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DOCÊNCIA EM SAÚDE ECONOMIA 1 Copyright © Portal Educação 2012 – Portal Educação Todos os direitos reservados R: Sete de setembro, 1686 – Centro – CEP: 79002-130 Telematrículas e Teleatendimento: 0800 707 4520 Internacional: +55 (67) 3303-4520 atendimento@portaleducacao.com.br – Campo Grande-MS Endereço Internet: http://www.portaleducacao.com.br Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - Brasil Triagem Organização LTDA ME Bibliotecário responsável: Rodrigo Pereira CRB 1/2167 Portal Educação P842e Economia / Portal Educação. - Campo Grande: Portal Educação, 2012. 148p. : il. Inclui bibliografia ISBN 978-85-8241-273-2 1.Economia. I. Portal Educação. II. Título. CDD 330.2 2 SUMÁRIO 1 ENTENDENDO A ECONOMIA .................................................................................................. 6 1.1 O QUE É ECONOMIA ................................................................................................................ 7 1.1.1 A Ciência da Escassez .............................................................................................................. 11 1.1.2 Problemas Econômicos Fundamentais ..................................................................................... 16 1.1.3 Agentes Econômicos ................................................................................................................. 20 1.2 SISTEMA ECONÔMICO ........................................................................................................... 25 1.2.1 Capitalismo ................................................................................................................................ 26 1.2.1.1Mais valia .................................................................................................................................. 28 1.2.2 Socialismo ................................................................................................................................. 31 1.2.2.1Fundamentos ideológicos ......................................................................................................... 31 1.2.3 Convergência dos Sistemas Econômicos .................................................................................. 34 1.3 MICROECONOMIA E MACROECONOMIA .............................................................................. 35 1.3.1 A Microeconomia ....................................................................................................................... 36 1.3.2 A Macroeconomia ...................................................................................................................... 36 1.4 A LEI DA OFERTA E DA DEMANDA ........................................................................................ 36 1.4.1 Lei da Demanda ........................................................................................................................ 37 1.5 ELASTICIDADE ......................................................................................................................... 38 1.5.1 Elasticidade da Procura ............................................................................................................. 38 1.5.1.1Fatores que influenciam a elasticidade-preço da procura ......................................................... 39 1.5.2 Elasticidade da Oferta ............................................................................................................... 39 3 1.5.2.1Tipos de elasticidade-preço da oferta ....................................................................................... 40 1.6 FLUXOS E ESTOQUES ............................................................................................................ 41 1.6.1 Fluxo real e Fluxo Monetário ..................................................................................................... 42 1.6.2 Inter-relação do Fluxo Real e Monetário .................................................................................... 43 1.7 PARTICIPAÇÃO DO ESTADO NA ECONOMIA ........................................................................ 43 2 BREVE HISTÓRICO DA EVOLUÇÃO DA MOEDA .................................................................. 47 2.1 AS FUNÇÕES DA MOEDA ....................................................................................................... 51 2.2 MOTIVOS PARA RETIRAR MOEDA ......................................................................................... 52 2.3 INFLAÇÃO ................................................................................................................................. 54 2.3.1 A natureza do Fenômeno .......................................................................................................... 55 2.3.2 Tipos de Inflação ....................................................................................................................... 56 2.3.3 Consequências da Inflação ....................................................................................................... 58 2.3.4 Controle da Inflação e Equilíbrio das Contas do Exterior .......................................................... 62 2.3.5 Sistema de Metas de Inflação ................................................................................................... 63 2.3.6 Cálculo dos Índices de Inflação ................................................................................................. 67 3 INSTRUMENTOS DE POLÍTICA ECONÔMICA ....................................................................... 71 3.1 POLÍTICAS PÚBLICAS ............................................................................................................. 73 3.2 POLÍTICA FISCAL ..................................................................................................................... 74 3.3 POLÍTICA MONETÁRIA ............................................................................................................ 78 3.4 POLÍTICA CAMBIAL.................................................................................................................. 84 3.4.1 Regime de Taxas Cambiais Fixas ............................................................................................. 85 3.4.2 Regime de Taxas Cambiais Flutuantes ..................................................................................... 87 4 4 POLÍTICA COMERCIAL ........................................................................................................... 90 5 POLÍTICA DE RENDAS ............................................................................................................ 92 6 PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB) E O PRODUTO NACIONAL BRUTO (PNB) .................. 94 6.1 PIB OU PNB PER CAPITA ........................................................................................................ 96 7 INDICADORES DE CONCENTRAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DE RENDA .................................. 98 7.1 OS INSTRUMENTOS DE AFERIÇÃO DAS DESIGUALDADES ............................................... 99 7.1.1 Coeficiente Alfa de Pareto ........................................................................................................ 100 7.1.2 A Curva de Lorenz e o Coeficiente de Gini ............................................................................... 101 8 CARGA TRIBUTÁRIA .............................................................................................................. 105 9 ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTOHUMANO E SOCIAL ........................................................ 107 10 ANÁLISE DOS PLANOS ECONÔMICOS ............................................................................... 110 10.1 PLANO CRUZADO ................................................................................................................... 111 10.1.1 Antecedentes ............................................................................................................................ 111 10.1.2 As Medidas Propostas pelo Plano Cruzado por meio do Decreto-Lei em 28 de Fevereiro de 1986 ............................................................................................................................................ 112 10.1.1.1Erros técnicos do plano cruzado ............................................................................................ 112 11 PLANO CRUZADO II ............................................................................................................... 116 11.1 AS PRINCIPAIS MEDIDAS ADOTADAS .................................................................................. 116 12 PLANO BRESSER ................................................................................................................... 118 12.1 AS PRINCIPAIS MEDIDAS IMPOSTAS PELO PLANO BRESSER ......................................... 119 12.2 OBSERVAÇÕES TEÓRICAS DO PLANO BRESSER ............................................................. 120 13 PLANO VERÃO ....................................................................................................................... 122 5 14 PLANO COLLOR I ................................................................................................................... 125 15 PLANO COLLOR II .................................................................................................................. 129 16 PLANO REAL .......................................................................................................................... 132 16.1 NEGOCIAÇÕES COMERCIAIS ............................................................................................... 134 17 GLOBALIZAÇÃO E O COMÉRCIO INTERNACIONAL........................................................... 137 17.1 VANTAGENS E DESVANTAGENS DO COMÉRCIO INTERNACIONAL ................................. 139 17.2 DESAFIOS E OPORTUNIDADES PARA O BRASIL ................................................................ 144 REFERÊNCIAS ................................................................................................................................. 146 6 1 ENTENDENDO A ECONOMIA A discussão sobre economia, no Brasil, ocorre dentro das mais diversificadas esferas sociais. Algumas vezes até apresentam-se certas propriedades sobre o assunto, porém, geralmente o debate se dá de forma superficial e parcial. O amplo interesse na discussão acerca da economia em nosso país pode ser explicado em função de, historicamente, o mesmo ter sido palco de várias experiências econômicas nas últimas décadas e, em sua grande maioria, não houve sucesso. Essa premissa parte exatamente da própria população, que apesar de não ter conhecimento científico amplo sobre o assunto, o interpreta conforme os elevados índices de desemprego e a desvalorização salarial. É extremamente importante que as pessoas saibam que qualquer decisão governamental, em sua grande maioria com reflexos profundos na economia, irá afetar a vida de todos os cidadãos. A maneira como isso ocorre pode ser por sentimentos de raiva ao perceber que o dinheiro com o qual efetuou o pagamento de impostos foi desviado na corrupção das esferas governamentais, por exemplo. Muitos empresários demonstram medo de investir em novos projetos ou negócios em virtude das vastas incertezas econômicas que poderão atingir sua garantia de lucro. Temem não ter clientes com condições de comprarem seus produtos ou efetuarem o pagamento dos impostos cobrados sobre seus produtos. A incerteza em relação ao futuro econômico prejudica o desenvolvimento, os novos investimentos, a qualidade de vida, a renda, etc. 7 FIGURA 1 – ECONOMIA FONTE: Disponível em: <http://fiepb.com.br/images/noticias/3274/image/economia.jpg>. Acesso em: 26 abr. 2010. 1.1 O QUE É ECONOMIA O termo “Economia” pode ser apresentado por meio de diferentes significados, entre eles citam-se: 1- Senso comum 2- Atividade econômica 3- Ciência econômica ECONOMIA segundo o SENSO COMUM Conforme a percepção intuitiva que grande parte da população possui em relação ao termo, representa o ato de economizar. Desse modo, entende-se a palavra como sendo sinônimo de “Poupar”. Poupar é compreendido como diminuir o consumo atual e acumular recursos para realizar um consumo maior no futuro. Nesse contexto, economia representa 8 apenas a utilização de forma adequada dos próprios recursos, reduzindo ou mantendo os gastos, evitando, assim, desperdícios considerados desnecessários. ECONOMIA segundo a ATIVIDADE ECONÔMICA Diz respeito ao conjunto de atitudes desenvolvidas pelas pessoas visando gerar condições materiais para sua sobrevivência. Identifica-se como atividade econômica toda a ação das pessoas voltada para a produção, a distribuição ou o consumo de riquezas para satisfazer desejos e necessidades. O objetivo derradeiro da atividade econômica é desenvolver condições adequadas para a perpetuação da espécie humana. A atividade econômica existe desde o início da civilização, acompanhando o início da organização dos homens na busca por produzir seu alimento, ao contrário de apenas buscar na natureza o mesmo. Ainda que as técnicas de cultivo fossem bastante precárias, elas possibilitaram o surgimento das sociedades sedentárias, que desencadearam os processos de acumulação do excedente da produção, acompanhada da comercialização, visando o aprimoramento da cultura e da tecnologia. Na atualidade a atividade econômica faz parte de todas as pessoas, que contam com o uso da tecnologia bastante sofisticada, em diferentes níveis. Destaca-se que o volume da atividade econômica pode ser medido por meio de diferentes formas. A maneira mais conhecida de realizar a medição é por meio do medidor reconhecido como PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB). ECONOMIA segundo a CIÊNCIA ECONÔMICA A ciência dedica-se ao aprimoramento do conhecimento humano a respeito de algum fenômeno por meio do uso de métodos racionais de Investigação Indução Dedução 9 FIGURA 2 - ECONOMIA FONTE: Disponível em: <http://blogs.diariodepernambuco.com.br/economia/wp- content/uploads/2009/09/investir.jpg>. Acesso em: 26 abr. 2010. Considerada a mãe das ciências, a filosofia foi a primeira tentativa da sociedade para explicar todos os seus problemas, sem que para isso fossem levadas em consideração as crenças religiosas ou mesmo mitológicas. Um grupo de cientistas sociais insatisfeitos com as explicações do senso comum, também iniciou vários estudos sobre a atividade econômica. E, desse modo, em meados do século XVII, no continente europeu, surgiram os primeiros textos sobre economia, visando explicar de uma forma mais clara o fenômeno pelo qual a população estava passando, na época. Hoje esse fenômeno é reconhecido como MERCANTILISMO. Porém, na Grécia Antiga também se estudou sobre a economia, principalmente os filósofos da época. Porém, ainda não se tinha atribuído para o termo ECONOMIA a condição de uma ciência independente. A origem do termo é atribuída a um contemporâneo de Sócrates chamado Xenofontes (431-355 a. C.), que publicou diversas obras referenciando o assunto, como por exemplo “Econômico – um tratado básico sobre como bem administrar a Oikos (casa)”. Por intermédio dessa narrativa, comprova-se a perspectiva de entendimento sobreeconomia na referida época: um conjunto de princípios de gestão voltado para o ambiente 10 doméstico. Em 1776, houve um significativo reconhecimento da economia enquanto ciência independente, por meio da publicação da obra de Adam Smith, intitulada “A riqueza das Nações: investigação sobre sua natureza e suas causas”. Esse autor é considerado o “Pai da Economia”, sendo reconhecidamente o mais eminente teórico da Economia Clássica. O funcionamento da economia de um país pode ser exemplificado pela seguinte figura: FIGURA 3 – FUNCIONAMENTO DA ECONOMIA FONTE: Arquivo pessoal do autor. CIÊNCIA ECONÔMICA É a ciência que se dedica ao estudo das diversas formas de organização e de relacionamento da sociedade para produção, distribuição e consumo das riquezas, visando atender as necessidades humanas e, assim, garantir a sobrevivência e perpetuação da espécie enquanto organização social. 11 1.1.1 A Ciência da Escassez Diversos economistas já descreveram diferentes significados para a economia, mas um conceito relativamente recente foi desenvolvido por Lionel Robbins por meio de sua obra “Um ensaio a respeito da natureza e do significado da Ciência Econômica”, publicada no ano de 1932. Nessa obra a definição dada pelo autor para economia é a seguinte: Ciência que estuda as maneiras comportamentais do ser humano, resultantes da relação que existe entre as ilimitadas necessidades de satisfação e os recursos que, mesmo escassos, se prestam a usos alternativos. (ROBBINS, 1932,). Atualmente, a ciência econômica focaliza sua atenção na maneira de se utilizar os recursos materiais disponíveis de forma mais eficiente, visando evitar desperdícios desnecessários. Isso porque se considera os recursos econômicos amplamente escassos. No entendimento da Economia, as necessidades humanas são consideradas ilimitadas. Mesmo que as pessoas consigam viver sem automóveis de luxo, jatinhos, ilhas particulares, todo o ser humano possui necessidades inesgotáveis, indiferentemente de quais sejam elas. Diante disso, compreendem-se essas necessidades como estando voltadas para mercadorias supérfluas. Ressaltando-se que algumas necessidades não podem ser supridas pelo âmbito da economia, como por exemplo, as necessidades espirituais e afetivas. 12 FIGURA 4 - ECONOMIA FONTE: Disponível em: <http://rzanatta.files.wordpress.com/2009/05/investimento.jpg>. Acesso em: 27 abr. 2010. Além das necessidades consideradas supérfluas, existem as necessidades cuja satisfação é essencial para a sobrevivência do sujeito, como: Alimentação Vestuário Habitação Proteção Sabe-se que após a conquista das necessidades básicas, a pessoa passa a ter outras necessidades em seu lugar. Essa dinâmica pressupõe que o ser humano está constantemente insatisfeito, desejando consumir cada vez mais. Nesse cenário, os brasileiros almejam um padrão de consumo semelhante ao dos norte-americanos, que são considerados os mais consumistas do mundo. 13 Ressalta que ser o mais consumista não significa que os norte-americanos sejam os mais satisfeitos, isso porque eles convivem com a certeza de que suas necessidades não são completamente supridas e por isso tornam-se desejosos de consumir cada vez mais. A maior parte das necessidades é suprida em função de um conjunto de serviços e bens que são disponibilizados para a sociedade. Nota-se que para esse ciclo é preciso que os bens e serviços sejam produzidos e sua produção depende de diferentes recursos produtivos, assim como de fatores de produção que são classificados, segundo o economista francês Jean- Baptiste Say, em três categorias: TERRA (terras cultiváveis, florestas, minas) TRABALLHO (mão de obra) CAPITAL (máquinas, equipamentos, instalações) 14 Atualmente existem alguns economistas que reiteram a possibilidade de que cada um nos insumos representa um tipo particular de recurso produtivo, inclusive aqueles considerados intangíveis, como a ciência e a tecnologia, da mesma forma que a organização empresarial. Já que os recursos produtivos são escassos, não há viabilidade de se disponibilizar bens e serviços de forma suficiente para todas as necessidades humanas. 15 PERGUNTA: Como a mão de obra pode ser considerada um recurso escasso se existe uma grande porcentagem de pessoas desempregadas? RESPOSTA: Economicamente, a mão de obra é considerada um recurso escasso porque é preciso pagar para ter acesso a ela. JUSTIFICATIVA: A Economia considera que somente não é escasso aquilo que a natureza produz em abundância, de tal forma que não há condições ser transformado em objeto de compra ou venda. EXEMPLO: O ar que respiramos (por enquanto). Dessa forma, percebe-se que todo objeto que se torna ligeiramente escasso é considerado um Objeto Econômico, tendo permissão de ser comprado ou vendido, ainda que seja por preços baixos. Isso explica, por exemplo, a relação com a mão de obra: Mão de obra abundante (pouco escassa) = baixa remuneração. Mão de obra qualificada (mais escassa) = remuneração mais elevada. Outros exemplos muito enriquecedores de insumos produtivos são: a tecnologia e a energia, pois embora a sociedade adquira a sensação de estar em um ambiente abundante desses insumos, como a tecnologia, que avança consideravelmente no cotidiano, as pessoas são apenas usuárias dessa tecnologia. Elas não são responsáveis pelo seu desenvolvimento. Geralmente os usuários de tecnologia não possuem capacidade de aprimorá-la, dessa forma, a tecnologia também pode ser considerada escassa. E, quanto mais avançada, mas cara 16 ela será. Afinal de contas, o que adiantaria a obtenção de diversas máquinas e equipamentos se não for possível ligá-los ou acioná-los com a energia elétrica, térmica, mecânica ou outra? Percebe-se que também as fontes energéticas podem ser consideradas escassas, já que são limitadas. A prova disso é o aumento significativo do preço do barril de petróleo, representando grande escassez do produto, que é considerado a principal fonte energética do mundo. A oferta do produto (petróleo), que é um recurso não renovável, encontra sérias dificuldades em atender às demandas mundiais. Nesse contexto ressalta-se o quanto os recursos são escassos e, justamente por isso, não devem ser desperdiçados. Deve haver consenso e planejamento do uso desses recursos, pois é possível que haja um grande comprometimento econômico para as gerações futuras. FIGURA 5 - ECONOMIA FONTE: Disponível em: <http://www.portaldailha.com.br/noticias/fotos/economia.jpg>. Acesso em: 27 abr. 2010. 1.1.2 Problemas Econômicos Fundamentais 17 O maior problema a ser resolvido, na área econômica, envolve duas questões principais: Necessidades humanas ilimitadas; Recursos produtivos necessários para a produção de bens e serviços escassos. Sabe-se que nem todo mundo conseguirá satisfazer plenamente suas necessidades, isso porque tendo em vista a escassez dos recursos, faz-se necessário que cada sociedade determine quais serão suas prioridades, para depois ter condições de escolher quais serão as necessidades primeiramente satisfeitas. Esse conjunto de questões, em economia, é denominado “Problemas Econômicos Fundamentais” e está compreendido em três diferentes aspectos: 1- O que e quanto produzir: Quais os tipos de mercadorias, bens e serviços que terão de ser produzidos. Qual será a preferência: artigos de luxo ou artigos de primeira necessidade? 2- Como produzir: Corresponde à escolha das tecnologias e técnicas que serão utilizadas na confecção dos produtos. Quais insumos poderão ser utilizados? As técnicas produtivas serão intensivas em relação à mão de obra ou aouso de capital? 3- Para quem produzir: As mercadorias são destinadas a qual público? As classes sociais mais ricas ou as mais carentes? Ressalta-se que, em regra, os produtos e serviços são produzidos para quem tem verba suficiente para realizar o pagamento referente a cada um deles. 18 FIGURA 6 - ECONOMIA FONTE: Disponível em: <http://www.bicodocorvo.com.br/wp-content/uploads/2009/03/economia- brasileira.jpg>. Acesso em: 28 abr. 2010. A seguir, demonstra-se um esquema que representa a preocupação principal da ciência econômica e os problemas econômicos fundamentais recorrentes: DEFINIÇÃO DE PRIORIDADES RECURSOS PRODUTIVOS NECESSIDADES HUMANAS Escolhas 19 CAPITAL, TRABALHO, TERRA, TECNOLOGIA, ORGANIZAÇÃO EMPRESARIAL, ENERGIA. SAÚDE, ALIMENTAÇÃO, HABITAÇÃO, VESTUÁRIO, SANEAMENTO, SEGURANÇA, TRANSPORTE. PROBLEMAS ECONÔMICOS FUNDAMENTAIS 1- O que e quanto produzir 2- Como produzir 3- Para quem produzir ESCASSOS ILIMITADAS 20 1.1.3 Agentes Econômicos Tendo em vista não ser possível efetuar uma produção que realmente supra todas as necessidades e desejos das pessoas, torna-se fundamental a eleição de quais serão as prioridades, enfatizando-se a produção de determinados bens e serviços em detrimento de outros. Mas é preciso ter um responsável por essa escolha de prioridades. E, nesse cenário, tais decisões são realizadas pelos Agentes Econômicos, sendo que os principais são: • Empresas • Famílias • Mercado • Estado • Mundo O mundo é apontado como um agente econômico porque, diante da globalização, os países precisam se relacionar com outras economias, influenciando de forma generalizada, a todas, com suas decisões. AS EMPRESAS Consideradas polos econômicos importantes, as empresas são agentes econômicos responsáveis por grande parte das decisões da sociedade, visando à solução de suas questões econômicas. Os responsáveis pela direção das empresas são os empresários que detém as máquinas e equipamentos e, sairá de suas organizações a maior parte das mercadorias, bens e serviços que abastecerão a sociedade, tendo por finalidade saciar as suas necessidades. Os empresários ampliam sua capacidade produtiva por meio de investimentos produtivos, dos quais eles também conseguem contratar e treinar seus trabalhadores. Mas nenhuma organização sobrevive sozinha, sendo assim, ela não pode tomar decisões isoladamente. Nesse sentido, geralmente as decisões são tomadas tendo com principal foco as famílias, que identificam os consumidores dos produtos fabricados nas referidas organizações. 21 FIGURA 7 - EMPRESAS FONTE: Disponível em: <http://www.empresas.ufpr.br/figuras/empresas.jpg>. Acesso em: 28 abr. 2010. AS FAMÍLIAS Diante do papel que exercem, enquanto consumidores, as famílias adquirem um papel fundamental. Isso porque no momento em que elas obtêm uma mercadoria, seja ela produto ou serviço, cada integrante da família, conhecido como consumidor, estará referenciando a escolha do empresário acerca de sua produção. O ato de compra, de maneira geral, representa um voto a favor de determinada mercadoria, cuja produção é dependente do empresário. Isso quer dizer que se o consumidor reduzir a quantidade de compras ou cessar essa atividade, o empresário deverá interpretar esse fato como sendo a representação do descontentamento de seu cliente. Nesse momento é preciso desenvolver modificações no produto para que se ajuste às novas necessidades dos consumidores. 22 Antes de lançar novos produtos ou antigos produtos com modificações, faz-se urgente conhecer os desejos do público-alvo, assim como a realização de um teste de aceitação do produto pelo mercado. Geralmente esse é um comportamento adotado pela maioria das empresas promissoras. FIGURA 8 – FAMÍLIA FONTE: Disponível em: <http://www.acores.net/images/blogger/25983_1150744736.jpg>. Acesso em: 28 abr. 2010. Diante da amplitude do poder exercido pelas famílias, as empresas estão direcionando recursos consideráveis para a área de marketing, visando definir a melhor maneira de vender seus produtos ou serviços para esse público específico. 23 DETALHE: MARKETING É uma palavra de origem inglesa que em português representa o termo “Mercadologia”. Significa o estudo do mercado consumidor. Trata-se de um conjunto de ações definidas pelas empresas, visando facilitar a aceitação dos produtos ou serviços pelos consumidores. Dentre as várias ações de marketing é possível destacar: Pesquisa de mercado, Propaganda, Desenvolvimento de novos produtos, Estabelecimento de canais de distribuição. É lógico que nenhum gestor irá determinar a produção de uma mercadoria que não será vendida, assim como nenhum projeto capitalista inicia tendo perspectivas de prejuízo. Isso porque o LUCRO é fundamental. E, para alcançar o lucro, podem até desenvolver “novas necessidades” por meio de campanhas publicitárias, guiando o consumidor para o desejo por determinado produto, que anteriormente era considerado desnecessário. O MERCADO O mercado é considerado o espaço onde se efetivam as relações entre empresas e famílias, ou entre empresários e consumidores. Considera-se o mercado como sendo todo fiscal, seja ele físico ou não, onde se configura um processo de compra e venda, ou seja, uma troca de mercadoria por dinheiro. O mercado é o local específico onde ocorre o encontro de compradores e vendedores, de consumidores e empresários, almejando definir preços de venda das mercadorias. É possível se definir diferentes tipos de mercado. Desde aqueles nos quais o consumidor exerce grande influência até aqueles onde o empresário possui poder absoluto, ficando a cargo do consumidor somente a decisão de comprar ou não determinada mercadoria. 24 O mercado apresenta vantagens e desvantagens. Dentre as vantagens, uma das principais diz respeito ao direcionamento de descentralização das decisões econômicas: onde existem consumidores em potencial para uma mercadoria específica, existe um mercado a ser explorado por um empresário. A busca por um mercado lucrativo é constante na trajetória dos empresários, pois ele tem conhecimento da necessidade que tem de vender todas as mercadorias as quais está disposto a produzir. Essa busca o levará ao sucesso de seu negócio. Sabe-se que nenhum mercado tende a ficar inexplorado por muito tempo no mundo capitalista, tendo em vista que os verdadeiros empreendedores logo vislumbram a possibilidade de lucro e se empenham em explorá-la por meio da oferta de um novo produto ou serviço. Essa é a representação de uma vantagem, já que existe uma tendência de que se existe consumidores para uma mercadoria, deverá haver empresários dispostos a oferecê-la, se existir lucro na operação. Em contrapartida, a grande desvantagem do mercado está no fato de que a sociedade não é composta somente por consumidores. Entendendo-se consumidores como aquelas pessoas que têm condições de consumir, ou seja, possuem renda para efetuar compras. Sendo assim, a pessoa que não tiver renda suficiente para adquirir as mercadorias produzidas e disponibilizadas pelos empresários é excluída do conhecido “paraíso do consumo” da sociedade capitalista. FIGURA 9 - O MERCADO FONTE: Disponível em: <http://www.cntu.org.br/cntu/_files/imagens/banco_central_crescimento_da_economia.jpg>. Acesso em: 29 abr. 2010. 25 Desse modo, percebe-se o quanto a relação mercadológica entre empresários e consumidores é limitada e não contempla os interesses de toda a sociedade, em especial diante de uma sociedade como a brasileira, que apresenta sérias dificuldades na geração de renda para todos os cidadãos. Se a população estivesse exclusivamentena dependência do mercado, teria à sua disposição somente produtos e serviços disponibilizados pelo setor privado, em departamentos no qual o lucro fosse garantido. Visando superar as deficiências do mercado e buscar corrigir os seus desvios, surge o terceiro agente econômico: o Estado. O ESTADO Desempenha um papel fundamental que visa corrigir as deficiências do mercado. Contemporaneamente, ele é um dos mais relevantes agentes econômicos e detém o poder de interferir nas relações de mercado entre consumidores e gestores de organizações. O MUNDO Em virtude do crescimento das relações comerciais entre os países, como consequência do processo de globalização, contemporaneamente o mundo pode ser compreendido como sendo um considerável agente econômico. Isso é possível a partir da compreensão do mercado externo enquanto consumidor dos produtos e serviços de um determinado país, concomitantemente ao fato das famílias poderem consumir as mercadorias que são produzidas no exterior. 1.2 SISTEMA ECONÔMICO 26 O conjunto de características particulares de cada economia é denominado de Sistema Econômico. Pode-se observar que cada país possui um tipo de propriedade adotado, dos processos de circulação das mercadorias, dos níveis de desenvolvimento tecnológico, do grau de divisão do trabalho, além de diversos outros fatores. Não existiria uma regra geral, mas sim a compreensão de que cada país tem suas peculiaridades e particularidades. Existem diferentes classificações de sistemas econômicos, mas atualmente se reconhece a existência de dois distintos, que seriam: o capitalismo e o socialismo. Cada um deles será explicado a seguir. 1.2.1 Capitalismo Observa-se que o capitalismo é o principal sistema econômico adotado pelas nações desenvolvidas e pelos países em desenvolvimento. Ele é caracterizado, dentre outras coisas, pela: Propriedade privada dos meios de produção (meios e equipamentos), Pelo trabalho assalariado, Por uma relativa liberdade dos agentes econômicos, Pela existência da livre-iniciativa empresarial, dentre outros. A sua origem está ligada ao declínio da nobreza europeia, empobrecida com os gastos das cruzadas e pelo surgimento da classe burguesa durante a Idade Média. Constata-se que esta nova classe social foi surgindo a partir de mercadores que, por volta do século XII, compravam mercadorias de artesãos e posteriormente as revendiam com uma pequena margem de lucro. Com o passar do tempo, esses mercadores descobriram que poderiam lucrar mais se criassem manufaturas e contratassem artesãos para produzir as mercadorias. Dessa forma, foi então criado o trabalho assalariado. 27 Posteriormente, observar-se que várias transformações sociais na Europa propiciaram a disseminação dos valores da sociedade burguesa, fortalecendo o seu poder político, em detrimento da nobreza e do clero. Dentre estas transformações, pode-se citar: A Reforma Protestante de 1517, na Alemanha; A Revolução Puritana de 1640; na Inglaterra; A Revolução Gloriosa de 1688; na Inglaterra; A Revolução Francesa, 1789 na França. Constata-se que tais revoluções firmaram os mecanismos políticos, jurídicos e ideológicos que garantiram à burguesia o desenvolvimento das relações capitalistas de produção e o exercício da dominação social e da hegemonia política sobre os demais segmentos da sociedade. E, paralelamente às reformas sociais, ocorreu um conjunto de transformações tecnológicas a partir de meados do século XVIII, conhecido como Revolução Industrial. Essa revolução consolidou o capitalismo, pois a inserção da máquina no processo produtivo acelerou a produção, reduziu muitos custos e ampliou os lucros da classe burguesa, fortalecendo ainda mais o seu poder. Entre o século XVIII e o início do século XX, o capitalismo foi caracterizado pelo liberalismo econômico, ou seja, uma situação na qual a interferência do governo nos assuntos econômico é mínima. Nos anos 30 foi implementada a maior mudança estrutural realizada no capitalismo em tempos recentes. Essa mudança consistia na ampliação da participação do Estado na condução dos assuntos econômicos. Tal participação foi necessária, pois a iniciativa privada sozinha não tinha condições de tirar o capitalismo da Grande Depressão. Dessa forma, o Estado passou a atuar no sentido de estimular a demanda agregada, realizando gastos públicos, criando empregos, gerando renda e estimulando o emprego. Desde então, o papel do Estado nas sociedades capitalistas tem crescido. 28 FIGURA 10 - O CAPITALISMO FONTE: Disponível em: <http://heliopaz.files.wordpress.com/2007/06/piramide_do_capitalismo.jpg>. Acesso em: 29 abr.2010. Pode-se observar que o crescimento do Estado chegou a tal ponto em alguns países e onerou de tal modo os orçamentos públicos que muitos líderes políticos atualmente defendem o seu enxugamento por meio de um processo de privatizações, ou seja, do repasse à iniciativa privada de muitas de suas atividades. O capitalismo, então, é hoje o principal sistema econômico em atividade, embora ainda existam alguns poucos países que adotem um sistema econômico alternativo conhecido por socialismo. 1.2.1.1 Mais valia 29 Compreende-se que uma das principais características do capitalismo, que o diferencia dos outros modos de produção, é a acumulação de capital. Nas sociedades escravistas ou feudais, o explorador consumia a massa de produto excedente, tomando dos produtores diretos. A produção era ainda dominada pelo valor de uso: seu objetivo é o consumo. Esta relação se modifica uma vez que o modo de produção capitalista de produção prevalece. A maior parte da mais-valia extorquida dos trabalhadores não é consumida. Ao invés disso, é investida na produção. É este processo, por meio do qual a mais-valia é reinvestida constantemente na produção, que Marx chama de “acumulação de capital”. Destaca-se, portanto, que a mais valia nasce no próprio processo de produção. Entende-se que surge do fato do trabalhador laborar mais do que o socialmente necessário, constituindo-se neste excedente não pago que o capitalista se apropria. Explica Salama (1975) que a produção da mais-valia não é mais do que a produção de valor, prolongada para além de certo ponto. Se o processo se trabalho só durar até o ponto em que o valor da força de trabalho paga pelo capital é substituído por um novo equivalente, haverá simples produção de valor, quando ultrapassar este limite haverá produção de mais valia. Portanto, conforme destaca Salama (1975), sem essa diferença os proprietários dos meios de produção não teriam interesse em comprar a força de trabalho. Compreende-se que a mais valia se extrai com maior ou menor intensidade, dependendo da correlação de forças das classes trabalhadoras, num estágio específico do desenvolvimento capitalista. Exemplificando, tem-se que, em um dia de trabalho de 8 horas, o trabalho de 4 horas baste para compor o valor total do salário a ser pago pelo proprietário dos bens de produção pelas 8 horas. As demais 4 horas passam a ser apropriadas. A mais-valia, nos dizeres de Santos (2000), constitui-se, portanto, na forma peculiar de existência do trabalho excedente no modo de produção capitalista. Santos (2000) ainda adverte que a exploração não é nada anormal, mas sim, um típico resultado do funcionamento regular do modo de produção capitalista. Ela surge da diferença entre o valor criado pela força de trabalho e o valor da própria força de trabalho. Apropriando dos escritos de Marx, evidencia-se que existam dois meios pelos quais os capitalistas podem aumentar a taxa de mais-valia. O primeiro, produção de mais-valia absoluta, criada pelo aumento da jornada de trabalho, sendo comum a todos os modos de produção. Quanto a esta exploração da mais valia,adverte Santos (2000), existem limites objetivos que passam a se apresentar. 30 Seriam os limites físicos (porque se o operário trabalha durante muito tempo, não pode descansar o suficiente que dê para refazer sua força na forma devida e isso irá produzindo um esgotamento intensivo, logo, uma baixa no rendimento, o que não interessa ao patrão); assim como os limites históricos (na medida em que o capitalismo foi se desenvolvendo, a classe operária também se desenvolveu, se organizou e começou a lutar contra a exploração capitalista. Por intermédio de árduas lutas a classe operária foi conseguindo reduzir a jornada de trabalho, obrigando o capitalista a buscar outras medidas para aumentar a mais-valia). O segundo, a mais-valia relativa, que é específico do capitalismo. Um aumento na produtividade do trabalho levará a uma queda no valor das mercadorias produzidas. Se alguma melhoria técnica nas condições de produção barateia os bens de consumo que os trabalhadores compram com seus salários, então o valor da força de trabalho também cai. Menos trabalho social será necessário para reproduzir a força de trabalho e a porção da jornada de trabalho dedicada ao trabalho necessário cairá, deixando mais tempo gasto criando mais-valia. FIGURA 11 - MAIS VALIA FONTE: Disponível em: <http://misshalliday.files.wordpress.com/2009/07/trabalho.jpg>. Acesso em: 30 abr. 2010. 31 Marx enfatiza que o propósito das constantes transformações do processo de trabalho no capitalismo é de aumentar a taxa de exploração por meio da produção de mais-valia relativa: para ele, igual a qualquer outro desenvolvimento da força produtiva do trabalho, ela (a maquinaria) se destina a baratear mercadorias e encurtar a parte da jornada de trabalho que o trabalhador precisa para si mesmo. Assim sendo, a maquinaria constitui-se como meio de produção de “mais-valia". Em suma, segundo Marx, a exploração do trabalhador decorre da lógica do sistema: para o detentor dos meios de produção vencer a concorrência entre os demais produtores e obter lucros para novos investimentos, ele utiliza-se da mais-valia, que constitui a verdadeira essência do capitalismo. Sem ela, este não existe, mas a exploração do trabalho acabaria por levar, por efeito da tendência decrescente da taxa de lucro, ao colapso do sistema capitalista. 1.2.2 Socialismo A filosofia liberal, difundida na Europa pelas ideias dos econômicos clássicos (Adam Smith e seus seguidores), favoreceu a classe burguesa, proprietária dos meios de produção. Porém, os abusos do livre mercado fomentaram ideias a respeito de uma nova organização social. Se o capitalismo era um modelo de estrutura econômica que explorava boa parte da classe trabalhadora, não lhe garantindo condições adequadas de vida, muitas pessoas começaram a se perguntar se não haveria um modelo melhor de organização econômica. 1.2.2.1 Fundamentos ideológicos 32 Karl Marx e Friedrich Engels são os fundadores do socialismo científico. Partiram de um aprofundado estudo das relações capitalistas de produção, para propor a sua destruição por meio da ação revolucionária dos trabalhadores. Eles se autointitulavam comunistas, para que fossem diferenciados dos socialistas utópicos, pois estes, ao invés da tomada do poder pela força por meio de uma revolução, acreditavam que a sociedade poderia ser gradualmente reformada por meios legais. Para Marx, o capitalismo era um modelo injusto e ultrapassado de organização econômica da sociedade. A fonte das injustiças dentro do capitalismo estava na propriedade privada dos meios de produção, ou seja, das máquinas e equipamentos. O trabalhador, por não deter a propriedade de nenhum meio de produção (instrumento de trabalho), não tem como produzir riquezas, portanto, não tem como garantir o seu sustento sozinho. 33 FIGURA 12 - SOCIALISMO FONTE: Disponível em: <http://fiepb.com.br/images/noticias/3274/image/economia.jpg>. Acesso em: 30 abr. 2010. Em razão disso, ele fica à mercê do capitalista. O trabalhador vende ao capitalista a sua única propriedade, que é a sua força de trabalho, os seus músculos, em troca de um salário. Assim, ao utilizar os meios de produção do capitalista, o trabalhador cria valor ao empresário, mas este não o remunera de forma integral. O salário pago pelo empresário ao trabalhador será apenas o montante necessário para a sua reprodução, ou seja, a reprodução da força de trabalho. Consequentemente, apenas parte da riqueza gerada pelo trabalhador, no ambiente de trabalho, lhe é devolvida na forma de salário. O excedente é apropriado pelo capitalista. A esse valor criado pelo trabalhador e não pago a ele, Marx denominou de Mais Valia. E é dessa mais valia que o trabalhador extrai seu lucro. Para Marx, a expropriação de mais valia é injusta. Com isso, na compreensão do teórico, o capitalismo é injusto em sua essência. E esse modelo injusto de sociedade deve ser eliminado justamente por aqueles que são oprimidos por ele. 34 Para Marx, existiriam condições técnicas e materiais para a implementação de um modelo mais justo e superior de sociedade. O proletariado seria o agende dessa mudança. Por meio de sua união, os trabalhadores tomariam a força o aparato do Estado e o utilizariam para a destruição das instituições capitalistas. Posteriormente seria realizada a coletivização dos meios de produção e, finalmente, após a implantação de uma sociedade igualitária sem classes sociais, a figura do Estado poderia desaparecer, já que não haveria mais tensões sociais a serem controladas. FIGURA 13 - MARX & ENGELS FONTE: Disponível em: <http://fiepb.com.br/images/noticias/3274/image/economia.jpg>. Acesso em: 30 abr. 2010. 1.2.3 Convergência dos Sistemas Econômicos 35 Às vésperas da quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque, em outubro de 1929, o mundo era claramente dividido em dois sistemas econômicos distintos. Por um lado se tinha o capitalismo liberal, no qual as decisões econômicas eram tomadas quase que exclusivamente pelo mercado e pelos agentes econômicos que nele atuavam, ou seja, famílias e empresas, sendo que as últimas detinham muito mais poder. Por outro lado, existia a proposta de um sistema socialista, implementado inicialmente na Rússia, e que, posteriormente, espalhou-se pela Ásia e pela Europa oriental, caracterizado pela concentração das decisões econômicas na mão do Estado. Segundo dados e pesquisas é possível atualmente observar que ambos os sistemas possuem suas limitações. O capitalismo liberal tende a gerar uma concentração de renda nos países onde é implementado, levando a crises de superprodução. Além disso, esse modelo de capitalismo não se preocupa com questões sociais e exclui do consumo todas aquelas pessoas que não têm renda suficiente para pagar pelas mercadorias serviços que são fornecidos. Da mesma forma, o socialismo tradicional, cujas decisões econômicas são tomadas por um poder central, também tem seus problemas. O aparato administrativo-burocrático tende a ficar muito grande e ineficiente, sujeito a formar “ilhas” de poder e privilégios. Muitas das suas decisões acabam sendo equivocadas, levando a desperdícios no processo produtivo. A horizontalização das classes sociais leva muitos trabalhadores a perder o estímulo pelo trabalho, reduzindo sua produtividade. Como não existe a iniciativa privada, não há preocupação com a concorrência. Consequentemente, não existe incentivo à apropriação dos processos produtivos e à adoção de novas tecnologias. Em diferentes experiências é possível observar que os sistemas econômicos tendem a uma convergência. Enquanto que as economias capitalistas liberais aceitam a crescente participação do Estado nas decisões econômicas; países de economia planificada, centralizada não mãodo Estado, aceitam a crescente participação da iniciativa privada nas decisões econômicas. 1.3 MICROECONOMIA E MACROECONOMIA 36 1.3.1 A Microeconomia A microeconomia estuda os fatores que determinam o preço relativo de bens e insumos. Procura compreender de que forma o comportamento (escolhas) de indivíduos e empresas determinam o preço relativo de bens e serviços. Assim sendo, a microeconomia se concentra no estudo de como a demanda e oferta de determinado bem ou serviço determina o seu preço. 1.3.2 A Macroeconomia A macroeconomia estuda a economia como um todo, isto é, no seu aspecto agregado. Assim sendo, ela se concentra no estudo das variáveis agregadas de um país, tais como: Inflação, Desemprego. Demanda agregada; Oferta agregada; Produto, Renda, dentre outros. 1.4 A LEI DA OFERTA E DA DEMANDA 37 Um dos objetivos principais do estudo da economia, delimitado na macroeconomia, é compreender o comportamento dos agentes econômicos no mercado. Para tanto, ela irá investigar as ações dos consumidores ao procurarem mercadorias para consumo no mercado e as ações dos empresários no processo de produção de bens e serviços para venda. Tem-se então a lei da oferta e da demanda. FIGURA 14 - LEI DA OFERTA E DEMANDA FONTE: Disponível em: <http://www.geracaointernet.com/wp-content/uploads/2008/09/sem- titulo1.jpg>. Acesso em: 30 abr. 2010. 1.4.1 Lei da Demanda A demanda por determinada mercadoria ou serviço representa a quantidade que os consumidores estão dispostos e aptos a adquirir em função do seu preço. Na medida em que o preço sobe, existe uma tendência dos volumes consumidores em diminuírem e vice-versa. É possível observar que, na medida em que o preço aumenta, as quantidades procuradas tornam- 38 se menos expressivas. Quanto mais altos os preços, menores são as correspondentes quantidades procuradas. As principais razões desse tipo de comportamento são: - os preços constituem um obstáculo aos consumidores: quanto mais alto menor será o número de consumidores aptos e interessados a adquirir a mercadoria; - efeito substituição: quando o preço de determinado produto aumenta, os consumidores tendem a procurar por um produto similar, cujo preço não tenha aumentado; - utilidade marginal: quanto maiores forem as quantidades disponíveis de um produto qualquer, menores serão os graus de sua utilidade marginal. 1.5 ELASTICIDADE O conceito de elasticidade tem por objetivo medir os diferentes níveis de sensibilidade da procura e da oferta em relação ao preço. 1.5.1 Elasticidade da Procura Na medida em que os preços de determinada mercadoria aumentam, ocorre a tendência de que seu consumo venha a diminuir. Porém, a proporção da diminuição do consumo em função de aumentos de preços é diferente de mercadoria para mercadoria. Em algumas situações, uma pequena elevação dos preços reduz dramaticamente o consumo da mercadoria. 39 Em outras situações, mesmo elevações significativas dos preços não afetam muito a quantidade consumida. E, ainda, existem casos no qual as variações dos preços afetam as quantidades consumidas de maneira proporcional. Este efeito dos preços sobre a procura é mensurado pela Elasticidade-Preço da Procura, que mede a sensibilidade da quantidade procurada em função da variação de preço. 1.5.1.1 Fatores que influenciam a elasticidade-preço da procura a) a existência ou não de substitutos perfeitos para o produto: os produtos que não têm substitutos ou similares tendem a possuir uma curva de procura caracteristicamente inelástica, mas à medida que passam a existir substitutos, o grau de elasticidade-preço tende a aumentar. b) a participação do produto no orçamento familiar e a periodicidade com que é adquirido: produtos relativamente baratos e que são obtidos com pouca frequência tendem a ter uma curva de procura inelástica, mas à medida que sua participação no orçamento familiar sobe, o grau de elasticidade tende a aumentar. c) A essencialidade do produto: os bens considerados essenciais à subsistência tendem a ter uma curva de procura menos elástica do que os bens considerados supérfluos. 1.5.2 Elasticidade da Oferta 40 Conforme já visto, os empresários sentem-se motivados a ofertar determinada mercadoria à medida que seus preços aumentam. Porém, a proporção do aumento da produção em função de aumentos de preços é diferente de mercadoria para mercadoria. Esse efeito dos preços sobre a procura é medido pela Elasticidade-preço da Oferta. Portanto, a Elasticidade- Preço da Oferta mede a sensibilidade da quantidade ofertada em função da variação de preço. 1.5.2.1 Tipos de elasticidade-preço da oferta a) Oferta Elástica: o aumento relativo das quantidades ofertadas é mais do que proporcional ao incremento relativo dos preços. b) Oferta de Elasticidade Unitária: o aumento das quantidades ofertadas é proporcional ao aumento relativo dos preços. c) Oferta Inelástica: o aumento relativo das quantidades ofertadas é proporcionalmente menor ao incremento relativo dos preços. 41 FIGURA 15 – ECONOMIA FONTE: Disponível em: <http://webpendrive.files.wordpress.com/2009/03/economia_gastos.jpg>. Acesso em: 30 abr. 2010. 1.6 FLUXOS E ESTOQUES A inter-relação entre os agentes econômicos pode ser resumida por meio de um esquema denominado de Fluxo Circular de Renda. As unidades de Produção ou Empresas são os locais em que os recursos produtivos são reunidos em combinações adequadas para a produção de bens e serviços. Obviamente, as famílias não cedem seus recursos produtivos de graça para as unidades de produção. Elas exigem, em troca, uma remuneração, e cada recurso produtivo têm a sua remuneração específica. Grande parte das unidades familiares será proprietária unicamente de sua mão de obra e, portanto, receberá como remuneração apenas o salário. Porém, algumas famílias serão proprietárias de terras, outras de instalações, algumas contribuirão com dinheiro e outras com máquinas e equipamentos ou mesmo com a sua capacidade empresarial. 42 FIGURA 16 - FLUXO REAL E MONETÁRIO FONTE: Disponível em: <http://www.doceshop.com.br/blog/wp- content/uploads/2008/08/fluxo_de_caixa_bola_de_crital.jpg>. Acesso em: 30 abr. 2010. 1.6.1 Fluxo real e Fluxo Monetário As remunerações pagas pelas Unidades Produtoras criam renda para as famílias. As famílias, por sua vez, têm necessidades que precisam ser satisfeitas pelo consumo de mercadorias produzidas pelas Unidades Produtoras. As unidades produtoras entregam os bens e serviços às famílias mediante o pagamento adequado. Portanto, podem-se identificar dois fluxos principais entre as famílias e as unidades de produção. O primeiro fluxo é conhecido como o Fluxo Real, que representa, por um lado, o envio dos recursos produtivos das famílias para as empresas e, por outro, o envio das mercadorias (bens e serviços) das empresas para as Unidades Familiares. Paralelamente a esse fluxo tem-se o Fluxo Monetário, que representa o envio de recursos financeiros das Unidades de Produção para as Unidades Familiares, como remuneração pelos recursos produtivos fornecidos anteriormente. 43 Além disso, são representados os fluxos financeiros das Unidades Familiares para as Unidades de Produção, decorrentes do pagamento pelas mercadorias (bens e serviços) consumidas. 1.6.2 Inter-relação do Fluxo Real e Monetário A relação entre dois grandes agentes econômicos – famílias e empresas – se dá no mercado. Existem também dois tipos distintos de mercados, decorrentes do funcionamento conjunto dos Fluxos Real e Monetário. O primeiro deles é o Mercado de Recursos de Produção. Esse mercado é olocal em que as unidades familiares ofertam seus recursos disponíveis e que as unidades de produção as procuram. O segundo tipo de mercado é o de Bens e Serviços. Aí, as unidades de produção exercem a função de oferta e as unidades familiares, a de procura. 1.7 PARTICIPAÇÃO DO ESTADO NA ECONOMIA Em 1776, quando a Economia atingiu o status de ciência, por meio da publicação de Adam Smith, os economistas clássicos acreditavam no Liberalismo Econômico, ou seja, a livre concorrência e a não intervenção do Estado na atividade econômica. A premissa era de que a interferência em demasia por parte do Estado seria prejudicial aos negócios. Atualmente, os vários escândalos envolvendo corrupção e desvio de dinheiro público fazem com que muitos empresários e consumidores acreditem que Smith estava certo: a intervenção na economia era dispensável porque ela seria autoajustável. Em virtude da 44 descentralização das decisões econômicas, o economista defendia que as forças do mercado, que são reguladas pela livre concorrência, além de se configurarem como suficientes para atender as necessidades da sociedade, forneciam o melhor conjunto de produtos e serviços. A partir dessa concepção, qualquer interferência que houver, seja qual fosse sua abrangência, poderia prejudicar o equilíbrio de mercado e, em decorrência, a alocação ótima de recursos produtivos. Nesse sentido, acredita-se, conforme o liberalismo econômico defendido por Smith, que os agentes econômicos são livres para efetivarem as ações que acharem mais adequadas. Os empresários são considerados livres para decidir sobre o que irão produzir, para quem, que preço irão cobrar, qual salário será pago ao seu funcionário, qual jornada de trabalho diária será imposta para seu trabalhador. Já o consumidor apresenta sua liberdade de comprar ou não determinada mercadoria. Enquanto o trabalhador exibe a liberdade de aceitar os baixos salários e condições subumanas de trabalho que lhe são impostas ou ficar desempregado e sem renda. O poder de barganha do empresário apresenta-se muito maior do que o poder do consumidor e do trabalhador, diante do cenário envolto por esse jogo de liberdades. Foi assim que o liberalismo econômico atingiu suas vítimas. Ou seja, degradou a condição de vida dos trabalhadores europeus durante o século XIX. Existem relatos de casos extremos de jornadas de trabalho de 18 horas diárias. Nesse período, não havia nenhum tipo de assistência ou previdência social. O capitalismo sem controle do estado acabou gerando uma tendência à concentração de renda, desencadeando várias crises de superprodução na economia europeia. Esse cenário surge quando os consumidores não possuem condições financeiras, ou melhor, renda suficiente para adquirir as mercadorias que foram produzidas pelas organizações. A superprodução gera um excesso de oferta, há produtos parados nos estoques, encerra-se a produção e, com isso, aprofunda-se a crise. Isso quer dizer que em virtude da extrema concentração de renda, grande parte da sociedade não apresenta condições de consumir um volume que seja suficiente para garantir o lucro para as empresas. Não há demanda suficiente e capaz de consumir tudo o que foi produzido. Nessa situação, a concentração de renda extremada não gera prejuízos somente para os consumidores e trabalhadores, mas também para os próprios empresários, já que não encontram maneiras de vender as mercadorias produzidas e adquirir lucro. Foi justamente diante 45 desse quadro paralisante que surgiu a intervenção do Estado, incrementado seu papel na sociedade, por meio da ampliação de sua interferência nas questões econômicas, transformando-se em um agente econômico ativo. O capitalismo passou por muitas crises econômicas. E a maior delas foi a conhecida “Grande Depressão” ocorrida nos anos 30, que teve seu ápice com a queda da Bolsa de Nova Iorque em 24 de outubro de 1929. Naquele momento histórico, acreditando que o mercado se autoajustava, os economistas e líderes políticos nada fizeram para cessar a crise. FIGURA 17 - ECONOMIA FONTE: Disponível em: <http://fiepb.com.br/images/noticias/3274/image/economia.jpg>. Acesso em: 30 abr. 2010. Os economistas da época, em verdade, nem sabiam como resolver os efeitos devastadores da Grande Depressão. E, para piorar a situação, no momento em que grande parte das empresas começou a encerrar as atividades e fechar as portas, o governo passou a 46 receber consideravelmente menos arrecadação tributária, o que o levou a aumentar a arrecadação de impostos, gerando elevação profunda da crise. O economista inglês John Maynard Keynes indicou uma solução por meio da publicação de seu livro intitulado “A Teoria geral do Emprego do Juro e da Moeda”. Em seus escritos, Keynes defendia o incremento da participação do Estado na condução dos assuntos referentes à economia dos países. Ele considerava que os empresários sozinhos não conseguiriam tirar os países da depressão. Dessa maneira, a participação do Estado torna-se fundamental. Para o economista, o Estado teria que assumir o papel de estímulo à Demanda Agregada, que significa o consumo total do país. A estratégia a ser pelo Estado seria a realização de empréstimos e realizando gastos públicos. No transcorrer da década de 30, os líderes políticos permaneceram acreditando em Adam Smith, potencializando a espera para que o mercado se autoajustasse. Durante esse período de autoajuste, a depressão ocasionou várias mortes de pessoas em virtude da fome. Foi com a Segunda Guerra Mundial que emergiu a solução keyniana. Ou seja, ao iniciar a conflagração entre as potências mundiais, os governos dos países envolvidos passaram a investir de forma bastante acentuada na indústria de armas, comportamento que foi essencial para o término do desemprego. Com o fim da Segunda Guerra Mundial os países capitalistas começaram a adotar as ideias de Keynes. E, dos anos 40 até os dias de hoje, percebe-se amplo aumento do papel do Estado na condução dos assuntos econômicos. Atualmente é esperado que o Estado combata a inflação, gere condições para a geração de empregos, potencialize saúde e educação pública de qualidade, saneamento, construção e pavimentação de rodovias, etc. Surgiu nos países europeus o Estado de Bem-Estar Social, que representa um Estado que fornece todos os serviços ao cidadão, visando que ele tenha condições dignas de vida, ainda que não possua renda suficiente para contratar os serviços da iniciativa privada. Nos países onde há o “Estado de Bem-Estar Social” o Estado passou a ser um concorrente da iniciativa privada, inclusive sendo monopolizador em alguns setores e serviços, sendo o único fornecedor, sem dar oportunidade para a atuação do setor privado. 47 2 BREVE HISTÓRICO DA EVOLUÇÃO DA MOEDA Podem-se delimitar várias etapas no processo de evolução da moeda, que seriam: a) Povos Nômades: antes de desenvolverem as técnicas de agricultura, as comunidades humanas não se fixavam. Nessa época, a acumulação de bens não era incentivada, pois dificultaria o deslocamento. b) Escambo: após o surgimento da agricultura e a consequente fixação do ser humano, a acumulação de bens passou a ser possível. Além disso, o excedente agrícola passou a ser trocado entre os diversos produtores. A esta relação de troca sem o uso de moedas é dado o nome de Escambo. c) Mercadorias-Moeda: em função da dificuldade encontrada pelas pessoas que queriam trocar diferentes artigos através do escambo, logo surgiram algumas mercadorias que passaram a ser utilizadas como instrumento de troca (moeda). Essas mercadorias necessitavam apresentar algumas características, tais como: - durabilidade; - facilidade de transporte; - utilidade, - possibilidade de serem fracionadas, etc. Algumas mercadorias utilizadas como moeda foram: - sal(salário). - conchas; - grãos; - peixe seco, - tabaco, - peles de animais; 48 d) Metalismo: com o passar dos tempos, os metais foram se apresentando como as mercadorias ideais para o uso como moeda. Não apodreciam, podiam ser divididos, eram homogêneos, não envelheciam e eram relativamente raros, o que lhes conferia maior valor. No transcorrer dos tempos, o Ouro e a Prata assumiram lugar de destaque nos diferentes povos, pois foram associados com o Sol e a Lua. Além disso, não enferrujavam como outros metais. FIGURA 18 - MOEDA METAL FONTE: Disponível em: <http://www.doceshop.com.br/blog/wp- content/uploads/2008/02/moedas_moedas_monte_diversas_real.jpg>. Acesso em: 30 abr. 2010. e) Cunhagem: para evitar problemas de impureza no metal e falsificações, os metais passaram a ser fundidos e cunhados em lingotes padronizados ou no formato de moedas, nas quais o peso e a pureza eram assegurados. Diz a história que as primeiras moedas foram cunhadas na Lídia (atual Turquia) em aproximadamente 600 a. C. Elas possibilitaram o surgimento do comércio e dos mercados. f) Papel-Moeda: os primeiros anos realizavam um serviço de guarda da moeda metálica. Emitiam um certificado de depósito e cobravam uma pequena taxa pela guarda dos 49 valores. Em um primeiro momento, esses certificados eram nominais, mas com o tempo, passaram a ser ao portador. Como o portador do certificado, poderia, a qualquer tempo, retirar os depósitos em moeda metálica dos bancos, as pessoas, de modo geral, começaram a utilizar os próprios certificados bancários para a realização de negócios de compra e venda. Como confiavam nos bancos, só eventualmente resolviam retirar os seus depósitos em moedas metálicas. Esta é a origem do papel-moeda. No início os bancos sempre se preocupavam em manter lastro em metal. Porém, com o passar do tempo, os bancos perceberam que nem todas as pessoas resolvem retirar os seus depósitos ao mesmo tempo. Por isso, os bancos passaram a emitir certificados de depósito em um valor superior ao realmente depositado em seus cofres, ou seja, um lastro. Eles faziam isso, pois, quanto mais emprestassem, mais juros poderiam cobrar de seus clientes. Por isso foram tentados a emprestar muito além de suas reservas. g) Papel-Moeda: como muitos bancos privados acabavam quebrando, por emitir certificados muito além de seus lastros, a tarefa de emissão de moeda passou a ser centralizada por um Banco Central, sob o controle do governo. Esta é, então, a origem do papel-moeda. Os primeiros bancos a realizarem as funções de um Banco Central foram o Banco da Suécia, criado em 1668, e o Banco da Inglaterra, fundado em 1694. Durante muito tempo os Bancos Centrais só emitiam moeda lastreada, isto é, com reservas equivalentes de ouro em seus cofres. FIGURA 19 – PAPEL-MOEDA FONTE: Disponível em: <http://www.infoescola.com/files/2009/08/1-50e8586766.jpg>. Acesso em: 30 abr. 2010. 50 h) Moeda Escritural: consiste na forma mais recente de moeda (cheques, cartões de crédito, dinheiro eletrônico, dentre outros) com a qual as transações são feitas sem a necessidade do uso da moeda. O valor da transação é debitado e creditado em diferentes contas correntes. FIGURA 20 - MOEDA ESCRITURAL FONTE: Disponível em: <http://www.infoescola.com/files/2009/08/1-50e8586766.jpg>. Acesso em: 30 abr. 2010. i) Moeda Fiduciária: não é propriamente um tipo de moeda, mas sim uma característica das moedas atuais. Fidúcia, em latim significa confiança. Dessa forma, a moeda fiduciária é uma moeda cujo valor depende da confiança que a população de modo geral tem nela. Atualmente, o valor das moedas não depende mais do lastro em ouro. A moeda não é mais conversível em outro. O seu valor depende da aceitação da moeda pela sociedade e de sua confiança na solidez das instituições monetárias. 51 2.1 AS FUNÇÕES DA MOEDA Pode-se definir que a moeda possui três funções básicas, que seriam: a) Instrumento de trocas: essa é a função primordial da moeda. Ela foi criada para ser um mecanismo de facilitação das trocas entre os diversos agentes da atividade econômica. b) Denominador comum de valores: por meio da moeda é possível comparar os valores de diferentes mercadorias. Tudo em nossa sociedade, que é objeto de compra e venda, tem o seu valor quantificado em unidades monetárias. Até mesmo o PIB, que mensura a produção total de bens e serviços ao longo de um ano, é quantificado em unidades monetárias. c) Reserva de valor: a moeda também pode cumprir a função de reserva de valor, embora ela não cumpra essa função de maneira ideal. Quanto maior for a inflação de um país, mais rapidamente a moeda perde valor; consequentemente, pior será a sua capacidade de reserva de valor. Porém, mesmo assim, pelo fato de ter liquidez imediata, ou seja, por sua capacidade de ser universalmente aceita e trocada por outro produto, as pessoas decidem manter parte de sua renda na forma de moeda. 52 FIGURA 21 - FUNÇÕES DA MOEDA FONTE: Disponível em: <http://endinheirado.files.wordpress.com/2007/10/nota_moeda.jpg>. Acesso em: 30 abr. 2010. 2.2 MOTIVOS PARA RETIRAR MOEDA Observa-se que os economistas clássicos acreditavam que a moeda tinha apenas a função de meio de troca (além de denominador comum de valores). Isso significa que, na visão deles, a moeda era uma representação da riqueza, criada para facilitar a troca da riqueza real (bens, mercadorias, serviços, etc.) entre os vários integrantes da sociedade. Não havia motivo, segundo os clássicos, para o entesouramento de moeda, ou seja, manter moeda manual papel- moeda para fins de reserva de valor. Caso o indivíduo não fizesse uso da moeda para adquirir uma mercadoria, este se sentiria motivado a aplicá-la em títulos para obter remuneração financeira. Portanto, os recursos 53 poupados seriam automaticamente convertidos em investimentos. Para Keynes, apesar de não ser um instrumento ideal para a reserva de valor, muitas pessoas decidem manter a moeda por três principais motivos, que seriam: a) Motivo de transação: as pessoas preferem manter parte de sua renda no formato de moeda manual para pagar as contas do dia a dia e adquirir os bens e serviços para atender as suas necessidades. Quanto maior a renda do indivíduo, mais moeda ele tende a reter para a transação. b) Motivo de precaução: as pessoas também decidem manter parte de sua renda na forma de moeda para se precaverem contra imprevistos, como doenças, acidentes, desemprego, dentre outros. Quanto maior a renda, maior o volume de moeda retida para precaução. c) Motivo Especulação: para Keynes, o público também pode reter moeda para especular. A moeda tem a grande vantagem de ter liquidez imediata, ou seja, é aceita universalmente para troca por mercadorias. Porém, a moeda tem a desvantagem de não render juros. Já os títulos rendem juntos, mas não tem a mesma liquidez. Dessa forma, o indivíduo irá optar entre títulos ou moedas, em função da taxa de juros. Se os juros estiverem muito elevados, existe uma tendência de boa parte do público investir em títulos. Porém, à medida que a taxa de juros cai, a quantidade de pessoas que prefere manter a moeda, aumenta. Dessa forma, é possível concluir que a demanda por moeda é diretamente proporcional à renda e inversamente proporcional à taxa de juros. Quanto maior a renda, maior a demanda por moeda e quanto maior a taxa de juros, menor a demanda por moeda. 54 FIGURA 22 - RETIRADA DE MOEDAS FONTE: Disponível em: <http://circuitosaladearte.files.wordpress.com/2009/10/dinheiro_real.jpg>. Acesso em: 30 abr. 2010. 2.3 INFLAÇÃO Podem-se observar diferentes definições para a inflação, mas a mais concisa e cara define-a comoa elevação contínua do nível de preços, isto é, uma taxa ininterrupta de crescimento dos preços em um período determinado. Assim sendo, com o aumento de preços, por uma única vez, não pode ser considerada inflação. Para assim ser considerado, deve-se haver um aumento contínuo, mesmo que este não seja de igual magnitude ao longo do tempo. Pode-se observar que existem diferentes causas para o fenômeno inflacionário e outras observações em torno deste, que podem ser estudadas esquematicamente nos itens a seguir. 55 2.3.1 A natureza do Fenômeno Constata-se que existem diversas explicações referentes ao fenômeno inflacionário, sendo classificados segundo as diferentes escolas do pensamento econômico. Dessa forma, os monetaristas e neoliberais atribuem sua origem a um fenômeno monetário de excesso de liquidez, motivada principalmente pelas necessidades de financiamento do governo central (ROSSETTI, 2005). Assim sendo, os recursos líquidos do sistema econômico classificam-se pela sua origem como oferta monetária, igual a crédito interno líquido mais reservas internacionais líquidas. Ante a ausência destas últimas, só é possível financiar com a emissão de moeda. E, toda a vez que esta emissão não seja acompanhada por um aumento da oferta de produtos de natureza interna ou externa, essa emissão será inorgânica, isto é, será de natureza superficial e se traduzirá diretamente no aumento dos preços. Embora existam outras razões que possam explicar a origem do fenômeno inflacionário, atribui-se à questão monetária uma das principais raízes. A inflação, a princípio, consiste no aumento generalizado dos preços. Porém, ela também pode ser entendida como a perda de valor da moeda. A inflação costuma ser resultante de um desequilíbrio entre demanda e oferta. Quando a demanda está em equilíbrio com a oferta, os preços tendem a permanecer estáveis. Quando a demanda é superior à oferta, os preços sobem, gerando a inflação. Quando, eventualmente, a oferta é maior do que a demanda, os preços tendem a cair, gerando a deflação. Portanto, a inflação é uma situação na qual a procura por parte dos consumidores supera a oferta por parte dos empresários. E essa situação pode se originar a partir de duas situações diferentes: ou por uma elevação da demanda ou por uma redução da oferta. 56 FIGURA 23 – INFLAÇÃO FONTE: Disponível em: <http://www.radiocapital.am.br/Upload/Noticia/Imagem/infla%C3%A7%C3%A3o_18707.jpg>. Acesso em: 30 abr. 2010. 2.3.2 Tipos de Inflação Podem-se observar diferentes tipos de inflação. Dentre elas, destacam-se: a) Inflação de Demanda Ocorre quando os consumidores, por algum motivo, elevam o consumo de mercadorias. Quando isso ocorre, eles terão de disputar entre si as poucas mercadorias disponíveis para a venda. E o empresário normalmente decide vender para aquele que se dispor a pagar mais pela mercadoria escassa. Daí a razão dos preços subirem. Para se combater este tipo de inflação, torna-se necessário aumentar a oferta ou diminuir a demanda. Como dificilmente 57 a oferta pode ser elevada no curto prazo, geralmente, o governo acaba optando pela segunda alternativa. b) Inflação de custos É o tipo de inflação que acontece quando a demanda permanece estável, mas os custos de produção do empresário se elevam. Essa elevação pode ocorrer ou por uma elevação dos salários, nos preços dos insumos ou, ainda, por um encarecimento das fontes de energia. Toda elevação de custos implica numa redução do incentivo ao empresário em produzir determinada mercadoria, caso ele não possa repassar integralmente a elevação dos custos ao consumidor. Dessa forma, tende a ocorrer uma redução da oferta da mercadoria. Com a queda na produção, a mercadoria fica mais escassa e chegará ao consumidor final por um preço mais elevado. Constata-se que o combate a este tipo de inflação é ainda mais difícil. Ele, em parte, pode ser conseguido com a redução das margens de lucro das empresas, mas nem todas estarão dispostas a fazê-lo. Uma alternativa seria a busca de fontes de energia ou insumos que também não estão sempre disponíveis. c) Inflação inercial Consiste numa situação especial, na qual a inflação não é necessariamente gerada por uma demanda muito elevada ou por uma oferta reduzida. Também é conhecida como inflação psicológica. Ela ocorre quando a população de modo geral acredita que os preços irão continuar subindo. Essa crença se deve a um processo conhecido por indexação da economia. Indexar significa atrelar preços, salários, contratos, aluguéis, dentre outros, a determinados índices de mensuração da inflação (IGP-DI, IGP-M,IPA-DI,INCC,INPC,IPCA, etc.). Constata-se que indexação da economia é um recurso utilizado quando a inflação se torna crônica em um determinado país. O seu objetivo então é louvável. Pela indexação de contratos, preços, aluguéis e salários, as perdas decorrentes da desvalorização da moeda são minimizadas. O grande inconveniente é que a inflação passada serve de parâmetro para o aumento de preços futuros, mesmo que as causas originais de elevação de preços (elevação da demanda ou redução da oferta), já detenham desaparecido. 58 Com isso, a inflação se retroalimenta, gerando muitas vezes uma tendência de crescimento exponencial, que pode culminar num processo hiperinflacionário, como ocorreu no Brasil no ano de 1993, quando a inflação chegou a 2,491% ao ano. Constata-se que a inflação crônica brasileira forçou o país a mudar várias vezes o seu padrão monetário. Em um período pouco superior a oito anos (de fevereiro de 1986 a julho de 1994) o Brasil mudou cinco vezes de moeda. Por várias vezes foi necessário eliminar “zeros” da moeda e, ocasionalmente, os centavos eram extintos. FIGURA 24 – INFLAÇÃO FONTE: Disponível em: <http://www.portalquadrangularbrasil.com.br/portalquadrangular/images/economia/dinheiro_e_inf lacao.jpg>. Acesso em: 30 abr. 2010. 2.3.3 Consequências da Inflação Para se combater a inflação faz-se uso da redução dos gastos públicos (para diminuir a demanda agregada). Muitos políticos chegam a propor que a existência de uma pequena 59 inflação seria benéfica ao país, pois possibilitaria uma ampliação dos níveis de emprego. Com essa argumentação, tais políticos tentam justificar aumentos nos gastos do governo. FIGURA 25 – INFLAÇÃO FONTE: Disponível em: <http://1.bp.blogspot.com/_ywSvQZuuiEw/SGoW75TdPCI/AAAAAAAAD-I/lHZXqnCr2G8>. Acesso em: 30 abr. 2010. Porém, mesmo assim as nações do mundo têm decidido que vale à pena combatê-la, pois os males por ela provocados são ainda piores. Dentre estes males, exemplifica-se: a) Desequilíbrios na distribuição de renda Uma inflação elevada prejudica ainda mais a distribuição de renda no país, pois a classe média e a classe alta têm condições de se proteger contra os piores efeitos da inflação. Como estas classes sociais têm acesso aos serviços bancários, seus investimentos e seu 60 patrimônio ficam protegidos da desvalorização monetária e da própria indexação da econômica. O grande prejudicado é o trabalhador de baixa renda e baixa qualificação. Este, por ignorância, ou por falta de acesso aos serviços bancários adequados, tem o valor de seu salário (que já é reduzido) corroído pelos efeitos da elevação de preços. Este processo distancia ainda mais os ricos e pobres. b) Imposto inflacionário Observa-se que a inflação pode também funcionar como um imposto disfarçado. Quando as despesas do governo são muito superiores às suas receitas, ele pode cobrir a diferença emitindo moeda. Isso é adequado ao governo, pois ele cria uma receita artificial para pagar suas dívidas. Porém, a emissão de moeda gera inflação e a inflação corrói o calor do salário do trabalhador. Em razão disso, a inflação
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