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FACULDADE CENTRO MATO-GROSSENSE CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO A INFLUÊNCIA DA PERIODIZAÇÃO NO TREINAMENTO DE HIPERTROFIA MUSCULAR CAYAN BERNARDO ROHDEN ZOTTIS SORRISO-MT 2016 CAYAN BERNARDO ROHDEN ZOTTIS A INFLUÊNCIA DA PERIODIZAÇÃO NO TREINAMENTO DE HIPERTROFIA MUSCULAR Monografia apresentada como Trabalho de Conclusão de Curso ao Curso de Educação Física Bacharelado da Faculdade Centro Mato-grossense – FACEM, para a obtenção do título de Bacharel em Educação Física sobe a orientação do Prof. Esp. David dos Santos. SORRISO-MT 2016 DEDICATÓRIA Aqueles que estiveram comigo durante estes quatro anos letivos, que me incentivaram e me apoiaram para que pudesse concluir mais uma etapa em minha vida. AGRADECIMENTOS As pessoas mais próximas de mim, que acompanharam minha caminhada durante o período letivo e tanto diretamente quanto indiretamente me motivaram a estar aqui hoje. A todos os Docentes que já ministraram aula no curso de educação física bacharel da faculdade FACEM no ano de 2013 à 2016, pois sem vocês de nada valeria apenas meu esforço sem o conhecimento tanto aplicado. Ao professor David dos Santos pelo apoio e confiança em minha orientação. “Ser HUMANO não é para os covardes e medrosos; isto exige coragem e decisão. Outra fórmula não existe. RESUMO Sabemos que um grupo muscular pode ser acionado pela intensidade do exercício, pela biomecânica do movimento, pelo volume de carga e volume de repetições. Existem os modelos de treinamentos que à grosso modo podem ser caracterizados de treinamentos engessados, que são aqueles cujo aluno está acostumado a fazer diariamente, semanalmente, mensalmente e até mesmo anualmente. Estes alunos passam horas dentro de uma academia, podem fazer dietas, fazer uso de produtos exógenos, mas se não houver a periodização, no tempo certo, para quebrar a adaptação biológica do seu corpo e dar um novo estímulo totalmente diferente, não terá resultados significativos além de onde ele já chegou. Considerando a importância do planejamento do treino, o presente estudo teve como objetivo analisar a influência dos diferentes modelos de treinamento com pesos, no aumento da hipertrofia muscular. Neste trabalho é apresentada uma revisão da literatura sobre a linha de pesquisa “A influência da periodização no treinamento de hipertrofia muscular” realizada com consulta a artigos em revistas, livros didáticos, dissertações, teses e navegações pela internet. A revisão bibliográfica de diversos autores possibilita o maior entendimento e compreensão na hora de preparar ou prescrever o treino. O presente trabalho tem como principal finalidade comprovar as inúmeras diversidades de treinamento e seus ganhos quando utilizadas corretamente. Existem autores que afirmam que a célula muscular, estimulada pelo treinamento, pode aumentar seu conteúdo de enzimas e armazenamento de glicogênio e ATP. O aumento de glicogênio, associado ao aumento da proteína muscular, provoca a retenção de água adicional, o que contribui também para o aumento do músculo e do peso corporal. Um grande ressalto deve ser considerado, não só periodizar, variar estímulos e intensidade, é necessário cadenciar o movimento além de saber dar o descanso/recuperação correto para que não entre em fase catabólica devido ao grande volume de treino. Ficará claro para todos que o organismo é adaptável e é neste momento que a periodização fará toda a diferença. Palavras-Chave: Adaptação. Rendimento. Resultado. ABSTRACT Considering the importance of training planning, this study aimed to analyze the influence of different types of weight training, increased muscle hypertrophy. This paper presents a literature review of the research line "The influence of periodization in training muscle hypertrophy" carried out with the consultation papers in journals, textbooks, dissertations, theses and navigations on the Internet. This work has as main purpose to prove the numerous training diversities and their gains when used properly. It will be clear to everyone that the body is adaptable and is at this point that the periodization will make all the difference. We know that one muscle group can be triggered by exercise intensity, the biomechanics of movement, the cargo volume and volume of repetitions. There are models of training that the roughly can be characterized plastered training, which are those whose students are accustomed to do daily, weekly, monthly and even yearly. These students spend hours in a gym, can make diets, make use of exogenous products but if there is periodization at the right time to break the biological adaptation of your body and give a whole new different stimulus, will not have significant results beyond where he has arrived. There are authors who claim that muscle cells stimulated by training, can increase its content of enzymes and storage of glycogen and ATP. The increased glycogen associated with increased muscle protein, causes additional water retention, which also contributes to the increase of muscle and body weight. A large projection should be considered not only periodize vary stimuli and intensity, it is necessary cadence move beyond knowing to rest / recovery right not to enter into catabolic phase due to the large volume of training. The literature review of several authors enables greater understanding and understanding in time to prepare or prescribe training. Keywords: Adaptation. Yield. Result. SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 9 1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................... 11 1.1 HISTÓRICOS DA PERIODIZAÇÃO ............................................................................... 11 1.2 CONCEITOS DE PERIODIZAÇÃO ................................................................................ 12 1.3 ESTRUTURA DO CORPO ............................................................................................... 12 1.3.1 Proteínas e Hormônios ............................................................................................... 13 1.3.2 Hipertrofia Muscular .................................................................................................... 15 1.3.2 Tipos de Movimentos Musculares ........................................................................... 17 1.4 PLANEJAMENTOS DO TREINAMENTO ..................................................................... 18 1.4.1 Microciclo ....................................................................................................................... 19 1.4.2 Mesociclo ....................................................................................................................... 19 1.4.3 Macrociclo ...................................................................................................................... 20 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................... 21 REFERÊNCIAS ........................................................................................................................ 22 9 INTRODUÇÃO No ambiente de academia, a exigência dos clientes quanto à obtenção de resultados e a umatendimento diferenciado dos normalmente oferecidos, obriga o treinador ou professor a planejar e a estruturar as atividades, respeitando os princípios do treinamento físico, além de empregar os estudos relacionados à periodização. Como a periodização tem se revelado uma ferramenta importante na sistematização do treinamento, embora tenha sido desenvolvida para o esporte de alto rendimento, pode ser adaptada para os praticantes do esporte de lazer, para os programas de exercícios com objetivos estéticos (emagrecimento e hipertrofia muscular), por exemplo, e para programas objetivando a melhoria da aptidão física voltada à saúde. Como meio para atingir objetivos estéticos e o desenvolvimento da força, a musculação, por ser uma atividade que oportuniza alcançar esses objetivos num período relativamente curto de tempo e pela vantagem da individualização do programa, tem despertado um amplo interesse na academia. Pelas suas qualidades, a musculação passou a ocupar lugar de destaque nas academias onde o objetivo seja a preparação física das pessoas, independentemente de objetivos atléticos. Além de induzir o aumento da massa muscular, os exercícios com pesos contribuem para a melhora da capacidade metabólica, isto influencia na redução da gordura corporal e no aumento de massa óssea e levando a mudanças extremamente favoráveis na composição corporal. Também propiciam as adaptações cardiovasculares necessárias para os esforços curtos repetidos e relativamente intensos; e melhoram a flexibilidade e a coordenação, contribuindo para evitar quedas em pessoas idosas. Muitos são os métodos de treinamento, relativos à escolha do volume e intensidade, usado desde a entrada do aluno até os níveis intermediários e avançado para a obtenção de um rendimento constante, de acordo com os objetivos da sistemática do treinador e o que o aluno venha a desejar. A fim de buscar estratégias mais eficientes para a sistematização do treinamento na musculação, especialmente do treinamento com vista a hipertrofia muscular, pois, segundo Barbanti (2001) “treinar é uma atividade que envolve pessoas e é preciso”. Trabalhar com a periodização possibilita o sistema neuromotor do aluno não adaptar-se a um estímulo e, assim, progredir com diferentes formas de estímulos. 10 Procuro comprovar através de estudos científicos que se pode estimular um grupo muscular de diversas maneiras, desde não deixar o treinamento tornarem-se monótono quanto quebrar alguns paradigmas empíricos. Tendo visto e interessado pelo estudo da supercompensação, pela adaptação do treinamento muscular conforme a disposição e biotipo de cada individuo, a presente revisão envolveu consulta a artigos em revistas, livros didáticos, dissertações, teses e navegações pela internet, que abordam a questão da periodização relacionada ao aumento da hipertrofia muscular afim de objetivar a ênfase nos possíveis ganhos positivos quando se respeita o tempo de descanso; a intensidade e o volume aplicado ao músculo. 11 1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 1.1 HISTÓRICOS DA PERIODIZAÇÃO O conceito de periodização nos esportes evoluiu a partir de duas necessidades básicas, a necessidade de modelar o treinamento em torno do pano anual e suas fases de treinamento e a necessidade de aumentar a taxa de desenvolvimento de ano para ano. A primeira experiência atlética utilizando periodização de treinamento (no caso foi realizada uma periodização de treinamento de força) foi a atleta Mihaela Penes, medalhista de ouro nos jogos olímpicos de Tóquio em 1964. Os resultados foram apresentados em 1965, em Bucareste e Moscou ( Bomba, 1965a, 1965b). Em 1984, Stone e O’bryant, apresentaram um modelo teórico de periodização de força que incluía quatro fases: hipertrofia; força básica; Força e Potência. A utilização de planejamentos com o objetivo de maximizar o desempenho de atletas em determinado período (competição) é uma prática adotada há muito tempo. No Egito e na Grécia, é possível constatar, que há milhares de anos, já eram utilizados alguns princípios do treinamento como maneira de preparar os atletas para os jogos olímpicos e para a guerra (BARBANTI, 1997-a). Porém, somente no final do século XIX, quando o barão Pierre de Coubertin deu início aos Jogos Olímpicos da era moderna, o treinamento passou a ser uma estrutura sistematizada, que visa à elevação do rendimento esportivo (BARBANTI, 1997-b). A individualidade no que diz respeito às adaptações dos processos de treinamento, segundo Gomes, (2009) está dividida em três ciclos: treinamento geral e específico, forma competitiva e recuperação. Para Chagas (1995) deve ser destacada a importância prática resultante da tríplice fase da SAG (Síndrome Geral de Adaptação), (composta por: reação de alarme, fase de resistência e fase de esgotamento) porque ela nos desperta a atenção para a primeira indicação sobre a capacidade de adaptação do organismo, bem como, destaca sua limitada energia de adaptação frente a um estresse constante. 12 1.2 CONCEITOS DE PERIODIZAÇÃO Desde seu surgimento como conceito e aplicação prática no treinamento esportivo, vários autores definiram de diferentes maneiras a periodização. Bompa (2002) tem a ideia da fragmentação/periodização como preparação ao longo da temporada, e assim define periodização como a divisão do ano de treinamento em vários períodos, com o objetivo específico de se alcançar um alto rendimento através de uma preparação sistemática. Esta fragmentação da temporada em intervalos menores e melhor administráveis, como macrociclos e mesociclos, segundo Zatsiorsky, (1999) e Bompa, (2001), deve ter como objetivo, possibilitar ao atleta obter a chamada “forma desportiva” em uma sequência de três fases: aquisição, manutenção (estabilização relativa) e perda temporária. Para que isto aconteça deve haver um estabelecimento de uma sucessão de períodos, atentando para a configuração quanto a conteúdos, cargas e ciclos do treinamento (MARTIN, 2001). 1.3 ESTRUTURA DO CORPO O corpo humano é construído em torno de uma estrutura óssea. A junção de dois ou mais ossos formam uma articulação, a qual é mantida por faixas apertadas de tecido conjuntivo (ligamentos). Aproximadamente 40% do peso corporal corresponde a musculatura, mais precisamente 656 músculos. O tecido conjuntivo denso (tendões) prende ambas as extremidades do músculo ao osso. A tensão em um músculo é dirigida para o osso por meio do tendão. Quanto maior a força, mais forte a tensão nos tendões e ossos e consequentemente, mais poderosamente o membro se move. A hipertrofia do músculo esquelético pode ser definida como o aumento do tamanho do músculo, ou seja, da área de secção transversa do músculo (AST) (PHILLIPS, 2000). Segundo Rosenthal, (2002) a hipertrofia ocorre de duas formas: pelo aumento do diâmetro da fibra quando há uma banda de terminação neuromuscular, e também, pelo aumento do comprimento da fibra (aumento do número de fibras na área transversa) com duas bandas de terminação neuromuscular. Importante salientar que nem todos os indivíduos são responsivos 13 da mesma maneira ao estímulo hipertrófico, sendo que algumas variantes genéticas (mutações) estimulam ou diminuem tais respostas. Após um estímulo como o treinamento de força, sinalizadores modulam o tamanho do músculo através de vias específicas. Não é surpreso que fisiculturistas apresentam uma área de secção transversa maior em comparação a indivíduos fisicamente ativos de forma recreacional (D’ Antona et al., 2006). A hiperplasia é o aumento do número de fibras musculares (MACDOUGALL, 1982). Há muitas controvérsias na literatura em relação a ocorrência ou não desse fenômeno. Quando uma fibra muscular se divide na secção longitudinalmente observa-se uma divisãoda fibra ao meio. No entanto erros metodológicos foram encontrados indicando se tratar mais do Splitting. A maioria dos estudos encontraram hiperplasia em modelos animais (TAMAKI et al., 1997; GONYEA et al., 1980). Já em humanos essa questão é controversa (MCDOUGALL et al., 1982; MCCALL et al., 1996). A tipagem de fibras é determinada geneticamente e pelo treinamento físico. Os vários tipos de fibras apresentam características diferentes quanto a coloração, velocidade de encurtamento entre outros. A classificação pode ser realizada através de análises histoquímicas de ATP base. Foram identificados três tipos de fibras I, IIA e IIB, além de outras mais recentes (SCOTT et al., 2001). Existem diferentes isoformas de miosinas, sendo que em humanos, apenas 3 dos 10 genes para cadeia pesada de miosina são expressos. (HARRIDGE et al., 2007). 1.3.1 Proteínas e Hormônios O mTOR é uma serina treonina que tem papel fundamental na síntese protéica. O mTOR é ativado por diversos estímulos incluindo insulina, fatores de crescimento e aminoácido. Além disso, o mTOR inicia o processo de translação por vários mecanismos complexos (NADER et al., 2005). Pode ser ativada pelo estresse energético promovido pelo esforço (depleção de substratos, por exemplo), pela presença de hormônios (em especial a insulina), pela presença de aminoácidos (em especial a leucina) e pelo estresse mecânico provocado pela sobrecarga do exercício, especialmente o de força. A combinação destes fatores (tipo de exercício, alimentação e ciclo de treinamento) ditará o ritmo de surgimento, manutenção e evolução dos resultados esperados. 14 A Miostatina é uma proteína que faz parte da família das supercitocinas dos TGF-β. Ela tem o papel de regular negativamente a massa muscular através da interação com o receptor ActIIb pela junção da Miostatina ativada com um propeptídeo (LEE et al., 2004). Várias raças de bois e alguns animais demonstram exibir um fenótipo muscular exacerbado denominado de “Double Muscling” (LEE et al., 2004). Em 2004 foi descrito o único caso de um humano com uma mutação de Miostatina (SCHUELKE et al., 2004). Hoje, os cientistas tentam criar métodos para bloquear a Miostatina (anticorpos como o Myo-029) com o intuito de curar doenças degenerativas que envolvem atrofia muscular, no entanto especula-se que a terapia utilizada na cura de males pode chegar até a esfera esportiva através do Doping Genético. Células-satélite são células tronco da musculatura esquelética situada entre a lâmina basal e o sarcolema das miofibrilas. Ela permanece em estado quiescente até que um estímulo a ativa, fazendo a proliferar a se diferenciar, se fundir e maturar formando novas fibras musculares ou apenas recuperando a fibra danificada (HAWKE, 2005). Alguns estudos mostram que o exercício é um potente ativador dessas células, assim como alguns fatores de crescimento como o IGF-1, HGF entre outros (HAWKE, 2005). Parece haver alguma relação do dano muscular com a hipertrofia, ou seja, através da regeneração ocorre uma remodelação da fibra deixando a mais forte, no entanto os mecanismos estão começando a ser desvendados (ADAMS, 2006). O IGF-1 é um peptídeo secretado pelo fígado e possui funções tanto autócrinas quanto parácrinas. Mais recentemente foi descoberta uma Isoforma do IGF que foi denominado de Fator Mecanocrescimento (MGF) que é produzido na musculatura (GOLDSPINK, 2005). O MGF exerce um potente efeito hipertrófico em combinação a um treinamento de força, pois mostrou exercer efeito superior em ratos do que apenas a administração em si (LEE et al, 2003). Parece que o MGF tem um grande efeito (LEE et al., 2003) quando se refere a hipertrofia, já o IGF circulante um pequeno efeito (YARASHESKI, 1994). A Testosterona é um hormônio sintetizado pelas células de Leydig nos testículos a partir de reações enzimáticas com o colesterol. A Testosterona se liga a um complexo hormônio receptor denominado de Receptor Androgênico (AR), potencializando a síntese de proteína muscular (KADI, 2008; HARRIDGE). A produção é endógena mas pode ser também exógena, sendo administrada através 15 de injeção. No estudo de Ratamess et al. (2005) verificaram que dois protocolos de treinamento de força modularam de forma 2/5 diferente os AR. O treinamento com alto volume promoveu um downregulation dos AR, talvez devido a natureza estressante do treinamento levando a um maior catabolismo. 1.3.2 Hipertrofia Muscular Segundo os autores Badillo e Ayestarán (2001-a), teoricamente, o aumento do tamanho do músculo pode ocorrer como resultado de um ou mais dos seguintes fatores: • aumento do número e do tamanho das miofibrilas; • aumento do tamanho do tecido conjuntivo e de outros tecidos não-contráteis do músculo; • aumento do tamanho, e possivelmente, do número de fibras musculares. Para esses autores, embora o aumento do número das miofibrilas seja mais complexo e menos conhecido, pode ocorrer por um mecanismo muito parecido com o que ocorre na criança nas primeiras semanas de vida. Baseia-se na seguinte hipótese: a miofibrila vai se adaptando, em primeiro lugar, pelo aumento de tamanho até alcançar um nível crítico determinado de tamanho e força, a partir do qual as contrações musculares sucessivas provocam microrrupturas das bandas Z das miofibrilas. A partir dessas microrrupturas formam-se duas “miofibrilas-filhas”. Já o aumento do tamanho das miofibrilas deve-se a um acréscimo de filamentos de actina e miosina na periferia das miofibrilas. Weineck (1999-a) afirma que essas pequenas lesões na subestrutura (microrrupturas ou microtraumas) das fibras musculares, causadas por estímulos suficientemente fortes, são posteriormente reparadas para que possam suportar uma carga maior, porém, desde que haja uma recuperação suficiente. Segundo Bean (1999), no treinamento de força, ambas as fases - a concêntrica e a excêntrica - da contração isotônica são importantes para o crescimento muscular; mas, em particular, a fase excêntrica (ou negativa) do movimento é a principal responsável pelo crescimento máximo do músculo, devido à maior tensão gerada (de 3/1), em relação à contração concêntrica. Consta também num relato de Williams (2002) que a célula muscular, estimulada pelo treinamento de força, pode aumentar seu conteúdo de enzimas e armazenamento de glicogênio e ATP. O aumento de 16 glicogênio, associado ao aumento da proteína muscular, provoca a retenção de água adicional, o que contribui também para o aumento do músculo e do peso corporal. Bompa (2001) afirma que a hipertrofia assume duas formas: – Hipertrofia de curta duração ou aguda: dura apenas algumas horas, e é resultante do acúmulo de fluído (edema) nos espaços intracelulares do músculo, quando exposto à um treinamento intenso, típico do fisiculturismo. A água acumulada no músculo é devolvida ao sangue algumas horas após o treinamento e o aumento desaparece. Essa é uma das razões pelas quais nem sempre a força é proporcional ao tamanho do músculo. – Hipertrofia crônica ou constante: resulta das mudanças estruturais no músculo, causadas pelo aumento tanto do tamanho quanto do número das miofibrilas. Os seus efeitos são mais duradouros do que os da hipertrofia aguda, e contribuem para o aumento da força e do tamanho real dos músculos. Segundo Weineck (1999-b); Bompa e Cornacchia (2000-a), para os melhores resultados na hipertrofia, a carga deve variar entre 60% a 80% de 1 RM (repetição máxima). Bompa e Cornacchia (2000-b) acrescentam que um intervalo de recuperação (IR) diminuído entre as séries (45’’ a 60’’) seja talvez o componente mais importante nas sessões de hipertrofia. Os autores justificam essa afirmação pelo fato de que, num treinamento visando a hipertrofia, o músculo deve ser levado a exaurir suas reservas de ATP-CP e recrutar o maior número possível deunidades motoras. Com esse intervalo relativamente curto entre as séries, o treinamento não proporcionará a recuperação completa das reservas energéticas de CP, forçando o músculo a se adaptar e aumentando sua capacidade de transporte de energia. Isso resultará em crescimento muscular, graças ao aumento de CP nas células musculares e à ativação do metabolismo protéico. Badillo e Ayestarán (2001-b) acrescentam que a hipertrofia obtida está relacionada com o total das proteínas degradadas durante o treinamento. Essa degradação depende da intensidade (peso levantado) e do trabalho mecânico (número de repetições) realizado com esse peso. Com intensidades muito altas, que só permitam realizar uma repetição, há uma taxa de degradação muito alta, mas um trabalho mecânico muito baixo, motivo pelo qual a quantidade total de proteínas degradadas será pequena. Um trabalho mecânico muito elevado (acima de 25 repetições), também não resulta em hipertrofia, pois nesse caso a taxa de 17 degradação será muito baixa. A sugestão de trabalho desses autores para estimular a hipertrofia coincide com a de Bompa e Cornacchia (2000-c), ou seja, cargas intermediárias (60 a 85 % da máxima), variando entre 5, 10 ou 12 repetições. Para que o processo de aumento da massa muscular ocorra com eficiência, Santarém (2002) observa que não basta oferecer o estímulo do treinamento físico, também é necessário manter o organismo em situação metabólica favorável. Esta situação é a predominância do anabolismo sobre o catabolismo, ou seja, das reações de síntese sobre as reações de degradação de matéria. O catabolismo ocorre em situações de estresse, dentre elas o exercício físico, devido ao aumento da produção de cortisol, hormônio secretado pela glândula supra-renal. Já o anabolismo é a construção ou síntese de compostos regulados por hormônios anabolizantes do organismo, como a testosterona, o GH (hormônio do crescimento) e a insulina. Alimentação e repouso (sono) são variáveis muito importantes nesse processo. O aumento da ingestão calórica, juntamente com a ingestão adequada de proteína (1,6 a 1,8 gramas por quilo de peso corporal) e ingestão reduzida de gorduras, sobretudo, as saturadas, é o princípio alimentar mais importante para ganhos de massa muscular durante o treinamento de força (WILLIANS, 2002). A ingestão adequada e regular de carboidratos é um fator importante no treinamento de força, pois esse nutriente, além de ser o principal combustível energético para o sistema nervoso central e para o exercício, possui a função de ajudar na preservação das proteínas teciduais, evitando ou amenizando a gliconeogênese realizada pelo fígado para a transformação da proteína ou gordura em glicose, quando os níveis séricos de glicose ou as reservas de glicogênio estiverem baixas. Em condições extremas, esse processo acarreta uma redução significativa da massa corporal magra e sobrecarga renal (MCARDLE, 1997). 1.3.2 Tipos de Movimentos Musculares O movimento concêntrico é o tipo de contração mais conhecido. O movimento provoca inchaço, devido à aproximação das unidades contráteis do músculo. No início da contração, só mesmo um pequeno número de unidades motoras são ativadas, gerando uma força mínima. Quanto mais aumentar a força necessária para realizar o movimento, maior será o número de unidades motoras 18 suplementares requisitadas. A força que um músculo é capaz de produzir aumenta então, naturalmente, consoante o número de unidades motoras envolvidas. Já o movimento excêntrico trata-se exatamente do contrário. É chamada de fase excêntrica ou negativa e muitas pessoas negligenciam-na erradamente. Por exemplo, quando descemos um haltere, o bíceps alonga-se, apesar de se manter contraído durante certo tempo. Fleck & Kraemer (1999), afirmam que períodos curtos de treinamento excêntrico com duração de 8 a 12 semanas podem gerar aumentos importantes na produção de força isométrica, concêntrica e excêntrica. No movimento excêntrico, os impulsos nervosos continuam a estimular as unidades motoras, apesar da quantidade de unidades ativas serem menores do que no movimento concêntrico. O resultado é, portanto, uma maior pressão colocada em cada uma das fibras musculares em ação. Isto tem uma consequência importante ao nível da dor e da degradação dos tecidos (KRAEMER, 1999). Uma das teorias do desenvolvimento muscular defende que é necessário criar danos no tecido muscular, danos seguidos por uma resposta inflamatória. Segundo o autor Navarro, (1996) essa resposta é um dos mecanismos que vai desencadear a síntese da proteína e, consequentemente, contribuir para um crescimento muscular. Com um treino normal, no movimento excêntrico, descemos a mesma carga com menos fibras musculares, o que significa que cada fibra deve sustentar uma força maior, logo um maior número de fibras é danificado. Teoricamente, um aumento do número de fibras danificadas poderia levar a um aumento do desenvolvimento muscular. Movimentos excêntricos são aqueles que envolvem o alongamento das fibras musculares . 1.4 PLANEJAMENTOS DO TREINAMENTO Para que objetivos de curto, médio e longo prazo sejam alcançados, deve ser realizado um planejamento que leve em consideração a estruturação, execução, controle e avaliação do treinamento. Destaca-se a importância de alguns elementos estruturais: macrociclo, mesociclo e microciclo de treinamento (PLATONOV, 2008; NAVARRO, 1996). 19 Ainda Navarro (1996), defende uma hierarquia em que cada elemento estrutural maior está constituído por outros menores, ou seja: - um macrociclo é composto por vários mesociclos; - um mesociclo é formado por vários microciclos; - um microciclo é um conjunto de sessões de treinamento; 1.4.1 Microciclo Segundo os autores Tubino e Moreira (2003), os microciclos têm durações semanais ou mensais e são susceptíveis às alterações devido às influências externas, porém não deve haver mudanças que afetem o planejamento previamente estabelecido nos meso e macrociclos do treinamento. Os objetivos em curto prazo são conquistados de microciclo á microciclo, como a melhora em alguma técnica mais simples, correção de posicionamento, entre outros. O ajuste da intensidade e volume de treinamento é fundamental nessa fase para se alcançar os resultados esperados sem que haja contratempos. Pelo fato de ser uma periodização onde os resultados são perceptíveis logo no início do treinamento, o treinador deve interagir com o aluno/atleta e expor objetivos, métodos utilizados, discutir dificuldades, prioridades e o desenvolvimento (BISQUOLO, 2010), para que assim não haja homeostase inicial fazendo com que a adaptação biológica impeça o contínuo desenvolvimento positivo dos resultados. 1.4.2 Mesociclo O mesociclo apresenta-se como uma etapa relativamente completa do processo de treinamento, geralmente com duração de três a seis semanas. O Mesociclo é uma etapa mais extensa no período de treinamento e normalmente tem duração de 2 a 6 semanas ou microciclos (BISQUOLO, 2010). O processo de treinamento com base em mesociclos possibilita a sistematização da preparação de acordo com a tarefa principal de determinado período, garante uma dinâmica ótima das cargas, uma composição racional dos 20 vários meios e métodos de preparação, a correspondência entre os fatores da ação pedagógica e das medidas de recuperação, além de atingir a continuidade do desenvolvimento das diversas qualidades e capacidades (PLATONOV, 2008). A duração dos mesociclos são variáveis de acordo com o calendário competitivo ou período proposto para alcançar objetivo geral. Em geral, existem mesociclos em várias etapas, normalmente introdutórios, pré-competitivo, competitivo e recuperação. Podemos citar como exemplo de mesociclo a pré-temporada, onde os atletas voltam de fériase buscam recondicionamento físico visando estar preparados para a temporada (pré-competitivo), Preparação de manutenção de condicionamento, prevenção de lesões e aprimoramento tático de longo prazo durante a temporada (Competitivo) e o trabalho de recuperação, onde o atleta já está esgotado da temporada e precisa de um trabalho com cargas mais leves que não permite que pare totalmente, porém, permite regeneração (Recuperação). 1.4.3 Macrociclo Segundo Navarro (1996), macrociclo é o termo utilizado para descrever um longo ciclo de treinamento que inclui uma fase competitiva, que geralmente tem de 3 a 12 meses de duração. Visto que um mesociclo é formado por vários microciclos, um macrociclo é composto de vários mesociclos (no mínimo quatro). Entendemos assim a denominação de um planejamento geral, visando o maior objetivo de um período longo de treinamento. A união entre os resultados dos micro e mesociclos levam ao resultado conquistado no macrociclo. Ele pode ser variável dependendo da modalidade praticada. Alguns exemplos de macrociclo são: Macrociclo para a temporada de clubes de futebol, normalmente tem duração de um ano. Macrociclo para seleções nacionais de futebol visando a Copa do Mundo, normalmente com duração de quatro anos. Macrociclo de atletas olímpicos visando os Jogos c. 21 CONSIDERAÇÕES FINAIS Com a revolução das técnicas de desenvolvimento muscular cujas envolvem biomecânica do movimento, tempo de fase concêntrica e de fase excêntrica (cadência), tempo de descanso entre outros, e da variabilidade para montar-se um treinamento especifico, é possível adaptar o individuo a uma determinada modalidade ou a um objetivo em especifico e até mesmo hipertrofiar utilizando as possíveis periodizações. Essas por sua vez, nos permitem identificar os mecanismos que governam a hipertrofia muscular e assim melhor utiliza-los. A hipertrofia muscular é regulada por finos mecanismos de sinalização intracelular que contribui em parte para o entendimento das respostas hipertróficas. São imprescindíveis esses conhecimentos para todos os profissionais que trabalham na área para que possam prescrever treinamentos individualizados. É necessário entender que o processo de periodizar um determinado treinamento envolve fatores de extrema importância além dos básicos conhecimentos empíricos que levam um individuo a praticar musculação. Periodizar significa respeitar, todas as determinantes fisiológicas, biológicas e ambientais para que alcance o êxito e não leve o corpo à desestruturação devido o mau uso do treinamento. 22 REFERÊNCIAS BADILLO, Juan J. G.; AYESTARÁN, Esteban G. Fundamentos do treinamento de força: aplicação ao alto rendimento desportivo. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2001. BARBANTI, Valdir J. Teoria e prática do treinamento esportivo. 2.ed, São Paulo: Edgard Blucher , 1997. BARBANTI, Valdir J. Treinamento físico: bases científicas. 3. ed. São Paulo: CLR Balieiro, 2001. BOMPA, Tudor O.; CORNACCIA, Lorenzo J. Treinamento de força consciente. São Paulo: Phorte, 2000. BOMPA, Tudor O. A periodização no treinamento desportivo. São Paulo: Manole, 2001. BOMPA, Tudor O. Periodização: teoria e metodologia do treinamento. 4. ed. São Paulo: Phorte, 2002.. FLECK, S.J.; KRAEMER, J.W. Fundamentos do treinamento de força muscular. 2.ed. Porto Alegre: Artmed, 1999. GOMES, Antonio Carlos. Treinamento desportivo: estruturação e periodização. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. NAVARRO VALDIVIESO, Fernando. Curso: treinamento em alto nivel : modulo I e I I . Belo Horizonte: [s. n.], 1996. MCARDLE, W. D.; KATCH, F. I.; KATCH, V. L. Fisiologia do exercício: energia, nutrição e desempenho humano. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1997. 23 PLATONOV, V. N. Tratado geral de treinamento desportivo. São Paulo: Phorte, 2008. SANTARÉM, José Maria. Textos selecionados sobre atividade física em geral e exercícios resistidos. Disponível em: <http://www.saudetotal.com/saude/musvida/artigos.htm>. Acesso em: 10 Fev. 2016. TUBINO, Manoel José Gomes; MOREIRA, Sérgio B. (Sérgio Bastos). Metodologia científica do treinamento desportivo. 13. ed, Rio de Janeiro: Shape, 2003. WEINECK, J. Treinamento ideal. 9. ed. São Paulo: Manole, 1999. WILLIAMS, M. H. Nutrição para a saúde, condicionamento físico & desempenho esportivo. São Paulo: Manole, 2002.
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