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UM REFLEXO SOBRE A OBRA “SEGURANÇA, TERITÓRIO, POPULAÇÃO” DE MICHEL FOUCAULT Ana Paula Nogueira (Psicologia/FQM) – ana.psn03@gmail.com Gabrielli Soares (Psicologia/FQM) – soaresgabii69@gmail.com Luiz Felype Macedo (Psicologia/FQM) – felype.pignatti@hotmail.com Natália Cerqueira (Psicologia/FQM) – Naati.cerqueiraa@gmail.com Sarah Martinez Basilio (Psicologia/FQM) – sarahmbasilio@hotmail.com RESUMO A obra apresenta o curso da obra escrita e ministrada por Michel Foucault no Collège de France (1977-1978), onde o autor expandiu a procedência de uma forma de astúcia política centrada nos mecanismos que toleram a regulação da população. A arte de governar e o ‘governo de si’ são examinados em um transcurso histórico que vazou em uma “razão de Estado”, cuja racionalidade atentou na construção de conjuntos de saberes de poder, necessários para o acrescentamento das forças do Estado. Ao corroborar os problemas que a investigação sistemática devia conter-se, demarcou o papel da polícia como garantidora da ordem interna, dotada de saberes peculiares, constituindo-se, junto com segurança e a Economia Política, naquilo que Foucault chamou de biopolítica. Palavras-chave: Governo. Política. Razão de Estado INTRODUÇÃO Michel Foucault (1926-1984) nasceu em Poitiers, uma pequena cidade francesa, no dia 15 de outubro de 1926. Diplomou-se em Psicologia e Filosofia. Ensinou filosofia em universidades francesas e obteve a cátedra com o tema "História dos Sistemas de Pensamento" no Collège de France. Foi um filosofo francês, que exerceu grande influência sobre os intelectuais contemporâneos. Ficou conhecido por suas posições contrárias ao sistema prisional tradicional. Na obra em questão, Foucault levanta questões de diversos tipos de poder, um deles fundado no papel da Igreja, que deu origem ao poder soberano do Estado moderno, que denominou de nome Pastoral. Seus debates envolvem a questão da governamentalidade, que se faz muito complexo no pensamento do autor. Foucault usa também, algumas teorias de outros autores que auxiliam na sua própria teoria, trazendo mais argumentos e fundamentos por meio daquilo que já existia. Este livro vem para nos mostrar a forma com quem os ”governos” criam planos de disciplina sob a ideia de segurança, mas com o objetivo de controlar a população, por isso ele criou a ideia de “governamentalidade” que seria um poder que se concretizaria no território e criaria disciplinas de “segurança” na relação de poder- espaço e tudo isso, gira em torno do controle da população. Por isso, conclui-se que a obra falará e mostrará as maneiras com que o governo e o poder do soberano controlava a população. Aulas ministradas por Michel Foucault no Collège de France Um fenômeno que é muito importante para se ressaltar dentro da Segurança, Território e População é o Biopoder. No qual é, um conjunto de mecanismos da espécie humana que constitui nas suas características biológicas, que é fundamental para entrar em uma política, uma estratégia de política, ou de uma estratégia geral do poder, dentro de uma sociedade. Ressaltando que, a análise desses mecanismos de poder não é de forma alguma uma teoria geral do que é o poder, o poder é um conjunto de procedimentos, que somente assim seria possível de analisar esses mecanismos. Sendo assim, o poder dá início a algo como uma teoria do poder, lembrando que, o poder não se funda em si mesmo e não se dá a partir de si mesmo. Os mecanismos de poder são parte intrínseca de todas essas relações, são circularmente o efeito e a causa delas, mesmo que, é claro, entre os diferentes mecanismos de poder que podemos encontrar nas relações de produção, nas relações familiares, nas relações sexuais, seja possível encontrar coordenações laterais. (FOUCAULT, 2008, p. 04) Com a análise dessas relações de poder, abre-se outras questões; como uma análise global de um sociedade, com o foco no comportamento, por exemplo, o que faço não está correlacionado a história, nem sociologia, nem economia. Meu comportamento pode ser influenciado por esses fatores, entretanto, trata-se também de política e de verdade, fatores esses que são importantíssimo para a conduta a sociedade. Outro fator importante e que deve ter uma tenção, é a segurança. (…). Dispositivo de segurança que vai, para dizer as coisas de maneira absolutamente global, inserir o fenômeno em questão, a saber, o roubo, numa série de acontecimentos prováveis. (…), as reações do poder ante esse fenômeno vão ser inseridas num cálculo que é um cálculo de custo. (…), vai-se fixar de um lado uma média considerada ótima e, depois, estabelecer os limites do aceitável, além dos quais a coisa não deve ir. (FOUCAULT, 2008, p. 09). E não menos importante, outro fator de destaque é a penalidade e o cálculo dos custos das penalidades, que são fatores vindo da América e Europa. Com esse sistema disciplinar adotado, que se comporta toda uma série de dimensões que são propriamente da ordem de segurança. Ressaltando que, o mecanismo de segurança é antiquíssimo. Onde surgiu as leis e o excesso de segurança, o conjunto das medidas legislativas, os decretos e regulamentos, esses conjuntos é cada vez mais gigantesco. E, para que se tenha o funcionamento desses conjuntos, há uma inflação do código jurídico-legal, pois é preciso apelar para toda uma série de técnicas de vigilância, de vigilância dos indivíduos, diagnósticos do quem eles realmente são. Com isso houve uma estatística de crimes. Essa tecnologia de segurança jurídico-legal, contribuiu para o avanço da sociedade. “A segurança é uma certa maneira de acrescentar, fazer funcionar, além dos mecanismos propriamente de segurança, as velhas estruturas da lei e da disciplina” Destaca Foucault. (2008, p 14). Com todo o enfoque a segurança, se desenvolve a tecnologia de segurança, para que haja um controle da sociedade, uma eficácia na ordem de segurança. Com isso, surge também a disciplina, porém ela só passa a existir na medida que há uma multiplicidade, um grande vigor, para se obter um resultado. Veio a disciplina escolar, militar, penal, disciplina nas fábricas, operárias, tudo com o enfoque de administrar, de estabelecer pontos positivos. A disciplina é um modo de individualização, é apresentado para os indivíduos e só passa a executar de forma positiva através dos comportamentos subjetivos. A partir do século XVIII, no início do século XIX, as cidades foram caracterizadas por uma especificidade, particularidade jurídica e administrativa, que à diferenciava de uma maneira bem singular em relação a outras extensões e espaços. Segundo Foucault, a cidade se caracterizava por um encerramento dentro de um espaço murado e denso. E, por fim, ela se caracterizava por uma heterogeneidade econômica e social muito acentuada em relação ao campo. Assim, foi dividido a capital das demais cidades, a capital deve ser o ornamento do território, onde tem que ter uma relação política, e que nenhum dos demais territórios escape das ordens, leis e decretos vindo da capital. A capital também deve ter um papel moral e, prolongar a todos os territórios tudo que é necessário para ter uma boa conduta, tem que ser referencial na sua conduta, no seu modo de agir. Com isso, houve o desenvolvimento das cidades, sempre focando em maximizar o positivo, o que é bom e, negativando e minimizando o que é negativo. Sempre planejando o futuro. Dentro desses territórios, das cidades, das capitais, passa a ter um soberano, responsável pelo território, ele se torna o arquiteto do espaço. Torna-se também regulador, no qual estabelece limites, fronteiras, não somente de extremidade terrenas, mas, essencialmente de possibilitar, assegurar circulações: circulações de pessoas, circulação de mercadorias, circulação do ar, etc. Com o entendimento desses fatos, novas questões surgem, economia geral aestruturação do espaço e do território, por exemplo. Logo, nota-se claramente que Foucault faz uma analogia, entre a lei, a disciplina e a segurança para que pudesse distingui-las, e coloca em primeiro lugar a lei, que proíbe, inibe. Em segundo lugar, a disciplina que normaliza, analisa, decompõe e compõe os indivíduos. Em terceiro lugar, a segurança, que não precisaria proibir, anular ou limitar uma realidade. Foucault nos apresenta juntamente com a disciplina e suas funções, a norma, que se utiliza segundo as necessidades culturais e individuais. Logo após, surge a normalização, que tem como função separar o normal do anormal. O que é de extrema importância na normalização disciplinar, não é normal e anormal, e sim a norma, que possui um caráter primordialmente prescrito sobre a norma, e é somente em correlação, a essa norma estabelecida que a definição e indicação do normal e anormal se tornam possíveis. De acordo com os acontecimentos, o livro nos dá o exemplo claro, da varíola, que surge como uma epidemia, com as decisões que são tomadas em conexão a ela, vem a vacinação e, considera-se que a vacinação seria um meio de segurança, pois estaria prevenindo a população e tentando conter, ou até mesmo, reverter a situação daqueles que já se encontravam doentes. Considera-se que essa prática da vacinação e variolização trouxe uma grande surpresa, com o seu sucesso, pois os meios e a realidade dos médicos da época eram precários. Para chegar aos casos, cálculos, probabilidades, foram formas de tirar conclusões de perigo, identificar aqueles que não corriam os riscos de se contaminar, e chegar naquelas que casos que estavam agravados. Apresenta-se também a convicção, a ideia de população como: Pode-se dizer que, de forma muito remota, considerando, aliás, o uso da palavra “população” em textos mais antigos, vê-se que o problema da população tinha sido colocado desde havia muito, e de certo modo, de uma maneira quase permanente, mas sob uma modalidade essencialmente negativa. O que se chamava de população era essencialmente, o contrário da população. Ou seja, entendia-se por “população” o movimento pelo qual, após algum grande desastre, fosse ele a epidemia, a guerra ou a escassez alimentar, depois de um desses grandes momentos dramáticos em que os homens morriam numa rapidez, numa intensidade espetacular, o movimento pelo qual se repovoava um território que tinha se tornado deserto. Digamos ainda que é em relação ao deserto ou a desertificação devida às grandes catástrofes humanas que se colocava o problema da população. (FOUCAULT, 2008, p. 88). Em outras palavras, nota-se que a indagação da população não era vista de forma alguma em sua positividade e generalidade, era em relação as mortes dramáticas e a preocupação maior era a de como poderia repovoar, pois os indivíduos fazia com que os lucros viessem, era através do trabalho que o soberano via o dinheiro circular, através dos impostos dos mercantilistas. A população é um elemento fundamental na dinâmica do poder dos Estados porque garante, no interior do próprio Estado, toda uma concorrência entre a mão-de-obra possível, o que, obviamente, assegura salários baixos. Baixo salário quer dizer preço baixo das mercadorias produzidas e possibilidades de exportação, donde nova garantia do poder, novo princípio para o próprio poder do estado. (FOUCAULT, 2008, p. 90). Os mercantilistas consideravam que as complicações da própria população eram de certa forma ligados ao soberano e aos súditos. A partir da naturalidade da população, ela vai adquirir certos conhecimentos jurídico- política, o que fará com que ela não seja tão leiga comparado aos seus direitos. Todos esses fatos foram mostrando a maneira de como o soberano agia, por meio das leis, que eram impostas a população e, também a forma com que a população reagia aos acontecidos. Agora Foucault falará sobre segurança, população e governo. De início ele traz a problemática do governo, enfatiza que a arte de governar vai muito além de uma população, é preciso ter a arte de governar a si mesmo, governar a sua família, os seus bens, para que então possa governar um Estado. A partir daí, das práticas de governo, que envolvem outras literaturas, um exemplo delas é o príncipe Maquiavel, que também tratava sobre a arte de governar, de uma maneira talvez, diferente, que de cara, não foi abominável, mas logo depois de um tempo foi repudiado. Em seguida temos Guillaume de La Perrière, que é extremamente contra as ideias de Maquiavel. Depois vem François La Mothe Le Vayer, que trará três tipos de governos: o governo de si mesmo; a moral. A arte de governar uma família como convém, que pertence a economia e pôr fim a ciência de “bem governar” o Estado, que pertence a política. E então nessa época surge à polícia e a economia, o que envolve o governo e a família, o início da economia no meio do exercício político seria uma meta muito importante do governo. A palavra “economia” designava uma forma de governo no século XVI, e no século XVIII, designará um nível de realidade, um campo de intervenção para o governo, através de uma série de processos complexos e, creio absolutamente capitais para a nossa história. Eis portanto o que é governar e ser governado. (FOUCAULT, 2008, p. 127). Então, vem o pensamento de que o governo deverá exercer seu cargo de uma forma com que produza o nível máximo de riquezas, agir para que a população possa multiplicar-se. As leis do soberano e as leis de Deus, também são ditas nessa aula, usavam esse termo para que as pessoas obedecessem as leis impostas pelo soberano, assim como tinham que obedecer as leis de Deus. A soberania está sempre preocupada consigo mesmo, já o governo tem por finalidade as coisas que ele dirige, o que deve ser buscado com máxima perfeição e usam os instrumentos do governo, que ao contrário de serem leis, como o soberano, usam táticas de governo. Guillaume de La Perrière, diz que um bom governador precisa desses três itens: “paciência, sabedoria e diligência”. Foucault discute como os "governos" que elaboram planos de disciplina sob o pensamento de segurança, porém com o objetivo de controlar a população. Para tanto ele cria o conceito de "governamentalidade". Esse poder se concretiza no território que cria disciplinas de "segurança" na relação de poder-espaço. Tudo gira em torno do controle da população. Como podemos entender a governamentalidade? “Governamentalidade”, pode-se entendo o conjunto constituído pelas instituições, os procedimentos, análise e reflexões, os cálculos e táticas que propiciam exercer essa forma bem específica, embora muito complexa, de poder que tem por alvo a população, por principal forma de saber a economia política e por instrumento técnico essencial os dispositivos de segurança. (FOUCAULT, 2008, p. 143-144) Como a governamentalidade surgiu? Por meio de um modelo arcaico, o modelo da pastoral cristã. Sustentado numa técnica diplomático militar, que era chamado nos séculos, XVII e XVIII de “polícia”. Logo, Foucault aborda ainda sobre a governamentalidade, fazendo suposições entre governar e reinar, afirmando que governar não seria a mesma coisa que desenvolver leis, reinar ou comandar. Por que usufruir do discernimento governamentalidade para expor as complicações do estado e da população? Foucault diz que quando expôs, anteriormente, às disciplinas queria atingir um tríplice deslocamento, ou seja, transferir para o exterior de três maneiras: prisão, economia geral de poder, estratégias e táticas. Esse triplo movimento de passagem ao exterior foi tentado a propósito das disciplinas, e é similar a isso, no fundo, é essa possibilidade que eu gostaria de explorar em ligação, em relação ao Estado. Será que se pode passar para o exterior do Estado, como se pôde passar- e, afinal de contas, como erabastante fácil passar- para o exterior em relação ao Estado, um ponto de vista abrangente, como era o ponto de vista das disciplinas em relação às instituições locais e definidas Daí da segunda razão de colocar a questão do Estado: o método que consiste em analisar os poderes localizados em termos de procedimentos, técnicas, tecnologias, táticas e estratégias não é simplesmente uma maneira de passar de um nível ao outro, do micro ao macro? E, por conseguinte, teria apenas um valor provisório: o tempo dessa passagem? É verdade que nenhum método deve ser, em si, uma meta. Um método deve ser feito para nos livrarmos dele. Mas, discorre bem menos de um método do que de um ponto de vista, de um acomodamento do olhar, uma maneira de fazer o [suporte(?)] das coisas girar pelo deslocamento de quem as observa. Ora, parece-me que tal deslocamento produz certo número de efeitos que merecem, se não ser conservados a qualquer preço, pelo menos mantidos o máximo que se puder. (FOUCAULT, 2008, P. 159 – 160) “Quais seriam esses efeitos? Primeiramente, desinstitucionalizando e desfuncionalizando as relações de poder pode-se estabelecer sua genealogia”. Em seguida, Desinstitucionalizando e desfuncionalizando as relações de poder pode-se [ver] em que é” Destaca Foucault. (2008, p 160 - 161). Pois elas são oscilante. As noções de governo passam a ter uma forma mais rigorosa nos séculos XVI -XVII. Governar passou a ser considerada uma prática de dirigir alguém, na forma moral, espiritual e regimental. A cidade não é taxado como do governo, a cidade é em sua realidade essencial, é sustentável pois os indivíduos a mantem, podendo sofrer desaparecimento sem os mesmos. O governo de homens, o pensamento de um governo de homens passou a ter uma ideia e, de organização como de um tipo pastoral, como forma de direção e de consciência, da direção de almas. O pastorado é considerado uma forma de relação entre Deus e os homens, de alguma forma o soberano, Deus, estaria participando dessa estrutura pastoral, onde haveria uma relação entre Deus e os homens. A relações entre Deus e o seu povo é que são definidas como relações entre o pastor e o seu rebanho, essa relação pastoral é um tipo de poder religioso que tem o seu princípio, seu fundamento, sua perfeição no poder que Deus exerce sobre o povo, vale ressaltar que o poder dado ao pastor não era para que ele exercesse sobre um território e sim sobre um povo. Considerando-se que o poder pastoral é como um poder que zela pelo povo, vigia e os afasta do perigo, lembrando que toda preocupação dele deve ser voltada para o povo e, jamais para ele mesmo, é dever dele sacrificar-se pelo seu rebanho. Essa ideologia de um poder pastoral, inteiramente alheio, em todo aspecto admiravelmente alheio aos conceitos grego romano, foi colocado no mundo ocidental por intermédio da igreja cristã. Nas ultimas partes dessa aula, Foucault retoma e resume o tema desenvolvido na aula: o pensamento, a ideia de um poder pastoral é a ideia de um poder que: se realiza mais sobre uma pluralidade, é sobre um território; acompanha para um objetivo e ser de intermediário para esse objetivo; finaliza sobre aqueles sobre os quais exerce e não sobre uma unidade “superior” (cidade, Estado, o Soberano); visa todos e cada um na sua subjetividade. Indica que a estrutura da cidade grega e do Império Romano eram estranhas a um poder desse tipo. Poder esse que foi incluído no mundo Ocidental por interposto da Igreja Cristã. E por fim, essa maneira de poder mais singular é característica do Ocidente e nasceu no domínio do homem de natureza e orientou seu modelo no pastoreio, na política entendida como assunto de pastoreio. Neste ponto, Foucault aborda a ideia do homem de natureza e orientou seu modelo no pastoreio, na política entendida como assunto de pastoreio. Neste ponto, Foucault aborda a ideia de um pastor soberano responsável, reforçando a relação pastor- rebanho, que designa a relação do soberano ou responsável político com seus sujeitos, estão presentes nos gregos, e apoia essa afirmação em três grupos possíveis de referências. Neste ponto é trago a 1° etimológica, aceita pelos pitagóricos como tradição, afirmando que o pastor é aquele que faz a lei, no alcance em que é ele que distribui o alimento, que aponta o rebanho, e os guia no caminho certo, revelando como as ovelhas devem acasalar para ter uma boa progenitura. Tudo isso, posto do pastor, que dita a lei ao seu rebanho. Para os pitagóricos, o magistrado é aquele que ama seus administrados, ama os homens e está submetido a eles, não é egoísta, pelo contrário, é cheio de zelo, tal como o pastor, logo o magistrado ideal é considerado o pastor. Adiante, o autor menciona o livro X das Leis, e como o magistrado- pastor é contraposto, de um lado, aos animais predadores que ele tem de manter longe do seu rebanho, mas também é diferente dos reinantes, que estão na cúpula do Estado. Agora, funcionário-pastor, vivo, mas somente funcionário. Foucault retrata que a definição do homem político só pode ser definida pelo conhecimento específico e pela arte particular de exercer a arte como deve ser, como tem que ser, sua ação de homem político, a arte de comandar seres que vivem em rebanho. O homem político faz coligação entre si os ambientes, os bons ambientes que foram constituídos pela educação, vai ligar os valores, as diferentes formas de valor que são distintas umas das outras e, às vezes, até contrapostas umas às outras, vai tecer e ligar entre si os humores opostos, por exemplo, os homens impetuosos e os homens contidos, e vai tecê-los com a lançadeira de uma opinião comum que os homens dividem. A metodologia da política para Foucault, é como a arte do tecelão, não seria aquele que se ocupa integralmente de tudo, como o pastor deveria se ocupar de todo o rebanho. A política, como a arte do tecelão, só pode se desenvolver a partir e com ajuda de certo número de ações adjuvantes ou preparatórias. O pastorado tem sua história como modelo e matriz de governo dos homens, e esta, só tem início no mundo ocidental com o cristianismo. (...) o pastorado começa com certo processo que, este sim, é absolutamente único na história e de que sem dúvida não encontramos nenhum exemplo em nenhuma outra civilização: processo pelo qual uma religião, uma comunidade religiosa se constitui como Igreja, isto é, como uma instituição que aspira ao governo dos homens em sua vida cotidiana a pretexto de levá-los à vida eterna no outro mundo, e isso na escala não apenas de um grupo definido, não apenas de uma cidade ou de um Estado, mas de toda a humanidade. Uma religião que aspire assim ao governo cotidiano dos homens em sua vida real a pretexto da sua salvação e na escala da humanidade – é isso a Igreja, e não temos disso nenhum outro exemplo na história das sociedades. Esse poder pastoral, totalmente ligado à organização de uma religião como Igreja, a religião cristã como Igreja cristã, esse podier pastoral por certo transformou-se consideravelmente no curso desses quinze séculos de história. Pg 196-197 Foucault ainda ressalva que, desde o início do cristianismo, o pastorado não foi simplesmente alcançado como uma instituição necessária, não foi analisada como um conjunto de prescrições impostas a alguns, de regalias concedidas a outros. Essa batalha do pastorado, ultrapassou o Ocidente do século XIII sem ter sido definitivamente acabado. A relação pastor/rebanho não era, afinal, nada mais que uma das feições das afinidades constantes entre Deus e os homens. Deus era pastor, e além de pastor: era legislador, que guia o rebanho e o leva para o bom caminho. O poder de jurisdição também é mencionado como um poder do pastor, é o poder de jurisdição que admite que o bispo, como pastor, expulse do rebanho a ovelha que, por sua doença ou por seu escândalo, seja capaz decontaminar todo o rebanho. O poder pastoral vai conservar-se específico e distante do poder político, pelo menos até o século XVIII. As especificidades do pastorado cristão em relação aos conhecimentos oriental e hebraica, uma arte de governar homens, era seu papel na historia da governamentalidade, os principais atributos do pastorado cristão do século ӀӀӀ ao século ӀV. O pastorado Cristão cresceu a partir do século ӀӀӀ, logo, o Estado moderno nasce, bem como a governamentalidade se torna efetivamente uma prática política avaliada e pensada. O tema foi enricado, transformado, complexo pelo pensamento cristão, assim, o pastorado deu lugar, no cristianismo, a uma rede institucional densa, rede institucional que pretendia ser, que o fato foi coextensiva á igreja inteira. O pastorado em seu significado, de certo modo abstrata, fez que Foucault relacionasse com três coisas. O pastorado está relacionado com a salvação, objetivo essencial, fundamental, conduzir os indivíduos ou, em todo caso, aceitar que os indivíduos avancem e floresçam no caminho da salvação. Em segundo lugar, para Foucault, o pastorado está pertinente com a lei, já que, justamente para que os indivíduos e as comunidades possam alcançar sua salvação, deve zelar por que eles se submetam efetivamente ao que é ordem, mandamento, vontade de Deus. E finalmente em terceiro lugar, Foucault alega que o pastorado está pertinente com o fato, já que no cristianismo, como em todas as religiões de texto, a salvação só será alcançada na condição de aceitar determinada verdade. Logo, de um lado os temores das ovelhas fazem o interesse e garantem a salvação do pastor, opostamente as faltas ou os temores do pastor são um artefato da edificação das ovelhas e do abalo, do método pelo qual ele as dirige para a salvação. O pastor cristão atua num perspicaz acúmulo de interesse e do desinteresse, um acúmulo que supõe uma crítica em dados perfeitos, organismos de adiamento, procedimentos de inversão, ações de apoio entre dados contrários. A direção de consciência é absolutamente permanente, é a propósito de tudo e a pessoa vai ser dirigida durante toda a vida. O pastorado cristão, ao contrário, é uma forma de poder que, pegando o problema da salvação em sua temática geral, vai introduzir no interior dessa relação global toda uma economia, toda uma técnica de circulação, de transferência, de inversão dos méritos, e é isso que é seu ponto fundamental. É, portanto toda a história dos procedimentos da individualização humana no Ocidente que está envolvida na história do pastorado. Digamos ainda que é a história do sujeito. E preludia também a governamentalidade pela constituição tão específica de um sujeito, de um sujeito cujos méritos são identificados de maneira analítica, de um sujeito que é sujeitado em redes contínuas de obediência, de um sujeito que é subjetivado pela extração de verdade que lhe é imposta. A economia das almas deve incidir sobre a comunidade de todos os cristãos e sobre cada cristão em particular. Mudança de dimensão, mudança de referências também, pois vai se tratar não apenas da prosperidade e da riqueza da família ou da casa, mas da salvação das almas. O critério da dificuldade é a dificuldade que o asceta experimenta efetivamente em passar ao estágio seguinte e em fazer o exercício que vem em seguida, de modo que é o asceta com seu sofrimento, o asceta com suas recusas, com seus desgostos, com suas impossibilidades, é o asceta no momento mesmo em que reconhece seus limites que se torna o guia do seu próprio ascetismo e que é levado, por essa experiência imediata e direta do limite, a superá-lo. Esse ascetismo ao ver de Foucault, seria um elemento, não estranho por completo ao cristianismo, mas seguramente estranho à estrutura de poder pastoral em volta do qual se constituía, tinha se constituído o cristianismo. Ao princípio judaico ou ao princípio greco-romano da lei, o pastorado cristão havia acrescentado este elemento excessivo e completamente exorbitante que era a obediência, a obediência contínua e infinita de um homem a outro. As práticas de contra condutas que se desenvolveram nessas comunidades, em que a eucaristia retoma a forma da refeição comunitária com consumo de pão e de vinho, mas em geral sem dogma da presença real. A mística se desenvolve a partir de experiências e na forma de experiências absolutamente ambíguas, numa espécie de equívoco, já que o segredo da noite que ela é uma iluminação. Aqui também podemos dizer que o retorno à Escritura, que foi um dos grandes temas de todas essas contra condutas pastorais na Idade Média, é uma peça essencial. Foucault alegava que governar o mundo pastoralmente queria dizer, que o mundo estava submetido a toda uma economia da obediência: por uma razão particular, porque a obediência pastoral adquire fundamentalmente a forma da relação individual, cada vez que Deus queria intervir por uma razão qualquer, quando se tratava da salvação ou da perda de alguém, ou numa circunstância ou conjuntura particular, ele intervinha neste mundo de acordo com a economia da obediência. Enfim, um mundo pastoralmente governado era um mundo no qual havia toda uma economia da verdade, como encontramos no pastorado: verdade ensinada, de um lado, verdade oculta e extraída, do outro. Ou seja, num mundo pastoralmente governado havia, de certo modo, formas de ensino. Um mundo inteiramente finalista, um mundo antropocêntrico, um mundo de prodígios, de maravilhas e de sinais, enfim, um mundo de analogias e de cifras – é isso que constitui a forma manifesta de um governo pastoral de Deus sobre este mundo. Algo absolutamente específico: essa ação é a que consiste em governar e para a qual não se tem de buscar modelo, nem do lado de Deus, nem do lado da natureza. Teremos agora uma natureza que não tolera mais nenhum governo, que não tolera nada senão o reino de uma razão que, afinal, é em comum a razão de Deus e dos homens. A inteligibilidade em história residiria, talvez, em algo que poderíamos chamar de constituição ou composição dos efeitos. O problema de Maquiavel não é, justamente, a conservação do Estado em si. Acho que vocês vão ver isso melhor a próxima vez, quando abordaremos internamente esse problema da razão de Estado. O que Maquiavel procura salvar, salvaguardar, não é o Estado, é a relação do príncipe com aquilo sobre o que ele exerce sua dominação: o que se trata de salvar é o principado como relação de poder do príncipe com seu território ou sua população. Está no centro do debate, não na medida em que a coisa passa por ele, mas na medida em que a coisa é dita através dele. Não é por ele que passa, não é por ele e não é nele que vamos encontrar uma arte de governar. --------- Na referida aula, Foucault enaltece a razão como meio de conhecimento, que permite que a vontade se paute pelo que a conhece, pela própria essência das coisas, definiu então que a razão de Estado será assim chamada pela necessidade e suficiência para que a república conserve sua integridade. Segundo Foucault, a definição de razão de Estado, é aquela que contém (...) certo cuidado político que se deve ter em todos os negócios públicos, em todos os conselhos e em todos os desígnios, e que deve tender unicamente à conservação, à ampliação e à felicidade do Estado, para o que há que empregar os meios mais fáceis e mais prontos. P.343 Foucault relata ainda nesta aula que a razão de Estado está fortemente articulada em torno da relação essência –saber, pois esta, é a própria essência do Estado, sendo a arte de lado prático e de conhecimento. Logo, trata- se basicamente, nessa razão de Estado, por essa razão de Estado, de adaptar-se com o que é mandatório e aceitável para que o Estado viva e se mantenha em sua integridade, se preciso for, caso apresente- se indispensável e aceitável para restaurar essaintegridade, se ela vier a ser danificada. O golpe de Estado não é, assim sendo, interdição do Estado por prejuízo dos diferentes. O golpe de Estado foi a auto manifestação do próprio Estado. É a declaração da razão de Estado que afirmam que o Estado deve ser salvo, quaisquer que sejam as formas que forem agregadas para salvá-lo. Logo, Foucault ainda diz que o golpe de Estado foi a auto manifestação do próprio Estado e esta, foi afirmação da razão de Estado, que afirma que o Estado deve ser salvo de qualquer maneira, quaisquer que sejam as formas que forem empregadas para salvá-lo. A promessa do pastorado, que bancava tolerar todas as misérias, mesmo as misérias espontâneas do ascetismo, começaram a ser seguidas pela dureza teatral e cruel do Estado que agora pedia, em nome da sua salvação, se aceitem as violências como a forma mais pura da razão e da razão de Estado. Por oposição ao problema jurídico-teológico do fundamento da soberania, os políticos são os que vão tentar pensar em si mesma a forma da racionalidade do governo. Política deixou de ser uma maneira de pensar própria a certos indivíduos, certa maneira de raciocinar própria a certos indivíduos. Ela se tornou um domínio, um domínio valorizado de forma positiva na medida em que tenha sido integrada nas instituições, nas práticas, nas maneiras de fazer, dentro do sistema de soberania da monarquia absoluta francesa. Partir de que momento e como ele entrou numa estratégia meditada e concertada, a partir de que momento o estado começou a ser invocado, desejado, cobiçado, temido, repelido, amado, odiado pelos homens. Haveria que dizer, nesse momento, que o Estado não é na história essa espécie de monstro frio que não parou de crescer e de se desenvolver como uma espécie de organismo ameaçador acima de uma sociedade civil. Tratar-se-ia de mostrar como uma sociedade civil, ou antes, simplesmente uma sociedade governa-mentalizada instituiu, a partir do século XVI, certa coisa, certa coisa ao mesmo tempo frágil e obcecante que se chama Estado. Razão de Estado num sentido objetivo é o que é necessário para manter a integridade da República nos seus quatro sentidos. Já em seu sentido subjetivo razão de Estado é a arte que possibilita que se conheçam os meios para manter a tranquilidade de uma República. Está surgindo uma nova racionalidade própria ao Estado moderno capaz de manter, ampliar e fortalecer a ação do próprio Estado. É importante esclarecer que Foucault está realizando uma genealogia das práticas do Estado, mas não do Estado enquanto máquina burocrática. Nesse sentido, são as práticas do Estado que são ampliadas e complexificadas no período moderno. Foucault recupera em Palazzo quatro características fundamentais da razão de Estado. A razão de Estado por sua vez, tem referência única e exclusivamente em si mesma. A segunda característica da razão de Estado, ela é a essência do Estado, ou o saber que permite que o Estado possa ser mantido e consequentemente ampliado. Em terceiro lugar, a razão de Estado é “conservatória”, nas palavras de Foucault, pois tem por objetivo primeiro manter o Estado em seu pleno funcionamento. Por fim, a razão de Estado é a finalidade do próprio Estado, não existe nenhuma outra finalidade externa ou superior, ou seja, é um fim em si mesma. O conjunto tecnológico chamado política, é constituído por procedimentos necessários a manutenção no que na época era chamado balança Europeia, que consiste em organizar ordenar a composição e compensação interestatal das forças de outro a organização de um exército profissional. O conjunto chamado de polícia era o que representaria na época a força do estado que após a guerra dos trintas anos se fazia necessária para organização onde o estado via meios de fazer aumentar suas forças. Em outras palavras a polícia vai ser o cálculo e a técnica que possibilitara estabelecer uma relação móvel, apesar de uma relação interna estável e controlável. Portanto o equilíbrio Europeu vai funcionar como polícia de certo modo interestatal ou como direito. Dara o estado o poder de zelar para que a polícia seja boa em cada um dos estados. O termo dito de "birô" de polícia vinha a representar as diversas divisão existentes: A que cuidara das crianças, caridade, dos comerciantes e do domínio. O fato de que a polícia no século XVII e XVIII foi pensada em termos do que poderia chamar urbanização de território, vem com a correlação dos homens no meio de coexistir em sociedade, O mercantilismo se insere inteiramente no contexto entre equilíbrio Europeu, e da competição intereuropeia, que proporciona com instrumento essencial o comercio. Parece que o desenvolvimento da economia e a intensificação dos intercâmbios do século XVI fez que a existência humana entrasse no mundo abstrato e puramente representativo da mercadoria e do valor de troca, ou seja, foi criada a circulação monetária. A polícia representaria o controle econômico da circulação de mercadoria, como montante que viria representar o valor revendido para população. Os economista da época usava a quantidade da população como base principal para estipular a sua produção agrícola. Os economista traz a sociedade como uma naturalidade especifica a existência em comum dos homens, estão fazendo emergir como domino, como campo de objeto, como domínio possível de analise, como possível domínio de saber e de intervenção. A reivindicação de racionalidade cientifica, que não era em absoluto colocado pelos mercantilista, é colocada em compensação pelos economista do século XVIII, que vão dizer que a regra da evidencia deve ser aplicada as esses domínios. O texto teve proposito de apresentar como foi feita a reestruturação do poder político do estado Europeu após a guerra dos trintas anos, e a divisão da força do estado entre os territórios. CONCLUSÃO Conclui- se então que são muitas as reflexões que esta obra nos trás, sendo de rico conteúdo para debates na classe da Geografia. Foucault deixa em evidencia que sua interpretação está moderada na realidade europeia, ao corroborar os problemas que a investigação sistemática onde devia conter-se, demarcou o papel da polícia como garantidora da ordem interna, dotada de saberes peculiares, constituindo-se, junto com segurança e a Economia Política, naquilo que Foucault chamou de biopolítica. . Esta é uma leitura indispensável àqueles que almejam uma carreira na área social, pois coloca em suspensão corroboras definidas por ordem discursiva. REFERÊNCIAS Disponível em: <https://www.ebiografia.com/michel_foucault> . Acesso em 13 de abril de 2018.
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