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HEMATOLOGIA-CLÍNICA

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1 
 
 
2 
SUMÁRIO 
INTRODUÇÃO ................................................................................................. 5 
1 HEMATOLOGIA .......................................................................................... 6 
1.1 O SANGUE: Considerações Gerais ..................................................... 6 
1.2 Composição do sangue ........................................................................ 7 
1.3 Formação do sangue............................................................................ 7 
2 HEMATOPOESE ........................................................................................ 8 
3 FISIOLOGIA DOS ERITRÓCITOS E LEUCÓCITOS .................................. 9 
3.1 Eritrócitos ............................................................................................. 9 
3.2 Hemoglobina ...................................................................................... 10 
3.3 Leucócitos .......................................................................................... 11 
4 HEMOGRAMA COMPLETO ..................................................................... 13 
4.1 Eritrograma ......................................................................................... 13 
4.2 Contagem de hemácias na câmara de Neubauer .............................. 13 
4.3 Dosagem da hemoglobina pelo método da cianometemoglobina ...... 14 
4.4 Determinação do hematócrito pelo método do microhematócrito ...... 15 
4.5 Determinação do microhematócrito .................................................... 15 
4.6 Leitura dos resultados ........................................................................ 15 
4.7 Índices hematimétricos ....................................................................... 16 
4.8 V.C.M – Volume corpuscular médio ................................................... 16 
4.9 H.C.M. – Hemoglobina corpuscular média: ........................................ 16 
4.10 C.H.C.M. – Concentração de hemoglobina corpuscular média:...... 17 
4.11 Leucograma .................................................................................... 17 
4.12 Contagem global de leucócitos com câmara de Neubauer ............. 17 
4.13 Forma Leucocitária Relativa ............................................................ 18 
4.14 Forma Leucocitária Absoluta ........................................................... 18 
 
3 
5 ALTERAÇÕES DO ERITROGRAMA ........................................................ 19 
5.1 Anemias ............................................................................................. 19 
5.2 Anisocitose ......................................................................................... 21 
5.3 Macrocitose ........................................................................................ 21 
5.4 Microcitose ......................................................................................... 22 
5.5 Hipocromia ......................................................................................... 23 
5.6 Policromatocitose ............................................................................... 23 
5.7 Eritroblásto ......................................................................................... 23 
6 ALTERAÇÕES DO LEUCOGRAMA ......................................................... 24 
6.1 Neutrocitose ou Neutrofilia ................................................................. 25 
6.2 Neutropenia ou Neutrocitopenia ......................................................... 25 
6.3 Eosinofilia ........................................................................................... 26 
6.4 Eosinopenia ........................................................................................ 27 
6.5 Linfocitose .......................................................................................... 27 
6.6 Linfopenia ........................................................................................... 27 
6.7 Monocitose ......................................................................................... 28 
6.8 Basofilia .............................................................................................. 28 
7 HEMOSTASIA E COAGULAÇÃO ............................................................. 29 
7.1 Causas das Hemorragias e investigação laboratorial ........................ 31 
7.2 Tempo de Sangramento (Método de Duke) ....................................... 32 
7.3 Tempo de Coagulação (Método de Lee - White) ................................ 33 
7.4 Medida de Retração do Coágulo ........................................................ 34 
7.5 Prova de Resistência Capilar ou Prova do Laço (Rumpel-Leed) ....... 35 
7.6 Determinação do Tempo de Protrombina (TP) ................................... 36 
7.7 Tempo de Tromboplastina Parcial Ativado (TTPa) ............................. 36 
7.8 Contagem de plaquetas ..................................................................... 37 
7.9 Método de Fônio ................................................................................ 38 
 
4 
7.10 Método de Rees -Ecker................................................................... 38 
8 OUTROS EXAMES EM HEMATOLOGIA ................................................. 40 
8.1 Contagem de Reticulócitos ................................................................. 40 
8.2 Hemossedimentação (VHS) ............................................................... 41 
8.3 Pesquisa de Células LE (Lúpus eritematoso) ..................................... 42 
8.4 Teste Citomorfológico......................................................................... 43 
8.5 Pesquisa de Drepanócitos (Hemácias Falciformes) ........................... 43 
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 45 
9 LEITURA COMPLEMENTAR .................................................................... 46 
 
 
 
5 
INTRODUÇÃO 
Prezado aluno, 
 
A Rede Futura de Ensino, esclarece que o material virtual é semelhante ao da 
sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno 
se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, 
para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse 
aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No 
espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser 
direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que 
lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
6 
1 HEMATOLOGIA1 
1.1 O SANGUE: Considerações Gerais 
 
Fonte: lh6.ggpht.com 
O sangue é a porção líquida do meio interno que circula rapidamente dentro de 
um sistema fechado de vasos denominado sistema circulatório. É constituído por um 
fluido no qual existem células em suspensão, moléculas e íons dissolvidos em água, 
apresentando propriedades das soluções coloidais. 
Uma característica importante do sangue é a constância da sua composição 
química e propriedades físicas, assegurando condições físicas para o funcionamento 
das células. Ele é constantemente renovado pela entrada e saída de substâncias que 
modificam discretamente sua composição. 
A constância da composição do sangue, com estreita faixa de variação, é o 
resultado mantido pela rapidez pela qual as substâncias deixam e entram no sangue 
quando estão em excesso ou em concentrações abaixo do normal respectivamente.1 Apostila elaborada com base no texto de Wanessa Lordêlo P. Vivas 
 
7 
1.2 Composição do sangue 
O sangue é constituído de duas frações combinadas, sendo 55% para o plasma 
e 45% para as células. 
A porção acelular ou plasma é constituído de 91,5% de água que serve de 
solvente das substâncias orgânicas e minerais e ainda de veículo para as células, 
moléculas e íons. Os restantes 8% são formados por proteínas, sais e outros 
constituintes orgânicos em dissolução. 
A porção celular apresenta três tipos de células em suspensão no plasma: 
 Glóbulos vermelhos, hemácias ou eritrócitos. 
 Glóbulos brancos ou leucócitos. 
 Plaquetas ou trombócitos. 
 
 
Fonte: fotos.sapo.pt 
1.3 Formação do sangue 
Plasma: é a porção fluida do sangue não coagulado; contém os fatores da 
coagulação, exceto aquele removido pelo anticoagulante; é formado à custa da 
ingestão de água, de alimentos, da difusão e trocas líquidas entre os vários 
compartimentos do organismo. 
Soro: é a porção líquida amarelada do sangue que resta após a coagulação e 
remoção do coágulo. Não contém elementos celulares nem a maioria dos fatores da 
 
8 
coagulação. Apresenta em solução sais minerais, vitamina, glúcides, prótides, lípides, 
enzimas, hormônios, produtos anabólicos e catabólicos, substâncias também 
encontradas no plasma. 
A porção do sangue que não é o plasma ou seja, a parte celular, consiste de 
elementos figurados. Os elementos figurados incluem os eritrócitos (células 
vermelhas), vários tipos de leucócitos (células brancas) e plaquetas (trombócito). 
 
 
Fonte: adbss.no.sapo.pt 
2 HEMATOPOESE 
A palavra hematopoese significa formação das células do sangue. Abrange o 
estudo de todos os fenômenos relacionados com a origem, com a multiplicação e a 
maturação das células primordiais ou precursora das células sanguíneas, em nível da 
medula óssea. A hematopoese se divide em dois períodos: 
1.Período Embrionário e Fetal: Iniciando no primeiro mês de vida pré-natal, 
surgem as primeiras células fora do embrião, são os eritroblastos primitivos. Na sexta 
semana, tem início a hematopoese no fígado; o principal órgão hematopoiético nas 
etapas inicial e intermediária da vida fetal. Na fase intermediária da vida fetal, o baço 
e os nodos linfáticos desempenham um papel menor na hematopoese, mas o fígado 
continua a dominar essa função. Na segunda metade da vida fetal, a medula óssea 
torna-se cada vez mais importante para a produção de células sanguíneas. 
 
9 
2. Período Pós-natal: Logo após o nascimento, cessa a hematopoese no 
fígado, e a medula passa a ser o único local de produção de eritrócitos, granulócitos 
e plaquetas. As células-tronco e as células progenitoras são mantidas na medula 
óssea. Os linfócitos B continuam a ser produzidos na medula e órgãos linfoides 
secundários e os linfócitos T são produzidos no timo e também nos órgãos linfoides 
secundários. Ao nascer o espaço medular total é ocupado pela medula vermelha; na 
infância apenas parte desse espaço será necessária para a hematopoese; o espaço 
restante fica ocupado pelas células de gordura. 
Mais tarde apenas os ossos chatos (crânio, vértebras, gradil torácico, ombro e 
pelve) e as partes proximais dos ossos longos (fêmures e úmeros) serão locais de 
formação de sangue. 
3 FISIOLOGIA DOS ERITRÓCITOS E LEUCÓCITOS 
3.1 Eritrócitos 
 
Fonte: www.afh.bio.br 
São células pequenas, circulares, com forma aproximada de discos 
bicôncavos, com 7,5 mm de diâmetro e sem núcleo. São os mais numerosos tios 
celulares no sangue. Embora seu número seja variável, um milímetro cúbico de 
sangue contém cerca de 4.5 a 6.1 milhões dessas células nos homens e cerca de 4.1 
 
10 
a 5.3 milhões nas mulheres. Essas células circulam pelo sangue circulante durante o 
período de aproximadamente 120 dias antes que sejam destruídas. 
3.2 Hemoglobina 
 
Fonte: 3.bp.blogspot.com 
É uma substância pigmentada, formada por duas partes: (1) porção que contém 
ferro denominada heme e (2) porção proteica, denominada globina. A globina consiste 
de quatro cadeias polipeptídicas, cada uma das qual ligada a um grupo heme. 
Cada grupo heme contém um átomo de ferro que se combina reversivelmente 
com uma molécula de oxigênio. Dessa forma, cada molécula de hemoglobina pode 
potencialmente associar-se com quatro moléculas de oxigênio. A principal função da 
hemoglobina e o transporte de oxigênio e gás carbônico, permitindo as trocas gasosas 
necessárias ao metabolismo orgânico. 
 
11 
3.3 Leucócitos 
 
Fonte: queconceito.com.br 
São elementos figurados do sangue que estão envolvidos no sistema de defesa 
do organismo contra doenças e infecções. Por meio de fagocitose, eles defendem os 
tecidos contra invasão de organismos ou substâncias estranhas, removendo também 
os restos resultantes da morte ou de ferimentos celulares. Alguns leucócitos são 
capazes de passar através da parede intacta dos vasos chamada de diapedese; 
agindo assim principalmente no tecido conjuntivo frouxo. 
São transportados pelo sangue para todo o corpo, a partir da medula óssea, 
onde são formados. Os leucócitos estão presentes no sangue em muito menor 
número que os eritrócitos, com cerca de 4.000 a 10.000 leucócitos por milímetro 
cúbico de sangue. 
1. Neutrófilos: são conhecidos também como polimorfonucleares e 
correspondem cerca de 50 a 70% das células circulantes; possuem grânulos 
citoplasmáticos pequenos corados fracamente em púrpura-avermelhado. Os 
neutrófilos são capazes de deixar os vasos sanguíneos e entrar nos tecidos, onde 
protegem o corpo e fagocitando bactérias e substâncias estranhas ao organismo. 
 
12 
Existe uma célula precursora do neutrófilo segmentado, é o Bastão. São assim 
chamados porque seu núcleo não amadureceu completamente, embora seu 
citoplasma tenha características de célula madura. Em infecções bacterianas agudas 
pode-se encontrar um desvio a esquerda, ou seja, uma elevação do número de 
bastões. 
2. Eosinófilos: possuem grânulos corados em laranja-avermelhado e fagocitam 
complexos antígeno-anticorpo. Seus núcleos geralmente têm dois lobos conectados 
por um filamento. O número de eosinófilos circulantes aumenta de forma muito 
acentuada no sangue circulante durante as reações alérgicas, e durantes as 
infestações parasitárias. 
3. Basófilos: possuem grânulos relativamente grandes corados em azul 
púrpura; liberam histamina (contribui para as respostas alérgicas dilatando e 
permeabilizando os vasos sanguíneos) e heparina (previne a coagulação do sangue). 
Os basófilos funcionam similarmente aos mastócitos, que são encontrados no tecido 
conjuntivo. 
4. Monócitos: possuem um único núcleo; são células grandes. São formados 
por monoblastos; São capazes de entrarem no tecido conjuntivo frouxo, onde se 
desenvolvem em grandes células fagocíticas denominadas macrófagos, que podem 
ingerir bactérias e outras substâncias estranhas ao organismo. 
5. Linfócitos: são o segundo tipo mais abundante de leucócitos (após os 
neutrófilos), compreendendo cerca de 30% dos glóbulos brancos em circulação; a 
maioria se localiza no tecido linfoide e são formados por linfoblastos. São leucócitos 
pequenos, sendo apenas um pouco maiores que os eritrócitos, e cada um deles têm 
um núcleo que é circular ou algo recortado num dos lados. São importantes nas 
respostas imunes específicas do corpo, incluindo a produção de anticorpos. 
 
13 
4 HEMOGRAMA COMPLETO 
 
Fonte: www.mycmllife.eu 
4.1 Eritrograma 
Constitui o estudo da séria vermelha, revelando alguns tipos essenciais de 
alterações patológicas do sistema eritropoético como eritrocitoses e anemias. 
4.2 Contagem de hemácias na câmara de Neubauer 
Os métodos para contagem global das células sanguíneas consistem 
geralmente em diluir o sangue, em proporção conhecida, com um líquido diluidor 
chamado Hayem, permitindo a conservação das células em estudo. 
1. Pipetar 4 ml do líquido diluidor em um tubo deensaio. 
2. Com a pipeta transferir 0,02 ml de sangue. Limpar a parede externa da 
ponteira com auxílio de papel absorvente. 
 
14 
3. Transferir os 0,02 ml de sangue para o tubo com o líquido diluidor, lavando 
com ele o interior da ponteira por aspiração e expulsão do líquido. A diluição é de 
1:200. 
4. Agitar suavemente por inversão para uma correta homogeneização. 
5. Com uma pipeta preencher os retículos da câmara de contagem, evitando 
excesso de líquido e bolhas de ar sob a lamínula aderida firmemente à câmara. 
6. Deixar repousar por dois minutos para sedimentação dos glóbulos. 
7. Focalizar a preparação com pequeno aumento no microscópio para localizar 
o retículo e observar a distribuição uniforme das hemácias. Observar então, com 
aumento de 100X ou 400X, conforme necessidade. 
8. Fazer a contagem de todas as hemácias encontradas nos quadros marcados 
“H” na figura relativa ao retículo de Neubauer, ou seja, 1/5 de mm2. Sistematizar a 
contagem segundo a figura abaixo. Contar os elementos em negro. 
Cálculos: Hemácias por ml de sangue = H.c. x 5 x 10 x 200 
4.3 Dosagem da hemoglobina pelo método da cianometemoglobina 
É o método de referência para a dosagem de hemoglobina. Dosam todas as 
suas formas exceto a sulfemoglobina. A desvantagem reside na extrema toxidade do 
cianeto usado no preparo do reagente (solução de Drabkin), mas pode ser resolvida 
pela aquisição já preparada, de concentração mínima. 
Temos usado, com bons resultados, os reagentes Labtest; a solução de 
Drabkin modificada e o padrão de hemoglobina de concentração conhecida. Calcula-
se um fator determinado a absorbância de 0,02 ml do padrão em 5ml da solução de 
cianeto, através da fórmula: 
 
Fonte: www.mycmllife.eu 
O zero é estabelecido com água destilada em 540nm. O sangue em estudo, 
diluído de modo idêntico a padrão (0,02 ml para 5 ml de Drabkin) fornece outro valor 
 
15 
de absorbância, que multiplicando pelo fator de g% de hemoglobina pela multiplicação 
de cada unidade de leitura pelo fator. 
 
Fonte: www.mycmllife.eu 
4.4 Determinação do hematócrito pelo método do microhematócrito 
Hematócrito é o volume de hemácias expresso como percentagem do volume 
de uma amostra de sangue total, ou seja, mililitros de hemácias por decilitro de 
sangue. 
4.5 Determinação do microhematócrito 
1. Encher com o sangue o tubo para microhematócrito, até dois terços do seu 
volume. Para tubos heparinizados o sangue capilar pode ser usado. 
2. Selar o tubo, introduzido a extremidade vazia na massa própria, com 
movimentos de rotação, até aproximadamente 5mm de profundidade. 
3. Encher os demais tubos de modo idêntico. 
4. Coloca-os na microcentrifuga em posição diametralmente opostas com a 
parte selada voltada para fora. Observar a numeração evitando a troca de resultados. 
5. Após tampar convenientemente a microcentrifuga, coloca-a em movimento 
por cinco minutos. Tempo superior a este não altera a sedimentação dos glóbulos. 
6. Desligar o aparelho. Retirar os tubos e fazer a leitura usando a escala própria. 
4.6 Leitura dos resultados 
1. Colocar o tubo sobre a escala, fazendo coincidir a extremidade inferior das 
células centrifugadas com a linha zero. 
2. Deslocar o tubo paralelamente às linhas verticais fazendo coincidir o menisco 
superior do plasma com a linha 100. 
3. Ler a percentagem do volume hematócrito na escala graduada ao nível da 
superfície das hemácias no tubo. 
 
16 
4.7 Índices hematimétricos 
Índices hematológicos ou hematimétricos são determinados a partir da 
contagem global dos eritrócitos, taxa de hemoglobina e determinação do hematócrito. 
Tais elementos, deverão ser padronizados pelo laboratório, fornecendo-se sempre 
resultados na unidade de percentagem do normal. 
4.8 V.C.M – Volume corpuscular médio 
É o volume médio das hemácias expresso em fentolitros. Representa, portanto, 
o quociente de um determinado volume de hemácias pelo número de células contidas 
no mesmo volume. 
 
 
Fonte: s3.amazonaws.com 
4.9 H.C.M. – Hemoglobina corpuscular média: 
É o conteúdo médio de hemoglobina nas hemácias expresso em picogramas. 
Representa, portanto, o quociente de conteúdo de hemoglobina em um 
determinado volume de hemácias pelo nº de células contidas no mesmo volume. 
 
Fonte: s3.amazonaws.com 
 
17 
4.10 C.H.C.M. – Concentração de hemoglobina corpuscular média: 
É a percentagem de hemoglobina em 100ml de hemácias. 
 
 
Fonte: s3.amazonaws.com 
4.11 Leucograma 
O leucograma corresponde à contagem global e específica dos leucócitos, 
representados pela leucometria e pelo estudo quantitativo e qualitativo dos glóbulos 
brancos. O quadro leucocitário que se apresentará após ser concluído o exame 
hematológico, permitirá ao médico tirar conclusões diagnósticas e prognósticas 
importantes. 
4.12 Contagem global de leucócitos com câmara de Neubauer 
1. Pipetar 0,4 ml do líquido de Turk no tubo 
2. Com pipeta automática, pipetar 0.02 ml de sangue. Limpar a ponteira com 
papel de filtro. 
3. Transferir os 0,02 ml de sangue para o tubo com o líquido diluidor, lavando 
com ele o interior da pipeta por aspiração e expulsão do líquido. A diluição é de 1:20. 
4. Agitar suavemente por dois minutos. 
5. Encher os dois retículos da câmara de contagem, evitando excesso de 
líquido e bolhas de ar sob a lamínula, aderida firmemente à câmara por compressão 
daquela sobre esta, cobrindo ambos os retículos. 
6. Deixar repousar de um a dois minutos para sedimentação dos glóbulos. 
7. Focalizar a preparação com pequeno aumento no microscópio para localizar 
o retículo e observar a distribuição uniforme dos leucócitos. Em seguida, observar com 
aumento de 100 x ou 400 x, a desejar. 
 
18 
8. Fazer a contagem de todos os leucócitos encontrados nos quadros marcados 
“L” na figura relativa de Neubauer, ou seja, 4mm2. 
 
 
Fonte: s3.amazonaws.com 
4.13 Forma Leucocitária Relativa 
Determina a relação percentual entre as distintas variedades de leucócitos. Se, 
em 100 leucócitos contados no esfregaço, 60 são neutrófilos, estes representam 60% 
do total de leucócitos. 
4.14 Forma Leucocitária Absoluta 
Fornece o número de cada tipo de leucócito por microlitro de sangue. 
Considerando para o caso anterior que a contagem global de leucócitos foi de 8.000 
por micro- litro de sangue, uma relação pode ser estabelecida: 
- Em 100 leucócitos, 60 são neutrófilos. Em 8.000 leucócitos, 4.800 serão 
neutrófilos. Dessa forma, um microlitro de sangue contém 4.800 neutrófilos. 
Para cada um dos tipos contados o mesmo raciocínio será seguido, 
estabelecendo a fórmula leucocitária relativa e absoluta para todas as variedades de 
leucócitos. 
 
19 
5 ALTERAÇÕES DO ERITROGRAMA 
5.1 Anemias 
Anemia é a diminuição da taxa de hemoglobina abaixo de níveis mínimos, ou 
seja, se estiver abaixo de 95% do intervalo de referência para idade, sexo e 
localização geográfica (altitude) do indivíduo. 
As causas de anemias se encontram divididas entre três categorias fisiológicas 
principais: produção de eritrócitos deficientes, perda sanguínea ou destruição 
acelerada dos eritrócitos (hemólise) além da capacidade da medula de compensar 
estas perdas. 
 
 
20 
Fonte: s3.amazonaws.com 
É um subproduto da medida eletrônica do volume dos eritrócitos; ou seja, só 
Pode ser detectado através da automação. O seu valor normal está entre 11 e 14 %. 
Valores encontrados abaixo do normal indicariam população eritroide mais 
homogênea que a usual, o que parece ser apenas um extremo da normalidade. 
Valores acima de 14 indicam excessiva heterogeneidade da população (anisocitose), 
sendo notada ao microscópio. 
Segundo Failace, se houver anemia e/ou índices hematimétricos anormais, o 
profissional deverá: 
1. Confirmar visualmente as alterações numéricas e julgar sua compatibilidade 
com o grupo etário do paciente. 
2. Pesquisar os dados morfológicos das células do paciente. 
3. Nada observando de esclarecedor,os resultados numéricos e a lâmina do 
paciente são separados para reexame; se a distensão não estiver perfeita, faz-se uma 
nova. 
As principais alterações morfológicas a serem avaliadas são: 
Pecilocitose: também conhecida como poiquilocitose, diz respeito à presença 
de formas anormais dos eritrócitos. Deve ser sempre mencionado quando observado 
na lâmina. O melhor é definir cada um dos aspectos celulares notados através de suas 
características morfológicas. 
Dentre as principais formas anormais existentes, temos: 
 Eliptócitos ou ovalócitos: são eritrócitos ovais, elípticos ou com forma de 
charutos; são mais abundantes em casos de eliptocitose hereditária. Podem 
ser observados em anemia microcíticas e megaloblásticas e nas síndromes 
mieloproliferativas. 
 Estomatócitos: são eritrócitos cuja membrana retraiu-se em cúpula; 
distendidos na lâmina, a concavidade unilateral é vista como uma fenda 
alongada. A estomatocitose é geralmente um artefato de preparação das 
zonas delgadas da distensão de sangue; há estomatócitos nas doenças 
hepáticas e no sangue do recém-nascido. 
 Esferócitos: são eritrócitos praticamente esféricos, em contradição com os 
discos bicôncavos normais. Seu diâmetro é menor que o normal e não 
 
21 
possuem a área central pálida. Esferócitos são encontrados em casos de 
esferocitoses hereditária, anemias hemolíticas autoimune. 
 Drepanócitos ou eritrócitos falciformes: são eritrócitos que decorrentes da 
hemoglobina S, têm a forma de foice ou banana, caracterizando as 
síndromes falcêmicas. 
 Dacriócitos: são eritrócitos em forma de lágrima. Deformam-se 
principalmente no baço, ao passarem pelas fenestrações entre cordões e 
sinus medulares; Encontrados em anemias megaloblásticas e 
mieloesclerose. 
 Esquizócitos: são pedaços de eritrócitos, cortados pelo trauma; podem ser 
triangulares, em meia lua, etc. Tem curta sobrevida no sangue. Indicam 
presença de hemólise, anemia megaloblástica, queimaduras graves. 
 Células-alvo: são eritrócitos mais delgados que o normal (leptócitos), e que, 
quando corados, exibem uma borda periférica de hemoglobina com uma 
área central escura, contendo hemoglobina. São encontradas em caso de 
obstrutiva, em qualquer tipo de anemia hipocrômica, sobretudo na 
talassemia. 
 Equinócitos: também conhecidos como hemácias crenadas, podem ocorrer 
como artefatos durante a formação dos esfregaços. In vivo, podem ser vistos 
na uremia, no hipotireoidismo, no tratamento com heparina IV. 
5.2 Anisocitose 
É uma característica da maioria das anemias; quando ocorre em grau 
significativo, habitualmente estarão presentes tanto macrócitos e/ou micrócitos. É de 
suma importância para o clínico que seja relatado no laudo a predominância da forma 
na anisocitose. 
5.3 Macrocitose 
É a elevação do VCM acima de 98 (ou 100) fL. Segundo Failace, a macrocitose 
só é notada quando houver uma população normocítica ou microcítica concomitante; 
ou quando o VCM estiver acima de 110 fL. 
 
22 
Condições onde pode ser encontrada a macrocitose: 
 Alcoolismo: o VCM nunca excede 110fL e os eritrócitos são redondos, de 
aspecto normal. 
 Uso de drogas: AZT (atualmente lidera a estatística das drogas causais); 
os macrócitos são redondos costumando haver anemia; o RDW é elevado. 
 Anemia aplástica: na maioria dos casos há macrocitose; persiste mesmo 
após recuperação, se houver. 
 Hepatopatias: há macrocitose com rouleux, leptocitose, acantocitose. 
 Esplenectomia: causa macrocitose em pequenas percentagem de 
pacientes. 
 Anemias megaloblásticas: os macrócitos são ovalados e enormes. O VCM 
se encontra entre 110 e 130 fL porque há anisocitose e pecilocitose 
acentuadas. 
 Hiper-regeneração eritróide: é causa comum de macrocitose, notada pelos 
macrócitos polocromáticos e confirmada pela coloração de reticulócitos. 
5.4 Microcitose 
A microcitose representa uma evidência morfológica de uma capacidade 
diminuída dos precursores das hemácias de produção de hemoglobina. Isto pode 
resultar de ferro insuficiente como na anemia ferropriva; através de defeitos genéticos 
hereditários como nas síndromes talassêmicas, etc. 
Assim a microcitose pode ser encontrada quando o VCM se encontra abaixo 
de 80 fL; porém, segundo Failace, ela só é notada ao microscópio quando está abaixo 
de 70 fL, ou quando há uma população normo ou macrocítica contrastante. 
Condições onde pode ser encontrada a microcitose: 
 Grupo etário: é normal ser encontrada a microcitose na infância. 
 Anemia ferropênica: a microcitose é proporcional ao grau de anemia, ou 
seja, quanto mais acentuada a anemia ferropênica maior será a 
microcitose. 
 Anemia das doenças crônicas: Costuma ser normocítica, mas pode ser 
microcítica como na artrite reumatoide. 
 
23 
 Hemoglobinopatias: Em todas as hemoglobinopatias pode haver micro ou 
normocitose; sempre há outras características morfológicas sugestivas do 
defeito. 
 Ovalocitose: é normal ser encontrada a microcitose. 
 Talassemia minor: Há uma acentuada microcitose com o VCM muito baixo 
e a contagem de eritrócitos muito alta. 
5.5 Hipocromia 
É a redução da coloração do eritrócito; há um aumento da palidez central, que 
ocupa a área superior ao terço do diâmetro do eritrócito. A hipocromia pode ser geral 
ou pode existir em algumas células do paciente. Esta característica pode ser retratada 
através da redução do CHCM. 
Qualquer uma das condições que leva a microcitose pode causar hipocromia, 
embora alguns paciente com anemias como b-talassemia a distensão sanguínea 
apresenta microcitose sem hipocromia. 
5.6 Policromatocitose 
São eritrócitos acinzentados ou azulados considerados uns dos dados mais 
importantes na microscopia do sangue anêmico. Não é notada pela automação e é 
fundamental para a interpretação. A policromatocitose está presente também após o 
40 dia na regeneração pós-hemorrágica, sempre nas anemias hemolíticas. 
5.7 Eritroblásto 
São eritrócitos nucleados que aparecem no sangue no decurso de grandes 
regenerações eritroides, principalmente em crianças, acompanhando a 
policromatocitose; como também em sangue do recém- nascido, na primeira semana. 
Os eritroblastos circulantes podem apresentar uma frequência aumentada nas 
intoxicações por chumbo, e em certos estados diseritropoéticos , como na 
eritroleucemia, e mesmo na anemia ferropênica grave. 
 
24 
Os eritroblastos são contados como leucócitos nos contadores eletrônicos. 
Quando ultrapassam 5% justifica-se descontá-los na contagem de leucócitos. Essa 
correção deve ser feita através da seguinte fórmula: 
 
Fonte: s3.amazonaws.com 
6 ALTERAÇÕES DO LEUCOGRAMA 
 
Fonte: 3.bp.blogspot.com 
Em processos infecciosos agudos três fases são desenvolvidas: 
A. Fase Neutrofílica ou Luta: 
Leucocitose com Neutrofilia, desvio à esquerda, eosinopenia e linfopenia. 
B. Fase Monocítica ou Defesa: 
Leucocitose com Neutrofilia ou normal, monocitose, eosinopenia e 
linfopenia. 
C. Fase Linfocitária ou Cura: 
Leucócitos normais ou elevados, neutropenia, ausência e desvio a esquerda, 
linfocitose com presença de eosinófilos normais ou elevados 
 
25 
6.1 Neutrocitose ou Neutrofilia 
É a elevação da contagem absoluta de neutrófilos acima da que seria 
considerada normal em um indivíduo sadio de mesmo sexo, idade, raça e estado 
fisiológico. São causas de neutrofilia: 
 Neutrofilia hereditária. 
 Infecções: Muitas infecções bacterianas agudas e crônicas incluindo a 
tuberculose miliar; algumas infecções virais como varicela, herpes simples, 
raiva, poliomielite; algumas infecções fúngicas como a actinomicose; 
algumas parasitoses como amebíase hepática, a filaríase. 
 Dano tecidual como trauma, cirurgia, queimaduras, necrose hepática aguda, 
pancreatite aguda. 
 Infarto tecidual como infarto agudo do miocárdio, infarto pulmonar. 
 Inflamação aguda e crônica grave como na gota, febre reumática, artrite 
reumatoide, colite ulcerativa. Hemorragia aguda. 
 Hipóxia aguda. 
 Doenças malignas como carcinoma, sarcoma. 
 Leucemias e síndromes mieloproliferativas. 
 Administração de drogas como corticoides, o lítio. 
 Intoxicações por agentes químicos. 
 Envenenamentos como picada de escorpião ou ataque de abelhas. 
 Tabagismo. 
 Exercício vigoroso. 
 Dor aguda, convulsões epilépticas, eclampsia e pré-eclâmpsia. 
6.2 Neutropenia ou Neutrocitopenia 
É a diminuição do número absoluto de neutrófilos; pode ser um fenômeno 
isolado ou fazer parte de uma pancitopenia. São causas de neutropenia: 
 Agranulocitose: síndrome caracterizada pela diminuição severa e 
passageira dos neutrófilos do sangue, com preservação das demais séries. 
 
26 
 Infecções virais como sarampo, caxumba, rubéola, dengue, infecção pelo 
HIV. 
 Infecções bacterianas como febre tifoide, brucelose. 
 Infecções por protozoários como a malária, o calazar, a tripanossomíase. 
 Irradiação. 
 Anemia megaloblástica e anemia aplástica. 
 Hiperesplenismo. 
 Alcoolismo. 
 Hipertireoidismo. 
6.3 Eosinofilia 
 
Fonte: www.medicinageriatrica.com.br 
É o aumento do número absoluto de eosinófilos, ultrapassando o número de 
referência. É um achado comum nos hemogramas em laboratórios que atendem 
população de baixo nível socioeconômico. São causas de eosinofilia: 
 Doenças alérgicas como eczema atópico, asma, rinite alérgicas, urticária 
aguda. 
 Hipersensibilidade medicamentosa como sulfonamidas, penicilinas. 
 Infecções parasitárias (particularmente quando há invasão tecidual) como 
esquistossomose, estrongiloidíase, ascaridíase, ancilostomíase, 
cisticercose, toxocaríase. 
 
27 
 Doenças cutâneas como o pênfigo, o penfigoide bolhoso, o herpes 
gestacional. As micoses superficiais não causam eosinofilia significativa. 
 Eosinofilia hereditária. 
 Eosinofilia na leucemia mieloide crônica. 
 Eosinofilia sem causa aparente. 
6.4 Eosinopenia 
É a redução da contagem de eosinófilos abaixo da que seria esperada em um 
indivíduo da mesma idade. A eosinopenia é raramente notada na distensão sanguínea 
de rotina, pois o limite inferior é muito baixo. São causas de eosinofilia: 
 Estresse agudo, incluindo trauma cirurgia, queimaduras, convulsões 
epileptiformes, inflamação aguda, infarto do miocárdio, drogas incluindo os 
corticoides. 
6.5 Linfocitose 
É o aumento do número absoluto de linfócitos. Uma vez que as contagens de 
linfócitos em lactentes e crianças são consideravelmente mais altas que as dos 
adultos, é muito importante usar a faixa de referência adaptada a idades. São causas 
de linfocitose: 
 Infecções virais, incluindo: sarampo, rubéola, caxumba, influenza, hepatite 
infecciosa, mononucleose infecciosa, linfocitose infecciosa, citomegalovirose 
 Linfocitose transitória relacionada com o estresse. 
 Esplenectomia 
 Reações alérgicas a droga 
 Leucemia linfoide 
6.6 Linfopenia 
É a redução da contagem de linfócitos. A linfopenia é extremamente comum 
como parte resposta aguda ao estresse; sua detecção é mais provável quando se faz 
 
28 
uma contagem diferencial automatizada e quando as contagens são expressas em 
números absolutos. São causas de linfopenia: 
 Insuficiência renal incluindo aguda e crônica 
 Carcinoma 
 AIDS - estágio final da doença. 
 Irradiação 
 Alcoolismo 
 Artrite reumatoide e lúpus eritematoso sistêmico 
 Anemia ferropênica 
6.7 Monocitose 
É o aumento do número de monócitos acima do seria esperado em um 
indivíduo sadio da mesma idade. O número absoluto de monócitos é mais elevado 
nos recém-nascidos que nos outros períodos da vida. São causas de monocitose: 
 Infecção crônica, incluindo a sífilis 
 Condições inflamatórias crônicas (colite ulcerativa, artrite reumatoide e o 
lúpus eritematoso sistêmico) 
 Carcinoma 
 Condições leucêmicas e mieloproliferativas 
 Hemodiálise em longo prazo. 
 Leishmaniose e Hanseníase 
 Tuberculose 
6.8 Basofilia 
É comum observar um aumento acentuado nas contagens de basófilos nas 
desordens mieloproliferativas, em algumas leucemias e em choque anafilático. Porém 
a observação de basopenia não tem sido considerada de importância diagnóstica 
 
29 
7 HEMOSTASIA E COAGULAÇÃO 
 
Fonte: slideplayer.com.br 
Hemostasia é o processo pelo qual o sangue permanece líquido vascular, 
apesar das lesões que venham a sofrer. 
A hemostasia resulta de uma série de interações complexas pelos quais o 
sangue é mantido fluido no sistema vascular; são prevenidos processos hemorrágicos 
espontâneos e contidos sangramentos traumáticos. Depende basicamente da 
resistência e contratilidade normais dos vasos, da atividade plaquetária normal, de um 
sistema adequado de coagulação e da estabilidade do coágulo. Com o processo de 
coagulação do sangue é obtido um coágulo sólido de fibrina através da interação de 
plaquetas, fatores plasmáticos, seus inibidores e ativadores. Quando há lesão de um 
vaso sanguíneo, o sistema hemostático intervém imediatamente. Incialmente, há 
vasoconstricção reflexa reduzindo o fluxo sanguíneo local. Em seguida, as plaquetas 
se predem às fibras de colágeno do tecido conectivo exposto no processo chamado 
de adesão e uma às outras no processo de agregação, amplificado pela liberação de 
substâncias intraplaquetárias armazenadas em grânulos ocorrendo a formação do 
 
30 
tampão hemostático. Este fenômeno é regulado pelo nível de AMP cíclico presente 
no interior das plaquetas que é derivado do ATP pela ação da fosfodiesterase 
. Concomitantemente, através das vias extrínseca e intrínseca, a partir de 
fatores plasmáticos, ocorre a ativação de protrombina em trombina que atua sobre o 
fibrinogênio para formar a rede de fibrina que é estabilizada pela ação do fator XIII 
com a formação de um coágulo sólido. 
Posteriormente, ocorre a lise deste coágulo pelo sistema fibrinolítico, onde o 
plasminogênio é ativado à plasmina, dividindo a molécula em um série de produtos 
conhecidos como produtos de degradação de fibrina. Ocorre assim a reparação do 
local lesado e o restabelecimento do fluxo sanguíneo normal. 
Distúrbios adquiridos ou hereditários (na maioria das vezes deficiências de um 
único fator – grupo das hemofilias) destes sistemas fisiológicos ocasionam doenças 
hemorrágicas ou trombose. 
No processo de coagulação do sangue tomam parte várias substâncias 
denominadas fatores da coagulação. Muitos deles são pró-enzimas sintetizadas pelo 
fígado e que se transformam em enzimas durante o processo de coagulação. 
Coagulação é a conversão do sangue no estado líquido em um coágulo firme. 
É a fase da hemostasia envolvida na formação de fibrina, sendo caracterizada por 
uma série sucessiva de reações bioquímicas e fenômenos físicos, terminando 
fisiologicamente com a formação do coágulo. 
A hemostasia é regulada por três tipos de mecanismos: 
1. Os extravasculares incluem a constituição e a elasticidade dos tecidos na 
periferia dos vasos. 
2. Os vasculares relacionam-se à elasticidade e tônus da parede vascular. 
3. Os intravasculares são principalmente aqueles associados à substâncias 
envolvidas no processo de coagulação do sangue. 
Uma série de respostas ocorre em consequência da lesão do vaso sanguíneo. 
Inicialmente a vasoconstrição reflexa diminui o sangramento e as plaquetas se 
aglutinam, aderindo à superfície do ferimento a elas expostas. Em seguida, a 
deposição de fibrina forma o coágulo que se retrai e se organiza na região rota. 
Posteriormente ocorre a lise da fibrina com recanalização do vaso. 
No processo da coagulação do sangue tomam partes várias substâncias 
denominadas fatores da coagulação. Muitos deles são pró-enzimas sintetizadas pelo 
fígado e que se transformam em enzimas durante o processo de coagulação. 
 
31 
7.1 Causas das Hemorragias e investigação laboratorial 
As hemorragias podem resultar da solução de continuidade ou defeitos do 
sistema vascular, deficiência qualitativa ou quantitativade plaquetas, defeitos 
químicos ou quantitativos dos fatores da coagulação e anticoagulantes circulantes. 
Usualmente a combinação dos vários mecanismos leva ao sangramento anormal nas 
doenças adquiridas, enquanto nas congênitas o defeito é geralmente único. 
Como exemplo de condições favoráveis às hemorragias, encontram-se: 
menstruação, úlceras do trato gastrointestinal, cirurgias, traumatismos, números 
reduzidos de plaquetas circulantes e ausência congênita ou adquirida de fatores da 
coagulação. 
O significado clínico das hemorragias depende de três fatores: 
1. Quantidade de sangue perdido - Perdas súbitas entre 10 a 20% do volume 
total geralmente não apresentam significado clínico. Volumes maiores perdidos 
rapidamente podem levar ao choque hipovolêmico. 
2. Local da hemorragia – Reveste-se de importâncias aquelas, mesmo 
pequenas, localizadas no pericárdio, suprarrenais e cérebro, podendo levar a morte 
súbita. 
3. Duração da hemorragia. 
As crônicas correspondendo a pequenos volumes de sangue perdidos 
intermitentemente, levam a anemias por deficiência do ferro, quando o sangue 
elimina-se externamente. Se no interstício ou cavidades do organismo, o ferro é 
reabsorvido não ocorrendo a anemia ferropriva. 
O estudo laboratorial da hemostasia é baseado em provas cujo objetivo 
consiste em evidenciar a presença ou ausência de fatores da coagulação ou causas 
adversas, relacionadas a mecanismos vasculares, extravasculares e intravasculares 
da coagulação. 
 
 
32 
 
Fonte: image.slidesharecdn.com 
7.2 Tempo de Sangramento (Método de Duke) 
 
Fonte: vignette2.wikia.nocookie.net 
O tempo de sangramento corresponde à duração de uma pequena hemorragia 
quando uma incisão de dimensões padronizadas é praticada na pele artificialmente. 
 
33 
O teste fornece dados relativos a função e números de plaquetas, bem como da 
resposta da parede capilar à lesão. Tempo de sangramento aumentado sugere a 
complementação do estudo pela contagem das plaquetas. 
TÉCNICA: 
1. Fazer a assepsia do lóbulo da orelha ou polpa digital com álcool. Escolher o 
local da picada evitando áreas congestas e inflamadas. 
2. Com a lanceta, fazer uma incisão de três milímetros de profundidade, 
permitindo que o sangue escoe livremente. 
3. Fazer funcionar o termômetro no momento da picada. 
4. Usando papel de filtro secar de 30 em 30 segundos a gota de sangue que se 
forma sem, no entanto, tocar a lesão, utilizando cada vez uma porção limpa do papel. 
5. Quando o sangue para de manchar o papel, parar o cronômetro; é o valor do 
TS. 
Valor Normal: entre 1 a 4 minutos. 
7.3 Tempo de Coagulação (Método de Lee - White) 
O tempo de coagulação corresponde o tempo gasto para o sangue coagular, 
quando registrado no organismo. Fornece dados relativos ao sistema de coagulação 
do sangue. É um teste sujeito a numerosas variáveis e que atualmente deve ser 
substituído pelo tempo de tromboplastina parcial. 
TÉCNICA: 
1. Colher o sangue por punção venosa, atingindo diretamente a veia. Os fatores 
teciduais alteram o processo de coagulação e até invalidam a prova. 
2. Marcar o tempo no cronômetro logo que o sangue aparecer na seringa. 
3. Tomar dois tubos e colocar 1,0ml de sangue em cada um deles. 
4. Colocar os tubos em banho- maria a 37ºC até completar cinco minutos. 
5. Após os cinco minutos marcados verificar se houve a formação do coágulo 
inclinando o tubo numa angulação de 90º; se não houver coagulado, verificar a cada 
minuto até a sua formação. 
6. Marcar o tempo da formação do coágulo como tempo de coagulação do 
sangue total. 
Valor Normal: de 5 a 11 minutos. 
 
34 
7.4 Medida de Retração do Coágulo 
A percentagem de retração do coágulo é representada pelo volume do soro 
obtido, após coagulação e retração do coágulo, de uma quantidade determinada de 
sangue. O coágulo inicial contém todos os elementos do sangue. Após sua retração 
o soro é expulso da malha de fibrina, que se retrai pela ação das plaquetas. Fornece 
dados relativos à atividade plaquetária. Uma retração pequena corresponde a um 
número de plaquetas abaixo de 100.000 por ml de sangue. Nas deficiências funcionais 
das plaquetas, a prova pode estar alterada em presença de número normal ou 
aumento de plaquetas. 
TÉCNICA: 
1. Colher um pouco mais de 5ml de sangue por punção venosa. 
2. Encher o tubo de centrífuga até a marca 5ml. 
3. Colocar o fio de cobre, fixo pela rolha, com extremidade encurvada 
mergulhada no sangue até a metade da coluna líquida. 
4. Determinar a coagulação do sangue, inclinando o tubo, como para tempo de 
coagulação. 
5. Colocar então o tubo em banho-maria a 37ºC durante uma hora. 
6. Retirar cuidadosamente o coágulo aderido ao fio de cobre através da rolha. 
Deixar escorrer o líquido existente no coágulo por um a dois minutos. 
Cálculos: 
O volume de soro expresso como porcentagem de 5ml de sangue total 
representa a porcentagem de retração do coágulo. Se em 5ml de sangue total são 
obtidos 2ml de soro, em 100ml de sangue são obtidos x ml de soro. 
 
Fonte: s3.amazonaws.com 
Atualmente os laboratórios adaptaram uma nova técnica para a leitura da 
retração do coágulo; através do aproveitamento do tubo utilizado no tempo da 
coagulação é feita também a retração do coágulo. É marcada uma hora após a 
 
35 
realização do TC com o tubo no banho a 37ºC depois, utilizando uma pipeta 
volumétrica de 1 ml, todo o soro do tubo é aspirado. O volume aspirado do volume 
total é considerado o valor da retração do coágulo. Ex: se for aspirado 0,4 ml de soro, 
então a retração do coágulo tem como resultado 40%. 
Porém esta técnica não foi encontrada em literaturas. 
7.5 Prova de Resistência Capilar ou Prova do Laço (Rumpel-Leed) 
O sangue é normalmente retido no leito capilar devido à resistência oferecida 
pela parede destes finos vasos. A permeabilidade capilar alterada permite a 
passagem das células do sangue para os tecidos. Isso é evidenciado pelo 
aparecimento de petéquias na pele. O número e tamanho das petéquias dependem 
da estrutura do endotélio capilar e número de plaquetas por microlitro de sangue. 
TÉCNICA: 
1. Verificar a presença de petéquias no braço do paciente. Caso existam, 
contorna-las com lápis dermográfico. 
2. Adaptar o manguito do aparelho de pressão ao braço do paciente. 
3. Determinar a pressão diastólica e mantê-lo insuflado nessa pressão durante 
5 minutos. 
4. Desinsuflar rapidamente o manguito. Verificar o aparecimento e contar o 
número de petéquias formadas durante o teste. 
RESULTADOS: 
O resultado é fornecido conforme o número e tamanho da s petéquias.Com 
afinidade de estabelecer uma uniformização para a leitura da prova, os seguintes 
resultados são convencionados: 
Negativo: nenhuma ou no máximo seis petéquias puntiformes no limite onde 
foi colocado o manguito. 
Positivo +: de 6 a 50 petéquias puntiformes isoladas localizadas na região da 
fossa antecubital. 
Positivo ++ : inúmeras petéquias puntiformes isoladas e localizadas na fossa 
antecubital, antebraço e raras na mão. 
Positivo +++ : petéquias de dois a quatro milímetros com a mesma localização 
anterior e confluente em algumas áreas. 
 
36 
Positivo ++++ : petéquias maiores que as anteriores localizadas em toda área 
de estase, confluentes em alguns pontos, dando ao membro coloração violácea. 
7.6 Determinação do Tempo de Protrombina (TP) 
Ao plasma descalcificado pelo citrato, é adicionado um excesso de 
tromboplastina. Considerando que protrombina é convertida em trombina num tempo 
uniforme, a recalcificação com qualidade conhecida de cloreto de cálcio produz a 
coagulação do plasma. 
O tempo, em segundos, anotado desde a recalcificação até a coagulação é o 
tempo de protrombina. A prova determina a atividade da protrombina no sangue. 
TÉCNICA: 
1. Colocar o tubo com 0,2 ml de tromboplastina cálcica em banho- maria a 37ºC 
marcando 2 min. 
2. Colocar outro tubo 0,2ml de plasma citratado marcando mais 2min. 
3. Acrescentar 0,1ml do plasma aquecido no tubo contendo a tromboplastina 
também aquecida, adicionar imediatamente o cronômetro e ao mesmo tempo agitar o 
tubo no banho até 7 segundos 
4. Retirar o tubo do banho e invertê-lo a cada segundo até verificar o momento 
da recalcificacão do plasma através da formação do coágulo e parar imediatamente o 
cronômetro. O tempo gasto em segundos para ocorrer a coagulação é o Tempo de 
Protrombina. 
Interpretação: A determinação do TP constitui prova de grande valor na 
avaliação da hemostasia, analisando os fatores extrínsecos da coagulação. 
Diagnóstico da coagulação intravascular disseminada. Controle de terapêutica 
heparínica e fibrinolítica. O seu tempo está prolongado em paciente em uso de 
heparina, depleção do fibrinogênio, doenças hepáticas, paraproteínas e 
disfibrinogenemias. 
7.7 Tempo de Tromboplastina Parcial Ativado (TTPa) 
Em princípio esta prova é semelhante ao tempo de protrombina. Envolve a 
recalcificação do plasma, porém em presença de uma cefalina proveniente de um 
 
37 
extrato etéreo de cérebro. A cefalina é uma lipoproteína. Funciona como substituto 
das plaquetas, fornecendo uma concentração ótima de fosfolípede. 
O tempo de tromboplastina parcial corresponde ao tempo gasto para ocorrer a 
coagulação do plasma recalcificado em presença de um fosfolípede ou tromboplastina 
parcial. 
TÉCNICA: 
1. Em um tubo de ensaio de 12 x 75mm aquecido a 37ºC, colocar 0,1ml de 
plasma normal e 0,1ml de cefalina-caolin. 
2. Agitar uma vez e incubar a 37ºC por três minutos. 
3. Após os 3 min. adicionar 0,1 ml da solução de cloreto de cálcio rapidamente 
e ao mesmo tempo fazer funcionar o cronômetro. O cloreto de cálcio tem que estar 
pré-aquecido por pelo menos 5 min. 
4. Agitar no banho por 25 segundos. Retirar o tubo do banho-maria e invertê-lo 
a cada segundo, observando o momento em que houver a coagulação. Neste instante 
parar o cronômetro. O tempo gasto em segundos para ocorrer a coagulação é o tempo 
de tromboplastina parcial. 
5. Expressão dos resultados. 
Interpretação: É o melhor dos testes para ser usado nas triagens de defeitos 
da coagulação (via intrínseca). Controle de heparinização. O tempo está prolongado 
nas deficiências de um ou mais fato res (I, II, V, VII, IX, XI e XII) e no uso terapêutico 
de heparina ou na presença de anticoagulantes circulantes. 
7.8 Contagem de plaquetas 
Devido ao seu pequeno tamanho, sua tendência a aderir a superfícies 
estranhas ao endotélio vascular e sua rápida desintegração, a contagem de plaquetas 
torna-se problemática por qualquer método. 
As plaquetas são contadas por métodos diretos e indiretos. Nos métodos 
diretos elas são visualizadas em uma diluição do sangue e contadas na câmara de 
Neubauer através da microscopia ótica comum ou de contraste de fase. No primeiro 
caso, temos o método de Rees-Ecker e no segundo o de Brecher-Gronkite. Esse 
último é considerado um método de referência para contagem de plaquetas. 
 
38 
No método indireto de Fônio, plaquetas são contadas no esfregaço. Contagens 
eletrônicas, exigindo um aparelho de alto custo, porém é através deste método de 
contagem que obtemos os resultados mais próximos da realidade do paciente. 
7.9 Método de Fônio 
É econômico e de fácil execução técnica. Na mesma preparação examinam-se 
plaquetas, leucócitos e hemácias. Defeitos qualitativos das plaquetas, como formas 
gigantes e bizarras, são identificados. 
O sulfato de magnésio impede a aglutinação das plaquetas cujo nº pode ser 
avaliado grosseiramente pelo exame do microscópio do esfregaço corado comum. 
TÉCNICA: 
1.Através da lâmina de esfregaço preparada na sala de coleta, é realizada a 
coloração pelo Método de May-Grunwald-Giemsa. Secar e examinar sob imersão. 
2.Contar mil hemácias e, ao mesmo tempo, as plaquetas encontradas, 
anotando seu nº. A contagem é feita em vários campos sucessivos seguindo linhas 
longitudinais em relação à lâmina. 
3.Realizar a contagem de hemácias na câmara de Neubauer. 
Cálculos: 
 
 
Fonte: s3.amazonaws.com 
7.10 Método de Rees -Ecker 
No sangue convenientemente diluído, as plaquetas são contadas por 
microscopia ótica comum na câmara de Neubauer. 
TÉCNICA: 
 
39 
1. Pipetar 4,0 ml da solução diluidora no tubo 
2. Com micropipeta aspirar 20 µl (0,02 ml) de sangue com EDTA. Limpar sua 
parede externa com papel de filtro, externamente o volume. 
3. Transferir os 20 µl (0,02 ml) de sangue para o tubo com solução diluidora, 
lavando com ele o interior da pipeta por aspiração e expulsão do líquido. A diluição é 
de 1:200. 
4. Agitar por inversão 2 minutos, no máximo. 
5. Encher os retículos da câmara de Neubauer. 
6. Sedimentar as plaquetas, repousando a preparação por 15 minutos em uma 
placa de Petri, contendo um pedaço de algodão umedecido em água (câmara úmida) 
e em local isento de vibrações. 
7. Fazer a contagem microscópica com aumento de 400x em 1/5 de mm2, 
conforme indicado para hemácias. É necessário ter experiência para distinguir as 
plaquetas de sujidade. Aquelas aparecem como corpos arredondados, ovais ou 
alongados, totalmente refringentes, com 1,5 mícrons de diâmetro. O ajuste do 
contraste na microscopia é indispensável para uma boa visualização das plaquetas. 
Cálculos: 
Plaquetas por ml de sangue = Pc x 5 x 10 x 200, ou seja: nº de plaquetas 
contadas em 1/5 de mm2 x 10.000. 
Quanto maior o nº de elementos contados menor será o erro. Pode ser 
desejável contar plaquetas em todos os 25 quadrinhos do retículo central, quando o 
fator final de multiplicação será de 2.000.O retículo oposto poderá ser contado, 
totalizando em torno de 300 plaquetas contadas. 
Interpretação: A trombocitopenia, que é a redução nas plaquetas circulantes 
(abaixo de 150.000), surge na maioria das vezes de uma ou duas causas gerias. 
Formação deficiente de plaquetas (como em estados aplásticos, efeito de 
quimioterapia mielotóxica e por sensibilidade a droga), e uma destruição aumentada 
de plaquetas na circulação e no baço (originária geralmente de uma sensibilização 
autoimune das plaquetas, tornando-as sujeitas a fagocitose por macrófagos). Um 
aumento do número de plaquetas é denominado trombocitose, e correlaciona-se com 
formação de trombos intravasculares. 
 
40 
8 OUTROS EXAMES EM HEMATOLOGIA 
8.1 Contagem de Reticulócitos 
 
Fonte: i.ytimg.com 
Os reticulócitos são precursores das hemácias. Contêm no seu interior material 
reticular, provavelmente uma ribonucleoproteína que não apresenta afinidades pelos 
corantes comuns. Sua demonstração é feita por coloração supravital. Os reticulócitos 
presentes no sangue retirado do organismo sofrem morte somática, sendo, porém 
corados antes que toda atividade vital seja extinta. As anemias que cursam com o 
reticulócito normal refletem a incapacidade da medula em responder ao estímulo por 
carência de um fator específico para a formação de eritrócitos (ferro na anemia 
ferropriva e eritropoetina na insuficiência renal crônica). 
O corante usado é o azul de cresil brilhante, associado a um anticoagulante e 
um preservativo. 
TÉCNICA: 
1. Colocar no tubo 2 a 3 gotas da solução corante. Em seguida acrescentar 2 a 
3 gotas do sangue colhido por punção digital ou sangue colhido com EDTA. 
2. Misturar e colocar em banho-maria a 37ºC de 15 a 30 minutos. 
 
41 
3. Retirar de banho-maria. Misturar novamente e fazer esfregaços da maneira 
usual. 
4. Secar e examinar ao microscópio sob imersão. 
5. Contar 10 campos, anotando o número de reticulócitos encontrados. 
Expressar o resultado em percentagem e número absoluto. 
6. Opcionalmente pode fazer coloração de fundo por Giemsa. 
 
 
Fonte: s3.amazonaws.com 
Interpretação: o resultado é expresso em percentual e em número absoluto em 
relação a população de eritrócitos. Sua contagem serve para avaliar de forma efetiva 
a produção de eritrócitos, sendo útil no controle terapêutico, no diagnóstico diferencial 
e naclassificação das anemias. 
8.2 Hemossedimentação (VHS) 
A hemossedimentação mede a estabilidade da suspensão de hemácias no 
plasma que, por ser menos denso, favorece a sedimentação dos glóbulos pela ação 
da gravidade, quando colocados numa pipeta graduada de 0 a 200m com 2,5mm d 
diâmetro interno e 1 micro- litro (ml) de capacidade. 
As hemácias em suspensão no plasma, colocadas na pipeta de Westergren, 
sofrem sedimentação com velocidade variável em função da concentração de 
fibrinogênio e globulinas, tamanho e forma das hemácias e alterações elétricas do 
plasma e dos glóbulos. 
Inicialmente ocorre a queda individual das hemácias, seguida pela agregação 
dos glóbulos com formação de rouleaux e aumento da velocidade de 
 
42 
hemossedimentação, que se torna constante para diminuir numa fase final, quando 
os glóbulos se concentram na porção inferior da pipeta. 
O aumento de fibrinogênio e globulinas é também responsável pela aceleração 
da hemossedimentação que fornece medida grosseira dessas substâncias no plasma. 
TÉCNICA: 
1. Colher 5ml de sangue do paciente em jejum pela manhã. Não apertar 
demasiadamente o garrote, evitando estase venosa. 
2. Colocar o sangue no frasco com anticoagulante EDTA e agitar por inversão 
ou movimentos circulares até que se dissolva completamente. 
3. Com pipeta de Westergren aspirar sangue até exatamente a marca zero. 
4. Colocar a pipeta no suporte de modo a permanecer na posição vertical 
5. Marcar o tempo. 
6. Fazer a leitura em milímetros após uma hora ao nível da separação do 
plasma e hemácias. Nas reticulocitoses pode haver uma imprecisão do limite de 
sedimentação, dificultando a leitura exata. 
8.3 Pesquisa de Células LE (Lúpus eritematoso) 
O lúpus eritematoso é uma doença de etiologia obscura, cujo caráter 
fundamental é a alteração primária e difusa do tecido colágeno. 
Apresenta forma localizada na pele e disseminada com acometimento de vários 
órgãos, ou seja, lúpus eritematoso (LED). 
O fenômeno LE é estudado através de técnicas imunológicas, histoquímicas, 
microfotográficas e cinematográficas. 
Quatros grupos de técnicas permitem evidenciar o FAN: 
1. Testes citomorfológico: pesquisa de células LE. 
2. Fixação de anticorpos fluorescentes sobre o núcleo ou seus componentes. 
3. Reação de aglutinação passiva com partículas de látex ou hemácias 
revestidas com nucleoproteína. 
4. Reação antígeno/anticorpo direta, com fixação do complemento e 
precipitação em ágar. 
 
43 
8.4 Teste Citomorfológico 
Consiste em incubar os leucócitos com o soro suspeito de conter o FAN. Nas 
técnicas diretas, células e soro são do próprio paciente. Nas indiretas, leucócitos de 
outras pessoas são misturados ao soro do paciente. 
TÉCNICA: 
1. Colher 8ml de sangue transferindo-os para tubos de ensaio 
2. Deixar coagular e incubar a 37ºC de 30 minutos a uma hora. 
3. Fragmentar o coágulo com bastão de vidro e filtrar o material em peneira 
fina. 
4. Centrifugar o filtrado de células em tubo capilar na microcentrífuga durante 5 
minutos a 2000 rpm. 
5. Desprezar o sobrenadante e realizar esfregaços com porção celular, 
especialmente leucócitos (a parte clara central entre os eritrócitos e o soro). 
6. Corar pelo May-Grunwald Giemsa e pesquisar as células LE através do 
microscópio. 
8.5 Pesquisa de Drepanócitos (Hemácias Falciformes) 
A hemoglobina S ocorre em 8% dos negros brasileiros, tornando a sua 
pesquisa um exame bastante solicitado em nosso meio. A demonstração dessa 
hemoglobina anormal é feita pro três tipos de exames: a eletroforese de hemoglobina 
que é o método mais eficaz, porém, trabalhoso e caro para ser usado rotineiramente; 
pelos testes de solubilidade para hemoglobina S e pela pesquisa de drepanócitos. 
O fenômeno da falcização trata de uma reorganização das moléculas de 
hemoglobina em estado reduzido, formando longas cadeias denominadas tactoides, 
isto é, massas criatalinas. In vitro o fenômeno é demonstrado pelo uso de agentes 
redutores como metabissulfito de sódio. In vivo a falcização ocorre pela baixa tensão 
de oxigênio nos capilares, levando ao aparecimento de hemácias falciformes 
circulantes, o que ocasiona a anemia hemolítica. 
Solução redutora: 
Metabissulfito de sódio..............................0,2mg 
Água destilada q.s.p...................................10,0ml 
Preparar no momento do uso. 
 
44 
TÉCNICA: 
1. Colocar uma gota pequena do sangue sobre a lâmina de microscopia. Gotas 
maiores fornecem um excesso de líquido sob a lamínula e sobreposição das 
hemácias. 
2. Adicionar ao sangue duas gotas do mesmo tamanho de metabissulfito de 
sódio. 
3. Misturar com o canto da lamínula, cobrindo com ela a preparação. 
4. Vedar todos os lados da lamínula com esmalte. 
5. Fazer a primeira observação ao microscópio, duas horas após a vedação, 
com aumento de 400x, procurando identificar hemácias falciformes que apresentam 
prediletação pela área marginal da lamínula se negativo repetir a leitura 6,12 e por fim 
24 horas para liberar o resultado. 
Interpretação: É dado como negativo ou positivo, conforme presença ou 
ausência de células falciformes. 
 
 
45 
BIBLIOGRAFIA 
BAIN, B. Células Sanguíneas. São Paulo: Artes Médicas, 1997. 
BERNARD, J.J. Manual de Hematologia. São Paulo: 3 ed. Masson do Brasil,1986. 
FAILACE, Renato. Hemograma: manual de interpretação. 3 ed. Porto Alegre: Artes 
Médicas, 1995. 
HENRY, J. Diagnósticos clínicos e tratamento por métodos laboratoriais. 19ed. São 
Paulo: Guanabara Koogan, 1999. 
LIMA; et al. Métodos de laboratórios aplicados à clínica. 7 ed. São Paulo: 
Guanabara Koogan, 1992. 
LORENZI, Therezinha. Manual de hematologia: propedêutica e clínica. 2 ed. São 
Paulo: Medsi, 1999. 
RAPAPORT, Samuel I. Hematologia: introdução. 2 ed. São Paulo: Roca, 1990. 
VERRASTRO, Therezinha; et all. Hematologia e hemoterapia. São Paulo: Atheneu, 
1996. 
WILLIAMS; et al. Hematologia. São Paulo: Guanabara Koogan, 1976. 
 
 
46 
9 LEITURA COMPLEMENTAR 
O hemograma: importância para a interpretação da biópsia 
Helena Z. W. Grotto2 
RESUMO 
Os dados fornecidos pelo hemograma são essenciais dentro da investigação das doenças 
hematológicas. Os contadores automatizados constantemente têm incorporado novas tecnologias que 
permitem uma análise mais detalhada das células. Informações referentes tanto a aspectos 
quantitativos como morfológicos das células sanguíneas podem ser úteis na análise da medula óssea. 
Nessa minirrevisão alguns desses novos parâmetros são apresentados, como o RDW (distribuição da 
população de hemácias de acordo com o volume) e índices relacionados ao tamanho, grau de 
maturidade e conteúdo de hemoglobina dos reticulócitos. A interpretação dos histogramas de 
hemácias, leucócitos e plaquetas podem fornecer informações adicionais aos resultados numéricos. 
Outros parâmetros e índices plaquetários, como o volume plaquetário médio (VPM) e a fração de 
imaturidade das plaquetas (IPF) são introduzidos, embora não estejam ainda padronizados e devam 
ser usados com cautela. São ainda discutidas a quantificação das várias populações de leucócitos 
presentes na circulação sanguínea obtidas pelos sistemas automatizados, suas vantagens e limitações. 
Embora o desenvolvimento de sofisticados analisadores hematológicos tenha reduzido o número de 
revisões de lâminas de esfregaço sanguíneo, essa prática deve ser encorajada, uma vez que a 
observação microscópica das células é uma ferramenta importante na identificação de diversas 
patologias. 
Palavras-chave: Analisadores hematológicos; hemograma; índices 
reticulocitários; índices plaquetários; automação. 
INTRODUÇÃO 
A diversidade de informações que o hemograma pode fornecer, embora em 
geral bastante inespecíficas, torna esse exame subsidiário um dos mais solicitados 
nas práticas clínica e cirúrgica. As informações fornecidas pela análise do sangue 
periférico pretendem responder a duas questões básicas: a medula óssea está 
produzindoum número suficiente de células maduras de diferentes linhagens? os 
processos de proliferação, diferenciação e aquisição de funções de cada tipo celular 
estão se desenvolvendo de maneira adequada em todas as linhagens celulares? Essa 
perguntas podem ser respondidas pelos parâmetros numéricos fornecidos pelos 
sistemas hematológicos automatizados e pelo exame morfológico das células à 
microscopia óptica. Assim, a somatória da análise de: aspectos quantitativos + 
 
2 Professora Associada. Docente do Departamento de Patologia Clínica da Faculdade de 
Ciências Médicas da Unicamp - Campinas-SP 
 
47 
aspectos morfológicos + conhecimento fisiopatológico dos distúrbios da hematopoiese 
será de grande auxílio diagnóstico em diversas condições clínicas, servindo de 
importante subsídio para a observação da medula óssea, podendo ser indicativas de 
diversos distúrbios medulares. 
Durante as últimas décadas observou-se uma grande evolução tecnológica na 
realização do hemograma, e as técnicas manuais têm sido substituídas por sistemas 
automatizados que apresentam maior precisão nos resultados e em um menor 
intervalo de tempo. No final dos anos 50 e início dos anos 60 surgiram no mercado os 
primeiros contadores de células semiautomáticos e a partir de então os avanços na 
engenharia eletrônica permitiram uma crescente automatização do processo. As 
contagens de plaquetas foram incorporadas aos sistemas automatizados na década 
de 70, fornecendo resultados mais confiáveis do que as contagens manuais em 
câmara. E, finalmente, a contagem diferencial dos leucócitos teve sua grande 
evolução a partir dos anos 80, quando novas tecnologias, como a citometria de fluxo 
e a citoquímica, foram agregadas aos sistemas de identificação das células 
sanguíneas. Essas inovações mudaram a rotina dos laboratórios, tornando-os mais 
eficientes e ágeis, além de apresentarem uma melhor qualidade nos resultados. 
Adicionalmente, novos parâmetros laboratoriais continuamente são implementados 
com o objetivo de ampliar as informações fornecidas pelo hemograma e, assim, 
auxiliar no diagnóstico de uma gama considerável de patologias(1). 
Um estudo realizado em 2002(2) com o objetivo de identificar os componentes 
do hemograma considerados úteis na prática clínica revelou resultados interessantes. 
Somente 4 dos 11 parâmetros rotineiramente fornecidos foram selecionados como 
úteis e frequentemente utilizados por mais de 90% dos profissionais inquiridos: 
dosagem de hemoglobina (Hb), determinação do hematócrito (Ht), contagens de 
plaquetas e de leucócitos. Alguns ítens mais recentemente propostos foram 
reconhecidos pelos profissionais com menos de 10 anos de atividade clínica, 
diferentemente do observado quando médicos com mais tempo de vida profissional 
foram questionados. Embora 50% dos médicos entrevistados desempenhassem suas 
funções em tempo integral dentro de instituições acadêmicas e outros 34% em tempo 
parcial nas universidades, alguns desvios de interpretação, como a preferência da 
análise da contagem diferencial de leucócitos em números percentuais e não 
absolutos, ou o desuso das informações referentes às alterações morfológicas das 
células foram muito comuns. Esses dados provenientes da pesquisa no Hospital 
 
48 
Universitário de Cleveland (Estados Unidos) são preocupantes e, provavelmente, 
coincidentes que os que seriam obtidos em diversos outros locais, inclusive no Brasil, 
se tal pesquisa fosse aplicada. 
De um lado temos as empresas investindo em tecnologia e lançando 
continuamente no mercado uma série de novos parâmetros e índices no hemograma; 
e de outro lado o despreparo do requisitante do exame no reconhecimento desses 
novos indicadores, aliado à falta de visão crítica sobre as reais vantagens ou 
limitações dos mesmos. Uma divulgação prévia por parte dos realizadores dos 
exames sobre o significado de cada um dos novos parâmetros lançados ou a 
adequação na maneira de reportar os resultados poderiam minimizar as falhas ou 
ausência de interpretação de vários dados fornecidos pelo hemograma. 
Pretendemos apresentar, de forma resumida, algumas considerações a 
respeito de aspectos relacionados a essas inovações no hemograma que têm sido 
propostas como auxiliares no diagnóstico de algumas condições clínicas. 
Na série vermelha 
Dentre os índices hematimétricos, o VCM (volume corpuscular médio) ainda é 
o mais largamento utilizado na avaliação das anemias, associado à análise das 
alterações morfológicas das hemácias, que também pode fornecer subsídios 
interessantes no reconhecimento de diversos tipos de anemia. Adicionalmente, uma 
medida quantitativa da anisocitose, conhecida como RDW (red cell distribution width), 
tem algumas aplicações interessantes. O RDW é obtido a partir do histograma de 
distribuição das hemácias de acordo com o volume das células e é reportado em 
porcentagem, com valores de normalidade entre 11% e 16%, dependendo do 
equipamento utilizado. (3,4) Valores aumentados de RDW falam a favor de uma 
população eritrocitária heterogênea, formada por células de diversos tamanhos. Sua 
principal utilidade seria numa primeira diferenciação entre a anemia ferropriva e a beta 
talassemia heterozigótica. A acurácia desse parâmetro na distinção desses dois tipos 
de anemia microcítica varia entre diversos autores. (5,6) O que se preconiza é que o 
valor de RDW seja analisado junto com outros parâmetros do hemograma. De 
maneira geral, anemias microcíticas com número de hemácias abaixo de 5 x 109/l e 
RDW elevado são mais favoráveis ao diagnóstico de anemia ferropriva, enquanto 
anemias microcíticas com número de hemácias acima de 5 x 109/l e RDW normal ou 
 
49 
pouco elevado deveriam ser encaminhadas para a investigação da presença de traço 
talassêmico. A análise da curva de distribuição de hemácias de acordo com o seu 
volume, que é a base de cálculo do RDW, também pode indicar, por exemplo, a 
presença de dupla população eritrocitária, como pode ocorrer na anemia 
sideroblástica e em pacientes transfundidos. O mesmo ocorre durante o tratamento 
de reposição de ferro, quando circulam hemácias de diferentes idades e formadas em 
diversas condições de suprimento de ferro (Figura 1). 
 
 
A introdução da contagem automatizada dos reticulócitos e o uso de 
marcadores fluorescentes restabeleceram o valor desse importante indicador da 
atividade eritropoética medular. A associação da classificação morfológica das 
anemias a partir dos índices hematimétricos com a caracterização da anemia de 
acordo com a resposta medular (Quadro 1) auxilia substancialmente no diagnóstico 
diferencial e na provável etiologia da anemia. Além da contagem dos reticulócitos, 
novos parâmetros relacionados ao grau de maturidade dessas células têm sido 
investigados em diversas condições clínicas onde se pretende estimar a capacidade 
regenerativa da medula após procedimentos terapêuticos como quimioterapia ou 
transplante de células precursoras, (7) ou mesmo como auxiliar diagnóstico entre 
diversos tipos de anemia. (8) A nomenclatura para esse índice varia de acordo com o 
equipamento hematológico utilizado, que pode ser reportado como: RMI (reticulocyte 
maturity index), IRF (immature reticulocyte fraction) e MFI (mean fluorescent index). 
(9) 
http://www.scielo.br/img/revistas/rbhh/2009nahead/4509f1.jpg
http://www.scielo.br/img/revistas/rbhh/2009nahead/4509q1.gif
 
50 
 
 
Mais recentemente, o conteúdo de hemoglobina dos reticulócitos tem sido 
proposto como uma ferramenta interessante no diagnóstico precoce da deficiência de 
ferro, principalmente em pacientes renais, onde a avaliação do estado de ferro é 
particularmente importante para monitorar a resposta à terapêutica com eritropoetina 
recombinante. (10,11,12) Dependendo do equipamento utilizado, o conteúdo de 
hemoglobina do reticulócito é denominado CHr (conteúdo de hemoglobina doreticulócito), MRV (volume reticulocitário médio) ou RetHe (equivalente de 
hemoglobina dos reticulócitos). Vale ressaltar que, em outras condições que cursam 
com déficit de hemoglobinizacão, como a talassemia beta heterozigótica, o conteúdo 
de hemoglobina dos reticulócitos estará igualmente reduzido. 
 
Na série leucocitária 
 
O grande avanço tecnológico na análise da série branca foi a possibilidade da 
contagem diferencial dos leucócitos ser automatizada, fornecendo resultado rápido e 
preciso. As células são identificadas e quantificadas por diferentes metodologias, 
incluindo impedância, radiofrequência e citoquímica. Além das células maduras 
morfologicamente normais, linfócitos atípicos, granulócitos imaturos e células 
blásticas podem ser detectados e mesmo quantificados por determinados sistemas 
automatizados. A sensibilidade e a precisão nessa detecção dependem da 
metodologia utilizada e devem ser avaliadas cuidadosamente. Por isso, cada 
 
51 
laboratório deve estabelecer os seus critérios de revisão das lâminas de acordo com 
as características do sistema utilizado. A identificação dos granulócitos imaturos é de 
especial interesse na rotina clínica porque poderia indicar a presença de um quadro 
infeccioso agudo. Os equipamentos existentes no mercado atualmente ainda são 
limitados no que se refere à contagem de bastonetes, mas são bastante sensíveis 
quando da presença de células da linhagem granulocítica anteriores aos bastonetes, 
o que caracteriza o "desvio à esquerda" comumente observado nas infecções por 
bactérias gram-positivas.1 A quantificação de linfócitos atípicos e células blásticas não 
apresenta resultados tão precisos como os obtidos na detecção das células maduras 
normais, mas a emissão de alarmes sugestivos das mesmas deve servir de orientação 
para que o material seja revisado à microscopia. Além da contagem diferencial de 
leucócitos é possível determinar o número de eritroblastos nucleados, importantes na 
sinalização de um possível quadro hemolítico, hematopoese extramedular 
ou stress hematopoético, como observado em infecções graves, hipóxia ou 
hemorragia aguda. (13) Os métodos automatizados fornecem resultados muito mais 
precisos do que as contagens manuais, uma vez que o número de eventos contados 
é muito superior aos observados à microscopia, o que reduz significativamente o erro 
estatístico. Além disso, alguns equipamentos já fazem a correção pelo número total 
de leucócitos, já que eritrócitos nucleados são contados inicialmente como leucócitos. 
Uma outra possibilidade em termos de identificação morfológica das células foi 
recentemente lançada no mercado e é constituída por um sistema automatizado de 
análise de células, composto por um microscópio com três objetivas de diferentes 
aumentos, uma câmera e um sistema computacional com um software que capta e 
classifica as células a partir de um banco de dados preexistente, que pode ser 
modificado ou acrescido pelo usuário. Em 2007 foi publicado um estudo em que 
amostras de sangue de 84 pacientes com doenças hematológicas malignas foram 
analisadas por um sistema conforme descrito acima, tendo como referência a análise 
microscópica usual. Segundo os autores, a eficiência do método foi de 95%. Todas as 
amostras que apresentavam células blásticas foram identificadas, embora o número 
de células fosse subestimado em alguns casos, em especial na leucemia linfoide 
aguda. (14) A principal vantagem da utilização dessa tecnologia é que possibilita uma 
maior agilização da rotina laboratorial, triando as amostras normais e fornecendo 
dados importantes para o examinador, já que auxilia na identificação das alterações 
morfológicas das células. Uma outra vantagem é a possibilidade de comunicação 
 
52 
entre especialistas, uma vez que as imagens podem ser transmitidas eletronicamente, 
o que permite a troca de informações entre os observadores. A desvantagem principal 
é o preço do sistema, ainda inviável para a maioria dos laboratórios. 
Na série plaquetária 
Impedância elétrica, sistema óptico, radiofrequência e uso de marcadores 
imunológicos específicos para plaquetas são metodologias empregadas nos diversos 
sistemas automatizados, visando melhorar a acurácia e diminuir a ocorrência de 
interferentes nas contagens de plaquetas. A detecção precisa dos valores das 
plaquetas, especialmente no diagnóstico das plaquetopenias, é de suma importância 
na prática clínica e cirúrgica, no monitoramento das quimioterapias e procedimentos 
de transplante, entre diversas outras situações. De maneira geral, os resultados têm 
sido bastante promissores. Um estudo avaliando a contagem de plaquetas em 
amostras pediátricas, tendo como referência o método imunológico usando CD61 
como marcador das plaquetas, mostrou uma boa acurácia para a contagem por 
impedância e valores médios ligeiramente menores para as contagens feitas pelos 
métodos ótico e manual. Em geral, a precisão foi menor nas amostras com menos do 
que 50 x 109/L e naquelas provenientes de neonatos. (15) Além da quantificação das 
plaquetas, parâmetros relacionados ao tamanho (VPM - volume plaquetário médio) e 
o PDW - análogo ao RDW para os eritrócitos, podem fornecer informações 
interessantes sobre a atividade trombopoética, (16) ou como tem sido avaliado após 
procedimentos de transplante. (17) É sugerido que as trombocitopenias de origem 
medular cursam com VPM reduzido, enquanto as resultantes de destruição periférica 
apresentam valores mais elevados de VPM, refletindo a liberação precoce na 
circulação de plaquetas mais jovens e de maior volume. (18) O grau de imaturidade 
das plaquetas, reportado como IPF (immature platelet fraction) também pode ser 
avaliado. Corresponde à fração de plaquetas reticuladas que contêm RNA 
citoplasmático e que permanecem na circulação por 24 a 36 horas, quando, então, o 
RNA é degradado, o volume é reduzido e a plaqueta atinge a sua maturidade. Tem 
sido investigada como auxiliar na detecção precoce de recuperação medular após 
transplante de medula óssea, quimio ou radioterapia, além de indicativa da atividade 
megacariocítica, como o VPM. (19) Recentemente foi publicado um estudo com 51 
pacientes com síndrome mielodisplásica (SMD), que mostrou que uma parte desses 
 
53 
indivíduos apresentava uma discrepância entre altos valores de IPF e o grau de 
trombocitopenia. Em geral, quanto mais grave a plaquetopenia maiores os valores de 
IPF. Doze pacientes com SMD mostraram contagens de plaquetas superiores a 50 x 
109/L com IPF superior a 10%. Todos esses pacientes apresentaram alterações 
cromossômicas incluindo anormalidades no cromossoma 7, acompanhadas de sinais 
de dismegacariocitopoiese. Naqueles com valores de IPF superiores a 20%, a 
sobrevida foi menor quando comparada aos demais pacientes. Os 39 pacientes 
restantes não mostraram anormalidade no cromossoma 7, o que levou os autores a 
sugerirem que contagens aberrantes de IPF poderiam ser indicadoras de 
distrombopoiese e de mal prognóstico na SMD. (20) 
Concluindo, o hemograma, embora tenha um poder diagnóstico limitado, nas 
mãos de um clínico que conheça as funções celulares e as bases fisiopatológicas das 
doenças pode ser uma ferramenta importante para a avaliação de diversas situações, 
como no diagnóstico e evolução de doenças hematológicas, detecção de quadros 
infecciosos e no monitoramento terapêutico. Novos parâmetros laboratoriais obtidos 
de sistemas automatizados podem ser auxiliares na análise do sangue e da medula 
óssea, mas devem ser utilizados com cautela. Vale lembrar que a microscopia ainda 
é fundamental para a identificação de várias anormalidades na hematopoiese. A 
associação dos dados referentes a aspectos quantitativos, aspectos morfológicos e 
conhecimento fisiopatológico dos distúrbios da hematopoiese é importante para um 
diagnóstico preciso das alterações que acometem o sangue e a medula óssea. 
 
Referências

Outros materiais