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Prefeitura Municipal de Americana Secretaria Municipal de Educação Educação Especial - Atendimento Educacional Especializado (AEE) 1 – Autora: Fabrine Mara Fernandes Colaboradoras: Fátima Cristina de Paulo Fatima Souza Giuseppina Antonia Sandroni Rosenilda Gomes da Silva Americana 2020 Texto Elaborado pela equipe de Professoras de Educação Especial, da rede Municipal de Americana – São Paulo. Prefeitura Municipal de Americana Secretaria Municipal de Educação Educação Especial - Atendimento Educacional Especializado (AEE) 2 Na semana passada estudamos sobre o Esquema Corporal, que é a tomada de consciência pela criança do seu próprio corpo, quando ela se percebe como indivíduo e consegue diferenciar-se das demais pessoas, ou seja, quando se constitui a formação do “EU”. Nesta semana conheceremos mais uma importante habilidade para o desenvolvimento e coordenação dos movimentos amplos, a Coordenação Visomotora. Para definirmos o que é a coordenação visomotora, primeiramente, é preciso saber que o desenvolvimento visual e motor (movimento) estão interligados. Ao passo que a criança começa a perceber o mundo ao seu redor, suas habilidades de movimento também vão se desenvolvendo. Tão logo ela começa a descobrir o seu corpo, sentirá o desejo de explorar o espaço. O agir com intencionalidade será motivado pelo o que os olhos veem, forçando a criança a controlar seus movimentos. Mais do que isso, será preciso que aprenda a coordenar o movimento dos seus olhos como movimento das mãos para que alcance seu objetivo, que pode ser pegar um brinquedo. Mais adiante o movimento coordenado dos olhos e das mãos, bem como dos olhos e dos pés, serão a base para as atividades da criança – brincar, comer, vestir, desenhar, recortar, e, posteriormente, na fase escolar, ser capaz de realizar a leitura e a escrita por meio de movimentos coordenados. As habilidades visomotoras são constituídas por muitas áreas relacionadas à visão e à capacidade de perceber a visão em relação ao movimento das mãos e do corpo em tarefas cotidianas. Sendo assim, estas habilidades incluem a coordenação da informação que recebemos através da visão, juntamente com as habilidades motoras, incluindo a coordenação motora ampla e motricidade fina. Prefeitura Municipal de Americana Secretaria Municipal de Educação Educação Especial - Atendimento Educacional Especializado (AEE) 3 A coordenação visomotora compreende, então, a habilidade de planejarmos e coordenarmos o movimento do nosso corpo em função do que vemos e desejamos alcançar ou realizar. Está presente sempre que um movimento dos membros superiores (braços) ou inferiores (pernas) ou de todo o corpo responder a um estímulo visual. ? Esta habilidade é importante em nossas vidas por vários motivos, como por exemplo: caminhar na rua observando a calçada, a guia da calçada ou rua; imitar pessoas, e assim ampliar aprendizagens; copiar algo da lousa no caderno ou em uma folha por exemplo; dançar um passinho junto com outras pessoas de forma coordenada, etc. Ao traçar uma linha, por exemplo, a criança, ao mesmo tempo que segue com os olhos a ação de riscar, deverá atentar-se ao objetivo a ser atingido. Quando a criança tem uma desarmonia na coordenação visomotora, traçar linhas com trajetórias predeterminadas poderá tornar-se uma atividade complexa, uma vez que a mão poderá não seguir o trajeto previamente planejado por ela. Gestos como o de segurar uma colher para comer ou um copo para beber que nos parece tão simples, exigem a coordenação de vários segmentos motores em conjunto com a visão. Não é incomum vermos as crianças pequenas ao se alimentar e levar a colher até a boca virá-la antes, derramando a comida; ao tentar tomar água virar o copo de uma só vez molhando-se toda; ou dar uma passo desproporcional em relação a exigência do momento; ou ainda tentar agarrar uma bola abaixando-se antes ou depois que esta aproxime-se dela, isso acontece porque a criança ainda está desenvolvendo sua habilidade de coordenar seus movimentos oculares com os motores em função das demandas postas. Prefeitura Municipal de Americana Secretaria Municipal de Educação Educação Especial - Atendimento Educacional Especializado (AEE) 4 Como já sabemos, toda habilidade depende de um processo de desenvolvimento. Neste caso, podemos dizer que, ao longo da vida, o ser humano adquire, progressivamente, habilidades visomotoras necessárias para o reconhecimento dos objetos, do seu próprio corpo e para se posicionar em relação a eles. Essa ação implica não somente em poder conhecer os objetos (em volume, direção, movimento), mas suas funcionalidades com o mundo que os cerca, de modo a saber coordenar seus movimentos em um espaço já explorado ou desconhecido. É importante saber que o cérebro se desenvolve de forma gigantesca nos os primeiros anos de vida, portanto, o estímulo do ambiente em que a criança vive, juntamente com outros estímulos (pedagógicos ou clínicos), bem como como as vivências promovidas através de brincadeiras e interações são indispensáveis para o processo de desenvolvimento da criança, não só com relação à aprendizagem, mas também com relação aos aspectos sociais, psicológicos e motores. 0 5 : O desenvolvimento da coordenação visomotora ocorre integrado a outras habilidades. Ao mesmo tempo que a criança explora, toma consciência do seu corpo, aprende, gradualmente, a coordenar e adequar o movimento dos olhos aos seus gestos e às suas intenções. Gradativamente, o movimento começa a submeter-se ao controle voluntário, o que refletirá na sua capacidade de planejar e antecipar ações, ou seja, de pensar antes de agir. Vejamos o quadro abaixo de acordo com a evolução progressiva da coordenação visomotora: De 0 a 1 ano - nesta idade há o predomínio de movimentos involuntários pela criança: Z Percebe objetos e campo visual e tenta agarrá-los; Z Acompanha visualmente o movimento do objeto deslocando a cabeça; Z Observa as mãos (3 meses); Z Estende a mão em direção a um objeto que lhe é oferecido; Prefeitura Municipal de Americana Secretaria Municipal de Educação Educação Especial - Atendimento Educacional Especializado (AEE) 5 Z Balança ou aperta um objeto colocado em sua mão, produzindo sons involuntários, ou seja, ainda sem intencionalidade; Z Imita um adulto em brincadeira de “esconde-esconde” - esconde atrás de uma fralda, um livro (por volta dos 10 meses); Z Bate palmas imitando um adulto; manda beijos (por volta de 1 ano) De 1 a 2 anos - nesta etapa, a criança inicia o deslocamento no espaço por meio da marcha e a exploração com mãos e olhos. Começa a agir com intencionalidade, tentando coordenar seus gestos a suas intenções: Z Demonstra atenção visual; Z Aponta para objetos desejados; Z Muda o foco de visão de objetos próximos para distantes com precisão; Z Puxa uma pessoa para mostrar-lhe alguma ação ou objeto; Z Rola uma bola imitando o adulto; Z Empurra e puxa brinquedos ao andar; Z Sobe escadas engatinhando. De 2 a 3 anos - é nesta fase que aprenderá a manipular e a usar as mãos de forma coordenada. Z Poderá brincar com uma bola; empilhar blocos; imitar um movimento amplo: Z Saltar no mesmo local com ambos os pés; Z Dobrar papel ao meio, imitando um adulto; Z Atirar uma bola a um adulto que se encontra parado a uma distância de 1,5 m; Z Chutar uma bola de média a grande que está imóvel; Z Fazer bolas de massinha ou argila; Z Segurar lápis entre o polegar e o indicador, apoiando-se no dedo médio. De 3 a 4 anos - nesta idade a criança poderá ser capaz de coordenar seus movimentos amplos a partir das informações visuais recebidas do meio, empregando elementos como, velocidade, força e distância: Z Corre, salta, começa a subir escadas,pode começar a andar de triciclo Z Imita movimentos direcionais; Z Chuta uma bola grande, quando enviada para si; Z Sobe em um escorregador e escorrega; Z Corta algo em pedaços com tesoura, quando dada a forma correta de segurar o papel e a tesoura; Z Desenha contorno em figuras; Prefeitura Municipal de Americana Secretaria Municipal de Educação Educação Especial - Atendimento Educacional Especializado (AEE) 6 Z Embora ainda não seja capaz de amarrar sapatos, é possível que se vista sozinha razoavelmente bem; Z Em geral é capaz de comer sozinha com uma colher ou um garfo. De 4 a 5 anos - com a coordenação visomotora mais sofisticada o movimento olho-mão integrará as habilidades motoras finas, a criança dessa idade poderá: Z Fazer cópia de figuras geométricas simples; Z Escovar os dentes, pentear-se e vestir-se com pouca ajuda; Z Recortar usando tesoura; Z Imitar e reproduzir dobraduras e a escrita de palavras. Conforme pudemos observar acima, com o desenvolvimento crescente e o maior controle sobre a própria ação, a impulsividade motora que predomina nos bebês dará lugar a uma ação motora cada vez mais coordenada e planejada. As conquistas no plano da coordenação visomotora fará com que a criança comece a empregar diferentes qualidades nas dinâmicas do movimento, como força, velocidade, resistência, flexibilidade, equilíbrio e precisão. O controle gradual do próprio movimento, a coordenação de suas habilidades motoras aos movimentos oculares, aperfeiçoando seus recursos de deslocamento, propiciará a criança a capacidade de envolver-se em sequências motoras amplas e finas cada vez mais complexas. E assim, chegar a uma coordenação visomotora mais sofisticada, possibilitando-a a fazer uso de objetos específicos para desempenhar funções que exigirão, além da coordenação olho-mão, a precisão e controle dos movimentos motores finos, como: recortar, colar, encaixar pequenas peças. Mais adiante será capaz de fazer cópias, reproduzir desenhos e dobraduras, registrar a escrita fazendo uso de linhas e ler seguindo a direção correta. Prefeitura Municipal de Americana Secretaria Municipal de Educação Educação Especial - Atendimento Educacional Especializado (AEE) 7 J Em um pote ou bacia grande, dispor tampinhas de garrafa pet ou bolinhas de algodão colorido ou ainda pompons e pedir para a criança passar as tampinhas em outro pote (menor), utilizando uma colher ou pegador de macarrão. J Colocar a criança sentada no chão com as pernas separadas e rolar uma bola em direção a ela. A criança deve tentar parar a bola antes que ela bata em sua barriga. J Passar grãos de um pote para outro (somente com supervisão de um adulto) . J Propor a confecção de um colar de macarrão (com barbante e macarrão), juntamente com a criança. J Atividade de jogar e acertar a bola no cesto/alvo. J Em uma folha de papel, faça desenho de linhas e peça para a criança colar um pedaço de lã/barbante por cima da linha. J Percorrer Circuitos com obstáculos; acompanhar o movimento de bolinhas percorrendo brinquedos ou canudos de papelão. J Boliche: pode ser feito com bolas de meia, latas ou garrafa plásticas descartáveis ou qualquer outro material disponível em casa. J Vai e vem: pode ser feito com garrafas plásticas descartáveis, cordão, argolas e durex. Cortar duas garrafas ao meio, juntar as partes cortadas, colar com durex. Passar dois fios (com mais de 3 metros) por dentro das garrafas. Amarrar argolas nas quatro extremidades. O vai e vem é um jogo de duplas, em que a criança segura as extremidades do cordão e uma delas dá um impulso abrindo os braços, jogando o objeto para o outro, que repete o movimento, assim, sucessivamente. J Pintar as unhas: Nesta atividade, além de estimular a coordenação visomotora, você pode também para oferecer à criança um momento divertido, e, após realizar a pintura das unhas em mãos desenhadas, você pode permitir que a criança pinte suas unhas também, é um ótimo exercício de coordenação visomotora, além de aumentar o vínculo já existente com atividades que divertem tanto às crianças quanto aos adultos. J Desenhar dentro de uma caixa: Desenhar dentro de uma caixa pode ser mesmo muito divertido, ajuda na coordenação visomotora, motricidade fina e noção de espaço (dentro e fora da caixa). Prefeitura Municipal de Americana Secretaria Municipal de Educação Educação Especial - Atendimento Educacional Especializado (AEE) 8 Prefeitura Municipal de Americana Secretaria Municipal de Educação Educação Especial - Atendimento Educacional Especializado (AEE) 9 : J Estimular a exploração do ambiente, dizendo para a criança onde está, com quem está, onde irá, quais objetos estão no ambiente e colocando os objetos e brinquedos no alcance de seu campo de visão; J Se a criança faz uso de cadeiras e ainda não consegue conduzi-la com autonomia, é importante que a posicionemos de maneira que tenha uma completa visualização do ambiente ou da brincadeira a ser desenvolvida no momento, facilitando integração das informações visuais e motoras; J É muito importante que os materiais, jogos ou brinquedos usados pela criança cadeirante estejam ao seu alcance, de modo que consiga observar, planejar o deslocamento e explorar. Da mesma forma o ambiente deve estar organizado de modo que a criança possa circular com a cadeira sem dificuldades; J Utilize brinquedos e objetos ajustados às necessidades da criança - materiais engrossados, brinquedos grandes, sempre estimulando com palavras para que a criança busque com o olhar e a cabeça (se houver controle de tronco) o brinquedo e(ou) material a ser utilizado; J Objetos de tamanhos e tipos variados, com cores de alto contraste e coloridos (com amarelo e preto e/ou vermelho e branco), com brilho e iluminados, facilitam a estimulação da coordenação visomotora das crianças com baixa visão, facilitando sua percepção; além disso, muitas vezes, pode ser necessário ajuda de um adulto para manusear o objeto com suas mãos; J Brinquedos sonoros (como chocalhos, bolas com guizo) também são bem vindos; sempre dispostos na altura da cabeça da criança e dentro do seu campo visual. Os movimentos com os objetos devem ser realizados de forma mais lenta para que a criança seja capaz de perceber o objeto à sua volta; em seguida ofereça o brinquedo à criança para que ela explore e imite os movimentos (mesmo que com sua ajuda). !!! atividades-coord-visomotora- (1).pdf https://drive.google.com/file/d/1yvJvY3BzRuHI2u5Lx1k_bwHjdpff44P3/view?usp=sharing Prefeitura Municipal de Americana Secretaria Municipal de Educação Educação Especial - Atendimento Educacional Especializado (AEE) 10 !!! Lembre-se sempre que o desenvolvimento de uma criança tem que ser visto como mundo de possibilidades; qualquer alteração no curso do seu desenvolvimento não poderá jamais justificar uma aprendizagem sem horizonte e cabe a nós ajustar os materiais as suas possibilidades e necessidades, de modo que ela consiga fazer novas relações, construir e internalizar conceitos, ampliar seus conhecimentos, registrá-los e comunicá-los. Desta forma, segue sugestões de atividades e algumas adequações. “Cada criança tem características, interesses, capacidades e necessidades de aprendizagem que lhe são próprias” Salamanca, 1994. Prefeitura Municipal de Americana Secretaria Municipal de Educação Educação Especial - Atendimento Educacional Especializado (AEE) 11 p De supervisioná-lo (a) sempre que ele estiver manipulando objetos pequenos. p A seleção de brinquedos para manipulação deve ser adequada ao interesse e fase de desenvolvimento da criança. p Uma mesma atividade pode ter níveisdiferentes de complexidade. Durante as brincadeiras pode-se oferecer ajuda gradual à criança, considerando as dificuldades que está enfrentando. Referências: OLIVEIRA, Daliane. Psicomotricidade / Orientações – Atividades – Exercícios – Exames. PsiquEasy Software e Materiais. Williams L. C. A e AIELLO, A. L. R. Inventário Portage Operacionalizado: Intervenção com Famílias, SP, Memnon, 2001. https://www.visaonainfancia.com/ - : https://www.visaonainfancia.com/
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