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Trabalho e processos de objetivação e subjetivação

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A expressão "luta de classes" tem origem na teoria do filósofo, historiador, sociólogo, jornalista e socialista alemão Karl Marx. No entendimento de Marx, tudo se encontra em um constante processo de mudanças, sendo que o motor dessas mudanças são, justamente, os conflitos resultantes das diversas contradições que podem existir dentro de uma mesma realidade. Assim, estão na realidade capitalista e em suas contradições as posições ocupadas pelas diferentes classes sociais.
Vivemos, nos últimos anos, importantes disputas de poder nas relações entre trabalhadores e empregados no Brasil. Podemos aferir que a grande vitória da classe dominante sobre a classe trabalhadora foi a Reforma Trabalhista (Lei n.º 3.467, de 13 de julho de 2017), de modo que são fragilizadas, ainda mais, as relações trabalhistas e os direitos do trabalhador.
Tivemos quatro governos neoliberais a partir de 1985, sendo um reeleito, permanecendo por 8 anos, e dois governos ligados à esquerda, sendo os dois reeleitos, mas somente um deles manteve-se por 8 anos. O último governo brasileiro ligado à esquerda também estava vinculado à direita neoliberal. Assim, após disputas acirradas entre interesses e ideologias políticas distintas, emerge uma direita conservadora, fortalecida por contextos políticos e partidários conturbados.
Analise criticamente essas disputas de poder, materializadas na Reforma Trabalhista de 2017, considerando o contexto político e econômico da época. Lembre-se de examinar as estratégias do modelo capitalista para imprimir novos processos de subjetivação para a classe trabalhadora, possibilitando a reprodução dos processos de objetivação presentes no modo de produção capitalista.
Padrão de resposta esperado
A Reforma Trabalhista de 2017 se concretiza em meio a turbulências políticas e econômicas significativas. Ela se dá no Governo de Michel Temer (31 de agosto de 2016 a 1º de janeiro de 2019), que assume a presidência após o processo de impeachment de Dilma Rousseff, de quem era vice. Dilma pertencia ao Partido dos Trabalhadores (esquerda) e Temer, ao PMDB (direita). Algumas correntes de pensamento afirmam que vivemos um novo golpe político/econômico/social, enquanto outras analisam os fatos como um processo democrático impulsionado pelas manifestações populares.
Em meio a essas disputas, as ideias neoliberais tomaram proporções ainda maiores, possibilitando o avanço da retirada dos direitos socialmente conquistados a partir de intensas manifestações e pressão popular da classe trabalhadora. Cabe destacar que os sindicatos fortalecidos tiveram um papel crucial na conquista desses direitos porque organizavam os movimentos de lutas coletivas dos trabalhadores, dando visibilidade e peso às suas demandas.
Com as alterações da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), os trabalhadores passam a ter o enfraquecimento dos sindicatos, conforme o art. 507-B, por exemplo: “É facultado a empregados e empregadores, na vigência ou não do contrato de emprego, firmar o termo de quitação anual de obrigações trabalhistas, perante o sindicato dos empregados da categoria”. 
A não obrigatoriedade da homologação da rescisão no sindicato também fragiliza o trabalhador, pois afasta o sindicato da fiscalização de possíveis injustiças com o ex-empregado. Nesse sentido, podem ocorrer pagamentos de valores inferiores aos quais o ex-empregado teria direito, coação para que sejam assinados os documentos de quitação, entre outros prejuízos ao trabalhador e ao próprio sindicato, que passa a ter suas funções reduzidas.
Outros direitos subtraídos:
- Deixam de ser consideradas como integrantes da jornada atividades como descanso, estudo, alimentação, higiene pessoal e troca do uniforme.
- Horas in itinere, ou seja: “§ 2º O tempo despendido pelo empregado desde a sua residência até a efetiva ocupação do posto de trabalho e para o seu retorno, caminhando ou por qualquer meio de transporte, inclusive o fornecido pelo empregador, não será computado na jornada de trabalho, por não ser tempo à disposição do empregador”.
- Banco de horas: fim das horas extras. As empresas poderão negociar diretamente com empregados a compensação das horas extras trabalhadas: "§ 6º É lícito o regime de compensação de jornada estabelecida por acordo individual, tácito ou escrito, para a compensação no mesmo mês”. 
- Negociações coletivas podem se sobrepor à legislação, reduzindo ou retirando direitos dos trabalhadores.
- O trabalhador autônomo passa a não ser considerado empregado, mesmo prestando serviço contínuo e com exclusividade.
Essas e outras mudanças contidas na Reforma Trabalhista visam ao enfraquecimento da classe trabalhadora, à sedimentando à percepção de um novo perfil de trabalhadores explorados, subempregados, desarticulados e disponíveis ao mercado por, cada vez, menos direitos e mais exigências.
Esse é o novo “colaborador”, que precisa “vestir a camisa” da empresa, trabalhar proativamente sem receber horas extras, inclusive em home office, além de estar à disposição quando chamado e flexível aos interesses do empregador, de modo que seja considerado relevante o suficiente para que, objetivamente, possa reproduzir (comer, morar, vestir, utilizar meios de transporte) e vender (manter-se no mercado de trabalho) a sua força de trabalho.

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