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w w w . p h d c u r s o s . c o m . b r História de Alagoas Prof. Jaison Xanchão 1 ALAGOAS COLONIAL (1500 - 1822) => TRATADO DE TORDESILHA (1494) Divisão de territórios Portugal X Espanha => DESCOBRIMENTO DO BRASIL (1500) => CAPITANIAS HEREDITÁRIAS (1534) Povoar e Ocupar Martim Afonso de Souza Capitania de Pernambuco => AÇUCAR-INTERESSE HOLANDÊS (Transporte e Comércio) => FORMAÇÃO DE PENEDO (1545) Duarte Coelho => BISPO SARDINHA - MORTE E DIZIMAÇÃO DOS ÍNDIOS CAETÉS => VILA DE PENEDO E PORTO CALVO Principais Freguesias => INVASÕES HOLANDESAS (1630) Domingos Fernandes Calabar (Morto em 1653) Obs.: Julgamento Histórico em 2018 => QUILOMBO DOS PALMARES: Ganga Zumba e Zombi => COMARCA DE ALAGOAS (1711) Autonomia => CANA E ALGODÃO (Bandeira de Alagoas) => REVOLUÇÃO PERNAMBUCANA (06/03/1817) => EMANCIPAÇÃO DE ALAGOAS (16/09/1817) Sebastião Francisco de Melo (22/01/1819) TRATADO DE TORDESILHAS O Tratado de Tordesilhas foi um acordo entre o reino de Portugal e o reino de Castela, celebrado em 7 de junho de 1494, na cidade de Tordesilhas (Espanha). Por este tratado, castelhanos e portugueses dividiram o novo mundo, através de um meridiano a 370 léguas a oeste do Arquipélago de Cabo Verde, na África. A parte oriental pertenceria a Portugal, e a ocidental, à Espanha. HISTÓRIA DO TRATADO DE TORDESILHAS Os reinos de Castela (Espanha) e Portugal foram pioneiros na expansão marítimo-comercial no século XV e XVI e havia uma disputa entre as duas coroas pela posse dos novos territórios. Desta maneira, os dois reinos assinaram vários tratados a fim de resolver a quem pertencia as novas terras. O primeiro deles foi o Tratado de Alcáçovas (1479) que traçava um paralelo a partir das Ilhas Canárias. Assim, as regiões descobertas ao norte seriam de Castela e as do sul, de Portugal. No entanto, esta perspectiva mudou com a chegada de Cristóvão Colombo à América, em 1492. Por isso foram assinados a Bula "Inter Coetera", em 1493 e o Tratado de Tordesilhas, em 1494, que substituíam o paralelo por um meridiano. O Tratado de Tordesilhas expandia as terras estabelecidas pela Bula Inter Coetera. A diplomacia portuguesa conseguiu que o limite do meridiano fosse aumentado de 100 para 370 léguas a oeste do Arquipélago de Cabo Verde na África. Diante da assinatura do Tratado de Tordesilhas, países como França, Holanda e Inglaterra, questionaram a divisão de terras entre Castela e Portugal. Desta maneira, armaram expedições para atacar os territórios já ocupados w w w . p h d c u r s o s . c o m . b r w w w . p h d c u r s o s . c o m . b r História de Alagoas Prof. Jaison Xanchão 2 por portugueses e espanhóis. FIM DO TRATADO DE TORDESILHAS O limite estabelecido pelo Tratado de Tordesilhas caiu em desuso quando houve a União Ibérica (1580-1640). Neste momento, tanto Portugal como suas possessões passaram a fazer parte da Coroa espanhola. Os colonos portugueses não precisavam ficar somente na costa e começaram a se aventurar no interior do território. Com esta expansão, foi necessário refazer os limites das colônias americanas entre os dois países o que ocorreu através do Tratado de Madri, em 1750. BULA INTER COETERA Em 4 de maio de 1493, o Papa Alexandre VI assinou a Bula "Inter Coetera" (do latim, “entre outros”). Este documento estabeleceu uma linha imaginária a 100 léguas a oeste do Arquipélago do Cabo Verde, na África. Assim, as terras localizadas a oeste do meridiano seriam espanholas, e as que estivessem a leste, seriam portuguesas. No entanto, a Coroa portuguesa ficou descontente com o acordo, pois o limite estabelecido dificultava as navegações portuguesas no Oceano Atlântico. No ano seguinte, Dom João II, rei de Portugal, pediu a reformulação do tratado e conseguiu sua modificação em Tordesilhas. CONSEQUÊNCIAS DO TRATADO DE TORDESILHAS Com o Tratado de Tordesilhas, os portugueses garantiram para si parte das terras americanas do Hemisfério Sul. Aliás, a insistência da parte do rei Dom João II em rever a Bula "Inter Coetera", para alguns historiadores, é apontada como prova que os portugueses sabiam que já havia terras nesta região. Por isso, a expedição de Pedro Álvares Cabral, em 1500, teria também a missão de confirmar se esta suposição era verdadeira ou não. CURIOSIDADES SOBRE O TRATADO DE TORDESILHAS • Na atual configuração do Brasil, a linha de Tordesilhas passaria de Belém (PA) Pará, à cidade de Laguna (SC). • Considerando que uma légua marítima tinha 5,5 quilômetros, a linha do Tratado de Tordesilhas estaria a 2.035 quilômetros de Cabo Verde. DESCOBRIMENTO DO BRASIL O “Descobrimento” do Brasil aconteceu em 22 de abril de 1500, momento em que os portugueses chegaram nas terras que hoje pertencem ao Brasil. Esse evento, que marcou a história do nosso país, foi fruto do esforço intelectual e de várias expedições marítimas realizadas pelos navegadores portugueses. Cada vez mais a expressão “descobrimento” está sendo questionada pelos estudiosos por não descrever com exatidão este fato histórico. Isso porque "descobrimento" é um termo eurocêntrico, uma vez que significa não haver habitantes nas terras encontradas pelos portugueses. Desse modo, a expressão “Chegada dos Portugueses ao Brasil” seria mais precisa, pois reconhece a existência de povos autóctones nestas terras. RESUMO DO DESCOBRIMENTO DO BRASIL A “Descoberta” do Brasil deve, antes de tudo, ser considerada no contexto das Grandes Navegações e Descobrimentos Marítimos promovidos nos séculos XV e XVI por castelhanos e portugueses. Nesta época, Portugal e o Reino de Castela (que formaria a futura Espanha) se lançaram ao mar em busca de novas terras e, principalmente, metais preciosos. Com isso, sabemos que anos antes dos portugueses, navegadores a serviço da coroa de Castela já teriam avistado terras no sul da América. QUEM DESCOBRIU O BRASIL? A história oficial consagrou o nome de Pedro Álvares Cabral como o primeiro a encontrar as novas terras. Essas expedições marítimas eram realizadas no maior segredo, pois Portugal e Castela concorriam entre si para descobrir terras além da Europa. Deste modo, foram muitos os navegadores que avistaram as terras da América do Sul e assim, w w w . p h d c u r s o s . c o m . b r w w w . p h d c u r s o s . c o m . b r História de Alagoas Prof. Jaison Xanchão 3 antecederam a Pedro Álvares Cabral. Podemos citar Vicente Yáñez Pinzón, Diego de Lepe, João Coelho da Porta da Cruz e Duarte Pacheco Pereira. Este teria comandado uma expedição secreta de 1498, para confirmar a existência das terras brasileiras. A EXPEDIÇÃO ATÉ O BRASIL A esquadra que chegou ao Brasil era bastante numerosa e composta por experientes navegadores. Seu objetivo principal era alcançar as Índias para negociar tratados comerciais, após a bem-sucedida viagem feita por Vasco da Gama em 1498. No entanto, antes de seguir para Ásia, deveriam verificar as terras que existiam a oeste. Contudo, devido às hostilidades dos povos locais, Vasco da Gama recomendou o uso da força para realização do comércio de especiarias nas Índias; daí a pujança da próxima esquadra. Treze embarcações partem de Lisboa, no dia 9 de março de 1500, com mantimentos para mais de dezoito meses, e cerca de mil e quatrocentos homens. No comando estava o fidalgo Pedro Álvares Cabral, acompanhado de estudiosos como o navegador Duarte Pacheco Pereira. Assim, em 22 de março, os navegantes contornaram a Ilha de Cabo Verde de onde seguiram para oeste, atravessando o Oceano Atlântico. Por muito tempo, acreditou-se que essas terras teriam sido descobertas casualmente. No entanto, a experiência dos navegadores revela que eles não se perderiam tão facilmente. Igualmente, segundo os diários de bordo, nenhuma tempestade foi registrada. 22 DE ABRIL - O DIA DO DESCOBRIMENTO DO BRASIL Sem relatos de qualquer tipo de dificuldade ou imprevisto, a esquadra de Cabral cruzaaproximadamente 3.600 quilômetros em um mês, até encontrarem os primeiros sinais de terra. Chegando ao litoral sul do atual estado da Bahia, as caravelas da esquadra portuguesa avistaram um monte, o qual foi batizado de Monte Pascoal. Nessa data, 22 de abril, uma pequena incursão da frota aportaria no litoral, local que ficou conhecido como Porto Seguro. Imediatamente, Gaspar de Lemos, navegador veterano e comandante da naveta de mantimentos, recebeu ordens de retornar a Portugal. Ele entregaria o relato de Pero Vaz de Caminha, a famosa Carta, ao rei Dom Manuel I w w w . p h d c u r s o s . c o m . b r 4 sobre o achamento do Brasil. O ENCONTRO COM OS NATIVOS Dois dias após a chegada, os portugueses travaram conhecimento com os indígenas que habitavam a região. Cabral, então, embarcou alguns indígenas em sua caravela. O litoral baiano era ocupado pelos índios Tupinambás e Tupiniquins, enquanto no interior viviam os Aimorés. Na caravela, os índios experimentaram – e não gostaram – dos alimentos dos portugueses e se espantaram com os animais, como as galinhas. Segundo Pero Vaz Caminha, ao verem objetos de prata e ouro, os indígenas deram a entender que os conheciam e apontaram para a terra. Assim, os portugueses pensaram que eles possuíam aqueles metais, o que não foi confirmado pelas pesquisas que fizeram. O estranhamento também vinha dos portugueses, os quais não compreendiam o fato dos índios andarem nus. Igualmente, como não encontraram estátuas representando deuses, concluíram que os indígenas não tinham religião. DE ILHA DE VERA CRUZ PARA BRASIL Mais adiante, no dia 26 de abril, foi celebrada a primeira missa em solo brasileiro, realizada por Frei Henrique de Coimbra. Após rezar a missa e renovar os suprimentos da esquadra, Pedro Álvares Cabral rumou para as Índias. Como acreditavam que a terra descoberta não passava de uma ilha, nomeou-a Ilha de Vera Cruz, posteriormente seria substituído por Terra de Santa Cruz, pois os navegantes perceberam se tratar de um continente. Por fim, decidiram chamá-la de Brasil em 1511, devido a grande quantidade de árvores de pau-brasil na região. Mesmo assim, alguns autores europeus referiam-se às novas terras como "terra w w w . p h d c u r s o s . c o m . b r 5 dos papagaios" pela grande quantidade desses pássaros encontrada na região. Apesar do achamento e do relato feito ao rei, a Coroa portuguesa tinha outras prioridades. Por isso, nenhuma expedição foi mandada a princípio para ocupar as terras encontradas. Os portugueses somente negociavam com os índios em troca do pau-brasil. A notícia da riqueza das novas terras também atraiu o interesse de franceses, holandeses e ingleses, com quais a Coroa portuguesa não tinha assinado nenhum tratado como o de Tordesilhas. Por isso, a partir de 1530, uma expedição foi organizada por Martim Afonso de Souza, a fim de se apropriar das novas terras. CAPITANIAS HEREDITÁRIAS As Capitanias Hereditárias foram um sistema administrativo implementado pela Coroa Portuguesa no Brasil em 1534. O território do Brasil, pertencente a Portugal, foi dividido em faixas de terras e concedidas aos nobres de confiança do rei D. João III (1502- 1557). Essas poderiam ser passadas de pai pra filho e por isso, foram chamadas de hereditárias. Os principais objetivos eram povoar a colônia e dividir a administração colonial. As Capitanias Hereditárias, porém, tiveram vida curta e foram abolidas dezesseis anos após sua criação. RESUMO SOBRE AS CAPITANIAS HEREDITÁRIAS Após a descoberta das terras a leste do Tratado de Tordesilhas, em 1500, por Pedro Álvares Cabral, o foco da Coroa portuguesa na sua colônia da América Portuguesa era a extração dos recursos da terra, como o pau-brasil. Isso se devia ao fato de não terem sido encontrados metais preciosos como foi o caso dos espanhóis nas suas possessões. O sistema de capitanias hereditárias foi implantado a partir da expedição de Martim Afonso de Sousa, em 1530. Os portugueses tiveram receio de perderem suas terras conquistadas para outros europeus que já estavam negociando com os indígenas e buscavam se fixar ali. Para tanto, a Coroa Portuguesa imediatamente adotou medidas para povoar a colônia, evitando, dessa maneira, possíveis ataques e invasões. O sistema de capitanias havia sido implementado pelos portugueses na Ilha da Madeira, nos Arquipélagos dos Açores e de Cabo Verde. Assim, ficou estabelecido a criação de 15 capitanias e seus 12 donatários, uma vez que uns receberam mais que uma porção de terra e as Capitanias do Maranhão e São Vicente foram divididas em duas porções. MAPA DAS CAPITANIAS HEREDITÁRIAS Segue abaixo o nome de cada e de seus respectivos donatários: w w w . p h d c u r s o s . c o m . b r 6 • Capitania do Maranhão: João de Barros e Aires da Cunha e Fernando Álvares de Andrade • Capitania do Ceará: Antônio Cardoso de Barros • Capitania do Rio Grande: João de Barros e Aires da Cunha • Capitania de Itamaracá: Pero Lopes de Sousa • Capitania de Pernambuco: Duarte Coelho Pereira • Capitania da Baía de Todos os Santos: Francisco Pereira Coutinho • Capitania de Ilhéus: Jorge de Figueiredo Correia • Capitania de Porto Seguro: Pero do Campo Tourinho • Capitania do Espírito Santo: Vasco Fernandes Coutinho • Capitania de São Tomé: Pero de Góis da Silveira • Capitania de São Vicente: Martim Afonso de Sousa • Capitania de Santo Amaro: Pero Lopes de Sousa • Capitania de Santana: Pero Lopes de Sousa DIREITOS E OBRIGAÇÕES DO DONATÁRIO O rei Dom João III concedeu as terras para nobres de sua confiança. Cada Capitão Donatário era considerado a autoridade máxima, ficando responsável por povoar, administrar, proteger o território, fundar vilas e desenvolver a economia local. Por sua parte, a Coroa Portuguesa não dava nenhuma ajuda financeira aos donatários para esse empreendimento. Os donatários, por outro lado, possuíam alguns privilégios jurídicos e fiscais como: • escravizar indígenas; • cobrar tributos e doar lotes de terra não cultivados (sesmarias); • explorar a região e usufruir de todos seus recursos naturais (donde uma porcentagem pertencia à coroa), desde animais, madeira e minérios. A despeito de possuírem grande poder, as capitanias não pertenciam aos donatários e sim à Coroa Portuguesa que cobrava um imposto denominado “dízimo”, ou seja, 10% da produção da capitania. No entanto, o sistema de capitanias sofreu com a falta de recursos, algumas foram abandonadas e em outras jamais seus donatários estiveram ali. Igualmente sofreram ataques indígenas, os quais lutavam contra a invasão de suas terras. Desta maneira, o empreendimento das capitanias hereditárias fracassou. Somente duas foram bem-sucedidas: • Capitania de Pernambuco, comandada por Duarte Coelho, responsável por introduzir o cultivo da cana de açúcar; • Capitania de São Vicente, comandada por Martim Afonso de Sousa, graças ao tráfico de indígenas que realizavam naquelas terras. Após a inviabilidade das Capitanias Hereditárias, a colônia passou por uma reforma administrativa e foi instituído o Governo Geral. FORMAÇÃO DE PENEDO (1545) O nome Penedo originou-se de a grande pedra. O povoado, fundado por Duarte Coelho de Albuquerque (filho de Duarte Coelho Pereira), das principais cidades históricas do Brasil, foi elevado a vila de São Francisco em 1636 e em fins do século XIX passou a ser denominada Penedo do Rio São Francisco. Sua arquitetura atrai turistas de numerosas origens. A Igreja de Santa Maria dos Anjos é uma das obras primas mais visitadas. Entretanto, os historiadores alagoanos discordam quanto a sua origem. Uns dizem que a criação do povoado está relacionada a Duarte Coelho Pereira, primeiro donatário da Capitania de Pernambuco. Os que discordam, afirmam que o responsável foi Duarte Coelho de Albuquerque, segundo donatário da Capitania, que herdou do pai. Entre os que defendem essa hipótese está CraveiroCosta, para quem a conquista de Alagoas começou em 1560. Duarte Coelho de Albuquerque organizou duas bandeiras, uma com destino ao norte de Olinda e outra para o sul. A bandeira que se dirigiu ao sul, à qual se incorporaram o próprio Duarte Coelho de Albuquerque e seu irmão, atingiu o rio São Francisco entre 1560 e 1565 e teria dado origem ao povoado. A primeira sesmaria registrada na região data de 1596; outras foram distribuídas e, a partir de 1613, na sesmaria recebida por Cristóvão da Rocha, acredita-se ter sido fundado oficialmente o povoado. BISPO SARDINHA - MORTE E DIZIMAÇÃO DOS ÍNDIOS CAETÉS Pedro Fernandes Sardinha era filho de Gil Fernandes Sardinha e de Lourença Fernandes. Diplomou-se em Teologia, cerca de 1528, na Universidade de Paris, e ensinou nas Universidades w w w . p h d c u r s o s . c o m . b r 7 de Coimbra e de Salamanca. Foi provisor e vigário geral na Índia após 1546. Designado bispo do Brasil em 25 de fevereiro de 1551, foi ordenado, em 7 de fevereiro de 1552, pelo bispo Dom Fernando de Menezes Coutinho e Vasconcellos, chegou à cidade do Salvador na Bahia no dia 25 de fevereiro de 1551, e tomou posse do cargo no dia 22 de junho de 1552. Em 1556 é chamado à Metrópole pelo que resigna, entrega a gestão da diocese ao vigário- geral Francisco Fernandes e embarca, em 2 de junho de 1556, na nau Nossa Senhora da Ajuda. No dia 16 de julho de 1556, a nau naufraga nos baixios de D. Rodrigo, junto à foz do rio Coruripe, a seis léguas do São Francisco. Os passageiros são capturados pelos índios caetés que, no arroio de S. Miguel das Almas, os matam e comem. Em uma enseada, junto a este rio, alguns anos depois, sucedeu o triste desastre do naufrágio do bispo D. Pedro Fernandes Sardinha, primeiro do Brasil, que dando nela á costa, foi cativo dos índios Caetens, cruéis e desumanos, que conforme o rito da sua gentilidade, sacrificaram à gula, e fizeram pasto de seus ventres, não só aquele santo varão, mas também a centena e tantas pessoas, gente de conta, a mais dela nobre, que lhe faziam companhia voltando ao reino de Portugal. VASCONCELLOS, Simão de. Chronica da Companhia de Jesu de Estado do Brasil (...). Lisboa : na Officina de Henrique Valente de Oliveira impressor del Rey N.S., 1663, Livro I, n.º 46, p. 32. Dom Pedro Fernandes Sardinha foi sucedido na Sé Primacial do Brasil por Dom Pedro Leitão (1519-1573). Em 1928, Oswald de Andrade utilizou-se do episódio para datar o Manifesto Antropofágico. INVASÕES HOLANDESAS As invasões holandesas no Brasil ocorreram quando os holandeses ocuparam territórios no Nordeste brasileiro no século XVII. Essa invasão estava diretamente relacionada com as questões diplomáticas envolvendo Portugal, Espanha e a própria Holanda naquele período. Os holandeses procuraram construir sua própria colônia na América ao se apropriar de uma das principais praças produtoras de açúcar da América Portuguesa. Os holandeses permaneceram no Brasil de 1630 a 1654, e sua presença aqui ficou profundamente marcada pela administração de Maurício de Nassau, militar alemão enviado pela Companhia das Índias Ocidentais para governar a colônia holandesa. A expulsão dos holandeses aconteceu por meio da mobilização popular contra os holandeses motivada pela Guerra de Restauração, que teve início em 1640. Com a crise da dinastia de Avis, o rei da Espanha, Filipe II, acabou sendo coroado rei de Portugal. POR QUE OS HOLANDESES INVADIRAM O BRASIL? A invasão do Nordeste brasileiro pelos holandeses resultou diretamente das relações diplomáticas entre Portugal, Espanha e Holanda w w w . p h d c u r s o s . c o m . b r 8 no final do século XVI. Até 1580, a Holanda tinha um envolvimento direto com o negócio do açúcar produzido no Brasil, pois foram eles que financiaram o desenvolvimento do negócio aqui e eles também participavam do refino e da comercialização do açúcar na Europa. A atividade açucareira rendeu bastante lucro para Portugal e Holanda. No entanto, essa situação sofreu profundas modificações com a crise da dinastia de Avis em Portugal, no final do século XVI. Essa crise de sucessão deflagrou-se quando d. Henrique, rei de Portugal, morreu e não deixou herdeiros diretos. Assim sendo, uma disputa aconteceu e resultou na coroação de Filipe II, da Espanha, como rei de Portugal. Como desdobramento, as coroas de Espanha e Portugal foram unificadas sob o domínio do mesmo rei. Isso ficou conhecido como União Ibérica e representava, naturalmente, que mudanças drásticas aconteceriam nas relações diplomáticas entre Holanda e Portugal, pois a Holanda estava em guerra contra a Espanha desde 1568. Essa guerra entre Espanha e Holanda tinha relação com a luta dos holandeses por sua independência (até 1581, a Holanda estava sob o domínio dos Habsburgo, a dinastia que reinava na Espanha). Por conta desse contexto, os inimigos da Espanha tornaram-se os inimigos de Portugal, já que os dois países passaram a ser governados pelo mesmo rei. Assim, os holandeses acabaram sendo excluídos do negócio do açúcar e isso resultou em uma ação dos holandeses contra Portugal. Em 1595, os holandeses saquearam portos portugueses no continente africano e, em 1604, atacaram a cidade de Salvador, na Bahia, mas o ataque dos holandeses acabou fracassando. Depois disso, os holandeses permaneceram em trégua com os espanhóis até 1621. Invasão do Nordeste A trégua da Holanda com a Espanha encerrou-se em 1621 e, no mesmo ano, a Companhia das Índias Ocidentais (West-Indische Compagnie, em holandês) foi fundada. Esses acontecimentos fizeram com que a guerra fosse retomada. A WIC (sigla da companhia no holandês) tinha como objetivo tomar o controle dos locais produtores de açúcar de Portugal, bem como dos postos de comércios de escravos na África. Em 1624, veio o primeiro grande ataque dos holandeses contra a capital do Brasil, a cidade de Salvador, e eles a conquistaram após 24 horas de batalha. O domínio dos holandeses concentrou- se nos limites da cidade, uma vez que a resistência dos colonos e dos portugueses não permitiu que os holandeses se expandissem pelo Recôncavo Baiano. Depois de um ano, a resistência portuguesa conseguiu expulsar os holandeses de Salvador. Isso foi possível, em grande parte, graças à chegada de aproximadamente 12 mil homens para lutar contra os holandeses. Depois de expulsos, em 1625, os holandeses retornaram dois anos depois, em 1627, para saquear a capital do Brasil. Invasão de Pernambuco Depois de terem sido expulsos de Salvador, os holandeses voltaram-se contra Pernambuco, outra capitania brasileira que prosperava com a produção de açúcar. Em 1630, uma expedição holandesa formada por 65 embarcações e 7280 homens atacou Olinda|1|. Com essa força, os holandeses conseguiram conquistar Olinda em 14 de fevereiro de 1630. Com a invasão holandesa, Maurício de Nassau foi indicado para administrar a colônia holandesa no Nordeste. w w w . p h d c u r s o s . c o m . b r 9 Entre 1630 e 1637, os holandeses estenderam o seu domínio pelo Nordeste brasileiro e conquistaram regiões como a Paraíba e o Rio Grande do Norte. Para isso, contaram com a preciosa ajuda de um colono chamado Domingo Fernandes Calabar. O conhecimento que ele tinha da terra foi crucial para o sucesso dos holandeses. A partir de 1637, foi enviado pela WIC o alemão Maurício de Nassau para administrar a colônia holandesa. Ele era um militar e foi indicado para assumir o cargo e aqui permaneceu até 1643. A administração de Nassau foi um momento importante para o estabelecimento dos holandeses no Brasil. Maurício de Nassau realizou inúmeras ações para o desenvolvimento da colônia. Ele procurou recuperar a economia açucareira de Pernambuco ao vender engenhos que tinham sido abandonados durante a guerra entre portugueses e holandeses e procurou estabelecer algumas normas para a melhoria da vida, como a obrigatoriedade de se plantar mandioca,proibição de se jogar lixo nas ruas, entre outras medidas. Maurício de Nassau também incentivou a vinda de cientistas e artistas para o Brasil. Os cientistas promoveram uma série de estudos sobre a fauna e a flora locais, assim como estudaram doenças tropicais que atingiam a população. Os artistas, por sua vez, retrataram o modo de vida local, alguns retratando paisagens do cotidiano, enquanto outros retratavam indígenas e escravos que habitavam a região. A partir da década de 1640, a WIC entrou em processo de falência, e Maurício de Nassau acabou entrando em conflito com a administração da WIC. Em 1643, Nassau recebeu ordens de retornar para a Holanda. A partir daí, a colônia holandesa no Brasil só entrou em decadência. Decadência da colônia holandesa A decadência da colônia holandesa pode ser explicada por alguns fatores. Primeiramente, houve a falência da Companhia das Índias Ocidentais, o que acabou prejudicando severamente o empreendimento, uma vez que eles eram os responsáveis. Nessa questão, podemos destacar também a demissão de Maurício de Nassau de sua função de governador-geral da colônia. Os problemas econômicos da WIC acabaram fazendo com que ela não investisse o necessário para garantir a segurança de sua colônia. Isso foi um erro muito grande, porque desde a Restauração de Portugal, em 1640, os rumores de que os portugueses se lançariam em uma guerra contra os holandeses por Pernambuco só aumentavam. A Restauração de Portugal ocorreu quando Portugal readquiriu sua independência, e seu trono passou a ser ocupado por d. João IV, inaugurando a dinastia dos Bragança. Com esse acontecimento, os portugueses deram início a esforços para recuperar sua colônia e passaram a incentivar os colonos para que os holandeses fossem expulsos do Nordeste. A guerra entre holandeses e portugueses estourou a partir de 1645 e estendeu-se até 1654. Esse período de batalhas ficou conhecido como Guerras Brasílicas e contou com lideranças locais importantes na luta contra os holandeses, tais como André Vidal de Negreiros e João Fernandes Vieira. A mobilização contra os holandeses teve a participação de donos de engenhos, negros e indígenas. Os holandeses enfraqueceram-se consideravelmente com as duas derrotas sofridas na Batalha de Guararapes, em 1648 e 1649. Os recursos holandeses, que já eram escassos, diminuíram mais ainda a partir de 1652, quando Holanda e Inglaterra entraram em guerra. Nesse cenário, ficou impossível manter a colônia no Nordeste. Por fim, em 1654, uma esquadra portuguesa cercou Recife e acabou retomando a região depois de 24 anos de domínio dos holandeses. A reconquista de territórios pelos portugueses também aconteceu na África, com a expulsão dos holandeses de regiões que eles haviam tomado w w w . p h d c u r s o s . c o m . b r 10 dos portugueses na década de 1630. QUILOMBO DOS PALMARES O Quilombo dos Palmares foi um dos muitos quilombos da era colonial brasileira e sua origem remonta a 1580. Palmares era o refúgio dos escravos fugitivos de engenhos das Capitanias de Pernambuco e da Bahia. O QUE É QUILOMBO? A palavra “quilombo” possui etimologia bantu e refere-se aos acampamentos de guerreiros na mata. Será, contudo, em 1740, reportando-se ao rei de Portugal, que o Conselho Ultramarino irá definir quilombo sendo: “Toda habitação de negros fugidos, que passem de cinco, em parte despovoada, ainda que não tenham ranchos levantados e nem se achem pilões nele”. Contudo, dentre todos os quilombos, o mais emblemático foi o de Palmares, o qual se opôs à administração colonial por quase dois séculos. HISTÓRIA: RESUMO No princípio, Palmares era povoado por poucos quilombolas. Porém, a guerra contra os holandeses tornou a vigilância colonial fraca e centenas de escravos fogem para constituírem o primeiro núcleo de povoação. Embora tenha surgido no final do século XVI, o apogeu do Quilombo dos Palmares foi na segunda metade do século XVI. O lugar abrigava aproximadamente 20 mil quilombolas. Os habitantes subsistiam da caça, pesca e coleta de frutas (manga, jaca, abacate e outras), bem como da agricultura (feijão, milho, mandioca, banana, laranja e cana-de-açúcar). Além disso, os quilombolas produziam artesanatos (cestas, tecidos, cerâmica, metalurgia) e os excedentes eram comercializados com as populações vizinhas. Isso gerava uma economia razoavelmente intensa na região do quilombo. O primeiro rei de Palmares foi Ganga Zumba, filho de uma princesa do Congo. Sua liderança foi fundamental para organizar e resistir aos ataques externos. Posteriormente seria substituído por Zumbi. Havia uma diferença entre o status dos quilombolas. Estes eram divididos entre: • aqueles que chegavam aos quilombos pelos próprios meios (mais prestigiados); • aqueles libertados por incursões de guerrilha (desconsiderados e indicados para os trabalhos mais pesados). Note que o Quilombo dos Palmares podia ser decomposto em diversos mocambos (núcleos de povoamento). Isso supõe a configuração política de descentralização do poder entre os diferentes grupos. Em Palmares encontramos também a escravidão. No entanto, era semelhante àquela praticada entre os brancos da Europa na Alta Idade Média, uma escravidão voluntária e menos degradante. LOCALIZAÇÃO O Quilombo dos Palmares foi o porto seguro para os escravos que escapavam das fazendas da região. Estava localizado na Serra da Barriga, no estado de Alagoas, uma região coberta de palmeiras, daí seu nome. w w w . p h d c u r s o s . c o m . b r 11 A Queda de Palmares A prosperidade de Palmares seduzia os colonizadores. Com a expulsão dos holandeses do nordeste do Brasil, os senhores de engenho necessitavam de um número crescente de escravos para retomar a produção açucareira. Por isso, o Quilombo representava a possibilidade de conseguir mão de obra, além de representar um perigoso exemplo para os escravos. Foram necessárias, entretanto, dezoito campanhas, para destruir absolutamente o Quilombo dos Palmares. Após múltiplas ofensivas ingratas contra Palmares, a corte portuguesa contrata o bandeirante Domingos Jorge Velho, experiente na guerra de extermínio contra os indígenas. Contudo, mesmo suas tropas tiveram grandes dificuldades em vencer as táticas de guerrilha dos quilombolas. O quilombo só teria seu fim logo após a morte de seu líder mais conhecido, Zumbi. A região do Quilombo dos Palmares cresceu após a derrota dos negros. Com o passar do tempo, transformou-se na Vila Nova Imperatriz, elevada à categoria de cidade em 20 de agosto de 1889. Porém, será em 1944 que será denominada União dos Palmares em homenagem ao quilombo. ZUMBI DOS PALMARES Nascido em Palmares, atual estado do Alagoas, em 1655, Zumbi dos Palmares foi o chefe guerreiro de maior destaque na história do quilombo. Foi capturado ainda jovem e oferecido ao Padre Antônio Melo, que lhe ensinou português e latim, além de batizá-lo com o nome de Francisco. Anos depois, em 1670, foge da paróquia e regressa ao Quilombo, onde se transforma em líder por organizar a resistência. Por isso ganha o nome de Zumbi (titulo militar de chefe da guerra) após planejar uma série de estratégias de guerrilha bem sucedidas. Isto incluía assaltos repentinos aos engenhos para libertar escravos e conquistar armas, munições e suprimentos para realização de novos ataques. Contudo, após varias vitórias, inclusive contra as expedições dos mercenários bandeirantes, Zumbi é encurralado e morto em novembro de 1695. Sua cabeça é decepada e transportada para Recife, onde foi exibida em praça pública. Assim, sem o comando militar de Zumbi, o quilombo desintegrou por completo em 1710. O "Dia da Consciência Negra" é comemorado em 20 de novembro. A data é um tributo a Zumbi dos Palmares e a todos os negros que combateram bravamente contra a escravidão. COMARCA DE ALAGOAS Já então apresentavam as Alagoas indícios de prosperidadee desenvolvimento, quer do ponto de vista econômico, quer do cultural. Sua principal riqueza era o açúcar, sendo além disso produzidos, embora em menor escala, mandioca, fumo e milho; couros, peles e pau-brasil eram exportados. As matas abundantes forneciam madeira para a construção de naus. Nos conventos de Penedo e das Alagoas os franciscanos mantinham cursos e publicavam sermões e poesias. Tudo isso justificou o ato régio de 9 de outubro de 1710, criando a comarca das Alagoas, que somente se w w w . p h d c u r s o s . c o m . b r História de Alagoas Prof. Jaison Xanchão 12 instalou em 1711. Daí em diante, a organização judiciária restringia o arbítrio feudal dos senhores, e até o dos representantes da metrópole. A comarca desenvolvia-se. Já em 1730 o governador de Pernambuco, propondo a el-rei a extinção da decadente capitania da Paraíba, assinalava a prosperidade de Alagoas, com seus quase cinquenta engenhos, dez freguesias, e apreciável renda para o erário real. Ao lado do açúcar, incrementou-se a cultura do algodão. Seu cultivo foi introduzido na década de 1770; em 1778, já se exportavam para Lisboa amostras de algodão tecido nas Alagoas. Em Penedo e Porto Calvo, fabricava-se pano ordinário, para uso, sobretudo, de escravos. Em 1754, frei João de Santa Ângela publicou, em Lisboa, seu livro de sermões e poesias; é a primeira obra de um alagoano. A população crescia, distribuindo-se em várias atividades. Um cômputo demográfico mandado realizar em 1816 pelo ouvidor Antônio Ferreira Batalha registrava uma população de 89.589 pessoas. EMANCIPAÇÃO DE ALAGOAS (16/09/1817) A região onde hoje se encontra hoje o estado de Alagoas foi invadida por franceses no início do século XVI. Seria retomada pelos portugueses em 1535, sob o comando de Duarte Coelho, donatário da capitania de Pernambuco. Ele organizou duas expedições e percorreu a região. Fundou alguns vilarejos, como o de Penedo. Foi responsável pelo incentivo ao plantio de cana-de-açúcar e a formação de engenhos. Em 1630, os holandeses invadiram Pernambuco, chegando a ocupar Alagoas até 1645, quando os portugueses reconquistaram o controle da região. Em 1706, Alagoas é elevada à condição de comarca. Quase 30 anos depois, em 1730 já tinha cerca de 50 engenhos e 10 freguesias. A emancipação política do estado só aconteceu em 1817, quando a comarca foi elevada à condição de capitania. Durante os anos seguintes, vários levantes contra os portugueses se sucederam em Alagoas. Em meio crises políticas, em 11 de junho de 1891, a primeira Constituição do Estado foi assinada. Alagoas também ficaria conhecida por ter sido lugar da maior revolta de escravos do país, no quilombo de Palmares, por volta de 1630. Sob a direção de Zumbi, Palmares chegou a ter população de 30 mil habitantes, distribuídos em várias aldeias, onde plantavam vários produtos da agricultura, além de conseguirem extrair um excedente que era comercializado com povoados vizinhos. O quilombo foi destruído em 1694. Localizado na região Nordeste, Alagoas ocupa uma área de 27.848,140 km². Possui 102 municípios, fazendo limites com Pernambuco, Sergipe, Bahia e Oceano Atlântico.
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