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TÓPICOS ESPECIAIS EM EDUCAÇÃO
· METODOLOGIAS DIGITAIS
· METODOLOGIAS ATIVAS
· INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
2021
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Sejam bem-vindos (as) à disciplina de Metodologias Ativas, a partir de agora vamos nos aventurar por novas formas de conceber e praticar a educação e métodos de aprendizagem, desejamos que este seja um passeio proveitoso e que ao final todos estaremos positivamente transformados.
Objetivo​:​
Compreender o conceito e uso das metodologias ativas e seu caráter autônomo e interativo, inserindo-o nas demandas educacionais cada vez mais virtualizadas e de acordo com as linguagens contemporâneas inerentes à digitalização social.
Habilidades que o aluno deverá desenvolver:​
· Compreender as tecnologias digitais no contexto da educação
· Selecionar tecnologias digitais para o contexto educacional
Competências que deverá adquirir ao final da disciplina: ​
· Conhecer as tecnologias digitais mais pertinentes ao contexto educacional
· Selecionar tecnologias digitais assertivas ao contexto educacional
Se voltarmos nossa atenção para uma reflexão sobre como foi a educação da humanidade desde os primórdios até os dias atuais, podemos concluir que o modelo atual pode estar retornando ao passado para adotar um caminho de maior eficiência. Retornar ao passado para um resgate não é necessariamente retroceder, mas ressignificar.
Um exemplo prático, é a valorização de receitas gastronômicas que durante algum tempo da história contemporânea deram lugar às comidas feitas quase que inteiramente por máquinas, entregues em tempos curtos e muitas vezes sem nenhum toque humano. A educação personalizada está passando pelo processo de tornar-se novamente mais humana e adaptada ao cardápio de necessidades de cada período do desenvolvimento humano.
Uma aplicação muito prática que sustenta este pensamento pode ser a maneira como comunidades que não tem acesso aos modelos formais de educação ensinam as gerações mais jovens: por observação, aprendizado prático, experimentos e experiências.
Figura 1: Pai ensinando o filho a pescar em seu habitat natural
FONTE: <Freepik.com>.
Os profissionais da educação em todo o mundo dirigem seus esforços para descobrir novas maneiras de ensinar. Os jovens estudantes que nasceram na era digital não conseguem acompanhar com atenção concentrada os ensinamentos baseados na educação tradicional, aquela em que o professor se posiciona em um ponto da sala de aula e os alunos ficam distantes em suas mesas. Os ambientes de aprendizagem atuais devem se atentar aos diversos recursos tecnológicos que entram como ingredientes necessários para possibilitar as diferentes conexões do processo ensino aprendizagem das atuais gerações, não somente de alunos, mas também de professores. Desta forma, recursos como livros digitais, portal online, aplicativos para tablets e smartphones começam a fazer parte do processo de ensino.
No cenário contemporâneo, por mais naturais que possam parecer, de acordo com AXT (2003), ainda precisamos destacar algumas razões para que ocorra a adoção, ou inclusão do uso da tecnologias digitais, em ambiente escolar, como:
· Despertar mais interesse e atenção dos alunos por promover mais engajamento e dinamicidade às apresentações de conteúdo. O simples variar de rotina, desperta a curiosidade na mente humana que busca resultados diferentes para experiências muitas vezes iguais;
· Auxiliar na percepção e resolução de problemas reais uma vez que pode aproximar um conteúdo estudado à realidade do aluno (vide exemplo do pai e filho aprendendo na natureza – Figura 1);
· Inserir os estudantes no debate social e contribuir para formação do senso crítico pela possibilidade de acesso a informações atualizadas e em tempo real. A atualização de um livro didático, por exemplo, envolve muitos processos (elaboração, impressão, distribuição), ao passo em que a informação atualizada pode promover uma inversão do papel passivo de receptor para ativo em querer protagonizar a busca da argumentação, senso crítico e desafios da vida social e acadêmica;
· Estimular o desenvolvimento da maturidade ou responsabilidade quanto ao uso da internet e dos recursos digitais uma vez que estes recursos fazem parte da vida dos jovens desde o nascimento. Regras de convivência e boas práticas de segurança em ambientes virtuais, bem como do uso dos equipamentos, podem ser aprendidos quando ensinados de maneira didática e transparente nos ambientes escolares;
· Democratizar o acesso ao ensino pelo uso de ferramentas e metodologias desenvolvidas com a finalidade de inclusão, então, recursos sonoros, visuais ou escritos podem oferecer mais autonomia aos estudantes portadores de deficiências, transtornos ou dificuldades de aprendizado;
· Oportunizar feedback imediato e constante aos professores, alunos e responsáveis, quando são utilizados ambientes virtuais de aprendizagem (AVA) em que podem ser realizadas transferências de tarefas, avaliações de desempenho e consequente geração de dados para todos. Por uso destes recursos, a velocidade de intervenção ou direcionamento sobre estudos necessários ao melhor desenvolvimento do aluno, é mais ágil e eficaz;
· Traçar um plano de ensino adequado para cada aluno com as suas especificidades e particularidades. Como a tecnologia digital permite gerar dados e sua interpretação é cada dia mais simples, é possível identificar temas e conceitos de maior ou menor facilidade de compreensão para toda uma turma, como também o desempenho individual de cada aluno.
A tecnologia digital como recurso para avaliação, proporciona uma velocidade de troca de informações e feedback, em relação ao desempenho e tende a aliar-se ao processo de ensino aprendizagem, como um microondas, que não faz a comida sozinho, mas a aquece mais rápido, indiferente de deixá-la saborosa ou insossa. O sabor ao conteúdo e a forma como ele é apresentado para ser degustado pelos alunos, bem como todos os mais criativos ingredientes acrescentados, sempre será responsabilidade do educador, de acordo com a cultura educacional da instituição.
 Acompanhe a evoluação das tecnologias educacionais: <https://www.youtube.com/watch?v=tcLLTsP3wlo>.
CONCEITOS, FERRAMENTAS E TENDÊNCIAS DA TECNOLOGIA DIGITAL
CONCEITO
De acordo com Ribeiro (2002), “a tecnologia digital é um conjunto de de tecnologias que permite, principalmente, a transformação de qualquer linguagem ou dado em números, isto é, em zeros e uns (0 e 1)”. Assim, imagens, sons, textos ou a sua soma, que podemos ver através de um dispositivo digital (celular, tablet, tela de computador, televisor), nada mais são do que códigos de sim e não sobrepostos.
O surgimento das tecnologias digitais revolucionou a indústria, a economia e a sociedade do século XX. Armazenar e transmitir a informação modificou a relação das pessoas com a história. A propriedade intelectual, a originalidade, os direitos sobre qualquer criação se tornaram preocupações importantes e muito provavelmente eternas, uma vez que a velocidade de propagação e compartilhamento da informação é maior a cada dia. A informação que no passado era guardada em livros, manuscritos, bibliotecas e academias, muitas vezes distantes da maioria da população, passou a ser permitida e acessada, na medida em que é digitalizada e compartilhada.
Ignorar a urgente necessidade de adequação de metodologias com o uso da tecnologia digital não é mais permitido em pleno século XXI e tornou-se mais do que necessária, uma vez que os desafios pandêmicos, resultantes da COVID-19, afastaram o aluno da sala física e o transportou, ou ao menos deveria, para o ambiente virtual.
FERRAMENTAS
A tecnologia digital pode ser introduzida através de jogos, uso da internet, aplicativos, programas, músicas, exercícios virtuais, em que o aluno se conecta ao universo a ser aprendido, através de uma interface tecnológica, como computadores, notebooks, tablets, smartphones.
Figura 2: Educação por meio de uso de tecnologia
FONTE: <Freepik.com>.
De acordo com o portal Google, em 2017 foram realizadas 1,2 trilhões de pesquisasem todo o mundo. A cada segundo, mais de 40 mil consultas são realizadas e 3,5 bilhões de pesquisas foram traduzidas. O uso da rede mundial de computadores cresce de maneira exponencial em unidades de tempo, quase impossíveis de mensurar. Desta forma, com o compartilhamento e colaboração da internet novas formas de aprender e ensinar também são disponibilizadas a cada dia, desafiando escolas, estudantes e professores a fazer o melhor uso destas ferramentas.
Para Santos (L.A. 2019), são cinco as mais importantes ferramentas de tecnologia digital utilizadas na educação:
· Aplicativos de realidade virtual (VR) e gamificação – uso de jogos digitais e ambientes de realidade virtual para trabalhar diferentes conteúdos atualizados e adequados aos programas de educação ou práticas cotidianas;
· Learning analytics e aplicativos de gestão escolar – plataformas de auxílio para famílias e professores acompanharem o desenvolvimento dos estudantes (produção e frequência). Por esta ferramenta também é possível selecionar indicadores de alunos, turmas, colégios por objetivos estabelecidos e com isso adaptar o planejamento de conteúdo das aulas.
· G-Suite – pacote de serviços do Google disponíveis para qualquer professor ou aluno com conta na plataforma (Gmail). Este pacote permite o uso de metodologias ativas e colaborativas em sala de aula como elaboração de documentos e projetos online.
· Google sala de aula - plataforma que permite gerenciar atividades, avaliações e conteúdo como uma sala de aula virtual. Partindo da criação de uma classe, é possível adicionar alunos por e-mail e elaborar tarefas, anexando links, arquivos, gerando prazos, enviando e recebendo trabalhos.
· Programa Google de tecnologia – plataforma considerada como centro de treinamento voltado a instituições, estudantes e professores que querem desenvolver habilidades técnicas para a área da tecnologia e ciência da computação. Esta plataforma tem como objetivo maior, gerar conhecimento para garantir os profissionais do futuro.
TENDÊNCIAS
Entre as maiores tendências da tecnologia digital estão a internet 5G, os veículos autônomos, internet das coisas, computação em nuvem, blockchain e inteligência artificial. Sobre as vivências e experiências possíveis na área da tecnologia da informação e que foram descritas como tendências para o ano de 2020 (ÉPOCA Negócios, 2020), estão:
· Multi Experiência: Com a chegada das redes 5G, realidades como tênis e pulseiras conectadas, reconhecimento facial (já presente na China) e casas inteligentes ou smart home assim como Google Home e Amazon Alexa, serão cada vez mais vividas.
· Inteligência Artificial (I.A.): Como extensão natural da automação, a democratização tecnológica, a computação em nuvem e as interfaces de programação de aplicativos (APIs), nasceu a ferramenta que chamamos inteligência artificial. É pela IA que as empresas poderão obter mais insights de rede, beneficiando a segurança e disponibilizando agilidade geral nos negócios.
· Veículos autônomos: Apesar de ainda não ser uma realidade presente, veículos sem motoristas farão parte da vida de todos, inicialmente pelos serviços de entrega de alimentos por robôs, e por drones, as entregas de encomendas.
· Computação em nuvem: O custo dos equipamentos de computador ou interfaces tecnológicas diminuem de tamanho na medida em que é possível armazenar dados na nuvem (supercomputadores profissionais localizados em diversos países).
· Blockchain: Registro de transações de moedas virtuais em que estão contidas informações como a quantia de moedas transacionadas, quem enviou, quem recebeu, quando foi feita e onde está registrada (NAKAMOTO, 2019). Este conjunto de informações é armazenado em blocos que são carimbados a cada 10 minutos, formando blocos de transações que se ligam ao bloco anterior. A cadeia de blocos, ou blockchain, forma uma tecnologia de informação perfeita e fidedigna.
 Acesse os endereços a seguir e conheça as ferramentas digitais, abordadas nesta unidade!
<https://gsuite.google.com/>.
<https://classroom.google.com/>.
<https://edu.google.com/intl/pt-br/>.
INCORPORAÇÃO E UTILIZAÇÃO EM SALA DE AULA
INCORPORAÇÃO
A adequação das metodologias para atender as demandas dos novos estudantes é obrigatória. Da mesma maneira como o pai ensina o filho a pescar no habitat natural, família e docentes devem trabalhar a educação das crianças e jovens nos ambientes tecnológicos, como seu novo habitat. A internet tornou-se um dos recursos mais utilizados no cotidiano das pessoas e é natural que este mecanismo, ou ferramenta, entre nas salas de aula. Com o advento da pandemia da COVID-19 a educação digital ou tecnológica assumiu uma velocidade muito além da planejada, ou prevista por qualquer empresa de tecnologia.
Crianças e jovens que não se utilizavam do modelo de ensino a distância (EAD), bem como suas famílias e docentes, mudaram esta condição. Estes três atores do sistema de educação precisaram transformar-se, em um curto espaço de tempo, em conhecedores de recursos básicos para uma boa transmissão (upload) e recepção (download) de dados. O distanciamento social compulsório não apresentou outra saída, senão a transmissão das aulas, com recursos tecnológicos disponíveis, tanto para os docentes, quanto para os discentes, no formato online.
De acordo com Moran, existem: inúmeras formas de o professor tornar suas aulas mais interativas seja através da simples formação de grupos nas redes sociais, criação de blogs, ou do uso de plataformas e aplicativos específicos para a área educacional, que possibilitam desde o compartilhamento de informações e experiências até a confecção de livros, revistas, mapas conceituais e outros materiais para utilização por parte de professores e alunos. (MORAN, 2017, p.3)
Se em 2017, ano da publicação de Moran, estas interações significavam uma inovação, no atual contexto passaram recursos essenciais, para promover a participação discente, no ambiente escolar virtual.
UTILIZAÇÃO EM SALA DE AULA
Em uma pesquisa do movimento Todos pela Educação, que teve o apoio de algumas empresas privadas publicada em 2017, denominada O que pensam os professores brasileiros sobre a tecnologia digital em sala de aula, foram ouvidos quatro mil professores do ensino fundamental e médio e também da educação de jovens adultos (EJA) da rede pública de ensino, em todo o Brasil. Os resultados desta pesquisa revelaram que, havendo ferramentas que auxiliassem no desenvolvimento de seu trabalho e em condições adequadas de uso, docentes estavam dispostos a usar a tecnologia digital no ambiente escolar.
Na ocasião desta pesquisa, alguns discentes que responderam não adotar prontamente o uso de tecnologias digitais em sala de aula, atribuíram a este posicionamentos à velocidade insuficiente da internet, à baixa quantidade de equipamentos,  à sobrecarga de trabalho ou à ineficiência. Este fato nos leva a compreender que docentes estão abertos à utilização de recursos tecnológicos em sala de aula, desde que haja recursos mínimos aceitáveis, tanto em relação à infraestrutura, quanto em relação às habilidades necessárias.
De acordo com o Alegria (2017), o gerente de políticas educacionais do citado movimento Todos pela Educação, Olavo Nogueira Filho, observou três pontos para o avanço do uso das tecnologias em sala de aula: 
· Ampliação e melhoria da oferta de formação e apoio específico ou qualificado;
· Propostas que possam auxiliar na rotina do trabalho do professor;
· Melhor entendimento sobre o potencial de impacto pedagógico no uso da tecnologia para a formação.
Sobre rotina profissional, o quadro a seguir foi elaborado com os percentuais de resposta sobre os desafios no cotidiano docente, apresentando a média da somatória de respostas das cinco regiões brasileiras:
Autor com base no programa Todos pela Educação
Os itens de pesquisa, relacionados à formação e apoio buscaram coletar dados sobre o conhecimento docente para uso das tecnologias digitais, ou seja a participação na formação ou capacitação profissional, quanto ao uso de tecnologiasdigitais:
Gráfico 1: Participação em programas de formação e capacitação sobre uso de tecnologias digitais
FONTE: Autor, com base no programa Todos pela Educação
A temática da pesquisa relacionada a infraestrutura, talvez o ponto mais percebido durante o período de distanciamento social decorrente da pandemia, trouxe os resultados voltados aos equipamentos tecnológicos e internet. A pergunta pediu que os respondentes indicassem em que medida o uso das tecnologias digitais era afetado pelas restrições apresentadas no gráfico:
Gráfico 2: Restrições para com o uso de tecnologias digitais
FONTE: Autor, com base no programa Todos pela Educação
Quanto à última temática sobre a relação da tecnologia com a aprendizagem, foi possível avaliar o maior ou primeiro impacto positivo e o segundo maior quanto ao uso das tecnologias digitais, no processo ensino aprendizagem, como podemos visualizar no gráfico a seguir:
Gráfico 3: Impactos positivos quanto ao uso de tecnologias digitais para a educação
FONTE: Autor, com base no programa Todos pela Educação
Com base nos dados apresentados da pesquisa, é possível compreender que o uso das tecnologias digitais é aceito por docentes e discentes e que as limitações, como equipamentos obsoletos ou não atualizados e internet fraca, são os pontos negativos de maior impacto. Estes fatos, com a chegada da tecnologia 5G é a comoditização dos equipamentos tecnológicos, se concretizam como o menor dos desafios no processo de incorporação e utilização de tecnologias digitais na sala de aula.
A pesquisa citada neste tópico está disponível para análise e revela importantes, informações que fornecem elementos para uma maior aceitação, implantação e adoção das tecnologias digitais no ambiente escolar. Foram quatro os pilares da pesquisa: Rotina profissional, formação e apoio, infraestrutura e percepção de impacto. Acesse em: <https://bit.ly/2G7ddpO>.
EQUIPAMENTOS OU DISPOSITIVOS MÓVEIS E EXPERIÊNCIAS EDUCATIVAS
O advento do computador proporcionou a automatização de grande parte das áreas profissionais. A internet, promoveu a convergência tecnológica e alavancou a informatização global, o que trouxe mudanças expressivas no comportamento humano. (SANTOS, 2017).
A velocidade na transmissão e comunicação de informações em tempo real, que a extensão dos equipamentos móveis como notebooks, netbooks, tablets, smartphones e todas as suas tecnologias embarcadas, proporcionou a mobilidade e a facilitação das multitarefas do cotidiano. Ao pensar nestas tecnologias no ambiente escolar, muito mais do que discussões sobre desafios e uso mais pertinente, é necessário conscientizar que no contexto atual não há como abolir o seu uso.
De acordo com Silva (2017), a inclusão digital na escola favorece o desenvolvimento de novas formas de aprender e ensinar, integrando professores/as e alunos/as para uma educação mais flexível e colaborativa, em que o primeiro passa a desenvolver um papel de mediador e o segundo se torna mais autônomo, com objetivo de potencializar o aprendizado.
O ser humano, por sua natureza curiosa não para de explorar suas potencialidades e está em constante aprendizado e desenvolvimento de mecanismos que o auxiliem no dia a dia. “É através do conjunto de conhecimentos e princípios científicos que se aplicam ao planejamento, à construção e à utilização de um equipamento em um determinado tipo de atividade, que formamos a chamada tecnologia.” (KENSKI, 2012b, p.18).
Figura 3: Cidadania digital
FONTE: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Ciudadan%C3%ADa_digital.jpg>.
Dentre os muitos equipamentos que passaram a integrar o ambiente de sala de aula e que podem ser considerados como disruptivos, pois além de promoverem a mudança do modelo tradicional ainda trouxeram tecnologia – como o rádio, aparelho toca fitas ou toca discos, televisores de tubo, computadores em CPU, até as mais modernas e eficazes com acesso à internet, como televisores Smart, notebooks, tablets ou smartphones - que permitem maior mobilidade nas tarefas e maior acesso às informações, em tempo real (BOTTENTUIT JR. 2012). O uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) geraram transformações significativas também no âmbito educacional, maximizando e dinamizando o processo de ensino aprendizagem, criando uma nova cultura e modelo de sociedade (KENSKI, 2012a).
Segundo Valente (1993), é papel docente identificar o que cada uma destas facilidades tecnológicas  pode oferecer e de qual forma pode ser explorada, em diversos contextos educacionais, uma vez que podem oferecer diferentes aplicações a serem exploradas.
Considerando que: O acesso aos conteúdos multimídia deixou de estar limitado a um computador pessoal e estendeu-se também às tecnologias móveis, proporcionando um novo paradigma educacional, o mobile learning ou aprendizagem móvel, desenvolveram-se projetos de investigação pelo e-learning (MOURA, 2012, p.50).
Nesta perspectiva, dentre as experiências educativas com o uso de aparelhos celulares em vários níveis de ensino estão as  mensagens eletrônicas (SMS), para as atividades simples, como contextualização de conteúdos, até a promoção de desafios, como caça ao tesouro e tantas outras formas de uso de informações codificadas ou não. As máquinas fotográficas ou de vídeo são utilizadas para registro de atividades, tanto internas, quanto externas ao ambiente escolar, sendo que discentes podem ser motivados a acompanhar as estações do ano, crescimento de vegetais em uma horta e dentre tantas outras possibilidades. As gravações de áudio também pode ser utilizadas, tanto para contextualização de conteúdo, registros e relatos de experiências, como visitas a ambientes externos aos muros da escola. Ainda na abordando mídias de áudio, os podcasts com entrevistados de áreas de pesquisa ou produções acadêmicas se concretizam como experiências educativas significativas. A realidade virtual proporciona excursões interativas a museus, bibliotecas, ambientes em outros estados ou países, que poderiam nunca ser investigadas, presencialmente, mas proporcionam uma imersão positiva e aderente ao processo de ensino aprendizagem.
Dentre as diversas possibilidades pedagógicas, para utilização dos dispositivos móveis pelos discentes, podem ser citadas a troca de mensagens, consulta ao dicionário, possibilidade de acesso a imagens, resolução de tarefas, ouvir conteúdo em formato de áudio, visualizar vídeos, acessar conteúdos curriculares, gravar arquivos em formato de áudio, tirar fotografias, marcar datas importantes em calendário eletrônico e até mesmo elaborar uma agenda de horários, consultando a previsão do tempo. Portanto, podemos constatar que a aprendizagem não é estanque e deixou de limitar-se a apresentação de conteúdos fechados. Esta abordagem educacional proporciona a gestão de conteúdos de forma personalizada e ainda oferece a possibilidade de desenvolvimento online, em tempos e espaços diferentes, atendendo às demandas discentes e docentes.  (BOTTENTUIT JR. 2012).
Já imaginou criar um podcast com ou para suas turmas? Entenda como, assistindo Como fazer um podcast: dicas para começar do zero | Hotmart Tips, acesse em <https://www.youtube.com/watch?v=rRPU42zctCg>.
BLENDED LEARNING E FORMAÇÕES SEMIPRESENCIAIS
BLENDED LEARNING
A palavra blend em inglês significa mistura ou composição e learning é o gerúndio do verbo to learn, aprender. O blended learning, também conhecido como b-learning, é a combinação de práticas pedagógicas do ensino presencial e do ensino a distância, utilizando-se dos dois formatos de ensino, com o objetivo de potencializar o desempenho discente.
Quando é adotado um modelo híbrido de educação composto por atividades presenciais e à distância, é necessário identificar as habilidades dos docentes que podem atuar nestas frentes, e ao mesmo tempo capacitar os demais. Talvez a maior vantagem do ensino híbrido seja a abertura de um espaço dinâmico para o desenvolvimento do pensamento crítico, uma vez que discentes passam a dominar assuntos a partir de aulas online, buscando mais aprofundamentoquando se interessam pelo assunto.
Diferente do que se pensa, o blended learning é uma prática antiga de ensino aprendizagem, que combina aulas dentro e fora do ambiente escolar, como o caso de excursão a um museu, visita a uma fábrica, passeio a um parque ou teatro ou acampamento temático, por exemplo. Atualmente, esta metodologia alia as tecnologias digitais ao ensino, não substituindo práticas, mas integrando e interagindo. Outra importante caraterística do b-learning é que as atividades podem ser estruturadas em situações em que docentes e discentes interagem em um mesmo momento (atividades síncronas) ou em momentos diferentes (atividades assíncronas). Carvalho, (2016) indica que o b-learning utiliza a tecnologia não apenas para somar, mas transformar e engrandecer o processo de ensino aprendizagem.
FORMAÇÕES SEMIPRESENCIAIS
As Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC’s) proporcionaram mudanças significativas na educação à distância (EAD). Até o início dos anos 1980, a EAD utiliza como estratégia a elaboração e envio de material impresso, que foi sendo substituído a partir de tecnologias que permitiram a criação de diversas interações, potencializando a modalidade de ensino à distância, com diferentes formas de se combinar ensino à distância e atividades presenciais.
A maior característica deste formato de ensino aprendizagem pode ser a sala de aula invertida ou flipped classroom, em que discentes buscam o conhecimento do conteúdo programático antes de entrarem em seu ambiente acadêmico, ou seja, o primeiro contato com o assunto a ser aprendido não vem pelo professor. Tendo estudado ou lido sobre o assunto previamente, é na sala de aula que vai aprender ativamente, realizando atividades de resolução de problemas ou projetos, discussões, laboratórios e maneira que o professor faça o apoio e os colegas aprendam de maneira colaborativa (VALENTE, 2014).
Dentre os grandes desafios que o ensino superior enfrenta na atualidade, pode-se destacar a baixa aderência dos alunos às aulas, sendo por ausência ou por estar presente, realizando outras atividades. Isto gera um desgaste na relação docente-discente, uma vez que o planejado para aquele encontro possivelmente não será satisfatório.  Outro desafio é a grande demanda de alunos que deseja ingressar no ensino superior e são impedidos por sua localização geográfica, impactando em seu deslocamento - horário de transporte, ausência de segurança. Tapscott e Williams afirmam que:
O atual modelo pedagógico, que constitui o coração da universidade moderna, está se tornando obsoleto. No modelo industrial de produção em massa de estudantes, o professor é o transmissor. [...]. A aprendizagem baseada na transmissão pode ter sido apropriada para uma economia e uma geração anterior, mas cada vez mais ela está deixando de atender às necessidades de uma nova geração de estudantes que estão prestes a entrar na economia global do conhecimento (TAPSCOTT; WILLIAMS, 2010, p. 18-19).
O processo de ensino tradicional, em que o professor assume a postura ativa e os alunos a passiva, foi criticado por John Dewey (1916) há mais de um século, como  antiquado e ineficaz, sua proposta era baseada no fazer ou hands-on - talvez a expressão brasileira literal que mais se assemelha seja mãos na massa. Desta forma, nasceu a visão de que os alunos não fazem parte de um modelo industrial em que o resultado final é sempre igual para todos, mas que cada um, com suas vivências anteriores e culturas diferentes, pode ressignificar o conteúdo original. Esta teoria precisou de quase 100 anos para ser aceita e praticada, conforme aponta Davidson (2011), independente do conteúdo a ser trabalhado na sala de aula, a maneira como isso acontece tem como objetivo construir uma prática disciplinar voltada para a fábrica ou empresa, que mais tarde vai contratar os seus graduados.
Para assimilação da origem da base do ensino semipresencial, podemos adotar dois exemplos distintos utilizados na Universidade de Harvard (Cambridge, Massachusetts) e no MIT-Instituto de Tecnologia de Massachusetts. Ambos adotaram a estratégia da sala de aula invertida, explorando os avanços das tecnologias educacionais e minimizando a evasão e níveis de reprovação. A primeira, denominada Peer Instruction (PI) foi desenvolvida pelo Professor Eric Mazur (2009) e baseia-se no estudo prévio do conteúdo individualmente, resposta a um questionário online, formação de grupos para discussão das questões que tiveram maior número de erros, nova apresentação de respostas e então a discussão do professor sobre os temas de maior apresentação de erros, como é apresentado no esquema a seguir.
Esquema 1: Método Peer Instruction – PI da Harvard University
FONTE: O Autor
Este método propõe que os alunos formulem argumentos e avaliem o nível de compreensão sobre os conceitos, antes mesmo de deixar a sala de aula. O MIT desenvolveu o projeto Technology Enabled Active Learning (TEAL) que é aplicado aos alunos sempre que ingressam na universidade. Quando as aulas são presenciais, os alunos se agrupam em trios, sendo que em cada uma das treze mesas redondas dispostas em uma sala de aula, são organizadas em grupos. O centro desta arena indica a estação central de trabalhos do professor ou sua equipe e cada grupo conta com um computador para exibir slides das aulas, acessar informações e coletar dados de experimentos. Com a implantação do projeto TEAL, o MIT conseguiu bons resultados no aproveitamento dos alunos, reduzindo a taxa de reprovação nas disciplinas e aumentando a frequência no final do semestre, que era inferior a 50% (BELCHER, 2001).
Com base nos modelos PI e TEAL, considerados semipresenciais, é possível compreender que seu formato agrega uma carga horária à distância e outra na modalidade presencial. Pela legislação brasileira, um curso pode ser considerado semipresencial quando oferece até 20% da carga horária total, para atividades à distância (MEC, 2004). As principais características dos cursos semipresenciais, de acordo com Aguiar et. al. (2003) no Brasil são:
· Os cursos de origem são na modalidade presencial;
· Nem todas as disciplinas da graduação são oferecidas na modalidade semipresencial;
· Dependendo do projeto pedagógico o conteúdo é ensinado através do ambiente virtual de aprendizagem e também em encontros presenciais;
· Os encontros presenciais ocorrem na própria instituição;
· Cada instituição define quantos encontros presenciais ocorrerão;
· As avaliações finais são feitas obrigatoriamente por encontros presenciais;
· É recomendada para alunos que queiram ou tenham condições de fazer uma graduação presencial e precisam de flexibilidade no processo de aprendizagem.
Conheça mais sobre o MIT, acesse: <https://bit.ly/2HAHOwZ>.
CONSTRUÇÃO COLETIVA NA EAD
REDES SOCIAIS E A EAD
Os cursos de ensino à distância são cursos em que a maior parte das atividades se dá nos ambientes virtuais de aprendizagem. Sendo que em cursos de graduação, a legislação brasileira exige que os alunos participem de encontros presenciais, com periodicidade mensal ou semestral.
A construção coletiva parte do princípio de que os alunos não só façam uso do ambiente virtual acadêmico, como também das redes sociais para compartilhamento de informações, estudos em grupo, divulgação de conteúdos pertinentes aos assuntos estudados, partilha de materiais e recursos (vídeos, arquivos, links) e no fortalecimento das relações entre os membros dos diferentes segmentos da instituição acadêmica. A informalidade permitida pelas redes sociais possibilita maior interação entre os atores envolvidos, mesmo que virtualmente. De acordo com Ribas (2015), “às relações geradas a partir das redes sociais impactam diretamente no desempenho acadêmico dos alunos de EAD, isto é, contribuem positivamente como ferramenta no processo de geração do conhecimento.” (RIBAS, 2015, p. 17). Esta afirmação é corroborada pelas teorias de Vigotsky (1991), que indica que processos de socialização contribuem  tanto para o desenvolvimento social e emocional, quanto para o desenvolvimentocognitivo do indivíduo.
Outros benefícios de utilização das redes sociais, no processo de ensino aprendizagem, são também destacados por Lorenzo (2013):
· Centralização das atividades de ensino;
· Aumento do senso de comunidade educativa para alunos e professores;
· Aumento da fluência e facilidade de comunicação entre professores e alunos, com participação maior de todos;
· Melhoria da eficácia do uso das TIC´s, aglutinando pessoas, recursos e atividades;
· Facilidade na coordenação e conexão com estudantes;
· Facilidade da comunicação e transmissão de informações entre docentes, discentes e familiares.
Ao pensar na EAD com uma perspectiva comunicativa é necessário entender que um dos grandes problemas de exclusão social está relacionado à ausência de compartilhamento dos benefícios da ciência e tecnologia, que podem desempenhar um importante papel na redução das desigualdades sociais. Propagar ciência e tecnologia, por intermédio do trabalho de extensão ou propagação de conhecimentos, recebe um sentido transformador, quando o objetivo é gerar o envolvimento dos atores sociais interessados, para que estes conhecimentos possam ser multiplicados.
A participação em curso à distância traz a inserção em ambientes nos quais a comunicação é o centro da leitura e interpretação de materiais alocados em diversos suportes como fóruns, chats, wikis ou blogs. Para Almeida (2003), estes ambientes integram os envolvidos em todo o processo de ensino aprendizagem, abarcando os seguintes objetivos:
· Conviver com a diversidade e a singularidade;
· Trocar ideias e experiências;
· Realizar simulações,
· Testar hipóteses;
· Resolver problemas.
Este conjunto de objetivos é capaz de criar novas situações que se complementam ou culminam na construção coletiva de uma ecologia da informação em que valores, motivações, hábitos e práticas são compartilhados (ALMEIDA, 2003, P.14-5). Ainda dentro da linha da construção coletiva, destaca-se que discentes e docentes utilizam o espaço virtual, não somente para tratar assuntos voltados ao conteúdo programático ou acadêmico, mas também para marcar reuniões presenciais, trocar referências de obras e estimular colegas a permanecerem no curso. Sendo assim, relacionam-se diariamente e em vários momentos do dia, interagindo com pessoas de diversas partes do país e do mundo.
AVALIAÇÃO DIGITAL
O modelo de avaliação de estudantes tem passado por algumas mudanças, de acordo com teorias defendidas por educadores, grupos educacionais e instâncias governamentais. Assim, os modelos mais tradicionais, baseados apenas em pontuações por erros, acertos e suas parcialidades, tem dado espaço aos conceitos, cumprimento de objetivos ou demonstração de aprendizado, em diferentes formas, mais adequadas à disciplina, docente e discente. Assim também, a avaliação digital encontra duas formas básicas que podem coexistir, seguindo os modelos adotados na educação tradicional.
O modelo de notas exatas soa aos tecnicistas como mais simples, uma vez que conceitos não são exatos ou se somam, subtraem ou fazem a própria média. Entretanto, padrões tradicionais também estão dando espaço a novos critérios de classificação e aprovação. Superadas as barreiras e todos os desdobramentos da inclusão digital para a docência, as avaliações digitais utilizam ferramentas que privilegiam a utilização da avaliação como verificação do conhecimento, como os testes de múltipla escolha aliados a ferramentas que demonstram o potencial do aluno, por sua interação social nos chats e fóruns (ABED, 2004).
Importante observar que ferramentas de comunicação e interação fazem parte das propostas de EAD, mas para fins de comprovação do processo de avaliação, o uso de instrumentos tradicionais de avaliação ainda são os mais utilizados, para compor de maneira matemática uma nota ou média final. A participação dos alunos em chats e fóruns ainda não é uma tarefa simples de ser realizada, pois a tecnologia disponível atualmente nos AVA’s permite poucas interações simultâneas. Se a turma for grande, pode ser difícil perceber um aluno menos participativo, por ter compreendido o conteúdo. Desta forma, o modelo adotado por Harvard ou MIT, poderia servir como inspiração para as propostas de EAD no Brasil.
Considerando a evolução da tecnologia e todas as formas de inteligência, possíveis de criação de algoritmos para medir os formatos de participação dos alunos nas diversas interações virtuais, o papel docente transcende a mera transmissão de conteúdos e aferição.
Verificar a assimilação dos saberes específicos é parte do processo de avaliação, mas ele não se esgota nesta dimensão. A avaliação não é um momento da proposta pedagógica de um curso, mas um de seus componentes constantes. É fundamental considerar a avaliação como parte de um processo dinâmico, que influencia, mas ao mesmo tempo é influenciado pelas respostas dos alunos, pela peculiaridade do contexto e do momento (CALDEIRA, 2004).
O conteúdo das interações produzidas em cursos online - content analysis – é um vasto tema discutido atualmente, sendo possível identificar mais de seis milhões de resultados, somente no portal de buscas Google Acadêmico. Entre estas publicações disponíveis, muitos autores não diferenciam os conceitos entre participação e interação dos alunos, assumindo que toda mensagem gravada em uma plataforma já recebe a atribuição de ser interativa. Desta forma, o critério quantitativo pode ser considerado quanto ao número, tamanho e frequência das mensagens, que cada aluno registre no sistema. De acordo com Caldeira (2004), ainda são poucas as produções acadêmicas que tratam da natureza das interações e fazem uma análise qualitativa das mesmas.
AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM E ESTRATÉGIAS PEDAGÓGICAS
Ambientes virtuais de aprendizagem passam por mudanças constantes. Assim como no passado era comum surgirem novos prédios de corporações educacionais, ou, em uma escala mais simplista, salas de aula eram reformadas para cada novo período letivo, assim também, os ambientes virtuais de aprendizagem passam por transformações.
O conceito de sala virtual, para designar um ambiente virtual de aprendizagem, vem de Silva (2003). Este conceito se complementa com o ambiente ser também um espaço online integrador e de uma diversidade de quatro dispositivos que possam possibilitar aos usuários uma maior comunicação com os demais integrantes de uma turma, com professor/tutor, com os conteúdos e com a realização das atividades disponibilizadas (ALVES, 2009). Desta forma, as plataformas de ensino à distância trazem um AVA como uma simulação de sala de aula, com uma qualidade semelhante a uma sala presencial, sendo necessário um conjunto harmonioso e em perfeito alinhamento a ferramentas digitais disponíveis.
Indiferente se o processo de aprendizagem é à distância ou presencial, a necessidade discente por feedback e incentivos para o seu processo de ensino aprendizagem é latente.  Este feedback está para além das notas das avaliações somativas ou do seu conceito final, ao contrário, deve fazer parte do cotidiano de aprendizagem, construindo essa relação com os alunos.  Por isso, faz parte da estratégia pedagógica da EAD utilizar o ambiente virtual de aprendizagem como uma interface tecnológica que proporcione uma experiência de aprendizado, de forma a que garanta ao aluno:
· Realizar atividades programadas;
· Debater ideias;
· Acessar o conteúdo das disciplinas;
· Acompanhar o seu avanço pelo relatório de atividades
Figura 4: Paralelo de ações possíveis ao aluno em AVA e uma sala de aula tradicional
FONTE: O Autor
O ambiente virtual limita a interação pessoal do aluno, mas democratiza o acesso ao conhecimento, uma vez que possibilita a redução de custos, o tempo de deslocamento, a manutenção da edificação de ensino e outras variáveis como aquisição de material didático e alimentação.
Entre as estratégias pedagógicas mais utilizadas para manter os alunos integrados estão os fóruns de discussão com moderação dos tutores ou administradores do curso, o estímulo ao debate, gerenciamentode brainstorms, o compartilhamento de conhecimento entre os participantes, de acordo com o planejamento e objetivos estratégicos de cada curso ou disciplina. Outra importante ferramenta é o calendário com prazos de entrega de trabalhos e eventos acadêmicos, que auxiliam na construção e manutenção de habilidades essenciais ao mundo do trabalho.
As principais plataformas AVA utilizadas atualmente são:
· Moodle: uma das mais utilizadas por alunos de universidades públicas e privadas, apresentando interface fácil e design Seu software é gratuito e não exige conhecimentos técnicos complexos, garantindo acessibilidade por ter código-fonte livre.
· LMS Estúdio: sistema de fácil gerenciamento com visual profissional. Plataforma voltada para criar, comercializar e ensinar cursos online. Entre seus recursos de ensino estão vídeos gravados e ao vivo, download de materiais e conteúdos didáticos e de avaliação.
· Teleduc: Desenvolvido pela Unicamp, tem como principal objetivo o suporte a apoio aos professores para sua formação em informática para a educação.
· AulaNet: Desenvolvido pela PUCRJ, tem como principal objetivo a administração dos cursos à distância em ambientes colaborativos e educativos para usuários. Esta interatividade entre alunos e professores é a principal ferramenta deste ambiente, favorecendo um ambiente educativo eficiente e acessível.
· E-Proinfo: Desenvolvido pelo MEC, tem como finalidade o auxílio na complementação do aprendizado de aulas presenciais e ensino a distância. Mais utilizado por instituições de ensino público.
Com a apresentação destas plataformas de AVA, encerramos o último capítulo deste conteúdo, voltado às tecnologias ativas para a educação. Espero que estes conhecimentos tenham agregado forma de relevante e que possamos nos encontrar em outra oportunidade. Nossa despedida será com um respeitoso abraço virtual!
Conheça as principais plataformas virtuais, utilizadas no ensino à distância:
<www.modle360.com.br>.
<www.lmsestudio.com.br>.
<www.teleduc4.multimeios.ufc.br>.
<www.ftp.inf.puc-rio.br>.
<http://e-proinfo.mec.gov.br>.
RESUMO
Vimos que o perfil dos estudantes, por força de atores sociais e tecnológicos passa por modificações e, a cada geração novos paradigmas se impõe, o que exige de sistemas educacionais e professores novas metodologias. Novas gerações exigem novos métodos e uma postura mais ativa acompanha o discente, o que exige dos docentes uma atitude de inserção desse aluno, em uma atmosfera técnica e lúdica que o coloque como ator privilegiado no processo de aprendizado, isso inclui uma maior democratização do contraditório, da disseminação de ferramentas como games, internet, apps e gadgets que dêem suporte a tais implementos.
As tecnologias digitais de informação e comunicação representam um passo significativo na criação de uma esfera pública de debate e trocas informacionais de diversos níveis, e isso não muda quando a temática se encontra com processos de aprendizagem. Por isso, a educação não deve estar alijada desse processo, ao contrário, deve estar entre os segmentos que ponteiam essa revolução multi experiencial.
É por este caminho que seguiremos, a transformação digital deixou as histórias de ficção e já integra nossa realidade, e com ela toda uma gama de ações e pensares sociais, que está cada vez mais entremeada pela tecnologia. Atualmente, mais que reter conhecimento, se exige a interação, o debate e a experimentação de novo habitat digital, tão comum às novas gerações, mas que ainda representa para muitos um surpreendente terreno a ser desbravado. E por isso, aqui estamos!
REFERÊNCIAS
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ALMEIDA, Maria Elizabeth Bianconcini de. Tecnologia e educação a distância: abordagens e contribuições dos ambientes digitais e interativos de aprendizagem. Reunião anual da Anped, v. 26, 2003.
CALDEIRA, A. C. M. Avaliação da aprendizagem em meios digitais: novos contextos. In: XI Congresso Internacional de Educação a Distância. 2004.
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COMPLEMENTARES
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AGUIAR, J. M.; DOS SANTOS FERREIRA, C.; GARCIA, A.B. Aplicação de modelo de tutoria proativa na modalidade semipresencial de ensino a distância utilizando ferramentas de interatividade e personalização. EaD em Foco, v. 1, n. 1, 2010. AXT, M. et al. Tecnologias digitais na educação: tendências. Educar em Revista, n. SPE_, p. 237-264, 2003
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MAZUR, E. Farewell, Lecture? Science, v. 323, p. 50-51, 2009.
METODOLOGIAS ATIVAS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Olá, acadêmico!
É com muito prazer que apresentamos a disciplina Metodologias Ativas.
A disciplina abordará os conceitos fundamentais desta metodologia que é tão necessária, porém ainda pouco conhecida.
No primeiro tópico, você terá como foco principal a ideia geral do conceito Metodologia Ativa, o que significa fazer uso de seus recursos,além de investigar quem é o educador nesta nova caminhada e qual é o papel do aluno dentro deste processo de ensino-aprendizagem, que basicamente inverte a hierarquia e coloca o discente no centro do processo.  Agora, o professor deixa de ser o detentor do conhecimento e passa a ser o mediador e curador das melhores informações. Ele intermediará o ensino estimulando o aluno a ser responsável pela criação do seu conhecimento.
Também, veremos um pouco sobre a história do Ensino Híbrido, suas principais características e de que forma é possível preparar o professor para exercê-lo em sala de aula.
No tópico 2 da Unidade, iremos abordar como é possível realizar as poucos as mudanças na cultura do professor, da escola e do aluno, inserindo e sugerindo novas maneiras de ensinar e aprender. Tais modificações têm seu início no professor, que agora necessita estar aberto para o ensinar mais colaborativo, passando por um mero ajuste dentro da sala de aula, nas disposições das cadeiras e mesa, no estímulo para trabalhos em grupo e baseado em problemas, projetos e na ação. Algo que acaba transformando todo processo e tornando-o mais atraente e prazeroso ao aluno, além de ser extremamente recompensador ao educador. 
No tópico 3 dessa Unidade, o aprendizado será referente a como colocar em prática as metodologias ativas, através de quatro práticas: da sala de aula invertida, que consiste em inverter a aula normal - postando vídeos, textos, filmes, fotos, clipes, que serão estudados antes da aula - a aprendizagem baseada em projetos, que consiste em propor o trabalho em grupos de forma organizada e bem estruturada, trabalhando, com temas diversos e na aprendizagem baseada em problemas e no uso de equipes em sala de aula. Todas estas práticas devem ser cuidadosamente implementadas, seguindo regras em um passo a passo que iremos aprender juntos!
Já no tópico 4, veremos a importância da personalização no uso das metodologias ativas, entendendo formas possíveis de ensinar de uma maneira que seja atraente ao aluno.
Por fim, no tópico 5, abordaremos a questão da avaliação, relembrando as avaliações diagnósticas, que servem para diagnosticar o processo de ensino aprendizagem, a somativa, que serve basicamente para atribuir uma nota ao aluno, e a formativa, que é a mais utilizada na Metodologia Ativa, pois consiste em avaliar o aluno durante toda a sua caminhada.
Acadêmico, ao final de cada tópico você terá dicas do professor e sugestões de leitura, além de ter oportunidade de praticar os seus conhecimento, verificando seu processo de aprendizagem.
Desejamos que os conhecimentos desta disciplina sejam transformadores para a sua vida!
Bons estudos!
Objetivos:
· reconhecer e entender o que são metodologias ativas;
· apresentar alguns autores que servem de aporte teórico e que estão relacionados ao tema metodologias ativas;
· compreender a importância da valorização e participação efetiva dos alunos na construção do conhecimento;
· apresentar práticas pedagógicas, possíveis de se aplicar na educação básica e/ou superior, que valorizam o protagonismo dos estudantes;
· observar o uso de algumas metodologias ativas, como: pedagogia de projetos, sala de aula invertida, aprendizagem baseada em equipes e comunidades de práticas.
Objetivos Habilidades que o aluno deverá desenvolver:
· Identificar as formas de aplicação das metodologias ativas;
· Compreender a história do ensino híbrido;
· Descrever e analisar os diferentes papéis do professor e do aluno no uso das metodologias ativas;
· Aplicar as metodologias ativas em sala de aula;
· Avaliar de maneira apropriada os alunos, levando em consideração que na metodologia ativa não importa o resultado, e sim o processo.
Competências que deverá adquirir ao final da disciplina:
· Comparar o ensino tradicional com o ensino baseado nas metodologias ativas;
· Valorizar os alunos e aprender a utilizar outras formas de ensinar em sala de aula;
· Estimular o aluno a ser responsável e autônomo dentro do processo de ensino e aprendizagem;
· Entender a realidade do aluno hoje e as mudanças no processo epistemológico, tendo em vista as várias tecnologias digitais e as várias formas de aprender.
A APRENDIZAGEM É ATIVA
Ao longo de nossas vidas enfrentamos vários desafios, seja aprendendo ativamente entre as trocas de experiências com outro, seja desafiando e questionando, quando motivados pela nossa curiosidade, ou redescobrindo novas dimensões da vida em meio a acertos e erros.
Como diria Paulo Freire, em sentido amplo, a aprendizagem é ativa, pois ela ocorre acompanhada de um desejo de participar e criar, não apenas no desejo de se adaptar à realidade, “mas, sobretudo, de transformar, para nela intervir, recriando-a” (FREIRE, 1996, p. 28). Mas por quais motivos esquecemos estes elementos tão preciosos, como a criatividade e a atividade?
As últimas décadas foram marcadas por inúmeras pesquisas acerca de como e porque aprendemos. A questão central é se o aprendizado efetivo chega acompanhando do exercício e da prática, ou ocorre apenas por simples transmissão.
Como resultado, surge o que denominamos como metodologias ativas, um método de ensino e aprendizagem que movimenta o conhecimento e as competências, a partir da experiência direta e sua interação, compreendendo que a aprendizagem mais profunda e significativa requer espaços abertos ao exercício ativo do aluno em novos ambientes, certamente, mais ricos de oportunidades para trabalhos colaborativos, práticos e interativos.
Nesta caminhada, caro estudante, veremos como os papéis do educador e educando se alteram, pois pensando em metodologias ativas, o professor deixa de ser o guia e censor, para transformar-se em tutor, mediador e curador dos melhores conteúdos. Já o aluno passa a ocupar papel central, construindo o seu conhecimento na interação cooperativa, sendo assim o protagonista e autor do conhecimento. Além disso, compreenderemos o que significa o famoso ensino híbrido, esta junção entre o melhor dos dois mundos: o online e o offline, observando algumas práticas efetivas que envolvem o uso de tecnologias, como: a pedagogia de projetos, a sala de aula invertida, a aprendizagem baseada em equipes e as comunidades de prática (COPs).
As novas tecnologias de informação e comunicação (TICs) permearam a nossa conversa, afinal, elas auxiliam os profissionais da educação dispostos a reinventar o ato de educar.
Vamos lá?
METODOLOGIAS ATIVAS DE ENSINO E DE APRENDIZAGEM
Você já parou para pensar que nós, enquanto educadores, somos uma geração não tecnológica tentando ensinar uma geração totalmente imersa na tecnologia? E que se o mundo passou por transformações de forma tão drástica nas últimas décadas, não seria um grande erro acreditar que o ato de aprender e ensinar deva permanecer da mesma forma? A prova de que devemos nos questionar acerca de como aprender e ensinar, a partir destas e de outras perguntas, se inscreve no momento contemporâneo, onde os desafios docentes frente a novos desafios ficou ainda mais evidente. Se estamos diante de tempos incertos, quanto aos comportamentos nos próximos anos, a única certeza que temos é que falar de educação nunca mais será mesma forma.
Enquanto escrevo, para você estamos em meio a maior pandemia mundial enfrentada por gerações, sem previsão de retorno às aulas, e ela evidenciou a importância de estar preparado para realizar trabalhos à distância, que exijam o uso de outras metodologias, muito mais interativas, dinâmicas, personalizadas, rápidas, atraentes, ultrapassando o velho uso do giz, do quadro, da sala de aula presencial e dos materiais impressos. Neste contexto, as tecnologias educacionais, as famosas TICs (Tecnologias da Informação e Comunicação) e as TDICs (Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação) emergem como aliadas, quando o assunto é personalização e autonomia dentro do processo de ensino e aprendizagem.
Ao analisar separadamente metodologia e metodologia ativa, constatamos que a primeira é bastante conhecida e que se constitui como as diretrizes para o processo de ensino aprendizagem,resultando em estratégias, técnicas, exercícios e abordagens. A segunda direciona-se à participação efetiva e intencional, não só do educador, mas principalmente do estudante, com a utilização de vários recursos, flexíveis, personalizados e adaptáveis aos discentes e as suas várias formas de aprender. Este processo visa garantir o respeito ao ritmo de aprendizagem de cada aluno, e não o seu contrário. No entanto, como é possível colocar em prática a metodologia ativa?
A partir de vários modelos, dentre eles, o modelo híbrido. Vamos entender um pouco mais acerca deste conceito.
Acompanhando as transformações globais e suas mudanças, especialistas e educadores brasileiros, como Lilian Bacich e José Moran, importaram alguns métodos americanos com intuito de modificar gradativamente a cultura escolar, logo após perceber a necessidade de inserir metodologias e práticas disruptivas de ensino, no Brasil.
Um dos métodos mais famosos, e que ganhou espaço no cenário brasileiro, é o ensino híbrido, um misto entre o ensino presencial e à distância, também conhecido como blended learning (b-learning), abordado e difundido pelos autores Clayton M. Christensen e Jonathan Bergmann, em suas famosas obras: O dilema da Inovação e Sala de aula invertida: uma metodologia ativa de aprendizagem. Literalmente, b- learning, ou ensino híbrido, significa encarar o ensino online como espinha dorsal do processo ensino aprendizagem, mudança que pode ocorrer lentamente, mas que se torna disruptiva e irreversível, a partir do momento em que rompe com os padrões tradicionais da educação, ao re-posicionar o aluno dá margem, ao centro do processo do processo de ensino aprendizagem.
Segundo o educador e pesquisador José Moran, na obra Metodologias ativas para uma educação inovadora, existem três movimentos ativos básicos que compõem a concepção de Ensino Híbrido (BACICH, L.; MORAN, E. Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma abordagem teórico-prática. Porto Alegre: Penso, 2018, p. 4-5):
· Individual: onde os alunos percorrem e traçam seus caminhos (ao menos em partes);
· Grupal: momento em que o aluno dialoga e amplia o seu conhecimento na troca e compartilhamento, como na produção e discussão entre pares;
· Tutorial: que corresponde a aprender com pessoas mais experientes e que podem orientar naquele determinado campo e atividade (colega, mentor, professor etc).
Figura 1: O professor deve se reinventar no mundo contemporâneo
Fonte: <https://pxhere.com/>.
Assim, ainda que o papel do professor se modifique no ensino híbrido, como metodologia ativa, não diminui sua relevância, só que agora ocupará uma posição diferente: a de elaborar e selecionar as atividades mais pertinentes, os recursos mais aderentes, assim como os objetos e meios, além de coordenar, cuidar e zelar para que o aluno avance efetivamente no seu processo de ensino aprendizagem. Sendo assim, a responsabilidade desse processo deixa de ser exclusivamente do professor e este movimento torna o discente parte ativa e colaborativa.
Trabalhar com ensino híbrido significa o mesmo que lançar mão de vários expedientes para ensinar, em especial, os tecnológicos, dando ênfase à autonomia dos alunos a partir de trabalhos individuais ou coletivos, fora ou dentro do espaço da sala de aula, como por exemplo:
· do ensino baseado em projetos,
· das comunidades de práticas;
· aprendizagem baseada em equipes;
· e de um ensino que ultrapasse a tradicional concepção de espaço e tempo, como na sala de aula invertida (flipped classroom).
TDICs são tecnologias digitais de informação e comunicação. Usá-las na educação corresponde a ensinar fazendo o uso de tecnologias, hardware, softwares, aplicativos, o que nos leva a ferramentas como podcast, simuladores de realidade virtual, games interativos, plataformas de interação entre professor e aluno, como moodle, AVA, dentre outros. O uso das TDICs e TICs chega com a inclusão digital, sendo um grande aliado, tanto na capacitação dos docentes, quanto no uso prática na sala de aula.
PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM EMBASADO EM PRÁTICAS, METODOLOGIAS E TRABALHO COLABORATIVO
O educador que integra as metodologia ativas em sua prática é aquele disposto a romper com hierarquia de domínio, da disciplina e do silêncio, ampliando a confiança que antes era mínima - como no caso do ensino tradicional e conteudista, para conquistar os alunos e promover um aprendizado mais independente e, principalmente, mais colaborativo. Para tanto, o primeiro passo será enxergar crianças e adolescentes como seres autores e dotados de um potencial excepcional.
Figura 2: Aprendizado atônomo
FONTE: <Freepick.com>.
Mas como é possível oferecer esse ensino personalizado, colaborativo e ativo se a realidade do professor é de 40 horas/aulas semanais, com salas cheias e tendo em média 50 alunos? Sem contar a falta de estrutura escolar nas redes públicas ou do alcance ainda precário da internet, sem cobrir as zonas rurais ou as regiões periféricas. A questão é derrubar mitos e o senso comum, que causam resistência na adoção de novas formas de educar. Antes de falarmos de metodologia ativas, o mais importante será tratar da mudança no pensamento do educador (mindset), ajustes disruptivos, como estruturar a sala de uma forma que o debate possa ocorrer, sugerindo a formação de pequenos círculos de mesas e cadeiras, com equipes que trabalham temas distintos e de forma multidisciplinar, como na montagem de uma aula com Rotação por Estações, ou no Laboratório Rotacional.
De fato, modelos de ensino híbrido que exigem mais da criatividade do educador, mas por outro lado promovem uma aula mais participativa, ativa e cooperativa e por consequência mais eficiente e significativa para o aluno.
Um dos grandes problemas encontra-se na cultura educacional – e isto significa que todos nós fazemos parte desta cultura, docentes, discentes, família e sociedade em geral – em que as aulas ainda são planejadas, levando em consideração o perfil médio dos alunos. Em uma sala de aula, em que encontramos alunos retroativos, interativos e proativos, é necessário dar um novo passo e rever os extremos, perceber que cada aluno possui sua forma individualizada e pessoal de aprender. É necessário admitir que isto não é um problema a ser superado, mas uma situação a ser explorada, para que tais diferenças se complementam durante os projetos de trabalho, através do aprendizado colaborativo - em que alunos mais velhos colaboram com os mais novos, ou alunos proativos colaborem com alunos interativos e estes com os retroativos, proporcionando uma transformação. Desta forma, tutores provisórios são eleitos e irão auxiliar em laboratórios de informática e em determinadas atividades. Esta mudança faz com que o aluno se sinta parte importante e ator principal dentro deste processo de construção do seu próprio conhecimento e do conhecimento dos demais atores envolvidos, ressignificando seu processo de ensino aprendizagem.
Portanto, as modificações nas metodologias de ensino, no espaço físico e na aula em si, precisam ocorrer, seja no simples ajuste na disposição das cadeiras e mesas, ou com a proposta e promoção de aulas fora da espaço convencional - no pátio, no jardim, laboratório – mas principalmente com a mudança na postura da cultura educacional, possibilitando ao professor que assuma seu papel de mediador, retirando-se do púlpito central para estar na mesma altura de seus alunos. Com o uso de metodologias ativas, o professor passa a ser um guia, mais disposto a ouvir do que a falar, abrindo espaço para sugestões de temas e conteúdos que agreguem ao desenvolvimento dos atores de suas turmas.
Neste primeiro momento, é necessário compreender que a mudança principal não está na simples dinâmica de troca da metodologia tradicional pelo uso de novas e complexas tecnologias da moda, mas na mudança de pensamentos e de pequenas práticas que possam promover interações significativas. Nos próximos tópicos veremos como colocar em prática estas mudanças e como o estudo colaborativo pode deixar de ser apenas umateoria.
Laboratório rotacional é um entre os vários modelos de ensino híbrido, onde os alunos são divididos em grupos e rotacionam entre os demais grupos da sala de aula e o laboratório de informática, realizando a prática nos computadores e esclarecendo as dúvidas em sala, com o professor ou tutor. Já no modelo de rotação por estações, professor e os alunos se organizam dentro da sala de aula a partir de estações de trabalho com diferentes temas pelos quais os alunos irão transitar. Sugere-se que uma das estações contenha atividade online, porém, não é obrigatório. Saiba mais em <https://bit.ly/34A6rSQ>.
PRÁTICAS DOCENTES INOVADORAS
INCORPORAÇÃO
Sabendo que a tecnologia se expande e que são atraentes, educadores estão colocando em prática as metodologias ativas e aventurando-se nas plataformas, pesquisas na internet, uso da pedagogia de projetos, de games e gamificação. No entanto, na hora de pôr em prática, nem sempre o sucesso é garantido. Isso nos faz questionar se o problema estaria apenas na resistência por parte da cultura escolar, ou se também perpassa pela necessidade de compreender a dinâmica, para eficiência destas metodologias.
É importante ressaltar que a proposta não se refere ao abandono de métodos já utilizados pelos docentes, mas acrescentar métodos ativos no processo de ensino aprendizagem pode revolucionar as relações de conhecimento contínuo. Veremos um pouco sobre algumas ferramentas inovadoras, como da sala de aula invertida, que coloca de ponta cabeça o ritmo tradicional da aula. No segundo momento, entenderemos o porque a pedagogia de projetos é importante, respeitando sua metodologia, bem como a aprendizagem baseada em problemas. Por último, compreenderemos a importância do trabalho em equipe dentro da perspectiva do aluno, no centro do processo de ensino aprendizagem com as comunidades de prática (COPs).
A SALA DE AULA INVERTIDA
Enquanto professores, sabemos que na sala de aula tradicional o tempo é limitado, tendo em média 40 minutos de exposição do professor, cinco minutos para debate e outros cinco para exercícios, sem contar a chamada e contratempos. E se tivéssemos mais tempo para ensinar? Quando você inverte a sala de aula, a relação com o tempo e espaço se modificam e algumas atividades tão importantes como o momento da dúvida e da prática se tornam a parte principal da aula. Na dinâmica da sala de aula invertida, o professor pode propor ao aluno que inverta o processo, proporcionado através da postagem de determinados elementos em uma plataforma digitais, como mídias, vídeos gravados, vídeo do Youtube, textos, slides, reportagens, músicas e filmes, que devem ser verificados em tempos e espaços diversos à sala de aula, antes que os encontros aconteçam. A partir do momento em que o aluno tem um contato prévio com os materiais, antes da aula presencial, ele se sente mais engajando e adota outra postura para conversar, tirar dúvidas, discutir com os outros colegas, questionando de uma maneira mais crítica, uma vez que o diálogo tem a possibilidade de ocorrer.
Esta inversão faz com que o tempo deixe de ser um vilão, além de transformar o tempo presencial em um momento mais dinâmico, reservado para tirar dúvidas, interagir com jogos, realizar questionários e simulações. Consequentemente, o aluno terá espaço para uma interagir e ser mais ativo, adotando uma postura protagonista em sala de aula.
Figura 3: Espaços de aprendizagem
FONTE: Adaptada de Horn; Staker, 2015.
De forma prática, a modalidade sala de aula invertida necessita de um ambiente de virtual de aprendizagem (AVA), que podem ser pagas ou gratuitas como a plataforma moodle, blog ou Google Classroom, para que a indicação prévia de conteúdos possa ser realizada. O professor pode até mesmo convidar os alunos a participar da construção deste ambiente, possibilitando que a turma seja protagonista também nesta seleção.
Para que a sala de aula invertida possa ser concretizada, você poderá iniciar as indicações em um momento presencial, informando, por exemplo, que a disciplina tem sete capítulos, todos compostos de pré aulas que devem ser realizadas extraclasse momento em que o aluno irá assistir vídeos, ler contos, poemas, músicas, e- books, ou seja, ter contato com alguma mídia. Extra classe, o aluno acessa a plataforma virtual, estuda, aprende, faz jogos, exercícios e lê o material disponível. A aula fica mais personalizada, pois o aluno pode ver, pausar e rever todos os conteúdos em casa, apreendendo a partir do seu ritmo. Após quinze dias, a aula presencial acontece e a primeira atividade será um teste online com perguntas e respostas de múltipla escolha, que auxiliará na verificação do que foi absorvido pelo o aluno, a partir do que foi disponibilizado na sala de aula virtual.
O que vai para a sala são as dúvidas e, com o uso de um questionário, o professor obtém informações a respeito das lacunas de aprendizagem e dos progressos de maneira rápida, elaborando um teste em que resultados das questões são fornecidos na mesma hora, com a utilização de um formulário Google, por exemplo. Após a verificação, o professor possibilita o debate e proporciona momentos de interação entre aluno-professor e aluno-aluno.
Figura 4: Sala de aula invertia
FONTE: <https://commons.wikimedia.org/>.
PEDAGOGIA DE PROJETOS
Quando propomos projetos também lidamos com a educação de forma ativa, pois tal proposta permite que o aluno estude em grupo e trabalhe de forma prática. O princípio do projeto está baseado no tempo: deve-se levar em consideração que todo projeto consiste em uma atividade com prazo determinado e que pode variar entre um dia, uma semana ou um semestre. Nesta perspectiva, o tempo não importa, desde que esteja estabelecido que o projeto deve ter início, meio e fim. Para finalizá-lo, os alunos apresentam o produto final, através de um artefato tangível, como uma exposição em PowerPoint, maquetes, cartazes ou outra manifestação. Mas como colocar esta metodologia em prática? Existem alguns passos que orientam a pedagogia de projetos de forma prática. Primeiramente, deve-se instigar o aluno trazendo pequenos vídeos, casos reais, trechos de reportagens, que fomentem o tema a ser trabalhado. No segundo momento, é necessário elaborar o estudo em forma de desafio e propor a resolução de um problema. Por exemplo, os alunos devem investigar o fenômeno das enchentes dos últimos meses em sua região, após receber a seguinte informação em um papel: Com o crescimento populacional, certos bairros foram construídos em locais aterrados, sobre rios, córregos e mangues. No último mês, vimos desastres após longos períodos de chuva. Levando em consideração o crescimento populacional inevitável, bem como a chuva que não pode ser controlada, como é possível construir e habitar estes locais?
Figura 5: Elaborando soluções
FONTE: <lucianarondon.com.br>.
O terceiro passo é a pesquisa e a discussão, ou seja, momento em que os alunos irão pesquisar na internet e livros, conversar em grupos, em duplas, e buscar soluções com especialistas, para entender como economicamente e ambientalmente será viável colocar em prática seus projetos. A quarta etapa é a idealização do projeto, isto é, traduzir estas ideias em um artefato na forma de um protótipo, um cartaz, projeto textual, maquete, palestra, PowerPoint, blog. Por fim, temos a etapa dos feedbacks, afinal, todo projeto demanda uma resposta com percepções positivas e com os pontos em que é possível e preciso desenvolver. Esta resposta também pode ser oferecida durante o processo, em forma de uma avaliação formativa, em que se avalia o interesse, o trabalho em grupo e o engajamento do aluno no projeto. 
Outra especificidade da pedagogia de projetos é o potencial experimental, pois muitas vezes o trabalho dos alunos toma formas que nem o professor esperava. O fato é que os alunos acabam adquirindo conhecimentos e outras competências ao longo do projeto, em certos casos, nem ao menos eram esperados. Assim, além de ensinar os alunos a aprender, o projeto ensina o professor a ensinar.  De modogeral, este método desenvolve o nível criticidade e gera significados para o aluno. É uma forma de envolvê-lo completamente, na medida em que o educador indica como é possível adquirir conhecimento e ir além do conteúdo estudado ou que estava previsto.
APRENDIZAGEM BASEADA EM EQUIPES E COMUNIDADES DE PRÁTICA
Promover um bom trabalho em equipe ou time, em sala de aula, requer planejamento prévio, bem como o compromisso com o que se está fazendo, caso contrário qualquer proposta inovadora pode ser tornar um grande fracasso. Portanto, para garantir o sucesso de uma aprendizagem baseada em comunidades de práticas, podemos seguir alguns passos.
O primeiro passo é a formação de grupos de maneira estratégica. Mas o que isso significa? Não significa concordar com as panelinhas e com as escolhas dos alunos, mas levar em consideração critérios, como espalhar representantes de grupo e os alunos que conseguem impactar positivamente os outros. Também, é possível agrupar de acordo com a familiaridade com a temática, proatividade, pulverizando esses alunos para que o objetivo da equipe possa ser alcançado.
O segundo passo é o teste de garantia prévia: antes do projeto serão delegadas leituras prévias, que deverão ser comprovadas, a partir de testes individuais e posteriormente coletivos, deixando sempre um espaço para que os alunos questionem o gabarito, criando um ambiente crítico. O terceiro passo será a resolução de fato do problema, a partir de uma situação problema indicada à equipe, que deve tomar decisões pertinentes. Entretanto, a problemática não pode ser escolhida ou construída de qualquer forma, ela deve ter significado e relação com a vida cotidiana dos alunos, estar clara quanto ao seu sentido e função naquela aula.
Outra possibilidade entre grupos é abrir espaço para que os mesmos ofereçam feedback uns aos outros, mas de forma individual, com bilhetes escritos, para que ninguém se sinta exposto ou ridicularizado. Assim, é possível firmar o sucesso entre as equipes, bem como garantir futuros trabalhos em grupo.
Figura 6: A importância do feedback
FONTE: <freepngimg.com/>.
As comunidades de prática, também conhecidas como CoP, estão em todo os lugares e sempre existiram, desde os primórdios do processo de ensino aprendizagem. Nascemos em uma comunidade, nos desenvolvemos com o auxílio e o zelo de outros e vamos expandindo nossas relações à medida em que crescemos, como a grupos de trabalho, de auxílio, nas instituições de ensino e demais espaços sociais. Porém, nem todo grupo ao qual nos integramos pode ser definido de comunidade de prática. O elemento principal e que define as CoPs é a aprendizagem coletiva, que se estabelece no compartilhamento de conhecimento e práticas, que se integram por um objetivo ou interesse comum e estejam envolvidas em uma prática e atividade.
Os autores responsáveis pela expressão e conceito inicial de comunidades de prática são Jean Lave e Etiene Wenger, que produziram o livro Situated learning: legitimate peripheral participation, de 1991. A primeira definição de comunidades de prática está relacionada a grupos de pessoas que compartilham uma preocupação ou paixão por algo que fazem e aprendem como fazê-lo melhor, pois interagem regularmente (LAVE, J.; WENGER, E. 1991). Quando aplicada ao contexto escolar, esta teoria se remete aos aprendizes e suas participações em comunidades. É algo que percebemos principalmente fora da sala de aula, quando alunos se juntam para trocar figurinhas, falar de futebol, conversar sobre assuntos extracurriculares.
O princípio da CoP parte da ideia de que grupos geralmente se reúnem com um propósito intencional em comum e esta dinâmica pode ser utilizada em sala de aula, e não apenas fora dela, como em momentos estritos de lazer. O ideal é que esta prática pode proporcionar que a aquisição de conhecimento também se torne uma atividade de lazer. De acordo com Engelman (2013), Wenger, um dos fundadores da ideia de CoP, descreve que existem três tipos de engajamento entre os membros deste grupo:
· O primeiro seria o envolvimento, que modela nossas experiências na ação sobre o mundo, assimilando as reações e consequências;
· O segundo nível de pertencimento está na imaginação, que está na imagem que construímos de nós mesmos, dos outros e do mundo, que é como nos percebemos e como entendemos nossa participação;
· O terceiro é o alinhamento, isto é, o quanto nosso fazer está alinhado com processos sociais.
E por quais motivos não trazemos esta teoria para a educação? Muitas vezes deixamos de aproveitar esta tendência do agrupamento como aliada ao processo de ensino aprendizagem, em detrimento do silêncio e da ordem. A questão é que as instituições de ensino ainda não tiram proveito desse interesse momentâneo e intenso dos discentes em aprender certos temas, impondo e direcionando os alunos a conteúdos predefinidos.
Você o conhece?
Jonathan Bergmann foi um dos primeiros educadores a colocar em prática metodologias ativas com a prática da sala de aula invertida. No ano de 2007, em uma escola rural no interior dos EUA, ele começou a gravar suas aulas em DVDs e disponibilizar aos alunos que não conseguiam chegar a tempo na sala de aula, pois moravam distante das escolas. O momento presencial na sala passou a ser destinado a tirar dúvidas e fazer exercícios. Nesta experiência, descobriu que o professor ganhava tempo e otimizam suas aulas. Para conhecer um pouco mais sobre as experiências de Bergmann, leia: BERGMANN, J.; SAMS, A. Sala de aula invertida: uma metodologia ativa de aprendizagem. (Tradução Afonso Celso da Cunha Serra). 1ª ed. Rio de Janeiro: LTC, 104 p, 2016.
PERSONALIZAÇÃO DA APRENDIZAGEM
Durante este nosso contato, repetimos diversas vezes sobre a questão da personalização. Mas afinal, o que é essa tal de personalização da aprendizagem? Primeiramente, personalizar significa oferecer trajetórias de aprendizagem significativas, e o que é significativo para uma pessoa, pode não ser para a outra.
Trazer e aplicar instrumentos que deixem a disciplina menos maçante, com conteúdos mais atrativos, priorizando temas que agreguem aos alunos, na mesma medida em que os conquistem, por possuírem sentido e dialogarem com a sua realidade. Personalizar nada mais é do que atender a uma necessidade do aluno e fazer com que ele possa trilhar o caminho do seu próprio aprendizado.
Figura 7: Aprendizado com prazer
FONTE: <https://news.ufl.edu/>.
Todos nós gostamos da liberdade, de escolher aonde ir e o que fazer, então por quais motivos seria diferente para um jovem ou criança? São estratégias de ensino personalizado:
· a individualização do ensino: quando um aluno de um grupo busca alternativas de ensino mais voltadas às suas necessidades;
· a diferenciação do ensino: é quando um grupo de alunos com o mesmo objetivo busca um ensino mais personalização;
· a personalização: nada mais é do que oferecer um ambiente onde um aluno escolhe o que ele quer estudar.
Outra perspectiva da personalização do ensino tem como referências às COP’s, comunidades de prática, onde um grupo se reúne com um objetivo em comum. Também observamos como isto pode ser utilizado dentro do contexto escolar, e não apenas de forma extracurricular. A última tem ligação com os modelos de rotação por estações e laboratório rotacional, em que os alunos alternam as estações em que circula, volta a alguma estação que não ficou muito clara, ou no caso do laboratório, pesquisa o quanto for necessário para entender e depois tira as dúvidas que ficaram em sala.
Você sabia que um fórum de discussão não é uma comunidade de prática? Conheça mais sobre as comunidades práticas: <https://bit.ly/37KKBOG>.
AVALIAÇÃO FORMATIVA
Quando somos estudantes e ouvimos a palavra avaliação, normalmente, vem a nossa cabeça um processo punitivo. Na verdade, é necessário romper com esta concepção e construir o seu oposto. As metodologias ativas podem se tornar aliadas dentro desta ressignificação da ideia de avaliar. Outro ponto importante será entender que a avaliação, dentro do processo ativo de ensino, não deve

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