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Anatomia Sistema Circulatório O sistema circulatório é constituído pelo coração, os vasos sanguíneos e o sangue. Também conhecido como sistema cardiovascular, tratam-se de dois circuitos que carregam o sangue, o menor sendo o circuito pulmonar, que cursa entre o coração e os pulmões, e o maior sendo o circuito sistêmico, que cursa entre o coração e os tecidos periféricos. Função Os circuitos cardíacos funcionam ao fornecer aos tecidos do corpo oxigênio e nutrientes, que são transportados pelo sangue. O circuito pulmonar carrega o sangue que precisa ser oxigenado nos pulmões, onde a troca de oxigênio e dióxido de carbono produzido pelo corpo ocorre, antes de o sangue retornar ao coração. Células sanguíneas vermelhas são responsáveis pela ligação e transporte do oxigênio, utilizando as suas proteínas da hemoglobina, que contém ferro. Uma vez que isso tenha ocorrido, o coração então bombeia o sangue pelo circuito sistêmico do corpo e entrega as células vermelhas oxigenadas para os tecidos, antes de coletar o sangue desoxigenado e enviá-lo novamente ao coração com nutrientes não utilizados e produtos do metabolismo. Essas substâncias extras do sangue são filtradas no fígado para serem processadas. Trajeto O coração é o “centro” do sistema circulatório. O sangue que se encontra no ventrículo direito do coração é bombeado para as artérias pulmonares e para o tecido pulmonar. Uma vez que a troca de gases ocorra entre os capilares e os alvéolos, o sangue cursa pelas veias pulmonares de volta ao átrio esquerdo do coração. O coração continua a se contrair, forçando o sangue pela valva bicúspide para o ventrículo esquerdo, seguindo dessa vez pelos ramos ascendente e descendente da aorta, para a cabeça e pescoço, cavidades torácica e abdominal e membros superiores e inferiores. Depois de oxigenar os tecidos periféricos o sangue cursa para as veias coletoras, que irão terminar se fundindo na veia cava superior, que drena o sangue da cabeça, pescoço, tórax e membros superiores ou para a veia cava inferior, que drena o abdome e os membros inferiores. As veias cava inferior e superior drenam para o átrio direito do coração, onde o sangue é bombeado através da valva tricúspide para o ventrículo direito, e o processo se reinicia. Os maiores plexos capilares arteriovenosos que existem são o tronco, os pulmões direito e esquerdo, o fígado, o sistema digestivo e os membros inferiores. O coração O coração é um músculo que age como uma bomba. Através de estimulação elétrica ele bate e empurra o sangue por todo o corpo. A quantidade de sangue que é bombeada do coração por minuto é conhecida como débito cardíaco (DC). Ela pode ser calculada ao se multiplicar a frequência cardíaca (FR), que é o número de batimentos por minuto pelo volume sistólico (VS), que é a quantidade de sangue coletada nos ventrículos quando eles estão com capacidade total e prestes a se contrair. O débito cardíaco varia conforme a pessoa esteja se exercitando ou em repouso. Quanto mais oxigênio os tecidos requerem, por exemplo, durante uma corrida, quando os músculos estão sendo utilizados, maior será o débito cardíaco, para atingir essa demanda dos tecidos. O coração é constituído de quatro câmaras que consistem de dois pares. Os átrios coletam o sangue que retorna, enquanto os ventrículos empurram o sangue para fora do coração. As valvas no coração previnem fluxo reverso do sangue para o coração. O septo muscular divide as duas secções do coração, criando um lado direito e esquerdo, cada um contendo um átrio e um ventrículo. O lado direito do coração bombeia sangue desoxigenado e o lado esquerdo bombeia sangue oxigenado. https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/coracao https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/sangue https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/pulmoes https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/anatomia-da-cabeca https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/anatomia-do-pescoco https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/torax O coração é um órgão de potentes paredes musculares que funciona continuamente ao longo da vida. Para isso, requer a constante assimilação de sangue que lhe fornece substâncias nutritivas e, sobretudo, oxigénio, um elemento consumido pelas células musculares para obter a energia destinada a garantir o trabalho mecânico das sucessivas contrações. A parede de cada câmara cardíaca tem três camadas, da superficial para a profunda: • Endocárdio, uma fina camada interna (endotélio e tecido conectivo subendotelial) ou membrana de revestimento do coração que também cobre suas valvas • Miocárdio, uma camada intermediária helicoidal e espessa, formada por músculo cardíaco • Epicárdio, uma camada externa fina (mesotélio) formada pela lâmina visceral do pericárdio seroso. Drenagem venosa do coração O coração é drenado principalmente por veias que se abrem no seio coronário e em parte por pequenas veias que drenam para o átrio direito (Figura 1.61). O seio coronário, a principal veia do coração, é um canal venoso largo que segue da esquerda para a direita na parte posterior do sulco coronário. O seio coronário recebe a veia cardíaca magna em sua extremidade esquerda e a veia interventricular posterior e veia cardíaca parva em sua extremidade direita. A veia posterior do ventrículo esquerdo e a veia marginal esquerda também se abrem no seio coronário. A veia cardíaca magna é a principal tributária do seio coronário. Sua primeira parte, a veia interventricular anterior, começa perto do ápice do coração e ascende com o ramo IV anterior da ACE. No sulco coronário, vira-se para a esquerda, e sua segunda parte segue ao redor do lado esquerdo do coração com o ramo circunflexo da ACE para chegar ao seio coronário. (Aqui ocorre uma situação incomum: o sangue está fluindo no mesmo sentido em um par formado por artéria e veia!) A veia cardíaca magna drena as áreas do coração supridas pela ACE. A veia IV posterior acompanha o ramo interventricular posterior (geralmente originado da ACD). Uma veia cardíaca parva acompanha o ramo marginal direito da ACD. Assim, essas duas veias drenam a maioria das áreas comumente supridas pela ACD. A veia oblíqua do átrio esquerdo (de Marshall) é um vaso pequeno, relativamente sem importância após o nascimento, que desce sobre a parede posterior do átrio esquerdo e funde-se à veia cardíaca magna para formar o seio coronário (definindo o início do seio). A veia oblíqua é o remanescente da VCS esquerda embrionária, que geralmente sofre atrofia durante o período fetal, mas às vezes persiste em adultos, substituindo ou aumentando a VCS direita. Algumas veias cardíacas não drenam via seio coronário. Algumas pequenas veias anteriores do ventrículo direito começam sobre a face anterior do ventrículo direito, cruzam sobre o sulco coronário e, em geral, terminam diretamente no átrio direito; às vezes elas entram na veia cardíaca parva. As veias cardíacas mínimas são pequenos vasos que começam nos leitos capilares do miocárdio e se abrem diretamente nas câmaras do coração, principalmente os átrios. Embora sejam denominadas veias, são comunicações avalvulares com os leitos capilares do miocárdio e podem conduzir sangue das câmaras cardíacas para o miocárdio. Drenagem linfática do coração. Os vasos linfáticos no miocárdio e no tecido conectivo subendocárdico seguem até o plexo linfático subepicárdico. Os vasos desse plexo seguem até o sulco coronário e acompanham as artérias coronárias. Um único vaso linfático, formado pela união de vários vasos linfáticos provenientes do coração, ascende entre o tronco pulmonar e o átrio esquerdo e termina nos linfonodos traqueobronquiais inferiores, geralmente no lado direito. Pericárdio O mediastino médio inclui o pericárdio, o coração e as raízes de seus grandes vasos — parte ascendente da aorta, tronco pulmonar e VCS — que entram e saem do coração. O pericárdio é uma membrana fibrosserosaque cobre o coração e o início de seus grandes vasos. O pericárdio é um saco fechado formado por duas camadas. A camada externa resistente, o pericárdio fibroso, é contínua com o centro tendíneo do diafragma. A face interna do pericárdio fibroso é revestida por uma membrana serosa brilhante, a lâmina parietal do pericárdio seroso. Essa lâmina é refletida sobre o coração nos grandes vasos (aorta, tronco e veias pulmonares e veias cavas superior e inferior) como a lâmina visceral do pericárdio seroso. O pericárdio seroso é composto principalmente por mesotélio, uma única camada de células achatadas que formam um epitélio de revestimento da face interna do pericárdio fibroso e da face externa do coração. O pericárdio fibroso é: Contínuo superiormente com a túnica adventícia (tecido conectivo perivascular) dos grandes vasos que entram e saem do coração e com a lâmina pré-traqueal da fáscia cervical. Fixado anteriormente à face posterior do esterno pelos ligamentos esternopericárdicos, cujo desenvolvimento varia muito Unido posteriormente por tecido conectivo frouxo às estruturas no mediastino posterior Contínuo inferiormente com o centro tendíneo do diafragma. A parede inferior (assoalho) do saco pericárdico fibroso apresenta-se bem fixada e confluente (parcialmente fundida) centralmente com o centro tendíneo do diafragma. O local de continuidade foi denominado ligamento pericardicofrênico; entretanto, o pericárdio fibroso e o centro tendíneo não são estruturas separadas que sofreram fusão secundária, nem são separáveis por dissecção. Graças às fixações descritas, o coração está relativamente bem preso no lugar dentro desse saco fibroso. O pericárdio é influenciado por movimentos do coração e dos grandes vasos, do esterno e do diafragma. A irrigação arterial do pericárdio provém principalmente de um ramo fino da artéria torácica interna, a artéria pericardicofrênica, que não raro acompanha o nervo frênico, ou pelo menos segue paralelamente a ele, até o diafragma. Contribuições menores de sangue provêm da(s): Artéria musculofrênica, um ramo terminal da artéria torácica interna Artérias bronquial, esofágica e frênica superior, ramos da parte torácica da aorta Artérias coronárias (apenas a lâmina visceral do pericárdio seroso), os primeiros ramos da aorta. A drenagem venosa do pericárdio é feita por: Veias pericardicofrênicas, tributárias das veias braquiocefálicas (ou torácicas internas) Tributárias variáveis do sistema venoso ázigo (analisadas adiante, neste capítulo). A inervação do pericárdio provém dos: Nervos frênicos (C3–C5), origem primária das fibras sensitivas; as sensações álgicas conduzidas por esses nervos são comumente referidas na pele (dermátomos C3–C5) da região supraclavicular ipsolateral (parte superior do ombro do mesmo lado) Artérias coronárias As artérias coronárias, que proporcionam ao coração o sangue oxigenado, têm origem na aorta, a grande artéria para onde o ventrículo esquerdo, após cada contracção, bombeia o seu conteúdo. É na aorta que se originam, muito próximo da saída do ventrículo esquerdo, dois vasos, cujas inúmeras ramificações chegam a todos os sectores do coração - as artérias coronárias esquerda e direita. Artéria coronária esquerda. Este vaso tem origem na aorta, por trás da artéria pulmonar e à frente da aurícula esquerda. Após cerca de 0,5 a 2 cm do percurso, a artéria bifurca-se em dois ramos principais: o ramo interventricular anterior, que se dirige para baixo, ao longo do sulco interventricular anterior, rodeia a ponta do coração e finalmente sobe, através de um curto trajecto pelo sulco interventricular posterior, e o ramo circunflexo, que percorre o sulco auriculoventricular esquerdo para logo se inflectir para a esquerda e para trás, emitindo ao longo do seu trajecto ramificações que se dirigem para a aurícula esquerda e para o ventrículo esquerdo. Enquanto o ramo interventricular anterior se encarrega, com as suas ramificações, de irrigar a porção anterior do septo interventricular, as partes adjacentes dos dois ventrículos e a ponta do coração, o ramo circunflexo faz o mesmo com o resto do ventrículo esquerdo e com a aurícula esquerda. Artéria coronária direita. Este vaso origina-se na aorta, por trás da artéria pulmonar e à frente da aurícula direita, dirigindo-se para trás pelo sulco auriculoventricular direito, emitindo no seu percurso diversos ramos que, por sua vez, dão origem a inúmeras ramificações mais pequenas. Uma das principais é o ramo marginal direito, que circula pelo lado direito até à ponta do coração, irrigando a maioria do ventrículo direito. Outro igualmente importante é o ramo interventricular posterior, que constitui o prolongamento final da artéria, descendo pelo sulco interventricular posterior, embora não chegue até à ponta, irrigando a porção posterior do septo interventricular e a porção adjacente do ventrículo esquerdo. Veias coronárias Após irrigar o tecido cardíaco, o sangue já pobre em oxigénio passa para uma rede de pequenas veias que se vão unir entre si, formando vasos cada vez maiores, que se encarregam de o transportar novamente para o interior do coração, mais precisamente para a aurícula direita. Forma-se, assim, um amplo sistema venoso que drena o seu conteúdo num vaso principal, o seio coronário, com cerca de 2,5 cm de comprimento, que percorre o sulco auriculoventricular posterior até penetrar na aurícula direita, levando para o seu interior o fluxo sanguíneo. Ao longo do seu trajecto, o seio coronário recebe o sangue proveniente de vários vasos: a grande veia cardíaca, que nasce na ponta do coração, drena os territórios irrigados pela artéria coronária esquerda e sobe pelo sulco interventricular anterior até chegar ao extremo esquerdo do seio coronário; a média veia cardíaca, embora também nasça na ponta do coração, sobe pelo sulco interventricular posterior até chegar ao extremo direito do seio coronário; a pequena veia cardíaca, que se forma no extremo do sulco auriculoventricular direito; a veia posterior do ventrículo esquerdo, que nasce próximo da ponta do coração e passa pela superfície lateral esquerda para chegar ao extremo esquerdo do seio coronário; e a veia de Marshall, que drena o sangue proveniente desta parte do coração. Circulação coronária colateral As várias artérias coronárias têm inúmeras ramificações que as unem entre si, o que constitui uma grande vantagem, pois caso alguma deixe de irrigar um determinado sector do coração, outra pode compensar o seu funcionamento, evitando qualquer prejuízo. Trata-se da denominada circulação colateral, igualmente denominada "compensadora", pois muitas vezes permite que a extensão de um enfarte, em caso de obstrução de uma determinada artéria, fique mais limitada. COMPLEXO ESTIMULANTE DO CORAÇÃO Complexo estimulante do coração. Na sequência comum de eventos no ciclo cardíaco, o átrio e o ventrículo atuam juntos como uma bomba. O complexo estimulante do coração gera e transmite os impulsos que produzem as contrações coordenadas do ciclo cardíaco (já analisadas neste capítulo). O complexo estimulante consiste em tecido nodal, que inicia os batimentos cardíacos e coordena contrações das quatro câmaras, e fibras condutoras muito especializadas para conduzi-los rapidamente para as diferentes áreas do coração. A seguir, os impulsos são propagados pelas células musculares estriadas cardíacas, de modo que haja contração simultânea das paredes das câmaras. O nó sinotrial (SA) está localizado anterolateralmente, logo abaixo do epicárdio na junção da VCS com o átrio direito, perto da extremidade superior do sulco terminal . O nó SA — uma pequena reunião de tecido nodal, fibras musculares cardíacas especializadas e tecido conectivo fibroelástico associado — é o marca-passo do coração. O nó SA inicia e controla os impulsos para as contrações cardíacas, emitindo um impulso aproximadamente70 vezes por minuto, na maioria das pessoas, na maior parte das vezes. O sinal de contração do nó SA propaga-se miogenicamente (através da musculatura) de ambos os átrios. O nó SA é suprido pela artéria do nó sinoatrial, que geralmente origina-se como um ramo atrial da ACD (em 60% das pessoas), mas muitas vezes origina-se da ACE (em 40%). O nó SA é estimulado pela parte simpática da divisão autônoma do sistema nervoso para acelerar a frequência cardíaca e é inibido pela parte parassimpática para retornar ou aproximar- se de sua frequência basal. O nó atrioventricular (AV) é um conjunto de tecido nodal menor que o nó SA. O nó AV está localizado na região posteroinferior do septo interatrial perto da abertura do seio coronário (Figuras 1.59A–C e 1.62B). O sinal gerado pelo nó SA atravessa as paredes do átrio direito, propagado pelo músculo cardíaco (condução miogênica), que transmite o sinal rapidamente do nó SA para o nó AV. O nó AV então distribui o sinal para os ventrículos através do fascículo AV. A estimulação simpática acelera a condução, e a estimulação parassimpática a torna mais lenta. O fascículo AV, a única ponte entre o miocárdio atrial e ventricular, segue do nó AV através do esqueleto fibroso do coração e ao longo da parte membranácea do SIV. Na junção das partes membranácea e muscular do SIV, o fascículo AV divide-se em ramos direito e esquerdo. Esses ramos prosseguem de cada lado do SIV muscular profundamente ao endocárdio e depois se ramificam em ramos subendocárdicos (fibras de Purkinje), que se estendem até as paredes dos respectivos ventrículos. Os ramos subendocárdicos do ramo direito estimulam o músculo do SIV, o músculo papilar anterior através das trabéculas septomarginais (banda moderadora) e a parede do ventrículo direito. O ramo esquerdo divide-se perto de sua origem em aproximadamente seis tratos menores, que dão origem a ramos subendocárdicos que estimulam o SIV, os músculos papilares anteriores e posteriores, e a parede do ventrículo esquerdo. O nó AV é suprido pela artéria do nó AV, o maior e geralmente o primeiro ramo IV septal da artéria IV posterior, um ramo da ACD em 80% das pessoas (Figura 1.59A–C). Assim, a irrigação arterial dos nós SA e AV geralmente provém da ACD. Entretanto, o fascículo AV atravessa o centro do SIV, cujos dois terços anteriores são supridos pelos ramos septais do ramo IV anterior da ACE. A geração e a condução de impulsos podem ser resumidas da seguinte forma: O nó SA inicia um impulso que é rapidamente conduzido para as fibras musculares cardíacas nos átrios, causando sua contração. O impulso propaga-se por condução miogênica, que transmite rapidamente o impulso do nó SA para o nó AV O sinal é distribuído do nó AV através do fascículo AV e seus ramos (os ramos direito e esquerdo), que seguem de cada lado do SIV e suprem os ramos subendocárdicos para os músculos papilares e as paredes dos ventrículos ~~´[ Vasos sanguíneos Existem três tipos de vasos sanguíneos: artérias, veias e capilares. O sangue sai do coração sob alta pressão e é distribuído para o corpo por um sistema ramificado de artérias com paredes espessas. Os vasos de distribuição final, arteríolas, levam sangue oxigenado para os capilares. Os capilares formam um leito capilar, onde ocorre troca de oxigênio, nutrientes, resíduos e outras substâncias com o líquido extracelular. O sangue do leito capilar entra em vênulas de paredes finas, semelhantes a capilares largos. As vênulas drenam para pequenas veias que se abrem em veias maiores. As veias maiores, que são as veias cavas superior e inferior, reconduzem o sangue pouco oxigenado para o coração. A maioria dos vasos sanguíneos do sistema circulatório tem três camadas ou túnicas: Túnica íntima, um revestimento interno formado por uma única camada de células epiteliais muito achatadas, o endotélio, sustentado por delicado tecido conjuntivo. Os capilares são formados apenas por essa túnica, e os capilares sanguíneos também têm uma membrana basal de sustentação Túnica média, uma camada intermediária que consiste basicamente em músculo liso Túnica externa, uma bainha ou camada externa de tecido conjuntivo. ARTÉRIAS As artérias são vasos sanguíneos que conduzem sangue sob pressão relativamente alta (em comparação com as veias correspondentes) do coração e distribuem-no para o corpo. O sangue atravessa artérias de calibre decrescente. A distinção dos diferentes tipos de artérias é feita com base no tamanho geral, quantidade relativa de tecido elástico ou muscular na túnica média, espessura da parede em relação ao lúmen e função. O tamanho e o tipo das artérias formam um continuum — isto é, há uma mudança gradual das características morfológicas de um tipo para outro. As grandes artérias elásticas (artérias condutoras) têm muitas camadas elásticas (lâminas de fibras elásticas) em suas paredes. Inicialmente, essas grandes artérias recebem o débito cardíaco. A elasticidade permite sua expansão quando recebem o débito cardíaco dos ventrículos, minimizando a variação de pressão, e o retorno ao tamanho normal entre as contrações ventriculares, quando continuam a empurrar o sangue para as artérias médias a jusante. Isso mantém a pressão no sistema arterial entre as contrações cardíacas (no momento em que a pressão ventricular cai a zero). Em geral, isso minimiza o declínio da pressão arterial quando o coração contrai e relaxa. Exemplos de grandes artérias elásticas são a aorta, as artérias que se originam no arco da aorta (tronco braquiocefálico, artéria subclávia e artéria carótida), além do tronco e das artérias pulmonares. As artérias musculares médias (artérias distribuidoras) têm paredes formadas principalmente por fibras musculares lisas dispostas de forma circular. Sua capacidade de reduzir seu diâmetro (vasoconstrição) controla o fluxo sanguíneo para diferentes partes do corpo, conforme exigido pela circunstância (p. ex., atividade, termorregulação). As contrações pulsáteis de suas paredes musculares (seja qual for o diâmetro do lúmen) causam a constrição temporária e rítmica dos lumens em sequência progressiva, propelindo e distribuindo o sangue para várias partes do corpo. As artérias nominadas, inclusive aquelas observadas na parede do corpo e nos membros durante a dissecção, como as artérias braquial ou femoral, são, em sua maioria, artérias musculares médias As pequenas artérias e arteríolas têm lumens relativamente estreitos e paredes musculares espessas. O grau de enchimento dos leitos capilares e o nível da pressão arterial no sistema vascular são controlados principalmente pelo grau de tônus (firmeza) no músculo liso das paredes arteriolares. Se o tônus for maior que o normal, ocorre hipertensão (aumento da pressão arterial). As pequenas artérias geralmente não têm nomes nem identificação específica durante a dissecção, e as arteríolas só podem ser vistas quando ampliadas. As anastomoses (comunicações) entre os múltiplos ramos de uma artéria oferecem vários possíveis desvios para o fluxo sanguíneo em caso de obstrução do trajeto habitual por compressão pela posição de uma articulação, doença ou ligadura cirúrgica. Quando um canal principal é ocluído, os canais opcionais menores costumam aumentar de tamanho em um período relativamente curto, proporcionando uma circulação colateral que garante o suprimento sanguíneo para estruturas distais à obstrução. Entretanto, é preciso tempo para que haja abertura adequada das vias colaterais; elas geralmente são insuficientes para compensar a oclusão ou ligadura súbita. Há áreas, porém, em que a circulação colateral inexiste ou é inadequada para substituir o canal principal. As artérias que não se anastomosam com as artérias adjacentes são artérias terminais verdadeiras (anatômicas). A oclusão de uma artéria terminal interrompe o suprimento sanguíneo para a estrutura ou segmento do órgão que irriga. As artérias terminais verdadeirassuprem a retina, por exemplo, onde a oclusão resulta em cegueira. Embora não sejam artérias terminais verdadeiras, artérias terminais funcionais (artérias com anastomoses insuficientes) irrigam segmentos do encéfalo, fígado, rins, baço e intestinos; também podem ser encontradas no coração. VEIAS As veias geralmente reconduzem o sangue pobre em oxigênio dos leitos capilares para o coração, o que confere às veias uma aparência azul-escura (Figura I.24B). As grandes veias pulmonares são atípicas porque conduzem sangue rico em oxigênio dos pulmões para o coração. Em vista da menor pressão arterial no sistema venoso, as paredes (especificamente, a túnica média) das veias são mais finas que as das artérias acompanhantes (Figura I.23). Normalmente, as veias não pulsam e não ejetam nem jorram sangue quando seccionadas. Existem três tamanhos de veias: As vênulas são as menores veias. As vênulas drenam os leitos capilares e se unem a vasos semelhantes para formar pequenas veias. A observação das vênulas requer ampliação. As pequenas veias são tributárias de veias maiores que se unem para formar plexos venosos, como o arco venoso dorsal do pé (Figura I.24B). As pequenas veias não recebem nome As veias médias drenam plexos venosos e acompanham as artérias médias. Nos membros e em alguns outros locais onde a força da gravidade se opõe ao fluxo sanguíneo as veias médias têm válvulas venosas, válvulas passivas que permitem o fluxo sanguíneo em direção ao coração, mas não no sentido inverso (Figura I.26). Os exemplos de veias médias incluem as denominadas veias superficiais (veias cefálica e basílica dos membros superiores e as veias safenas magna e parva dos membros inferiores) e as veias acompanhantes que recebem o mesmo nome da artéria que acompanham. • As grandes veias são caracterizadas por largos feixes de músculo liso longitudinal e uma túnica externa bem desenvolvida. Um exemplo é a veia cava superior. O número de veias é maior que o de artérias. Embora suas paredes sejam mais finas, seu diâmetro costuma ser maior que o diâmetro da artéria correspondente. As paredes finas proporcionam grande capacidade de expansão, e as veias se expandem quando o retorno do sangue para o coração é impedido por compressão ou por pressão interna (p. ex., após inspirar profundamente e prender a respiração; esta é a manobra de Valsalva). Embora, para simplificar, frequentemente sejam representadas isoladas nas ilustrações, as veias tendem a ser duplas ou múltiplas. Aquelas que acompanham as artérias profundas — veias acompanhantes— circundam-nas em uma rede com ramificações irregulares. Essa organização serve como trocador de calor em contracorrente, no qual o sangue arterial morno aquece o sangue venoso mais frio em seu retorno de uma extremidade fria para o coração. As veias acompanhantes ocupam uma bainha vascular fascial relativamente rígida junto com a artéria que acompanham. Consequentemente, quando a artéria se expande durante a contração do coração, as veias são distendidas e achatadas, o que ajuda a conduzir o sangue venoso para o coração — uma bomba arteriovenosa. As veias sistêmicas são mais variáveis do que as artérias, e as anastomoses venosas — comunicações naturais, diretas ou indiretas, entre duas veias — são mais frequentes. A expansão externa dos ventres dos músculos esqueléticos que se contraem nos membros, limitada pela fáscia muscular, comprime as veias, “ordenhando” o sangue para cima em direção ao coração; outro tipo (musculovenoso) de bomba venosa (Figura I.26). As válvulas venosas interrompem as colunas de sangue, aliviando, assim, a pressão nas partes mais baixas e só permitindo que o sangue venoso flua em direção ao coração. A congestão venosa que ocorre nos pés quentes e cansados ao fim de um dia de trabalho é aliviada repousando-se os pés sobre um banco mais alto que o tronco (do corpo). Essa posição dos pés também ajuda no retorno venoso do sangue para o coração. CAPILARES SANGUÍNEOS Para beneficiar as células que formam os tecidos do corpo, o oxigênio e os nutrientes conduzidos pelas artérias precisam sair dos vasos transportadores e passar para o espaço extravascular entre as células, o espaço extracelular (intercelular) no qual vivem as células. Os capilares são tubos endoteliais simples que unem os lados arterial e venoso da circulação e permitem a troca de materiais com o líquido extracelular (LEC) ou intersticial. Os capilares geralmente são organizados em leitos capilares, redes que unem as arteríolas e as vênulas (Figura I.23). O sangue entra nos leitos capilares por meio das arteríolas que controlam o fluxo e é drenado pelas vênulas. À medida que a pressão hidrostática nas arteríolas força a entrada e a passagem do sangue no leito capilar, também força a saída de líquido contendo oxigênio, nutrientes e outros materiais do sangue na extremidade arterial do leito capilar (a montante) para os espaços extracelulares, permitindo a troca com células do tecido adjacente. As paredes capilares, porém, são relativamente impermeáveis às proteínas plasmáticas. A jusante, na extremidade venosa do leito, a maior parte desse LEC— agora contendo resíduos e dióxido de carbono — é reabsorvida pelo sangue graças à pressão osmótica gerada pela maior concentração de proteínas no capilar. (Apesar de já estar bem estabelecido, esse princípio é denominado hipótese de Starling.) Em algumas áreas, como nos dedos das mãos, há conexões diretas entre as pequenas arteríolas e vênulas proximais aos leitos capilares que irrigam e drenam. Os locais dessas comunicações — anastomoses arteriolovenulares (arteriovenosas) (AAV) — permitem que o sangue passe diretamente do lado arterial para o lado venoso da circulação sem atravessar os capilares. A pele tem muitos shunts AV, que são importantes na conservação do calor corporal. Em algumas situações, o sangue atravessa dois leitos capilares antes de voltar ao coração; um sistema venoso que une dois leitos capilares constitui um sistema venoso porta. O sistema venoso no qual o sangue rico em nutrientes passa dos leitos capilares do sistema digestório para os leitos capilares ou sinusoides do fígado — o sistema porta do fígado — é o principal exemplo Sistema Linfático o sistema linfático constitui um tipo de sistema de “hiperfluxo” que permite a drenagem do excesso de líquido tecidual e das proteínas plasmáticas que extravasam para a corrente sanguínea, e também a remoção de resíduos resultantes da decomposição celular e infecção. Os componentes importantes do sistema linfático são: Plexos linfáticos, redes de capilares linfáticos cegos que se originam nos espaços extracelulares (intercelulares) da maioria dos tecidos. Como são formados por um endotélio muito fino, que não tem membrana basal, proteínas plasmáticas, bactérias, resíduos celulares, e até mesmo células inteiras (principalmente linfócitos), entram neles com facilidade junto com o excesso de líquido tecidual Vasos linfáticos (linfáticos), uma rede presente em quase todo o corpo, com vasos de paredes finas que têm muitas válvulas linfáticas. Em indivíduos vivos, há saliências nos locais de cada uma das válvulas, que estão bem próximas, o que deixa os vasos linfáticos com a aparência de um colar de contas. Os capilares e os vasos linfáticos estão presentes em quase todos os lugares onde há capilares sanguíneos, com exceção, por exemplo, dos dentes, ossos, medula óssea e todo o sistema nervoso central (o excesso de líquido tecidual drena para o líquido cerebrospinal) Linfa, o líquido tecidual que entra nos capilares linfáticos e é conduzido por vasos linfáticos. Geralmente, a linfa transparente, aquosa e ligeiramente amarela tem composição semelhante à do plasma sanguíneo Linfonodos, pequenas massas de tecido linfático, encontradas ao longo do trajeto dos vasos linfáticos, que filtram a linfa em seu trajeto até o sistema venoso. Linfócitos, célulascirculantes do sistema imune que reagem contra materiais estranhos Órgãos linfoides, partes do corpo que produzem linfócitos, como timo, medula óssea vermelha, baço, tonsilas e os nódulos linfáticos solitários e agregados nas paredes do sistema digestório e no apêndice vermiforme. Os vasos linfáticos superficiais, mais numerosos que as veias no tecido subcutâneo e que se anastomosam livremente, acompanham a drenagem venosa e convergem para ela. Esses vasos finalmente drenam nos vasos linfáticos profundos que acompanham as artérias e também recebem a drenagem de órgãos internos. É provável que os vasos linfáticos profundos também sejam comprimidos pelas artérias que acompanham, o que leva ao ordenhamento da linfa ao longo desses vasos que têm válvulas, da mesma forma descrita antes sobre as veias acompanhantes. Os vasos linfáticos superficiais e profundos atravessam os linfonodos (geralmente vários conjuntos) em seu trajeto no sentido proximal, tornando-se maiores à medida que se fundem com vasos que drenam regiões adjacentes. Os grandes vasos linfáticos entram em grandes vasos coletores, denominados troncos linfáticos, que se unem para formar o ducto linfático direito ou ducto torácico: O ducto linfático direito drena linfa do quadrante superior direito do corpo (lado direito da cabeça, pescoço e tórax, além do membro superior direito). Na raiz do pescoço, entra na junção das veias jugular interna direita e subclávia direita, o ângulo venoso direito O ducto torácico drena linfa do restante do corpo. Os troncos linfáticos que drenam a metade inferior do corpo unem-se no abdome, algumas vezes formando um saco coletor dilatado, a cisterna do quilo. A partir desse saco (se presente), ou da união dos troncos, o ducto torácico ascende, entrando no tórax e atravessando-o para chegar ao ângulo venoso esquerdo (junção das veias jugular interna esquerda e subclávia esquerda). Embora esse seja o padrão de drenagem típico da maior parte da linfa, os vasos linfáticos comunicam-se livremente com as veias em muitas partes do corpo. Sendo assim, a ligadura de um tronco simpático ou mesmo do próprio ducto torácico pode ter apenas um efeito transitório enquanto se estabelece um novo padrão de drenagem por intermédio das anastomoses linfaticovenosas — e posteriormente interlinfáticas — periféricas. Outras funções do sistema linfático incluem: Absorção e transporte da gordura dos alimentos. Capilares linfáticos especiais, denominados lácteos, recebem todos os lipídios e vitaminas lipossolúveis absorvidos pelo intestino. Em seguida, o líquido leitoso, quilo, é conduzido pelos vasos linfáticos viscerais para o ducto torácico, e daí para o sistema venoso Formação de um mecanismo de defesa do corpo. Quando há drenagem de proteína estranha de uma área infectada, anticorpos específicos contra a proteína são produzidos por células imunologicamente competentes e/ou linfócitos e enviados para a área infectada.
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