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1 1 2 2 SUMÁRIO Animais......................................................................................................................................03 Palavras relacionadas a animais...............................................................................................16 Utensílios...................................................................................................................................17 Vestuário...................................................................................................................................18 Alimentos..................................................................................................................................20 Bebidas.....................................................................................................................................23 Sentimentos..............................................................................................................................24 Casa..........................................................................................................................................25 Meio Ambiente..........................................................................................................................29 Profissões.................................................................................................................................30 Lugares.....................................................................................................................................33 Transporte.................................................................................................................................36 Meio de Comunicação..............................................................................................................38 VERBOS...................................................................................................................................40 CONCORDÂNCIA....................................................................................................................41 PRONOMES.............................................................................................................................48 ADJETIVOS..............................................................................................................................49 VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS..................................................................................................52 ESTRUTURA GRAMATICAL...................................................................................................54 LIBRAS PARA CRIANÇAS......................................................................................................55 LÚDICO NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM....................................................................56 O lúdico e a formação do educando.........................................................................................56 Educação Infantil e os jogos.....................................................................................................57 O lúdico na Educação Infantil....................................................................................................59 O lúdico e o pedagógico............................................................................................................60 O brincar no desenvolvimento da criança surda.......................................................................62 PEDAGOGIA............................................................................................................................62 VLIBRAS..................................................................................................................................65 Funcionalidades do VLibras......................................................................................................66 Referências...............................................................................................................................71 3 3 Animais: ABELHA ÁGUIA ALCE ARANHA ARARA AVE 4 4 AVESTRUZ BALEIA BARATA BEIJA-FLOR BESOURO BEZERRO BICHO PREGUIÇA BODE 5 5 BORBOLETA BÚFALO BURRO CABRA CACHORRO CAMARÃO CAMELO CANGURU 6 6 CAPIVARA CARANGUEJO CARNEIRO CASCAVEL CASTOR CAVALO CAVALO MARINHO CIGARRA 7 7 COBRA COELHO CORUJA DINOSSAURO ELEFANTE ESCORPIÃO ESQUILO ESTRELA DO MAR 8 8 FOCA FORMIGA GAIVOTA GALINHA GALO GAMBÁ GANSO GATO 9 9 GAVIÃO GIRAFA GOLFINHO HIENA HIPOPÓTAMO INSETO JACARÉ JAVALI 10 10 JIBÓIA LAGARTIXA LAGOSTA LEÃO LESMA LHAMA LOBO LULA 11 11 MACACO MICO MORCEGO (1) MORCEGO (2) MOSCA ONÇA OVELHA PAPAGAIO 12 12 PATO PAVÃO PEIXE PELICANO PERIQUITO PERNILONGO PERU PINGUIM 13 13 POLVO POMBA PORCO (1) PORCO (2) PORCO ESPINHO PULGA RÃ RAPOSA 14 14 RATO RINOCERONTE SAPO SIRI TAMANDUÁ TARTARUGA TATU TIGRE 15 15 TUBARÃO TUCANO URSO URSO PANDA URUBU VACA VEADO ZEBRA 16 16 Palavras relacionadas a animais CAUDA CHIFRE CISCAR COURO LATIR MORDER MUGIR 17 17 Utensílios: 18 18 Vestuário: 19 19 20 20 Alimentos: 21 21 22 22 23 23 24 24 Bebidas: 25 25 Sentimentos: 26 26 Casa https://4.bp.blogspot.com/-87ju9CH-qSY/V-n3nqXs3LI/AAAAAAABE68/2RfjTDFeuj45Q3CjqXH1bEApvfTo4D-0gCLcB/s1600/objetos%2Bde%2Bcasa%2Bem%2BLibras%2B%252824%2529.JPG https://4.bp.blogspot.com/-87ju9CH-qSY/V-n3nqXs3LI/AAAAAAABE68/2RfjTDFeuj45Q3CjqXH1bEApvfTo4D-0gCLcB/s1600/objetos%2Bde%2Bcasa%2Bem%2BLibras%2B%252824%2529.JPG 27 27 28 28 29 29 30 30 Meio-ambiente 31 31 Profissões: 32 32 33 33 34 34 Lugares 35 35 36 36 Transportes: 37 37 38 38 Meios de comunicação: 39 39 40 40 VERBOS Verbos simples e verbos com concordância em Libras Uma máxima frequentemente associada às línguas de sinais é a de que essas línguas são sistemas espaço gestuais (ou espaço visuais). Essa afirmativa capta o fato de que essas línguas se estruturam quadridimensionalmente: além do fluxo temporal de produção dos sinais (ou seja, a ordem em que os sinais são produzidos), têm-se os eixos X, Y e Z do espaço de sinalização. Isso quer dizer que, para podermos produzir ou compreender um enunciado sinalizado, precisamos levar em consideração não apenas o sinal que está sendo produzido, mas também em que local do espaço esse sinal está sendo produzido. O espaço é, assim, explorado nas línguas sinalizadas para expressar diferentes relações gramaticais. Nas línguas de sinais, cada nominal pode ser associado a uma localização específica no espaço de sinalização de diferentes maneiras. A primeira delas é a apontação (pointing), em que o sinalizador aponta para um local específico no espaço antes ou depois de produzir o nominal. Há ainda a possibilidadede essa associação se dar por meio da direção do olhar ou ainda ao se realizar o sinal naquele ponto específico. É preciso, entretanto, esclarecer que o estabelecimento desses referentes não se dá de maneira aleatória. As línguas de sinais apresentam uma sistematização em que é considerado: (i) a pessoa do discurso e (ii) se o referente se encontra presente ou não no momento da enunciação. A primeira distinção refere-se à pessoa do discurso. A literatura acerca do assunto assume que a maioria das línguas de sinais faz uma distinção entre 1ª pessoa e não-1ª pessoa. Assim, ao se fazer referência à 1ª pessoa, aponta-se 41 41 diretamente para o peito do sinalizador. Já as outras pessoas do discurso são associadas a pontos distintos do espaço. Ao definir o ponto em que será estabelecido o referente, as línguas de sinais ainda fazem a distinção se esse referente encontra-se presente no momento da enunciação ou não. Caso o referente esteja presente, aponta-se diretamente para o local que o referente ocupa no espaço, ou seja, para a sua posição real. Uma vez que a 2ª pessoa sempre se encontra presente fisicamente no momento da enunciação (modalidade oral), esta é sempre referida no espaço imediatamente à frente do falante. O fato de haver essa regularidade na forma em que se faz referência à 2ª pessoa levou alguns autores a discutirem se as línguas de sinais fazem ou não, na verdade, distinção entre 1ª pessoa, 2ª pessoa e 3ª pessoa. Entretanto, essa posição teórica ainda é bastante debatida na literatura CONCORDÂNCIA A concordância nas línguas de sinais acontece quando a localização e/ou a direção do verbo é determinada pela localização espacial dos argumentos. Em outras palavras, o local em que o verbo é sinalizado é alterado para que este coincida com a localização dos argumentos que concordam com o verbo. Por exemplo, tem-se o sinal de ajudar que é um verbo que apresenta concordância com o sujeito e o objeto da sentença. Assim, se temos “João” e “Maria” como argumentos do verbo ajudar e João são associados a um ponto no espaço e Maria a outro ponto, o verbo ajudar irá realizar uma trajetória de tal forma que o ponto inicial do verbo será o mesmo ponto em que foi estabelecido o sujeito João, e o ponto final do verbo será o mesmo em que foi estabelecido o objeto Maria. Para indicar essa trajetória do verbo, assinalam-se índices subscritos juntos ao verbo que coincidem com os índices utilizados em cada nominal que concorda com o verbo. Dessa forma, o índice utilizado à esquerda do verbo indica o ponto inicial da trajetória realizada por aquele verbo, e o índice à direita indica o ponto final dessa mesma trajetória. A transcrição da sentença discutida anteriormente é dada em: Em primeiro lugar, é preciso destacar que os diferentes padrões de concordância encontrados nas línguas de sinais estão relacionados aos diferentes tipos de verbos. Os chamados verbos simples não apresentam nenhuma marca morfológica de concordância. Alguns exemplos são dados a seguir a). Maria, gostar, João = „A Maria gosta do João.‟ b). João, dormir c-e-d-o todo^dia. = „João dorme cedo todos os dias.‟ c). ontem, eu, sentir, bem não. = „Ontem eu não me senti bem./Ontem eu não estava me sentindo bem.‟ 42 42 O segundo grupo de verbos, os verbos com concordância, pode ser divido em três subgrupos: verbos com concordância única, verbos com concordância dupla regular e verbos com concordância dupla reversa. Os verbos com concordância única possuem um slot (abertura) para concordância, ou seja, apresentam concordância apenas com um único argumento da sentença. Além disso, esses verbos concordam sempre com o objeto sintático, conforme os exemplos abaixo: a) Maria, abandonar, filho = „A Maria abandonou o filho.‟ b) você, acariciar, cachorro = „Você acariciou o cachorro.‟ c) eu, consertar, carro = „Eu consertei o carro.‟ Em outras palavras, o que se observa é que a concordância com o objeto é sempre obrigatória, enquanto a concordância com o sujeito é opcional, podendo ser omitida. Essa primazia do objeto fica clara ao observamos os verbos com concordância única: uma vez que o verbo possui apenas um slot de concordância, apenas a concordância com o objeto será realizada morfologicamente. Já os verbos com concordância dupla regular são aqueles que apresentam dois slots para a concordância, ou seja, concordam com dois argumentos da sentença, em uma configuração sujeito-verbo- objeto. 43 43 44 44 45 45 46 46 47 47 48 48 PRONOMES Pronomes Pronome é a classe de palavras que substitui o substantivo (nome). Tem a finalidade de indicar a pessoa do discurso ou situar no tempo e espaço, sem utilizar o seu nome. Veja agora os pronomes em Libras: 49 49 ADJETIVOS 50 50 VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS Na maioria do mundo, há, pelo menos, uma língua de sinais usada amplamente na comunidade surda de cada país, diferente daquela da língua falada utilizada na mesma área geográfica. Isto se dá porque essas línguas são independentes das línguas orais, pois foram produzidas dentro das comunidades surdas. A Língua de Sinais Americana (ASL) é diferente da Língua de Sinais Britânica (BSL), que difere, por sua vez, da Língua de Sinais Francesa (LSF). Exemplo: NOME ASL LIBRAS Além disso, dentro de um mesmo país há as variações regionais. A LIBRAS apresenta dialetos regionais, salientando assim, o seu caráter de língua natural. Variação Regional: representa as variações de sinais de uma região para outra, no mesmo país. Exemplo: VERDE Rio de Janeiro São Paulo Curitiba 51 51 MAS Rio de Janeiro São Paulo Curitiba Variação Social: refere-se à variações na configuração das mãos e/ou no movimento, não modificando o sentido do sinal. Exemplo: AJUDAR CONVERSAR 52 52 AVIÃO SEMANA Mudanças Históricas: com o passar do tempo, um sinal pode sofrer alterações decorrentes dos costumes da geração que o utiliza. Exemplo: AZUL 1º 2º 3º 53 53 BRANCO 1º 2º 3º ÁRVORE LIBRAS - representa o tronco usando o antebraço e a mão aberta, as folhas em movimento. LSC (Língua de Sinais Chinesa) - representa apenas o tronco da árvore com as duas mãos (o dedo indicador e polegar ficam abertos e curvos). CASA LIBRAS ASL 54 54 ESTRUTURA GRAMATICAL Aspectos estruturais A LIBRAS tem sua estrutura gramatical organizada a partir de alguns parâmetros que estruturam sua formação nos diferentes níveis linguísticos. Três são seus parâmetros principais ou maiores: a Configuração da(s) mão(s)-(CM), o Movimento - (M) e o Ponto de Articulação - (PA); e outros três constituem seus parâmetros menores: Região de Contato, Orientação da(s) mão(s) e Disposição da(s) mão(s). Parâmetros principais Os parâmetros principais são : a) configuração da mão (CM) b) ponto de articulação (PA) c) movimento (M) VELHO 55 55 LIBRAS PARA CRIANÇAS O ensino da Língua Brasileira de Sinais (Libras) na escola, além de ser uma educação inclusiva, é responsável pela formação de alunos surdos no país, criando novas possibilidades para essas crianças. No entanto, embora a inclusão social e acessibilidade sejam assuntos pautados na atualidade, nota-se que a comunidade surdaenfrenta muitas dificuldades no que diz respeito a comunicação e educação. Muito se fala sobre a importância da aprendizagem de uma segunda língua na infância, mas raramente vemos a Língua de Sinais sendo utilizada como uma opção para crianças ouvintes. O ensino de Libras para crianças ouvintes e surdas Precisamos falar de inclusão nos primeiros anos de vida. Para isso, é preciso trazer para as crianças a realidade de quem tem deficiência, assim podemos sensibilizá-las para as diferenças. Há um crescente número de estudos internacionais que revelam as vantagens especiais do aprendizado de Línguas de Sinais por pessoas sem deficiência auditiva. Para Marilyn Daniels, a Língua de Sinais é um fator significante no desenvolvimento cognitivo, melhorando as habilidades de atenção das crianças, a discriminação visual e a memória espacial. Ao ensinar a Língua Brasileira de Sinais para crianças, pretendemos oferecer a elas não somente as vantagens e os benefícios comprovados em pesquisas internacionais, mas de promover a Libras, de aprender sobre a cultura surda e, sobretudo, a possibilidade de poder se comunicar com seus pares diferentes valorizando a diversidade desde a Educação Infantil. 56 56 LÚDICO NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM A educação tem a finalidade de formar os educandos e prepará-los para atuar em sociedade, buscar seus sonhos e se realizarem como seres humanos ativos no mundo contemporâneo. Portanto, seu papel vai além do simples ato de ensinar. Para tanto, o repertório do(a) professor(a) deve ser diversificado, para que possa atuar com toda a diversidade de pensamento, cultura, valores e saberes que os educandos trazem consigo, pois cada criança é um universo particular, com suas dificuldades, limitações, possíveis problemas de todas as ordens e potencialidades que podem ser exploradas e estimuladas para o seu pleno desenvolvimento . Quando essa diversidade de educandos inclui surdos, a escola deve estar preparada para realizar todo o processo de inclusão para seu pleno desenvolvimento e integração na comunidade escolar, além de atuar conjuntamente com os professores para que ocorra a formação desse educando em sua língua materna: a Libras. Portanto, a escola e os professores devem estar preparados para atuar no ensino da Libras tanto como primeira língua (L1) para a criança surda como segunda língua (L2) para crianças ouvintes. Portanto, diversificar sua metodologia de ensino se faz necessário, e o lúdico vem como um caminho para ser adaptado e utilizado pelo corpo docente. O lúdico e a formação do educando Lúdico pode promover atividades voluntárias dos participantes, leva ao envolvimento de todos, de forma a desenvolver a sociabilidade, a autonomia e estímulo à cognição, pelas tarefas, desafios ou obstáculos a serem vencidos no seu desenvolvimento. A ludicidade está presente na condição humana, sendo um fenômeno universal da humanidade, em todas as sociedades e culturas, em diversas etapas da vida, principalmente na infância. É no brincar que se promove a condição humana e a preparação para a vida adulta; brincar é uma concepção analisada pelas diversas áreas das ciências humanas. 57 57 Quadro 1: Conceitos de brincar nas esferas do saber humano. Filosófico “O brincar é abordado como um mecanismo para contrapor à racionalidade. A emoção deverá estar junto à ação humana tanto quanto a razão”. Sociológico “O brincar tem sido visto como a forma mais pura da inserção da criança na sociedade. Brincando, a criança vai assimilando crenças, costumes, regras, leis e hábitos do em que vive”. Psicológico “O brincar está presente em todo o desenvolvimento da criança nas diferentes formas de modificação de seu comportamento”. Pedagógico “O brincar tem-se revelado uma estratégia poderosa para a criança aprender”. Fonte: Dallabona e Mendes (2004, p. 4). Educação Infantil e os jogos É indiscutível que, ao longo da história, a educação tem despertado o interesse pelos problemas relacionados ao fato de como educar. É coerente que a aprendizagem aconteça de forma alegre, dinâmica e que a criança tenha desejo de buscá-la. A ludicidade faz com que a criança aprenda de forma espontânea, pois os exemplos dos jogos didáticos não podem ser visto apenas como passatempo ou distração, nele deve haver objetivos concretos que colaborem para o desenvolvimento e a aprendizagem da criança. Dessa forma, torna-se primordial que as brincadeiras e os jogos sejam utilizados no procedimento pedagógico, de modo que os conteúdos a serem ministrados possam ser atrelados às formas lúdicas de trabalho. Isso porque, segundo Oliveira (1993), Vygotsky trouxe a visão de que a relação do homem com o mundo é uma relação direta, porém mediada por ferramentas auxiliares na atividade humana. Durante o processo de ensino pela ludicidade, temos o envolvimento tanto do professor como dos alunos, de forma mútua. Há uma interação intrínseca que normalmente não acontece pela pedagogia convencional, pois se quebram, no momento do brincar para a aprendizagem, todas as formalidades impostas pelo ensino escolar, e ambos – professor e alunos – passam a atuar conjuntamente na construção do processo de aprendizagem, brincar é viver na concepção da 58 58 criança. Toda criança brinca, gosta de brincar e se sente bem quando o faz. Do ponto de vista pedagógico, brincar tem se revelado uma estratégia poderosa para a criança aprender. Entretanto, a brincadeira pode ser vista como um meio de aprendizagem, uma vez que nesse divertimento, no custo que se tem em praticá-lo, haja aprendizagem tanto para o que deve trazer à sua vida como para o seu divertimento. Deve-se levar em consideração que o brincar deve ser direcionado de forma segura, para que se alcancem os objetivos necessários, os quais devem ajudar nas habilidades cognitivas, motoras e linguísticas. Se conduzidas de forma correta, as atividades lúdicas podem contribuir para a melhoria do ensino na Educação Infantil, pois definem valores, visão de mundo, um olhar crítico, o que favorece a criança a conceituar seus próprios valores e opiniões sobre tudo aquilo que a rodeia, sejam conhecimentos acadêmicos, seja convivência social no meio em que está inserida. A criança, pela sua natureza criativa, faz com aquilo que tem na mão diversos tipos de brinquedos, principalmente as que pertencem a famílias com pouco poder aquisitivo; logo, “não importa o tipo, o material a função, a cor, a forma, o tamanho nem origem. A criança é capaz de descobri-los no próprio corpo” Com os processos acentuados de urbanização e modernização das cidades e as mudanças de hábitos que ocorrem ao longo do tempo, o brincar sofreu várias mudanças no decorrer dos séculos. A educação contemporânea passa por um momento de transformação, em que a aprendizagem deve ocorrer de forma prazerosa, estimulando as múltiplas áreas psicocognitivas A atividade docente através do lúdico permite que a criança aprenda de forma alegre, espontânea e envolvente, favorecendo a interação com os demais alunos, estimulando as suas aptidões motoras, a concentração, o raciocínio rápido e a criatividade. Os jogos favorecem o domínio das habilidades de comunicação, nas suas várias formas, facilitando a autoexpressão. Encorajam 59 59 o desenvolvimento intelectual por meio do exercício da atenção, e também pelo uso progressivo de processos mentais mais complexos, como comparação e discriminação; e pelo estimulo à imaginação. Todas as vontades e desejos das crianças são possíveis de serem realizados por meio do uso da imaginação, que a criança faz através do jogo. A metodologia lúdica também favorece a aquisição da Libras, tendo em vista que essa língua necessita da percepção do meio que envolve o educando para uma aprendizagem real e contextualizada.Com isso, o jogo e o próprio brincar estimulam a necessidade do visual, do gesto, do contato direto com o objeto. Para que a ação do lúdico contribua na aquisição da Libras, é preciso que se tenha a consciência de sua contribuição legítima para a criança, já que essa língua, conforme já foi do, precisa para ser adquirida, do real/concreto e do visual. o brincar tem papel muito acentuado na construção do pensamento na criança e, sendo assim, contribui de maneira significativa para sua formação cognitiva. O lúdico na Educação Infantil O estudo de Dohme (2003, p. 79), ao tratar dos jogos como ação lúdica, considera-os como importantes instrumentos para o desenvolvimento de crianças e jovens. Longe de servir apenas como fonte de diversão, eles propiciam situações que podem ser exploradas de diversas maneiras educativas. Portanto, o jogo para a criança constitui um fim, ela participa com o objetivo de obter prazer. Para os adultos que desejam usar o jogo com objetivos educacionais, ele serve como meio, ou seja, um veículo capaz de levar até a criança uma mensagem educacional. Assim, a tarefa do adulto é escolher o jogo adequado para transmitir a mensagem desejada para fomentar o processo de ensino-aprendizagem (Dohme, 2003). Para Benjamin (2002), por meio do jogo induzem-se as crianças desde cedo a aprender os principais costumes inerentes ao ser humano (cultura, hábitos, comportamentos etc.). Os jogos e as brincadeiras são muito importantes para o 60 60 desenvolvimento infantil, já que fazem parte do seu cotidiano desde o início de suas vidas. O mesmo autor ainda que o jogo é a origem de todo hábito, e, mesmo que a educação ocorra de maneira mais rígida, o jogo sempre persistirá em ter sua incidência. O jogo possibilita incutir nas crianças o senso de responsabilidade e, principalmente, o dos seus limites. Por outro lado, não havendo o jogo, o brinquedo tem similaridades no desenvolvimento da criança. Ele, por ser um suporte da brincadeira, precisa e pode ser também o suporte para a imaginação e a criatividade, necessitando apenas de orientação para que as crianças o tornem um momento singular em suas vidas, prazeroso e educativo. Assim, segundo Velasco das mãos das crianças poderão sair “pipas, cata-ventos, carrinhos, bonecas, marionetes, pernas de pau e tantos outros que constituem um importante acervo da cultura popular”. O brinquedo é, antes de mais nada, uma das principais ou mesmo a principal atividade da criança. Com isto, Vygotsky destaca o caráter central do brinquedo na vida da criança, subsumindo e indo além das funções de exercício funcional, de seu valor expressivo, de seu caráter elaborativo etc. [...] O brinquedo que interessa, para se ponderar o desenvolvimento da criança em termos de sua apropriação dos instrumentos da cultura, é um brinquedo regulado mais ou menos ostensivamente pela própria cultura. Tanto com o jogo como com o brinquedo, a criança é estimulada a adquirir confiança para se relacionar com as pessoas à sua volta e se expressar quanto aos seus sentimentos, o que pode indiscutivelmente contribuir para a socialização e a integração das crianças surdas com as ouvintes de forma bem natural. O lúdico e o pedagógico Ao tratar de tal temática, tem-se que adentrar sua concepção pedagógica. A palavra lúdico vem do latim ludus, que significa brincar, conforme se pode verificar no Dicionário da Língua Portuguesa (Nascentes, 1998, p. 387). Por sua vez, estão incluídos nesse brincar os jogos, brinquedos, enfim, todas as 61 61 atividades que se caracterizam pelo prazer, criatividade e espontaneidade. Essas atividades, consequentemente, devem possibilitar a produção do conhecimento: “As atividades lúdicas podem permitir o desabrochar da afetividade. O ambiente descontraído, a atividade prazerosa, a oportunidade de conhecer e valorizar o próximo tendem a criar um clima de compreensão e de amor” Essa afetividade da pela autora é estimulada pela vivência estabelecida entre o educador e a criança; a ludicidade servirá de ponte para influenciar esse vínculo. Por esse motivo, faz-se necessário o resgate do brincar, principalmente nas diferentes metodologias utilizadas em sala de aula pelo professor, propiciando às crianças o verdadeiro prazer no aprender. No entanto, o que se constata é que as crianças se encontram privadas de tais direitos, por estarem sobrecarregadas de obrigações. Em muitas escolas, as aulas são repletas de autoritarismo, assegurando apenas a transmissão de informações repassadas mecanicamente. Assim sendo, a criança passa a não ter direito de expressar suas idéias. É válido ressaltar que a escola tem o papel fundamental de garantir um espaço onde todos são tratados sem distinção, com direitos iguais, para que seja resgatada a infância de cada criança, pois, se enfrentam tantas dificuldades, é preciso que a escola contribua para que a infância dessas crianças seja permeada de sonhos e alegrias, assegurando-lhes o direito que é seu, de brincar por brincar (inato) e do brincar pedagógico (adquirido). O convívio com a fantasia proporcionado pelas atividades lúdicas leva a criança a construir uma cultura própria, que vem a ser o produto da interpretação das propostas culturais fornecidas pela sociedade de adultos. 62 62 O brincar no desenvolvimento da criança surda Atualmente, a Educação de Surdos está entrelaçada com o bilinguismo, em que tanto a Libras como o português devem ser ensinados de modo que o ouvinte também obtenha as duas línguas, de modo que a Libras seja para o surdo a L1 e o português a L2, ocorrendo o contrário para os ouvintes. Sobre esse aspecto, as vantagens de estruturar uma língua dessa forma, quando se faz por emprego de seus usuários naturais; como a Libras é uma língua visual, o brincar ajuda na sua aquisição de forma mais efetiva, tanto para os ouvintes como para os surdos, uma vez que essa abordagem metodológica traz a compreensão do meio em que estão inseridos e de tudo que os cerca. Ainda há resistência da utilização do lúdico como meio didático-pedagógico de elevar o processo de ensino-aprendizagem, pela demanda de um planejamento mais elaborado, da necessidade de levantamento bibliográfico ou de busca etnográfica na comunidade de origem dos educandos e da importância do(a) professor(a) não só nesta etapa pedagógica como também na sua aplicação, desenvolvimento e finalização juntamente com o educando (Córdula, 2013b; Córdula et al., 2016; Córdula; Nascimento, 2017). Os profissionais que trabalham nessa área devem ter consciência da importância dos jogos e dos brinquedos para a aquisição da língua e de outras habilidades a serem desenvolvidas pelas crianças. Deve-se estimular atividades lúdicas como meio pedagógico que, junto com outras atividades, como as artísticas e musicais, ajudam a enriquecer a personalidade criadora, necessária para enfrentar os desafios na vida. Para qualquer aprendizagem, tão importante como adquirir é sentir os conhecimentos. PEDAGOGIA A surdez interfere no desempenho acadêmico do aluno; ele torna-se limitado, mas tem seu sistema cognitivo preservado; isto significa que com estímulos adequados o aluno conseguirá aprender todas as informações que a escola pode oferecer tanto na leitura como na escrita. No ambiente escolar, o surdo faz uso de duas línguas: a sua Língua Materna (Libras) e a Língua Portuguesa, que fica sendo a sua segunda língua, em se tratando do Brasil. Por intermédio do professor, os conhecimentos necessários para que aconteça a aprendizagem de fato são transmitidos ao surdo. E muitas salas de aulas com portadores de surdez têm números de alunos reduzidos, 63 63 permitindo o contato com os ouvintes, sem interferência na aprendizagem. Além de contar com o intérprete que realizaum trabalho individualizado com o surdo, seguindo as informações estabelecidas pelos professores. Os problemas atualmente encontrados pelos surdos tiveram uma atenção especial no decreto de Salamanca, feito na Espanha. Este decreto foi construído na Conferência Mundial sobre necessidades Educativas Especiais em Salamanca, em 1994, realizada pela UNESCO. Um dos objetivos principais desta conferência foi adotar uma lei de inclusão tornando necessário que as escolas e os profissionais se adéquem a um novo sistema de ensino. Enquanto as escolas se adaptam a este sistema, os pais ficam preocupados com o rendimento escolar de seus filhos, pois não basta só colocar um intérprete e a inclusão já está feita, é importante que a escola ampare legalmente o aluno e os professores. É necessário que os professores sejam capacitados e os alunos tenham materiais específicos e/ou adaptados. A relação dos pais com os professores acontece na expectativa dos pais depositarem no professor a confiança de que seu filho, aluno surdo, prossiga e progrida tanto na vida acadêmica como na vida social, e que tenha uma vida satisfatória se comunicando num grupo sabendo expressar sentimentos, ideias e opiniões. Visando atender a lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, regulamentada pelo Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005, que prevê a inclusão do ensino da Libras em todos os cursos de formação de profissionais em Educação Especial, Fonoaudiologia e de Magistério, acredita-se que cada vez mais em nossa sociedade existam profissionais capacitados a orientar a comunidade surda, já que a criança surda precisa participar de vivências coletivas, sociais e culturais na família, na comunidade e também na escola. Assim, com o passar dos anos, ela terá um conceito de vida melhor, saberá também identificar e valorizar diversas formas de convívio social e tomar decisões cabíveis e coerentes. De acordo com o World Federation of the Deaf (Federação Mundial de Surdos), 70 milhões de pessoas no mundo são surdas. Segundo o censo 2012 do IBGE, somente no Brasil 9,7 milhões de cidadãos, ou cerca de 64 64 5% da população, se declaram deficientes auditivos. São pessoas que enfrentam diariamente a barreira da linguagem, que têm dificuldade de se colocar no mercado de trabalho, nas universidades e até de se comunicar com amigos e familiares. Contudo, este cenário está sendo aos poucos transformado através da tecnologia. Já existem diversas alternativas que buscam integrar estas pessoas à sociedade. Hand Talk Ganhador do prêmio World Summit Award Mobile, das Nações Unidas, em 2013, o programa transforma imagens e textos em linguagem de sinais, incluindo os surdos que não são alfabetizados em português nas atividades cotidianas. O assistente pessoal pode ser utilizado através de um aplicativo de celular, capaz de traduzir mensagens de texto e até cartazes na rua, basta o usuário tirar uma foto para que o software varra a imagem atrás dos caracteres e a traduza para a Língua Brasileira de Sinais (Libras). O assistente também pode ser instalado em um computador e aplicado em diversos sites. 65 65 ProDeaf O diferencial deste sistema é transformar pequenas frases faladas em linguagem de sinais, facilitando a comunicação do falante com o surdo. O aplicativo para mobile possui um dicionário com diversas expressões e frases simples, e assim como o seu concorrente, também é capaz de transformar texto em sinais. Além do aplicativo, a empresa possui outras soluções, como o WebLibras, que transforma o conteúdo de sites em linguagem de sinais, com um sistema de dados que reúne mais de 3.700 sinais. VLIBRAS O que é o VLibras? Desenvolvido em uma parceria entre o Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão (MP) por meio da Secretaria de Tecnologia da Informação (STI), em conjunto com a Universidade Federal da Paraíba (UFPB), o VLibras é uma Suíte que abrange um conjunto de ferramentas computacionais de código aberto, responsável por traduzir conteúdos digitais (texto, áudio e vídeo) para a Língua Brasileira de Sinais – Libras, tornando computadores, dispositivos móveis e plataformas Web mais acessíveis para pessoas surdas. Com enfoque no conteúdo de plataformas digitais, o VLibras pode ser uma alternativa para a interpretação de informações que estão em língua 66 66 portuguesa para a Libras, oferecendo à comunidade surda mais uma possibilidade de transpor as barreiras de acessibilidade no acesso a informações. Funcionalidades do VLibras Algumas funcionalidades da ferramenta incluem: A interpretação de textos selecionados em língua portuguesa para Libras; O ajuste da velocidade de interpretação de acordo com a necessidade do usuário; O ajuste do tamanho da janela de exibição do intérprete na tela; A escolha entre a exibição ou não da legenda em português durante a interpretação de conteúdos. O VLibras está disponível na versão para computadores/desktops com sistemas operacionais Windows e Linux, versão mobile para dispositivos com Android e IOS, como extensão de navegador para Chrome, Firefox e Safari e, ainda, como WidGet (o player do VLibras pode ser instalado diretamente no site). Se você deseja instalar essa ferramenta no seu computador, acesse o Manual de Instalação do VLibras para Windows ou o Manual de Instalação do VLibras para Linux. Caso deseje instalar o aplicativo para smartphone, baixe o VLibras para Android ou VLibras para IOS. Como utilizar o VLibras no Google Chrome Para instalar a ferramenta no seu Google Chrome, acesse a página da extensão VLibras para Chrome e clique em “Usar no Chrome” e em seguida “Adicionar extensão”. 67 67 Após esse procedimento, o VLibras estará disponível na barra de extensões do seu navegador. Para utilizar a ferramenta em uma página da web, basta selecionar uma palavra, frase ou parágrafo que está em língua portuguesa, clicar com o botão direito e escolher a opção “Traduzir… para LIBRAS”. 68 68 Após ter escolhido essa opção, uma janela com o avatar do VLibras iniciará a interpretação do texto em Libras. Alguns termos técnicos, nomes próprios, nomes de locais ou outros substantivos poderão ser soletrados (datilologia) pelo avatar que desconhece o sinal para o termo, em virtude de expressões muito específicas ou regionalismos. O VLibras, através da barra de ferramentas em sua parte inferior central, permite reproduzir novamente a interpretação, ajustar a velocidade da reprodução, habilitar ou desabilitar legenda e também acessar um dicionário com inúmeras palavras que podem ser interpretadas. Embora a ferramenta esteja configurada para interpretar o texto em Libras, tendo marcado como configuração padrão o dicionário de sinais do Brasil, uma 69 69 possibilidade bem interessante disponibilizada é poder configurar a ferramenta de acordo com o estado brasileiro que o usuário reside. Para isso basta clicar no menu “Configurações”, opção “Regionalismo” e escolher o estado brasileiro desejado. 70 70 A utilização de ferramentas como o VLibras é considerada uma alternativa que pode auxiliar os surdos a obterem informações com mais facilidade no meio digital. No entanto, é importante esclarecer que esses recursos não são substitutivos, mas sim complementares aos profissionais especializados na área e outras estratégias de acessibilidade utilizadas para a comunidade surda. 71 71 REFERÊNCIAS Carpovilla Digital Cidadão PG Direito de Ouvir Educação Pública Libras Libras na Matemática Puc Goiás Trabalhando com Surdos Vlibras
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