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PDE aplicada - Atividade Física Lazer e saúde - AULA 4

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AULA 04 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PSICOLOGIA DO ESPORTE 
APLICADA: ATIVIDADE FÍSICA, 
LAZER E SAÚDE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Profª Drª Birgit Keller Marsili 
 
 
2 
TEMA 1 - O QUE É A INICIAÇÃO ESPORTIVA? 
Segundo a resolução no 046/2002, do Conselho Nacional de Educação 
Física, esporte é conceituado como: 
 
Atividade competitiva, institucionalizada, realizado conforme 
técnicas, habilidades e objetivos definidos pelas modalidades 
desportivas, determinado por regras preestabelecidas que lhe 
dá forma, significado e identidade, podendo também, ser 
praticado com liberdade e finalidade lúdica estabelecida por 
seus praticantes, realizado em ambiente diferenciado, inclusive 
na natureza (jogos: da natureza, radicais, orientação, aventura e 
outros). A atividade esportiva aplica-se, ainda, na promoção da 
saúde e em âmbito educacional de acordo com diagnóstico e/ou 
conhecimento especializado, em complementação a interesses 
voluntários e/ ou organização comunitária de indivíduos e 
grupos não especializados. 
 
Samulski (2002) ainda caracteriza em quatro os campos nos quais o 
profissional da Psicologia do Esporte pode atuar e por esta característica, a 
necessidade de uma formação abrangente. Os campos são: 
1. Esporte escolar: Objetiva a formação, aprendizagem, com princípios 
sócio educativos, prepara para a cidadania e o lazer. O psicólogo, neste campo, 
visa analisar e compreender os processos de ensino, socialização, e educação 
que são inerentes ao esporte e o reflexo desta prática no processo de formação 
e desenvolvimento da criança, do adolescente e do adulto. 
2. Esporte recreativo: Objetiva o bem-estar das pessoas. A prática é 
voluntária e há conexões com a movimentação da educação permanente e da 
saúde. O psicólogo, atua, nesse caso, na análise do comportamento recreativo 
dos praticantes de diferentes faixas etárias, classes sócio econômicas, culturais, 
das diferentes profissões e gêneros em relação as diferentes motivações, 
interesses e ações. 
3. Esporte de reabilitação: O psicólogo realiza um trabalho voltado para a 
prevenção, intervenção e reabilitação em praticantes com alguma lesão 
consequente da prática esportiva e/ou em pessoas portadoras de deficiência 
física e/ou mental que utilizam o esporte como terapia ou prática 
4.Esporte de alto rendimento: Está relacionado com resultados de atletas 
de alta performance. Busca melhores rendimentos e produção de melhores 
resultados. O esporte de rendimento tem por objetivo a otimização da 
performance de forma estruturada e institucionalizada, O psicólogo aqui vai 
trabalhar com ferramentas que auxiliem os esportistas a alcançarem de forma 
eficiente e eficaz, o seu melhor desempenho. 
 
 
3 
Logo, a iniciação esportiva universal, segundo Greco e Brenda (2001) é 
prioritário ações esportivas que sejam baseadas no desenvolvimento humano da 
criança e suas capacidades conforme sua faixa etária. Este processo é dividido 
em nove fases, baseadas em princípios pedagógicos, metodológicos, biológicos 
e organizacionais. São eles: 
1. Fase pré-escolar – de 0 aos 06 anos (incompletos): durante esse 
período até o final do ensino fundamental, o professor deverá propor vivências 
diversificadas de movimentos, sem exigir um padrão ideal (KREBS, 1992). 
2. Fase universal – dos 06 aos 12 anos: é um período onde as 
habilidades básicas como de locomoção, manipulação e estabilização da criança 
está em refinamento progressivo, de forma que ela pode participar de atividades 
motoras de maior complexidade. Nesta fase deve-se desenvolver as 
capacidades coordenativas, de uma maneira ampla e diversificada, ressaltando 
o aspecto lúdico durante todas as ações (GALLAHUE, 1989) 
3. Fase de orientação – dos 11 aos 14 anos: Esta etapa apoiada no que 
foi adquirido anteriormente, nela deve-se buscar o desenvolvimento e 
aperfeiçoamento das capacidades físicas (motoras e coordenativas), com o 
início do trabalho de aprimoramento da técnica, visando de forma global. Deve-
se adquirir um leque gestual básico da técnica, sem exigências de perfeição dos 
movimentos. 
4. Fase de direção – 15 e 16 anos; inicia o aperfeiçoamento e a 
especialização do gesto técnico de uma modalidade. Deve-se incentivar a 
participação em outras modalidades para adquiria variabilidade da prática e 
evitar o processo de especialização precoce. Aqui há o desenvolvimento de 
habilidades motoras e do treino de estratégias táticas. 
5. Fase de Especialização - 17 e 18 anos; Ápice da fase de 
desenvolvimento, visa a otimização do potencial técnico e tático, que fomentarão 
comportamentos para o alto nível e a estabilização das capacidades psíquicas. 
6. Fase de Aproximação/ Integração - 18 aos 21 anos; momento de 
transição mais sensível pois é nessa fase que o jovem busca uma carreira 
profissional esportiva. Deverá aperfeiçoar as capacidades físicas, técnicas e 
táticas e otimização das capacidades psíquicas e sociais 
7. Fase de Alto Nível; nesta fase há a estabilização, aperfeiçoamento e 
domínio da técnica e tática, das capacidades físicas e psicológicas. Aqui não há 
 
 
4 
um tempo de duração. Ela ocorre durante a carreira profissional do atleta de alto 
nível. 
8. Fase de Recuperação/Readaptação; é quando o atleta está no final da 
carreira de alto nível, se aposentando, e deverá se reintegrar a sociedade de 
forma a ter um programa de destreinamento adequado e gradual buscando a 
saúde do atleta. 
9. Fase de Recreação e Saúde: tem objetivos opostos à de rendimento, 
comporta diversos programas de atividade física, interesses, objetivos e visam a 
qualidade de vida e bem-estar. 
 Assim, a iniciação esportiva contempla o desenvolvimento integral do ser 
humano através da prática esportiva desde a sua infância e manter esta prática 
ao longo da sua vida 
 
TEMA 2 - OBJETIVOS DA INICIAÇÃO ESPORTIVA 
 
A iniciação esportiva tem por objetivo o desenvolvimento integral do ser 
humano através do esporte. Utiliza uma metodologia que considere o esporte 
numa forma global, bem como o desenvolvimento de suas capacidades físicas, 
técnicas, táticas, coordenativas, psicológicas, despertar o interesse pela prática 
esportiva, e autonomia do aluno em suas atitudes e decisões. (GRECO e 
BENDA, 2001). 
O esporte busca ser um mecanismo de inclusão que utiliza jogos, 
brincadeira, atividades cooperativas, para que se possa aprender e desenvolver 
saberes pessoais, sociais e cognitivos respeitando sempre os aspectos 
individuais e particulares das crianças e adolescentes tanto do desenvolvimento 
motor quanto da aprendizagem motora. 
As crianças buscam, na maioria das vezes, a prática esportiva para se 
divertir, melhorar suas habilidades, se manter ativo fisicamente, estar entre seus 
amigos e fazer novas amizades, e também competir (Weinberg e Gould, 2017). 
(Sirard, Pfeiffer e Pate, 2006) descobriram que os meninos eram mais motivados 
pelos aspectos competitivos dos esportes; as meninas, mais atraídas pelas 
oportunidades sociais. Indo ao encontro dos objetivos estabelecidos pela 
iniciação esportiva. 
É importante que o processo metodológico a ser utilizado em cada fase 
de desenvolvimento da criança, apresente um cronograma de atividades que 
 
 
5 
facilitem a execução, evitando a especialização precoce e a exclusão social do 
grupo por causa da falta de habilidade das ações esportivas necessárias a 
prática. Os jogos e brincadeiras que promovam a integração e cooperação 
devem ser participativos e que incentivem a socialização. Ou seja, as atividades 
devem iniciar de baixa complexidade a alta complexidade para que as crianças 
se sintam seguras para participar das atividades propostas. 
GRECO e BENDA, (2001) define que o aprimoramento das capacidades 
coordenativas e habilidades motoras deve seguir um roteiro, exigindo 
criatividade do professor e auxílio das crianças. O roteiro deve seguir as 
seguintes etapas:1. Criança e um aparelho; 
2. Criança e dois aparelhos; 
3. Criança e três aparelhos; 
4. Duplas, trios e grupos. 
Estas fases e etapas respeitam o processo individual de aprendizagem e 
estimulam desenvolvimento cognitivo, motor e das capacidades da criança. 
Quando, em algum momento, este processo é quebrado, a criança pode vir a 
desistir da prática esportiva. As crianças que param de praticar esportes 
costumam ter uma percepção de baixa competência, tendem a focalizar metas 
de resultado, mostram menos formas autodeterminadas de motivação e 
apresentam alto nível de estresse (Weinberg e Gould, 2017) 
Outro ponto importante a salientar é que muitas crianças e adolescentes 
abandonam o esporte devido a especialização precoce. A especialização 
precoce práticas sistemáticas de uma única modalidade esportiva, onde os 
treinamentos são intensos visando o alto rendimento em competições e 
geralmente ocorre entre os 10 e 12 anos de idade, podendo ocorrer antes 
mesmo de atingir estas idades dependendo da modalidade. 
Por fim, é necessário ter em mente que os processos de formação da 
criança, seja intelectual, motora, social, de personalidade ou física, estão 
dirigidos a um ser humano que vive num contexto socio cultural composto por 
diversos sistemas (familiar, comunitário, escolar, etc) e que são partes 
fundamentais para o desenvolvimento dos próprios sistemas. 
 
 
TEMA 3 - DESENVOLVIMENTO, CRESCIMENTO E MATURAÇÃO 
 
 
6 
 
Crescimento está relacionado aspectos com a hipertrofia e hiperplasia 
celular, enquanto que a maturação pode ser definida como um fenômeno 
relacionado com o amadurecimento das funções de diferentes órgãos e sistemas 
(Malina, Bouchard e Bar-Or, 2009) 
O desenvolvimento é considerado como uma interação das características 
biológicas individuais com o ambiente no qual ele está inserido durante a vida 
(Gallahue e Ozmun, 2006). Estes três processos estão relacionados entre si e e 
ocorrem durante todo o ciclo de vida, onde em alguns momentos são de maior 
ou menor velocidade. Assim, a aquisição motora não deve ser levada em 
consideração como apenas um aspecto biológico ou apenas como um aspecto 
ambiental. 
Do zero aos três anos de idade, a criança está na fase de descobrimento 
do meio, onde as estruturas neurológicas estão em formação principalmente as 
funções sensoriais exteroceptivas (visão, audição, paladar, tato e olfato) o que 
possibilita essa interação do bebê com o meio. (Hernandez & Li, 2007). As 
atividades motoras nesse período são de muita ativação, porém de forma mais 
desordenada com grande assimetria entre membros superiores e inferiores. 
Como consequência do amadurecimento do cérebro movimentos voluntários e 
de melhor organização como andar, manipular objetos e controle postural 
(Tiemeier et al, 2010) Este é um período em que é claro a influência do meio no 
desenvolvimento do ser humano, no qual a aquisição de movimentos começam 
desde o nascimento da criança e assim, pode ser considerada importante para a 
formação de seres humanos que utilizam do esporte como mecanismos de 
educação, interação social, recreativo, promoção da saúde ou carreira 
profissional (Barnett et al, 2009). 
Dos três aos cinco anos de idade os sistemas sensoriais precisam ser 
estimulados por meio de uma ampla experiência, enfatizando a propriocepção a 
qual apresenta variações nos modos de interação sensório-motora (Hernandez 
& Li, 2007). As habilidades adquiridas são mais refinadas o que pode ocasionar 
em movimentos de maior complexidade. A coordenação motora deve ser 
desenvolvida juntamente com o processo cognitivo, como atividades que 
proporcionem a tomada de decisão. Nesta fase o período de crescimento é 
lento, o que auxilia na aquisição e retenção de um grande leque motor. 
Atividades físicas na infância e na adolescência são primordiais para o 
 
 
7 
desenvolvimento musculo-esquelético saudável e, respeitando os limites, não há 
riscos para o seu crescimento (Malina et al, 2009). 
Dos cinco aos dez anos há uma grande evolução na coordenação e 
controle motor, o que é possível realizar e aprender atividades mais complexas 
(Gallahue e Ozmun, 2006). A criança consegue entender regras e participar de 
programas mais estruturados de treinamento e pode-se perceber o aumento da 
velocidade, força e resistência quando estimulados pelo ambiente (Williams e 
Hodges, 2005). Assim, sugere-se que sejam realizadas atividades que 
estimulem essas capacidades integradas com atividades de desenvolvimento 
cognitivo e de coordenação motora. Nesta fase não são encontradas diferenças 
significativas no desempenho motor entre meninos e meninas, porém, por 
questões culturais, meninas tendem a não ter os mesmos acessos a atividades 
que os meninos, o que pode prejudicar o seu desenvolvimento. 
Na puberdade ocorrem diversas alterações morfofisiológicas e funcionais 
que estão diretamente relacionadas no desempenho esportivo e também no 
envolvimento para com este. É uma fase marcada por um pico de crescimento, 
alteração na composição corporal, maturação dos órgãos sexuais e funções 
musculares e metabólicas e que é visível, principalmente, nas diferenças entre 
os gêneros. Geralmente o pico de crescimento dos meninos ocorre por volta dos 
14 anos e eninmos tendem a ter um ganho de massa muscular, o que ocasiona 
o aumento da velocidade, força e resistência. Nas meninas, o pico de 
crescimento ocorre mais cedo, por volta dos 12 anos, e após este período ocorre 
a menarca. Nelas não há ganhos de massa muscular pois os níveis de 
testosterona produzidos não são significativos que por sua vez, ocorre o 
aumento da gordura corporal desfavorecendo a execução de habilidades 
motoras. Isso não quer dizer que a menina terá uma perda no seu desempenho. 
Davidson e colaboradores (2007) afirmaram que se a menina tiver uma 
experiência esportiva adequada durante a infância, a probabilidade de 
envolvimento e evolução no esporte não será tão afetada. 
É importante observar estes estágios de maturação não são sempre 
acompanhados da idade biológica, e pode ocorrer de forma precoce ou tardia. 
Esse acompanhamento e avaliação é importante pois tem grande influência no 
desempenho esportivo. Além disso é importante que neste período da 
puberdade haja incentivo e políticas públicas para a participação esportiva 
 
 
8 
principalmente para o gênero feminino onde a participação no esporte não é tão 
valorizada quanto o gênero masculino. 
 
TEMA 4 - FASES DE TRANSIÇÃO E CARREIRA ESPORTIVA 
 
O esporte oferece a oportunidade as crianças mostrarem sua habilidade e 
competência motora, além de hábitos que favoreçam, no futuro, empreender 
tempo ao esporte ou atividade física. Por isto, deve-se valorizar a participação 
da criança de forma livre, voluntária e recreativa no esporte e não a participação 
competitiva de ganhar a todo custo pois pode contribuir para o abandono 
precoce entre 12 e 14 anos (DURAND-BUSH, SALMELA, & THOMPSON, 2005) 
O termo “carreira esportiva” é entendido como a prática voluntária e 
plurianual de uma atividade esportiva escolhida pelo atleta com o objetivo de 
alcançar altos níveis de desempenho em um ou vários eventos esportivos 
(ALFERMANN & STAMBULOVA, 2007). 
O auge da participação de crianças no esporte ocorre entre os 10 e 13 
anos e declina consistentemente até os 18 anos, quando uma porcentagem 
pequena de jovens continua a praticar e seguir numa carreira profissional. 
Ademais, taxas de abandono dos programas esportivos organizados são em 
torno de 35% em qualquer idade (Gould e Petlichkoff, 1988). Isto ocorre devido a 
muitos fatores como por exemplo: mudanças de interesse, não ter habilidade 
motora exigida para um bom desempenho, a falta de diversão na prática, querer 
realizar outra prática esportiva, relações ruins com técnicos, estresse psicológico 
em virtude das competições, etc. Estas razões são visíveis em diversas idades 
eperíodo da carreira esportiva. Principalmente quando entra na puberdade e na 
fase de transição para a carreira profissional. 
Crianças que não estão desenvolvidas motoramente pode se sentir 
desmotivada e tender a desistir do esporte quando se entra num período que se 
exige uma maior organização e intensidade dos treinos, como é o período entre 
os 10 e 12 anos de idade. Há também de salientar quando a criança há um 
excelente desempenho nas suas habilidades e seja vista como um talento, o que 
pode ocorrer uma especialização precoce, uma forte pressão por parte dos 
técnicos e dos pais em visualizar um futuro promissor no esporte. 
Outro período que se deve ter atenção é na puberdade e na 
adolescência. É importante salientar que a adolescência é uma ótima janela de 
 
 
9 
oportunidades para desenvolver de forma saudável, e é caracterizada por muitas 
transformações com repercussões para a vida adulta (CHAVES et al., 2012). O 
período da puberdade tem grandes alterações morfofisiológicas que podem 
alterar o desempenho no esporte, além disso, é um período de redescobertas 
em que o adolescente se abre novas relações com o próprio corpo e com a 
sociedade. Isso exige novos ressignificados e adaptações que podem influenciar 
na carreira esportiva. Os atletas passam por diversos processos de captação e 
seleção, grandes períodos de formação que envolvem treinamento e 
competições, mantem relações sociais no ambiente esportivo, alcançam ou não 
o alto nível e finalizam a prática sistemática do esporte (SALMELA, 1994). 
 É também no final deste período em que muitos esportistas desistem da 
carreira atlética, principalmente quando a exigência de habilidades motoras e 
capacidades físicas são muito elevadas e requer uma maior dedicação e 
intensidade nos treinos. Estudos apontam que a maioria dos grandes esportistas 
não iniciaram na modalidade em que são especialistas. O que salienta a 
importância de uma iniciação esportiva universal, evitando a especialização 
precoce, para que durante o período da adolescência o indivíduo não esteja 
saturado dos treinos e possa se manter no esporte na fase adulta. 
A aposentadoria é um momento que deve ter atenção. Muitas vezes o 
atleta se vê na necessidade de se aposentar, seja por diminuição do 
desempenho, seja por lesão ou voluntariamente. Nesta fase o atleta deve ter um 
programa de aposentadoria para que ele possa voltar a integração social de 
forma saudável. O acompanhamento de especialistas se faz necessário para 
que esta readaptação seja equilibrada e robusta. 
 
TEMA 5 - O PSICÓLOGO NA INICIAÇÃO ESPORTIVA 
 
 O acompanhamento de um profissional da psicologia do esporte durante 
toda a carreira de um atleta é de fundamental importância, para que se possa 
assessorar e intervir de forma eficaz e saudável desde as suas motivações 
quanto para a realização das metas a serem alcançadas. 
 Segundo Weinberg e Gould (2017) as principais motivações para a 
prática de uma criança par ao esporte são: 
 
 
10 
 De natureza intrínseca: divertir-se, aprender novas habilidades, fazer algo 
no qual são boas, estar com amigos, estabelecer novas amizades, manter o con-
dicionamento, fazer exercícios e ter sucesso. 
Diversas razões para praticar esportes, não como um único motivo: 
Apesar da maioria desistir por interesse em outras atividades, parte desiste por 
razões negativas (falta de diversão, muita pressão ou antipatia pelo técnico). 
Necessidade de a criança se sentir importante e competente. Quando 
atletas jovens se sentem importantes e competentes em sua atividade, tendem a 
participar. Se não se sentem confiantes no desempenho das habilidades, 
tendem a desistir. 
É importante salientar que o psicólogo deve enfatizar que o sucesso 
significa superação das próprias metas, não meramente vitórias em 
competições. 
A interação social e contextual do esporte na vida de crianças é de 
fundamental importância. Técnicos, pais e amigos podem influenciar na 
permanência, desistência ou desempenho esportivo de forma negativa ou 
positiva. 
Técnicos podem ser figuras de grande significado para a criança, são eles 
que estruturam e programam a prática do esporte, estabelecem metas e são 
formadores de pessoas que atuarão na sociedade através do esporte. 
Familiares podem influenciar negativamente como positivamente no 
comportamento de crianças e adolescentes. Podem atuar de forma a apoiar e 
incentivar a prática, como criar expectativas de forma a pressionar e exigir 
resultados. Muitos atletas também se mantêm no esporte pois vê como uma 
oportunidade de trabalho e oferecer melhores condições de vida aos familiares. 
Da mesma forma, amigos podem revelar papel importante na participação 
do esporte como Companhia, ajuda e orientação, intimidade, lealdade, aumento 
da autoestima, etc. 
Outras questões que devem ser levadas em consideração são 
comportamentos negativos e patologias no esporte infanto-juvenil como o 
burnout, a anorexia e a bulimia. O esporte competitivo impõe um alto nível de 
estresse às crianças, que costumam apresentar burnout como resultado após 
um longo período de treinamento, como é o caso da ginástica e da natação. A 
iniciação nestas modalidades começa por volta dos 4 anos de idade e ao fim da 
 
 
11 
carreira, a criança acaba apresentando burnout como resultado deste longo 
período de treinamento. 
Na fase da adolescência torna se comum a preocupação com a estética, 
principalmente em esportes como a ginástica, a patinação e o nado 
sincronizado, e a busca pelo corpo perfeito passa do desejo de satisfação com o 
próprio corpo para um desejo de aceitação social e de desempenho esportivo e 
para ser inserido nestes padrões de beleza, as crianças e adolescentes podem 
desenvolver distúrbios alimentares, como a anorexia e a bulimia, entre outros 
comportamentos prejudiciais à saúde humana. 
No trabalho com crianças e adolescentes, o nível de entendimento e 
desenvolvimento cognitivo ainda não está totalmente desenvolvido, assim o 
psicólogo deverá atuar com esta população através de estratégias em que as 
orientações sejam divertidas e relevantes para as crianças. Deve entender que 
no trabalho com essa população e que as necessidades de treinamento das 
crianças são diferentes das necessidades dos adultos. 
 
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