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48 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II Unidade II 3 CANAL DE COMUNICAÇÃO 3.1 Conceito e características dos canais de comunicação 3.1.1 Meios físicos Os meios físicos de rede, também conhecidos como canais de comunicação, são os meios de transporte que permitem a transmissão de dados. Esses meios são peças fundamentais no processo de comunicação nas redes de computadores. Por isso que, em sua determinação, é necessária a adoção de critérios como: velocidades suportadas, imunidade a ruído, taxa de erros, disponibilidade, confiabilidade, atenuação e limitação geográfica. Os meios físicos podem ser classificados em confinados e não confinados. Os confinados são os cabos coaxiais, de pares metálicos e as fibras ópticas. Os não confinados são os que utilizam comunicação sem fio, por exemplo: comunicação via satélite, enlaces de micro-ondas, bluetooth e radiodifusão de um modo geral. Muitas empresas e organizações consideram o projeto desses meios físicos como um investimento de longo prazo, e para que ele seja adequado devem ser considerados os seguintes fatores: custo, escalabilidade, confiabilidade e gerenciamento. É muito comum referir-se à taxa de transferência em determinado canal de comunicação como largura de banda (bandwidth). A maioria das transmissões com alta velocidade ou largura de banda considerável ocorre nas comunicações digitais, sem o uso da modulação, ou seja, em banda base. 3.1.2 Cabeamento estruturado Ao trabalhar com meios físicos confinados em redes locais (LAN), é necessário seguir um conjunto de normas que visa a estruturar melhor o projeto de meios físicos. As principais normas utilizadas são as editadas pelas organizações EIA (Electronic Industries Alliance) e TIA (Telecommunications Industry Association). Quando esses padrões são seguidos, afirma-se que o cabeamento utilizado é estruturado. Os principais objetivos do cabeamento estruturado são: • Implementar um padrão genérico para ser seguido por fornecedores diferentes dos cabos de telecomunicação. 49 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a REDES DE DADOS E COMUNICAÇÃO • Estruturar um sistema intrapredial e interpredial com produtos de fornecedores distintos. • Estabelecer critérios técnicos de desempenho para sistemas de cabeamento diferentes. Os meios físicos utilizados no cabeamento estruturado são os cabos de pares trançados e os cabos ópticos. O cabeamento estruturado está dividido nos seguintes subsistemas: • Cabeamento horizontal: interconexão entre a área de trabalho e a sala de telecomunicação. É composto de cabos, terminações mecânicas, patch cords e ponto de consolidação ou saída para múltiplos usuários. • Cabeamento vertical: interconexão entre a sala de telecomunicação, a sala de equipamentos e a entrada de serviço. É composto de conexões cruzadas, terminações mecânicas e patch cords. Ainda sobre o cabeamento utilizado como meio físico de comunicação em redes de computadores, as seguintes regras precisam ser seguidas para uma passagem de cabos: • Os cabos constituídos de material metálico precisam passar por caminhos diferentes dos cabos da rede elétrica. • É desejável evitar a passagem por áreas muito movimentadas. • O trabalho precisa ser executado por técnicos especializados. • Os cabos de fibras ópticas não podem receber o mesmo tratamento que os cabos de cobre. O cabeamento estruturado é constituído por cinco subsistemas: entrada do prédio, sala de equipamentos, sala de telecomunicação, cabeamento de backbone e cabeamento horizontal. A entrada do prédio, também conhecida como entrada de facilidades, é o ponto de conexão entre a rede local do prédio e o mundo externo. As salas de equipamentos e de telecomunicação são espaços em que estão situados os equipamentos de redes e telecomunicações. Na sala de equipamentos, normalmente, encontram-se os servidores. Na sala de telecomunicação, ocorre o encontro entre o cabeamento de backbone e o cabeamento horizontal, além de hubs, switches, patch panels, entre outros. O cabeamento de backbone, conhecido como cabeamento vertical, conecta a entrada do prédio e a sala de equipamentos. O cabeamento horizontal é o cabeamento utilizado entre a sala de telecomunicação e as tomadas de telecomunicações. 50 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II 3.2 Tipos de canal de comunicação 3.2.1 Cabo coaxial O cabo coaxial foi o primeiro tipo de meio físico de rede empregado em uma LAN. Esse cabo é utilizado para comunicações de vídeo, sendo conhecido também, popularmente, como cabo BNC (Bayonet Neill-Concelman). Observação BNC é o nome dado a um tipo de conector usado pelos coaxiais. O cabo coaxial é constituído por um fio de cobre condutor, revestido por uma camada com um material isolante coberto por uma blindagem de alumínio ou cobre para proteger o fio de interferências externas. Com essa composição, o cabo coaxial é mais indicado para longas distâncias, suportando velocidades de megabits por segundo sem a necessidade de regeneração do sinal. Os principais tipos de cabo coaxial dividem-se em cabos coaxiais finos e cabos coaxiais grossos. O cabo coaxial fino foi utilizado no início das redes locais com topologia em barramento; com o desenvolvimento das topologias em anel e estrela, porém, ele passou a ser substituído pelos cabos UTP (Unshielded Twisted Pair). Foi padronizado pelo Ieee (Institute of Electrical and Electronics Engineers) como 10Base2 e é, muitas vezes, descrito como RG-58, com uma impedância de 50 ohms. Utilizando o cabo coaxial fino é possível chegar ao comprimento máximo de 185 m, com trinta conexões e uma taxa de transferência de 10 Mbps. Para conectá-lo a um computador, é necessária a utilização de um conector chamado BNC T. Lembrete A taxa de transferência de um sistema mede a quantidade de dados transferida no tempo. Quanto maior a taxa de transferência, melhor o desempenho do sistema, e vice-versa. Essa taxa é normalmente medida a partir da quantidade de bits transmitidos em um segundo e pode ser representada pela unidade bps. Comparado ao cabo coaxial grosso, o cabo coaxial fino é mais maleável, fácil de instalar e tem maior imunidade a ruídos eletromagnéticos de baixa frequência. O cabo coaxial grosso é usado em redes de computadores industriais com distância superior a 200 m ou quando há grande incidência de interferências eletromagnéticas. Possui uma impedância 51 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a REDES DE DADOS E COMUNICAÇÃO de 75 ohms devido à dupla blindagem. Também foi utilizado na transmissão de voz e imagens analógicas e em backbones em virtude do alto custo das fibras ópticas. As principais características do cabo coaxial grosso são: possuir velocidade máxima de transmissão de 10 Mbps; possuir alcance máximo do cabo de 500 m; comportar até cem computadores no barramento, com distância entre as estações de 2,5 m ou múltiplos; poder ser aplicado em rede Ethernet ou Token Ring. As principais vantagens do cabo coaxial são: • Ter blindagem que o habilita a alcançar distâncias maiores que os cabos de pares trançados metálicos. • Poder ser utilizado na transmissão em banda larga. • Possuir imunidade a ruídos consideravelmente maior em comparação com os cabos de pares trançados metálicos. As principais desvantagens do cabo coaxial são: • Não possuir flexibilidade o suficiente, além de apresentar o defeito de mau contato devido a suas características construtivas. • Ter ificuldades no lançamento e passagem desse cabo. • Funcionar em topologia física em barramento sendo que, caso o cabo quebre ou apresente mau contato, toda a rede pode ficar fora de operação. A ideia de blindagem do cabo coaxial é oriunda da teoria dagaiola de Michael Faraday (1791-1867). Michael Faraday, físico e químico inglês, no estudo de cargas elétricas, levou um eletroscópio, dispositivo usado na época para indicar a presença de cargas elétricas, para dentro de uma grande gaiola metálica. Em seguida, seu assistente carregou eletricamente a gaiola aterrada, com tanta intensidade que dela saltaram faíscas, mas o eletroscópio não indicou a presença de carga. Então, Faraday concluiu que o interior da gaiola era local protegido de cargas e descargas elétricas externas. Ambientes blindados e aterrados são construídos para funcionar como gaiola de Faraday e servir de laboratório para testes e medidas em receptores e amplificadores, principalmente. Como campos eletromagnéticos não penetram no interior, os ensaios são realizados sem qualquer interferência externa. De modo semelhante, no interior de elevadores, prédios com estruturas metálicas, túneis etc., locais onde a onda irradiada de fora não consegue penetrar e os receptores ficam inoperantes (MEDEIROS, 2012, p. 110). 52 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II 3.2.2 Cabo de par trançado O cabo de par trançado é composto de um, dois ou quatro pares de fios enrolados de dois em dois, formando uma camada isolante. Essa medida mantém as suas propriedades elétricas ao longo do fio e reduz o nível de interferência eletromagnética. Esses cabos são encontrados em redes domésticas e corporativas, interligando modems, computadores, roteadores, hubs e demais ativos de rede. Sua transmissão suporta sinais analógicos ou digitais, e sua largura de banda é de 10 Mbps, 100 Mbps ou 1.000 Mbps, o que pode variar conforme o meio em que está inserido. Contudo, há cabos UTP que alcançam a velocidade de 10 Gbps, sendo utilizados em backbones, interligando roteadores em redes distintas. Os cabos de pares trançados dividem-se em sem blindagem e com blindagem. Os cabos de pares trançados sem blindagem são conhecidos como cabos UTP e são constituídos de quatro pares de fios enrolados, revestidos com uma capa de plástico (PVC). Estão entre os cabos mais utilizados, principalmente os de categoria 5e, devido à facilidade de manuseio, baixo preço e transmissão de dados de até 100 Mbps a uma distância máxima de 100 m. Como desvantagem, esse cabo pode sofrer interferências eletromagnéticas externas quando instalado próximo a fios de rede elétrica e motores, por exemplo. Os cabos de pares trançados com blindagem, como o próprio nome sugere, além da cobertura de plástico em seus pares, possuem uma blindagem. Essa blindagem é uma capa metálica com imunidade a ruídos, que é instalada em cada par. Contudo, o custo desse cabo é mais elevado, sendo indicado para ambientes com interferência eletromagnética. Os cabos de pares trançados dividem-se nas seguintes categorias: • Categoria 1: são os cabos telefônicos utilizados para o tráfego de voz, mas não de dados. • Categoria 2: certifica cabos UTP com transmissão de dados de até 4 Mbps (cabos que têm quatro pares de fios e que foram muito utilizados em redes com o padrão Token Ring). • Categoria 3: certifica cabos UTP com transmissão de dados de até 16 Mbps (cabos que têm quatro pares de fios e que foram usados nas primeiras redes Ethernet com 10 Mbps). • Categoria 4: certifica cabos UTP com transmissão de dados de até 20 Mbps (cabos que têm quatro pares de fios e que foram bastante utilizados em redes Token Ring). • Categoria 5: certifica cabos UTP com transmissão de dados de até 100 Mbps (cabos com quatro pares de fios). • Categoria 5e: certifica cabos UTP com transmissão de dados de até 1 Gbps (cabos com quatro pares de fios). Visualmente, não há diferença entre estes e os cabos de categoria 5. 53 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a REDES DE DADOS E COMUNICAÇÃO • Categoria 6: certifica cabos UTP com transmissão de dados de até 10 Gbps (cabos com quatro pares de fios). • Categoria 7a: certifica cabos de pares trançados com blindagem, que permitem a velocidade de até 40 Gbps. O par trançado sem blindagem utiliza conectores com oito contatos, conhecidos como conectores RJ-45. É considerado um padrão específico, levando em conta a cor do par metálico conectado. 3.2.3 Fibras ópticas Através das fibras ópticas, os dados são transportados na forma de sinais luminosos (fótons). São um meio seguro de transmitir dados, pois não transportam sinais elétricos, minimizando problemas de segurança e de ruídos/interferência. A transmissão nas fibras ópticas ocorre sob o princípio da reflexão da luz, mediante aparelhos que transformam sinais elétricos em pulsos de luz (fótons). Cada fóton representa um código binário: 0 ou 1. A fibra óptica, constituída de material dielétrico, em geral muito fino, de sílica ou vidro, transparente, flexível e de dimensões reduzidas, tem em sua construção mais três elementos: • Núcleo central de vidro: onde ocorre a transmissão da luz; possui alto índice de refração. • Casca: material de vidro que envolve o núcleo, mas com índice de refração inferior. • Revestimento: cobertura de plástico fino que protege o revestimento interno. A reflexão da luz em uma fibra ocorre quando há a incidência em uma superfície com índice de reflexão menor. A diferença entre índices de refração (núcleo e casca) determina o ângulo de incidência, de modo a existir uma reflexão total do pulso óptico. O pulso luminoso sempre trilhará o caminho no centro do núcleo, mas, em alguns momentos, com um ângulo extremamente aberto, ele será refletido, deslocando-se numa velocidade próxima de 300.000 km/s. É possível que ocorram dispersões do pulso luminoso ao longo de seu trajeto na fibra, contribuindo para o enfraquecimento do sinal. Lembrete As principais vantagens das fibras ópticas são: imunidade a interferências, alcance de grandes distâncias e alta velocidade. Como visto antes, existem dois tipos de fibra – multimodo e monomodo –, que se diferenciam pelo diâmetro do núcleo, o que altera a forma como as informações são transmitidas. 54 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II Também é possível dividir as fibras ópticas conforme o índice de refração: • Fibra com índice degrau de modos múltiplos. • Fibra com índice gradual de modos múltiplos. • Fibra com índice degrau de um só modo. Normalmente as fibras ópticas são feitas à base de vidro. No entanto, há fibras criadas à base de plástico, com custo menor, mas com maior perda na transmissão de dados. Saiba mais Para conhecer um pouco mais sobre cabos ópticos e sistemas de comunicação óptica, leia o livro: AMAZONAS, J. R. A. Projetos de sistemas de comunicações ópticas. Barueri: Manole, 2005. 3.2.4 Fiber to the Home (FTTH) Fiber to the Home, ou simplesmente FTTH, é uma tecnologia capaz de transmitir telefonia, TV digital e Internet com alta velocidade. Esse meio, até pouco tempo atrás, era utilizado ou como ponto de acesso aos backbones das prestadoras de telecomunicações, ou para usuários de grande porte, como empresas e indústrias. No FTTH, as taxas chegam à ordem dos gigabits, mas em geral utilizam-se taxas entre 100 e 500 Mbps. Hoje é crescente a oferta de FTTH nas grandes capitais, com taxas similares a essas. Existem diversas maneiras de distribuição da fibra óptica. A rede mais simples é a chamada fibra direta, na qual existe uma fibra saindo diretamente da central telefônica para a residência do assinante. Com isso, podemos atingir altíssimas velocidades, já que o usuário terá uma fibra dedicada para si, não havendo concorrência. Outra maneira é a chamada Rede Óptica Passiva (PON – Passive Optical Network). Nela, cada fibra que sai da central telefônica é compartilhada entre diversas residências. É também chamada de rede ponto-multiponto, já que um emissor atende a vários receptores.Nas PONs, o sinal óptico é transmitido por uma única fibra e depois derivado para os usuários finais por meio de Divisores Ópticos Passivos (POS – Passive Optical Splitters). 55 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a REDES DE DADOS E COMUNICAÇÃO 3.2.5 Canal de comunicação de rádio No canal de comunicação de rádio, a informação é transportada por meio de ondas eletromagnéticas. Essas ondas são irradiadas por antenas transmissoras em determinada frequência e captadas por uma antena receptora dentro da mesma frequência. A antena é um elemento de grande importância na transmissão de um sinal de radiofrequência, e sua instalação tem que ser sempre bem considerada. As ondas eletromagnéticas são criadas a partir da passagem de uma corrente elétrica alternada em um condutor (antena). Elas podem ser classificadas de acordo com as propriedades físicas, com a frequência ou comprimento, com a direção de variação e com o sentido de propagação. O meio físico é o ar, que pode ser considerado um dos meios físicos mais delicados no processo de transmissão de dados. Isso porque ele é muito suscetível à ação de distúrbios e efeitos indesejáveis (vários deles oriundos de fenômenos naturais), que prejudicam a comunicação de dados. Não obstante, a comunicação via rádio é indispensável para alcançar distâncias consideravelmente longas. Quando ocorre uma comunicação via rádio (ou seja, por meio de ondas eletromagnéticas), é comum chamá-la de enlace via rádio. Os enlaces via rádio são estabelecidos dentro de faixas de frequência. No Brasil, essas faixas são administradas pela Anatel. O espectro de frequência das ondas eletromagnéticas e suas respectivas aplicações são: • Frequência Extremamente Baixa (ELF – Extremely Low Frequency): sua faixa de frequência vai de 3 Hz a 300 Hz, com comprimentos de onda entre 1.000 km e 100.000 km. • Frequência Superbaixa (SLF – Super Low Frequency): sua faixa de frequência vai de 30 Hz a 300 Hz, sendo utilizada para linhas de transmissão de energia elétrica. • Frequência Ultrabaixa (ULF – Ultra Low Frequency): sua faixa de frequência vai de 300 Hz a 3 kHz. Essas ondas são encontradas quando ocorrem terremotos. • Frequência Muito Baixa (VLF – Very Low Frequency): sua faixa de frequência vai de 3 kHz a 30 kHz. Suas principais aplicações são: sinais de dados a baixa velocidade, radionavegação, sinais de relógio de tempo, comunicação militar e comunicação com submarinos. • Frequência Baixa (LF – Low Frequency): sua faixa de frequência vai de 30 kHz a 300 kHz. Sua principal aplicação é o radiofarol para aeronaves. • Frequência Média (MF – Medium Frequency): sua faixa de frequência vai de 300 kHz a 3 MHz. Suas principais aplicações são: comunicação com aeronaves, radioamadores, serviços de emergência 56 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II em comunicações marítimas, serviços de radiodifusão em broadcast (popular rádio AM), telefones sem fio e chamada internacional de socorro. • Alta Frequência (HF – High Frequency): sua faixa de frequência vai de 3 MHz a 30 MHz. Sua principal aplicação é a radiodifusão em broadcast (popular rádio FM). • Frequência Muito Alta (VHF – Very High Frequency): sua faixa de frequência vai de 30 MHz a 300 MHz. Suas principais aplicações são: radiodifusão em broadcast (rádio FM e TV), serviço móvel marítimo e serviço móvel aeronáutico. • Frequência Ultra-alta (UHF – Ultra High Frequency): sua faixa de frequência vai de 300 MHz a 3 GHz. Suas principais aplicações são: comunicação ponto a ponto e radiovisibilidade. • Frequência Superalta (SHF – Super High Frequency): sua faixa de frequência vai de 3 GHz a 30 GHz. Suas principais aplicações são: enlaces em micro-ondas e satélites. Os enlaces de rádio podem operar com um dos três tipos de onda eletromagnética: ondas terrestres, ondas ionosféricas e ondas troposféricas. As ondas terrestres propagam-se acompanhando a superfície da Terra, operando nas faixas de frequência LF e MF. Esse tipo de transmissão de ondas é altamente influenciado pelas condições de solo, de relevo, e pelas próprias características eletromagnéticas. As ondas ionosféricas propagam-se em direção à ionosfera e são refletidas para a Terra, onde são novamente refletidas, como que em saltos, alcançando longas distâncias. Esse tipo de transmissão é influenciado pelo estado da ionosfera, que varia conforme o horário do dia. A faixa de frequência de operação das ondas ionosféricas está em MF e HF. Observação A ionosfera é uma camada da atmosfera situada a aproximadamente 100 km da superfície da Terra, formada por íons e elétrons livres, que influenciam na transmissão de ondas eletromagnéticas em algumas faixas de frequência. As ondas troposféricas propagam-se pela troposfera, a partir de um fenômeno conhecido como tropodifusão. A faixa de frequência de operação dessas ondas está em VHF e UHF. Exemplo de aplicação Pesquise, em sites relacionados a Tecnologia da Informação e Redes, os meios físicos mais utilizados em redes LAN. 57 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a REDES DE DADOS E COMUNICAÇÃO 3.3 Distúrbios no canal de comunicação 3.3.1 Efeitos indesejáveis nos meios físicos Todos os meios físicos podem sofrer a ação de efeitos indesejáveis, que prejudicam a comunicação de dados. Entre os principais, é possível citar: interferência, ruído, atenuação e distorção. A interferência é um sinal de origem humana que invade o canal de comunicação, atrapalhando e dificultando o processo de comunicação. Esse tipo de distúrbio é também conhecido como sinais espúrios. O ruído é um sinal aleatório de origem natural que provoca efeitos indesejáveis nos canais de comunicação. Os ruídos podem ser classificados em: ruídos térmicos (resultado da agitação dos elétrons nos átomos), ruídos atmosféricos (fruto das descargas elétricas na atmosfera) e ruídos cósmicos (gerados por distúrbios fora da Terra). A atenuação é a perda de potência de um sinal ao se propagar por um canal de comunicação. A distorção é a alteração da forma do sinal, devido à atenuação imposta às diferentes frequências. 3.3.2 Distúrbios específicos do canal de comunicação de rádio O canal de comunicação de rádio tem suas particularidades, inclusive no que tange a distúrbios e efeitos indesejáveis. Entre eles, é possível citar: • Atenuação no espaço livre: provocada pela propagação da própria onda transmitida de uma antena para outra a uma distância d. • Perdas por vegetação e obstáculo: causadas pelas características do relevo, do terreno, que podem atrapalhar a propagação da onda. • Efeito das ondas multipercurso: trata-se das ondas secundárias que chegam à antena receptora a partir dos mais diferentes percursos e com diferentes intensidades, defasadas entre si e em relação à onda principal. • Ação da chuva: fenômeno meteorológico que ocorre no percurso da onda, enfraquecendo-a, despolarizando-a e degradando a recepção do sinal. • Efeito Doppler: variação da frequência do sinal devido à alteração de velocidade do equipamento transmissor. Esse distúrbio só é observado em comunicações móveis. • Formação de dutos no percurso da onda: distúrbio causado por túneis (dutos) de umidade, que provocam desvanecimento (enfraquecimento) do sinal. 58 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II Saiba mais Para conhecer um pouco mais sobre o canal de comunicação de rádio, leia o livro: MEDEIROS, J. C. O. Princípios de telecomunicações: teoria e prática. São Paulo: Érica, 2012. 4 PADRÕES E PROTOCOLOS DE REDE 4.1 Padrões internacionais 4.1.1 Organizações padronizadoras Os padrões podem ser classificados em padrões de facto e padrões de jure. Os padrões de facto são aqueles que não foram reconhecidospor uma organização ou comitê ao serem lançados por uma pessoa ou comunidade. Os padrões de jure são protocolos reconhecidos legalmente ou por organizações. Um produto sem padronização recebe o nome de de facto e, ao ser padronizado por uma organização, altera seu status para de jure. Os padrões de jure têm as suas especificações submetidas a um corpo avaliador no formato RFC (Request for Change) até sua versão final aprovada. Os principais órgãos padronizadores são: • Ieee (Institute of Electrical and Electronics Engineers). • Ansi (American National Standards Institute). • ISO (International Organization for Standardization). • ITU (International Telecommunication Union). • IEC (International Electrotechnical Commission). • EIA (Electronic Industries Alliance). O Ieee é a maior organização do mundo, sem fins lucrativos, constituída por engenheiros elétricos e eletrônicos, que promove a criação, desenvolvimento, integração, compartilhamento e conhecimento aplicado à ciência e às tecnologias da eletricidade e da informação. Para cada padrão Ieee, existe um grupo de trabalho que desenvolve e aprimora os padrões e inovações. Outra organização é a Ansi, criada em 1918. É um órgão de padronização americano, sem fins lucrativos, com mil membros associados, entre empresas, organizações, agências do governo e instituições 59 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a REDES DE DADOS E COMUNICAÇÃO internacionais. Atua na especificação de padrões eletrônicos em parceria com a IEC e representa os Estados Unidos da América na ISO. A padronização da rede FDDI feita pela Ansi pode ser considerada uma das maiores contribuições para a indústria de redes. A ISO é uma das principais organizações internacionais de padronização, atuando em diversas áreas de desenvolvimento tecnológico. É constituída por entidades de diferentes países. Na área de Comunicação e Redes de Computadores, sua maior contribuição foi a padronização do modelo de referência OSI no ano de 1984. 4.2 Modelo OSI O modelo de referência para interconexão de sistemas abertos (modelo OSI) ajudou a mudar a cara da computação de rede. Antes do modelo OSI, a maioria das redes comerciais usadas pelas empresas era construída usando tecnologias não padronizadas desenvolvidas por fornecedores individuais. Durante o fim da década de 1970, a ISO criou a Subcomissão de Interconexão de Sistemas Abertos para desenvolver um conjunto de normas para comunicações entre computadores, e essa subcomissão concluiu o modelo OSI de sete camadas em 1984. O uso de uma norma em camadas torna mais fácil o desenvolvimento de software e hardware que conectam redes diferentes, porque eles podem ser desenvolvidos uma camada de cada vez (CICCARELLI et al., 2009, p. 26). 4.2.1 Introdução Este modelo de redes foi desenvolvido entre o final da década de 1970 e o ano de 1984, a fim de interconectar sistemas abertos e segmentar a problemática das redes de computadores em camadas. O quadro a seguir apresenta as camadas do modelo OSI: Quadro 2 – Modelo OSI Modelo OSI Camada de aplicação Camada de apresentação Camada de sessão Camada de transporte Camada de rede Camada de enlace Camada física Adaptado de: Torres (2016, p. 256). 60 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II Os principais benefícios trazidos pelo modelo OSI são: • Auxiliar na elaboração do protocolo. • Estimular a competição. • Impedir que mudanças em uma camada afetem outras. • Prover uma linguagem comum. As camadas do modelo OSI são: • Camada 7 (aplicação): comunicação do usuário por meio de aplicativos. • Camada 6 (apresentação): formatação dos dados. • Camada 5 (sessão): estabelecimento, gerenciamento e encerramento de sessões. • Camada 4 (transporte): transporte das informações. • Camada 3 (rede): endereçamento lógico e roteamento. • Camada 2 (enlace): endereçamento físico e comutação. • Camada 1 (física): padrões físicos. Essas camadas definem o modo pelo qual as informações “descem” até os dispositivos de hardware e “sobem” até os aplicativos. Cada camada é independente da outra em suas funções e responsabilidades. As camadas permitem que o OSI seja um modelo modular, facilitando o projeto e o desenvolvimento das redes. A informação que transita em cada camada do modelo OSI recebe um nome, ou melhor, uma PDU (Protocol Data Unit). As PDUs de cada camada são: • Camada 7: dados. • Camada 6: dados. • Camada 5: dados. • Camada 4: segmento. • Camada 3: pacote. • Camada 2: quadro. • Camada 1: bit. 61 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a REDES DE DADOS E COMUNICAÇÃO Na verdade, a informação que é gerada na camada de aplicação e recebe o nome de dados é encapsulada nas outras camadas. Esse encapsulamento é o processo de adicionar informações aos dados enquanto eles passam através das camadas do modelo OSI. As informações adicionadas aos dados são chamadas de cabeçalho. 4.2.2 Camadas superiores do modelo OSI As camadas de aplicação, apresentação e sessão são consideradas as camadas superiores do modelo OSI, pelo fato de serem as mais próximas do usuário e por terem o dado como PDU. A camada de aplicação fornece a interface entre as aplicações que utilizamos para a comunicação e a rede subjacente pela qual nossas mensagens são transmitidas. É a camada de acesso do usuário final à rede, consistindo em um conjunto de aplicativos e serviços que provê a interação usuário-máquina. A camada de apresentação é aquela que responde às solicitações da camada de aplicação e encaminha solicitações de serviço para a camada de sessão. É a responsável pela sintaxe e pela semântica dos dados transmitidos, bem como pela conversão e formatação dos dados. Também chamada de camada de tradução, a camada de apresentação é a segunda mais alta da pilha de protocolos. Ela converte o dado recebido pela camada de aplicação em um formato comum a ser usado na transmissão dele, ou seja, um formato entendido pelo protocolo utilizado. Ela pode ainda ter outros usos, como a conversão do padrão de caracteres (código de página), quando, por exemplo, o dispositivo transmissor usa um padrão distinto do ASCII (American Standard Code for Information Interchange). Exemplos de diferenças entre formatos de dados incluem ordem de bytes (poderiam ser lidos da esquerda para a direita ou vice-versa) e conjunto de caracteres (caracteres ASCII ou caracteres EBCDIC – Extended Binary Coded Decimal Interchange Code –, da IBM), bem como sua representação numérica. Para aumentar a segurança, é possível utilizar algum esquema de criptografia nesse nível, sendo que os dados só serão decodificados na camada 6 do dispositivo receptor. Assim, no dispositivo de origem, a mensagem é enviada criptografada, quer dizer, os dados da informação original são modificados em um formato para envio. A formatação de dados serve para que o nó receptor entenda o que o nó emissor envia. A camada de sessão é responsável pelo estabelecimento, gerenciamento e finalização de sessões entre a entidade transmissora e a receptora. Os principais serviços oferecidos pela camada de sessão são: • Intercâmbio de dados: atividade responsável pelo estabelecimento da conexão, troca de dados e fechamento da conexão com a outra ponta. 62 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II • Gerenciamento de diálogos: através dos chamados tokens, é possível negociar a troca de dados, a sincronização dos dados e a liberação da conexão durante a sessão. Os tokens são os responsáveis por “ter a vez de falar”. Assim, a máquina que estiver com o token é que poderá transmitir naquele momento. • Sincronização: quando há interrupção na rede, uma forma de retornar ao ponto em que parou é por meio doschamados pontos de sincronização nos diálogos. Os pontos de sincronização são marcações em dois níveis, o que permite retornar com maior precisão. • Gerenciamento de atividades: divide as mensagens no nível da aplicação em unidades lógicas menores e independentes, chamadas atividades. • Relatório de exceções: permite retomar as ações executadas no nível de sessão mediante relatórios que detalham os problemas acontecidos com mensagens que retornaram. Cada camada oferece seus serviços para a camada diretamente acima. O chamado Ponto de Acesso aos Serviços da Sessão (PASS) permite a utilização dos serviços da camada de sessão pela camada de apresentação. Os dados no nível da sessão devem ser organizados para o estabelecimento da comunicação e para a transmissão adequada. Com esse intuito, usa-se o chamado intercâmbio de dados, que envolve três fases: estabelecimento, utilização e liberação. A liberação pode ser feita de duas formas na camada de sessão: • De forma abrupta: análoga à desconexão na camada de transporte. Uma vez emitida, a conexão não recebe mais nenhum dado. É utilizada para abortar conexões. • Disciplinada: utiliza um handshake completo – pedido, indicação, resposta e confirmação. Essa forma de liberação pode aceitar mensagens até que uma confirmação seja enviada. Na camada de aplicação, especificamente, opera uma série de protocolos, entre eles: • Telnet: aplicação de acesso remoto desenvolvida em 1969. O seu nome é derivado das palavras telephone network. Em 1977, foi liberada para uso público, tornando-se padrão mundial para acesso remoto. • FTP/TFTP (File Transfer Protocol/ Trivial File Transfer Protocol): protocolos de transferência de arquivos, criados em 1980. O FTP é mais confiável e mais lento. O TFTP é um pouco menos confiável e mais rápido. • SMTP (Simple Mail Transfer Protocol): protocolo padrão para envio de e-mails através da Internet. Criado nos anos de 1980, tem uma operação relativamente simples. 63 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a REDES DE DADOS E COMUNICAÇÃO • POP3 (Post Office Protocol): protocolo utilizado no acesso remoto a uma caixa de correio eletrônico. • HTTP (Hypertext Transfer Protocol): protocolo criado nos anos de 1990, com a finalidade de comunicar dados pela Internet. • DNS (Domain Name System): criado em 1984, o serviço DNS baseia-se na arquitetura cliente- servidor e tem a função primordial de traduzir nomes para endereços lógicos de rede. • DHCP (Dynamic Host Configuration Protocol): criado em 1993, o serviço permite a configuração dinâmica de elementos conectados a uma rede. 4.2.3 Camada de transporte do modelo OSI A camada de transporte habilita a comunicação de múltiplas aplicações na rede, ao mesmo tempo, em um único dispositivo. Ela também assegura que, se necessário, todos os dados sejam recebidos confiavelmente e em ordem pela aplicação correta, mediante mecanismos de tratamento de erros. Nessa camada, os dados são encapsulados nos segmentos, sendo estes a sua PDU. Os propósitos da camada de transporte são: • Rastrear a comunicação individual entre as aplicações na origem e no destino. • Segmentar dados e gerenciar cada segmento. • Reagrupar os segmentos em fluxos de dados de aplicação. • Identificar as diferentes aplicações. Entre esses propósitos, o principal é efetuar a segmentação/reagrupamento e a multiplexação. Os principais tipos de transporte são: orientado a conexão e não orientado a conexão. No transporte orientado a conexão, afirma-se que a transmissão é confiável porque a segmentação/ reagrupamento ocorre de modo organizado. Além disso, estão presentes os mecanismos de janelamento, correção de erro, confirmação e controle de fluxo. Por esse motivo, ele é mais lento. O protocolo orientado a conexão dessa camada é o TCP. No transporte não orientado a conexão, não existe a confiabilidade do anterior: ele efetua a segmentação/reagrupamento, mas não de modo organizado. Não há mecanismos de janelamento, correção de erro, confirmação e controle de fluxo. Por isso é mais rápido. O protocolo não orientado a conexão dessa camada é o UDP (User Datagram Protocol). 64 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II 4.2.4 Camada de rede do modelo OSI É a camada 3 do modelo OSI, conhecida também por camada da Internet no modelo TCP/IP. É responsável pelo endereçamento lógico dos dispositivos de rede e pelo roteamento dos pacotes. O primeiro propósito dessa camada é o endereçamento lógico, também conhecido como endereço IP, que é um número formado por 32 bits que identificam a rede e o host. É também nessa camada que ocorre o roteamento, que é o processo de determinação do melhor caminho. Ele pode ser classificado em: estático (configurado manualmente pelo administrador de redes) e dinâmico (configurado por meio de um protocolo de roteamento). 4.3 Modelo TCP/IP Para entender bem o TCP/IP, um bom começo é saber um pouco sobre os motivos de sua criação. As histórias do TCP/IP e da Internet são tão intimamente ligadas que não podem ser separadas. Ambos foram criados como parte do campo de batalha eletrônico da Guerra Fria entre os Estados Unidos e a União Soviética. Desde suas origens como um meio de facilitar a comunicação entre uns poucos campi universitários, a Internet se tornou um fenômeno mundial, ajudando a guiar o crescimento da indústria de PCs no processo e mudando o meio como as pessoas comunicam, colaboram e fazem negócios. TCP/IP é uma família de protocolos, com o TCP e o IP como base fundamental (CICCARELLI et al., 2009, p. 133). 4.3.1 Introdução Como visto antes, o modelo TCP/IP, também conhecido como modelo DoD, foi elaborado para atender a necessidade de criação da rede de computadores da Arpa. A ideia da Arpa era conceber um conjunto de protocolos com as seguintes características: • Operação independente do fabricante de hardware e software. • Boa recuperação de falhas (uma grande preocupação das forças militares norte-americanas). • Operar com altas taxas de erro, oferecendo serviços confiáveis. • Ser eficiente, tendo uma baixa sobrecarga de dados. • Ter escalabilidade, sem afetar o desempenho e a disponibilidade da rede. O quadro a seguir apresenta o modelo TCP/IP: 65 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a REDES DE DADOS E COMUNICAÇÃO Quadro 3 – Modelo TCP/IP Modelo TCP/IP Camada de aplicação Camada de transporte Camada de Internet Camada de acesso Adaptado de: Torres (2016, p. 256). É um modelo aberto e relativamente simples, concebido como projeto em 1970, que traduz toda a problemática das redes em quatro camadas: camada de aplicação, camada de transporte, camada de Internet e camada de acesso à rede. A camada de aplicação do modelo TCP/IP também é conhecida como camada de processo. Ela lida com aplicativos e dispositivos de origem e destino, sendo a camada mais próxima do usuário. A camada de transporte também é conhecida como camada de host a host. Ela controla o fluxo de informações entre dispositivos, gerenciando o tipo de transmissão (orientada ou não orientada a conexão). A camada de Internet também é conhecida como camada de rede. É nessa camada que é executado o processo de roteamento de pacotes. O mais popular protocolo das redes de computadores também integra essa camada – IP. A camada de acesso à rede é responsável por gerenciar a transmissão da informação no meio físico. Ela reúne as funções das camadas de enlace e física do modelo OSI. 4.3.2 Comparação dos modelos OSI e TCP/IP Sob o aspecto teórico, o modelo OSI é o mais citado e o mais didático para o aprendizado das redes de computadores. Não obstante, o modelo TCP/IP se aproxima mais da realidade e do funcionamento das redes. É possível estabelecer uma comparação entre as camadas dos dois modelos, conforme a figura aseguir: Modelo OSI Modelo TCP/IP Camada de aplicação Camada de aplicaçãoCamada de apresentação Camada de sessão Camada de transporte Camada de transporte Camada de rede Camada de Internet Camada de enlace Camada de acesso Camada física Figura 16 – Comparação dos modelos OSI e TCP/IP 66 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II Pode-se perceber que o modelo TCP/IP agrupa as funcionalidades das camadas de aplicação, apresentação e sessão do OSI em apenas uma camada, denominada camada de aplicação do TCP/IP. O mesmo acontece com as camadas de enlace e física do OSI, reunidas em apenas uma camada no modelo TCP/IP – a camada de acesso. As camadas de transporte dos dois modelos são praticamente equivalentes, e a camada de rede do modelo OSI corresponde à camada de Internet do modelo TCP/IP. Saiba mais Para conhecer um pouco mais sobre modelo em camadas OSI e TCP/IP, leia o livro: TORRES, G. Redes de computadores. 2. ed. Rio de Janeiro: Novaterra, 2016. 4.4 Protocolos de comunicação de dados 4.4.1 Protocolo de Internet (IP) É o protocolo de camada de Internet do modelo TCP/IP, responsável pelo encapsulamento dos segmentos na camada de transporte. O IP possui baixo overhead (cabeçalho), é sem conexão e utiliza o serviço de melhor esforço, além de operar independentemente do meio físico. A versão 4 é a mais utilizada nos dias de hoje. No entanto, a versão 6 já está amplamente propagada pela Internet. O IP é considerado um protocolo sem conexão porque não requer troca inicial de informações de controle para estabelecer uma conexão entre as extremidades, antes do envio dos pacotes. É considerado de melhor esforço porque não possui a capacidade de gerenciar e recuperar pacotes não entregues ou corrompidos, além de não ser confiável, deixando para as camadas superiores a gerência da confiabilidade. O pacote IP, PDU da camada de rede, é composto do segmento TCP acrescido do cabeçalho IP. Os principais campos do cabeçalho IP são: • Comprimento do cabeçalho. • Prioridade. • Tempo de vida. • Endereço IP de origem. 67 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a REDES DE DADOS E COMUNICAÇÃO • Endereço IP de destino. • Identificador do protocolo de transporte. • Flags de fragmento. • Identificador do pacote. Na versão 4, possui um endereço de 32 bits, agrupados em grupos de oito denominados octetos. Um endereço IP tem quatro octetos compostos de duas porções: host e rede. A versão 6 nasceu em meados de 1990, sendo o padrão publicado em 1998. Surgiu devido ao esgotamento da quantidade de endereços IP disponíveis na versão 4. A versão 6 aumentou o número de endereços IP válidos de 4 bilhões para mais de 134 trilhões. A quantidade de bits aumentou de 32 para 128. O endereço IP na versão 6 é representado por números hexadecimais. 4.4.2 Protocolo de transporte Os principais protocolos que operam na camada de transporte são: UDP e TCP. O UDP é um protocolo de transporte não orientado a conexão (ou sem conexão) e que tem uma grande preocupação com a velocidade na transmissão da informação. Por esse motivo, ele é não confiável. Ele também é um protocolo de transporte mínimo e de melhor esforço, ou seja, segmentos UDP podem ser perdidos ou entregues à aplicação fora de ordem. Não existe nenhum tipo de configuração inicial entre remetente e receptor, e os segmentos são tratados de forma independente (sem conexão). O UDP não utiliza operações como janelamento, controle e correção de erros, retransmissão de dados perdidos, entre outros processos que visam à alta qualidade no transporte de dados. Todas as preocupações com a qualidade devem ser tratadas pela aplicação que utiliza o protocolo UDP. Além disso, o UDP não tem controle de fluxo e de congestionamento, isto é, pode transmitir o mais rápido possível. O UDP é considerado simples, pois não mantém o “estado” da conexão no remetente/ receptor, e possui cabeçalho de segmento bastante pequeno e simples se comparado ao TCP. O UDP é muito utilizado para aplicações de meios contínuos (voz, vídeo), que são tolerantes a perdas e sensíveis à taxa de transmissão, assim como para todas as aplicações isócronas (aplicações que precisam reproduzir-se na mesma taxa com que foram geradas). Também é usado nas aplicações de DNS e SNMP (Simple Network Management Protocol). Nas aplicações que utilizam UDP, é comum a necessidade de transferência confiável mínima. Nesses casos, é preciso incluir a confiabilidade na camada de aplicação, sendo que a recuperação de erro também se torna específica da aplicação. 68 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II Já o TCP, diferentemente do UDP, é um protocolo que preza pela qualidade no transporte. O TCP é um protocolo orientado a conexão que executa processos como janelamento, controle e correção de erros, retransmissão de dados perdidos e segmentação de forma organizada. Um dos processos mais interessantes do TCP é o handshake – traduzido ao pé da letra seria aperto de mão –, que inicia a conexão entre o transmissor e o receptor. Lembrete Os protocolos TCP e UDP pertencem à camada 4 do modelo OSI. Dizemos que o TCP possui transferência confiável de dados, pois ele usa números de sequência e reconhecimento positivo com retransmissão para a entrega de dados. Assim, o TCP é um protocolo utilizado por diversas aplicações que não aceitam perdas de informação e que devem garantir a entrega e a integridade desta. No TCP, os números de sequência são usados para determinar a ordem dos dados que chegam e para detectar pacotes que estão faltando. O reconhecimento positivo com retransmissão exige que o receptor envie um pacote de reconhecimento (pacote ACK) ao remetente sempre que recebe um dado. O protocolo TCP faz controle de fluxo, ou seja, o TCP receptor envia um valor (tamanho da janela) ao transmissor nos pacotes de reconhecimento, que especifica o número de bytes que o transmissor pode transmitir sem esperar pelo reconhecimento deles. A janela desliza à medida que chegam os reconhecimentos e, quando esse valor for igual a zero, o transmissor para de enviar os dados. Esse processo, chamado de janela deslizante, é utilizado para aumentar a taxa de transmissão dos pacotes. Seja utilizando o TCP ou o UDP, os dados oriundos das aplicações são identificados por um número de porta. Resumo Esta unidade teve como foco o canal de comunicação e os padrões/ protocolos de redes de computadores. Apresentamos um estudo aprofundado sobre os meios físicos de rede, também conhecidos como canais de comunicação, que nada mais são que os meios de transporte que permitem a transmissão de dados. Esses meios são peças fundamentais no processo de comunicação nas redes de computadores. Vimos a classificação dos meios físicos como confinados e não confinados. Os confinados são os cabos coaxiais, de pares metálicos e as 69 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a REDES DE DADOS E COMUNICAÇÃO fibras ópticas. Os não confinados são os que utilizam comunicação sem fio, por exemplo: comunicação via satélite, enlaces de micro-ondas, bluetooth e radiodifusão de um modo geral. Abordamos, de forma introdutória, o cabeamento estruturado e os seus principais objetivos – implementar, estruturar e estabelecer um padrão estruturado de cabeamento para redes LAN. Tratamos ainda dos tipos de canal de comunicação: cabo coaxial, cabo de pares metálicos, fibras ópticas e o canal de rádio. O cabo coaxial foi o primeiro tipo de meio físico de rede utilizado em uma LAN. Esse cabo, também conhecido como cabo BNC, é usado para comunicações de vídeo. O cabo de par trançado é composto de um, dois ou quatro pares de fios enrolados de dois em dois, formando uma camada isolante. Essamedida mantém as suas propriedades elétricas ao longo do fio e reduz o nível de interferência eletromagnética. Nas fibras ópticas, os dados são transportados na forma de sinais luminosos (fótons). Elas são um meio seguro de transmitir os dados, pois não transportam sinais elétricos, o que minimiza problemas de segurança e de ruídos/interferência. No canal de comunicação de rádio, a informação é transportada por meio de ondas eletromagnéticas. Essas ondas são irradiadas por antenas transmissoras em uma determinada frequência e captadas por uma antena receptora dentro da mesma frequência. Analisamos depois os principais distúrbios nos canais de comunicação: interferência, ruído, atenuação e distorção. A interferência é um sinal de origem humana que invade o canal de comunicação, atrapalhando e dificultando o processo de comunicação. Esse tipo de distúrbio é também conhecido como sinais espúrios. O ruído é um sinal aleatório de origem natural que provoca efeitos indesejáveis nos canais de comunicação. Os ruídos podem ser classificados em: ruídos térmicos (resultado da agitação dos elétrons nos átomos), ruídos atmosféricos (fruto das descargas elétricas na atmosfera) e ruídos cósmicos (gerados por distúrbios fora da Terra). A atenuação é a perda de potência de um sinal ao se propagar por um canal de comunicação. 70 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II A distorção é a alteração da forma do sinal, devido à atenuação imposta às diferentes frequências. Apresentamos, a seguir, os principais padrões/protocolos de rede. Os padrões podem ser classificados em padrões de facto e padrões de jure. Os padrões de facto são aqueles que não foram reconhecidos por uma organização ou comitê ao serem lançados por uma pessoa ou comunidade. Os padrões de jure são protocolos reconhecidos legalmente ou por organizações. Os principais órgãos padronizadores são: Ieee, Ansi, ISO, ITU, IEC e EIA. Concluímos com uma apresentação geral sobre os modelos OSI e TCP/IP. Exercícios Questão 1. Assinale a alternativa que apresenta as principais características de um cabo coaxial fino: A) Chega ao comprimento máximo de 185 m, com 30 conexões e uma taxa de transferência de 10 Mbps. B) É utilizado em redes de computadores industriais com distância superior a 200 m ou onde há interferência eletromagnética. C) A velocidade máxima de transmissão é de 10 Mbps; seu alcance máximo é de 500 m; comporta até 100 computadores no barramento, com distância entre as estações de 2,5 m. D) É composto de um, dois ou quatro pares de fios enrolados de dois em dois, formando uma camada isolante. E) Sua transmissão suporta sinais analógicos ou digitais, e sua largura de banda é de 10 Mbps, 100 Mbps ou 1.000 Mbps, o que varia conforme o meio em que está inserido. Resposta correta: alternativa A. Análise das alternativas A) Alternativa correta. Justificativa: com o cabo coaxial fino, é possível chegar ao comprimento máximo de 185 m, com 30 conexões e uma taxa de transferência de 10 Mbps. 71 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a REDES DE DADOS E COMUNICAÇÃO B) Alternativa incorreta. Justificativa: essas características pertencem ao cabo coaxial grosso. C) Alternativa incorreta. Justificativa: essas características pertencem ao cabo coaxial grosso. D) Alternativa incorreta. Justificativa: essas características pertencem ao cabo de par trançado. E) Alternativa incorreta. Justificativa: essas características pertencem ao cabo de par trançado. Questão 2. O sistema de comunicação por fibras ópticas utiliza como canal um cabo de fibra de vidro para transmitir a informação por meio de um sinal de luz. A seguir, são feitas algumas afirmativas sobre as características das fibras ópticas: I – São imunes a interferências eletromagnéticas, o que permite sua instalação em ambientes com ruídos e próximos a cabos elétricos. II – Alcance de grandes distâncias devido à baixa atenuação; a baixa taxa de erro permite alcançar a distância de 100 km. III – São conhecidas como cabos UTP e constituídas de quatro pares de fios enrolados, revestidos com uma capa de plástico (PVC). IV – Possuem uma blindagem, além da cobertura de plástico. Essa blindagem é uma capa metálica com imunidade a ruídos. Está correto o que se afirma em: A) I e IV, apenas. B) I e II, apenas. C) II e III, apenas. D) III e IV, apenas. E) I e III, apenas. Resolução desta questão na plataforma.
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