Buscar

PARTE 1 Resumo Foemação Economica do Brasil - capítulos 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 9 páginas

Prévia do material em texto

Universidade Federal do Piauí – UFPI 
Campus Universitário Ministro Petrônio Portella 
Centro de Ciências Humanas e Letras – CCHL 
Departamento de Ciências Econômicas – DECON 
 
Francisco Carlos Eduardo Sá de Abreu 
fceduardo_2017@hotmail.com 
Francisco Carlos Eduardo Sá de Abreu 
fceduardo_2017@hotmail.com 
Resumo Parte 1 Formação Econômica do Brasil – Celso Furtado 
Parte 1 – fundamentos econômicos da ocupação territorial 
 
Capítulo 1 – Da expansão comercial à empresa agrícola 
No capítulo inicial de Formação Econômica do Brasil, Celso Furtado apresenta todo o 
contexto da Europa no período das expansões comerciais durante o século 15 e que culminaram 
na descoberta e exploração das terras americanas, inicialmente por Portugal e Espanha, cada 
uma com suas particularidades. 
Durante o Século 15, a Europa experimentava um “elevado grau de desenvolvimento em 
seu comercio interno” após décadas de intercâmbio com o Oriente pelas linhas comerciais no 
Mar Mediterrâneo monopolizadas pelos comerciantes venezianos. Nesse contexto, se destaca 
Portugal e Espanha na expansão marítima comercial .Portugal entretanto, o pioneiro no projeto 
das grandes navegações já havia começado seu processo de expansão comercial muito antes 
(com as expedições e exploração pela costa africana e expansão agrícola nas ilhas do Atlântico, 
como Madeira e São Tomé) de modo que após estabelecer uma Nova Rota de acesso as Índias 
Orientais, contornando o continente africano pelo mar, não só quebra o Monopólio Veneziano de 
acesso as fontes especiarias orientais e reduzindo fortemente seus preços, mas também se 
antecipa a posterior invasão turco otomana no Mediterrâneo e que dificultaria o comercio na 
região. A descoberta das terras americanas é basicamente um episódio de processo de 
expansão comercial. O mesmo se pode dizer da sua ocupação. Em 1494, Espanha e Portugal 
estabelecem entre si o Tratado de Tordesilhas que define entre si a divisão das novas terras e 
as terras a descobrir. 
Se no caso de Portugal a descoberta das terras americanas foi algo secundário por mais 
de meio século devido a aparente ausência de aproveitamento econômico via extração mineral, 
no caso da Espanha, a descoberta apareceu de imediato como algo oportuno para seus 
interesses mercantilistas diante das enormes reservas de ouro acumuladas pelas civilizações ali 
presentes. A descoberta de ouro nas novas terras, privilégio exclusivo da Espanha nos dois 
primeiros séculos, fomentou o interesse de outras nações que passaram a questionar o Tratado 
de Tordesilhas e engendrar incursões nas novas terras, visando potencialmente encontrar metais 
preciosos e criando pressão política em Portugal e na Espanha para ocupar e garantir o domínio 
sob as novas terras. Um exemplo é a invasão francesa a costa norte do Brasil visando 
estabelecer a primeira colônia de povoamento do continente. Assim, mostra-se que “O ouro 
acumulado pelas velhas civilizações da meseta mexicana e do altiplano andino é a razão de ser 
da América, como objetivo dos europeus, em sua primeira etapa de existência histórica”, e que 
se não fosse a miragem desses tesouros muito provavelmente a exploração e ocupação do 
continente teria seria muito lento. 
O início da ocupação econômica do território brasileiro, no primeiro século da história 
americana, é em boa medida uma consequência da pressão política exercida sobre Portugal e 
Espanha pelas demais nações europeias em um contexto ligado a essas lutas em torno de terras 
de escassa ou nenhuma utilização econômica. A estratégia espanhola enquanto empresa militar-
mineira foi de ceder a maior parte de suas terras a que tinha direito pelo tratado de Tordesilhas 
e se concentrar na defesa em torno do eixo produtor de metais preciosos. A Portugal, diante da 
então ausência de metais preciosos, restou a tarefa de encontrar uma outra atividade econômica 
que pudesse ser usada para financiar a defesa e fomentar a ocupação das terras brasileiras. É 
a partir daí, no século 16, que Portugal da empreende o projeto pioneiro de iniciar a exploração 
Universidade Federal do Piauí – UFPI 
Campus Universitário Ministro Petrônio Portella 
Centro de Ciências Humanas e Letras – CCHL 
Departamento de Ciências Econômicas – DECON 
 
Francisco Carlos Eduardo Sá de Abreu 
fceduardo_2017@hotmail.com 
agrícola das terras americanas (brasil) com a produção de açúcar. Embora parecesse uma 
empresa completamente inviável, o enorme êxito e a alta lucratividade da empresa agrícola 
montada permitiu que Portugal não só estabelecesse seus domínios na américa, mas também 
se consolidasse como Grande Potencia colonial na américa. 
 
Capítulo 2 – Fatores do Êxito da empresa agrícola 
Celso Furtado aponta que a montagem de uma empresa agrícola em solo americano 
não foi uma tarefa fácil, mais ainda parecia até mesmo inviável no Século 16 em razão da 
ausência de um produto agrícola que pudesse ser produzido na américa e comercializado em 
grande escala na Europa e que pudesse cobrir os elevados fretes do comercio a grandes 
distancias. Mas o autor destaca que “um conjunto de fatores particularmente favoráveis tornou 
possível o êxito dessa primeira grande empresa colonial agrícola europeia”, sendo o açúcar o 
produto agrícola escolhido para dar sustentação a empresa de exploração na américa. 
O PORQUÊ DO AÇÚCAR: O açúcar se tornou o escolhido para encabeçar a empresa 
agrícola na américa por dois motivos: a experiencia portuguesa na produção desse produto nas 
Ilhas do Atlântico antes mesmo de descobrir as terras americanas e, em decorrência disso, a já 
existente penetração desse produto, produzido por Portugal, no mercado europeu ou seja, a já 
existência de linhas comerciais a serem exploradas por Portugal na europa que posteriormente 
foram massivamente ampliadas pelos holandeses. 
Essa experiência resultou ser de enorme importância, pois, demais de permitir a solução 
dos problemas técnicos relacionados com a produção do açúcar, fomentou o desenvolvimento e 
relativo avanço técnico em Portugal da indústria de equipamentos para os engenhos açucareiros 
(uma vez que tal conhecimento técnico não poderia ser importado já que o contexto da época 
era de protecionismo). 
A situação do Açúcar na Europa e parceria flamenga na expansão do mercado europeu 
e no financiamento da empresa agrícola: O açúcar era uma das principais especiarias 
apreciadas na Europa, e embora fosse produzida internamente ao Longo do Mediterrâneo, desde 
a síria até a Espanha (região de Andaluzia), era feita em escala reduzida. Isso deu margem para 
a penetração do açúcar português, produzido em escala relativamente grande nas ilhas do 
atlântico, no mercado europeu pelos tradicionais canais de comercio monopolizado pelos 
comerciantes venezianos uma vez que os italianos também ajudaram na expansão agrícola 
portuguesa nas ilhas do atlântico. Essa penetração inicial do açúcar português no mercado 
europeu no último quartel do século 15 quebrou o monopólio veneziano de oferta do produto 
fomentando uma crise de superprodução que fez o preço do açúcar despencar nos últimos 10 
anos do século. Isso demostra que a alocação da produção açucareira das ilhas do Atlântico em 
continente europeu foi algo difícil uma vez que a produção estava se expandindo mais rápido 
que os canais de absorção desse produto em solo europeu (demanda), o que poderia prejudicar 
os lucros e a viabilidade da empresa agrícola açucareira portuguesa na américa. Foi a partir da 
metade do século 16 que os Portugueses passaram a contar com a parceria dos Flamengos, em 
especial dos Holandeses, no processo de grande expansão do mercado europeu para seu 
açúcar, o que constituiu um fator fundamental na elevação e estabilização dos preços e dos 
lucros do açúcar e consequentemente do enorme êxito da colonização do Brasil. Especializados 
no comércio intraeuropeu e donos de uma enorme organização comercial, ficou a cargos dosFlamengos a criação de um mercado de grandes dimensões que pudesse absorver o produto 
português. A eles cabiam a etapa de refino, a etapa mais lucrativa do processo, e a distribuição 
e comercialização do açúcar uma vez que controlavam a maior dos transportes dentro da Europa 
e fora dela. Assim, nas palavras de Celso Furtado, “se se tem em conta que os holandeses 
controlavam o transporte (inclusive parte do transporte entre o Brasil e Portugal), a refinação e a 
comercialização do produto, depreende-se que o negócio do açúcar era na realidade mais deles 
Universidade Federal do Piauí – UFPI 
Campus Universitário Ministro Petrônio Portella 
Centro de Ciências Humanas e Letras – CCHL 
Departamento de Ciências Econômicas – DECON 
 
Francisco Carlos Eduardo Sá de Abreu 
fceduardo_2017@hotmail.com 
do que dos portugueses”. Tal ideia é reforçada com o fato de que além da experiencia comercial, 
os Países Baixos, os então banqueiros da Europa, ainda contribuíram com os capitais 
responsáveis para financiar as instalações produtivas no Brasil bem como a importação da mão 
de obra escrava. 
Este ponto, a utilização da mão de obra escrava africana, é aliás o penúltimo dentre os 
5 pilares que viabilizaram a empresa colonizadora agrícola das terras do Brasil. Para se tornar 
um empreendimento possível, a mão de obra utilizada no Brasil deveria ser barata e disponível 
em ampla quantidade. Assim, demonstra-se a impossibilidade de utilização de mão de obra 
europeia na colonização e exploração da colônia portuguesa na América, devido a sua escassez 
em Portugal, a necessidade de altos salários para tornar o trabalho atrativo além enorme custo 
com transporte que tornaria toda a empresa antieconômica. A solução encontrada pelos 
portugueses para o problema da mão de obra foi o mercado africano de escravos, já bastante 
desenvolvido na África e com início desde antes da descoberta das américas. 
Eis os 5 pilares que viabilizaram a empresa colonizadora açucareira de Portugal no 
Brasil: experiencia portuguesa nas técnicas de produção e na indústria de equipamentos para a 
atividade; a expansão do mercado consumidor europeu com ajuda dos Flamengos; O 
financiamento externo com capitais holandeses; a abundante oferta de mão de obra barata com 
o tráfico de escravos da África; e por último, e que será motivo de explanação no capítulo 3, a 
decadência, por um série de fatores e desdobramentos históricos, da economia espanhola, que 
garantiu, por um tempo, a ausência de um concorrente em solo americano para sua empresa 
açucareira. 
Mais do que lucro por exercício de uma atividade econômica, a colonização e ocupação 
das terras brasileiras pela Coroa Portuguesa tinha como foco principal a garantia e a manutenção 
do domínio de Portugal na América diante das ameaças estrangeiras pois visava-se 
prioritariamente futuras explorações em grande escala de metais preciosos. Mas tal ocupação 
só foi possível com a operação de uma atividade econômica que se autofinanciasse. A 
montagem da empresa agrícola e a consequente ocupação e domínio português, de fato, 
concretizou-se devido a confluência de interesses entre a coroa Portuguesa e os capitais 
holandeses e sem os quais não poderia ter ocorrido. O sucesso no empreendimento agrícola 
permitiu a ocupação das terras brasileiras durante todo o século 16, de modo que, quando as 
nações contestadoras do Tratado de Tordesilhas ganharam força política predominante no 
século 17, Portugal já havia se estabelecido amplamente em solo americano e se consolidado 
como a maior potência agrícola e única da américa. 
 
Capítulo 3 – Razões do Monopólio 
Nesse capítulo, Celso Furtado mostra por que a empresa agrícola açucareira portuguesa 
no Brasil conseguiu se estabelecer como a única na América, em condição de monopólio e sem 
sofrer concorrência das colônias espanholas, muito embora essas tivesses melhores condições 
de terem se tornado muito mais bem sucedidas. O autor aponta a precoce descoberta do ouro 
(que por muito tempo deu à Espanha enorme poderio financeiro, mas no longo prazo contribui 
para sua decadência econômica) e a consequente repercussão no estilo de colonização adotado 
por essa metrópole como as causas que levaram a decadência da economia espanhola e 
consequentemente prejudicaram a evolução econômica das colônias espanholas da américa de 
modo que pudessem colocá-las como concorrentes da empresa agrícola portuguesa (brasil). 
Desde o início de sua ocupação na América a Espanha descobriu e se concentrou na 
exploração de metais preciosos. A descoberta precoce do Ouro foi um evento de bastante glória 
para a economia espanhola, mas no longo prazo foi a sua maldição. Durante os primeiros 200 
anos de existência da América somente a Espanha desfrutou do privilégio de extrair metais 
Universidade Federal do Piauí – UFPI 
Campus Universitário Ministro Petrônio Portella 
Centro de Ciências Humanas e Letras – CCHL 
Departamento de Ciências Econômicas – DECON 
 
Francisco Carlos Eduardo Sá de Abreu 
fceduardo_2017@hotmail.com 
preciosos de tal modo que isso aumentou desmesuradamente seu poderio econômico, mas 
repercutiu diretamente na sua forma de colonização e na estrutura da economia metropolitana. 
Como as terras americanas já cumpriram logo de imediato ao principal interesse europeu 
de acúmulo de metais preciosos nenhuma outra empresa de envergadura foi ensaiada ou 
estimulada nas colônias espanholas, embora já fosse observado o exemplo bem-sucedido de 
Portugal no Brasil. Muito pelo contrário, a Espanha continuou insistindo no empreendimento da 
empresa militar-mineira e a política de colonização espanhola estava orientada no sentido de 
transformar as colônias em sistemas econômicos autossuficientes e produtores de excedente 
liquido na forma de metais preciosos a serem periodicamente exportados para a metrópole. Fora 
essa relação, o contato entre a metrópole e a colônia era extremamente restrito e feito por um 
porto único (Porto de Sevilha), de tal modo que não havia intercambio significativo entre Espanha 
e as colônias ou entre estas. O abastecimento de manufaturas para as colônias continuou a 
basear-se em artesanato local o que retardou a transformação das economias de subsistência 
preexistentes. 
A relação entre metrópole e colônias, dentro da empresa militar-mineira, consistia então 
em um afluxo unilateral de metais preciosos das colônias para a Metrópole, que embora tenha 
aumentado o poderio econômico espanhol, no longo prazo constituiu um dos elementos de sua 
decadência ao modificar a estrutura da economia espanhola. O grande acúmulo de metais 
preciosos nas mãos do Estado espanhol fez subir bastante os gastos públicos e privados 
(subsidiados pelo governo), acelerou o fluxo de renda interno e provocou uma crônica inflação 
que se traduziu em um persistente déficit comercial em importações. Isso desestimulou a 
produção manufatureira interna, o setor produtivo, (com maiores custos relativos que o restante 
da Europa) e provocou estímulo as demais economia que europeias que exportavam para a 
Espanha. Por outro lado, a possibilidade de viver direta ou indiretamente de subsídios do Estado 
fez crescer o número de pessoas economicamente inativas, reduzindo a importância relativa na 
sociedade espanhola e na orientação da política estatal dos grupos dirigentes ligados às 
atividades produtivas. Tudo isso culminou na decadência econômica da Espanha, sobretudo no 
século 17, evidenciado pela redução de 25% na população entre 1594 e 1694. 
Caso essa decadência econômica da Espanha, sobretudo do poder de mobilização do 
setor manufatureiro interno, não houvesse ocorrido, a colonização espanhola poderia ter ocorrido 
de forma distinta ameaçando a viabilidade da empresa portuguesa no Brasil. Houvesse a 
colonização espanhola evoluído no sentido de fortalecer os vínculos e fluxo de renda entre a 
metrópole e as colônias espanholas, muito maiores teriam sidoas dificuldades enfrentadas pela 
empresa portuguesa para vencer. A abundância de terras da melhor qualidade para produzir 
açúcar de que dispunha - terras essas bem mais próximas da Europa -, a barateza de uma mão-
de-obra indígena mais evoluída do ponto de vista agrícola e mais abundante, bem como o 
enorme poder financeiro concentrado em suas mãos, tudo indica que os espanhóis podiam haver 
dominado o mercado de produtos tropicais - particularmente o do açúcar -desde o século 16. 
A razão principal de que isso não haja acontecido foi, muito provavelmente, a própria 
decadência econômica da Espanha. Não existindo por trás um fator político - como ocorreu em 
Portugal -, o desenvolvimento de linhas de exportação de produtos agrícolas americanos teria 
que ser provocado por grupos econômicos poderosos, interessados em vender seus produtos 
nos mercados coloniais. Seria de esperar que os produtores de manufaturas liderassem esse 
movimento, não fora a decadência em que entrou esse setor na etapa das grandes importações 
de metais preciosos e de concentração da renda em mãos do Estado espanhol. Cabe portanto 
admitir que quinto fator de êxito da empresa colonizadora agrícola portuguesa foi a decadência 
mesma da economia espanhola, a qual se deveu principalmente à descoberta precoce dos 
metais preciosos. 
 
Universidade Federal do Piauí – UFPI 
Campus Universitário Ministro Petrônio Portella 
Centro de Ciências Humanas e Letras – CCHL 
Departamento de Ciências Econômicas – DECON 
 
Francisco Carlos Eduardo Sá de Abreu 
fceduardo_2017@hotmail.com 
Capítulo 4- A desarticulação do sistema 
Nesse capítulo, celso furtado explora as razões pelas quais o sistema colonial açucareiro 
português entrou em desarticulação e em decadência. A razão principal que levou a 
desarticulação do sistema colonial português no Brasil foi sem dúvida a ruptura do sistema 
cooperativo com os Países Baixos e o posterior estabelecimento por estes países de um forte 
concorrente no mercado açucareiro na América, quebrando assim o monopólio português na 
produção e comercialização do açúcar na Europa. 
A quebra da parceria entre os Países Baixos e Portugal e que sustentava a empresa 
agrícola açucareira foi consequência direta da invasão da Espanha a Portugal em 1580(Episódio 
da União Ibérica, que dura até 1640). Com essa invasão Espanha passa a controlar Portugal e 
com isso sua empresa colonial no brasil. A Holanda, que já estava em conflito com a Espanha 
por questões de independência, passa a ter mais um motivo para engendrar conflitos contra os 
espanhóis: a luta pelo controle do açúcar, do qual tinham participado na empreitada de 
montagem da empresa colonial junto com Portugal. É desse episodio de conflito em meio a 
dominação espanhola a Portugal que a Holanda, se negando a abandonar sua parte no negócio 
do açúcar e se aproveitando da posição de controle dos transportes dentro da Europa, criam em 
1621 a Companhia Holandesa das Índias Ocidentais e invadem grande parte da região produtora 
de açúcar no nordeste brasileiro e ali permanece por 25 anos, até 1654. Ocorreram na Bahia em 
1624, em Pernambuco no ano de 1630 e no Maranhão em 1641. 
Durante sua permanência no Brasil, os holandeses adquiriram o conhecimento de todos 
os aspectos técnicos e organizacionais da indústria açucareira. Esses conhecimentos vão 
constituir a base para a implantação e desenvolvimento de uma indústria concorrente, de grande 
escala, na região do Caribe. A partir desse momento, estaria perdido o monopólio, que nos três 
quartos de século anteriores se assentara na identidade de interesse entre os produtores 
portugueses e os grupos financeiros holandeses que controlavam o comércio europeu. 
 
Portugal enfrenta o século 17 com dificuldades. Somente em 1640 consegue sua 
emancipação da Espanha, já com perdas territoriais no oriente para a Holanda durante o período 
em que ficou dominado pela Espanha. Ainda durante a dominação espanhola, com o conflito 
direto com os holandeses, o volume de exportações de açúcar brasileiro decai a segunda metade 
do século 17. A perda do monopólio açucareiro e a queda dos preços do açúcar pela metade no 
terceiro quartel do século 17 piora mais ainda a situação da empresa açucareira no Brasil 
diminuindo sua lucratividade. Como consequência a renda real gerada pela produção açucareira 
foi reduzida a um quarto do que havia sido em sua melhor época, na primeira metade do século 
17. A consequência direta da redução do volume e valor das exportações é a depreciação 
violenta da moeda portuguesa em relação ao ouro, o que mostra a dependência portuguesa das 
exportações de açúcar do Brasil para acumular ouro internamente. 
 
Capítulo 5 – As colônias de povoamento do hemisfério norte 
Nesse capítulo, Celso Furtado explica sobre o surgimento e o processo de constituição 
das colônias de povoamento no hemisfério norte do continente americano durante o século 17. 
A compreensão desse fenômeno torna-se importante para se entender de que maneira, no futuro 
conseguiu se estabelecer uma outra empresa agrícola açucareira em solo americano, muito mais 
eficiente e lucrativa, orientada também pelo capital holandês e que consistiu em uma das causas 
da decadência da empresa agrícola no Brasil. 
A Espanha adentra o século 17 como a grande potência enferma do século devido ao 
seu debilitamento econômico, como fora explicado anteriormente. A posição de vulnerabilidade 
ocupada pela Espanha é acompanhado de forma interessada pelas três principais potencias da 
Universidade Federal do Piauí – UFPI 
Campus Universitário Ministro Petrônio Portella 
Centro de Ciências Humanas e Letras – CCHL 
Departamento de Ciências Econômicas – DECON 
 
Francisco Carlos Eduardo Sá de Abreu 
fceduardo_2017@hotmail.com 
época (Holanda, França e Inglaterra) que pretendiam apoderar-se de territórios espanhóis com 
abundancia em metais preciosos a serem explorados, fato que só não se concretizou em maior 
significação devido a rivalidade histórica entre as duas ultimas potencias citadas. Em vez de 
estabelecer dominação direta, cada um desses países procurou se estabelecer próximas as 
essas terras ricas em metais preciosos se apoderando e ocupando as ilhas do caribe de modo a 
concentrar ali nas Antilhas, no começo do século 17, importantes núcleos de população europeia, 
na expectativa de um assalto em larga escala aos ricos domínios da Espanha. Ficava claro que 
a constituição de colônias de povoamento por França e Inglaterra possui objetivos militares e 
políticos implícitos. 
Como o objetivo era povoar o máximo possível e fortalecer as milícias locais para 
futuramente por em prática seus interesses militares, em ambos os casos, tanto no caso francês 
como no caso inglês, a colonização das Antilhas foi feita se baseando no sistema de pequena 
propriedades e com mão de obra europeia, vinda para o continente americano de forma 
voluntária, submetendo-se a um regime de servidão temporária em troca de um pedaço de terra, 
ou de forma forçada, como era o caso dos criminosos deportados e dos colonos sequestrados. 
Pontua-se de antemão que, por questões internas da Inglaterra, o povoamento das 
Antilhas inglesas foi bem mais rápido e com menos necessidade apoio financeiro do governo. 
Como nessa época, a Inglaterra passava por turbulências políticas e religiosas internas que 
estimulavam a emigração, além de possuir um grande excedente de mão de obra barata expulsa 
do campo devido a política de cercamento de terras, não foi difícil conseguir colonos suficientes 
para o povoamento da colônia na américa. Embora o transporte dessas massas populacionais 
através do Atlântico necessitasse de grandes investimentos, a enorme quantidade de população 
que se dispunha a emigrar e os amplos privilégios sobre as eventuais colônias fundadas 
compensava o negócio de tal modo que foram organizadas até companhias de comércio com 
esse objetivo de financiaro traslado. Dessa forma, percebe-se que não foi o governo inglês que 
financiou essa transferência de mão de obra para o povoamento e que essa ocupação se fez 
com população europeia facilmente mobilizada. Isso diferencia a situação da Inglaterra da 
situação enfrentada século antes por Espanha e Portugal “que se haviam visto afligidos por uma 
permanente escassez de mão-de-obra quando iniciaram a ocupação da América”. 
O início da colonização de povoamento na américa no século 17 abre uma etapa nova 
na história da américa enquanto continente. Nos primeiros anos de sua existência, entretanto, 
essas colônias foram sinônimo de enormes prejuízos, principalmente quando se refere as 
colônias de povoamento instaladas no hemisfério norte (a época chamada de Nova Inglaterra e 
que posteriormente irá constituir o norte dos EUA). “Do ponto de vista das companhias que 
financiaram os gastos iniciais de translado e instalação, a colonização dessa parte da América 
constitui um efetivo fracasso”. A ausência de um produto agrícola que fosse compatível com o 
sistema de pequena propriedade e que pudesse ser produzido em quantidade suficiente para 
alimentar um mercado em expansão na Europa e remunerasse os capitais investidos, constituiu 
um dos obstáculos para a criação de uma base econômica estável nessas colônias do hemisfério 
norte e explica o seu lento desenvolvimento inicial no processo de colonização de povoamento. 
Essa situação não acontecia nas Antilhas. As ilhas caribenhas convergiam uma série de 
atributos que compensava política e economicamente seu povoamento pela Inglaterra e França 
e pelas Companhias de Comercio. Nas Antilhas além de ser possível produzir uma série de 
artigos com promissores mercados na Europa, dos quais se destaca o fumo, essa produção era 
compatível com o sistema de pequena propriedade implantado o que permitia a realização de 
enormes lucros pelas companhias de comercio ao mesmo tempo que as metrópoles (Inglaterra 
e França) viam crescer suas milícias. 
 
Capítulo 6 – Consequências da Penetração do Açúcar nas Antilhas 
Universidade Federal do Piauí – UFPI 
Campus Universitário Ministro Petrônio Portella 
Centro de Ciências Humanas e Letras – CCHL 
Departamento de Ciências Econômicas – DECON 
 
Francisco Carlos Eduardo Sá de Abreu 
fceduardo_2017@hotmail.com 
O título desse capítulo com referência ao açúcar nas Antilhas pode parecer estranho 
frente ao fato de que as Antilhas estava se destacando no comercio de outros artigos tropicais, 
com amplo mercado na Europa, gerando lucros para as companhias que financiavam a 
colonização e beneficiando os objetivos políticos das metrópoles Inglaterra e França. Mas o fato 
é que uma série de acontecimentos políticos e econômicos fizeram com que um novo sistema 
econômico, baseado no latifúndio monocultor, na grande propriedade e no trabalho escravo 
eclodisse de dentro do sistema de pequena propriedade de servidão temporária instalado nas 
Antilhas e que até então estava dando certo. Essa transição econômica beneficiou diretamente 
o desenvolvimento das colônias do norte da américa, até então fadadas ao lento 
desenvolvimento, e passou a ser um elemento de constituição de um sistema econômico 
autônomo novo na américa, mas prejudicou diretamente a empresa agrícola brasileira. 
Essa eclosão de dentro para fora de um novo sistema econômico com as características 
citadas ocorreu de forma natural. À medida que a exploração das Antilhas inglesas ia progredindo 
o problema de abastecimento da mão de obra europeia se evidenciava, de modo que a solução 
encontrada para o estabelecimento de novas colônias no sul do hemisfério norte foi a introdução 
da mão de obra negra escravizadas vinda da África. A consequência natural disso foi a formação 
no sul do Hemisfério Norte (sul dos EUA) de grandes unidades agrícolas. “Surge assim uma 
situação completamente nova no mercado dos produtos tropicais: uma intensa concorrência 
entre regiões que exploram mão-de-obra escrava de grandes unidades produtivas, e regiões de 
pequena propriedade e população europeia”. 
O grande aumento da oferta de gêneros tropicais provocados por esses latifúndios 
monocultores pressionou negativamente os preços no mercado internacional de modo a criar 
sérias dificuldades para a produção de pequena propriedade nas Antilhas de modo a inviabiliza-
la . A partir daí, produzir em larga escala, no modelo plantation e utilizando trabalho escravo se 
tornou muito mais vantajoso e a migração de capitais de um sistema de produção para o outro e 
a transição econômica foi algo inevitável. Observa-se assim que os objetivos políticos de 
Inglaterra e França, de povoamento, acabam sendo abandonados sob forte pressão econômica. 
A partir desse momento se modifica o curso da colonização antilhana, e essa 
modificação será de importância fundamental para o Brasil. O início da colonização das Antilhas 
se deu obrigatoriamente na forma de sistema de propriedades devido aos objetivos políticos 
implícitos de povoamento que as metrópoles tinham, não obstante ao fato de que essas ilhas 
também pudessem comportar o sistema de plantation. Se outrora, os produtos cultivados nessas 
ilhas devessem necessariamente ser compatível se adequar ao sistema de pequena propriedade 
necessariamente implantado e obedecido para a consecução dos objetivos políticos 
metropolitanos (o que excluía a possibilidade de se produzir açúcar para concorrer com o Brasil), 
agora é o sistema de grande propriedade que se adequa a um ou outro produto a ser cultivado, 
de acordo com o mercado em expansão em cenário internacional. 
O processo de transição econômica das Antilhas foi poderosamente catalisado por outra 
pressão econômica, agora exógena, ocorrida no fim da primeira metade do século 17. Com a 
expulsão definitiva dos Holandeses do centro produtor de açúcar no nordeste brasileiro, eles 
migram seus capitais para as Antilhas onde financiam uma poderá empresa agrícola do açúcar 
que passará a rivalizar e derrotar a produção açucareira no Brasil. A Holanda financiava e 
comprava a produção açucareira nas colônias inglesas, depois distribuía e vendia em solo 
europeu sem ser incomodado pela metrópole inglesa que enfrentava uma guerra civil interna. 
Menos de um decênio depois da expulsão dos holandeses do Brasil, operava nas Antilhas uma 
economia açucareira de consideráveis proporções, cujos equipamentos eram totalmente novos, 
e que se beneficiava de mais favorável posição geográfica. 
A consequência dessa eclosão de um sistema econômico dentro de outro foi claro: a 
rápida transformação das colônias de povoamento em grandes plantações de açúcar. A colônias 
de povoamento nas Antilhas assim, não passaram de um prematuro ensaio. Esse processo foi 
Universidade Federal do Piauí – UFPI 
Campus Universitário Ministro Petrônio Portella 
Centro de Ciências Humanas e Letras – CCHL 
Departamento de Ciências Econômicas – DECON 
 
Francisco Carlos Eduardo Sá de Abreu 
fceduardo_2017@hotmail.com 
evidenciado pelo declínio da população europeia nas ilhas, não obstantes esforços das 
metrópoles, além da concentração agrária com a redução do número de proprietários de terra 
em que os milhares de pequenos proprietários deram lugar a umas poucas centenas de grandes 
proprietários do açúcar. 
Se por um lado a economia açucareira fez desaparecer o projeto político de povoamento 
que tentou se implantar nas Antilhas, por outro fortaleceu esse processo nas colônias do norte 
do continente, tornando-as economicamente viáveis. Àquela altura as colônias do norte do 
continente, chamadas de Nova Inglaterra, encaravam lento desenvolvimento e estavam em 
posição de relativa autossuficiência, mas o advento da economia açucareira no início da segunda 
metade do século 17 lhe abriu enormes possibilidades. Além de receber das Antilhas levas de 
imigrantes, de antigos produtores expulsos pelos latifúndios açucareiros, as colônias do nortepassaram a abastecer a região antilhana, agora com produção de subsistência eliminada pelas 
fazendas de açúcar. As Antilhas passaram a ser, em pouco tempo, grandes importadoras de 
alimentos vindos da Nova Inglaterra. Esse comércio, entre os dois grupos de colônias inglesas 
(colônias de exploração açucareira nas Antilhas e no sul americano com ajuda dos Holandeses 
e as colônias de povoamento do norte americano), não ficou restrito aos bens de consumo, mas 
se estendeu também ao comercio de animais de tiro, utilizados como força motriz nos engenhos 
de açúcar das Antilhas, ao comércio de madeira, utilizado na fabricação de caixas para exportar 
o açúcar. A própria logística do comercio, feito em sua maioria nos navios dos colonos da Nova 
Inglaterra, serviu para fomentar a indústria de construção naval nessa região. A economia 
açucareira das Antilhas, caracterizada pela especialização monocultora, constitui então um 
motor externo para o desenvolvimento econômico das colônias de povoamento do norte, 
caracterizadas pela não especialização, em várias áreas. 
As colônias do norte dos EUA se desenvolveram, assim, na segunda metade do século 
XVII e primeira do século XVIII, como parte integrante de um sistema maior no qual o elemento 
dinâmico são as regiões antilhanas produtoras de artigos tropicais. Todo esse sistema é tão 
particular que marca o início de uma terceira e nova etapa da ocupação econômica da américa, 
caracterizada por ser dirigida de dentro para fora e priorizando o mercado interno (o que se 
contrapunha aos interesses mercantilistas metropolitanos da época). 
 
Capítulo 7 – Encerramento da Etapa Colonial 
Não obstante o fato de estar dominado politicamente pela Espanha no episódio da União 
Ibérica, Portugal percorre a primeira metade do século 17 presenciando auge do desempenho 
da empresa agrícola açucareira no Brasil. Mas é na segunda metade do século 17 que Portugal 
se vê extremamente vulnerável, empobrecido e em maus lençóis, a tal de ponto de estar 
ameaçado até a sua existência enquanto Estado Nacional. A perda de seus melhores 
entrepostos no oriente para a Holanda enquanto estava dominado pela Espanha; ao mesmo 
tempo, a ocupação holandesa no brasil, a desorganização do mercado do açúcar com o bloqueio 
comercial dos Holandeses na Europa, o surgimento de uma economia concorrente na américa e 
a baixa nos preços e volumes de exportações; e depois o Iminente estado de guerra contra a 
Espanha, que se recusava a reconhecer a independência Portuguesa, reconquistada em 1640, 
colocava Portugal em uma posição extremamente fraca e sem defesa numa fase de intenso 
imperialismo. 
A solução encontrada por Portugal para continuar a existir enquanto Estado Nacional e 
metrópole colonial foi atrelar sua soberania a alguma potência da época e por meio de três 
acordos realizados em 1642, 1654 e 1661, Portugal estruturou uma aliança com a Inglaterra. A 
sistemática era a seguinte: Portugal fazia concessões econômicas e a Inglaterra pagava com 
promessas ou garantias políticas. Portugal consistiu em um verdadeiro vassalo comercial da 
Inglaterra por cerca de 150 anos (até 1786), em que a condição de semidependencia de Portugal 
Universidade Federal do Piauí – UFPI 
Campus Universitário Ministro Petrônio Portella 
Centro de Ciências Humanas e Letras – CCHL 
Departamento de Ciências Econômicas – DECON 
 
Francisco Carlos Eduardo Sá de Abreu 
fceduardo_2017@hotmail.com 
perante a Inglaterra, traduzidos em acordos que privilegiavam a Inglaterra em detrimento da 
coroa portuguesa nos ganhos da colônia, teve como contrapartida a ajuda inglesa para que 
Portugal tivesse proteção e poder de barganha para estabelecer acordos que resultaria em sua 
estabilidade territorial na américa e a própria sobrevivência de Portugal como Estado nacional 
(reino). É bem verdade que esses acordos não resolviam o problema principal que era a 
decadência da colônia brasileira devido a desorganização do mercado do açúcar, mas sem 
dúvida, davam a Portugal a relativa estabilidade necessária para se reerguer enquanto reino. 
Foi somente com o avanço da economia mineira a partir do primeiro decênio do século 
18 que os termos do problema da decadência da colônia são modificados. A economia aurífera 
significou para a colônia uma alta expansão e transição demográfica mas pouco significou para 
Portugal, além de uma riqueza fictícia, já que os acordos comerciais de 1703 trataram de 
transferir para Inglaterra o impulso dinâmico gerado pela produção aurífera no Brasil, uma vez 
que obrigava os Portugueses a renunciar a todo desenvolvimento manufatureiro forçando-os 
consequentemente a importar manufaturas da Inglaterra. Esse impulso foi o responsável por 
fortalecer o sistema financeiro Inglês financiou a sua revolução industrial. 
A decadência da mineração no Brasil ocorreu no último quartel do século 18. No inicio 
do século 19, o Brasil conquista a sua independência política mas herda consigo todos os laços 
de dependência econômica costurados por Portugal. Por conta dos acordos firmados 
anteriormente entre Portugal e Inglaterra, combinados com a singular forma de independência, 
o Brasil, enquanto nação já nasce endividado e com amarras politicas a uma potência externa 
que o tornavam implicitamente dependentes, no início do século 19. Há uma verdadeira 
transferência para o brasil de privilégios aos Ingleses que desfrutavam em Portugal. Portugal 
assim garante a sua existência enquanto estado. A Inglaterra, ao reconhecer a independência 
do Brasil com a concessão comercial de 1827, garantia penetração no promissor mercado 
colonial, numa fase em que precisava expandir seus mercados para suas manufaturas da 
recente revolução industrial Eis aí o encerramento da condição de Colônia que o Brasil se 
enquadrava.

Outros materiais