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Trabalho Pedagogia/ Desafios para sua organização coletiva e articulada

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O TRABALHO PEDAGÓGICO da ESCOLA: desafios para sua organização 
coletiva e articulada 
 
 
Autora: Sandra Ramos Prates¹ 
Orientadora: Isabel Cristina Ferreira² 
 
Resumo: 
 
 
Este artigo tem como proposta relatar o processo vivenciado no Programa de 
Desenvolvimento Educacional – PDE/2010, desenvolvido como formação 
continuada aos Professores da Rede Pública de Ensino Fundamental e Médio do 
Estado do Paraná. O objetivo do texto é apresentar um breve estudo sobre as 
Políticas Educacionais de 1990 e seus impactos na educação brasileira, o papel do 
pedagogo e as mudanças na Legislação Brasileira, assim como a gestão 
democrática e a sua contribuição para organização do trabalho pedagógico escolar e 
a importância do planejamento coletivo na elaboração do Plano de Ação da equipe 
pedagógica. Também faz um relato da intervenção pedagógica, realizada com a 
direção e equipe pedagógica do Colégio Estadual Professor Bento Munhoz da 
Rocha Neto – EFMP do Município de Paranavaí. 
 
Palavras-chave: Políticas Públicas; neoliberal; gestão democrática; planejamento. 
 
 
1 Introdução 
 
 
No desenvolvimento das suas atividades pedagógicas, a escola tem como 
premissa ofertar um ensino de qualidade, promover as devidas condições para o 
acesso, a permanência e o êxito de seus alunos, assim como atender a comunidade 
onde ela está inserida. 
 
____________________ 
¹ Professora da Rede Pública Estadual/Núcleo Regional de Paranavaí-PR. Professora do Programa 
de Desenvolvimento Educacional – PDE 2010. 
² Professora Orientadora, Mestre em educação “A pesquisa como processo de Ensino-
Aprendizagem, graduada em Pedagogia, professora de Métodos e Técnicas de Pesquisa e 
Políticas Educacionais da Unespar – Campos Paranavaí. 
 2 
 
No entanto, a direção e a equipe pedagógica, responsáveis por realizar 
esses encaminhamentos e acompanhamentos, têm enfrentado dificuldades para 
organizar o trabalho pedagógico da escola, visando alcançar tais objetivos. 
 
Os pedagogos, em sua atuação diária, têm suas ações fragmentadas, pois 
se dividem na função de supervisor e orientador, o que diverge da concepção 
proposta pela mantenedora, além de outras atribuições, tais como o 
acompanhamento pedagógico a professores e alunos, bem como atendimentos aos 
pais e/ou responsáveis, como também a constantes conflitos do espaço escolar. 
Tudo isso absorve a maior parte do tempo desses profissionais, o que lhes dificulta 
planejar ações que promovam momentos de estudos e reflexões para um agir 
pedagógico mais efetivo. 
 
O diretor, também enfrenta o grande desafio de, ao mesmo tempo, 
conseguir atender questões pedagógicas como o Projeto Político Pedagógico, a 
Proposta Pedagógica Curricular, seu Plano de Ação, dentre outros. Junto a isso se 
soma o administrativo, que envolve situações relacionadas a funcionários, recursos 
financeiros, construções, reformas, prestações de constas, etc. 
 
Além dessas situações, outro aspecto tem dificultado o efetivo exercício da 
direção e equipe pedagógica, como a mudança de concepção de educação, 
realizada pelos governos, quando, numa nova gestão, assumem o controle do 
Estado, modificando, assim, os encaminhamentos da prática pedagógica escolar. 
Isso tem contribuído para o surgimento de resistências por parte de alguns 
profissionais, com posicionamentos contrários às decisões tomadas pelo coletivo, 
inviabilizando as ações estabelecidas, o que resulta em adoção de métodos e 
práticas pedagógicas antagônicas e incoerentes no interior da escola. 
 
Desta forma, tendo a escola como proposta formar um cidadão crítico e 
atuante na construção de uma sociedade mais justa, solidária e democrática, faz-se 
necessário que ela reflita sobre sua prática. Importante seria realizar estudos para o 
embasamento teórico sobre a organização e efetivação do trabalho pedagógico, de 
 3 
forma coletiva e articulada, visando elaborar ações coerentes e eficazes, 
fundamentais para que a escola realize sua função social. 
 
As mudanças ocorridas na educação básica brasileira, nas últimas décadas, 
principalmente no final dos anos 1980, com a consolidação da Constituição Federal 
de 1988 e durante todo o período dos anos 90, repleto de reformas educacionais, 
não foram suficientes para que a escola cumpra, de fato, sua função social. 
 
Pelo contrário, à escola pública têm sido destinadas diversas demandas, 
desde encaminhamento assistencialista e judiciário, envolvimento em projetos de 
toda ordem até entrega de leite para a comunidade, sobrecarregando ainda mais, 
suas atividades cotidianas. 
 
Essa realidade tem promovido um distanciamento da equipe pedagógica, da 
sua real função, a qual é organizar o trabalho pedagógico escolar. Assim, passam a 
maior parte do tempo resolvendo situações conflituosas e atendendo a demandas 
que surgem repentinamente, deixando em segundo plano o seu objeto maior que é 
contribuir para a efetivação do processo ensino-aprendizagem. 
 
Embora no Projeto Político-Pedagógico e no Regimento Escolar, esteja bem 
definida a responsabilidade da equipe pedagógica, esses profissionais têm 
desempenhado uma prática fragmentada, alicerçada na figura do supervisor, muitas 
vezes compreendido como burocrata, fiscalizador de professores, ou orientador, 
disciplinador de aluno e/ou profissional multitarefa. 
 
 
2 Desenvolvimento 
 
 
No Brasil, a escola passou por uma série de mudanças que refizeram o seu 
perfil em termos de estrutura e organização. Apesar dessas modificações nem 
sempre mostrarem-se visíveis, a escola transitou de um modelo tradicional, que se 
caracterizava pela autonomia do professor em relação ao ensino e à organização 
 4 
escolar e por processos burocráticos praticamente inexistentes, para um modelo 
técnico-burocrático, caracterizado pela redução da autonomia do professor em 
relação ao ensino e à organização da escola – divisão de tarefas, formas de 
controle, hierarquização – enfim, por uma marca burocrática muito acentuada. 
 
Atualmente, as alterações refletidas no espaço escolar têm suas origens 
num processo mais amplo e complexo que antecede os anos 90. Para compreender 
o quadro atual, precisamos buscar na história os elementos constitutivos do 
processo de mudança em seus aspectos econômicos, sociais e políticos. 
 
Conforme Silva Jr (1993), a escola desenvolve seu trabalho no interior de 
uma sociedade capitalista; nela se manifestam as contradições e determinações; da 
mesma forma, são variadas e, frequentemente conflitantes as interpretações sobre a 
função da escola e/ou organização do trabalho pedagógico. Essas contradições 
impostas pelo capitalismo permeiam a luta ideológica das ideias e convicções, 
assim, a escola tende a reproduzir as tensões e forças nas relações de poder e na 
própria organização do trabalho pedagógico. 
 
As mudanças na década de 90, impulsionadas pelo advento da 
globalização, uma reestruturação econômica em âmbito mundial, tendo como 
aparato ideológico o neoliberalismo fundamentado em um discurso que privilegia a 
esfera econômica, resultam em um processo de integração mundial, via 
internacionalização do capital, ou seja, a transnacionalização. 
 
Esse processo de reestruturação econômica inclui a redução do papel do 
Estado na diminuição dos investimentos no setor público, reformas administrativas, 
estabilização fiscal e redução do crédito interno e das barreiras de mercado. 
 
Bruno (1997) explica que é praticamente impossível haver desenvolvimento 
fora deste quadro de economia internacionalizada. 
 
Completa ainda a autora: 
 
 5 
 
[...] Entretanto, a integração das várias economias numa estrutura global 
não implica em homogeneização das condições econômicas e sociais 
existentes em cada uma delas. Antes, o que ocorre é a reprodução 
generalizada das desigualdades em escala mundial. Isto porque a divisão 
internacional do trabalho foi profundamente alterada e o que se observaé 
que esta integração não se dá em termos de nação, mas de setores da 
economia. (BRUNO, 1997, p.21) 
 
 
Esse processo aponta para um movimento de mudanças sem precedentes; 
soma-se a ordem econômica, a reestruturação do trabalho, as inovações 
tecnológicas e das próprias estruturas de poder, entre as quais os organismos 
multilaterais que têm expandido cada vez mais as suas ações, através de 
empréstimos e financiamentos. 
 
É dentro desse contexto de mudanças que se faz necessário reconhecer o 
papel que o Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento – BIRD, 
conhecido como Banco Mundial tem desempenhado, especialmente em relação à 
educação. É a partir dos anos noventa, que o Banco adquire expressiva importância 
no âmbito das políticas públicas brasileiras. “Com a crescente mobilidade do capital, 
a educação deixou de ser uma questão nacional. Daí a interferência cada vez mais 
incisiva dos organismos transnacionais”. (BRUNO, 1997, p.42). 
 
De acordo com a ideologia neoliberal, as políticas educacionais também 
tomam forma adequada à lógica do mercado. O modelo de gestão administrativo 
empresarial será transferido para a gestão da escola. A racionalização 
custo/benefício, a descentralização e a busca por uma maior participação da 
comunidade é o modelo a ser alcançado. “Os conceitos de produtividade, eficácia, 
excelência e eficiência serão importados das teorias administrativas para as teorias 
pedagógicas”. (OLIVEIRA, 2006, p.96) 
 
Analisar as políticas educacionais requer a compreensão de um novo 
panorama na forma de organização das sociedades, do modo de produção e de 
relações entre as pessoas. 
 
 
 6 
Nessa ótica, impossível pensar a educação sem pensar nas alterações da 
base produtiva, nas exigências de reorganização do capital, sempre 
explicitadas pela constante modernização do sistema. Nesse sentido, 
impossível pensar a educação fora do espectro da contradição que põe 
lado a lado a mudança e a permanência, que impõe novas formas de 
trabalho no interior da mesma relação de produção, que aciona velhas 
atitudes, apenas maquiadas pelo velho dogma do mercado (NAGEL, 2001, 
p.101). 
 
 
A clareza da relação entre educação e capital nos impele a buscar caminhos 
através da inter-relação das políticas educacionais e das mudanças na prática. Uma 
das formas de materializar as mudanças propostas pelas políticas educacionais é a 
legislação. A LDB 9394/96 traduz as orientações dos organismos internacionais, 
apontando para os princípios de produtividade, eficiência e qualidade total. 
 
Ela trouxe para a escola a questão da gestão democrática, tratando-a de 
forma específica nos artigos que se seguem, bem como a forma dessa construção 
coletiva através do PPP e da participação da comunidade em Conselhos Escolares 
ou Colegiados. 
 
 
Art. 14 – Os sistemas de ensino definirão as normas de gestão democrática 
do ensino público na educação básica, de acordo com as suas 
peculiaridades e conforme os seguintes princípios: 
I - Participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto 
político pedagógico da escola; 
II - Participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares 
ou equivalentes (BRASIL, 1996). 
 
 
Vitor Paro (2007), ao realizar uma análise da forma como foi regulamentado 
o princípio de gestão democrática da educação na LDB, aponta para a “pobreza” do 
seu conteúdo em relação ao que a sociedade civil reivindicava ao inserir este 
princípio na Carta Magna de 1988. Novamente, a regulamentação da gestão 
democrática foi relegada para o âmbito dos sistemas de ensino. 
 
Diante da forma como se apresenta a gestão democrática na LDB, Paro faz 
a seguinte avaliação: 
 
 7 
 
[...] ao renunciar a uma regulamentação mais precisa do princípio 
constitucional da “gestão democrática” do ensino básico, a LDB, além de 
furtar-se a avançar, desde já, na adequação de importantes aspectos da 
gestão escolar, como a própria reestruturação do poder e da autoridade no 
interior da escola, deixa também à iniciativa de estados e municípios – 
cujos governos poderão ou não estar articulados com interesses 
democráticos – a decisão de importantes aspectos da gestão, como a 
própria escolha dos dirigentes escolares (PARO, 2007, p. 75). 
 
 
No entanto, a centralização do Estado a partir da avaliação conduz a uma 
situação paradoxal de autonomia, conforme descreve Oliveira (2007). 
 
 
Ao mesmo tempo em que ganham maior autonomia, liberdade de definir 
certas regras do seu dia-a-dia, como o calendário, a escolha de um tema 
transversal que deverá ser trabalhado por toda a escola, definir projetos, 
discutir coletivamente saídas e estratégias para desafios encontrados 
localmente (...) os trabalhadores docentes se tornam mais presos às suas 
atividades e compromissos. A responsabilização sobre os destinos da 
escola, dos alunos, dos projetos passa a ser cada vez maior. É como se os 
trabalhadores docentes tivessem que pagar o preço por esta autonomia 
conquistada, já que é resultante de suas lutas (p. 369). 
 
 
Essa nova forma de gestão da educação, embora não tenha se oposto ao 
processo de descentralização e autonomia das instituições educativas, por orientar-
se por natureza incompatível ao projeto democrático, descolou as reformas 
educacionais das reais demandas da sociedade. É aí que se instala o paradoxo da 
democracia neste momento do capitalismo global e da situação social e política da 
sociedade brasileira: de um lado tem-se a luta da sociedade civil pela participação 
nas esferas políticas e sociais e de outro uma estratégia do capitalismo a fim de 
promover seu crescimento econômico, que apesar de não excluir a participação civil, 
redimensiona o objetivo da participação de um nível “ético político para o nível 
econômico-corporativo” (NEVES; SANT’ANA, 2005, p. 35). 
 
 Arroyo expressa isso, ao finalizar seu texto: 
 
 
O problema, pois, é como encontrar mecanismos que gerem um processo 
de democratização das estruturas educacionais através da participação 
popular na definição de estratégias, na organização escolar, na alocação 
 8 
de recursos e, sobretudo, na redefinição de seus conteúdos e fins. Fazer 
com que a administração da educação recupere seu sentido social 
(ARROYO, 1979, p. 46). 
 
 
Desta forma, passa-se a exigir da escola uma maior qualidade para o 
processo educativo e, portanto, uma ampla reformulação de sua organização 
institucional. Resgata-se, então, a necessidade da escola, compreendida como uma 
instituição formada por docentes e administradores com o objetivo de possibilitar o 
exercício da cidadania, estruturar-se de maneira a atender às exigências surgidas 
devido às novas condições sociais e econômicas. 
 
Como afirma Popkewitz (1992), as exigências das sociedades modernas em 
relação às práticas educativas consistem na valorização do: "(...) pensamento crítico, 
a flexibilidade e a capacidade de questionar padrões sociais, isto é, requisitos 
culturais que têm implicações na autonomia e responsabilidade dos professores.” 
(p.40). 
 
 Assim, a busca de uma nova organização escolar, que torne esta instituição 
um instrumento de emancipação das camadas populares, a partir da produção e da 
democratização do saber, não consiste, segundo Pimenta (1995), em 
 
 
“(...) conceber previamente um tipo de organização escolar ideal, mas de 
garimpar no já existente os elementos que, fortalecidos, apontam para 
novas práticas, o que requer pesquisas, análises, observações e 
experimentação, conduzidas a partir da finalidade de colocar a escola 
como instância socializadora do saber para as camadas populares.” (p. 23) 
 
 
A escola deve proporcionar um ensino democrático, conforme LUIS 
ANTONIO CUNHA, ao proferir discurso de abertura da Conferência em Goiânia, 
assim se referia a este aspecto: 
 
 
O ensino democrático não é só aquele que permite o acesso de todos que 
o procuram, mas, também, oferece a qualidadeque não pode ser privilégio 
de minorias econômicas e sociais. O ensino democrático é aquele que, 
 9 
sendo estatal, não está subordinado ao mandonismo de castas 
burocráticas, nem sujeito às oscilações dos administradores do momento. 
Tem isto sim, currículo, condições de ingresso, promoção e certificação, 
bem como métodos e materiais discutidos amplamente com a sociedade, 
de modo que os interesses da maioria, em termos pedagógicos, sejam 
efetivamente respeitados. O ensino democrático é, também, aquele cuja 
gestão é exercida pelos interessados, seja indiretamente, pela 
intermediação do Estado (que precisamos fazer democrático), seja 
diretamente, pelo princípio da representação e da administração colegiada 
(CUNHA, 1987, p. 06) [grifos do autor]. 
 
 
A escola é uma instituição social com objetivo explícito: o desenvolvimento 
das potencialidades físicas, cognitivas e afetivas dos alunos, por meio da 
aprendizagem dos conteúdos (conhecimentos, habilidades, procedimentos, atitudes, 
e valores) que, aliás, deve acontecer de maneira contextualizada desenvolvendo nos 
discentes a capacidade de tornarem-se cidadãos participativos na sociedade em que 
vivem. 
 
Eis o grande desafio da escola, fazer do ambiente escolar um meio que 
favoreça o aprendizado, onde a escola deixe de ser apenas um ponto de encontro e 
passe a ser, além disso, encontro com o saber com descobertas de forma prazerosa 
e funcional, conforme Libâneo (2005, p.117): 
 
 
Devemos inferir, portanto, que a educação de qualidade é aquela mediante 
a qual a escola promove para todos o domínio dos conhecimentos e o 
desenvolvimento de capacidades cognitivas e afetivas indispensáveis ao 
atendimento de necessidades individuais e sociais dos alunos. 
 
 
É evidente que um avanço em termos qualitativos na educação escolar que 
possibilite o atendimento das novas exigências que nela recaem e o cumprimento de 
seu papel social de transformação, não pode ocorrer através do trabalho isolado de 
seus membros. O processo tradicional de estruturação da escola, marcado pela 
divisão do trabalho e pela não participação de todos na organização das ações 
pedagógicas torna-se inadequado. A inadequação deste modelo é confirmada por 
MOURA (1990), quando afirma que: 
 
 10 
 
O educador deve possuir visão global do processo educativo, isto é, deve 
conhecer desde a realidade inerente ao processo educativo – a sala 
de aula – até o processo administrativo da escola. Ele tem de se constituir 
em sujeito de seu trabalho, rompendo assim com a divisão entre os que 
planejam e os que executam, apropriando-se do trabalho global da escola 
e contribuindo para a efetivação de uma nova qualidade de ensino. (p. 30) 
 
 
O desafio que se coloca, então, aponta para a superação do caráter 
individualista, através do trabalho coletivo, englobando todos os envolvidos no 
processo pedagógico, por meio de uma gestão democrática da instituição escolar. 
 
Não se pode pensar em trabalho coletivo e superação de práticas 
individualistas de trabalho sem uma sistematização dos conhecimentos práticos e 
teóricos a respeito da organização do trabalho pedagógico. Tal sistematização só é 
concretizada por meio da construção coletiva do projeto político-pedagógico da 
instituição escolar. 
 
MALAVAZI (1995), em pesquisa sobre a construção e desenvolvimento de 
um projeto político-pedagógico em uma determinada instituição escolar, também 
reconhece a importância do processo de construção coletiva, pois, segundo a 
autora, possibilita reunir as diferenças e semelhanças entre as concepções sobre 
prática pedagógica e a educação existentes entre os profissionais da escola, 
concepções estas que exercem influência na organização do trabalho pedagógico 
da instituição. 
 
Nesta perspectiva, é possível afirmar que um projeto político-pedagógico 
moderno baseia-se na organização do trabalho coletivo de professores e 
profissionais da educação, possibilitando que os mesmos discutam, decidam, 
executem, acompanhem e controlem o trabalho pedagógico. Este projeto deve ter 
clareza de seus fins e efetivar-se no cotidiano. 
 
Portanto, não se pode visualizar um projeto político-pedagógico como algo 
pronto, acabado, mas sim, entendê-lo como uma construção que depende do 
comprometimento político de profissionais competentes. Defende-se, assim, 
 
 11 
 
(...) o delineamento de uma ação intencional, com sentido explícito e 
compromisso definido coletivamente,... a formulação em torno do projeto 
político-pedagógico afasta-se da concepção de planejamento de ensino 
estruturado com o objetivo de suprir exigências burocráticas desarticuladas 
das necessidades e exigências da escola, visando, em seu lugar, à 
formalização de proposta construída e vivenciada em todos os momentos e 
por todos os envolvidos com o processo educacional. (PINHEIRO, 1998, p. 
78). 
 
 
A importância do trabalho de exploração das condições institucionais de 
organização das práticas educativas e da construção do projeto político pedagógico 
da instituição escolar é confirmada por VEIGA (1995). A autora afirma que “A análise 
e a compreensão da estrutura organizacional da escola significa indagar sobre suas 
características, seus polos de poder, seus conflitos.” (p. 25). 
 
Desta forma, a avaliação e o questionamento dos pressupostos que 
embasam esta estrutura organizacional tornam-se instrumentos valiosos na 
superação da burocratização do ensino e da dicotomia entre o pensar e o executar 
na escola, para que estes princípios sejam substituídos por concepções 
democráticas e coletivas de trabalho. 
 
É preciso definir papéis na escola, a partir de referencial teórico consistente, 
situando a importância da função de cada um, de forma articulada coletivamente. 
 
Neste aspecto, a presença do pedagogo é fundamental. É ele que irá 
articular a organização das práticas pedagógicas e consequentemente a efetivação 
das propostas. É esse profissional o articulador do processo ensino - aprendizagem, 
de forma a garantir a consistência das ações pedagógicas e administrativas. 
 
 
O pedagogo é aquele que domina sistemática e intencionalmente as 
formas de organização do processo de formação cultural que se dá no 
interior das escolas. [...] Daí a necessidade de um espaço organizado de 
forma sistemática com o objetivo de possibilitar o acesso à cultura erudita 
(SAVIANI, 1985, p. 28). 
 
 
 12 
PIMENTA (1985, p. 34), reforça a importância do pedagogo no trabalho 
coletivo da escola: 
 
 
A prática na escola é uma prática coletiva. – os pedagogos são 
profissionais necessários na escola: seja nas tarefas de administração 
(entendida como organização racional do processo de ensino e garantia de 
perpetuação desse processo no sistema de ensino, de forma a consolidar 
um projeto pedagógico – político de emancipação das camadas populares), 
seja nas tarefas que ajudem o(s) professor (es) no ato de ensinar, pelo 
conhecimento não apenas dos processos específicos de aprendizagem, 
mas também da articulação entre os diversos conteúdos e na busca de um 
projeto – político coerente. 
 
 
Portanto, o pedagogo deverá articular coletivamente as ações na escola, de 
forma, que, todos os envolvidos no processo ensino-aprendizagem possam ter 
conhecimento de todas as funções que são exercidas na escola e também 
competência para direcionar as ações, assumindo, com responsabilidade, sua área 
ou função específica. 
 
Assim, o pedagogo não será o multitarefeiro, isto é, o cumpridor de tarefas 
alheias à sua função, mas sim, desenvolverá um trabalho de “assessoria ao 
processo ensino - aprendizagem, desenvolvido na relação professor - aluno" 
(PIMENTA, 1985, p. 35). 
 
A delimitação de papéis na escola não significa a fragmentação de funções, 
mas a tomada de consciência de que as tarefas são distintas, em prol de uma luta 
comum, a partir da direção coletiva, onde os resultados emergirão através da prática 
de cada um,que consequentemente retornará ao coletivo de forma positiva ou 
negativa, dependendo do comprometimento do grupo no desenvolvimento das 
ações. 
 
 
É importante reiterar que, quando se busca uma nova organização do 
trabalho pedagógico, está se considerando que as relações de trabalho, no 
interior da escola, deverão estar calcadas nas atitudes de solidariedade, de 
reciprocidade e de participação coletiva, em contraposição à organização 
regida pelos princípios da divisão do trabalho, da fragmentação e do 
 13 
controle hierárquico. [...] propiciando a construção de novas formas de 
relações de trabalho, com espaços abertos à reflexão coletiva que 
favoreçam o diálogo, a comunicação horizontal entre os diferentes 
segmentos envolvidos com o processo educativo [...] (VEIGA, 2005, p. 31). 
 
 
Assim, a luta pela participação coletiva e pela superação dos condicionantes 
deve compor um só processo, de modo que avanços em um dos campos levem a 
outros, de forma contínua e interdependente (PARO, 2006, p. 27). 
 
Por isso, a prática administrativa e pedagógica deve orientar-se por 
propósitos definidos intencionalmente de forma sistemática, garantindo a 
concretização das ações pelo coletivo escolar. No dia–a–dia enfrentam-se situações 
que exigem planejamento, porém nem sempre formalizado. No momento em que a 
realidade se torna mais complexa, somos obrigados a uma maior sistematização de 
pensamento e de ação para poder compreendê-la e transformá-la (DALMÁS, 1994, 
p. 23). 
 
Daí, a importância do Projeto Político-Pedagógico, elaborado coletivamente 
e sistematizado, de forma a garantir a efetivação do processo ensino – 
aprendizagem, levando em consideração, que a concretização desse processo se 
faz pela apropriação do conhecimento historicamente produzido, à classe que 
frequenta a escola pública, [...] que precisa da escola para ter acesso ao saber 
erudito, ao saber sistematizado e, em consequência, para expressar de forma 
elaborada os conteúdos da cultura popular que correspondem aos seus interesses 
(SAVIANI, 2005, p. 80). 
 
O Projeto Político-Pedagógico direciona a definição do papel do pedagogo 
na escola, conduzindo as ações por meio da organização coletiva, partindo dos 
princípios da democratização e apoiando-se em referencial teórico que possa 
garantir uma proposta sólida, com objetivos bem definidos. 
 
Para VEIGA (1998, p. 9): 
 
 
 14 
O projeto pedagógico exige profunda reflexão sobre as finalidades da 
escola, assim como a explicitação de seu papel social e a clara definição 
de caminhos, formas operacionais e ações a serem empreendidas por 
todos os envolvidos com o processo educativo. 
 
 
As ações devem ser planejadas e sistematizadas pelo coletivo escolar, que 
delimitará o papel e as atribuições de seus membros de forma a garantir a reflexão – 
ação – reflexão, que consistirá na avaliação do processo, possibilitando à (re) 
tomada de decisões. “Entretanto, a prática, para deixar de ser um simples ativismo, 
necessita da reflexão, da teoria, dando-lhe um significado e corrigindo possíveis 
desvios” (MACCARIELLO, 2006, p. 41). 
 
Conforme DALMÁS (1994, p. 23): 
 
 
Pelo pensamento (reflexão), o homem desenvolve níveis cada vez mais 
aprimorados de discernimento, compreensão e julgamento da realidade, o 
que lhe favorece uma conduta comprometida com novas situações [...]. 
Pelo planejamento, o homem organiza e disciplina a ação, tornando-a mais 
responsável, partindo sempre para ações mais complexas, produtivas e 
eficazes [...]. 
 
 
O Projeto Político-Pedagógico e o Plano de Trabalho Docente não devem 
ser apenas mais um documento a ser elaborado pelo pedagogo e professor, para o 
cumprimento legal de ordens superiores, mas, sobretudo, permear as ações da 
escola, sendo o primeiro, pensado, articulado e concretizado coletivamente, onde 
todos sejam responsáveis e o segundo, um momento de reflexão para a prática em 
sala de aula. 
 
Entretanto, para a construção desses documentos e outras ações 
pedagógicas no cotidiano da escola, é fundamental um planejamento. Conforme 
Dalmás (1994) um planejamento que organize e discipline a ação, tornando-a mais 
responsável. 
 
 15 
Saviani (2005), Maccariello (2006), Veiga (1998) e Dalmás (1994) em suas 
afirmações, reconhecem a importância e a necessidade do ato de planejar, bem 
como de realizar esses registros, como ações inerentes à escola. 
 
Assim, ao obter a aprovação para participar do Programa de 
Desenvolvimento Educacional – PDE do Estado do Paraná optei por estudar sobre a 
organização do trabalho pedagógico escolar, no intuito de compreender como a 
adoção dessa prática, elaborar um plano, poderia contribuir na atuação da direção e 
dos pedagogos, resultando num maior desempenho do fazer pedagógico escolar. 
 
Dessa forma, atendendo as especificações do referido programa, a primeira 
ação realizada, foi elaborar um Projeto de Pesquisa, contemplando a descrição de 
todas as etapas de planejamento de uma pesquisa científica, a partir de uma 
situação-problema vivenciada no cotidiano escolar. 
 
Desta feita, foi produzido um material didático-pedagógico no formato de 
unidade didática, com o objetivo de proporcionar uma breve reflexão acerca das 
Políticas Educacionais da década de 1990 e suas influências na organização do 
trabalho pedagógico e subsidiar teórico-metodologicamente o trabalho de 
intervenção a ser desenvolvido na escola. 
 
Durante a Semana Pedagógica de julho de 2011, foi apresentado o projeto 
de intervenção, intitulado “O trabalho pedagógico da escola: desafios para sua 
organização coletiva e articulada” aos professores, pedagogos, agentes 
educacionais I e II do Colégio Estadual Professor Bento Munhoz da Rocha Neto – 
EFMP. 
 
Na oportunidade, foi divulgado o Curso de Extensão/Capacitação com 
certificação pela UNESPAR- FAFIPA a ser realizado nas dependências do Colégio 
Estadual Professor Bento Munhoz da Rocha Neto, no período de agosto a novembro 
de 2011. Com carga horária de 40 horas, o curso foi organizado em 8 (oito) 
encontros de 04 (quatro) horas, perfazendo 32 horas presenciais e mais 08 horas na 
modalidade à distância, para leitura de textos e resolução de questionamentos. 
 16 
Considerando a realidade e a possibilidade dos cursistas, o dia e horário de 
consenso foram às quintas-feiras no período intermediário, vespertino-noturno. 
 
Um período antes da intervenção pedagógica foram abertas inscrições para o 
GTR – Grupo de Trabalho em Rede em uma modalidade de formação continuada à 
distância promovida pela SEED, caracterizada por uma interação virtual entre o 
Professor PDE e os demais professores da rede pública estadual. 
 
Neste curso, o professor PDE socializa o projeto de implementação, o 
material didático produzido e a proposta de intervenção na escola com outros 
professores da rede. 
 
Esse trabalho foi de suma importância, uma vez que oportunizou aos 
professores e pedagogos de diversas partes do estado, discutir e avaliar a 
viabilidade de aplicar e utilizar os referidos materiais, bem como sugerir adequações 
ou ampliações. 
 
Os registros de seus relatos e avaliação eram disponibilizados no ambiente 
do curso, o Moodle, um deles, o de uma professora de matemática que segundo ela, 
optou por essa temática, para buscar maior embasamento sobre a organização do 
trabalho pedagógico “nós professores, esperamos da direção e equipe pedagógica 
orientação para nosso trabalho, para isso, é necessário que eles estejam 
preparados teoricamente,”. Quanto à unidade didática, esta mesma professora 
relatou que a leitura deste material possibilitou compreender que “a educação 
brasileira tem sofrido imposições de ações movidas por interesses mercadológicos e 
as mudanças na legislação refletem a subordinação da educação aos mecanismos 
de mercado impostos ao país”. A professora acrescenta ainda, que “o governo 
fiscaliza, define ações que deverão ocorrerdentro das escolas, através de 
instrumentos normativos, mas tem participação mínima em investimentos realmente 
relevantes para resgatar a educação”. 
 
Também o relato de uma das pedagogas cursistas evidencia a importância 
desse trabalho. Para ela, “a proposta contribuirá e muito para o objetivo proposto, 
 17 
pois oferece embasamento para a reflexão e posicionamento seguro, frente às 
constantes mudanças que enfrentamos no fazer pedagógico”. Mencionou ainda que 
“o aspecto relevante deste projeto é o estudo sobre as influências das Políticas 
Públicas da década de 1990 no Brasil, nos resultados ainda hoje, na educação 
nacional”. 
 
Faltando apenas duas etapas para concluir o Grupo de Trabalho em Rede – 
GTR foi iniciado na data previamente marcada, a intervenção no Colégio. 
 
A proposta inicial de trabalho foi construir um diagnóstico da realidade, 
pontuando avanços e entraves no desenvolvimento do trabalho desempenhado pela 
direção e pedagogos do Colégio. Na avaliação dos cursistas a organização do 
trabalho pedagógico foi considerada regular, necessitando de adequações e 
melhorias. 
 
Neste sentido, eles pontuaram diversas situações que dificultam organizar o 
trabalho, dentre elas o grande número de profissionais PSS, ocasionando (uma 
situação instável devido a rotatividade desses, faltas por licenças médicas, falta de 
comprometimento por parte de alguns profissionais, elevado número de alunos por 
turma, distanciamento da família com a escola, fragmentação do trabalho 
desenvolvido pelas pedagogas e a existência de muitas propostas que não se 
relacionam com o cotidiano, em muitos casos, advindas até mesmo da 
mantenedora. 
 
Além disso, reconheceram a ausência de momentos de estudos, primeiro 
por parte da equipe, depois pelo coletivo da escola, ou seja, segundo eles, é preciso 
compreender a importância do ato de planejar essa organização do trabalho 
pedagógico, visto que essa prática contribui para a existência de ações mais 
coerentes e eficientes no espaço escolar. 
 
Para tanto, foi desenvolvido estudo tendo como recorte “O Estado e as 
Políticas Educacionais da década de 1990” com o objetivo de identificar as 
 18 
mudanças processadas na educação a partir dessas reformas, bem com seus 
efeitos no espaço escolar. 
 
Esses estudos foram subsidiados pela unidade didática, já mencionada 
anteriormente, cujo texto “O Banco Mundial como referência para a justiça social no 
terceiro mundo: evidências do caso brasileiro” da Professora Marília Fonseca (1998) 
e também os questionamentos constantes desse material, foram suporte para a 
discussão. 
 
Visando ampliar a compreensão acerca da influência dessas políticas 
públicas na educação, na década de 90, foi apresentada uma entrevista com o 
professor Gaudêncio Frigotto, sobre Políticas Públicas, ao programa "Nós da 
Educação" da TV Paulo Freire. 
 
Assim, para os cursistas, ficou evidente que o ideário de educação proposto 
para o Brasil, a partir das políticas públicas da década de 90, estava relacionado a 
uma visão mercadológica, surgida num contexto neoliberal de globalização. Eles 
relacionaram os impactos provocados por essas reformas com a realidade 
diagnosticada inicialmente, evidenciando que o espaço escolar é reflexo da 
sociedade, sendo também, por esta influenciada. 
 
Dessa forma, compreendendo o pedagogo como o profissional responsável 
pela organização do trabalho pedagógico da escola, promoveu-se um estudo acerca 
da formação que esse profissional recebe na graduação. O texto: “A universidade e 
o curso de Pedagogia: os desafios da produção do conhecimento e a relação com a 
Escola Básica” da Professora Doutora Regina C. C. Hagemeyer serviu de base para 
essa análise. 
 
Para promover uma relação entre o texto e a atuação dos pedagogos na 
escola, foi solicitado que apontassem aspectos da formação inicial, como período, 
tempo, IES, proposta curricular de formação e a contribuição do curso para a 
atuação educacional. Dentre os participantes, somente uma pedagoga era formada 
há menos de cinco anos e apenas o diretor não é graduado em Pedagogia, sua 
 19 
formação é Licenciatura em Matemática. Todos possuem especialização na área da 
educação, uma delas inclusive, com o PDE concluído. 
 
Os relatos apontaram como um dos grandes entraves na atuação quer seja, 
do diretor ou do pedagogo, o distanciamento existente entre a formação recebida, 
principalmente no caso das pedagogas e a prática vivenciada. A proposta curricular 
da faculdade por elas cursada volta-se para a formação de professores da educação 
infantil e séries iniciais do ensino fundamental. No entanto, o estabelecido no edital 
do concurso refere-se à atuação como pedagogo. Isso tem resultado em práticas 
fragmentadas e desarticuladas, sobretudo, no início da atuação. 
 
Ressaltaram ainda, que a formação continuada, organizada pela SEED nos 
últimos anos, tem oportunizado reflexões sobre a necessidade de superar a 
dicotomia supervisão e orientação, tem também proporcionado maior compreensão 
quanto ao papel do pedagogo, num viés de pedagogo unitário para atuar na escola 
pública. 
 
Tendo em vista essas considerações e para aprofundar essa reflexão, foi 
solicitado aos cursistas que elaborassem um desenho que simbolizava ou 
sintetizava sua função, e que este, deveria ser guardado para posterior utilização. 
 
Foram apresentados slides no data show “O papel do pedagogo e a 
Legislação Brasileira” com o objetivo de identificar as contribuições e os entraves 
provocados por essas mudanças, no exercício de sua função. 
 
Com a finalidade de relacionar o papel do pedagogo estabelecido na 
legislação e a sua atuação, retornou-se ao desenho feito anteriormente. Os 
cursistas justificaram sua opção, dizendo que se viam “como um sol”, outro, “como 
uma centopéia”, “um polvo”, “máquina”, enfim, como alguém que tivesse que dar 
conta de tudo no espaço da escola. 
 
Visando fundamentar teórico-metodologicamente o real papel a ser 
desempenhado pelo pedagogo e também analisar as possibilidades de organizar o 
 20 
trabalho pedagógico da escola, numa construção articulada e coletiva, foram 
apresentados slides, no data show “Nosso Trabalho na Escola: Tarefa ou 
Atividade?” (Sforni, 2010). 
 
Em seguida, os cursistas discutiram a partir de três questionamentos, o que 
realmente temos desenvolvido na escola? Quais as condições necessárias para a 
direção e a equipe pedagógica, organizar o trabalho pedagógico de forma coletiva e 
articulada? Como isso poderia se concretizar efetivamente, no espaço escolar? 
 
 Nesse momento então, os cursistas reconheceram, a importância do 
planejamento das ações do pedagogo, através da elaboração de um plano de 
trabalho, coletivo e articulado. 
 
Entendendo que para a elaboração desse plano de trabalho e sua 
concretização, a escola deverá pautar-se no princípio da gestão democrática, foi 
organizado um estudo do texto: “Estrutura da escola e educação como prática 
democrática” do professor Victor Paro (2008) e apresentado uma entrevista do 
mesmo autor, feita ao programa “Nós da Educação” da TV Paulo Freire, tendo como 
título, “A Gestão Escolar e as várias facetas do espaço escolar”. 
 
Diante disso, foi possível identificar aspectos relevantes do texto e da 
entrevista, que contribuem efetivamente para uma educação no espaço escolar, 
pautada no princípio da gestão democrática. Segundo Paro (1986) essa 
democratização refere-se às relações que envolvem a organização e o 
funcionamento efetivo da escola, promovendo a partilha do poder entre o coletivo, 
na tomada de decisões. 
 
Na sequência, foi sugerida a seguinte reflexão: em que medida minha 
trajetória na escola, mais precisamente minha atuação, poderá afetar ou contribuir 
com a gestão educacional, com a gestão escolar e a gestão democrática? 
 
Houve ampla discussão por parte dos cursistas que, chegaram à conclusãode que seria importante elaborar um plano de trabalho da direção e equipe 
 21 
pedagógica, para organizar o trabalho pedagógico da escola. Essa decisão, não 
possibilitou apenas compreensão acerca da importância do plano, mas, sobretudo, 
da necessidade de uma ação: a construção do Plano de Ação da equipe 
pedagógica. 
 
 
3 Conclusão 
 
 
Um dos maiores desafios enfrentados pela direção e pelos pedagogos na 
escola é a organização do trabalho pedagógico. O desenvolvimento dessa prática na 
escola contribui para a eficácia da operacionalização de suas ações, tendo em vista 
o cumprimento da sua função social. 
 
Ao discutir essa problemática que influencia o fazer pedagógico da escola, 
buscou-se compreender os condicionantes internos e externos desse processo, uma 
vez que as ações delineadas pela escola estão diretamente relacionadas ao seu 
processo de elaboração, ou seja, seu planejamento. 
 
Assim, os estudos acerca das políticas públicas da década de 1990 e as 
alterações processadas por essas reformas na educação, sobretudo na escola, 
tiveram por finalidade compreender esse processo como decorrente de aspectos 
econômicos, sociais e políticos de um contexto neoliberal de globalização, em que 
seus reflexos trouxeram novas exigências para a sociedade. A própria legislação 
educacional a LDB 9394/96 traduzia orientações dos organismos internacionais, 
sinalizando princípios de produtividade, eficiência e qualidade total. Da mesma 
forma, o tratamento centralizador dado à gestão democrática em seus artigos, 
regulamentando-a apenas para o âmbito dos sistemas de ensino, impossibilitou 
avançar na adequação e restruturação do poder e da autoridade no interior da 
escola, permanecendo aos estados e municípios, decisões importantes como a 
escolha de diretores das escolas. Na LDB a ênfase dada à gestão democrática, 
refere-se à construção do Projeto Político Pedagógico e à participação da 
comunidade nas Instâncias Colegiadas das Escolas. 
 22 
 
 Portanto, a escola como instituição social, deve trabalhar no sentido de tornar 
seu espaço um ambiente que favoreça à aprendizagem e, consequentemente, à 
emancipação das camadas populares. Nesse sentido, o pedagogo tem um papel 
fundamental, ele é o articulador na organização das práticas pedagógicas, deve 
realizar os encaminhamentos e acompanhamentos necessários para que as ações 
pedagógicas do processo ensino e aprendizagem sejam eficazes. 
 
 Através dessa intervenção, pude perceber que a direção, bem como a equipe 
pedagógica, compreendeu que é de suma importância para eles traçar planos para 
seu agir pedagógico, pois esses permitirão operacionalizar, com maior eficácia, 
suas ações, as quais contribuirão para que a escola cumpra seu papel social, isto é, 
a aprendizagem dos alunos. 
 
 
 
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