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A sociedade em rede, por Manuel Castells e sua relação com o Direito

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Yuan Victor
	Direito - UFRN
A SOCIEDADE EM REDE, LIVRO POR MANUEL CASTELLS
CONTEXTUALIZAÇÃO TEMPORALL E ESPACIAL DO AUTOR
Manuel Castells nasceu no dia 9 de fevereiro de 1942, na cidade de Hellín, localizada em uma província da Espanha chamada Albacete. Manuel começou sua carreira como um sociólogo marxista, já que na origem de seus estudos sofreu influência da sociologia de Karl Marx. Estudou Direito e Ciências Econômicas na Universidade de Barcelona entre 1958 e 1962, quando foi interrompido pelo exílio político em maio de 1962. Em seguida, graduou-se em direito com especialização em Direito público e economia política pela Faculdade de Direito e Ciências Econômicas da Universidade de Paris em 1964. Possui diploma em Ciências Sociais do Trabalho pelo Instituto de Ciências Sociais do Trabalho da Universidade de Paris no ano de 1965. Manuel também é mestre em sociologia pela Escola Prática de Estudos Aprofundados de Paris em 1966, posteriormente, em 1967, tornou-se doutor em sociologia pela Universidade de Paris um pouco mais de dez anos tornou-se doutor novamente em sociologia pela Universidade Complutense de Madrid em 1978. Doutor em Letras e Ciências Humanas pela Universidade de Paris V, também chamada de Universidade Paris Descartes, no ano de 1983.
Manuel Castells foi professor assistente de sociologia da Universidade de Paris, professor associado de sociologia da Escola de Estudos Avançados em Ciências Sociais da Universidade de Paris (1967-1979), professor e diretor do Instituto de Sociologia das Novas Tecnologias da Universidade Autônoma de Madri (1988-1993). Foi professor de pesquisa no Conselho Superior de Pesquisa Científica (CSIC) de Barcelona (1997), professor de sociologia e de planejamento urbano e regional da Universidade da Califórnia, Berkeley (1979-2003), professor visitante distinto no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (2004-2009). Além de professor na Universidade de Oxford (2007-2010) e na Universidade de Santa Clara (2008-2010), professor na Universidade de Cambridge (2012-2014), diretor do Instituto Interdisciplinar da Internet, Universidade Aberta da Catalunha (2004-2010). Também foi Pesquisador Visitante permanente do Instituto Stellenbosch de Estudos Avançados desde 2009. Foi professor visitante em 17 universidades em volta do mundo e professor convidado em diversas instituições acadêmicas e profissionais em 45 países. Manuel também é autor de 26 livros, dentre eles a trilogia "A Era da Informação: Economia, Sociedade e Cultura", publicada nos anos de 1996 à 2006. Além disso, recebeu diversos prêmios, dentre eles o Prêmio Holberg em 2012 e o Prêmio Balzan de sociologia em 2013. Acadêmico em diversas academias espalhadas pelo mundo e membro em outros tantos conselhos ao redor do mundo. 
Manuel Castells presenciou e foi impactado pela Guerra Fria, período de tensão geopolítica entre Estados Unidos e União soviética, ocorrida entre 1947 e 1991, momento em que aconteceu diversos avanços tecnológicos - principalmente no campo informacional - na sociedade devido a essa disputa dicotômica, ele considera que após esse período os Estados Unidos saíram vitoriosos. 
Manuel também esteve envolvido em diversos movimentos sociais na França, América Latina e Califórnia, além de estudar os impactos causados por esses movimentos na sociedade. Ele diz que os movimentos sociais são agentes de mudanças na sociedade e são sempre movimentos emocionais, ao mesmo tempo que se baseiam na comunicação entre as pessoas. Porém, o que muda nesses movimentos é a tecnologia de comunicação, apesar de surgirem a partir de um sentimento de injustiça e outros problemas sociais comuns, anteriormente, esses movimentos eram organizados por estruturas com liderança. A partir disso se desenvolvia os mesmos sistemas de dominação, atualmente o que difere é que a internet e redes móveis proporciona às pessoas que se organizem concretamente em redes que surgem a partir desse contexto de indignação. Portanto, a rede se transforma em o que ele chama de “sujeito coletivo de mobilização e o sujeito coletivo de liderança”, já que dispõem de uma capacidade tecnológica de comunicação sem fronteiras e porque as emoções viralizam de forma muito rápida em todo o mundo.
Para chegar às suas conclusões, Manuel Castells, com certeza, foi influenciado pelas revoluções presenciadas ao decorrer da história humana e certamente, a terceira revolução industrial tem grande parte nisso. Para fins de contextualização, a Revolução Industrial foi um conjunto de mudanças ocorridas no mundo, a principal característica é a mudança do trabalho manual pelo uso de máquinas. Por conseguinte, a Terceira Revolução Industrial, também chamada de Revolução Tecnológica da Informação, teve início por volta da década de 1970, quando muitos avanços tecnológicos aconteceram e foram aplicados na ciência e no sistema produtivo, criando assim uma ligação entre o conhecimento científico e o sistema de produção. Essa revolução informacional também impactou no sistema econômico predominante no mundo, o capitalismo. Este, segundo Castells, passou das suas bases produtivas e competitivas entre empresas, países e pessoas para ter dependência da informação e conhecimento e da capacidade tecnológica de processar essas informações e gerar mais conhecimento a partir disso.
Manuel Castells observou que o mundo viveu uma espécie de evolução da democracia, a partir de quando o ser humano conseguiu obter o direito fundamental de votar, exercendo assim o básico da cidadania política, formando assim um mundo democrático e sua grande maioria. Parafraseando Castells, o grande paradoxo é que a partir de quando a humanidade alcança a democracia política, essa mesma democracia perde legitimidade, isso se deve ao fato de que para ele, a política é midiática e vive baseada nos meios de comunicação. Como consequência, determina a opinião política dos cidadãos, e a medida em que a para a mídia, o padrão é que somente as más notícias são notícias, o que a população recebe é justamente aquilo que torna ilegítimo o exercício da política, como, por exemplo, os diversos escândalos de corrupção noticiados atualmente. Dessa forma, isso faz com que as pessoas percam a fé e a confiança em toda a classe política, além de pensar que toda a classe política é corrupta, o que na opinião de Castells é evidentemente falso.
O sentido do processo de globalização surgiu na década de 1980 e diz respeito à intensificação da aproximação da economia e da política no mundo inteiro, caracterizado por avanços nos campos da comunicação e do transporte. Manuel observou a atuação desse processo no campo econômico e concluiu que na década de 1990 houve um crescimento da produtividade, desenvolvimento tecnológico e ampliação das desigualdades em todo o mundo. Além disso, para ele, cada vez mais há um desaparecimento da distinção entre mercado interno e externo, configurando-se assim uma espécie de mercado unificado. O fenômeno da globalização, além de representar a consolidação do sistema capitalista atual, é visto como uma integração total ou parcial de diversas partes do mundo, ou seja, proporcionou uma amplitude das relações sociais no meio virtual e promoveu um acesso exacerbado à informação. Além disso, o teórico também percebeu a globalização dentro da sociedade em rede, evento que será discutido mais à frente. 
Portanto, para entender as teorias e pensamentos de Manuel Castells no livro “A sociedade em rede”, é necessário saber sobre e como os eventos presenciados por Manuel impactaram em suas ideias. Tais eventos são desde momentos de tensão como a Guerra Fria e movimentos sociais até processos de revolução técnico-científico-informacional para o desenvolvimento do que foi idealizado pelo teórico em sua obra. Os fatos históricos ocorridos durante a vivência do autor estão intrinsecamente ligados à forma como são absorvidos e entendidos os processos para a formação social e intelectual de Manuel Castells.  
PRINCIPAIS IDEIAS DA OBRA
Inicialmente, é necessário entender que as Tecnologias da Informaçãoe Comunicação (TICs) são um conjunto de tecnologias que une as telecomunicações e a informática, e entre essas está a internet, que talvez seja a mais importante e que mais afeta ao ser humano no cotidiano. 
Para Manuel Castells, apesar do processo multidimensional baseado nas Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) ter começado nos anos 1960, elas só começaram a transformar a sociedade a partir da década de 1980. Segundo ele, essa transformação da sociedade é estrutural e acontece diretamente no seu núcleo, sendo atingidas pelas TICs de forma direta. De acordo com Manuel, a tecnologia é uma condição necessária, mas não suficiente, para uma transformação estrutural, o que ocorre é que a sociedade e a tecnologia se interferem mutuamente. Nesse viés, enquanto a forma como sociedade está organizada dá forma à tecnologia, a tecnologia oferece um leque de possibilidades para a trajetória da sociedade, ou seja, a tecnologia não pode ser compreendida fora do contexto social ou a sociedade sem suas tecnologias. A inteligência coletiva formada pelas relações em rede é um novo espaço de criação de identidade, que pode ser definida como um processo pelo qual um ator social se reconhece e constrói significado. Castells parte da transformação tecnológica, no contexto social ocorrido, para compreender outras mudanças sociais.
A partir disso, Manuel desenvolveu o conceito Sociedade em Rede que, para ele, é uma forma de organização social surgida, a partir da década de 1980, com a transição da sociedade industrial para esta nova estrutura organizacional. Segundo o autor, não necessariamente uma sociedade em rede é tecnológica, já que para ele a rede é uma forma de organização antiga, porém, a diferença é que atualmente a Sociedade em rede só é possível com a presença das Tecnologias da Informação e Comunicação. 
Uma das principais vantagens e condições necessárias para a convivência com a Sociedade em Rede é o fator flexibilidade, para ele um indivíduo, empresa ou organização deve ter a capacidade de ser flexível para conseguir se adaptar às novas formas de organização social. 
Com a integração das tecnologias digitais, as redes históricas anteriores à esta, segundo Manuel, irão superar seus limites, principalmente relacionados a capacidade de superar tarefas grandes e complexas que demandam grande coordenação que outrora não existia. Portanto, agora isso é possível graças às tecnologias digitais serem uma importante ferramenta para mobilizar recursos de forma ampla e complexa, além de ser descentralizada (ao contrário das antigas sociedades verticais com sistemas de hierarquias bem definidos) e coordenada. Ou seja, possibilitam a formação de grandes redes sem que ocorra,de alguma forma, uma dispersão. Um bom exemplo disso são as empresas de software que trabalham na produção de sistemas operacionais complexos, as quais atuam de forma coordenada, além de possuir uma enorme demanda de recursos intelectuais complexos.
Parafraseando Castells, as redes de comunicação digital possibilitaram que as antigas formas sociais se transformassem em Sociedade em Rede, ele quis argumentar que as Tecnologias da Informação e Comunicação são a base técnica e formam a coluna vertebral de sustentação da sociedade atual. 
ESCOPO OU LIMITES DA SOCIEDADE
Segundo Manuel, o escopo da Sociedade em Rede é global e atinge todo o planeta, ou seja, não se pode afirmar que determinado país é sociedade em rede, o que se pode atestar é que determinado país está mais adaptado a viver nesta sociedade por possuir mais recursos. Em outras palavras, apesar de alguns países possuírem menos recursos tecnológicos, a Sociedade em Rede atinge a todos, porém em graus diferentes pois varia conforme os locais. Apesar de ser universal, a Sociedade em Rede não inclui a todos, uma vez que grande parte da humanidade não possui acesso às TICs, evidenciando assim o problema da desigualdade social causado por esse capitalismo informacional. 
Com isso, o teórico conclui que a Sociedade em Rede é um tipo específico de estruturação social e não a considera melhor nem pior, nem mais ou menos evoluída que as sociedades anteriores. Manuel considera que é uma realidade inevitável e dessa forma, recusa a visão evolucionista e iluminista de que a humanidade tende a sempre melhorar. Para explicar isso ele cita como exemplo o holocausto, que não sua visão foi uma das maiores barbáries feitas pela humanidade, em um país que na sua época era um dos mais evoluídos tecnologicamente da Europa. Portanto, uma sociedade estar respaldada em uma tecnologia melhor, não necessariamente significa que ela será melhor de um ponto de vista ético ou qualquer outro ponto de vista. 
No âmbito econômico, esta sociedade produziu uma nova maneira de organizar a produção, gestão e distribuição, a consequência disso foi o grande aumento da produtividade. Para ele, esse capitalismo informacional não tem volta, cabendo às empresas, países ou indivíduos se organizarem em rede para conseguirem manter a competitividade e não perderem espaço no mercado econômico, o que não é uma novidade no sistema capitalista.
IMPACTOS DA SOCIEDADE EM REDE
No âmbito trabalhista, carreiras relativamente estáveis e previsíveis entram em erosão, ou seja, tendem a acabar, uma vez que o sistema possui relativa flexibilidade e mobilidade, prezando por carreiras que possuem maior qualificação. Assim, a capacidade de requalificação do sujeito (o indivíduo capaz de aprender sozinho) é crucial para a manutenção do emprego. Segundo o autor, a nova conjuntura não é responsável por provocar desemprego, apenas elimina profissões em certas áreas econômicas e propicia o surgimento destas em outras categorias. Surge a valorização da capacidade do trabalho autônomo de indivíduos, ativo valorizado, a qual torna-se mais estável, desejada e proativa. Dessa forma, o trabalhador genérico (desqualificado, sem flexibilidade, mudança e dinamicidade) é classificado como menos estável, além de possuir mais suscetibilidade a perder o emprego para máquinas ou trabalhadores mais baratos em outros países.  
Na esfera social, a atuação da internet não contribui para a diminuição da sociabilidade existente, o uso de Tecnologias da Informação e Comunicação aumenta a sociabilidade, além da interação no mundo real. O individualismo presente em rede não é causado pelo uso de TICs, já que essa é uma tendência existentes em sociedades anteriores, apenas possui o processo de continuidade e ampliação em rede. 
             Na sociedade em rede, o aspecto informacional se sobressai ao industrial, dessa forma, a principal mudança do informacional é relacionada à experiência humana, a qual prioriza a busca pela identidade. A experiência construída em redes torna o significado organizado em torno da autoimagem (o que cada um é/ acredita que é). Assim, a oposição entre a rede e o eu, muda as representações do eu na cibercultura, as redes influenciam diretamente a mudança social. As redes globais conectam indivíduos que possuem objetivos comuns, embora transitórios. Um desafio apontado por Castells é a velocidade da conexão e desconexão entre pessoas, que provoca a ruptura na comunicação de forma silenciosa, assim indivíduos buscam interagir apenas com o grupo que convergem os interesses. Ademais, o outro se torna uma ameaça, formando uma fragmentação social, em que identidades se tornam específicas e difíceis de compartilhar. As identidades coletivas são cristalizações da comunicação entre indivíduos e a relação destes com o meio, contudo as relações mudam antes que possam se cristalizar.
No âmbito comunicativo, o que caracteriza esse sistema baseado na integração em rede digitalizada de diversos modos de comunicação, é a capacidade de inclusão e a amplitude de todas as expressões culturais. Dessa forma, o sistema de comunicação transforma drasticamente o espaço e o tempo, interferindo nas condições fundamentais da vida humana. Originando, assim, um espaço de fluxos digital que substitui o espaço físico de lugares. A sociedade em rede não é o futuro, asociedade atual já se encontra em rede, de diferentes formas e graus de acordo com as diversas culturas. 
O campo político está substancialmente ligado ao espaço público da comunicação, uma vez que essa se faz por meio da comunicação, portanto, uma transformação no âmbito comunicacional também interfere na política. Nesse viés, a dominação de novos meios de comunicação é essencial para a hegemonia de poderes ou o desenvolvimento contra as hegemonias. A era da imagem, iniciada desde o surgimento da televisão, torna a destruição da imagem pessoal de um indivíduo uma arma política de relativa eficiência, potencializada através do uso intensivo de fake news na internet. Há um conflito entre o Estado nacional típico da sociedade industrial e o estado em rede, em que as redes globais colocam em xeque o poder do Estado nacional, assim, os estados se ajustam com a formação de uniões com o objetivo de se fortalecer. Consoante a isso, destacam-se as associações regionais, organismos mundiais, como a União Europeia, além de Organizações Não Governamentais locais. 
ASPECTOS POLÍTICOS IMPORTANTES PARA O BOM CONVÍVIO EM SOCIEDADE
Segundo Castells, há uma nítida necessidade de uma eficaz reforma no setor público para uma melhor adaptação à sociedade em rede, já que o setor público atual é muito hierárquico, tendo a necessidade de uma difusão da governação e fim do modelo burocrático. Sob essa ótica, é indubitável a necessidade da reconversão do sistema educativo, com a devida educação do indivíduo para que este consiga ter uma flexibilidade, criatividade, aprenda a aprender e inovar. Nessa perspectiva, o desenvolvimento da sociedade em rede lança a maioria das pessoas à condição de relevância estrutural, ou seja, a maioria dos cidadãos é irrelevante para a sociedade em rede, já que a competição é muito grande e várias pessoas ficam fora dela. Como solução para tal fato, Manuel Castells propõe políticas públicas para a integração da população na sociedade em rede, ao invés de fazer caridade. Autores marxistas divergem do autor ao afirmar que a competição gera a marginalização e é irreversível sob o capitalismo.
              Castells afirma que a irreversibilidade não existe pela possibilidade de criar políticas públicas, além de acreditar que a produtividade exclui pessoas. A produtividade e a inovação são aspectos fundamentais, pois a sociedade em rede funciona a partir da criatividade de certas pessoas, contudo é necessário eliminar barreiras para que ocorra a livre circulação de ideias, além de incentivar o conhecimento compartilhado. Castells acredita que as barreiras brecam a criatividade e inovação, o que não ocorre na atualidade devido leis que tornam crime o plágio e violação de patentes, sendo assim a favor da difusão do conhecimento. 
RELAÇÃO DO AUTOR COM O DIREITO
Em vista do que foi citado acerca das teorias de Manuel Castells a respeito das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) e sua relação com a Sociedade em Rede, é possível afirmar que acontecem impactos na sociedade e cabe às diversas instituições governamentais, juntamente com o Direito, a resolução dessas problemáticas. 
Em primeira análise, é plausível ponderar que a globalização, sendo ela um processo interligado às TICs e a Sociedade em Rede proposta por Manuel Castells, produz diversos problemas em uma esfera global, já que o mundo diminuiu bastante suas fronteiras e diversos países possuem interesses em comum. Nesse sentido, cabe apontar como problemas o combate ao terrorismo, guerra cibernética, biopirataria e o controle de mercados financeiros por meio de redes de cartéis. Nessa perspectiva, é dever das organizações jurídicas e do direito em cada país, regulamentar leis e medidas de combate a essas adversidades impostas pela globalização. Além disso, por serem problemas que atravessam quaisquer fronteiras, é necessário a atuação síncrona dos diversos países para resolver essas questões com o auxílio do recurso do direito.
No campo da comunicação social oportunizado pelas mídias, problemas que surgem na política como a disseminação de fake news como instrumento de moldar opiniões públicas principalmente na esfera política. Portanto, cabe ao direito regulamentar a disseminação de fake news nos meios de comunicação, para que dessa forma possa ser garantido o direito elementar da humanidade, o direito ao voto. Assim, sem a presença de más influências vindas de qualquer setor comunicativo que possa comprometer a integridade e autonomia dos cidadãos. Dessa forma, configura-se um marco regulador, estabelecendo limites para o campo informacional sem que a liberdade de expressão seja violada, podendo garantir a plena democracia.
Além disso, no campo econômico, surgem problemas que dizem respeito à defesa do consumidor, já que agora é necessário pensar a relação entre consumidor, vendedor e produto por em muitos casos não mais existir uma conexão física entre os elementos, em razão da relação virtual proporcionada pela Sociedade em Rede. Nesse sentido, o direito se faz presente na normatização de leis que protegem o consumidor de diversos problemas enfrentados no mercado financeiro. A exemplo o atendimento ao consumidor, qualidade e integridade física de produtos, violação de contratos e entre outros problemas enfrentados pela parcela da população consumidora.  
REFERÊNCIAS
CASTELLS, Manuel. Manuel Castells - Movimentos sociais para mudar o mundo. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=RJY4YZ17pVE> Acesso em: 20 jul 2020, 20h43.
CASTELLS, Manuel. Manuel Castells | 1999. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=TaXeu4k4OJE&t=1379s> Acesso em: 20 jul 2020, 20h51.
CARDOSO, Wilton. Aula 4 - Sociedade em rede. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=L6-euCCpijo&t=2548s> Acesso em: 20 jul 2020, 22h57.
CASTELLS - Resenha. Instituto de Matemática e Estatística | IME-USP, 2020. Disponível em: <https://www.ime.usp.br/~is/ddt/mac339/projetos/2001/michel/castells-resenha.htm> Acesso em: 21 jul 2020, 08h11. 
CURRICULUM Vitae. UOC - Website of professor Manuel Castells scientific word, 2020.  Disponível em: <http://www.manuelcastells.info/en/curriculum-vitae> Acesso em: 21 jul 2020, 09h35.
SPERANDÉO, Caio. Sociedade em rede e cidadania. Âmbito Jurídico, 2013. Disponível em: <https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-constitucional/sociedade-em-rede-e-cidadania/> Acesso em: 21 jul 2020, 10h23.
BIRO, Janos. Sociedade em Rede. Contrafatual, 2020. Disponível em: <https://contrafatual.com/2020/01/14/sociedade-em-rede/> Acesso em: 27 jul 2020, 15h17.
BIOGRAFIA de Manuel Castells. Busca Biografías, 2020. Disponível em: <https://www.buscabiografias.com/biografia/verDetalle/6488/Manuel%20Castells> Acesso em: 27 jul 2020, 16h22.

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