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UNIVERSIDADE PAULISTA ENGENHARIA CIVIL DIOGO CESAR MORENO PAIS ÉRIKA LORRANNY ROCHA CHAGAS GLEIPSON DE OLIVEIRA JACKELINE DA SILVA RODRIGUES RAFAEL TAVERNY MOTA CONCRETO LEVE: Caracterização do concreto leve com EPS e sua aplicação dentro da engenharia civil GOIÂNIA 2019 DIOGO CESAR MORENO PAIS ÉRIKA LORRANNY ROCHA CHAGAS GLEIPSON DE OLIVEIRA JACKELINE DA SILVA RODRIGUES RAFAEL TAVERNY MOTA CONCRETO LEVE: Caracterização do concreto leve com EPS e sua aplicação dentro da engenharia civil Trabalho de conclusão de curso para obtenção do título de bacharel em Engenharia Civil apresentado à Universidade Paulista, Campus Goiânia Flamboyant. Orientador: Prof. M.e Lorena Alves de Oliveira GOIÂNIA 2019 Universidade Paulista – Campus Goiânia Flamboyant – Engenharia Civil FOLHA DE AVALIAÇÃO CONCRETO LEVE: Caracterização do concreto leve com EPS e sua aplicação dentro da engenharia civil Nome (s): DIOGO CESAR MORENO PAIS ÉRIKA LORRANNY ROCHA CHAGAS GLEIPSON DE OLIVEIRA JACKELINE DA SILVA RODRIGUES RAFAEL TAVERNY MOTA Trabalho de conclusão de curso para obtenção do título de bacharel em Engenharia Civil apresentado à Universidade Paulista. BANCA EXAMINADORA Prof. Mestre. Lorena Alves de Oliveira – Orientador Nota atribuída: ......................(.......................) ....................................................... Prof. Especialista. Jefferson Rosa de Souza Nota atribuída: ......................(.......................) ....................................................... Prof. Especialista. Gisela de Sousa Ribeiro Nota atribuída: ......................(.......................) ....................................................... Data: 28/11/2019 AGRADECIMENTOS Queremos agradecer primeiramente а Deus, pela força е coragem durante toda esta longa caminhada e a nossa família que nos deu apoio tanto financeiro, quanto emocional. Agradecemos também a nossa orientadora Prof. Mestre Lorena Alves de Oliveira pela paciência na orientação е incentivo que tornaram possível а conclusão deste trabalho, e aos nossos professores que contribuíram com o nosso aprendizado, com conhecimento e lições que levaremos para toda vida, agradecemos a todos que contribuíram com a realização deste trabalho. “O primeiro dever da inteligência é desconfiar dela mesma.” (Albert Einstein) RESUMO O concreto é o material mais utilizado na construção civil, por ser um material de baixo custo de produção, que possui técnicas conhecidas, mão de obra qualificada e de fácil acesso. Com isso buscam-se formas de utilizar de maneira adequada e visando não comprometer o meio ambiente, de aplicar resíduos de outras indústrias na construção civil. O trabalho teve como objetivo analisar as características físicas do concreto com a substituição parcial do agregado graúdo por pérolas de EPS, visando determinar a resistência a compressão dos corpos de prova moldados, a massa específica afim de determinar o traço mais adequado para a utilização. A dosagem do concreto foi realizada conforme o método IPT/EPUSP (Instituto de Pesquisas Tecnológicas/ Escola Politécnica da Universidade de São Paulo), com corpos de prova sendo moldados seguindo os parâmetros estabelecidos na ABNT NBR 5738 (2015). A resistência foi determinada com corpos de prova com idade de 7, 14 e 28 dias, para cada percentual de agregado graúdo substituído (0%, 15%, 40% e 65%), utilizando os parâmetros estabelecidos na ABNT NBR 5739 (2018). Também foi realizado a determinação da massa específica do corpo de prova, afim de analisar a relação entre a perda de massa com uma possível perda de resistência do material. Através dos resultados obtidos foi possível determinar que o traço que apresentou melhores resultados foi o traço de 40% de substituição do agregado graúdo, pois o mesmo foi o que apresentou uma melhor relação entra a redução da massa específica e a resistência adquirida aos 28 dias. Palavras-chave: Corpos de prova, Resistência, ABNT NBR. ABSTRACT Concrete is the most used material in civil construction, as it is a low cost material of production, which has known techniques, skilled labor and easy access. With this, we seek ways to use it properly and in order not to compromise the environment, to apply waste from other industries in construction. The objective of this work was to analyze the physical characteristics of concrete with partial replacement of coarse aggregate by EPS beads, aiming to determine the compressive strength of the molded specimens, the specific mass in order to determine the most suitable trace for use. The concrete was measured according to the IPT / EPUSP method (Institute of Technological Research / Polytechnic School of the University of São Paulo), with specimens being molded following the parameters established in ABNT NBR 5738 (2015). Resistance was determined with specimens aged 7, 14 and 28 days for each percentage of substituted large aggregate (0%, 15%, 40% and 65%), using the parameters established in ABNT NBR 5739 (2018). It was also performed the determination of the specimen specific mass, in order to analyze the relationship between the mass loss and a possible loss of material resistance. Through the obtained results, it was possible to determine that the trait that presented better results was the 40% substitution trait of the coarse aggregate, because it was the one that presented the best relation between the reduction of the specific mass and the acquired resistance at 28 days. Keywords: Specimens, Resistance, ABNT NBR. LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS Abreviaturas ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas ASTM “American Society for Testing and Materials ‘’ ABRAPEX Associação Brasileira de Poliestireno Expandido BC Baixo calor de hidratação CB-018 Comitê Brasileiro de Cimento, Concreto e Agregados CFCs Clorofluorcarbonetos CP Cimento Portland Eco-92 Conferência do Rio de Janeiro em 1992 EPS Poliestireno Expandido IPT/EPUSP Instituto de Pesquisas Técnológicas da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo NBR Norma Brasileira Regulamentadora RS Resistente a sulfatos Unche Conferência de Estocolmo SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 10 1.1 Justificativa ........................................................................................................... 10 1.2 Objetivos ............................................................................................................... 11 1.2.1 Objetivos específicos .............................................................................................. 11 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................................................... 12 2.1 A história do concreto .......................................................................................... 12 2.2 O concreto na atualidade ..................................................................................... 13 2.3 Cimento ................................................................................................................. 13 2.4 Classificações do concreto .................................................................................... 14 2.5 Classificações dos agregados ................................................................................15 2.6 Propriedades mecânicas do concreto ................................................................... 17 2.6.1 Aderência ............................................................................................................... 17 2.6.2 Resistência ............................................................................................................. 18 2.6.3 Tenacidade ............................................................................................................. 18 2.6.4 Dureza .................................................................................................................... 19 2.7 Propriedades físicas do concreto .......................................................................... 19 2.7.1 Massa específica..................................................................................................... 19 2.7.2 Porosidade .............................................................................................................. 20 2.7.3 Teores de umidade ................................................................................................. 20 2.7.4 Propriedades térmicas ............................................................................................. 20 2.8 Propriedades do concreto no estado fresco ......................................................... 21 2.8.1 Consistência ........................................................................................................... 21 2.8.2 Adensamento.......................................................................................................... 21 2.9 Concreto leve ........................................................................................................ 21 2.10 Concreto com agregados leves ............................................................................. 24 2.11 Poliestireno expandido (EPS) ............................................................................... 26 2.12 Sustentabilidade ................................................................................................... 28 3 METODOLOGIA ......................................................................................................... 30 3.1 Dosagem do concreto ............................................................................................ 30 3.2 Moldagem dos corpos de prova ........................................................................... 31 3.3 Verificação da resistência a compressão.............................................................. 33 3.4 Determinação da massa específica dos corpos de prova ..................................... 35 3.5 Análise estatística ................................................................................................. 35 REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 43 10 1 INTRODUÇÃO O concreto é material construtivo amplamente disseminado. Podendo ser encontrado em casas de alvenaria, rodovias, pontes, edifícios mais altos do mundo, torres de resfriamento, usinas hidrelétricas e nucleares, obras de saneamento e até em plataformas de extração petrolífera móveis. O concreto é uma pedra artificial, a base de um meio cimentante (cimento Portland, cal, gesso), que se molda de acordo com a necessidade de projeto, sendo que no seu estado fresco é um composto plástico, e depois de endurecido tem resistência similar a das rochas. Estima-se que anualmente são consumidas 11 bilhões de toneladas de concreto no mundo, o que segundo a Federación Iberoamericana de Hormigón Premesclado (FIHP), representa aproximadamente, um consumo médio de 1,9 tonelada de concreto por habitante por ano, valor inferior apenas ao consumo de água. No Brasil, o concreto que sai de centrais dosadoras gira em torno de 30 milhões de metros cúbicos. O elevado consumo de concreto influência diretamente na extração de recursos naturais (areia, água, brita, rochas calcárias), gerando resíduos que na maioria das vezes são descartados sem nenhum redirecionamento. Um dos problemas apresentados pelo concreto é a sua dificuldade em vencer grandes vãos, pelo seu alto peso específico, que proporciona grandes flechas a estrutura. Uma das formas de vencer essa particularidade é reduzir o peso específico do concreto. Para isso pode- se utilizar agregados leves, como a cinza volante, argila expandida, pedra-pomes, vermiculita e o poliestireno expandido (EPS). O poliestireno expandido (EPS) se adequa a esses parâmetros, contribuindo com a sustentabilidade, por se tratar de um material 100% reciclável. 1.1 Justificativa O concreto é o material mais utilizado mundialmente na construção civil, sendo utilizado em todos os tipos de construções, desde edificações a pavimentação, em elementos estruturais e não estruturais, sendo responsável por gerar boa parte dos resíduos provenientes da construção civil. Nos dias atuais há uma grande preocupação no desenvolvimento sustentável, tendo em vista isto, a reutilização de materiais passou a ser uma forma viável de aplicação da construção sustentável. Com esta pesquisa busca-se encontrar a melhor forma de reutilizar materiais 11 provenientes de outras indústrias, para reduzir o peso específico do concreto, sem afetar relevantemente as suas características mais benéficas. 1.2 Objetivos Analisar as características físicas do concreto com a substituição parcial do agregado graúdo por pérolas de EPS. 1.2.1 Objetivos específicos a) Determinar os traços de concreto leve a base de EPS, com substituição parcial do agregado graúdo. b) Comparar a resistência a compressão do concreto leve com EPS com o concreto convencional através de ensaios. c) Determinar a massa específica dos corpos de prova a 28 dias. d) Analisar a relação entre a massa específica dos corpos de prova e a resistência a compressão obtida. 12 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 A história do concreto As primeiras construções surgem como uma forma do ser humano buscar abrigo contra as intempéries naturais. Nas construções da antiguidade os materiais mais empregados foram a pedra, madeira e mais tarde as ligas metálicas. O emprego da pedra e madeira data de, pelo menos, 3 mil anos (CLIMACO, 2018). O concreto é um material novo, sendo que até o início do século passado as construções eram realizadas a base de madeira e alvenaria. Apesar da madeira ser abundante na época e de fácil acesso ela apresentava alguns problemas na sua utilização, sendo elas a durabilidade, que era muito afetada pela falta de tratamento das mesmas, e problemas com incêndios. Por conta disso, as principais edificações da época eram realizadas a base de alvenaria de pedras ou barro (CARVALHO, 2008). Um grande avanço ocorreu com o desenvolvimento dos chamados materiais aglomerantes, que endurecem em contato com a agua e tornaram possível a fabricação de uma pedra artificial, denominada concreto ou betão, com a adição de materiais inertes, para aumentar o volume, dar estabilidade físico-química e reduzir custos. Os romanos já utilizavam um tipo de concreto, usando como aglomerantes a cal e a pozolana, de extração natural ou com subprodutos de outros materiais. As primeiras regras conhecidas de dosagem de materiais para concreto são atribuídas a Leonardo da Vinci, mas o uso se propagou, principalmente, a partir do estabelecimento de um processo de fabricação industrial de cimento Portland, por Joseph Apsdin, na Inglaterra, em 1824, que passou a ser reproduzido em todo mundo (CLIMACO, 2018). Apesar de tudo, a definição de cimento estabelecida hoje não poderia ser aplicado à invenção de Aspdin, pois o cimento é realizado através da queima a altas temperaturas, até a fusão incipiente do material, de uma mistura definida de rocha calcária e argila finamentemoídas resultando no clínquer. É duvidoso acreditar que a mistura de Aspdin em 1824, tenha sido realizada a uma temperatura suficiente para produzir o clínquer, além que a sua patente não define as proporções dos ingredientes empregados (CARVALHO, 2008). No Brasil, a fabricação do cimento Portland foi iniciada em 1888, quando o comendador Antônio Proost Rodovalho instalou uma usina em Sorocaba-SP, operando de forma intermitente até 1907 e extinguindo-se definitivamente em 1918. Posteriormente, várias 13 iniciativas esporádicas de fabricação de cimento foram desenvolvidas. Em Cachoeiro do Itapemirim, o governo do Espírito Santo fundou, em 1912, uma fábrica que funcionou até 1924, sendo então paralisada, voltando a funcionar em 1936, após modernização. Em 1924 a Companhia Brasileira de Cimento Portland instalou uma fábrica em Perus, SP, cuja construção pode ser considerada como o marco da implantação da indústria brasileira de cimento (BATTAGIN, 2009). 2.2 O concreto na atualidade O concreto é um dos materiais mais utilizados na construção mundial, estima-se que anualmente são consumidas 11 bilhões de toneladas de concreto no mundo, o que segundo a FIHP (Fedaración Iberoamericana de Hormigón Premesclado) seria de 1,9 toneladas de concreto por habitante por ano, valor inferior apenas ao consumo de água. Pode-se dizer que o concreto é uma pedra artificial, que se molda de acordo com a inventividade construtiva do homem, pois se trata de um material plástico em seu estado fresco, que adquire resistência quando endurece (PEDROSO, 2009). Duas propriedades que se destacam no concreto como material construtivo são a sua resistência a água (diferente do aço e da madeira o concreto sofre menos quando exposto a meios aquosos) e sua plasticidade, que possibilita obter obras construtivas de diversas formas. “O concreto é uma mistura homogênea de cimento, agregados miúdos e graúdos, com ou sem a incorporação de componentes minoritários (aditivos químicos e adições), que desenvolve suas propriedades pelo endurecimento da pasta de cimento”, define Inês Battagin, superintendente do CB-18 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (PEDROSO, 2009). 2.3 Cimento O termo cimento pode ser atribuído a todo material com propriedades adesivas e coesivas, capaz de unir fragmentos de minerais entre si, de modo a formar um todo compacto. A ASTM C 150 (2009) define o cimento Portland como um aglomerante hidráulico produzido pela moagem do clínquer, que consiste essencialmente de silicatos de calcário hidráulico, usualmente com uma ou mais formas de sulfatos de cálcio como um produto de adição. As dosagens do cimento e do concreto, ou seja, as proporções dessas misturas, são tão importantes para a obtenção de um produto de qualidade que são normalizadas. Cada país 14 possui normas técnicas que recomendam como obter diferentes cimentos e concretos para diferentes aplicações. No Brasil, o mercado da construção civil dispõe algumas opções de cimentos, conforme o Quadro 1: Quadro 1- Designação normalizada, sigla e classe do cimento Portland Fonte: ABNT NBR 16697 (2018) 2.4 Classificações do concreto O concreto pode ser definido como pasta e argamassa produzido a partir do uso de um meio cimentante. Geralmente esse meio é o produto da reação entre um cimento hidráulico e água, mas atualmente mesmo essa definição pode cobrir uma larga gama de produtos. O concreto pode ser produzido com vários tipos de cimento e também conter pozolanas, como cinza volante, escoria de alto-forno, sílica ativa, adições minerais, agregados de concreto reciclado, aditivos, polímeros e fibras. Além disso, esses concretos podem ser aquecidos, Designação normalizada(tipo) Subtipo Sigla Classe de resistência Sufixo Cimento Portland comum Sem adição CP I 25,32 ou 40c RS a Ou BC b - Com adição CP I-S Cimento Portland composto Com escória granulada de alto forno CP II-E Com material carbonático CP II-F Com material pozolânico CP II-Z Cimento Portland de alto-forno CP III Cimento Portland pozolânico CP IV Cimento Portland de alta resistência inicial CP V ARI d Cimento Portland branco Estrutural CPB 25,32 ou 40c Não estrutural CPB - - a O sufixo RS significa resistente a sulfatos e se aplica a qualquer tipo de cimento Portland que atenda aos requisitos estabelecidos em 5.3, além dos requisitos para seu tipo e classe originais. b O sufixo BC significa baixo calor de hidratação e se aplica a qualquer tipo de cimento Portland que atenda aos requisitos estabelecidos em 5.4, além dos requisitos para seu tipo e classe originais. c As classes 25,32 ou 40 representam os valores mínimos de resistência á compressão aos 28 dias de idade, em megapascais (MPa), conforme método de ensaio estabelecido pela ABNT NBR 7215. d Cimento Portland de alta resistência inicial, CP V, que apresenta a 1 dia de idade resistência igual ou maior eu 14 Mpa, quando ensaiado de acordo com a ABNT NBR 7215 e atende aos demais requisitos estabelecidos nesta Norma para esse tipo de cimento. 15 curados a vapor, auto-clavados, tratados a vácuo, prensados, vibrados por impactos (shock- vibrated), extrudados e projetados (NEVILLE e BROOKS, 2013). O concreto pode ser classificado em função de suas massas específicas, obtidas pelas diferentes dosagens da mistura, também chamadas de traços, sendo três classes básicas de classificação. Concreto de densidade normal (massa específica no intervalo de 2000 a 2800kg/m³ comumente encontrado em obras em geral), concreto leve (densidade abaixo do intervalo estabelecido para o concreto normal, obtida com o uso de agregados com menor massa específica), concreto pesado (massa específica acima do intervalo estabelecido para o concreto normal, devido ao uso de agregados de alta densidade, usado em blindagem contra radiação) (BAUER, 2016). Os concretos podem também ser classificados em relação à sua resistência à compressão aos 28 dias, sendo eles o concreto de baixa resistência menos de 20MPa (não adequado à finalidade estrutural, segundo a ABNT NBR 6118 (2014), concreto de resistência normal: de 20 a 50MPa e concreto de alta resistência: mais de 50Mpa (NBR 8953, 2015). 2.5 Classificações dos agregados Os agregados são materiais granulares, sem forma e volume definidos, de dimensões e propriedades estabelecidas para o uso em obras conforme a Figura 1. Aproximadamente ¾ do volume do concreto é composto por agregados, que possuem a função de dar volume a mistura do concreto. A qualidade do concreto é diretamente ligada a qualidade do agregado, pois as suas propriedades físicas, térmicas e algumas vezes químicas influenciam no desempenho do concreto. Do ponto de vista financeiro é vantajoso ter uma maior quantidade de agregados no cimento, já que o custo destes sãos menores, porém para se adquirir uma boa qualidade no concreto, deve-se levar em consideração a melhor relação em custo-benefício (NEVILLE e BROOKS, 2013). 16 Figura 1: Agregados comumente encontrados no Brasil. Fonte: ORNELAS (2019) Os agregados podem ser classificados segundo a sua natureza, suas dimensões, sua classificação petrográfica e segundo a sua forma e textura. Quanto a natureza eles se subdividem em agregados naturais e artificiais. Os naturais são os que se encontram de forma particulada na natureza (areia, cascalho ou pedregulho) e os artificiais são aqueles produzidos por algum processo industrial, como as pedras britadas, areias artificiais, escórias de alto-forno e argilas expandidas, entre outros. Os agregados para a construção civil são obtidos de materiais rochosos variados, consolidados ou granulares, fragmentados naturalmente ou por processo industrial. Podem ser oriundos de rochas sedimentarescomo arenitos e siltitos, entre outras; metamórficas como os quartizitos, calcários e gnaisses; ígneas como o granito, Sienitos, basaltos e diabásios (LA SERNA e REZENDE, 2007). A classificação segundo as dimensões subdivide os agregados em graúdos e miúdos. Define-se agregado miúdo como areia de origem natural ou resultante de britagem de rochas estáveis – ou a misturas de ambas –, com grãos que passam pela peneira de 4,8mm e ficam retidos na peneira de 0,075mm. O agregado miúdo não deve conter grãos de um único tamanho. Isso significa que se deve procurar adquirir agregados com boa distribuição granulométrica. Como a quantidade de água no concreto é um fator importante que condiciona, inclusive, a resistência e durabilidade da estrutura, é necessário considerar, também, a quantidade do líquido presente na areia (umidade) na dosagem do concreto. Durante o recebimento e estocagem, a areia deve ser guardada em baias drenadas, para evitar que as parcelas dos grãos finos sejam carreadas (NBR 7211, 2005). Agregado graúdo são o pedregulho ou a brita proveniente de rochas estáveis ou a mistura de ambos, com grãos maiores que 4,8mm. No concreto usado na construção civil, podem ser usadas tanto as britas quanto os pedregulhos, dependendo da necessidade. O importante é que a) areia fina b) areia fina fina c) areia fina grossa d) areia grossa e) bica corrida f) pó de pedra g) brita em geral 17 sejam materiais de boa resistência, limpos e com granulação uniforme, para que possam ser dosados de forma a se obter uma massa de concreto econômica e com a maior resistência possível (MEHTA e MONTEIRO, 1994). Do ponto de vista petrográfico os agregados podem ser divididos em vários grupos de rochas com características comuns. A norma americana ASTM C 294-05 apresenta as descrições dos minerais mais comuns e importantes encontrado nos agregados, sendo eles: minerais de sílica, feldspato, minerais micáceos, minerais corbonáticos, minerais sulfáticos, minerais de sulfeto de ferro, minerais ferromagnesianos, zeólitos, minerais de óxido de ferro e minerais argilosos (ASTM C 294, 2005). As características externas dos materiais, em especial a forma e a textura, são importantes para as propriedades do concreto fresco e endurecido. Embora não exista normalização da ASTM, algumas vezes é utilizado nos Estados Unidos a seguinte classificação, conforme o Quadro 2: totalmente redondo (sem face original), arredondado (quase todas as faces inexistentes), sub arredondado (faces com áreas reduzidas), sub anguloso (alguns desgastes com faces intactas e anguloso (poucas evidencias de desgastes) (NEVILLE e BROOKS, 2013). 2.6 Propriedades mecânicas do concreto 2.6.1 Aderência Aderência é a propriedade que impede que haja escorregamento de uma barra em relação ao concreto que a envolve. É, portanto, responsável pela solidariedade entre o aço e o concreto, fazendo com que esses dois materiais trabalhem em conjunto. A aderência pode ser decomposta em três parcelas, sendo aderência a adesão, ao atrito e aderência mecânica. A aderência por adesão caracteriza-se por uma resistência à separação dos dois materiais. Ocorre em função de ligações físico-químicas, na interface das barras com a pasta, geradas durante as reações de pega do cimento. Para pequenos deslocamentos relativos entre a barra e a massa de concreto que a envolve, essa ligação é destruída (PINHEIRO e MUZARDO, 2003). A aderência ao atrito manifesta-se quando há tendência de deslocamento dos materiais, dependendo da rugosidade da barra e da pressão transversal exercida do concreto sobre a barra. O coeficiente de atrito entre aço e concreto é alto, em função da rugosidade da superfície das barras, resultando valores entre 0,3 e 0,6. A aderência mecânica se dá devido a conformação 18 superficial das barras. Nas barras de alta aderência, as saliências mobilizam forças localizadas aumentando significativamente a aderência (LEONHARDT e MONNIG, 1977). 2.6.2 Resistência A principal propriedade do concreto é a sua resistência a compressão, sendo determinada em corpos de prova padronizados, para possibilitar a comparação dos diversos resultados. Colocando-se uma série de valores de resistências de corpos de prova do mesmo concreto em um gráfico de distribuição, com as tensões medidas no eixo horizontal e as frequências de ocorrência de um dado valor (ou intervalo de valor) no eixo horizontal, obtém- se uma curva de distribuição normal. A área entre a curva e o eixo horizontal é igual a 1. Um valor qualquer da resistência divide esta área nas probabilidades de ocorrência de valores menores e maiores do que este valor. O valor de resistência que tenha 95% de probabilidade de ser ultrapassado denomina-se resistência característica à compressão do concreto, fck (ALMEIDA, 2002). A resistência a compressão do concreto está diretamente ligada a resistência dos agregados nele contido, apesar de não ser fácil determinar a resistência a compressão do agregado. As informações necessárias sobre as partículas dos agregados devem ser obtidas a partir de métodos de ensaios indiretos, como ensaios de esmagamento de amostras preparadas da rocha (NEVILLE e BROOKS, 2013). A resistência a tração depende da direção do esforço, relativamente ao veio da pedra. É determinada pelo ensaio diametral, em que um corpo de prova cilíndrica é submetido a um esforço perpendicular ao eixo do cilindro, sua ordem de grandeza oscila de 10 a 15 MPa (BAUER, 2016). 2.6.3 Tenacidade Tenacidade é uma medida da quantidade de energia que o compósito pode absorver antes de fraturar, expressa, numericamente, pela área sob a curva tensão versus deslocamento vertical obtida no ensaio de tração na flexão com velocidade de deformação controlada. A tenacidade pode ser definida como a resistência do agregado a ruptura por impacto, sendo usual a determinação do índice de impacto de agregados soltos (PINTO JR, 1997). 19 Os ensaios de tenacidade são apresentados pelas normas BS 812-112: 1990 e BS EN 1097-2: 1998. O resultado desse ensaio é relacionado com o índice de esmagamento e pode ser utilizado como ensaio alternativo. O ensaio é dado pelo impacto de um martelo-padrão, golpeando 15 vezes o material analisado, sujeito ao peso próprio, sobre o agregado no interior de um recipiente cilíndrico (NEVILLE e BROOKS, 2013). 2.6.4 Dureza Pode ser definida como a resistência ao desgaste, sendo uma importante propriedade do concreto. No Brasil, a avaliação da dureza de agregados é definida pelo ensaio de abrasão Los Angeles, sendo normalizada pela NBR NM 51:2001, o ensaio Los Angeles combina os processos de atrito e abrasão e dá resultados que mostram uma boa correlação, não somente com o desgaste real dos agregados no concreto, mas também com as resistências à compressão e flexão do concreto produzido com o mesmo agregado (NBR NM 51, 2001). 2.7 Propriedades físicas do concreto 2.7.1 Massa específica A massa específica deve ser cuidadosamente definida, pois há diversos tipos de massa específica. A massa especifica absoluta refere-se ao volume de material sólido excluindo todos os poros. Massa específica é a relação entre a massa de agregado seco e seu volume excluindo os capilares, a massa específica aparente é definida como a relação entre massa do agregado seco e seu volume, incluindo os poros permeáveis. (NEVILLE e BROOKS, 2013). A massa específica refere-se somente ao volume de partículas individuais, e não é fisicamente possível compactar essas partículas de maneira que não existam vazios entre elas. Portanto, quando o agregado vai ser proporcionado em volume, é necessário conhecer sua massa unitária, definida como a massa real necessária para preencher um recipiente de volume unitário, sendo esse o valor utilizado para realizar as conversões entre massa e volume (FREITASJR, 2013). 20 2.7.2 Porosidade A porosidade é uma importante característica física a ser considerada como parâmetro, já que incide no comportamento higroscópico (transferência de água no estado líquido e gasoso), nos mecanismos de desgaste (pressão da cristalização dos sais precipitados), na resistência (a compressão e flexão) e durabilidade das argamassas. A porosidade controla o conteúdo de água (retenção e evaporação da umidade), a penetração do ar na estrutura da argamassa e, portanto, também a carbonatação do hidróxido de cálcio. A porosidade pode ser determinada ou avaliada medindo-se a porosidade total e a absorção capilar (KANAN, 2008). 2.7.3 Teores de umidade É a relação entre a massa de água absorvida pelo agregado e preenchimento total ou parcialmente os vazios, e massa desse mesmo agregado quando seco, podendo ser definido pela quantidade de água que tem na amostra. Pode-se optar por diferentes métodos para se obter esse resultado, através de uma estufa em laboratório de acordo com a NBR 6457 (2016) ou pelo método Speedy sendo que este método é o mais rápido na obtenção do índice de umidade, o que o torna o mais apropriado para ser empregado em obras, o mesmo é preconizado pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - DNIT/ Departamento Nacional de Estradas de Rodagem - DNER em seu Método de Ensino - ME 052/94 (SUPORTE SONDAGENS E INVESTIGAÇÕES, 2019). 2.7.4 Propriedades térmicas As propriedades térmicas têm seu papel importante dentre outras propriedades do concreto. O conhecimento dessas propriedades é fundamental para controlar as variações de volume dentro de certos limites e disciplinar a dissipação do calor gerado pelo concreto, durante a hidratação. As propriedades térmicas do concreto, bem como as resistências do concreto, podem variar consideravelmente devido às variações dos materiais, proporcionamento e produção (ANDRIOLO, 1984). 21 2.8 Propriedades do concreto no estado fresco 2.8.1 Consistência Capacidade maior ou menor que o concreto fresco tem de se deformar, sobre cargas estando relacionado ao processo de trabalhabilidade, transporte, adensamento do concreto, podendo variar com a quantidade de água empregada, granulometria dos agregados e também pela presença de produtos químicos específicos denominados aditivos. Existem diversos testes para medir essa consistência, o mais adotado como esse ensaio de abatimento é o slump test (AMBROZEWICZ, 2012). 2.8.2 Adensamento Pode se considerar a operação que procura evitar a formação de bolhas de ar, eliminar os vazios e segregação de materiais que possam ocorrer durante o lançamento, tornando a mistura mais compacta, menos permeável e, portanto, mais eficaz, algumas peças exigem adensamento lento e concreto fluído, outras permitem concreto plásticos e com adensamento mais energético. Usa se um aparelho chamado vibrador para sua execução, existindo algumas recomendações a serem evitas, inclusive não acionar fora do concreto, não podendo tocar o vibrador na armadura ou nas fôrmas (MEHTA e MONTEIRO, 1994). 2.9 Concreto leve Concreto leve se caracteriza pela redução da massa específica em relação aos concretos convencionais, consequência devido a substituição de parte dos materiais sólidos por ar. Podem ser classificados em concreto celular, concreto sem finos e concreto com agregados leves, conforme a Figura 2. No geral, apresentam massa especifica aparente abaixo de 2000 kg/m³, enquanto a densidade do concreto convencional varia de 2300 a 2500 kg/m³ (ROSSIGNOLO, 2009). 22 Figura 2: Concreto celular, concreto sem finos e concreto com agregados leves a) Concreto celular. b) Concreto sem finos. c) Concreto com agregados leves Fonte: ROSSIGNOLO (2009). A primeira indicação conhecida da aplicação dos concretos com agregados leves data de aproximadamente 10 a.C., quando construtores pré-colombianos, originários da região da atual cidade de El Tajin, localizada no México, utilizaram uma mistura de pedra-pomes com um ligante à base de cinzas vulcânicas e cal para a construção de elementos estruturais. (ROSSIGNOLO, 2009). A respeito desses registros, as aplicações históricas mais conhecidas dos concretos com agregados leves foram construídas pelos romanos, destacando-se, na Itália, o Porto de Cosa, a cobertura do Panteão e o Coliseu de Roma. Os romanos, com a intenção de reduzir as cargas nas estruturas, utilizaram concretos que combinavam aglomerante à base de cal e rochas vulcânicas (ROSSIGNOLO, 2009). Em 1918, ocorreu as primeiras aplicações dos agregados leves artificiais produzidos por Stephen J. Hayde em concreto de cimento Portland, durante a Primeira Guerra Mundial, quando a American Emergency Fleet Building Corporation construiu embarcações com concreto leve. Um exemplo dessas embarcações é o USS Selmo, com 123,3 m de comprimento. Lançado ao mar em 1919 nos Estados Unidos, a estrutura dessa embarcação utilizou cerca de 2000 m³ de concreto leve com argila expandida, com valores de resistência à compressão aos 28 dias de 38,5 MPa e de massa específica de 1905 kg/m3 (CHANDRA e BERNTSSON, 2002). Logo, iniciou nos Estados Unidos as pesquisas para aplicação desse material na construção civil. A primeira aplicação estrutural de concreto leve em edificações ocorreu em 1922, no ginásio da Westport High School, na cidade de Kansas. A baixa capacidade de suporte do solo foi a motivação para o uso do concreto leve na estrutura para com isso reduzir os custos com a estrutura de fundação. Mesmo os agregados leves apresentando custo elevado em relação 23 aos agregados convencionais, o uso desse material proporcionou a redução do custo geral da edificação (ESCSI, 1971). Já a primeira aplicação do concreto leve estrutural em edifícios de múltiplos pavimentos ocorreu em 1929, também na cidade de Kansas, na expansão do edifício de escritórios da Southwestern Bell Telephone Company. Esse edifício construído de 14 pavimentos com estrutura em concreto convencional, foi projetado para receber apenas oito pavimentos. No entanto, projetistas verificaram que se fosse utilizado concreto leve na estrutura poderiam ser executados seis pavimentos adicionais, além dos oito já previstos. Assim, a estrutura dos 14 pavimentos desse edifício foi executada em concreto leve com 25 MPa de resistência à compressão aos 28 dias (ROSSIGNOLO, 2009). Já no Brasil, em 1965, o Grupo Rabello, que então apresentava forte expressão no setor da construção civil brasileira, juntamente com a empresa Compact Engenharia Ltda., fundou a Construção Industrializada Nacional (Cinasa), com o objetivo de produzir elementos pré- fabricados em concreto armado para construção de habitações. Com o intuito de melhorar o desempenho do processo produtivo das unidades habitacionais, verificou-se a possibilidade de utilizar concreto leve nos elementos pré-fabricados, facilitando, assim, o transporte e a montagem das peças. Em virtude da ausência de fornecedores de agregados leves no Brasil, o Grupo Rabello decidiu implantar uma unidade de produção desse material. Essa nova empresa do Grupo, a Cinasita, iniciou a produção de argila expandida em 1968, com um volume mensal de produção de 7500 m³ (ROSSIGNOLO, 2009). O concreto leve estrutural, apresenta-se como um material de construção consagrado em todo o mundo, com aplicação em diversas áreas da construção civil. É viável quando é necessário vencer grandes vãos, como em pontes, lajes e nos elementos flutuantes, como plataformas marítimas. A ampla utilização desse material é particularmente atribuída aos benefícios promovidos pela diminuição da massa específica do concreto, que traz a redução de esforços na estrutura das edificações, a economia com formas e cimbramento, e a diminuição dos custoscom transporte e montagem de construções pré-fabricadas (ROSSIGNOLO, 2009). O concreto leve também pode ser classificado segundo a utilização prevista, em concreto leve estrutural (ASTM C 330-05), concreto leve para componentes para alvenaria (ASTM 331-05) e concreto isolante (ASTM 332-99). A classificação de concreto leve estrutural é baseada em uma resistência mínima e, segundo a ASTM C 330-05, a resistência a compressão aos 28 dias em corpos de provas cilíndricos não deve ser inferior a 17 MPa. A massa especifica de cada concreto determinada no estado fresco, não deve ser maior que 1840 kg/m³ e, 24 normalmente, situa-se entre 1400 e 1800 kg/m³. Por outro lado, o concreto para alvenaria geralmente tem uma massa especifica entre 500 e 800 kg/m³ e resistência entre 7 e 14 MPa. A propriedade essencial do concreto isolante é seu coeficiente de condutividade térmica, que deve ser menor que 0,3 J/m²sºC/m, enquanto a resistência situa-se entre 0,7 e 7 MPa (ASTM C 330, 2005). 2.10 Concreto com agregados leves Quanto à origem, os agregados leves podem ser classificados em naturais ou artificiais. Os principais agregados leves naturais são diatomita, pedra-pomes, escória, cinzas vulcânicas e tufos. Por serem encontrados apenas em algumas regiões, esse tipo de agregado leve não é muito utilizado (NEVILLE e BROOKS, 2013). Os agregados leves artificiais são obtidos em processos industriais e, normalmente, são classificados com base na matéria-prima utilizada e no processo de fabricação, como a argila expandida e o EPS, conforme a Figura 3 (ROSSIGNOLO, 2009). Figura 3: Agregados leves a) Argila Expandida b) Pedra-pomes c) EPS Fonte: ROSSIGNOLO(2009) Os vários tipos de agregados leves disponíveis possibilitam a variação da massa especifica do concreto desde um pouco mais de 300 até 1850 kg/m³, com uma variação correspondente na resistência de 0,3 a 40 MPa, ou mesmo mais elevada em alguns casos. Resistências menores que 60 MPa podem ser obtidas com consumos de cimento muito elevados (560 kg/m³). Em geral, com agregado leve, o consumo de cimento varia desde os mesmos valores do concreto normal até 70% a mais para um concreto de mesma resistência (NEVILLE e BROOKS, 2013). Ocorre, porém, que além da redução da massa específica, a substituição dos agregados convencionais por agregados leves pode ocasionar alterações significativas no desempenho de 25 outras propriedades do concreto estrutural, com destaque para a trabalhabilidade, a resistência mecânica, o módulo de deformação, a durabilidade, a estabilidade dimensional, a condutividade térmica e para a microestrutura da zona de transição pasta-agregado (ROSSIGNOLO, 2009). Para uma mesma trabalhabilidade, o concreto com agregado leve apresenta um menor abatimento de tronco de cone e um menor fator de compactação que o concreto normal devido à ação da gravidade ser menor no caso do material mais leve. Um risco consequente é que, ao utilizar uma trabalhabilidade maior, será maior a tendência à segregação (NEVILLE e BROOKS, 2013). Todos os concretos produzidos com agregados leves apresentam uma movimentação de água maior que no caso do concreto normal. A natureza porosa dos agregados significa que eles têm uma absorção elevada e rápida. Para efeito de comparação, a absorção dos agregados leves em 24 horas varia entre 5 e 20%, enquanto a absorção dos agregados normais é em geral menor que 2%. Portanto, se o agregado estiver seco durante a mistura ele rapidamente irá absorver agua e a trabalhabilidade irá diminuir (NEVILLE e BROOKS, 2013). O uso de agregados miúdos leves, bem como de agregados graúdos leves, agrava o problema com a trabalhabilidade. Portanto, pode ser preferível utilizar agregado miúdo normal com agregados graúdos leves. Esse concreto é classificado como um concreto semileve e, claro, a massa especifica, a condutividade térmica e o modulo de elasticidade são maiores que quando todos os agregados utilizados são leves. A baixa condutividade térmica do concreto com agregado leve é claramente vantajosa para usos que requerem um isolamento muito bom, mas a mesma propriedade causa uma maior elevação da temperatura na cura de grandes massas de concreto, o que é importante para a possibilidade de fissuração térmica nas primeiras idades (NEVILLE e BROOKS, 2013). Um outro aspecto importante a se considerar é o fato de os concretos leves apresentarem um aumento do consumo de energia para sua produção em relação aos concretos normais, para a mesma tensão de trabalho, em função da produção dos agregados leves em fornos rotativos. Deve-se ressaltar, porém, que as vantagens do concreto leve se sobressaem às desvantagens. A energia adicional utilizada na produção dos agregados pode ser facilmente compensada pela redução da massa específica do concreto, que, favorece a redução da armadura, do volume total de concreto e da energia utilizada no transporte e no processo construtivo. Além disso, quando comparado ao concreto convencional, o concreto com agregados leve promove a redução do consumo de energia no condicionamento térmico das edificações quando utilizado nas vedações (ROSSIGNOLO, 2009). 26 2.11 Poliestireno expandido (EPS) EPS, sigla internacional para Poliestireno Expandido, foi descoberto em 1949, na Alemanha, por meio de experimentos, quais os químicos Fritz Stasny e Karl Buchholz conseguiram produzir um novo tipo de material. A composição química surgiu de polímeros e monômeros de estireno, um tipo de hidrocarboneto líquido fabricado a partir do petróleo que, ao serem misturados a gases, levaram à sua expansão e deram formato ao poliestireno. Antigamente, os gases usados nesse processo eram os CFCs (clorofluorcarbonetos), que são destruidores da camada de ozônio, mas hoje já foram substituídos pelo pentano, que não causa nenhum dano (MUNDO ISOPOR, 2019). O produto final é composto de pérolas de até 3 milímetros de diâmetro, que se destinam à expansão. No processo de transformação, essas pérolas são submetidas à expansão em até 50 vezes o seu tamanho original, através de vapor, fundindo-se e moldando-se em formas diversas. Expandidas, as pérolas consistem em até 98% de ar e apenas 2% de poliestireno (ABRAPEX, 2019). O EPS começou a ser utilizado na guarda costeira dos Estados Unidos, em seus barcos e também durante a Segunda Guerra Mundial. No Brasil, esse benefício só chegou por volta dos anos 60, e foi registrado como EPS Isopor em 1998 pela Knauf Isopor. Por esse motivo, o nome "isopor" passou a ser reconhecido nacionalmente como produtos de EPS (MUNDO ISOPOR, 2019). De acordo com a Associação Brasileira da Industria, as principais características do poliestireno expandido são que ele pode ser reciclado infinitas vezes que não perde as propriedades mecânicas (não degrada) é totalmente reciclável, excelente isolante térmico, leveza, resistência a envelhecimento, resistência química, resistência mecânica, resistência à umidade, amortização de impacto, versatilidade e facilidade de formatação e facilidade de manipulação (ABIQUIM, 2014). O EPS tem inúmeras aplicações em embalagens industriais, artigos de consumo e até mesmo na agricultura. Porém, é na construção civil, que sua utilização é mais difundida. A espuma rígida de EPS é comprovadamente um material isolante. Como plástico composto basicamente por vazios, contendo ar e fisicamente estável pode suportar variações de temperaturas de -50º C a +80º C, sendo assim um material isolante da melhor qualidade (ABIQUIM, 2014). 27 Nas últimas décadas, o EPS vem ganhando posição importante na construção civil, não apenas por sua característica isolante, mas também por sua leveza, resistência, facilidade de manuseio. Resistente, fácil de recortar, leve e durável, é um dos melhores materiais parapreenchimento de rebaixos ou vazios necessários a vários processos construtivos, principalmente lajes e painéis pré-fabricados. Essas qualidades ainda permitem que ele seja uma solução para aterros estáveis sobre solos moles. Por suas características, o EPS é ideal para carga leve, isolamento, decoração, construção de estradas, facilitação de drenagem de terrenos e entre outras aplicações (ABIQUIM, 2014). Além do fator ambiental, as vantagens mais evidentes da utilização do EPS em concreto leve decorrem da redução da massa específica do concreto, já que o peso próprio das obras de concreto tem grande participação na carga total da estrutura. Esta redução resulta em ganhos significativos de custos com fôrmas e escoramentos, redução de custos com transporte e agilidade para movimentações de materiais pré-moldados permitindo estruturas mais leves e esbeltas, elevando a produtividade na construção civil (ABIQUIM, 2014). Quando usados como elementos de alvenaria, os blocos de concreto leve com adição de EPS suportam carga semelhantes aquelas vencidas por outros tipos de material que cumprem a mesma função. Os blocos leves, geralmente, são maciços e não vazados, e comparando a carga de ruptura deles e dos tradicionais em relação à pressão, em algumas situações, é possível encontrar na opção com EPS uma resistência maior, conforme Figura 4. A solução chega a ser 70% mais leve do que o bloco de concreto comum. O material é indicado para a execução de paredes rápidas e uma alternativa para o drywall (VELOSO, 2018). Figura 4: Obra feita utilizando blocos de concreto com EPS Fonte: GONÇALVES (2019). 28 2.12 Sustentabilidade A preocupação com o meio ambiente e os impactos do modelo de desenvolvimento para o futuro do planeta está na origem da decisão da ONU de promover a I Conferência sobre o Meio Ambiente Humano, em Estocolmo na Suécia no ano de 1972 (SCOTTO, MOURA CARVALHO e GUIMARÃES, 2008). Esse processo converge para a realização da Conferência das Nações Unidas de Desenvolvimento e Meio Ambiente (ECO-92), que acontece no Rio de Janeiro, em 1992, mobilizando os países e a comunidade cientifica e ambientalista de todo mundo. Como um dos mais importantes acontecimentos politicos do final do seculo XX, propaga a proposta de desenvolvimento sustentável e aprova a Agenda 21, com os postulados centrais de um modelo de desenvolvimento sustentável e a busca de comprometimento das nações com as geraçoes futuras (BUARQUE, 2008). Os 3 Rs da sustentabilidade (Reduzir, Reutilizar e Reciclar) são ações práticas que visam minimizar o desperdício de materiais e produtos, além de poupar a natureza da extração inesgotável de recursos. Adotando estas práticas, é possível diminuir o custo de vida reduzindo gastos, além de favorecer o desenvolvimento sustentável. Reduzir - Consiste em ações que visem à diminuição da geração de resíduos, seja por meio da minimização na fonte ou por meio da redução do desperdício. Reutilizar - Quando um produto é reutilizado, este é reaproveitado na mesma função ou em diversas outras possibilidades de uso. Reciclar - A reciclagem envolve o processamento de um material com sua transformação física ou química, seja para sua reutilização sob a forma original ou como matéria-prima para produção de novos materiais com finalidades diversas (CASTILLIONI, 2016) A indústria da construção civil é sem dúvida uma das maiores produtoras de resíduos no meio ambiente. Além de gerar resíduos, a construção civil também é a maior responsável pelo consumo de recursos naturais: cerca de 50% do total dos recursos extraídos. Essa situação vem trazendo grande preocupação, e é por isso que a conscientização tem se tornado frequente (KISOLTEC, 2017). Em diversas áreas, já são utilizados materiais de diversas origens, desde simples peças de decorações até peças por exemplo com funções termo acústicas, nivelamentos, alternativas autossuficientes entre outros. Ideias como Telhado verde, asfalto-borracha, já são bastante 29 utilizadas. A adição de novos materiais como Borracha e Poliestireno expandido vem como forma de substituição a agregados (KISOLTEC, 2017). Os blocos EPS vem sendo utilizado na construção de rodovias em que são aplicadas o processo Geofoam. Estes blocos são empilhados e cobertos por aterros laterais e pavimentação superior, conforme a Figura 5. Dessa forma, a técnica garante agilidade, redução de custos, durabilidade e sustentabilidade para a obra, além de agregar maior resistência mecânica às rodovias (MUNDO ISOPOR, 2016). Figura 5: Estabilização de solo feito com Poliestireno Expandido. Fonte: Mundo Isopor, 2016. A utilização do EPS é uma pratica extremamente sustentável, por se tratar de um material 100% reciclável e reaproveitável. Na sua fabricação não são utilizados gases CFC (clorofluorcarbonetos), não contribui para a formação do gás metano e não contamina o solo, o ar ou a água. No concreto leve são utilizados em forma de pérolas na substituição do agregado graúdo (EPS BRASIL, 2014). 30 3 METODOLOGIA 3.1 Dosagem do concreto Os ensaios foram realizados no laboratório de Materiais de Construção Civil (MCC), nas dependências da Universidade Paulista campus Flamboyant. Para a moldagem dos corpos de prova foram utilizados cimento Pontland comum, areia média (0,2 a 0,6 mm), brita 1 (4,8 a 12,5 mm) e pérolas de EPS, sendo que os materiais foram adquiridos em lojas de materiais de construção da região. Para a obtenção do traço do concreto foi utilizado o método de dosagem IPT/EPUSP (Instituto de Pesquisas Tecnológicas/ Escola Politécnica da Universidade de São Paulo). O método de dosagem tem como objetivo a obtenção da mistura mais econômica, para obter um concreto que contenha as características adequadas as condições de serviço, tais como: trabalhabilidade, homogeneidade, durabilidade, que seja econômico empregando os materiais disponíveis. São utilizados para a obtenção do concreto o cimento Portland, agregado miúdo, agregado graúdo e água de amassamento do concreto conforme NBR 15900 de 2009. Na fase experimental são necessários três pontos para poder montar o diagrama de dosagem, que relaciona a resistência à compressão, relação a/c do traço e o uso de cimento. O início do estudo parte da avaliação preliminar, com a mistura de um traço 1:5,0 (cimento: agregados secos totais, em massa). Baseado nas informações obtidas dessa mistura, confeccionam-se mais duas, com os traços definidos em 1:3,5 (traço rico) e em 1:6,5 (traço pobre). Para a obtenção dos traços auxiliares utilizou-se a Equação 1: 𝛼 = 1 + a 1 + a + p (1) Onde “α” é o teor de argamassa, “a” é a quantidade de agregado miúdo e “p” é a quantidade de agregado graúdo do traço. Com o auxílio da Equação 1, foram elaborados 4 traços auxiliares, com percentual de substituição de 0%, 15%, 40% e 65% do agregado graúdo, pelo agregado leve. Foi utilizado primeiramente um teor de argamassa de 51%, porém, visto a necessidade, o mesmo foi elevado para 53,4 %. Com esse teor de argamassa, e com a relação de 1:4,75 de cimento e agregados e com a relação a/c de 0,7, por meio da Equação 1 foi obtido o primeiro traço 1: 2,07: 2,68: 0,7. 31 Na figura 6 apresentam-se as figuras referentes a pesagem dos materiais, antes que os mesmos fossem levados a betoneira. Figura 6: Pesagem dos materiais a) Cimento b) Areia c) Brita d) EPS Fonte: Elaborado pelos autores (2019) Utilizando a relação entre a massa unitária do agregado graúdo de 1,462 kg/dm³, que foi determinada em laboratório foi possível realizar a conversão da quantidade de brita de massa para volume, obtendo o volume do agregado graúdo que foi substituído em relação a porcentagem de agregado leve utilizado em cada um dos corposde prova, após foi realizado o processo reverso, e pesado a quantidade de EPS utilizada, para retornar o traço em função da massa, obtendo os demais traços apresentados na Tabela 1. Tabela 1: traços utilizados para a fabricação dos corpos de prova Porcentagem de substituição Traço unitário Traço lançado na betoneira 0% 1 : 2,07 : 2,68 : 0 : 0,7 4,43 : 9,17 : 11,87 : 0 : 3,10 15% 1 : 2,07 : 2,28 : 0,0035 : 0,7 4,43 : 9,17 : 10,10 : 0,0157 : 3,10 40% 1 : 2,07 : 1,61 : 0,0092 : 0,65 4,43 : 9,17 : 7,12 : 0,0409 : 2,88 65% 1 : 2,07 : 1,21 : 0,0144 : 0,63 4,43 : 9,17 : 5,34 : 0,0640 : 2,79 Fonte: Elaborado pelos autores (2019) 3.2 Moldagem dos corpos de prova Foram moldados um total de 60 corpos de prova conforme parâmetros estabelecidos na NBR 5738 de 2015, sendo 5 para cada porcentagem de substituição do agregado graúdo com 32 testes sendo realizados aos 7, 14 e 28 dias. Foram utilizados corpos de prova com diâmetro de 10 cm e altura de 20 cm, com tolerância de 1% no diâmetro e 2% na altura. Antes da moldagem dos corpos de prova, os moldes e suas bases foram revestidos com uma fina camada de óleo mineral como estipulado em norma (NBR 5738, 2015). Na figura 7 está representado a fabricação do concreto na betoneira. Figura 7: Fabricação do concreto Fonte: Elaborado pelos autores (2019) O concreto foi introduzido em duas camadas de volume aproximadamente igual e cada camada foi adensada utilizando uma haste de material metálico, que foi penetrada no concreto por um número de vezes determinado na Tabela 2. A primeira camada foi atravessada em toda a sua espessura pela haste, com golpes distribuídos por toda a sua seção transversal. Nas camadas posteriores a haste penetrou aproximadamente 20 mm na camada anterior. A última camada foi moldada com uma quantidade em excesso de concreto, de modo a atender o volume total do molde com posterior regularização da superfície (NBR 5738, 2015). 33 Tabela 2: Número de camadas para moldagem dos corpos de prova Diâmetros usuais (d) mm Número de camadas em função do tipo de adensamento Número de golpes para adensamento manual Mecânico Manual 100 1 2 12 150 2 3 25 200 2 4 50 250 3 5 75 300 3 6 100 450 5 - - Fonte: NBR 5738 (2015) Após a moldagem colocou-se os moldes sobre uma superfície horizontal rígida, livre de vibrações e de qualquer outra ação que possa perturbar o concreto. Durante as primeiras 24 horas todos os corpos de prova foram armazenados em local protegido de intempéries e cobertos para impedir a perda de água. Após, os mesmos foram submetidos ao processo de cura por submersão, onde ficaram a realização dos ensaios (7, 14 e 28 dias). Figura 8: Processo de fabricação dos corpos de prova a) Corpos de prova emoldurados b) Corpos de prova desmoldados c) Processo de cura Fonte: Elaborado pelos autores (2019) 34 3.3 Verificação da resistência a compressão A determinação da resistência a compressão dos corpos de prova foi realizada conforme a NBR 5739:2018. Para a realização dos ensaios foi necessário a utilização de máquina de ensaio a compressão classe 1, que possui a capacidade de aplicação de força compatível e controlada, sobre o corpo de prova colocado entre os pratos de compressão. A máquina permitia o ajuste da distância entre os pratos de compressão, com deslocamentos que superava o corpo de prova em no mínimo 15 mm (NBR 5739, 2018). Os pratos de compressão são de aço, sendo que o prato inferior é removível e o prato superior é provido de articulação, tipo rótula esférica. Para a determinação das dimensões foi utilizado um paquímetro com resolução igual ou superior a 0,1 mm, com calibração realizada a menos de 24 meses (NBR 5739, 2018). Os corpos de prova foram rompidos à compressão com uma idade determinada, respeitando uma tolerância de tempo descrita na Tabela 3, sendo que a tolerância de tempo para 14 dias foi obtida por interpolação conforme a norma. A idade do corpo de prova foi contada a partir do momento da moldagem do mesmo. Tabela 3: Tolerância de tempo para a idade do ensaio Idade de ensaio (d) Tolerância permitida (h) 7 6 14 12 28 24 Fonte: NBR 5739 (2018) Antes do início do ensaio, foi realizada a limpeza das faces superior e inferior dos pratos e corpos de prova. Estes foram cuidadosamente centralizados no prato inferior, com o auxílio dos círculos concêntricos de referência. O carregamento de ensaio foi aplicado continuamente e sem choques, com velocidade de carregamento de (0,45 ± 0,15) MPa/s. a velocidade de carregamento foi mantida constante durante todo o ensaio. O carregamento foi interrompido quando houve uma queda de força que indicou a ruptura (NBR 5739, 2018). A resistência a compressão foi obtida através da Equação 2 a seguir: 𝐹𝑐 = 4𝐹 𝛱𝑥𝐷2 (2) 35 Onde Fc é a resistência a compressão, expressa em megapascals (MPa), F é a força máxima alcançada, expressa em newtons (N) e D é o diâmetro do corpo de prova, expresso em milímetros (mm). Os resultados a resistência a compressão foram expressos em megapascals (MPa), com três algarismos significativos. Através dos resultados obtidos, foi possível estabelecer o percentual de substituição que obteve o melhor desempenho, levando em consideração a sua resistência aos 7, 14 e 28 dias. 3.4 Determinação da massa específica dos corpos de prova A determinação da massa específica foi realizada em laboratório, com corpos de prova de idade igual a 28 dias. Para isso foi necessário determinar o volume do corpo de prova e a massa do mesmo. A determinação foi realizada antes do teste de resistência a compressão, onde com um paquímetro foi determinada as dimensões do corpo de prova (altura e diâmetro) e com a balança foi determinada a massa do corpo de prova. A massa específica foi obtida a partir da Equação 3: 𝜌 = 4𝑚 Π ∗ d2 ∗ ℎ (3) Onde ρ é a massa específica (kg/m³), m é a massa do corpo de prova (kg), d é o diâmetro do corpo de prova (m) e h é a altura do corpo de prova (m). Com a determinação da massa específica de cada porcentagem de substituição, utilizando a Equação 3, foi possível realizar a comparação entre a redução da massa específica com a resistência a compressão adquirida. 3.5 Análise estatística Os dados foram submetidos a análise de variância, caso o resultado fosse significativo seria aplicado um teste de medias onde não poderia haver uma variação superior a 5% em relação as resistências encontradas. Os resultados encontrados foram lançados no programa Sisvar que realizou a análise dos resultados encontrados (FERREIRA, 2009). No trabalho realizado deseja-se obter uma redução do peso específico do concreto para que o mesmo fique abaixo de 1800 Kg/m³. Após, foi realizado uma análise entre a redução da massa específica em função do aumento do percentual do agregado leve, com uma possível perda de 36 resistência do concreto provocada pela substituição do agregado. Os resultados foram apresentados em gráficos da resistência em função da massa específica do corpo de prova. 37 4 ESTUDO DE CASO 4.1 Determinação dos traços utilizados O traço inicial foi 1: 2,07: 2,68: 0,7, que foi utilizado para a moldagem dos corpos de prova que não tiveram substituição do agregado graúdo. A partir deste traço foi determinado o traço com as porcentagens de substituição do agregado graúdo (15%, 40% e 65%), sendo que a relação água cimento foi reduzida para 0,65 nos corpos de prova com substituição de 40% do agregado graúdo, e para 0,63% nos corpos de prova de 65% de substituição. 4.2 Resistência obtida Em todas as idades os corpos de prova que apresentaram uma maior resistência foram os que não tiveram substituição do agregado graúdo, e conforme foi aumentando o percentual de substituiçãoa sua resistência foi reduzindo. Os resultados obtidos estão apresentados na Tabela 4. Tabela 4: Resistência média dos corpos de prova aos 7, 14 e 28 dias Porcentagem de substituição Idade do corpo de prova (dias) Resistência média (mPa) 0 7 11.65 a 15 8.82 b 40 6.39 c 65 4.7 c 0 14 12.24 a 15 10.26 ab 40 8.62 b 65 5.29 c 0 28 16.73 a 15 12.67 b 40 10.53 bc 65 6.87 c As médias seguidas da mesma letra não diferem a 5 % pelo teste de Tukey Fonte: Elaborado pelos autores (2019) 38 As médias seguidas pela letra “a” representa os melhores resultados obtidos no teste, “b” os resultados intermediários e “c” os que apresentaram os piores resultados. Através do teste de Tukey verificou-se que aos 14 dias os corpos de prova com 15% de substituição, não diferenciam a resistência dos corpos de prova sem substituição e também os corpos de prova de 15% e 40% aos 28 dias. Com as resistências obtidas, foi realizado uma relação entre a resistência dos corpos de prova, e o tempo de fabricação dos mesmos, obtendo assim a linha de tendência de cada percentual de substituição, conforme apresentado no Gráfico 1. Gráfico 1: Resistência em função do tempo Fonte: Elaborado pelos autores (2019) Através do gráfico foi implantada a linha de tendência de crescimento de cada percentual de substituição, apresentando a sua equação da reta e seu R² que representa a probabilidade de um ensaio realizado sob os mesmos parâmetros apresentarem os mesmos resultados. Através da equação da reta é possível identificar o coeficiente angular, que representa o ângulo de crescimento da reta, e o coeficiente linear, que representa o valor inicial de cada reta. Apesar do resultado apresentar uma reta de crescimento, a resistência para de 11,65 12,24 16,73 8,82 10,26 12,67 6,39 8,62 10,53 4,7 5,29 6,87 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 7 dias 14 dias 28 dias R es is tê n ci a m éd ia a c o m p re ss ão Idade dos corpos de prova Resistência x Tempo 0% 15% 40% 65% 39 crescer aos 28 dias, que é quando o concreto apresenta a sua resistência média característica máxima. Os dados referentes as equações das retas estão apresentadas na Tabela 5. Tabela 5: Equação reduzida da reta % Equação reduzida da reta Coeficiente angular Coeficiente linear R² (%) 0% y = 0,2532x +9,405 0,2532 9,405 94,93 15% y = 0,1817x + 7,615 0,1817 7,615 99,79 40% y = 0,1885x + 5,435 0,1885 5,435 94,59 65% y = 0,1047x + 3,91 0,1047 3,910 99,55 Fonte: Elaborado pelos autores (2019) 4.3 Determinação da massa específica dos corpos de prova Tendo em vistas que as dimensões do corpo de prova são conhecidas (0,1 metro de diâmetro e 0,2 metro de altura) os dados foram submetidos a Equação 3, onde foi possível determinar a massa específica dos corpos de prova conforme Tabela 6. Tabela 6: Massa específica dos corpos de prova aos 28 dias. Massa dos corpos de prova (g) Porcentagem de substituição 0% 15% 40% 65% 3706.3 3512.2 3058.2 2722.8 3751.4 3476.4 3099.8 2777.9 3673.9 3492.4 3061.7 2715.7 3648.8 3475.7 3112.7 2731.6 3664.1 3470.6 3129.7 2713.5 Média (g) 3688.9 3485.46 3092.42 2732.3 Massa especifica (kg/m³) 2348.43 2218.91 1968.7 1739.44 Fonte: Elaborado pelos autores (2019) Através dos resultados obtidos, foi possível analisar que a partir de 40% de substituição do agregado graúdo por EPS, o concreto já pode ser classificado como concreto leve, pois a sua 40 massa específica ficou abaixo dos 2000 kg/m³. Ainda foi possível verificar uma redução de 5,52% na massa específica dos corpos de prova com substituição de 15%, comparado aos corpos de prova sem substituição, 16,17% de redução nos de 40% de substituição e 25,93% de redução nos corpos de prova de 65% de substituição. 4.4 Relação entre massa específica e resistência Através dos resultados obtidos, foi possível analisar uma perda progressiva de resistência, suscetível ao aumento da quantidade de agregado graúdo leve, fazendo que a massa específica dos corpos de prova analisados fosse diretamente proporcional a resistência adquirida pelos mesmos, conforme apresentado no Gráfico 2. Ainda foi possível analisar que nos corpos de prova com 65% de substituição, não houve um ganho de resistência considerável no decorrer dos dias. Gráfico 2: Resistência média em função da massa específica aos 28 dias Fonte: Elaborado pelos autores (2019) O gráfico apresenta a resistência média de cada percentual de substituição do agregado graúdo aos 28 dias, com a massa específica média dos mesmos, e através da linha de tendência, foi possível analisar que a relação entre a massa específica e a resistência média dos corpos de prova com percentual de substituição de 15% ficaram abaixo da expectativa, e que os corpos 16,73 12,67 10,53 6,87 R² = 0,9517 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 1600 1700 1800 1900 2000 2100 2200 2300 2400 2500 R es is tê n ci a m éd ia Massa específica Massa específica x Resistência média 41 de prova com 0% e 40% obtiveram resultados acima do esperado. Ainda foi possível analisar, através do valor do R², que os dados possuem 95,17% de confiabilidade. 42 5 CONCLUSÃO Através dos resultados obtidos no estudo de caso e da analise realizada, pode-se inferir que o traço que apresentou melhores resultados, foi com o percentual de substituição de 40% do agregado graúdo, pois apesar da resistência do traço de 15% ter sido maior, aos 28 dias pelo teste de Tukey não houve diferenciação entre os mesmos, e ao fazer a análise entre a massa específica e a resistência adquirida, pode-se concluir através da linha de tendência, que a relação entre a massa específica e a resistência dos corpos de prova com 15% de substituição ficou abaixo do esperado, enquanto os de 40% ficaram acima. Apesar disso, também pode ser utilizado o traço com percentual de 65% de substituição, em locais onde não seja necessária grande resistência, como por exemplo em enchimento de lajes. Com isso pode-se concluir que os traços fabricados podem ser utilizados em partes não estruturais de uma construção (enchimento de lajes, tampas para reservatórios, fabricação de blocos de vedação, calçadas, entre outros), porém o mesmo não impede que o estudo seja realizado para concreto estrutural, desde que seja reduzido a relação água cimento, e que utilize um traço mais rico, para que o mesmo possa adquirir uma maior resistência, sem que haja uma perda de trabalhabilidade. Para estudos futuros, devem ser realizados alguns procedimentos visando a obtenção de melhores resultados, tais como a realização do capeamento com enxofre regularizando a superfície dos corpos de prova, para que a força aplicada pela máquina seja axial, não ocasionando uma variação nos resultados, também pode-se utilizar agregados de melhor qualidade, em conjunto com a utilização de um aglomerante com maior MPa, para obter uma maior resistência. 43 REFERÊNCIAS ABIQUIM. EPS. 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