Social e sua atuação quanto a gestão nos espaços sócio ocupacionais. Como manter a coerência entre a demanda profissional e a demanda institucional no cotidiano da realidade do trabalho do Serviço Social? 6WWW.UNINGA.BR GE ST ÃO E A ÇÃ O NO S ER VI ÇO S OC IA L | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 1 – Gestão. Fonte: Pixabay (2018). O significado de Gestão perpassa o significado de administrar, o de gerir algum negócio ou projeto e é usado amplamente na área empresarial, nos mais diversificados setores, tratando- se do gerenciamento de recursos eficientemente e de pessoas para que atinjam as metas pré- estabelecidas. Mais contemporaneamente, utiliza-se na área pública para tratar da administração das políticas setoriais, tais como: saúde, educação e assistência social, sendo o status dos secretários ou representantes dessas políticas os gestores destas. De forma geral, o processo de gestão é categorizado em fases, nas quais tem como premissa o planejamento, a aplicação dos recursos e esforços ao que foi planejado, o gerenciamento e liderança das ações e pessoas, a fim de coordenar, monitorar, controlar e avaliar todo o processo para que sejam tomadas as melhores decisões e promover o envolvimento e comprometimento das pessoas. Segundo Chanlat (1999, p. 31), gestão é “um conjunto de práticas e de atividades fundamentadas sobre certo número de princípios que visam uma finalidade”. Gestão e administração, paramuitos autores, são tratadas como se fossem a mesma coisa. Vejamos o significado de Administração segundo Silva (2013, p. 6), a administração consiste em “um conjunto de atividades dirigidas à utilização eficiente e eficaz dos recursos, no sentido de alcançar um ou mais objetivos ou metas da organização”. Para Chiavenato (2000, p. 18), “administração significa maneira de governar organizações ou parte delas. É o processo de planejar, organizar, dirigir e controlar o uso de recursos organizacionais para alcançar determinados objetivos de maneira eficiente e eficaz”. Sobre Gestão Social, alguns autores vinculam à Gestão das Organizações, tais como Tenório e Cabral: [...] processos gerenciais dialógicos em que a autoridade decisória é compartilhada entre os participantes da ação (ação que possa ocorrer em qualquer tipo de sistema social – público, privado ou de organizações não-governamentais). O adjetivo social qualificando o substantivo gestão será entendido como o espaço privilegiado de relações sociais no qual todos têm o direito à fala, sem nenhum tipo de coação (TENÓRIO, 2006, p. 158). [...] o processo de organização, decisão e produção de bens públicos de proteção social, que se desenvolve perseguindo uma missão institucional e articulando os públicos constituintes, envolvidos em uma organização que tende a incorporar atributos do espaço público não estatal, na abordagem que faz da questão social. Esses atributos são os elementos que, de forma coordenada e convergente, devem ser observados e tomados como parâmetros no desenvolvimento do processo de gestão (CABRAL, 2007, p. 134). 7WWW.UNINGA.BR GE ST ÃO E A ÇÃ O NO S ER VI ÇO S OC IA L | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Enquanto a perspectiva de Gestão Social para Maia (2005, p. 78) é: [...] gestão social como um conjunto de processos sociais com potencial viabilizador do desenvolvimento societário, emancipatório e transformador. É fundada, nos valores, práticas e formação da democracia e da cidadania, em vista do enfrentamento às expressões da questão social, da garantia dos direitos humanos universais e da afirmação dos interesses e espaços públicos como padrões de uma nova civilidade. Construção realizada em pactuação democrática, nos âmbitos local, nacional e municipal; entre os agentes das esferas da sociedade civil, sociedade política e da economia, com efetiva participação dos cidadãos historicamente excluídos dos processos de distribuição das riquezas e do poder. Quando tratamos de gestão de políticas sociais compreende-se como Gestão Social, vejamos: [...] um conjunto de estratégias voltadas à reprodução da vida social no âmbito privilegiado dos serviços – embora não se limite a eles – na esfera do consumo social, não se submetendo à lógica mercantil. A gestão social ocupa-se, portanto, da ampliação do acesso à riqueza social – material e imaterial -, na forma de fruição de bens, recursos e serviços, entendida como direito social, sob valores democráticos, como equidade, universalidade e justiça social (SILVA, 2004, p. 32). Se trata da gestão das ações sociais públicas, sendo que a gestão do social é a gestão das demandas e necessidades dos cidadãos. E as respostas a essas demandas e necessidades são as políticas sociais, os programas e projetos sociais. A gestão social tem um compromisso, com a sociedade e com os cidadãos, de assegurar por meio das políticas e programas públicos o acesso efetivo aos bens, serviços e riquezas societárias. Por isso mesmo, precisa ser estratégica e consequente (CARVALHO, 1999, p. 28). Podemos observar pelas citações que a concepção de Gestão não pode se restringir a área de administração, mas nos mais diversificados setores. Considerando as possibilidades de atuação do Serviço Social, precisamos nos imbuir dessa ideia, pois não podemos perder campos de atuação para profissionais de outras áreas por negação à essa demanda. Nas próximas unidades veremos que o projeto profissional deve superar o discurso ideológico e político de que gestão não faz parte das atribuições profissionais do Serviço Social. [...] o fundamento da gestão ou da administração é a noção de racionalidade, isto é, o uso da inteligência, da razão, para encontrar os meios mais adequados com vista à realização de resultados. Estes são definidos como objetivos a alcançar, ao passo que os meios dizem respeito às pessoas, aos modos e aos recursos que garantem a conquista dos objetivos (NOGUEIRA, 2007, p. 31). A gestão requer liderança, uma gerência para que as informações sejam reportadas e discutidas. Uma forma de participação e divulgação de informações muito comumente utilizada é a reunião, a qual deve ser sempre agendada previamente, com pautas definidas e divulgação ampla. De acordo com Verzuh (2000), temos alguns propósitos para cada tipo de reunião: - Reunião de kick-off – marca o início efetivo do projeto. Essa é a oportunidade dos participantes se conhecerem, se manifestarem quanto suas expectativas. Normalmente é realizada num clima festivo e/ou com alguma dinâmica de grupo, dependendo do tamanho do grupo; 8WWW.UNINGA.BR GE ST ÃO E A ÇÃ O NO S ER VI ÇO S OC IA L | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA - Reuniões de acompanhamento – são reuniões programadas, que visam a divulgação das informações do andamento do projeto. É uma boa oportunidade para manter a equipe coesa com a promoção de discussões e ideias. Nessa oportunidade também são informados os problemas e/ou soluções comuns; - Reuniões para registro e acompanhamento de mudanças – essas reuniões formalizam a possível mudança no planejamento e execução do projeto, que certamente trará algum impacto no mesmo. Dessas reuniões, será gerado um documento formal, padronizado, que posteriormente será avaliado e aprovado ou não por um comitê executivo do projeto; - Reunião de encerramento – deve ser formal, com uma apresentação resumida do projeto, seus marcos e a caracterização do cumprimento do que foi acordado entre as partes. Essa também pode ser encerrada definitivamente num clima festivo (VERZUH, 2000, p. 5, grifos nossos). A reunião é recomenda em todas as formas de gestão e espaços, afinal repercute o maior número de pessoas ao mesmo tempo, otimiza recursos, tempo, diminui a possibilidade de ruídos e estimula a participação coletiva, o diálogo, trocas de experiencias, feedback e torna o trabalho mais fluido. 1.1. A Importância da Liderança para Realização da Gestão Um dos aspectos mais importantes quando falamos de Gestão é a liderança, pois a Gestão é feita por pessoas que tenham competência, habilidade e atitude para tal. Vamos, a partir deste momento, discutir algumas das principais características a esse respeito. Figura 2 – Liderança. Fonte: Pixabay (2018). A liderança trata-se de um processo das relações interpessoais, em que uma pessoa, legitimada por outras, influencia, inspira, motiva e orienta pessoas e grupos na direção em que o planejamento demanda. Curty (2001, p. 17) destaca que a liderança se distingue em quatro estilos básicos: 9WWW.UNINGA.BR GE ST ÃO E A ÇÃ O NO S ER VI ÇO S OC IA L | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA estilo autoritário – a coerção é, quase sempre, a base inicial da liderança – ou seria dominação? – com esse perfil. A orientação e o compromisso são com a tarefa, ficando os aspectos humanos do processo relegados a segundo plano ou mesmo totalmente negligenciados. Perceba-se que um líder autoritário não é necessariamente alguém rude e ameaçador. Os eixos centrais desse estilo são o dirigismo e o compromisso único e absoluto com os objetivos a serem atingidos. • estilo autoritário-benevolente – impossível não recorrer ao arquétipo do grande pai para ilustrar este padrão de liderança, em face da superproteção do líder autoritário-benevolente com relação a seus pupilos – ele não tem uma equipe e sim um braço familiar postiço. O problema, aqui, é a inevitável infantilização daspessoas submetidas a uma liderança desse tipo – não há crescimento, não se desenvolve senso de responsabilidade e a necessidade do controle é permanente. • estilo consultivo – é um estilo de transição, em que se concede canal de voz às pessoas lideradas, ainda que o poder decisório se mantenha centralizado no líder. Pode-se representá-lo simbolicamente como uma rua de mão dupla onde o fluxo de informações é vibrante nos dois sentidos. • estilo participativo – é o estilo de liderança mais em evidência nos dias de hoje, por refletir preocupações democráticas. Seus inquestionáveis méritos, entretanto, dependem do atendimento a pré-requisitos incontornáveis, de naturezas múltiplas: institucional – estruturas descentralizadas, política de administração de desempenho, cultura de resultados, entre outros; comportamental – padrão de gerência baseado em relações de confiança e transparência; informacional – grau de conhecimento técnico e ambiental interno/externo dos decisores delegados (temos a firme convicção de que uma decisão participativa não é acertada apenas pelo fato de ser fruto de um processo democrático – afinal, o produto de mediocridades individuais será sempre a mediocridade coletiva sob forma de decisão). Podemos verificar que, independente das características pessoais, a confiança na e da equipe são imprescindíveis para desenvolver a liderança em todo processo e não existe apenas um estilo específico. Para Hunter (2006, p. 18), “liderança é a habilidade de influenciar pessoas para trabalharem entusiasticamente visando atingir objetivos comuns, inspirando confiança por meio da força e caráter”. Para um líder ser completo ele precisa ter oito atitudes. Primeiramente, deve perguntar sobre as providências a serem necessariamente tomadas, buscar as coisas certas para a empresa; ter um plano de ação claro; não fugir das responsabilidades; ser um bom comunicador; ter foco em oportunidades, não em problemas, transformar as reuniões em acontecimentos produtivos; usar o pronome pessoal “nós” e evitar o “eu”. (DRUCKER, 2006, p. 45) Para Bergamini (1994, p. 31), O líder caracteriza-se por uma forte busca de responsabilidade e perfeição na tarefa, vigor e persistência na perseguição dos objetivos, arrojo e originalidade na resolução de problemas, impulso para o exercício da iniciativa nas situações sociais, autoconfiança e senso de identidade pessoal, desejo de aceitar as consequências da decisão e ação, prontidão para absorver o stress interpessoal, boa vontade em tolerar frustrações e atrasos, habilidade para influenciar o comportamento de outras pessoas e capacidade de estruturar os sistemas de interação social no sentido dos objetivos em jogo. 10WWW.UNINGA.BR GE ST ÃO E A ÇÃ O NO S ER VI ÇO S OC IA L | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA E, toda liderança requer pessoas motivadas a alcançar os objetivos e mudar a realidade apresentada e os impactos provocados com suas ações. Nesse sentido, três características precisam ser analisadas, são elas: eficiência: que significa o maior desempenho com o menor recurso possível; eficácia: consiste na análise de que os objetivos foram alcançados e efetividade: se trata de verificar se as demandas foram atendidas, as expectativas de todos os sujeitos envolvidos (stakeholders) foram alcançadas. Curty (2001, p. 17), a esse respeito, deslinda: • eficiência – medida de desempenho organizacional relacionada ao uso de recursos diante dos resultados obtidos – é a produtividade alcançada; • eficácia – medida de desempenho organizacional relacionada ao alcance de objetivos; • efetividade – medida de desempenho organizacional relacionada ao atendimento de demandas sociais – é o impacto social obtido. Pelo senso comum, parece que estamos falando da mesma coisa, mas, como perceberam, com as explicações acima, as três características carregam em si particularidades que representam os desafios da gestão para o alcance da excelência. Mello (2010) nos traz exemplos de vários perfis de líderes. Vejamos a seguir: Os stakeholders nada mais são do que as pessoas e as organizações que podem ser afetadas por um projeto, de forma direta ou indireta, positiva ou negativamente. Eles também são conhecidos por serem as partes interessadas, que fazem parte da base da gestão de comunicação, e são muito importantes para o planejamento e execução de um projeto. O grupo de stakeholders de um projeto pode ser formado por: Gestores da empresa; Funcionários; Fornecedores; Concorrentes; Proprietários; Clientes; Estado; ONGs; Mídia; Sindicatos. Todos esses, além de várias outras empresas ou pessoas que estejam associadas a algum esquema ou ação. Depois que o gestor do projeto identifica os stakeholders, vale a pena classificá-los conforme a afetação que vão receber — se será direta ou indireta, por exemplo. Disponível em: <https://www.euax.com.br/2017/02/o-que-sao-e-como-identifi- car-os-stakeholders-do-seu-projeto/>. Acesso em: 17 set. 2018. 11WWW.UNINGA.BR GE ST ÃO E A ÇÃ O NO S ER VI ÇO S OC IA L | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 3 – Tipos de líderes. Fonte: Mello (2010). 12WWW.UNINGA.BR GE ST ÃO E A ÇÃ O NO S ER VI ÇO S OC IA L | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA 1.2. Gestão Social em Debate O debate sobre a Gestão Social pode ser discutido por diferentes vertentes. Seu conceito pode ser considerado a partir da concepção de Estado Social de Direito, como alegam alguns autores e seu significado vai além do aspecto administrativo e técnico das políticas sociais, chegando à governança das políticas e programas sociais de direito da população e forma gestão da agenda das políticas públicas. Pois a implementação das políticas públicas exige de fato uma arquitetura, uma organicidade, pela lógica da cidadania, com ações intersetoriais na compreensão de territorialidade e na relação do Estado com a sociedade. De acordo com Singer (1999, p. 55) a gestão social: Abrange uma grande variedade de atividades que intervém em áreas da vida social em que a ação individual auto interessada-interessada não basta para garantir a satisfação das necessidades essenciais da população. Estas áreas são bastante diferenciadas, indo desde o abandono de crianças e de idoso por parte de familiares, a falta de abrigo para indigentes e enfermos físicos ou mentais, até a exclusão temporária ou definitiva da produção social de pessoas aptas ao trabalho e necessitadas de renda. A autora Mariangela Belfore Wanderley, na série coleção ENAPEGS, destaca: O novo modo de pensar o arranjo e gestão da política social, derruba as fronteiras da setorialização das políticas ditas sociais; de outro, reforça uma nova tendência, a de programas – rede que agregam diversos serviços, projetos, sujeitos e organizações no âmbito do micro território. Não mais ações isoladas. Por isso mesmo, os serviços na ponta ganham uma margem fundamental de autonomia para produzir respostas assertivas, flexíveis e combinadas, de direito do cidadão e de direito ao desenvolvimento sustentável do território a que pertencem (WANDERLY, 2012, p. 47). A partir da Constituição Federal de 1988 apresentaram-se as diretrizes para gestão pública, trazendo para a agenda discussões como a intersetorialidade, parcerias público-privada e discussões democráticas e controle social entre o Estado, comunidade, organizações da sociedade civil, movimentos sociais, setor privado, o mercado e cidadãos como um todo. Porém o Estado tem primazia na garantia de direitos e regulação dos serviços prestados com qualidade e que atendam as demandas dos territórios. Silva (2011, p. 2) define a intersetorialidade da seguinte forma: A intersetorialidade pode ser definida como o conjunto de desenhos formais e práticas que conferem sinergia e complementaridade entre diversos setores responsáveis pelas políticas públicas (como o administrativo, o orçamentário, o de planejamento, de recursos humanos, etc.), mas também as própriasáreas específicas das políticas sociais, como assistência social, educação, saúde, etc. Assim, a intersetorialidade não se restringe a uma questão meramente administrativa, mas engloba enfoques multidimensionais, respostas integrais e superação das intervenções setoriais especializadas ou fragmentadas, com baixo grau de diálogo na busca por soluções para problemas comuns e/ou interrelacionados. 13WWW.UNINGA.BR GE ST ÃO E A ÇÃ O NO S ER VI ÇO S OC IA L | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Para Manuel Castells (1998, p. 185) falar do Estado em rede, significa expressar as novas formas articuladas de gestão: “Em um mundo de empresas rede, de Estado rede, a administração também deve ir assumindo uma estrutura reticular e uma geometria variável em sua ação”. A gestão pública, portanto, deve ser intersetorial, com a capacidade de dialogar e integrar de forma interdependente as políticas públicas, a fim de potencializar a rede com ações articuladas e flexíveis, envolvendo atores sociais da sociedade civil, da esfera pública e da iniciativa privada em busca da eficiência, da eficácia e da efetividade, democratizando a “coisa” pública. Figura 4 – Público e Privado. Fonte: Shutterstock (2018). A Constituição de 1988 traz alguns pontos sobre a gestão das ações aos “Poderes Públicos” (desafio de cooperação inter-poderes) e à “sociedade” (desafio de cooperação social/participação social), bem como caracteriza a sua gestão como sendo democrática e descentralizada (desafio de cooperação federativa) e, ao referir-se à seguridade social como “conjunto integrado de ações”, consagra à temática das políticas sociais o desafio da cooperação horizontal. Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos: (...) VII - caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados (BRASIL, CF, 1988). O perfil do gestor nessa área, segundo Ávila (2001, p. 109) requer: Ser capaz de comunicar-se com eficácia, interna e externamente, dando e recebendo as informações necessárias à ação organizacional e social; Ter capacidade de liderança, buscando interação e aglutinando esforços, para tanto, é preciso estar aberto a críticas e permitir a participação; Ser capaz de analisar permanentemente os contextos internos e externos, de adaptar-se às novas situações e de pensar estrategicamente o futuro; para isso concorrem, além da busca constante de informações, o uso da criatividade, a flexibilidade e uma postura propositiva; 14WWW.UNINGA.BR GE ST ÃO E A ÇÃ O NO S ER VI ÇO S OC IA L | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Promover um processo constante de capacitação do seu pessoal, estimulando a formação e manutenção de um grupo com espírito analítico-crítico capaz de compreender o contexto em que se processam as mudanças (organizacionais e do ambiente externo), o que os levará a serem também agentes de transformação; Ter capacidade de negociação e conhecimento, essas habilidades contribuirão para uma melhor administração de conflitos, para a ampliação do universo de atuação da organização (buscando a formação de parcerias, por exemplo) e para a “venda” da importância e legitimidade dos projetos, o que favorecerá a captação de recursos; Ter sensibilidade para definir prioridades, para decidir; ser intuitivo e assumir riscos; Dar transparência a gestão; Ser capaz de organizar-se “administrativamente”. A discussão aqui se limita ao perfil da gestão social das políticas sociais quanto as suas características gerais, porém na Unidade III retomaremos a discussão sobre políticas sociais e políticas públicas e a atuação profissional nessa área. 1.3. Gestão Social no Contexto Atual A Gestão Social no atual contexto discutida pelo Serviço Social, deve partir da perspectiva crítica e romper com o conservadorismo das classes dominantes, mas na busca de gestão e ações humanizadas que promovam a justiça social na gestão social, alicerçadas pela plena democracia. Desta forma, podemos afirmar que ao falarmos de gestão social estamos nos referindo à gestão das demandas e necessidades da população que hoje estão constituídas como direitos e não como caridade. Porém, uma forte turbulência econômica, social e política vem tomando conta de nosso cotidiano. O Estado mínimo para o povo e máximo para o mercado, as transformações produtivas, altos índices de desempregos, a precarização do trabalho, subempregos e trabalho informal, aumento das desigualdades sociais, são alguns dos fatores que pressionam para um novo modelo de gestão da política social. O Estado eximindo-se de suas responsabilidades, então, ganham forças as organizações da sociedade civil, comumente conhecida como terceiro setor ou organizações não governamentais. Ou seja, nem o Estado (que tem o dever) e nem o setor privado (que explora os recursos) fazem sua parte, e a sociedade civil organizada se move em redes diante de inúmeras dificuldades para atender as demandas deste mundo contemporâneo. Soares (2003, p. 12), nesse sentido, afirma: A filantropia substitui o direito social. Os pobres substituem os cidadãos. A ajuda individual substitui a solidariedade coletiva. O emergencial e o provisório substituem o permanente. As microssituações substituem as políticas públicas. O local substitui o regional e o nacional. É o reinado minimalismo do social para enfrentar a globalização da economia. Globalização só para o grande capital. Do trabalho e da pobreza cada um cuida do seu como puder. De preferência, um Estado forte para sustentar o sistema financeiro e falido para cuidar do social. Porém, hoje, as organizações da sociedade civil não partem apenas de objetivos comuns e lutas por interesses coletivos, sem uma organicidade, mas com a dinâmica em seu processo pelo modelo de gestão, para que possam sobreviver e atender aos seus propósitos. Assim, a assistente social Maria do Carmo Brant de Carvalho (2001, p. 16) nos informa que o terceiro setor possui atributos bastante valorizados na gestão social nos dias atuais, que são: 15WWW.UNINGA.BR GE ST ÃO E A ÇÃ O NO S ER VI ÇO S OC IA L | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA • a capacidade de articular iniciativas múltiplas, revitalizando o envolvimento voluntário da comunidade ou de setores da sociedade civil; • a capacidade de estabelecer parceria com o Estado na gestão de políticas e programas públicos; • a capacidade de estabelecer redes locais, nacionais ou mundiais e, por meio delas, constituir fóruns de escuta e vocalização de demandas, introduzindo-as na agenda política. A gestão social, portanto, na atualidade, está ancorada na pareceria entre o Estado, a sociedade civil e a iniciativa privada, pela ineficiência de políticas públicas e demandas emergentes das desigualdades sociais. Carvalho (1999, p. 16-17) destaca algumas premissas e estratégias relevantes para gestão social: • O direito social como fundamento da política social. Não há mais espaço para conduzir a política de forma clientelista. Uma pedagogia emancipatória põe acento nas fortalezas dos cidadãos usuários dos programas e não mais, tão-somente, em suas vulnerabilidades. Potencializa talentos, desenvolve a autonomia e fortalece vínculos relacionais capazes de assegurar inclusão social. Ganham primazia as dimensões ética, estética e comunicativa. • Um novo equilíbrio entre políticas universalistas e focalistas. As opções políticas requerem hoje a arte de contemplar universalismo e focalismo (para responder às demandas das minorias ou àquelas questões mais candentes, como, por exemplo, a luta contra a pobreza). • A transparêncianas decisões, na ação pública, na negociação, na participação. A transparência, além de maior profissionalismo, apresenta-se como base de uma ética na prestação dos serviços públicos. • A avaliação de políticas e programas sociais. A avaliação, não apenas o planejamento, ganhou centralidade na gestão social. Esperam-se da gestão controles menos burocráticos e mais voltados para medir a eficiência no gasto e a eficácia e efetividade nos resultados. O que autora nos alerta é que as políticas, programas, projetos e serviços públicos fazem parte do processo de gestão social e devem ter acompanhamento e controle social e que a sociedade deve ter acesso aos mesmos. Contudo, o Estado, bem como a Sociedade Civil, utiliza-se de realização de projetos sociais como meio de atender as demandas e provocar mudanças de uma dada realidade ou território. Domingos Armani (2000, p. 18) define que um projeto social “é uma ação social planejada, estruturada em objetivos, resultados e atividades, baseados em uma quantidade limitada de recursos (...) e de tempo”. 16WWW.UNINGA.BR GE ST ÃO E A ÇÃ O NO S ER VI ÇO S OC IA L | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Vejamos agora o que nos dizem alguns autores sobre a Gestão de Projetos: PM BO K (2 00 6) Projeto é um empreendimento planejado que consiste num conjunto de atividades inter-relacionadas e coordenadas, com o fim de alcançar objetivos específicos dentro dos limites de orçamento e de tempo claramente definidos. É o “esforço temporário empreendido para criar um produto, serviço ou resultado exclusivo” (PMBOK, 2006, p. 21). Va rg as (2 00 9) Projeto é um conjunto de atividades com um ponto de início, um ponto definido para encerramento, um escopo de trabalho claramente definido, um orçamento, tendo por finalidade alcançar um objetivo predeterminado (VARGAS, 2009, p. 6). D in sm or e (2 00 4) Projeto é um esforço temporário realizado para criar um produto ou serviço único, diferente, de alguma maneira, de todos os outros produtos e serviços, com início e fim definidos, que utiliza recursos, é dirigido por pessoas e obedece a parâmetros de custo, tempo e qualidade (DINSEMORE, 2004, p. 1). K er zn er (2 00 4) Um projeto é qualquer série de atividades e tarefas que tenham um objetivo específico a ser completado dentre certos requisitos, prazos de início e fim definidos, bem como limites de recursos financeiros, humanos e de equipamento (KERZNER, 2004, p. 17). Tabela 1 – Autores da Gestão de Projetos. Fonte: a autora. Podemos concluir, pelas ideias dos autores, que um projeto é uma atividade planejada que requer esforços, recursos e tempo para alcançar os objetivos propostos. Tendo alguns pressupostos importantes: quem serão os beneficiados, como será acompanhado – monitoramento, controle e avaliação –, quais benefícios o projeto irá alcançar e estes estão compatíveis, as parcerias (interdisciplinares e intersetoriais), utilizando-se de metodologia e processar o máximo de informações de interesse do projeto. 17WWW.UNINGA.BR GE ST ÃO E A ÇÃ O NO S ER VI ÇO S OC IA L | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA O site do Observatório Ipea de Gestão do Conhecimento (GC) e Inovação na Administração Pública (OIGC) nos traz algumas reflexões acerca de Gestão Social, fatores que podem contribuir com o aprofundamento das principais ideias discutidas por nós nesta Unidade. Veja e Saiba Mais a respeito. Gestão Social está preocupada com as relações entre tecnologia, ciência e sociedade. Tem como foco o estudo da dinâmica entre a criação do conhecimento, área impactada pelo desenvolvimento das tecnologias da informação, a ética e o significado social e político da forma e do uso, como novos conhecimentos estão sendo produzidos em tempos de globalização. A perspectiva da Gestão Social se estrutura a partir de dois focos: o social em complementariedade ao econômico e no foco do espaço público, como lócus de interface entre a sociedade civil e o Estado. A partir desses dois focos o campo desenvolve uma diversidade de estudos com ênfase nos processos de controle social, regulação, TI e sociedade, organização do trabalho e precarização (AFONSO, 2018, p. 1). Leia mais em: <http://www.ipea.gov.br/observatorio/palavra-de-espcialista/108- luiza-alonso/136-gestao-social>. Acesso em: 18 set. 2018. Figura 5 – Ideia. Fonte: freepik (2018). 18WWW.UNINGA.BR GE ST ÃO E A ÇÃ O NO S ER VI ÇO S OC IA L | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA A gestão Social exige do profissional de Serviço Social fundamentos teóricos e metodológicos para que possa compreender a gestão como uma forma de intervenção social, fazendo uso de teorias sociais que permitam a reflexão e a análise nessa perspectiva. Nesse sentido, caro(a) aluno(a), você acredita que a gestão social pode estar alinhada ao projeto profissional? GESTÃO NO SERVIÇO SOCIAL – SÉRIE FORMAÇÃO PROFISSIONAL EM SERVIÇO SOCIAL. Editora: Intersaberes Autor: Kelinês Gomes ISBN13:9788559724240 ISBN10:8559724249 Número de Páginas: 232 Número Edição: 1 Ano Edição: 2017 Para mais informações sobre gestão, principalmente de projetos, acesse: < ht t p s : //b ra s i l .p m i .o rg /b ra z i l / AboutUS.aspx>. Acesso em: 19 set. 2018. O PMI é a maior associação sem fins lucrativos do mundo para profissionais de gerenciamento de projetos, com mais de meio milhão de associados e de Profissionais Certificados em 185 países. Nosso trabalho ao redor do mundo na divulgação do gerenciamento de projetos tem como base nossos padrões de credenciais mundialmente reconhecidas, nosso constante programa de pesquisa e nossas oportunidades de desenvolvimento profissional. Esses produtos e serviços são a base de um maior reconhecimento e aceitação do papel bem-sucedido do gerenciamento de projetos por parte de governos, organizações, academia e indústrias 19WWW.UNINGA.BR GE ST ÃO E A ÇÃ O NO S ER VI ÇO S OC IA L | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA 2 - CONSIDERAÇÕES FINAIS Caro(a) aluno(a), trouxemos nesta Unidade alguns conceitos e definições importantes para que possamos, a partir da próxima Unidade, nos aproximar do serviço social da gestão e ação social. Pudemos perceber que a temática sobre gestão vem ganhando força e debate ao longo dos anos, tanto no setor privado e no público, como nas organizações da sociedade civil. A metodologia que utilizamos foi trazer fundamentos simples para que compreenda os desafios e as discussões acerca da temática, mas o mais importante é que reconheça como relevante o aprimoramento do conhecimento sobre sua conceituação e que possa almejar a possibilidade de atuação do exercício profissional no âmbito da gestão. Outro ponto relevante é a compreensão de gestão. É um processo e para desenvolvê-la é necessário o planejamento, organização, saber para onde e como ir e realizar o monitoramento e o controle de todo processo. A gestão envolve pessoas. Estas precisam estar preparadas tanto para o relacionamento interpessoal como para o desempenho de suas responsabilidades. O líder tem papel fundamental nesse processo e exige que tenha postura e que seja legitimado pelas outras pessoas, pois pode influenciar, inspira, motiva e orienta pessoas e grupos na direção em que o planejamento demanda. Dessa forma, esperamos ter contribuído com seu interesse pela discussão e que amplie seu conhecimento realizando as leituras indicadas a respeito. Desejamos que você realize ótimos trabalhos no campo da gestão! O filme Sociedade dos Poetas Mortos, embora seu lançamento seja data no ano de 1990, nos remete a muitas discussões atuais sobre o conteúdo que abordamos a pouco. Você poderá assisti-lo pelo link: <https://www.youtube.com/watch?v=EXw77BkVqyA>. Com a direção de Peter Weir, traz no elenco Robin Williams, um professor/líder que, legitimado pelo seu grupo e com ideias inovadoras, tenta quebrar ideias conservadoras sobre a prática de ensino. Acredito que esse filme, vai levá-lo(a)a compreender a importância de se desenvolver as habilidades e como lidar com o sucesso ou com o fracasso e as relações interpessoais. 2020WWW.UNINGA.BR U N I D A D E 02 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................ 21 1 - GESTÃO DO TRABALHO E O SERVIÇO SOCIAL ................................................................................................ 22 1.1. RESGATE HISTÓRICO E AS POSSIBILIDADES DE ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SERVIÇO SOCIAL ...24 1.2. GESTÃO DO TRABALHO E O SERVIÇO SOCIAL NA CONTEMPORANEIDADE .............................................. 27 1.3. PROJETO ÉTICO POLÍTICO E A GESTÃO SOCIAL ........................................................................................... 29 2 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................................................. 32 GESTÃO DO TRABALHO E O SERVIÇO SOCIAL PROF.A VALÉRIA CRISTINA DA COSTA ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: GESTÃO E AÇÃO NO SERVIÇO SOCIAL 21WWW.UNINGA.BR GE ST ÃO E A ÇÃ O NO S ER VI ÇO S OC IA L | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), discutir o Serviço Social e a Gestão Social é pensar em quebrar paradigmas e conceitos de que a profissão, ao estar inserida na gestão, está contrapondo-se ao projeto ético político e não colaborando como o projeto societário e defendendo a classe trabalhadora. Entretanto, ressaltaremos nesta unidade que tanto o trabalho como as relações sociais estão mudando no Brasil e no mundo. Precisamos sim buscar conhecimento, ampliar horizontes e estratégias de sustentação de um modelo de gestão mais justo, humanizado e que responda as demandas emergentes em todos os espaços de atuação do Serviço Social. Num primeiro momento abordaremos teoricamente a Gestão do Trabalho e o Serviço Social, com o objetivo de levarmos a compreensão sobre as relações de trabalho e o suporte da profissão frente a essa demanda. Posteriormente faremos um breve resgate histórico quanto a evolução e principais conceitos da profissão até chegar os dias atuais, em que abordaremos os espaços de trabalho de atuação na contemporaneidade. E, por último, faremos uma reflexão sobre o projeto ético político e sua relação com o trabalho profissional na área de gestão. Versaremos, portanto, sobre o Serviço Social e a área de Gestão, e neste contexto, lanço uma pergunta: Essa combinação é possível? Leia, estude e reflita! 22WWW.UNINGA.BR GE ST ÃO E A ÇÃ O NO S ER VI ÇO S OC IA L | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA 1 - GESTÃO DO TRABALHO E O SERVIÇO SOCIAL O mundo do trabalho sofre modificações em todo contexto histórico e impacta diretamente na atuação de várias profissões. Esta discussão, para o Serviço Social, vem ganhando espaço sucessivamente, pois a questão da precarização do trabalho demanda suporte da profissão. A reestruturação do capital globalizado que no Brasil, nas últimas décadas do século XX, foi intensificado provocou mudanças qualitativas na organização e na gestão da força de trabalho e na relação de classes; interferindo fortemente nos trabalhos profissionais das diversas categorias, suas áreas de intervenção e seus suportes de conhecimento e de implementação, conforme Netto (2006, p. 202): Antes de tudo, o trabalho é um processo de que participam o homem e a natureza, processo em que o ser humano com a sua própria ação impulsiona, regula e controla seu intercâmbio material com a natureza. Defronta-se com a natureza como uma de suas forças. Põe em movimento as forças naturais de seu corpo, braços e pernas, cabeça e mãos, a fim de apropriar-se dos recursos da natureza, imprimindo-lhes forma útil à vida humana. Atuando assim sobre a natureza externa e modificando-a, ao mesmo tempo modifica sua própria natureza. A profissão está atrelada diretamente às demandas originadas das contradições entre capital e trabalho, de quem detém os meios de produção e o trabalhador assalariado, ou seja, das relações sociais da sociedade capitalista. A análise de Marx (1978, p. 20) é de que a “dominação do capitalista sobre o trabalhador é, consequentemente a da coisa sobre o homem, do trabalho morto sobre o trabalho vivo, do produto sobre o produtor”. O enfrentamento das expressões da questão social são respostas do Estado para garantir a força de trabalho e defesa dos interesses do capitalismo. Netto (2006, p. 17) esclarece que o termo questão social trata-se do “conjunto das expressões políticas, sociais e econômica vinculadas ao conflito entre o capital e o trabalho, impostos pelo surgimento da classe operária e seu ingresso no cenário político no curso da constituição da sociedade capitalista”. O Serviço Social enquanto profissão regulamentada é reconhecida enquanto resposta ao capitalismo. Isso mesmo, caro(a) aluno(a), ao atender as demandas da classe trabalhadora estamos mantendo o Capital. Podemos compreender melhor pela lógica de Marx (1968, p. 732): com a magnitude do capital social já em funcionamento e seu grau de crescimento, com a ampliação da escala de produção e da massa de trabalhadores mobilizados, com o desenvolvimento da produtividade do trabalho, com o fluxo mais vasto e mais completo dos mananciais da riqueza, amplia-se a escala em que a atração maior dos trabalhadores pelo capital está ligada à maior repulsão deles. Além disso, aumenta a velocidade das mudanças na composição orgânica do capital e na sua forma técnica, e número crescente de ramos de produção é atingido, simultânea ou alternativamente, por essas mudanças. Por isso, a população trabalhadora, ao produzir a acumulação do capital, produz, em proporções crescentes, os meios que fazem dela, relativamente, uma população supérflua. Com a população trabalhadora excedente, não só produto é alavanca da acumulação capitalista, mas também condição de existência do modo de produção fundado no capital (MARX, 1968, p. 733). 23WWW.UNINGA.BR GE ST ÃO E A ÇÃ O NO S ER VI ÇO S OC IA L | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Nesse sentido, o Estado passa a desempenhar o papel interventivo nos aspectos econômicos e na regulação da vida social (BRAVERMAN, 1987, p. 242-244). O Estado torna-se objeto de uma reformatação para se adequar à lógica do capital mundializado por meio de um abrangente processo de reformas (BEHRING; BOSCHETTI, 2006). Ao Estado cabe a preservação e o controle contínuos da força de trabalho, ocupada e excedente, é uma função estatal de primeira ordem [...]. Justamente neste nível dá- se a articulação das funções econômicas e políticas do Estado burguês no capitalismo monopolista [...] ele deve legitimar-se politicamente incorporando outros protagonistas sociopolíticos. O alargamento de sua base de sustentação e legitimação sociopolítica, mediante a generalização e a institucionalização de direitos e garantias cívicas e sociais, permite-lhe organizar um consenso que assegura o seu desempenho. (Netto, 2006, p. 26-27, grifos do original). Assim, a profissão de Serviço Social, em nosso país, afirmou-se como profissão requisitada pelo setor público, face à progressiva ampliação da função reguladora do Estado e vinculada a organizações patronais privadas, de caráter empresarial, dedicadas às atividades produtivas e a prestação de serviços sociais (IAMAMOTO; CARVALHO, 1986, p. 79). Sobre o significado social da profissão, Netto (1996, p. 89) afirma que as alterações profissionais, assim, derivam da intricada interação que se processa entre as transformações societárias, com seu rebatimento na divisão sociotécnica do trabalho, e o complexo (teórico, prático, político e, em sentido largo, cultural) que é constitutivo de cada profissão. O(a) assistente social, detém conhecimento especializado para compreender os fenômenos sociais como complexos sociais e não mais comofatos sociais em si mesmos. O movimento que resulta dessa processualidade sócio-histórica cria determinada legalidade social. O(a) assistente social, ao identificar as mediações presentes entre a singularidade dos sujeitos de sua ação profissional e a universalidade de suas determinações sociais, apreende essa legalidade social. A mediação inscreve-se como complexo categorial responsável pelas relações moventes que se operam no interior de cada complexo relativamente total e das articulações dinâmicas e contraditórias entre as estruturas sócio-históricas (PONTES, 2002, p. 81). Assim, podemos concluir que o trabalho se reestruturou ao longo dos anos, a esfera pública estatal se ampliou. Também temos que considerar a ampliação do setor privado sem fins lucrativos, dito filantrópico, para atender as demandas emergentes. Por outro lado, algumas conquistas podem ser apontadas, nas quais refletiram diretamente no trabalho do(a) Assistente Social, tais como: legislações importantes, como ECA, LOAS; qualificação profissional com a ampliação de cursos de pós graduação lato sensu e stricto sensu; conquistas de espaços significativos tanto na esfera pública, com as novas normativas, sobretudo da política de assistência social; dentre várias outras conquistas, como avanços em pesquisa e no fortalecimento da categoria enquanto classe trabalhadora. O espaço de Gestão, embora já tenha apresentado algum avanço, ainda precisa ser ampliado. Para isso, se faz necessário capacitação e promover o debate sobre essa possibilidade de trabalho, descaracterizando laivos de que gestão não é espaço profissional de Serviço Social. 24WWW.UNINGA.BR GE ST ÃO E A ÇÃ O NO S ER VI ÇO S OC IA L | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA 1.1. Resgate Histórico e as Possibilidades de Atuação do Profissional de Serviço Social Diante do contexto apresentado anteriormente sobre trabalho e suas relações, verificamos que estes fatores refletem diretamente na atuação do(a) Assistente Social. Mas é importante resgatarmos alguns contextos históricos que nos levarão à compreensão da gestão do trabalho e o Serviço Social na contemporaneidade. No Brasil, o surgimento do Serviço Social datou na década de 30. Segundo Iamamoto (2003), a gênese do Serviço Social no Brasil, enquanto profissão inscrita na divisão social do trabalho, está relacionada ao contexto das grandes mobilizações da classe operária nas duas primeiras décadas do século XX, pois o debate acerca da “questão social”, que atravessa a sociedade nesse período, exige um posicionamento do Estado, das frações dominantes e da Igreja. Como profissão inscrita na divisão do trabalho, o Serviço Social surge como parte de um movimento social mais amplo, de bases confessionais, articulado à necessidade de formação doutrinária e social do laicato, para uma presença mais ativa da Igreja Católica no “mundo temporal”, nos inícios da década de 30. Na tentativa de recuperar áreas de influências e privilégios perdidos, em face da crescente secularização da sociedade e das tensões presentes nas relações entre Igreja e Estado, a Igreja procura superar a postura contemplativa (IAMAMOTO, 2003, p. 18). Assim, analisamos que o princípio da profissão no Brasil foi de caráter moralizador, de captação de fiéis e estratégia de controle da força de trabalho. Já dos anos de 1940 até por volta de 1960, período em que o Brasil passava por modificações no aspecto de expansão econômica e surgimento das instituições organizadas pela sociedade civil e o Serviço Social passava pelo processo de institucionalização e profissionalização por instituições de ensino especializadas. [...] O Serviço Social reaparece modificado, dentro do aparelho de Estado e grandes instituições assistenciais, guardando, contudo, suas características fundamentais. [...] o Serviço Social mantém sua ação educativa e doutrinária de “enquadramento” da população cliente (IAMAMOTO; CARVALHO, 1986, p. 309-310, grifos do autor). Um dos marcos decisivos para profissão trata-se do Movimento de Reconceituação, que marca a busca pelo rompimento do conservadorismo e repensar criticamente a profissão frente a estrutura exploratória e excludente do capitalismo. No Brasil, nesta década, estávamos no Regime Militar, trazendo consequências ao Movimento que, segundo Cardoso (2013, p. 129-130), “fez com que a influência da Reconceituação no Brasil tivesse características distintas do restante da América Latina”, pois as possibilidades concretas de participação ativa dos brasileiros nesse processo foram minadas. Esse período traz modificações ao Serviço Social, pois novas demandas são apresentadas, ensaios de políticas sociais foram instalados para atender tanto o Estado como os detentores dos meios de produção – a elite e o profissional passam, nesse período até a década de 1970, vultuosamente a participar dos movimentos sociais, de lutas de classes e de partidos políticos na proposta contra hegemônica ao Estado autoritário e ditatorial. 25WWW.UNINGA.BR GE ST ÃO E A ÇÃ O NO S ER VI ÇO S OC IA L | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Nos anos 1980 o Serviço Social ganha amadurecimento intelectual, aproxima-se do materialismo histórico dialético de Marx, buscando a legitimação da ação profissional e posicionamento crítico frente às implicações políticas e às contradições do exercício profissional. Claro que poderíamos, aqui, conduzir outros aspectos históricos importantes, mas o propósito não é discutir a gênese e a nova morfologia da profissão, mas sim situar e conduzir o aprendizado quanto às possibilidades de atuação. Mas o fato é que, em meio ao ambiente conflituoso, surgem modelos de gestão e novas teorias que emergiram no mercado de trabalho, não só dos assistentes sociais como de outros trabalhadores, como afirma Ferreira et al. (2005, p. 174): A partir da segunda metade do século XX, quando novas crises se abateram sobre o sistema político e econômico, outras fraquezas dos modelos administrativos, até então predominantes, foram reveladas. Surgiram, então, teorias que buscaram ampliar o foco de atenção da gestão, que deixou de tratar exclusivamente dos assuntos internos às organizações, preocupando-se com o ambiente no qual elas estão inseridas. Assim, no âmbito da gestão do trabalho, para superar ou ao menos minimizar o antagonismo entre capital e trabalho, a discussão a respeito da classe trabalhadora elevou-se à discussão de Gestão de Pessoas. Nesta aparece como moderna a concepção de que pessoas não são simplesmente recursos das empresas enquanto matéria-prima, por exemplo, de forma que se convenciona denominar antigos os departamentos de recursos humanos de departamentos de gestão de pessoas, pois as pessoas passam a constituir o ativo mais valioso das organizações (CHIAVENATTO, 2010). Nesse novo contexto, [...] o Serviço Social vem assumindo papel de assessor nas questões relacionadas à administração de pessoal, à integração dos trabalhadores aos novos requisitos da produção, à modernização das relações de trabalho, ao tratamento das questões sociais/interpessoais que afetam o cotidiano dos trabalhadores. (LIMA; COSAC, 2005, p. 238). Diante deste novo cenário, os desafios profissionais se ampliam como em todas as outras esferas de atuação do Serviço Social, na Moderna Gestão de Pessoas os desafios postos para esse profissional também se materializam, sejam elas organizações de natureza pública ou privada, sejam eles voltados à prática profissional, às condições de trabalho, ou às próprias demandas colocadas ao Assistente Social (KIMURA, 2013, p. 40). A atuação profissional na gestão de pessoas precisa estar integrada com o projeto ético político. Este assunto trataremos posteriormente, em pensarmos a intervenção de forma qualificada e desenvolver a gestão do trabalho não limitado à adequação ao lavor, mas em defesa de garantia e de proteção do direito ao trabalho digno. 26WWW.UNINGA.BR GE ST ÃO E A ÇÃ O NO S ERVI ÇO S OC IA L | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 6 – Time de trabalho: Sucesso. Fonte: Pixabay (2018). Antes de entrarmos numa nova discussão sobre a Gestão do Trabalho e o Serviço Social, vamos compreender melhor sobre a Gestão de Pessoas. Uma das maiores referências nessa área é o autor Idalberto Chiavenato, que corrobora com seu significado. [...] falar de gestão de pessoas é falar de gente, de mentalidade, de vitalidade, ação e proação. A Gestão de Pessoas é uma das áreas que mais tem sofrido mudanças e transformações nestes últimos anos. Não apenas nos seus aspectos tangíveis e concretos como principalmente nos aspectos conceituais e intangíveis. A Gestão de pessoas tem sido a responsável pela excelência das organizações bem- sucedidas e pelo aporte de capital intelectual que simboliza, mais do que tudo, a importância do fator humano em plena Era da informação (CHIAVENATO, 2004, p. 5). Motta (2008), a respeito da valorização e gestão de pessoas, apresenta o seguinte quadro frente a fatores que foram ou devem ser superados e as tendências: Quadro 1 – Fatores que devem ser superados e tendências. Fonte: Motta (2008, p. 101). 27WWW.UNINGA.BR GE ST ÃO E A ÇÃ O NO S ER VI ÇO S OC IA L | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Em se tratando de valorização de pessoas, o Serviço Social deve estar inserido nesse projeto em defesa da classe trabalhadora, no combate às desigualdades, na gestão para melhorar as condições de vida e projetos societários que promovam a equidade e justiça social. Figura 7 – Gestão de Pessoas. Fonte: Pixabay (2018). 1.2. Gestão do Trabalho e o Serviço Social na Contemporaneidade O(a) assistente social, enquanto profissional inserido na divisão sócio técnica do trabalho, realiza sua intervenção diretamente nas relações sociais do trabalho. Dispõe o que Marilda Iamamoto (2003) trata de relativa autonomia para realizar o seu trabalho nos mais variados ambientes sócio ocupacionais do Serviço Social. O(a) profissional de Serviço Social atua diretamente em vários espaços institucionais da sociedade e tem sido requisitado para integrar equipes multiprofissionais de diferentes setores. A absoluta maioria dos(as) assistentes sociais, segundo o Conselho Federal de Serviço Social (CFESS), trabalha no setor público, em órgãos municipais, estaduais e federais, hospitais, escolas, creches, unidades de saúde, centros de convivência, movimentos sociais em defesa dos direitos da mulher, da classe trabalhadora, da pessoa idosa, de crianças e adolescentes, de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT), negros e negras, de indígenas, em organizações não governamentais, em universidades públicas e privadas e em institutos técnicos. Além disso, trabalham no planejamento, organização e gestão dos programas e benefícios sociais fornecidos pelo governo, bem como na assessoria de órgãos públicos, privados, organizações não governamentais (ONG) e movimentos sociais. Assistentes sociais podem ainda trabalhar como docentes nas faculdades e universidades que oferecem o curso de Serviço Social. As competências e atribuições privativas dessa categoria profissional estão previstas nos artigos 4º e 5º da Lei 8.662/1993 (CFESS, 2018). Analisemos agora o que dizem os artigos citados e faremos em destaque (nosso) os que se relacionam com o processo de Gestão. Primeiramente apresentamos o Art. 4º que dispõe sobre as competências do(a) Assistente Social: 28WWW.UNINGA.BR GE ST ÃO E A ÇÃ O NO S ER VI ÇO S OC IA L | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA I - elaborar, implementar, executar e avaliar políticas sociais junto a órgãos da administração pública, direta ou indireta, empresas, entidades e organizações populares; II - elaborar, coordenar, executar e avaliar planos, programas e projetos que sejam do âmbito de atuação do Serviço Social com participação da sociedade civil; III - encaminhar providências, e prestar orientação social a indivíduos, grupos e à população; IV - (Vetado); V - orientar indivíduos e grupos de diferentes segmentos sociais no sentido de identificar recursos e de fazer uso dos mesmos no atendimento e na defesa de seus direitos; VI - planejar, organizar e administrar benefícios e Serviços Sociais; VII - planejar, executar e avaliar pesquisas que possam contribuir para a análise da realidade social e para subsidiar ações profissionais; VIII - prestar assessoria e consultoria a órgãos da administração pública direta e indireta, empresas privadas e outras entidades, com relação às matérias relacionadas no inciso II deste artigo; IX - prestar assessoria e apoio aos movimentos sociais em matéria relacionada às políticas sociais, no exercício e na defesa dos direitos civis, políticos e sociais da coletividade; X - planejamento, organização e administração de Serviços Sociais e de Unidade de Serviço Social; XI - realizar estudos socioeconômicos com os usuários para fins de benefícios e serviços sociais junto a órgãos da administração pública direta e indireta, empresas privadas e outras entidades (CFESS, 1993, p. 1-2, grifos nossos). Referente às atribuições privativas do(a) assistente social previstas no Art. 5º: I - coordenar, elaborar, executar, supervisionar e avaliar estudos, pesquisas, planos, programas e projetos na área de Serviço Social; II - planejar, organizar e administrar programas e projetos em Unidade de Serviço Social; III - assessoria e consultoria e órgãos da Administração Pública direta e indireta, empresas privadas e outras entidades, em matéria de Serviço Social; IV - realizar vistorias, perícias técnicas, laudos periciais, informações e pareceres sobre a matéria de Serviço Social; V - assumir, no magistério de Serviço Social tanto a nível de graduação como pós-graduação, disciplinas e funções que exijam conhecimentos próprios e adquiridos em curso de formação regular; VI - treinamento, avaliação e supervisão direta de estagiários de Serviço Social; VII - dirigir e coordenar Unidades de Ensino e Cursos de Serviço Social, de graduação e pós-graduação; VIII - dirigir e coordenar associações, núcleos, centros de estudo e de pesquisa em Serviço Social; IX - elaborar provas, presidir e compor bancas de exames e comissões julgadoras de concursos ou outras formas de seleção para Assistentes Sociais, ou onde sejam aferidos conhecimentos inerentes ao Serviço Social; X - coordenar seminários, encontros, congressos e eventos assemelhados sobre assuntos de Serviço Social; XI - fiscalizar o exercício profissional através dos Conselhos Federal e Regionais; XII - dirigir serviços técnicos de Serviço Social em entidades públicas ou privadas; XIII - ocupar cargos e funções de direção e fiscalização da gestão financeira em órgãos e entidades representativas da categoria profissional. (CFESS, 1993, p. 1-2, grifos nossos). 29WWW.UNINGA.BR GE ST ÃO E A ÇÃ O NO S ER VI ÇO S OC IA L | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Assim, evidencia-se a vinculação do trabalho do(a) assistente social à gestão do trabalho em sua mais ampla definição. Portanto, a gestão, gestão social, gestão do trabalho, estão intrinsicamente relacionadas ao Serviço Social. Pois a demanda nos bate à porta e é preciso dar respostas, não podemos negar, conforme nos orienta Ursula M. Simon Karsch, no livro Serviço Social na era dos serviços: “as necessidades exacerbadas pela publicidade justificam novos serviços para novas necessidades que, no mundo moderno, desenvolvem uma proliferação de formas de atendimentos ao homem, administrados por profissionais” (KARSCH, 1986, p. 36). A Gestão do Trabalho no compto da gestão da Política de Assistência Social, mas restritamente ao Sistema Único de Assistência Social (SUAS), traz fundamentação sobre as questões relacionadas ao trabalho social e aos trabalhadores(as) que atuam na política de assistência social. Compreende o planejamento, a organização e a execução das ações relativas à valorização dotrabalhador e à estruturação do processo de trabalho institucional, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (MDS, 2018). Destaca ainda que a Gestão do Trabalho é um eixo estratégico e imprescindível à qualidade da prestação de serviços, programas, projetos, benefícios e transferência de renda no âmbito do Suas. O trabalho na assistência social possui uma importante dimensão relacional e seus trabalhadores(as) são os principais mediadores entre o direito socioassistencial e os usuários(as) da política (MDS, 2018). Contamos com normativas importantes para a Gestão do Trabalho do(a) Assistente Social e outras profissões em documentos como a Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do Suas (NOB-RH/Suas), a Norma Operacional Básica do Suas (NOB/Suas) e a Lei Orgânica de Assistência Social, regulamentam a Gestão do Trabalho no âmbito do Suas e estabelecem seus princípios e diretrizes. 1.3. Projeto Ético Político e a Gestão Social Vamos primeiramente arguir sobre alguns aspectos do projeto ético político do(a) profissional. Para Yazbek e Silva (2005), o Projeto Ético político da profissão (PEP) implica em uma formação pautada na crítica social bem fundamentada teoricamente, a fim de que os profissionais tenham competências teórico metodológica e ético-política, orientadas pelas diretrizes curriculares, pela teleologia do código de ética profissional e pela Lei de regulamentação da profissão que, nesse processo, passam a compor o projeto ético político. Portanto, a atuação do(a) assistente social na área de gestão social, assim como em qualquer outra área, deve estar orientada pelos fundamentos históricos, teóricos e metodológicos, utilizar- se dos instrumentais e técnicas operacionais possíveis e com o compromisso ético e político no exercício profissional. Se faz necessário trilhar o caminho munidos de reflexão, de atitude investigativa, na construção de um Serviço Social em que os determinantes institucionais não sobreponham os interesses de classe e da própria profissão, ultrapassando a imediaticidade e constituir o campo das mediações interventivas que se propõe ao projeto profissional. Segundo Pontes (2002, p. 46), “particularidade é o espaço reflexivo ontológico onde a legalidade universal se singulariza e a imediaticidade do singular se universaliza”. Assim, o desafio vai de utilizar-se do seu saber para atender as demandas e necessidades da sociedade, mas sobretudo defender o projeto ético político da profissão e buscar a garantia de direitos no âmbito da gestão, superando visões ideológicas e partidárias, além dos discursos prontos e pragmáticos quanto ao trabalho do(a) assistente social. 30WWW.UNINGA.BR GE ST ÃO E A ÇÃ O NO S ER VI ÇO S OC IA L | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 8 – Ética. Fonte: Pixabay (2018). É importante estar alinhado com as novas informações sobre a Gestão de Pessoas e sobre Recursos Humanos. A ABRH – Brasil é uma entidade não governamental sem fins lucrativos. Ela nasceu da união de profissionais envolvidos com a causa de promover a área de Recursos Humanos como agente de transformação, que contribui na formação de organizações mais produtivas, melhores e mais conscientes do seu papel no contexto socioeconômico do país. Entre no link e leia mais em: <http://www.abrhbrasil.org.br/cms/associacao- brasileira-de-recursos-humanos/>. Acesso em: 18 set. 2018. Caro(a) aluno(a) reflita sobre as possibilidades de atuação do profissional de Serviço Social na área de gestão. Você acredita na relevância de assistentes sociais na gestão, por exemplo nos setores responsáveis pela gestão de pessoas em empresas privadas e estes podem efetivar os princípios fundamentais da profissão? Utilize-se dos referenciais teóricos abordados e das demais indicações e amplie seus horizontes a esse respeito. 31WWW.UNINGA.BR GE ST ÃO E A ÇÃ O NO S ER VI ÇO S OC IA L | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Para aprofundar-se na discussão do Serviço Social na Gestão Social e Trabalho Social, indico a leitura do livro de Maria do Carmo Brant de Carvalho: Gestão Social e Trabalho Social. Tem 224 páginas, da Editora Cortez e traz a discussão entre a teoria e a prática, apresenta as novas tendência de gestão das políticas sociais e os desafios do trabalho social frente ao cenário conjuntural e sua complexidade. Outra obra que indico é o livro Gestão Democrática e Serviço Social – princípios e propostas para a intervenção crítica, dos autores Rodrigo de Souza Filho e Claudio Gurgel, da Editora Cortez. São 460 páginas de muitas informações e debate acerca da gestão dos fenômenos sociais. Apresenta a fundamentação teórica e conceitual para o processo de decisão e ação nos espaços democráticos de participação. Assista ao vídeo: Gestão Social: novas agendas de pesquisa e intervenção social, da série Gestão Social, com o palestrante Professor José Roberto Pereira. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=2E6NpRMZeSk>. Além da contextualização realizada pelo palestrante, são enfatizados teoricamente os paradigmas de Gestão dentro dos processos históricos e da relação entre Estado, sociedade e mercado e suas complexidades. 32WWW.UNINGA.BR GE ST ÃO E A ÇÃ O NO S ER VI ÇO S OC IA L | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 9 – Gestão Social. Fonte: Google Images (2018). 2 - CONSIDERAÇÕES FINAIS Na breve revisão que realizamos de algumas fontes teóricas nesta Unidade a respeito do Serviço Social e a Gestão do Trabalho buscamos fundamentar sobre essa possibilidade de atuação profissional no âmbito de gestão, seja na esfera pública, organizacional e/ou nas organizações da sociedade civil. Julgamos ser relevante contextualizar sobre as possibilidades de atuação do(a) assistente social, realizando um breve resgate histórico dos principais conceitos de trabalho do Serviço Social. Fizemos um destaque sobre a valorização de pessoas e a sua defesa pela classe trabalhadora no combate às desigualdades, na gestão para melhorar as condições de vida que promovam a equidade e justiça social no ambiente de trabalho. No contexto atual, abstraímos a ideia de que o projeto profissional está em consonância com o projeto da sociedade e, para isso, a área de gestão passa a ser uma forma do(a) assistente social conhecer a realidade, as demandas e dificuldades apresentadas de cada um ou de cada setor de trabalho. Possuem competência e habilidade necessárias, inclusive de liderança, para buscar a satisfação de suas necessidades e buscar relações de trabalho mais justas. E, assim, lançamos o desafio de empreender esforços e seu saber para atender essas demandas, não contrapondo-se ao projeto ético político da profissão e buscando insistentemente a garantia de direitos no âmbito da gestão, superando visões ideológicas e partidárias e de discursos prontos e pragmáticos quanto ao trabalho do(a) assistente social. 3333WWW.UNINGA.BR U N I D A D E 03 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................... 34 1 - SERVIÇO SOCIAL E GESTÃO DAS POLÍTICAS SOCIAIS .................................................................................. 35 1.1. A AÇÃO DO(A) ASSISTENTE SOCIAL NA POLÍTICA DE SAÚDE ..................................................................... 39 1.2. POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL E O SERVIÇO SOCIAL ......................................................................... 42 2 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................................................. 49 SERVIÇO SOCIAL E GESTÃO DAS POLÍTICAS SOCIAIS PROF.A VALÉRIA CRISTINA DA COSTA ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: GESTÃO E AÇÃO NO SERVIÇO SOCIAL 34WWW.UNINGA.BR GE ST ÃO E A ÇÃ O NO S ER VI ÇO S OC IA L | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃOEstamos no processo formativo, mas precisamos estar de olho no mercado de trabalho para que possamos estar preparados para assumir os mais variados espaços de atuação. Como vimos anteriormente o setor público é um dos nossos maiores empregadores, por isso nosso destaque ao Serviço Social e a Gestão de Políticas Sociais. As políticas públicas – diremos aqui das mais variadas políticas: saúde, educação, habitação, meio ambiente, etc. – são campos de atuação que requerem uma especial atenção: formação e aperfeiçoamento contínuo e processual durante toda a nossa vida profissional. Trataremos disso em um tópico especial nesta Unidade. Destacaremos a atuação na área da Política de Saúde e na Política de Assistência Social, os maiores empregadores profissionais de Serviço Social, inseridos na rede de proteção social, na vigilância socioassistencial e na garantia de direitos. Portanto, devemos estar preparados para atuar e estar à frente da gestão destas políticas. Contudo, a especificidade desta Unidade requer a retomada das unidades anteriores no seu estudo, pois a sua compreensão está interligada com os principais conceitos e discussões já realizadas nas Unidades I e II. 35WWW.UNINGA.BR GE ST ÃO E A ÇÃ O NO S ER VI ÇO S OC IA L | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA 1 - SERVIÇO SOCIAL E GESTÃO DAS POLÍTICAS SOCIAIS A requisição do trabalho do(a) assistente social está relacionada a todo processo de transformação social, econômica e política no contexto geral da realidade e sua inserção aos cargos públicos nas três esferas de governo – munícipios, Estados e União. Via de regra se dá por meio de concursos públicos, porém, na atualidade é comum se dar também pela via de processos seletivos, contratações temporárias, cargos comissionados e, mais ainda, por meio da terceirização via cooperativas e organizações privadas. Assim, já compreendemos que os profissionais de Serviço Social compartilham da mesma precariedade dos demais trabalhadores frente ao mercado de trabalho que, por vezes, é convidado a compartilhar das funções econômicas, políticas e ideológicas do Estado (ou de programas de governo), de forma partidária e contraditória ao projeto profissional. Para Mantega e Silva (apud BEHRING, 2003, p. 217) “setores dos trabalhadores, pressionados por essa forma predatória de reestruturação, pelo crescente desemprego, pela precarização das condições de trabalho, também desfocaram sua ação e colocaram-se na defensiva”. Portanto, o(a) assistente social atua nas contradições da sociedade capitalista e responde aos interesses de seu empregador como trabalhador assalariado. As demandas “[...] emanadas das necessidades das classes subalternizadas, não se apresentam de maneira nem direta nem imediata à profissão, mas mediatizadas pela instituição [...]” (GUERRA, 2009, p. 81). A esse respeito, Iamamoto e Carvalho (1986, p. 75) argumentam sobre as condições do trabalho profissional: as condições que peculiarizam o exercício profissional são uma concretização da dinâmica das relações sociais vigentes na sociedade, em determinadas conjunturas históricas [...] a atuação do assistente social é necessariamente polarizada pelos interesses de tais classes, tendendo a ser cooptada por aqueles que têm uma posição dominante. Porém, o Serviço Social atua na esfera pública, nas suas mais variadas instâncias para atender as demandas sociais oriundas das expressões da questão social, por meio de políticas sociais. O profissional de Serviço Social atua nas mais diversas políticas sociais, contratado sobretudo pelo Estado para planejar, executar, monitorar e avaliar ações quanto as políticas setoriais. “[...] padrão de política social vigente limitam/potencializam a ação do assistente social” (GUERRA, 2009, p. 82). Assim, caro(a) aluno(a), os saberes absorvidos no seu processo formativo – que deve ser contínuo – deve construir respostas profissionais direcionadas às demandas apresentadas pela sociedade, bem como pelas demandas institucionais. Neste sentido, o exercício profissional é formado considerando as dimensões que o constitui: investigativa e interventiva. A dimensão investigativa desenvolve as competências profissionais, os conhecimentos teórico-metodológicos. As duas dimensões são indissociáveis, pois se dá a partir da relação dialética entre investigar e intervir, pois a investigação desvela as possibilidades de intervenção contidas na realidade, o saber nos leva a ação, ou seja, esses são componentes essenciais para o trabalho profissional. 36WWW.UNINGA.BR GE ST ÃO E A ÇÃ O NO S ER VI ÇO S OC IA L | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 10 – Carteira de Trabalho: Assistente Social. Fonte: FAT (2018). A gestão social, como discutimos nas Unidades anteriores, tem como significado a gestão das demandas apresentadas pela sociedade por meio de políticas sociais, em que mediante programas, projetos e serviços dão respostas às suas necessidades. Porém, precisamos compreender que o Estado não é unívoco, não é igual e nem ao menos parecido em todos os momentos históricos e contextuais. Outra análise importante é de que o Estado foi formado pela sociedade e não o contrário. Pela lógica de Marx, a condição histórica e social da política social deve ser extraída do movimento da sociedade capitalista burguesa. Segundo Beluzzo (2008, p. 40), [...] estão certos em esperar socorro. Pois sabem que, enquanto cometerem os mesmos erros coletivamente – como fazem os ‘banqueiros sensatos’ –, o setor público precisará prestar socorro. Os banqueiros têm condições de manter a economia e a sociedade democrática como suas reféns [...]. Os Governos não têm alternativa: precisam ajudar os bancos. As políticas sociais, desde sua origem, têm a função de reduzir os custos da reprodução da força de trabalho e elevar a produtividade, bem como manter níveis elevados de consumo, mesmo em época de crise, portanto, atender a ordem burguesa. No âmbito político, as políticas sociais são vistas como mecanismos de cooptação dos trabalhadores ao sistema vigente. Neste cenário, o Estado a fim de gerir as medidas de enfrentamento das crises políticas, sociais e econômicas, implanta o sistema nacional de seguridade. A política social – que atende as necessidades do capital e, também, do trabalho, já que para muitos trata-se de uma questão se sobrevivência – configura-se, no contexto da estagnação, como um terreno importante da luta de classes: da defesa das condições dignas de existência, face ao recrudescimento da ofensiva capitalista em termos do corte de recursos públicos para a reprodução da força de trabalho (BEHFING, 2000, p. 24). 37WWW.UNINGA.BR GE ST ÃO E A ÇÃ O NO S ER VI ÇO S OC IA L | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA Segundo Pereira (2008, p. 87), “para se entender o conceito de política social como política pública e direito de cidadania, é preciso, inicialmente, conhecer o termo política em seus dois principais significados”. A palavra pública, que sucede a palavra política, não tem identificação exclusiva com o Estado. Sua maior identificação é com o que, em latim, se denomina de res publica, isto é, res (coisa), pública (de todos) e, por isso, “constitui algo que compromete tanto o Estado quanto a sociedade” (PEREIRA, 2008, p. 94). Portanto, quando falamos de política pública, estamos nos referindo a política cuja principal marca é o fato de ser pública, isto é, de todos e para todos, e não porque seja estatal (do Estado) ou coletiva (de grupos particulares da sociedade) e muito menos individual. “[...] mas pelo fato de significar um conjunto de decisões e ações que resulta ao mesmo tempo de ingerências do Estado e da sociedade” (PEREIRA, 2008, p. 95). As políticas sociais originam das contradições entre classes sociais – empregadores e trabalhadores –, podemos concluir, portanto, que o que move as políticas públicas é a luta de classes. Sendo assim, Pereira (2008, p. 94) afirma que as
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