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SOLDAGEM – ÁREA 2 ● Vídeo 1: Introdução à Condução do Calor na Soldagem Importância e Efeitos: ● Macroestrutura de solidificação do metal de solda; ● As taxas de resfriamento e o tempo que a junta soldada permanece acima de uma determinada temperatura influência nas transformações microestruturais, tais como: crescimento dos grãos, transformações de fase, etc; ● Influência direta nas propriedades mecânicas e metalúrgicas; ● Descontinuidades podem ser formadas em função do ciclo térmico; ● Toda soldagem por fusão resulta em tensões residuais nas estruturas (tensões maiores que já existiam antes de começar a soldar); ● E eventualmente podem ocorrer grandes deformações. Ocorrem porque em vários pontos da peça soldada aquecem com diferentes taxas e resfriam com diferentes temperaturas, ao mesmo tempo que um ponto pode estar dilatando, outro ponto pode estar contraindo. O metal de solda quando solidifica, na maioria das ligas metálicas sofre contrações. Exemplo: algumas ligas de alumínio sofrem até 14% de contração. Medição de temperatura 2 Principais tipos de medição. Tipos de termopares utilizados: 1 – Inserido na poça de fusão (“arpoamento”): Pt/Pt-Rh 2 – Soldado no metal base: Cromel/Alumel. Recomendado medir na superfície da peça. Ciclo Térmico Relação entre temperatura e tempo. Podemos ter temperaturas de interesse (T1 e T2 por ex) e um DeltaT que mostre o tempo que demora para ocorrer essa queda de temperatura. Modo de extração do calor Importante identificar qual o modo de extração para definir as equações utilizadas. Utilizado para estimar taxas de resfriamento, etc. Isoterma = linhas de mesma temperatura Diferença de 10% entre o modo 2D e 3D. No modo 2D as isotermas estão aproximadamente paralelas ao cordão de solda que está ortogonal ao plano e teoricamente a fonte de energia é uma linha com espessura com comprimento igual a espessura da chapa, extração de calor em duas direções. No modo 3D as isotermas em “meia cana?” acompanhando o cordão de solda e a fonte de energia é considerada como um ponto percorrendo a superfície da peça, extração de calor em todas as direções. Energia de Soldagem Velocidade de Soldagem ● Efeito sobre as dimensões do metal de solda Abaixo, soldas com a mesma energia de soldagem (~1,4 kJ/mm), porém com velocidades diferentes, o metal base fundido é muito maior na solda com maior velocidade. Atenção: Para manter a mesma energia de soldagem com maior velocidade de soldagem é necessário empregar uma corrente muito maior. Consequentemente ocorre maior penetração / maior massa de metal base fundido. Ciclos Térmicos e Massa Fundida Gráfico 1: A taxa de resfriamento em 3D é maior do que em 2D para um mesmo ponto (devido a extração em 3D que ocorre em todas as direções) Gráfico 2: Massa do metal de solda = metal base + metal de adição. (Segundo gráfico é referente a um TCC, onde os pontos representam vários tipos de processos de soldagem para diferentes tamanhos de cordão de solda, o eixo vertical representa a dureza dos cordões analisados. Os cordões com menores áreas apresentam dureza elevada e consequentemente são mais frágeis, a partir da área de cordão de solda de aproximadamente 100mm² a dureza se estabilizou. Conclusão: a área da massa de metal fundido/cordão de solda é um ótimo indicador de como podemos reduzir a taxa de resfriamento.) Coeficientes Físicos Para análise de ciclos térmicos devemos selecionar qual coeficiente físico vamos utilizar. Temperatura de fusão, difusividade térmica (𝛼), condutividade térmica (k) e capacidade térmica são exemplos de coeficientes físicos. Existem correlações de coeficientes físicos mais adequadas para determinadas temperaturas (entre aproximadamente ⅓ e ½ das suas temperaturas de fusão, conforme tabela abaixo). Gráficos abaixo de exemplos: condutividade térmica e capacidade térmica de um aço carbono, demonstração que os valores a serem selecionados devem ser coerentes, dentro da faixa de aproximadamente ⅓ e ½ das suas temperaturas de fusão dos materiais. Equações Fundamentais I As equações fundamentais na soldagem se baseiam nas equações fundamentais de condução do calor. Valor escalar do vetor fluxo térmico em cada eixo coordenado é dado por: (onde k representa a condutividade térmica) Equação diferencial geral da difusão do calor no sólido: (homogêneo; isotrópico; condutividade térmica considerada independente da temperatura). (𝛼 = difusividade térmica) Estado estacionário ou Laplaciano (temperatura não varia no tempo): Quando a condutividade térmica é função da temperatura (apenas demonstração): Isotermas Isotermas = linhas de mesma temperatura. (No alumínio, por exemplo, o calor se propaga em uma taxa elevada.) (Conforme aumenta a velocidade de soldagem ocorre uma aproximação das isotermas no centro do cordão) Premissas e modelo (Rosenthol) Modelo idealizado em 1935 ● Quanto ao material base: isotrópico, não há variação dos coeficientes físicos, não há fusão nem transformação de fase (??); ● Quanto aos coeficientes físicos do metal base: não há variação. ● Quanto às fontes de energia (ponto/linha): se for uma extração bidimensional é uma linha com comprimento igual a espessura da peça (penetração completa), se for uma extração tridimensional é um ponto. ● Quanto ao “Efeito Joule” (I²R) na peça: não ocorre, a passagem da corrente elétrica entre o cabo de soldagem e o terra não afeta notavelmente a peça. ● Isotermas se mantém a distância constante do trajeto de deslocamento da fonte de energia: ● Fonte de energia se movimenta e o sistema de coordenadas é solidário a ela: (x = percurso, vt = velocidade de soldagem) ● Resulta na seguinte equação para o “estado quase estacionário”: Extração tridimensional do calor (3D) Para pontos no metal de solda e atrás da fonte de calor: Extração bidimensional do calor (2D) Para pontos no metal de solda e atrás da fonte de calor: Taxa de resfriamento Extração bidimensional do calor (2D): Extração tridimensional do calor (3D): (k = condutividade térmica, pc = capacidade térmica volumétrica, g = espessura da peça, E = energia de soldagem, Tr = temperatura taxa de resfriamento, To = temperatura de pré aquecimento) Obs.: para reduzir a taxa de resfriamento é mais fácil manipular a temperatura de pré aquecimento do que a energia de soldagem. Tempo de resfriamento Δt8/5 Para a maioria dos aços, as transformações de fase mais importantes na soldagem ocorrem no intervalo de temperatura entre 800°C e 500°C (período de tempo Δt8/5). Extração bidimensional (2D): Extração tridimensional (3D): Correção para os diferentes tipos de juntas: ● Vídeo 2: Solidificação metal de solda METAL SOLDA: Esta solda foi produzida pelo processo MAG que é resultado da solda da fusão do metal de base mais metal de adição que foi utilizado no processo. O metal de solda é um metal extremamente homogêneo sob o ponto de vista da engenharia. Inclusive pela questão da passagem da corrente elétrica através do metal em estado líquido na fase líquida que faz com que tenhamos uma mistura extremamente boa entre esses metais. A diluição é extremamente importante. ZONA AFETADA PELO CALOR (ZAC): é a zona onde ocorre alguma alteração de fase ou crescimento de grão. Zona que sofre alguma alteração microestrutural. Desde formação de perlita até formação de bainita. METAL BASE: Não alterada. Soldagem de aços C e baixa liga existem regiões diferentes nessa junta soldada. A solidificação do metal de solda ou de qualquer liga metálica se tiver uma partícula com o raio crítico essa partícula sobrevive e dá início ou pode nuclear a solidificaçãonum fundido convencional. Em soldagem é um pouco diferente porque não há barreira energética para início da solidificação porque ela ocorre por epitaxia. Inicia a solidificação a partir dos grãos do metal de base. Não é igual a solidificação do fundido convencional. Quando começa a soldar parte dos grãos do metal base fundem e seguem inicialmente a mesma orientação cristalográfica dos grãos de metal de base. Diferentes ligas podem ter diferentes orientações cristalográficas, porém tem direções preferenciais de crescimento. Crescem mais rapidamente naquela direção. Seta mostra grãos no metal de solda crescendo. É fácil de enxergar em ligas de alumínio e aços inoxidáveis austeníticos. Conforme vai solidificando podem ter diferentes camadas de macroestruturas de solidificação. O gradiente de temperatura no caso de uma interface plana é provocada por um gradiente positivo de temperatura. (gradiente de temperatura é diferença de temperatura em pontos do espaço) Gradiente de temperatura negativa forma dentritas. Conceito bastante importante é a partição de soluto (menor proporção do elemento). Uma liga ferro carbono por exemplo o soluto é o carbono. No momento que resfria no início da solidificação K0C0. Elementos que possuem um K0 muito pequeno eles segregam muito mais, ou seja, quanto menor o K0 maior o perigo de segregação desses elementos. Caso para ligas ferrosas: K<1 Existe uma região à frente da interface (a interface avança da esquerda para direita), sempre na frente dessa interface em qualquer liga metálica vamos ter um enriquecimento de soluto, ou seja, teremos uma maior concentração de soluto. K>1 neste caso ocorre o contrário. Há uma redução da concentração. O coeficiente de enxofre é muito pequeno, ou seja, em ligas ferrosas segrega facilmente. Se adiciona Mn a ligas ferrosas principalmente aço carbono baixa liga onde o Mn se combina preferencialmente com o enxofre. Logo, deixa de formar Fe2S compostos de baixo ponto de fusão. Existem 5 macroestruturas de solidificação: Planar: Os cristais vão se formando em posições sucessivas quase como se fosse um plano avançando. Celular: A solidificação está avançando em forma de células. Depende da combinação de gradiente de temperatura e superresfriamento. Dentrítica: Forma de solidificação que há perigo do líquido com alta concentração de impurezas ficar entre as dentritas. Celular dentritica: não falou nada desse tipo. Equiaxiada – dentritica: As dentritas que vão se formando crescem em diversas direções ficando equiaxiais. ● 2 Fatores extremamente importantes que determinam em soldagem a macroestrutura de solidificação final: taxa de crescimento dos cristais R (mm/s) e gradiente de temperatura na poça de fusão G (C°/mm). Logo no início da solidificação o metal de solda os grãos crescem a partir dos grãos do metal de base. Qualquer grão que estiver crescendo a uma taxa R (Vcos) com um ângulo teta. Se eu aumentar o pré-aquecimento eu reduzo G, se eu aumento a corrente de soldagem eu reduzo G. G é influenciado pela intensidade da corrente de soldagem e pela temperatura de pré-aquecimento. Fisicamente falando em teta 90° ele cresce na mínima taxa já em 0° cresce na máxima taxa (Vcos). Uma dada liga com composição de soluto severo (Co) e dentro dessas regiões eu tenho as 5 macros estruturas. Se eu quiser ir para a posição celular eu posso aumentar a temperatura de pré-aquecimento deslocando para esquerda do gráfico porque diminui o G. A mesma coisa aconteceria se eu aumentasse a corrente ou aumentasse a velocidade de soldagem. Então eu devo diminuir a velocidade de soldagem aumentando a razão GR1/2. A velocidade de soldagem é extremamente importante quanto a segregação em soluto ou um complexo de baixa temperatura de fusão na poça de fusão. Quando eu tenho relativamente baixa a velocidade de soldagem qualquer liga metálica ou qualquer metal puro de soldagem por fusão a poça de fusão tem poça eliptica. A medida que vai aumentando a velocidade de soldagem ela vai tomando a forma de uma gota. ● Vídeo 3: Introdução à Soldagem dos Aços ao Carbono e Baixa Liga Zonas de uma junta soldada Representação de uma seção transversal de um cordão de solda (fora de escala) Zona Compósita (ZC): aquela em que há mistura do metal base com metal de adição. Zona Não Misturada Fundida (ZNMF): espessura fina, composta unicamente pelo metal base fundido, o qual solidifica antes de ocorrer qualquer mistura com o metal de adição. Pode causar alguns problemas, principalmente na soldagem de aços austeníticos. Dificilmente detectada em microscópio. Zona Parcialmente Fundida (ZPF): ocorre eventualmente, “Produzida pela liquação de inclusões, impurezas, ou segregações nos contornos dos grãos com baixo ponto de fusão. Ocorre no metal base e imediatamente após a Interface da Solda.” - trecho do livro. Zona Afetada pelo Calor (ZAC): zona onde não ocorre nenhum tipo de fusão, mas são produzidas alterações alotrópicas no estado sólido relevantes, incluindo crescimento de grão e transformações de fase. Geralmente essa zona apresenta diversas regiões (geralmente quatro), com características que dependem de cada metal base. Zona do Metal Base Inalterado: constituída pelo restante da peça que não sofreu nenhuma transformação metalúrgica. Entretanto, essa zona pode estar num estado de alta tensão residual. Muitas vezes é difícil identificar onde termina a zona ZAC e onde começa a zona do metal base inalterado, geralmente identificados através de microdureza. Referências usuais: Metal de Solda: o MS é considerado como o conjunto formado pela ZC e ZNMF, pois esta é de difícil detecção. Zona Afetada pelo Calor: o conceito comum de ZAC inclui aquela considerada “verdadeira” e a ZPF. Efeitos do Número de Passes ou Cordões de Solda Vamos nos concentrar basicamente em soldas de um passe. Gases e o Metal de Solda (MS) líquido Principais gases: Oxigênio, Hidrogênio e Nitrogênio (na forma molecular e pressão parcial de 1 atm, 500 ppm se dissolve no ferro líquido; no estado atômico a pressão necessária é cerca de 100 milhões de vezes menor. O Nitrogênio pode causar problemas graves na soldagem de aços ao carbono de baixa liga Inclusões Microscópicas Na figura acima há demonstração de nitretos e, na figura ao lado, óxidos. Ocorre a redução da tenacidade conforme o aumento do número de inclusões (nitretos, óxidos, etc). MAG: Potencial de Oxigênio Quanto mais oxidante o gás de proteção, maior a população de óxidos no MS. Conforme vai aumentando o teor oxidante do gás de proteção, ocorre mais perda de manganês (ou queima de manganês). Consequentemente ocorre um ganho de oxigênio na forma de óxidos. Para garantir uma solda de alta tenacidade nesse processo, deve-se reduzir a proporção de gases de proteção. Escórias: Índice de Basicidade (IB) Conceito válido para todos os processos que produzem escória (arco submerso, eletrodo revestido, arame tubular, etc.). Compostos ácidos e básicos no sentido metalúrgico. Básicos: liberam oxigênio com dificuldade para o metal fundido. Ácidos: facilmente liberam oxigênio para o metal fundido. Compostos do fluxo (revestimento do eletrodo, etc.) em % m: IB x O2 no Metal de Solda Quanto maior o Úndice de Basticidade, menor a proporção de oxigênio no MS. Com o IB em torno de 2 o metal já é básico, não é necessário aumentar muito o IB pois o MS ficará muito fluido e não protegerá devidamente o ponto de fusão (??). Efeito das Condições de Soldagem Microestruturas: Sítios de Nucleação Conforme ocorre o resfriamento (linha vermelha) de um aço ao carbono de baixa liga: 1 - na fase líquida teremos óxidos (pontos pretos); 2 - quando inicia a solidificação temos perlita delta; 3- logo após começa a se formar austenita; 4 - poderá se formar ferrita nos contornos de grão; 5 - eventualmente, das ferritas formadas no contorno de grão, vão partir algumas ferritas com martensita austenita e hidrocarbonetos; 6 - eventualmente, no interior dos grãos, principalmente a partir dos óxidos, temos formação de ferrita acicular. Atenção: óxido é o terceiro sítio mais importante para a nucleação de novas fases, inclusive ferrita acicular, microconstituinte fundamental para alta tenacidade em baixas temperaturas. Denominações Microestrutura do MS (IIW) No MS raramente aparecem martensitas porque raramente a taxa de resfriamento é tão elevada. Microestruturas Típicas Microestrutura: Fatores Gerais Diagrama de resfriamento contínuo, taxa de resfriamento elevada = formação de martensita, taxa de resfriamento lenta = praticamente só ferrita+perlita. Tenacidade: Inclusões Ensaio de impacto Charpy Em baixas temperaturas não são os óxidos que determinam o modo de fratura, quem vai determinar a resistência ao impacto é a microestrutura (microestrutura de importância é a ferrita acicular, cerca de 70%). Tenacidade do MS Nitrogênio X Tenacidade Em geral, para cada 10 ppm de aumento de nitrogênio, a TTI aumenta cerca de 2 a 3 °C. Para o MS apresentar alta tenacidade a -40°C, não deve ser tolerado mais do que 100 ppm de nitrogênio. Manganês x (Resistência à Tração, Limite de Escoamento) e Tenacidade Tomar cuidado pois com porcentagens de manganês no metal de solda acima de cerca de 1,6%, em baixas temperaturas, começa a diminuir a resistência ao impacto. Níquel x (Resistência à Tração, Limite de Escoamento) e Tenacidade A adição de níquel aumenta a resistência ao impacto em baixas temperaturas. Posição de Soldagem x Tenacidade Zona Parcialmente Fundida (ZPF) A austenita segrega impurezas e na fronteira MB/MS é possível se formarem compostos com baixo ponto de fusão, tal como (MnFe)S. Na ZPF poderá ocorrer Trinca de Liquação, além de nos aços ao carbono de baixa liga, nos aços “maraging”, inoxidáveis austeníticos, ligas de alumínio tratáveis termicamente e super-ligas baseadas em níquel. MS/ZAC: Aço C-Mn ZAC: Parte do MB adjacente ao MS, que sofreu algum tipo de alteração microestrutural devido aos ciclos de aquecimento e resfriamento e/ou tempo em elevada temperatura. Detalhamento da ZAC ZAC (SAE 1020): TIG Autógeno Seção transversal de um aço 1020 refundido. Diagrama TRC (Transformação para Resfriamento Contínuo) do Metal Base Carbono Equivalente (CE) Importante ferramenta para estimativa da temperabilidade, da dureza (parcialmente tenacidade) e suscetibilidade à TIH na ZAC. Adequar a fórmula para o tipo de aço. Quanto maior o CE, maior a dureza no MS, para aços com mesmo CE a dureza será maior no que possui mais porcentagem de carbono em sua composição. Deformação “a frio” Tratamento Térmico após a soldagem TITAS Razões: Objetivo mecânico e metalúrgico, alívio de tensões por meios mecânicos. Aços de baixa liga devem sofrer TITAS em maiores temperaturas para alívio de tensões. ● Vídeo 4: Introdução às Descontinuidades das Juntas Soldadas – Parte 1 Descontinuidades devido a práticas operacionais inadequadas Algumas descontinuidades são consideradas defeitos e não passam em nenhuma inspeção: Trinca. ● Falta de penetração: Essa descontinuidade se apresenta principalmente quando se põe produção de uma junta a ser soldada sem devidos testes prévios (procedimento de soldagem) ou o soldador altera parâmetros da máquina. Nesta imagem percebemos que não completa fusão da raiz da junta. É essencialmente devido a parâmetros de soldagem (intensidade da corrente de soldagem insuficiente) ou de bitola excessivamente grande do eletrodo (diâmetro do consumível ou do bocal excessivamente grande). Também pode ser devido o projeto da junta estar errado em relação ao processo e/ou procedimento de soldagem. ● Falta de fusão: Exatamente na face da junta temos um material que não fundiu. Os principais motivos para obter este defeito é o ângulo de ataque do eletrodo errado, ou seja, o balanço tem que estar inclinado suficientemente para atacar a face do chanfro de forma que o arco elétrico funde a parte dentro do círculo. Outro motivo para este defeito é a energia de soldagem ser insuficiente. ● Mordedura: É uma depressão provocada pelo cordão de solda no metal base. É um defeito muito grave porque diminui a seção resistente da peça e também criou uma concentração de tensão maior naquele lugar. Essa mordedura também pode ocorrer em juntas no topo. Os motivos para este tipo de defeito são: intensidade de corrente excessiva (funde parte do metal base devido ao superaquecimento), velocidade de soldagem muito baixa (deslocou lentamente) e passe excessivamente largo (>9mm) na posição horizontal ou vertical. ● Inclusão de escória: Geralmente tende a ser mais arredondada. Esse defeito é principalmente resultado de um passe não bem limpo ou geralmente por consumíveis que depositam escória, ou seja, soldagem sobre passe anterior que não foi devidamente limpo (Escória não refunda). Também pode ser pelo retorno com o eletrodo revestido sobre o cordão com escória sólida. Na soldagem com eletrodo revestido pode ser devido a queda do revestimento antes do mesmo fundir por causa da excessiva corrente. ● Rechupe na Cratera: Causado pela contração do metal líquido ao solidificar. Retirada súbita do arco, falta de lenta redução da corrente final do cordão, excessivamente energia de soldagem (grande poça de fusão), quando não foi revertida a direção de soldagem (~15mm) no final do cordão e usar chapas postiças para terminar a soldagem (‘’babadores’’). ● Trinca de cratera: Normalmente ocorre quando se forma rechupe. É um fenômeno similar a trinca de solidificação. Sempre alcança a superfície (mas pode ser coberta por passes posteriores; cuidado: o ideal é retirar todo cordão ou toda parte que foi trincada). ● Salpico / Marcas ao abrir o arco: Instabilidade do arco (parâmetros errados; arco muito longo e etc), depende do processo de soldagem e depende do gás de proteção. Logo, é necessário ajustar o máximo possível os parâmetros de soldagem. Questão estética ninguém pode querer comprar. Marcas devido o soldador bater na peça com a extremidade do eletrodo. Altas taxas de resfriamento podendo produzir microestruturas frágeis. Pode originar trinca induzida pelo hidrogênio. ● Excessivo reforço: O ângulo do reforço começa do maior para o menor pela resistência de fadiga. Se o ângulo passar a ser 60° tem uma redução para cerca de 100 MPa. Ocorre devido a excessiva energia de soldagem e excessivo número de cordões de solda. ● Desencontro / Sobreposição: É extremamente importante soldar previamente, cortar e examinar. O metal congelou antes de fundir na base, ou seja, ele solidificou antes dele todo descer ficando uma concentração de tensão. Isso se deve ao excessivo balanço do eletrodo. Descontinuidades com origens em fenômenos metalúrgicos ● Trinca induzida pelo hidrogênio: Pode ocorrer principalmente em aços ao carbono de baixa liga ou inoxidáveis martensíticos. A concentração de tensões ocorre principalmente nos pés da solda ou nas raízes da solda. O hidrogênio tem grande solubilidade. Quanto temos ferrita a solubilidade é muito baixa. Conforme aquece o material a proporção de hidrogênio com o tempo vai caindo com uma taxa relativamente rápida. A temperatura de pré aquecimento é extremamente importante para reduzir a proporção de hidrogênio no metal. É possível medir o hidrogênio(medição de HD) logo após a soldagem. Eletrodos celulósicos não devem ser ressecados porque se não os revestidos se decompõem perdendo sua característica. É necessário ter tensões e microestruturas pouco dúcteis para provocar ou ajudar a provocar trincas de hidrogênio. Normalmente vai ocorrer na ZAC, pois a taxa de resfriamento é mais alta e temos mais C. No MS austenítico pode formar martensita sem hidrogênio. O hidrogênio permanece no metal de solda. ● Vídeo 5: Introdução às Descontinuidades das Juntas Soldadas – Parte 2 Caracterização e origens da TIH ➢ A trinca produzida por hidrogênio (TIH) na ZAC é intergranular (segue os contornos do grão da austenita prévia-original) e também transgranular. ➢ Pode ocorrer no metal de solda (não é usual) seguindo a ferrita alotriomórfica, ou seja, os cristais que nucleiam nos contornos de grão da austenita prévia. Observa-se através de um corte paralelo à superfície da solda. Trincas: Chefron crack ➢ As trincas se pronunciam apenas abaixo de 200°C. Além disso, a trinca poderá aparecer 72 horas após a soldagem. Logo, não deve-se especificar os ensaios não destrutivos antes das 72 horas. Devem ser realizadas 72 horas após a soldagem. A trinca de hidrogênio é provocada pela ocorrência simultânea de: ➢ Hidrogênio difusível ➢ Tensões (que desenvolvem enquanto ou logo após a soldagem e ocorrem principalmente em uma junta soldada nos pés e na raiz da solda). ➢ Microestrutura com baixa ductilidade (bainita inferior, martensita…) Minimização da trinca induzido por hidrogênio: ➢ Depositar muito baixo hidrogênio difusível. Todos revestidos poderão depositar alto nível se não forem se não forem devidamente ressecados). Os celulósicos depositam cerca de 30 mL/100g de metal de solda, não tendo como evitar. ➢ Empregar sequências apropriadas que reduzem o tensionamento. ➢ Produzir metal de base (cordão de solda) austenítico. Deve-se tomar cuidado com a sensitização (combinação do cromo com o carbono). ➢ Reduzir tensões residuais evitando grandes distâncias de raiz (exemplo). ➢ Impedir formação de microestruturas com baixa ductilidade. Isso se realiza principalmente através da redução da taxa de resfriamento aumentando a energia de soldagem, utilizando pré aquecimento ou trabalhando com aços com baixos teores de C ou C equivalente. Pode também realizar um tratamento térmico imediatamente após a soldagem dando tempo para que o hidrogênio difunda. Em torno de 540°C ocorrem as maiores transformações de fase para aço carbono baixa liga, ou seja, as taxas de resfriamento são muito elevadas reduzindo as linhas de transformação dos diagramas de transformação. Trinca de solidificação: Podem ocorrer em qualquer liga metálica devido a micro-segregação e tensões na junta. Quando uma liga solidifica há um enriquecimento de soluto à frente da interface de solidificação. Quando parece que está tudo solidificado na verdade existem filmes de complexo de baixa temperatura de fusão que ainda estão na fase líquida com resistência mecânica zero formando uma trinca. Prevenção da trinca de solidificação: ➢ Controlar a composição química (MB e MS). No caso dos aços evitarem existir compostos com alto teor de enxofre e fósforo. No caso do alumínio ele irá falar na aula sobre esse assunto. ➢ Utilizar a equação UCS para os aços ao C e baixa liga (por causa das tensões). ➢ Reduzir as tensões (reduzir abertura de raiz, ou seja,quanto mais metal contrair maior será o nível de tensões). ➢ Manter razão altura /largura de cada cordão de solda próxima de 1. ➢ Perfil do cordão de solda: deve ser levemente convexo. Um cordão de solda côncavo tem menores níveis de tensões se desenvolvendo quando passa da peça para solda. Porém, tem maior tendência de ter trinca na superfície (face) do cordão. ➢ Velocidade de soldagem: reduzir. Baixa velocidade a poça de fusão é elíptica. Com isso, os grãos que devem crescer ortogonalmente se entrelaçam e não há uma concentração grande de segregação no cordão. Decoesão Lamelar: As trincas da foto são produzidas por decoesão lamelar ocorrem geralmente em chapas muito espessas e pouco laminadas podem ter a formação de placas e filmes contínuos principalmente em silicatos. Técnica para evitar a ocorrência de decoesão lamelar: Previamente desbastar e amanteigar uma ou duas camadas (metal de adição muito dúctil). Após, realizar a solda de forma que pegue somente a camada extremamente dúctil, ou seja, com amanteigamento. Trinca de reaquecimento: ➢ Somente intergranular ➢ Pode ocorrer na ZAC de aços ligados ou baixa liga (principalmente ligas vanádio e molibdênio, molibdênio e boro, cromo e molibdênio). ➢ Ação de elementos residuais: podem ter sido produzidos pelo calor do passe ou no tratamento térmico depois da soldagem ou mesmo temperaturas relativamente altas em serviço (tensão térmica). ➢ Efeitos combinados de fragilização e deformação térmica causando a ruptura sendo somente intergranular. Porosidade: Aspecto típico Lembrando onde tem poros não tem metal!! As principais origens da porosidade são gases introduzidos na poça de fusão ou resultado de reações piromatalúrgicas na poça de fusão. Oxigênio, hidrogênio e nitrogênio são os mais comuns. Pode-se minimizar através da ressecagem dos consumíveis, também evitar qualquer tipo de contaminante principalmente na junta ou eventualmente nos arames e manter o arco elétrico curto para evitar o contato da atmosfera com a poça de fusão. Além disso, processos com proteção gasosa para evitar fuga de gás de proteção (mangueiras, conexão do bocal) e realizar a limpeza do bocal. Evitar soldar sobre o vento. ● Vídeo 6: Soldagem Ferros Fundidos Composição química típicas: O tipo do ferro fundido depende da forma como a grafita se apresenta. Como o teor de C é extremamente elevado há formação de grafita. O cinzento se caracteriza por apresentar uma estrutura final de solidificação com uma fase rica em C (grafita lamelar) com uma matriz geralmente perlítica. Vermicular também é chamado de grafita contacta com uma matriz geralmente perlítica ou ferrítica apresentando um fratura de superfície acinzentada. O ferro fundido nodular possui a grafita em forma de nódulo, não sendo estes nódulos esféricos. Normalmente a matriz é austenítica, perlítica ou ferritica. O formato nodular é devido a adição de magnésio misturado geralmente com o níquel. O ferro fundido branco possui fase rica em C e Fe3C (cementita) com matriz de perlita ou martensita. O maleável possui uma resistência à tração bem interessante e compete com o nodular. Contudo, a decomposição da cementita na fase alfa mais grafita era obtida em tratamentos térmicos em torno de 7 dias. Hoje em dia é em torno de 45 horas. A forma quase esférica da nodular reduz muito o fator entalhe e com isso temos um notável aumento na ductilidade e resistência à tração. É inviável a soldagem do ferro fundido branco. O manganês não aumenta só a resistência, mas também reduz a formação de sulfeto de ferro formando sulfetos de manganês para não formar filmes de baixa temperatura de fusão principalmente no cordão de solda. Teores de enxofre devem ser baixos. Carbono em excesso na austenita TS = trinca de solidificação Conforme aumenta o carbono equivalente a resistência a tração vai diminuindo. Essa redução é devido a formação em excesso de grafita. E também devido a formação de microestruturas pouco resistentes ou grãos grosseiros de perlita. Algumas propriedades mecânicas: Resistência mecânica: A compressão é sempre maior que a tração. ● Problema inerente: microestruturas extremamente frágeis tanto no metal de solda quanto na ZAC. A possibilidade de formação de martensita e cementita é muito alta e eventualmente se tem durezas muito maioresque 450 Vickers. ● Problema eventual: peça impregnada com óleo e etc. durante muito tempo. Ex: Tampa de um carter. Se a peça ficou em óleo só tem uma solução é realizar o pré aquecimento adequado e depositar uma camada de eletrodo AWS EST (eletrodo deposita praticamente ferro puro). ● Manter cordões curtos com baixas correntes, intercalados porque queremos pouca diluição. Eventualmente para reduzir tensões residuais pode-se ter um auxiliar que vem vindo atrás martelando sobre o metal de solda. ● A QUENTE: pré aquecimento. A soldagem ocorre preferencialmente se a peça for pequena. Pré aquecer em um forno reduzindo a probabilidade de formação de grandes tensões residuais. Eletrodo de ferro fundido sintético. ● A FRIO: Geralmente pode ser adequado para ferros fundidos nodulares. Para essa soldagem deve-se fazer o amanteigamento na superfície do chanfro totalmente com eletrodo AWS NICI (pelo menos na primeira camada). É um eletrodo caro. Pode-se realizar a primeira camada com ele e a segunda com o eletrodo AWS ENIFECI (45% níquel). O níquel pode dizer grandes proporções de carbono sem se tornar frágil. ● Tratamento térmico após a soldagem (TTAS): peças mais complexas para realizar o tratamento térmico. T= 500 a 560°C, 1h e 30 min para cada 25 mm de espessura da peça. O resfriamento deve ser feito lentamente. ● Vídeo 7: Soldagem de aços inoxidáveis parte 01 Conhecimentos gerais sobre aços inox Esses aços são divididos em austeníticos, ferríticos, martensíticos, duplex e PH (precipitation hardening, aumentam a resistência mecânica por tratamento térmico de solubilização e envelhecimento). Os aços tornam-se inox a partir de 12% de cromo, que gera uma camada protetora de resistência à oxidação. Em geral, precisam ter baixo carbono, pois esse tem elevada propensão a se ligar com o cromo e formar carbonetos de cromo, tirando o caráter inoxidável advindo do cromo em solução sólida. Com adição de outros elementos de liga, com maior propensão de formar carbonetos, evita-se a perda do caráter inoxidável, mesmo com maiores teores de carbono. Com aumento do percentual de cromo no diagrama Fe-Cr, o campo da fase ferrita aumenta muito. Além disso, entre 40 e 50% de cromo, aproximadamente, temos a formação da fase sigma, que é extremamente frágil. Já com a adição de níquel, temos o aumento do campo gama, da austenita. Portanto, dizemos que o cromo é um ferritizante, enquanto o níquel é austenitizante, também chamados de estabilizadores da fase “x”, em tratamentos térmicos. Através dos percentuais em massa de cromo e níquel (elementos majoritários na definição de estabilidade das fases) pode-se determinar qual aço inox se trata, conforme mostrado na imagem abaixo. Vale notar que é possível a formação de fase sigma, em casos especiais, quando na presença de ferrita delta (formada em alta temperatura). A classificação AISI dos aços inox segue abaixo. Sobre propriedades mecânicas, pode-se citar o alongamento de mais de 50% em aços austeníticos e 1200 MPa de tensão de escoamento em martensíticos. No geral, todos apresentam ótima tenacidade, com números expressivos no ensaio charpy. Diagrama de previsão de fases Um conceito importante é o “número de ferrita (FN)”, o que não representa a porcentagem, mas na verdade compara com padrões produzidos para medir o quanto magnetiza uma superfície. Esses números possuem uma correspondência com a % da fase ferrita, sendo linear até próximo de 7%, e após variando bastante. As vantagens desse método incluem maior precisão do que a metalografia, além de evitar o corte do cordão de solda. Nesse diagrama, leva-se em conta Cr, Mo, Si e Nb para cálculo de cromo equivalente e Ni, C, N e Mn para cálculo do níquel equivalente. A ferrita precisa existir no metal de solda, até em fundição de austeníticos, para evitar o efeito de trinca por solidificação. A ferrita solubiliza enxofre e fósforo, o que é desejado, uma vez que a austenita segrega tais complexos para o contorno de grão, o que deixaria essa região frágil na ausência de ferrita para solubilizar os mesmos. Não só composição química determinam a porcentagem de ferrita no metal de solda, mas também condições de soldagem, como taxa de resfriamento, proporção do metal base para metal de solda (diluição) e proteção da atmosfera no arco de solda, que pode permitir introdução de nitrogênio e estabilização da austenita, por exemplo. Outros diagramas de fases para aços são apresentados abaixo: Inoxidáveis Austeníticos Aplicados para transportes, alimentos, bebidas, ambientes corrosivos, off-shore, indústria química e etc. Os modos de solidificação desses aços são apresentados abaixo. Caso haja solidificação primária de austenita, como no caso 1 acima, haverá segregação de complexos de baixo ponto de fusão, o que é indesejado e busca-se não produzir esse modo de solidificação inicial. Já no caso 5 acima, onde temos majoritariamente ferrita, a austenita se apresenta como austenita de widmanstätten. No caso da trinca de solidificação, tudo o supracitado ainda é válido. Porém, temos o adicional no caso dos aços inox austeníticos de que a austenita segrega para o contorno de grão complexos de baixo ponto de fusão. Portanto, deseja-se produzir ferrita no metal de solda para solubilizar esses complexos. Para produzir essa ferrita no metal de solda, pode-se calcular a proporção com auxílio do diagrama abaixo: Assim, une-se os metais de base 1 e 2 com uma linha, divide-se essa ao meio (Ponto C). Para determinar qual consumível (E) usar, primeiro definimos qual % de ferrita necessário e a diluição, e através da fórmula apresentada na figura [100(ME/CE) = diluição] calcula-se o ponto E. O ponto M é a composição de ferrita no metal de solda. ● Vídeo 8: Soldagem de aços inoxidáveis parte 02 Sensitização e corrosão intergranular Entre 600-800°C, caso permaneça por tempo relativamente grande, o fenômeno de sensitização pode ocorrer. Geralmente não ao lado do metal de solda, mas após ela, onde ocorre uma precipitação de carbonetos de cromo no contorno de grão, o que leva a ausência de cromo em certas regiões, perdendo o caráter inoxidável. Com um pequeno aumento no teor de carbono, o fenômeno da sensitização passa a demandar muito menos tempo (numa mesma temperatura), como é possível ver no diagrama abaixo. A fim de minimizar a ocorrência da sensitização, é importante ter baixíssimo carbono (grau L). Também pode-se usar metais base estabilizados, com Nb e Ti (AISI 347 ou 321), pois esses terão maior tendência a formar carbonetos que o cromo, mantendo esse em solução. Contudo, essa segunda opção é ainda mais cara que a utilização do grau L, e pode resultar em uma região sensitizada de carbonetos (não de cromo) chamada de “linha de faca”. Deformações a frio auxiliam na precipitação de carbonetos de cromo, portanto, peças que sofreram grandes deformações precisam de um recozimento. Além disso, uma baixa energia de soldagem e controle da temperatura de interpasse diminui o tempo em que as regiões ficam expostas a altas temperaturas, além de um rápido resfriamento, que diminui a possibilidade de formação de carbonetos. Por fim, pode-se realizar o TOTO de solubilização após a soldagem, num intervalo geralmente entre 900 a 1100°C, mas precisa ser checado com relação ao material utilizado. Outro problema possível para os aços inox é a fase sigma, pois é extremamente frágil, mas é um problema que geralmente ocorre em serviço, pois demanda longuíssimos tempos na temperatura, entre 550 a 850°C, como mostra o diagrama abaixo. Essa fase sigma é muito rica em cromo, e pode ocorrer tanto em metal base quanto metal de solda. Pode-se formar também em tratamentos térmicos de alívio de tensões. Elementos como Mb, Nb e V, assim como o trabalho a frio, atuam no sentido de auxiliar essa formação, enquanto Ce N geralmente retardam o aparecimento dessa fase sigma. Assim, o ideal é que o metal de solda tenha ferrita tanto quanto estritamente necessária para evitar trinca de solidificação, pois essa ferrita irá produzir a fase sigma caso na temperatura e tempo como do diagrama. IMPORTANTE!!! Outros defeitos possíveis são a trinca de liquação, ou seja, fusão dos compostos de baixo ponto de fusão que porventura existam, geralmente precipitados nos contornos de grão da ZAC e da zona facialmente fundida ou inclusões. Também ocorre trinca por redução de ductilidade, tanto na ZAC quanto no metal de solda, resultando em brusca queda de ductilidade em temperaturas próximas a metade da temperatura de fusão da liga. Outra trinca possível é a de reaquecimento, possível em aços com mais alto carbono. Fragilização em temperatura intermediária(425-550°C) ocorre também, embora possa demorar mais de 100h (baixo e médio Cr) dependendo do teor de cromo, sendo essa relação inversamente proporcional, ou seja, alto cromo reduzirá esse tempo para ocorrência. Por fim, pode ocorrer corrosão sob tensão, transgranular (corta grãos), quando na combinação de tensão e meios agressivos (como cloreto). Ductilidade do metal de solda e soldagem O metal de solda deve ter uma combinação de carbono e silício que gera uma ductilidade ótima. Essa relação entre os dois pode ser vista no diagrama abaixo. Pré-aquecimento é algo raramente aplicado em inox austeníticos, pois isso reduziria a taxa de resfriamento, proporcionando condições para precipitação de carbonetos de cromo e etc. Alívio de tensões podem ser realizados em austeníticos para evitar corrosão sob tensão, mas deve-se cuidar a temperatura. Um alívio completo pode ser realizado entre 950-1100°C, e o ideal será temperar a peça após o alívio de tensões. Outro problema é a dissolução total da ferrita, com um resfriamento muito rápido, o que pode causar a trinca de solidificação. Inoxidáveis Ferríticos São uma opção econômica aos austeníticos pois a proporção de níquel é muito menor, o que reduz o custo. Podem ser utilizados em escapamentos (12% Cr), utensílios domésticos (18% Cr), e com teores acima de 25% de Cromo possui excelente resistência a corrosão em ambientes sulfurosos, além da sua resistência a cloretos. Dentre os principais problemas, uma maior energia de soldagem leva a maior tempo em alta temperatura (na ZAC), que pode acarretar em grande crescimento dos grãos, que reduz muito a tenacidade. A formação de austenita em alta temperatura, com alta taxa de resfriamento, pode fazer surgir martensita na ZAC, e até trinca induzida por hidrogênio acarretar. Sofre também da fragilização em temperatura intermediária (475°C), e, portanto, deve ser utilizado em temperaturas inferiores (limite superior sugerido ~400°C). Por ser ferrítico, tem grande possibilidade de formação de fase sigma, portanto, não tem aplicações em altas temperaturas por longos tempos. Rarissimamente a trinca de solidificação pode ocorrer aqui, pois a ferrita solubiliza os complexos de baixa temperatura de fusão, evitando assim a trinca de solidificação. Já a fragilização em alta temperatura (0,7x Tfusão) pode ocorrer. Corrosão intergranular é diferente nesses aços, pois além da precipitação de Cr23C6, pode precipitar Cr2Ni (nitreto de cromo), que também rouba cromo da matriz permitindo a corrosão. A resistência à corrosão aumenta com a soma de C + N sendo inferior a 500ppm ou 0,05%. Totos de alívio de tensões entre 750 a 950°C também aumentam a resistência. Adições de Ti e Nb proporcionais a essa equação empírica 0,20+4(C+N) (em massa) também melhoram o caráter inoxidável. Consumíveis para soldagem de inox ferríticos são mostrados acima. A utilização das peças “como soldadas” leva a uma preferência por utilização de consumíveis austeníticos, pois isso proporcionará maior ductilidade. Inoxidáveis martensíticos Aplicações em cutelaria, vasos de processamento, turbinas e eixos, com resistência a amassamento. Podem apresentar elevadíssima resistência mecânica. Entre problemas, podemos citar a trinca induzida por hidrogênio, combinação de hidrogênio atômico, tensões e microestrutura frágil (como martensita), produzindo uma trinca inter e transgranular. A trinca de solidificação não é comum, devido a presença de ferrita, o que já foi explicado algumas vezes acima. Temperaturas de pré- aquecimento e de interpasse devem ser entre 200 e 300°C, ajudando a reduzir as tensões produzidas pela soldagem, e permite que porventura o hidrogênio que entrou na poça de fusão difunda para a atmosfera, assim evitando a TIH. Após a soldagem, tratamentos térmicos de até 2h, de 490°C até 750°C, sendo tanto aquecimento quanto resfriamento realizado de forma lenta, sempre com a junta a menos de 100°C após a soldagem. No caso do tratamento pós solda, é importante não cair em temperaturas de endurecimento secundário, pois isso gerará tensões e essas, trincas. Na imagem abaixo temos consumíveis usuais para a soldagem de inox martensíticos. Em casos em que um tratamento posterior pode ser utilizado antes de colocar a peça em serviço, pode-se utilizar um consumível martensítico, por exemplo uma vareta em TIG para introduzir o mínimo possível de hidrogênio. Inoxidáveis Duplex Aços com combinação de alta resistência mecânica e boa resistência a corrosão, para usos em trocadores de calor, vasos de pressão, indústria química e de celulose, etc. Graças ao avanço da descarburização por oxigênio a vácuo e por argônio/oxigênio, essa classe de aços inox se desenvolveu no mercado. Tipicamente apresenta a microestrutura mista de 50% austenita e 50% ferrita, com relativamente alta resistência a cloretos. São divididos em 5 grupos: -“Lean duplex”, sem deliberada adição de molibdênio (2304) -“Padrão”, (22Cr05Ni) com maior utilização; -“25Cr” PREN < 40, ou seja, o número equivalente de resistência ao pitting, dado por equação que pondera teores de Cr, Mo, W e N, elementos esses que aumentam a resistência ao pitting; -“Superduplex” 40 < PREN < 45, com maiores conteúdos de Mo e N; -“Hiperduplex”, com PREN > 45. Cr e Mo são ferritizantes, mas também favorecem a formação de fases intermetálicas, que prejudicam as propriedades mecânicas, enquanto N inibe essas fases. As composições químicas de alguns duplex são apresentadas na imagem abaixo. É notável a proporção de nitrogênio nos hiperduplex, elemento austenitizante. Pelo diagrama da figura abaixo notamos que a razão CrEq/NiEq para os aços duplex fica em torno de 2,25 a 3,5. Também na figura é possível notar que a austenita só pode nuclear e crescer abaixo da linha solvus da ferrita. Assim, forma-se a característica microestrutura bandeada dos duplex. Em regiões com maior teor de cromo teremos ferrita, enquanto que o contrário acontece para o níquel, formando austenita quando seu teor é maior. A taxa de resfriamento influi muito na resistência à corrosão localizada. Se a taxa for muito baixa, haverá o fenômeno de sensitização na região com maior % de ferrita. Já se a taxa for muito alta, teremos sensitização na região com ferrita e austenita. A taxa de resfriamento é consequência da energia de soldagem, temperatura de interpasse e pré aquecimento, sendo o último pouco usado. A taxa de corrosão localizada é função do % de ferrita delta, sendo seu menor valor quando o % de ferrita delta fica em torno de 45%, tanto no metal de solda quanto no metal de base. Inoxidáveis precipitation hardening (PH) Esses aços ganham resistência mecânica através de tratamento térmico de precipitação. Deve-se aquecer até temperatura de solubilização, temperar, mantendo os elementos de liga em solução, e então envelhecer até a microestrutura objetivada, obtendo o máximo de resistência mecânica. Microestrutura geralmente martensítica misturada com ferrita e austenita. Geralmente solidificamcom ferrita primária. Abaixo, outra tabela de consumíveis é mostrada. Nota-se que em casos onde o metal de solda é martensítico, prefere-se consumíveis austeníticos. Já para os semi- austeníticos temos outras opções. Ferrita e austenita retida juntamente à martensita podem reduzir tenacidade e ductilidade, além da redução na resistência mecânica devido a austenita. Para máxima resistência mecânica do metal base, o envelhecimento pode causar trincas no entorno da solda, devido a baixa ductilidade do metal base. Geralmente a soldagem é realizada após recozimento ou superenvelhecimento, reduzindo a dureza, caso matensíticos. Já os austeníticos, o ideal é soldar logo após solubilização ou recozimento. Esses são os mais difíceis de serem soldados, pela ausência de ferrita e portanto possibilidade de trinca de solidificação. A máxima resistência varia dependendo da liga, mas em torno de 450 a 550°C. ● Vídeo 9: Introdução a soldagem do alumínio e suas ligas Conhecimentos gerais sobre ligas de alumínio Principal fonte de alumínio: bauxita. Excelente resistência a corrosão pela camada passivada de alumina (Al2O3), não tóxico, não magnético, resistência mecânica de algumas ligas (tratáveis termicamente) superiores ao aço e baixa densidade comparado ao aço, o que o torna ótimo em aplicações aeronáuticas. Utilização em temperaturas não muito acima de 100° C, pois apresenta grande queda na tensão de escoamento após essa temperatura. A classificação das ligas está abaixo, sendo a primeira para laminados/extrudados, enquanto a segunda para fundidos: Para a soldagem, ligas fundidas em areia são um problema, pois apresentam elevada porosidade. Ciclos térmicos e efeitos na liga Na ZAC da soldagem de alumínio, temos um fenômeno similar à solubilização, pois a temperatura pode ser elevada até tal ponto em que apenas “alfa” exista. Então, devido ao rápido resfriamento, ocorre de se temperar e após envelhecer a liga, o que afetará a resistência mecânica. Ex de um ciclo térmico: alta T, com apenas fase alfa, estando beta em solução; resfriamento lento causaria grandes grãos de alfa com beta no contorno de grão, prejudicando muito a resistência mecânica; resfriamento rápido, mantendo beta solubilizado, e manter em temperatura de envelhecimento por muito tempo, teremos precipitados grosseiros (também prejudica resistência mecânica), enquanto a temperatura e tempo adequados de tratamento causará finos precipitados, o que é desejável nas soldas. Contudo, é quase impossível na soldagem de ligas de alumínio tratáveis termicamente de gerar a segunda situação. Problemas na soldagem de alumínio A combinação de elevada condutividade e expansão térmica é causadora dos principais problemas de soldagem de estruturas de alumínio, pois o calor se transmite rapidamente causando diferentes pontos em diferentes temperaturas e fases, alguns aquecendo, outros resfriando, que causa tendência a grandes deformações. Outro problema é a formação rápida de alumina, logo após o início da poça de fusão, o que tende a interromper o arco. Assim, o ideal é utilizar corrente alternada, em processo que transfira o mínimo de hidrogênio ao alumínio, uma vez que esse tem elevada solubilidade. Sugere-se TIG ou MIG, com arame de alumínio e gás de proteção de argônio. Tanto arame quanto vareta precisam estar absolutamente limpas, sem graxa ou humidades. Tendência à trinca de solidificação também ocorre na maioria das ligas, relacionado diretamente à resistência da liga devido aos elementos adicionados, pois tais aumentam o intervalo de solidificação. Por fim, porosidade ocorre em todas as ligas, devido à elevada solubilidade de hidrogênio atômico no metal fundido. Além disso, a queda de dureza na ZAC pode ocorrer por aumento de tamanho do grão. Preparação para soldagem Diversas possibilidades de preparação da superfície serão apresentadas abaixo, ordenadas da melhor para as que possuem maior (bem maior) aumento de porosidade. A melhor situação é usinagem e ataque químico, logo prévio à soldagem. Tal prática permite manter o arco aberto com eletrodo negativo TIG, que aumenta muito a penetração. Contudo, o mais usual é utilizar corrente alternada, que obriga ser eletrodo de tungstênio puro (ponta verde). Após, podemos utilizar só ataque químico. Então escovação, onde é imprescindível que a escova seja de aço inoxidável, pois as de aço ao carbono deixariam pequenas partículas de FeO presas à peça, elevando muito a porosidade. Após temos esmerilhamento, usinagem após corte e apenas a borda cisalhada, seja por tesoura, plasma ou laser. Solidificação do metal de solda Essa solidificação é crítica. Em alumínio puro, por exemplo, não há intervalo crítico de solidificação, e com aumento de elementos de liga inicia-se a formação de complexos com baixo ponto de fusão nos contornos de grão. Algumas ligas possuem até 14% de contração de líquido para sólido, o que causa elevada proporção de poros e trincas de solidificação. A tendência a essa trinca aumenta com aumento da resistência mecânica, devido ao aumento do intervalo de solidificação, como mostrado na figura abaixo. Na imagem ao lado temos a suscetibilidade relativa a trinca de solidificação para diferentes percentuais e componentes de ligas. Caso tenhamos uma liga com elevada propensão (ex: Al- Mg 1,5%), deve-se usar consumível com 10% de Mg, assim com a diluição do metal base, o metal de solda estará longe da região susceptível. Baixa energia de soldagem reduz o tamanho da poça de fusão, deseja-se reduzir o constrangimento da junta. Além disso, para peças muito espessas, o ideal é realizar um pré aquecimento. Quanto maiores as temperaturas de pré aquecimento, menor a susceptibilidade de trinca de solidificação. Porosidade (hidrogênio) Na fusão do metal, a solubilidade cresce absurdamente, chegando a valores muito altos considerando as temperaturas de processo de arco elétrico, como mostrado na figura abaixo. Assim, com a rápida solidificação desde elevadas temperaturas (2000 °C), esse hidrogênio presente na poça de fusão se combina, formando um “queijo suiço”, tendo enorme nível de porosidade. Por isso, é imprescindível que o processo usado tenha o mínimo de hidrogênio difundível, como TIG e MIG, nunca utilizar eletrodo revestido. Queda de resistência na ZAC Na imagem temos uma comparação de dureza na ZAC em uma liga da série 6, tratável termicamente, para diferentes energias de soldagem. Nota-se que a partir de 25mm não há alteração para as 3 energias. Além disso, imediatamente ao lado do metal de solda (5mm), ocorre redução da resistência mecânica em relação ao material de base, mas apenas a partir de 7-8mm que ocorre a maior queda. Essa maior queda ocorre devido ao coalescimento dos precipitados,
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