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CCJ0001-PA-05-Fundamentos das Ciências Sociais-15808

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			 Plano de Aula: 5 - Modelos clássicos da análise e compreensão da sociedade e das instituições sociais e políticas
			 FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS
			
		
		
			Título
			5 - Modelos clássicos da análise e compreensão da sociedade e das instituições sociais e políticas
			 
			Número de Aulas por Semana
			
				1
			
			Número de Semana de Aula
			
				5
			
 
 Tema
		 Contexto histórico da formação da Sociologia e da Antropologia.
		
		 Objetivos
		 Descrever o contexto histórico do surgimento das primeiras análises antropológicas e sociológicas. 
Analisar o darwinismo social como expressão das concepções positivistas do século XIX. 
Explicar as categorias de ordem e progresso social a partir do pensamento de Augusto Comte. 
Demonstrar a importância e influência da corrente positivista na sociedade brasileira. 
		
		 Estrutura do Conteúdo
	 1. O contexto histórico do surgimento da Sociologia
 
1.1. Revolução Industrial e Neocolonialismo
O século XIX foi marcado pela Revolução Industrial e pelo Neocolonialismo, cujas conseqüências se projetaram para os séculos XX e XXI.
No plano político e econômico o termo revolução é usado para expressar um movimento de transformação que, na visão dos seus protagonistas, traz transformações significativas, positivas e benéficas para a sociedade. 
De fato, as revoluções trazem grandes transformações e com a revolução industrial não poderia ter sido diferente. Tais transformações já se fizeram presentes na transição do feudalismo para o capitalismo. 
O desenvolvimento industrial se fez acompanhar pelo desenvolvimento científico, que por sua vez impulsionou ainda mais a indústria em função de descobertas e invenções. Nos centros urbanos europeus respirava-se desenvolvimento e acreditava-se que a tecnologia e a máquina resolveriam todos os problemas do homem. A indústria cresceu e com esse crescimento vieram as crises de produção porque a superprodução não era acompanhada pelo consumo. A solução para a crise de consumo foi encontrada no neocolonialismo, ou imperialismo do século XIX.
Diferente do colonialismo dos séculos XV e XVI, o neocolonialismo representou nova etapa do capitalismo, do momento em que as nações européias saíram em busca de matérias-primas para sustentar as indústrias, de mercados consumidores para os produtos europeus e de mão-de-obra barata. Esse colonialismo se direcionou para a �frica e a �sia, que foi partilhada entre as nações européias. A América escapou desse colonialismo porque se tornara independente pouco antes. Porém, se não foi dominada politicamente pela Europa e pelos EUA, o foi economicamente, pois dependia dos banqueiros e do capital industrial europeu. Naquela época, por exemplo, grupos franceses e ingleses iniciaram a exploração da borracha na região amazônica porque era mais barato produzir aqui e exportar para a Europa e para os EUA: afinal, aqui se encontrava a matéria-prima, a mão-de-obra barata e o favorecimento governamental.
A �frica e a �sia foram o cenário onde atuou uma infinidade de cientistas e religiosos que assumiram o fardo do homem branco. Na �ndia, por exemplo, qualquer membro da raça branca era tido como membro da classe dos amos e senhores, respeitado e reverenciado. Situações semelhantes fizeram o fundador da República do Quênia, na segunda metade do século XX, referir-se assim à dominação imperialista: "Quando os brancos chegaram, nós tínhamos as terras e eles a Bíblia; depois eles nos ensinaram a rezar; quando abrimos os olhos, nós tínhamos a Bíblia e eles as terras". 
Todas as tentativas de reação por parte das nações dominadas pelos impérios europeus foram enfrentadas com o uso das armas por parte das nações européias. 
Nem a China ficou de fora da corrida imperialista: foi dominada economicamente e teve territórios ocupados pelos japoneses.
 
 1.2. O cientificismo e o darwinismo social
O cientificismo esteve presente em tudo. Foi também nessa época que se desenvolveu a teoria de Charles Darwin sobre a evolução e adaptação das espécies. O autor colocou em xeque as idéias da imutabilidade das espécies. Assim, a formação dos sistemas vivos começou a ser entendida não como criação simultânea, mas como decorrência de etapas sucessivas. Na sua obra A origem das espécies, publicada em 1859, em consonância com o espírito da época, Darwin defendeu a noção de variação gradual dos seres vivos graças ao acúmulo de modificações pequenas, sucessivas e favoráveis, e não por modificações extraordinárias, surgidas repentinamente. Nessa obra Darwin apresentou o núcleo da sua concepção evolutiva: a seleção natural, ou a persistência do mais capaz; com o passar dos séculos, a seleção natural eliminaria as espécies antigas e produziria novas espécies.
 Logo as teses de Darwin estavam sendo discutidas em todo o meio científico e o próprio liberalismo econômico adotou o pressuposto da competição. Ao defender a propriedade privada, o liberalismo postula que todo homem compete em igualdade no acesso à propriedade privada. Aquele que não a conquista, não o faz porque é vicioso ou preguiçoso. É claro que essa tese, presente em nossas mentes até hoje, interessava e interessa à manutenção do domínio da classe burguesa. 
 Se o liberalismo apropriou-se do conceito de competição, de Charles Darwin, não foi o único. Logo surgiu o Darwinismo Social.
Segundo o Darwinismo Social, as sociedades se modificam e se desenvolvem como os seres vivos. As transformações nas sociedades representam a passagem de um estágio inferior para outro superior, onde o organismo social se mostra mais evoluído, adaptado e complexo. Se na natureza a competição gera a sobrevivência do mais forte, também na sociedade favorece a sobrevivência de sociedades e indivíduos mais fortes e evoluídos. As expressões: “luta pela existência� e “sobrevivência do mais capaz�, tomadas de Darwin, apoiaram o individualismo liberal e justificaram o lugar ocupado pelos bem sucedidos nos negócios. Por outro lado, as sociedades foram divididas em raças superiores e inferiores, cabendo aos mais fortes dominar os mais fracos e, conseqüentemente, aos mais desenvolvidos levar o desenvolvimento aos não desenvolvidos. A civilização deveria ser levada a todos os homens. É claro que o Darwinismo Social serviu para justificar a ação imperialista das nações européias.
Foi nesse cenário de constantes conflitos sociais, políticos, econômicos e religiosos, cenário marcado pela industrialização e pelo cientificismo, que a Antropologia e a Sociologia produziram suas primeiras explicações.
3. O evolucionismo social
Os evolucionistas formaram a primeira escola antropológica. Tendo como paradigma principal a sistematização do conhecimento acumulado sobre os “povos primitivos� e o predomínio do trabalho de gabinete, a análise desses antropólogos era feita a partir dos relatos de viajantes e colonizadores lhes chegavam às mãos. Defendiam a idéia de que a história da Humanidade se dava através de um processo evolutivo que ia da selvageria à civilização, passando pela barbárie. Utilizavam o chamado método comparativo, em que tomavam como parâmetro a sociedade européia do século XIX para descrever e classificar formas culturais de outros povos, numa postura que, como vimos na aula 3, mostrava-se extremamente etnocêntrica, tratando os povos não europeus como primitivos, exóticos e incivilizados.
 
4. O Positivismo 
O positivismo foi uma diretriz filosófica criada por Augusto Comte na segunda metade do século XIX. O tema central de sua obra é a Lei dos Três Estados, em que ele divide a evolução histórica e cultural da humanidade em três fases, de acordo com seu desenvolvimento; a classificação e a hierarquização das ciências, da mais simplesà mais complexa, já que para ele a ordem é necessária ao progresso; e a reforma da sociedade, com mudanças intelectuais, morais e políticas destinadas principalmente a restabelecer a ordem na sociedade capitalista industrial.
A hostilidade dirigida ao pensamento tradicional foi especialmente forte em Comte, que negava a possibilidade do conhecimento metafísico, que ele considerava ser estagnante e uma forma de pesquisa desnecessária. Ele exigia uma “sociocracia� dirigida por cientistas para a unificação, conformidade e progresso de toda a humanidade. Logo, o Positivismo redefiniu o propósito da filosofia, limitando-a à análise e definição da linguagem científica.
Comte devotou-se a Sociologia, uma palavra que ele elaborou para descrever a ciência da sociedade. Ele acreditava que sua principal contribuição foi a teoria de que a humanidade passou por três estágios de desenvolvimento intelectual: o teológico, o metafísico e o positivo. No primeiro estágio, o universo era explicado em termos de deuses, demônios e seres mitológicos. No segundo estágio, a realidade era explicada em termos de abstrações como a essência, existência, substância e acidente. De acordo com Comte, o estágio metafísico estava só terminando, dando lugar ao científico ou estágio positivo. Neste estágio final, explicações somente poderiam ser baseadas em leis científicas descobertas através da experimentação, observação ou lógica. Matemática, astronomia, física, química e biologia, classificadas por ele na base crescente de complexidade, já eram científicas; Comte procurou completar o estágio positivo ao criar a mais complexa de todas, a sociologia como ciência. 
Os traços mais marcantes do Positivismo são certamente a excessiva valorização das ciências e dos métodos científicos, a exaltação do homem e suas capacidades e o otimismo em relação ao desenvolvimento e progresso da humanidade.
Para reformar a sociedade, Comte propôs: 
(i) Reconhecer a existência de princípios reguladores;
(ii) Estudar os processos e estrutura social;
(iii) Reconhecer a existência de dois movimentos: estático (fator de permanecia e harmonia) e dinâmico (fator de progresso).
Desta forma a análise comtiana propõe: : (i) a negação da luta de classes – harmonia entre as classes sociais. (ii) a necessidade de um Estado forte, centralizador, mantenedor da ordem.
Essa corrente filosófica foi muito influente no pensamento da época. Prova disso é o lema da bandeira brasileira - "ordem e progresso" -, um dos principais preceitos do Positivismo, que afirma que, para que haja progresso, é preciso que a sociedade esteja organizada.
	
	 Aplicação Prática Teórica
 Questão discursiva:
Leia o caso concreto e responda as perguntas apresentadas:
O ganhador do prêmio Nobel de Medicina James Watson, pioneiro no trabalho de deciframento do genoma humano, causou espanto ao reacender com força total uma polêmica que parecia definitivamente superada pelos próprios geneticistas. O pesquisador americano, de 79 anos, declarou ao jornal "The Sunday Times" ser pessimista sobre a �frica porque as políticas ocidentais para os países africanos eram, erroneamente, baseadas na presunção de que os negros seriam tão inteligentes quanto os brancos quando, na verdade "testes" sugerem o contrário. 
Watson não apresentou argumentos científicos para embasar suas idéias nem especificou que "testes" seriam esses. Afirmou apenas que os genes responsáveis pelas diferenças na inteligência humana devem ser descobertos dentro de 10 a 15 anos. Essas afirmações constam em um livro que será publicado na semana que vem, e no qual Watson escreve que não há motivo algum para crer que "as capacidades intelectuais de povos separados em sua evolução tiveram que evoluir de modo idêntico". 
Para o geneticista Sergio Pena, professor titular do Departamento de Bioquímica e Imunologia da UFMG, há uma relação genealógica entre todas as populações do mundo, incluindo a européia, e a �frica. A Humanidade moderna emergiu na �frica há menos de 200 mil anos e só nos últimos 60 mil anos saiu deste continente para habitar os outros: 
- Do ponto de vista evolucionário, somos todos africanos, vivendo na �frica ou em exílio recente de lá. Não faz sentido haver diferenças biológicas entre africanos e povos de outros continentes. 
Na opinião do geneticista, nos últimos 500 anos a �frica tem sido vítima de um imperialismo europeu impiedoso e selvagem, que criou dissensões entre grupos étnicos e manteve o continente economicamente de joelhos. (O Globo, 19/10/2007).
1.	O cientista James Watson estaria inspirado nas concepções positivistas (neste caso o Darwinismo Social) para explicar as diferenças de evolução entre os povos e raças? Justifique.
2- É correto, do ponto de vista socioantropológico, afirmar que as características biológicas determinariam a superioridade de uns povos e inferioridade de outros? Explique. 
 
Questão de múltipla escolha:
Muitos antropólogos do século XIX, da tendência evolucionista, interpretavam as transformações das sociedades humanas dentro de uma visão linear:
A) Do exótico para o familiar
B) Do social para o individual
C) Do primitivo para o civilizado
D) Do social para o cultural
E) Do natural para o cultural

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