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SUMÁRIO LEI 8069/1990 (ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE) ......................................................................... 2 FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL ................................................................................................................. 2 ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – ECA ..................................................................................... 5 DISPOSIÇÕES GERAIS ................................................................................................................................. 5 ATO INFRACIONAL ..................................................................................................................................... 9 DIREITOS INDIVIDUAIS GARANTIDOS AO ADOLESCENTE INFRATOR ...................................................... 10 QUESTÕES EXTRAS .......................................................................................................................................... 15 GABARITO .................................................................................................................................................... 16 LEI 8069/1990 (ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE) FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL A Constituição Federal de 1988 positivou os mais variados direitos fundamentais à pessoa humana, além disso, tratou as crianças e adolescentes com absoluta prioridade nas políticas sociais, evidenciando-se uma proteção maior a esses indivíduos, pois certamente são pessoas que futuramente desenvolverá as mais diversas atividades para manutenção do país. Diante disso, a CF criou normas a fim de proteger a criança, o adolescente e o jovem com absoluta prioridade, assegurando-se todos os direitos necessários para garantir a dignidade desses indivíduos e seu desenvolvimento. A normativa não ficou somente na disposição de direitos, mas também os protegendo de negligências, discriminações, explorações, violências, crueldades e opressões, tendo em vista que a maioria desses grupos têm origem carente, e pode facilmente sofrer consequências psicológicas graves, além de toda fragilidade que envolve os jovens, sobretudo, as crianças. CONSTITUIÇÃO FEDERAL Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. Ademais, foram criadas obrigações à família, à sociedade e, principalmente, ao Estado com o objetivo de assegurar todos os direitos e proteções elencados no texto acima. Assim como as crianças e adolescentes estão em constante mudança cultural e em fases distintas ao longo de sua vida, isso também ocorre com os dispositivos normativos no Estado Brasileiro, pois desde o advento da CF, houve várias alterações e inserções protetivas nas legislações pertinentes ao tema. CONSTITUIÇÃO FEDERAL Art. 227 (...) § 1º O Estado promoverá programas de assistência integral à saúde da criança, do adolescente e do jovem, admitida a participação de entidades não governamentais, mediante políticas específicas e obedecendo aos seguintes preceitos: (Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010) I - aplicação de percentual dos recursos públicos destinados à saúde na assistência materno-infantil; II - criação de programas de prevenção e atendimento especializado para as pessoas portadoras de deficiência física, sensorial ou mental, bem como de integração social do adolescente e do jovem portador de deficiência, mediante o treinamento para o trabalho e a convivência, e a facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos, com a eliminação de obstáculos arquitetônicos e de todas as formas de discriminação. (Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010) Os programas de assistência integral à saúde da criança, do adolescente e do jovem é uma das garantias constitucionais de proteção especial a essa classe, que abrangerá direitos individuais e sociais específicos, visando atingir fundamentos e objetivos da República Federativa, tais como os valores sociais do trabalho, a construção de uma sociedade livre, justa e solidária, a garantia do desenvolvimento nacional e a promoção do bem sem preconceito de idade. CONSTITUIÇÃO FEDERAL Art. 227 (...) § 3º O direito a proteção especial abrangerá os seguintes aspectos: I - idade mínima de quatorze anos para admissão ao trabalho, observado o disposto no art. 7º, XXXIII; II - garantia de direitos previdenciários e trabalhistas; III - garantia de acesso do trabalhador adolescente e jovem à escola; IV - garantia de pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracional, igualdade na relação processual e defesa técnica por profissional habilitado, segundo dispuser a legislação tutelar específica; V - obediência aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, quando da aplicação de qualquer medida privativa da liberdade; VI - estímulo do Poder Público, através de assistência jurídica, incentivos fiscais e subsídios, nos termos da lei, ao acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou adolescente órfão ou abandonado; VII - programas de prevenção e atendimento especializado à criança, ao adolescente e ao jovem dependente de entorpecentes e drogas afins. É importante discutir o que dispõe o inciso I do § 3º, art. 227, pois fixa em 14 anos a idade mínima para admissão ao trabalho, fazendo referência ao disposto no art. 7º, XXXIII, que proíbe o trabalho noturno, insalubre, perigoso ou penoso aos menores de 18 anos e de qualquer trabalho a menores de 16 anos, exceto na condição de aprendiz (ou menor aprendiz) a partir dos 14 anos. Portanto, a possibilidade que está descrita no inciso I do § 3º, do art. 227 é de admissão na condição de APRENDIZ, pois com 16 já pode exercer atividade laboral comum, mas com PROTEÇÃO ESPECIAL BREVIDADE, EXCEPCIONALIDADE E RESPEITO DIREITOS PREVIDÊNCIÁRIOS E TRABALHAISTAS ACESSO À ESCOLA, NO CASO DE TRABALHADOR JOVEM GARANTIA PROCESSUAL EM CASO DE ATO INFRACIONAL ESTÍMULO DO PODER PÚBLICO IDADE MÍNIMA DE 14 ANOS PARA O TRABALHO algumas limitações, como atividades noturna, insalubre ou perigosa. Então tome cuidado, sob a ótica constitucional, se a banca afirmar de maneira genérica sobre a possibilidade de admissão ao trabalho, a resposta será 14 anos. E se afirmar que há proibição de qualquer trabalho a menores de 16 anos, também estará correta a assertiva, mas deverá conter a informação da condição de aprendiz. Complicado? Veja como já caiu em prova! (COPS-UEL - 2018) Sobre a proteção à criança, ao adolescente e ao jovem, relativamente à idade mínima para admissão a trabalho, assinale a alternativa correta. a) 10 anos b) 12 anos c) 14 anos d) 16 anos e) 18 anos ALTERNATIVA: C COMENTÁRIO: Sob o Prisma da proteção especial à criança, ao adolescente e ao Jovem, relativa à idade mínima para admissão ao trabalho, permite-se essa atividade a partir dos 14 anos, mas na condição de aprendiz, conforme art. 227, § 3º, I da CF combinado com o art. 7º, XXXIII. Essa proteção tem como objetivo viabilizar uma das garantias aplicadas aos adolescentes, tendo em vista que essa atividade vai auxiliar no desenvolvimento à profissionalização, que é um dos direitos fundamentais assegurado a esses indivíduos. Cuidado com esse tipo de questão, pois o art. 7º trata sobre os direitos dos trabalhadores urbanos e rurais e o art. 227, sobre os direitos da criança, do adolescente e do jovem. Apesar de o artigo 7º da Constituição Federal afirmar que é proibido qualquer tipo de trabalho aos menores de 16 anos, é aberta uma exceçãono caráter de aprendiz, pois nesse caso há um cunho mais de aprendizado do que estritamente laboral. Por outro lado, dos 16 anos aos 18, é possível, sim, a atividade laboral estrita, sem ser na condição de aprendiz, mas como profissional de fato, desde que não exerça atividade noturna, insalubre ou perigosa. CONSTITUIÇÃO FEDERAL Art. 227 (...) § 3º O direito a proteção especial abrangerá os seguintes aspectos: I - idade mínima de quatorze anos para admissão ao trabalho, observado o disposto no art. 7º, XXXIII; CONSTITUIÇÃO FEDERAL Art. 7º (...) XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; MENOR APRENDIZ 14-16 ANOS VEDAÇÃO ÀS ATIVIDADES PERIGOSAS, INSALUBRES E NOTURNAS 16-18 ANOS TODAS AS ATIVIDADES 18 ANOS Importa destacar que essa proteção especial se desdobra na responsabilidade de o Estado proteger e punir severamente o abuso, a violência e a exploração sexual da criança e do adolescente, além de observar as ações governamentais na área da assistência social quando o tema for atendimento à criança e ao adolescente, garantindo-lhes também adoção assistida, pelo Poder Público, estabelecendo critérios específicos se o adotante for estrangeiro. CONSTITUIÇÃO FEDERAL Art. 227 (...) § 4º A lei punirá severamente o abuso, a violência e a exploração sexual da criança e do adolescente. § 5º A adoção será assistida pelo Poder Público, na forma da lei, que estabelecerá casos e condições de sua efetivação por parte de estrangeiros. § 6º Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação. § 7º No atendimento dos direitos da criança e do adolescente levar- se- á em consideração o disposto no art. 204. Em um contexto constitucional, o art. 228 da CF/88 tratou sobre a responsabilidade penal desses indivíduos, afirmando que são penalmente inimputáveis os menores de 18 anos, sujeitos às normas da legislação especial. Significa dizer que a criança ou adolescente são inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento, sujeitando-se às normas da legislação especial, sendo o Estatuto da Criança e do Adolescente, que tipifica a conduta ilícita desses indivíduos como ato infracional, e não como crime. Tema que começaremos a tratar no próximo tópico! CONSTITUIÇÃO FEDERAL Art. 228. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às normas da legislação especial. ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – ECA DISPOSIÇÕES GERAIS A Lei 8069/1990 dispõe sobre o conceito de criança e adolescente, a proteção integral a esses indivíduos e dá outras providências. A proteção, disposta no art. 1º desse estatuto, refere- se à aplicação dos direitos que o adulto possui além dos demais constitucionalmente garantidos, como o direito à cultura, lazer, à convivência familiar, à profissionalização e outros direitos que, porventura, sejam convenientes ao caso. A tutela completa pelo Poder Público é realizada a fim de garantir o desenvolvimento da criança e do adolescente, primando pela Dignidade da Pessoa Humana juvenil. Além disso, cria-se uma vinculação ao Estado no momento da criação de políticas públicas, dando prioridade absoluta a esses grupos. Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente. (...) Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade. Parágrafo único. Os direitos enunciados nesta Lei aplicam-se a todas as crianças e adolescentes, sem discriminação de nascimento, situação familiar, idade, sexo, raça, etnia ou cor, religião ou crença, deficiência, condição pessoal de desenvolvimento e aprendizagem, condição econômica, ambiente social, região e local de moradia ou outra condição que diferencie as pessoas, as famílias ou a comunidade em que vivem. Conforme disposição do ECA, a lei é aplicada às crianças, cuja idade vai até 12 anos incompletos, e adolescentes, entre 12 e 18 anos. Todavia, é possível aplicar, excepcionalmente, às pessoas com idade entre 18 e 21 anos. Veremos mais à frente esses detalhes particulares da lei. Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade. Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade. Esclarecendo a tecnicidade da lei, 12 anos incompletos significa dizer criança até 11 anos de idade. Ao completar de fato os 12 anos, primeiro minuto de aniversário, o indivíduo passa a ser adolescente e assim será até os 18 anos. Faz-se necessário esse entendimento para responder questões que trazem situações hipotéticas, que geralmente costumam confundir o candidato na hora de marcar o gabarito. As questões mais recorrentes são referentes à imputabilidade penal e aplicações de medidas socioeducativas ou protetivas, já que esses indivíduos não estão sujeitos às regras comuns do Código Penal. (QUADRIX – 2018) A pessoa com até doze anos de idade incompletos será considerada como criança e a com idade entre doze e dezoito anos será considerada como adolescente. GABARITO: CERTO COMENTÁRIO: Meu aluno, a questão está totalmente de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente. A lei conceitua criança como a pessoa até 12 anos incompletos. Nesse contexto, a normativa quer dizer o indivíduo com no máximo 11 anos, e que a partir do momento em que completa 12 anos, ou seja, após o primeiro minuto da meia-noite do dia do seu aniversário, ela passa a ser considerada adolescente, que perdurará esse conceito até os 18 anos, seguindo o mesmo raciocínio anterior. Dei esse exemplo para você fixar melhor esse assunto, mas para fins de prova, o conceito exposto será sempre o termo elencado no texto da lei, 12 anos incompletos, para criança; e entre 12 e 18, adolescente. É sempre bom tomar cuidado com as questões que tratam sobre situações hipotéticas, pois elas podem querer te enganar ao afirmar que o indivíduo tem somente 12 anos e classificar como criança, o que estaria errado. 0 CRIANÇA 12 ADOLESCENTE 18 MAIOR IDADE |________________|______________|________________| O Superior Tribunal de Justiça (STJ) aprovou uma súmula que trata da apuração de ato infracional e aplicação de medida socioeducativa à pessoa que atinge a maioridade penal. Essa exceção é aplicada aos indivíduos com idade entre 18 e 21 anos, mas que praticaram ato infracional análogo a crime no período da adolescência, sendo, naquele tempo, submetido à medida socioeducativa. O tema inclusive também foi analisado pelo Supremo Tribunal Federal. Acompanhe as decisões abaixo e guarde no seu coração. As bancas gostam de afirmar que a medida socioeducativa cessará com a maioridade penal. STF E STJ O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE NÃO MENCIONA A MAIOR IDADE CIVIL COMO CAUSA DE EXTINÇÃO DA MEDIDA SOCIOEDUCATIVA IMPOSTA AO INFRATOR. (STF, HC 94.938/RJ, 1.ª T., rel. Cármen Lúcia, 12.08.2008, v.u.) Súmula 605 - STJ: A superveniência da maioridade penal não interfere na apuração de ato infracional nem na aplicabilidade de medida socioeducativa em curso, inclusive na liberdade assistida, enquanto não atingida a idade de 21 anos. Assim como a CF, a presente lei não criou apenas direitosàs crianças e aos adolescentes, impôs também obrigações à família, à comunidade, à sociedade em geral e ao poder público de assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos fundamentais das pessoas em desenvolvimento. Esse rol, que não é exaustivo, compreende: Primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias; Precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública; Preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas (pilar da garantia da absoluta prioridade) Destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude. A consolidação dessa tutela especial está disposta no art. 5º do ECA: nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais. Nada mais justo do que proteger um grupo que nem mesmo tem voz na vida real. E é nesse sentido que a lei cria a obrigação de assegurar os direitos e proteção à criança e ao adolescente. (CESPE - 2018) O ECA considera como criança a pessoa de zero a doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade completos. Por essa razão, o ECA não pode ser aplicado às pessoas maiores de dezoito anos. GABARITO: ERRADO. COMENTÁRIO: Futuro aprovado, o conceito de criança e adolescente já foi tratado em momentos anteriores: até 12 anos incompletos e entre 12-18 anos. Entretanto, o final da assertiva a torna errada, observe “o ECA não pode ser aplicado às pessoas maiores de dezoito anos”. Por expressa previsão legal, no art. 2º, parágrafo único, aplica-se excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre 18 e 21 anos de idade. O STJ, inclusive, já julgou casos nesse sentido, considerando-se a idade do indivíduo ao tempo do fato, aplicando-se as medidas socioeducativas ainda que sobrevenha maioridade penal no curso do processo, impondo a medida até que o autor complete 21 anos. (STJ, HC 89.846/RJ, 5.ª T., rel. Arnaldo Esteves Lima, 15.09.2009, v.u.) SÚMULA 605 – STJ – A superveniência da maioridade penal não interfere na apuração de ato infracional nem na aplicabilidade de medida socioeducativa em curso, inclusive na liberdade assistida, enquanto não atingida a idade de 21 anos. Nesses termos, percebe-se que a circunstância de o indivíduo ter atingido a maioridade penal, não cessa o efeito de conduta ilícita que ele praticou quando da menoridade ao tempo do fato. Portanto, o trecho final da assertiva torna a questão errada, haja vista ser possível a aplicação até os 21 anos. Para fiel execução desse estatuto, levar-se-ão em conta os fins sociais a que essa lei se dirige, as exigências do bem comum, os direitos e deveres individuais e coletivos, e, sobretudo, a condição peculiar da criança e do adolescente como pessoas em desenvolvimento, conforme preceitua o art. 6º dessa lei. PARA MELHOR APLICAÇÃO DA LEI 8069/1990, O INTERESSE MAIS RELEVANTE É O DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. (CESPE - 2015) O ECA dispõe sobre a proteção social à criança e ao adolescente e, em casos específicos previstos em lei, a proteção integral. GABARITO: ERRADO. COMENTÁRIO: A normativa trata sobre questões de proteção social aos indivíduos em desenvolvimento, como crianças e adolescentes. Entretanto, há uma falha entre vírgulas na assertiva acima: “em casos específicos”. Não há de se falar em circunstâncias específicas para aplicação de proteção a esses indivíduos, pois o mandamento constitucional, corroborado pelo ECA, trata da proteção especial, integral e com prioridade absoluta, aplicando-se a normativa de acordo com o interesse mais relevante da criança e do adolescente. Portanto, a proteção integral permeia todo o estatuto. Segue abaixo os princípios e prioridades que permeiam a Lei 8069/1990 ATO INFRACIONAL No campo do Direito Penal, a infração penal é gênero que comporta as espécies crime e contravenção penal, havendo diferença apenas na gravidade da pena. Por outro lado, quando tratamos da criança e do adolescente, não falamos em infração penal, mas em ATO INFRACIONAL, que é a conduta descrita como crime ou contravenção penal. Portanto, quando algum desses indivíduos praticam uma conduta ilícita na seara do direito penal, a classificação será de ato infracional análogo a crime ou contravenção penal, mas nunca crime ou contravenção penal. Estou batendo nesses conceitos para que você não caia em pegadinhas da banca. Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta descrita como crime ou contravenção penal. Futuro aprovado, tratamos sobre o tema de imputabilidade penal através dos fundamentos constitucionais quando contextualizamos o assunto, mas o ECA reforça esse dispostivo no art. 104, explicando que as crianças e adolescentes são inimputáveis, portanto, não tendo capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. Observa-se uma política criminal com a finalidade de proteção desses indivíduos que ainda estão em desenvolvimento, adotando, nesse caso, o sistema biológico para inimputabilidade, que considera exclusivamente a idade, independentemente se, na realidade, ele sabia ou não o que estava fazendo. Em relação às consequências da prática desses atos, considera-se a idade do adolescente à data do fato, sujeitando-se às medidas socioeducativas, mas as crianças serão submetidas às medidas previstas no art. 101, que são medidas de proteção. MEDIDAS DE PROTEÇÃO I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade; II - orientação, apoio e acompanhamento temporários; III - matrícula e freqüência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino fundamental; IV - inclusão em serviços e programas oficiais ou comunitários de proteção, apoio e promoção da família, da criança e do adolescente; V - requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial; VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos; VII - acolhimento institucional; VIII - inclusão em programa de acolhimento familiar; IX - colocação em família substituta. (QUADRIX – 2019) Suponha‐se que Joana, de onze anos de idade, tenha cometido um ato infracional. Nesse caso, conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente, ela deverá ser encaminhada à autoridade competente para aplicação de medida socioeducativa. GABARITO: ERRADO COMENTÁRIO: Meu aluno, em um dos tópicos acima, em te expliquei em outras palavras o que seria criança de acordo com o Estatuto, trazendo um exemplo prático no qual o indivíduo que estivesse com 11 anos de idade estaria dentro do termo 12 anos incompletos. Agora nós temos uma questão que apresenta um caso hipotético informando a idade de Joana, 11 anos. O primeiro ponto é saber que, para a Lei 8069/1990, Joana ainda é considerada criança e que isso atribui implicações no campo do Direito. Apesar de a normativa conferir uma proteção especial ao grupo objeto desse Estatuto, as crianças são revestidas de maior proteção, haja vista sua imaturidade. Nesse contexto, uma das diferenças elencadas pelo ECA entre a criança e o adolescente é a consequência no campo prático quando praticado um ato infracional, pois os adolescentes estarão sujeitos às medidas socioeducativas (elencadas no art. 112 do ECA), mas as crianças serão submetidas às medidas de proteção (previstas no art. 101 do ECA). Por isso que a questão está errada. As bancas sempre vão querer fazer essa pegadinha, afirmando que criança e adolescentes são submetidos às medidas socioeducativas, quando na verdade somente os adolescentes que serão. Veja como a banca CESPE cobrou em 2018 o mesmo assunto e com a mesma pegadinha:(CESPE – 2018) Crianças e adolescentes que cometam atos infracionais estão sujeitas a medidas socioeducativas previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente. Art. 104. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às medidas previstas nesta Lei. Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser considerada a idade do adolescente à data do fato. Art. 105. Ao ato infracional praticado por criança corresponderão as medidas previstas no art. 101. DIREITOS INDIVIDUAIS GARANTIDOS AO ADOLESCENTE INFRATOR Meu aluno, se você já estudou processo penal, sobretudo, restrições cautelares, entenderá com mais facilidade esse tópico, pois se trata justamente dos direitos fundamentais à pessoa humana em desenvolvimento quando praticada uma conduta ilícita análoga a um crime ou ATO INFRACIONAL ADOLESCENTE MEDIDA SOCIOEDUCATIVA ATO INFRACIONAL CRIANÇA MEDIDA DE PROTEÇÃO contravenção penal. É a reprodução dos direitos constitucionais, mas moldado aos menores infratores, tendo os mesmos direitos que os maiores de dezoito anos quando praticam condutas ilícitas. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade senão em flagrante de ato infracional ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, além disso, assim como os que já atingiram a maioridade penal, os adolescentes têm direito à identificação dos responsáveis pela sua apreensão, devendo ser informado acerca de seus direitos. Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade senão em flagrante de ato infracional ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente. Parágrafo único. O adolescente tem direito à identificação dos responsáveis pela sua apreensão, devendo ser informado acerca de seus direitos. Dentro do mesmo contexto de restrição de liberdade, tal medida e o local em que está apreendido serão incontinenti comunicados ao juiz, à família do apreendido ou a pessoa por ele indicada, conforme art. 107 do ECA. Observa-se os mesmos procedimentos estabelecidos no Código de Processo Penal, mas agora por Lei Específica, que tutela um grupo especial. Um destaque importante a esse artigo, pois ele não cita a figura da criança, já que a ela é imposta medida de proteção. Portanto, NÃO HÁ PRIVAÇÃO DE LIBERDADE DA CRIANÇA!!! Art. 107. A apreensão de qualquer adolescente e o local onde se encontra recolhido serão incontinenti comunicados à autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por ele indicada. Parágrafo único. Examinar-se-á, desde logo e sob pena de responsabilidade, a possibilidade de liberação imediata. OS DIREITOS GARANTIDOS AOS MAIORES DE DEZOITO ANOS NA SEARA PROCESSUAL PENAL TAMBÉM SERÃO APLICADOS AOS ADOLESCENTES QUANDO DA PRÁTICA DE ATO INFRACIONAL. Futuro aprovado, lembra da prisão preventiva do Código de Processo Penal? Pronto! Há um disposição no ECA que regulamenta a internação por decisão fundamentada antes da sentença do magistrado, sendo, nesse caso, uma espécie de medida cautelar, devendo preencher os pressupostos cautelares, como indícios suficientes de autoria, materialidade do fato e a necessidade imperiosa do procedimento, que é a garantia da ordem pública, requisitos apresentados no parágrafo único do art. 107, bem como art. 174 da mesma lei, obedecendo sempre aos princípios da brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar. A INTERNAÇÃO, ANTES DA SENTENÇA, PODE SER DETERMINADA PELO PRAZO MÁXIMO DE 45 DIAS. Art. 108 da Lei 8069/1990 – Estatuto da Criança e do Adolescente A MEDIDA CAUTELAR DE INTERNAÇÃO, ANTES DA SENTENÇA, NÃO PODE SE ESTENDER POR PRAZO SUPERIOR A QUARENTA E CINCO DIAS (STJ – (RHC 83326-SE, 5ª.T., rel. Félix Fischer, 20.06.2017) Assim como o inciso LVIII do art. 5º da CF garante que o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei, o adolescente também não será compulsoriamente identificado pelos órgãos policiais, de proteção e judiciais, a não ser para fins de confrontação, havendo dúvida fundada, conforme preceitua o art. 109 do ECA. (VUNESP – 2019) A respeito da prática de ato infracional e dos direitos individuais do adolescente, o Estatuto da Criança e do Adolescente estabelece que a) Para a caracterização do ato infracional, deve ser considerada a data da prisão do adolescente. b) Nenhum adolescente poderá ser privado de sua liberdade, ainda que em flagrante de ato infracional, sendo indispensável ordem judicial. c) O adolescente não terá direito à identificação dos responsáveis pela sua apreensão, devendo, contudo, ser informado dos seus direitos. d) A apreensão do adolescente será imediatamente comunicada ao Ministério Público ou à pessoa por ele indicada. e) A internação, antes da sentença, pode ser determinada pelo prazo máximo de quarenta e cinco dias. ALTERNATIVA: E COMENTÁRIO: Meu aluno, a questão quer testar seu conhecimento sobre o assunto de ATO INFRACIONAL e DIREITOS FUNDAMENTAIS. a) Para a caracterização do ato infracional, deve ser considerada a data da prisão do adolescente considera-se a idade do adolescente à data do fato, por expressa previsão legal, art. 104, parágrafo único, corroborado por decisões dos Tribunais Superiores. b) Nenhum adolescente poderá ser privado de sua liberdade, ainda que em flagrante de ato infracional, sendo indispensável ordem judicial senão em flagrante de ATO INFRACIONAL ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente. Vivemos em um Estado Democrático de Direito, onde a liberdade é a regra, havendo casos excepcionais de restrição desse direito. Além disso, há um cuidado especial quando o objeto da restrição é a criança ou adolescente. c) O adolescente não terá direito à identificação dos responsáveis pela sua apreensão tem direito à identificação dos responsáveis pela sua apreensão, direito constitucional amplamente estendido a pessoa em desenvolvimento. Esse direito evita condutas arbitrárias por parte dos agentes e responsáveis pelo ato, devendo ser informado acerca de seus direitos, devendo, contudo, ser informado dos seus direitos. d) A apreensão do adolescente e o local onde se encontra recolhido serão imediatamente comunicada ao Ministério Público comunicados ao juiz, à família ou à pessoa por ele indicada. Trata-se de previsão expressa no art. 107 do ECA. e) A internação, antes da sentença, pode ser determinada pelo prazo máximo de quarenta e cinco dias. Medida cautelar aplicada antes da sentença. CUIDADO com o prazo máximo: QUARENTA E CINCO DIAS, NÃO SE ESTENDENDO ESSE PRAZO. Quem determina? APENAS O JUIZ! Embora não esteja definido no edital, é importante você saber que os procedimentos necessários após a apreensão do Adolescente em flagrante de ato infracional nos casos que envolvam violência ou grave ameaça são a imediata comunicação ao juiz, à família ou a pessoa por ele indicada e a lavratura do a lavratura auto de apreensão pela autoridade policial. Bastante atenção ao termo anterior, pois a banca cobrará o rigor técnico da lei. Dessa maneira, não existe auto de prisão quando o infrator for menor, já que o adolescente será tão somente apreendido. Por outro lado, quando o adolescente infrator pratica um ato infracional sem violência ou grave ameaça, poder-se-á substituir os procedimentos por um boletim de ocorrência circunstanciada desde que haja o comparecimento dos pais, assinando o termo de responsabilidade para comparecer aos demais atos. Os adolescentes são sujeitos de garantias processuais, assim como os adultos, mas com algumas peculiaridades que a lei lhes confere. Art. 110. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade sem o devido processo legal. Art. 111. São asseguradas ao adolescente, entre outras, as seguintes garantias: I - pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracional, mediantecitação ou meio equivalente; II - igualdade na relação processual, podendo confrontar-se com vítimas e testemunhas e produzir todas as provas necessárias à sua defesa; III - defesa técnica por advogado; IV - assistência judiciária gratuita e integral aos necessitados, na forma da lei; V - direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade competente; VI - direito de solicitar a presença de seus pais ou responsável em qualquer fase do procedimento. (VUNESP – 2019) O Estatuto da Criança e do Adolescente assegura, entre outras, a seguinte garantia processual ao adolescente: a) Terá o direito de solicitar a presença de seus pais ou responsável em qualquer fase do procedimento. b) Terá direito a um advogado, mas poderá dispensá-lo quando decidir fazer acordo com o Promotor de Justiça. c) Em nenhum momento poderá confrontar-se com vítimas e testemunhas de acusação no processo judicial. d) Nenhum adolescente será preso sem ordem escrita do Juiz ou do Delegado de Polícia. e) E não poderá ser apreendido pelo simples cometimento de ato infracional, somente podendo ser preso em flagrante delito. ALTERNATIVA: A COMENTÁRIO: O enunciado traz uma situação específica em relação ao adolescente, que é a garantia processual, já que ele pode ser apreendido por ato infracional e ser submetido à MEDIDA SOCIOEDUCATIVA. a) Terá o direito de solicitar a presença de seus pais ou responsável em qualquer fase do procedimento. b) Terá direito a um advogado, mas poderá dispensá-lo quando decidir fazer acordo com o Promotor de Justiça nos atos do processo, sendo causa de nulidade absoluta a falta de defesa técnica. Importante destacar que a defesa técnica deve ser eficaz, feita por um advogado. c) Em nenhum momento poderá confrontar-se Poderá confrontar-se com vítimas e testemunhas de acusação no processo judicial, haja vista ser garantido o direito constitucional do contraditório e ampla defesa. Portanto, para sua defesa e devidos esclarecimentos na seara processual, o adolescente pode confrontar-se com esses personagens. d) Nenhum adolescente será preso sem ordem escrita do Juiz ou do Delegado de Polícia. O adolescente poderá ter sua liberdade restringida por flagrante de ato infracional ou ordem escrita e fundamentada por autoridade judiciária competente. Portanto, a ordem autônoma de apreensão do adolescente é cláusula de reserva jurisdicional. Destaca-se que o termo correto a ser utilizado na restrição de liberdade do adolescente é APREENSÃO. e) E não poderá ser apreendido pelo simples cometimento de ato infracional, somente podendo ser preso em flagrante delito. O adolescente poderá ter sua liberdade privada por flagrante de ato infracional ou ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente. Não é demais relembrar que a internação poderá ser decretada, ANTES DA SENTENÇA, até o prazo máximo de QUARENTA E CINCO DIAS. QUESTÕES EXTRAS 1. (CESPE – 2018) Julgue o item a seguir, relativo a Conselho Tutelar, medidas de proteção, direito à convivência familiar e consequências da prática de atos infracionais. Crianças e adolescentes que cometam atos infracionais estão sujeitas a medidas socioeducativas previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente. CERTO ( ) ERRADO ( ) 2. (CESPE – 2014) Acerca do direito aplicado à saúde, ao idoso e à criança, julgue o item a seguir. Nos casos de flagrante de ato infracional cometido sem uso de violência ou sem ocasionar risco à vida, o menor infrator poderá ser liberado da internação, mediante assinatura de termo por seu responsável legal. CERTO ( ) ERRADO ( ) 3. (VUNESP – 2019 MODIFICADA) Aristarco tinha 17 anos de idade e praticou uma conduta descrita como crime no Código Penal. Mas a Polícia, após um período de investigações, veio a detê-lo por conta do referido delito somente quanto ele já havia completado 18 anos de idade. Nessa situação hipotética, o Estatuto da Criança e do Adolescente estabelece que Aristarco Não poderá sofrer qualquer punição, uma vez que o crime prescreveu quando atingiu a maioridade. CERTO ( ) ERRADO ( ) 4. (VUNESP – 2019 MODIFICADA) O art. 106 do ECA (Estatuto da Criança e do adolescente) disciplina que nenhum adolescente será privado da sua liberdade, senão por flagrante de ato infracional ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente. CERTO ( ) ERRADO ( ) GABARITO 1. E (pág. 10) 2. C (pág. 13) 3. E (pág. 7) 4. C (pág. 11)
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