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Leticia Alves Queiroz Afogamento Definição: Aspiração de líquido não corporal por submersão ou imersão. Imersão: ato ou efeito de mergulhar algo em um líquido. Submersão: algo que é encoberto pela água. 0,7 % de todas as mortes ocorridas no mundo (mais de 500 mil por ano). Quando se ajusta o tempo de exposição água com o de exposição ao tráfego, o risco de morrer afogado é 200x maior do que o de perder a vida no trânsito. Locais de óbitos por afogamentos não intencionais: • Águas naturais- 90% (rios com correnteza, represa, remanso de rio, lagoas, inundações, baía,cachoeiras, córrego, praias) • Águas não naturais- 8,5% (banheiros, caixas de água, baldes e simlares, galeria de águas fluviais, piscinas, poço) • No uso de embarcações- 1,5 % Mecanismo de lesão Ingestão da água-fadiga- inabilidade para enfrentar correnteza-lesões-frio-emaranhamento em plantas- perda da orientação-pânico-vítima prende a respiração-falta de ar- diminui a flutuação- exaustão pelo esforço de se manter ou chegar até a superfície da água- esforço inspiratório reflexo joga água na faringe e na laringe, causando uma resposta de sufocamento ou laringoespasmo- afogamento-parada cardíaca. Fisiopatologia do afogamento Água nos alvéolos inativa surfactante “lava os alvéolos”- fluído nos pulmões +perda surfactante (diminui a complacência pulmonar e aumenta a shuntagem arterial causam atelectasias( colapso do tecido pulmonar com perda de volume e broncoespasmo)- efeito osmótico rompe integridade da membrana alvéolo-capilar- aumenta a permeabilidade da membrana-edema pulmonar com diminuição da troca de oxigênio. Fatores de submersão 1. Supervisão inadequada: Lactentes e crianças pequenas, o principal fator de risco é a supervisão inadequada. 2. Capacidade de nadar: Não existe associação consistente entre a capacidade de nadar e afogamento. 3. Desmaio em água rasa: Algumas nadadores, em um esforço de aumentar a sua distância de nado, hiperventilam de modo intencional antes de nadar debaixo da água, de modo a diminuir a pressão parcial de dióxido de carbono arterial (PaCO2),uma vez que o nível de CO2 estimula a respiração. Diminui a PaCO2 o feedback ao centro respiratório no hipotálamo durante o período em que a respiração é presa. A pressão parcial arterial de oxigênio (PaO2) não é significativamente aumentada pela hiperventilação. Conforme o indivíduo continua a nadar por baixo d’água, a PaO2 cai muito, podendo causar perda de consciência e hipóxia cerebral. 4. Imersão acidental em água gelada: As alterações fisiológicas que ocorrem com a imersão em água gelada podem sofrer efeito desastroso ou protetor (protege o cérebro) do frio sobre o organismo dependendo de várias circunstâncias. Os resultados adversos são mais comuns, resultando em colapso cardiovascular e morte súbita minutos após a imersão em água gelada. Leticia Alves Queiroz 5. Idade: Ocorre mais em pessoas jovens, como crianças pequenas, por causa da sua natureza curiosa e pela ausência de supervisão dos pais. 6. Sexo: No mundo, homens se afogam e morrem em média 5X mais que as mulheres. Homens + 50% das vítimas de submersão, com duas incidências máximas relacionadas á idade. 1º pico: 2 anos de idade 2ºpico: 18 anos de idade (maior índice de exposição ás atividades aquáticas, maior consumo de álcool e maior comportamento de risco) 7. Raça: Crianças da raça negra estão mais envolvidas em incidentes de submersão do que crianças de raça branca (3x- EUA). 8. Localização: Ocorrem em águas naturais, piscinas domiciliares e no oceano, mas também ocorrem em baldes. Casas em áreas rurais com poços abertos levam a um aumento de 7x no risco de afogamento de uma criança pequena. Além de cisterna, barris de água e fontes. 9-Álcool e drogas: Consumo de álcool pode aumentar de 20 a 30 % os incidentes em barcos e de submersão devido a fatores como alta velocidade, direção da embarcação de modo imprudente, ocupantes em alta imobilização da coluna cervical e falta de uso de coletes salva-vidas. 10. Doenças subjacentes ou trauma: Uma doença causada por uma patologia subjacente pode ser responsável pelas vítimas de submersão: hipoglicemia, infarto do miocárdio, arritmias cardíacas, depressão, tendências suicidas e síncope. 11. Abuso Infantil: Uma alta incidência de abuso infantil ou negligência de incidentes por submersão e registrada, particularmente em banheiras. 12. Hipotermia: O afogamento pode resultar diretamente de uma imersão prolongada que leva a hipotermia. Fatores que influenciam o prognóstico da vítima de submersão em água gelada 1. Idade: A menor massa corporal de uma criança resfria mais rapidamente que o adulto, levando a uma menor formação de produtos nocivos pelo metabolismo anaeróbio, causando menos lesões irreversíveis. 2. Tempo de submersão: Quanto menor a duração da submersão, menor o risco de lesão pela hipóxia. 3. Temperatura da água: A água com temperatura igual ou abaixo de 21ºC é capaz de induzir hipotermia. Quanto mais fria for a água, maior a chance de afogamento, mas também de sobrevivência. 4.Luta: As vítimas de afogamento que se debatem menos têm mais chance de ser reanimadas. Menos esforço significa menor liberação de hormônios e menor atividade muscular. 5. Qualidade da água : As vítimas geralmente tem melhor evolução após a reanimação se a submersão tiver ocorrido em águas limpas, em vez de em águas barrentas ou contaminadas. 6. Qualidade da RCP e dos esforços de reanimação: Vítimas que recebem RCP adequada e eficiente, associada a medidas apropriadas de reaquecimento e de suporte avançado á vida geralmente apresentam melhor evolução. 7. Lesões ou doenças associadas: Vítimas com lesões ou doenças preexistentes, ou que ficam doentes ou sofrem lesão juntamente com submersão, não apresentam resultados tão bons quanto os indivíduos saudáveis. O risco de afogamento em pessoas com epilepsia é 15 a 19x maior do que o observado na população geral. Leticia Alves Queiroz Recomendações para o resgate seguro de uma vítima que está na água 1. Retirada da água Alcançar: Tente realizar o resgate aquático alcançando a vítima com um pedaço de pau, remo ou qualquer coisa, de modo que o socorrista fique em terra ou no barco. Cuidado para não ser inadvertidamente puxado para a água. Jogar: Quando alcançar não é possível, jogue algo para a vítima, como um colete salva-vidas ou cordas, para que ela flutue. Rebocar: Assim que a vítima tiver uma linha de resgate, reboque-a com segurança. Atravessar: Caso a entrada na água seja necessária, é preferível usar um barco ou remo para alcançar a vítima, vestindo equipamento de flutuação pessoal. Resgates a nado não são recomendados, a não ser que o socorrista tenha treinamento adequado, já que a vítima pode, rapidamente, entrar em pânico e ser violenta, criando um possível afogamento duplo. 2. Avaliar os ABCs ( via aérea, ventilação e circulação) Vítima Consciente (99,5%): Deitá-la de barriga para cima, com o tronco e a cabeça no mesmo nível. Inconsciente (0,5%): Respirando- Colocá-la em decúbito lateral (PLS) para evitar que aspire o conteúdo do estômago em caso de vômito. Sem respirar: coração batendo- respiração boca-boca/Coração parado: início rápido de RCP.
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