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UNIVERSIDADE SÃO TOMÁS DE MOÇAMBIQUE FACULDADE DE ÈTICA E CIÊNÇIAS HUMANAS Departamento de Psicologia Licenciatura em Psicologia Clinica TEMA: “Análise do papel do centro de Acolhimento Menino Jesus da Manhiça no processo de reintegração social das raparigas de 18 anos de idade às famílias em 2020 a 2021” Supervisor: Mrs Félix Anovo Angelina Benedito Langa Maputo, Maio de 2020 I Universidade São Tomás de Moçambique FACULDADE DE ÈTICA E CIÊNÇIAS HUMANAS Departamento de Psicologia Licenciatura em Psicologia Clinica Monografia a ser apresentada ao Departamento de Psicologia da Universidade São Tomás de Moçambique, como requisito parcial para obtenção de grau académico de Licenciatura em Psicologia Clinica sob supervisão do Me. Félix Anovo. “Análise do papel do centro de Acolhimento Menino Jesus da Manhiça no processo de reintegração social das raparigas de 18 anos de idade às famílias em 2020 a 2021” Supervisor: Me. Félix Anovo Angélica Benedito Langa Maputo, Agosto de 2021 i Declaração Declaro por minha honra que este trabalho é da minha autoria e é fruto da minha investigação. Esta é a primeira vez que o submeto para obtenção de um grau académico numa instituição educacional. ____________________________________________________ Angélica Benedito Langa Maputo, Maio de 2020 ii Aprovação do Júri Este trabalho foi aprovado no dia ______ de_________________ de 2021 por nós, membros do júri examinador da Universidade São Tomas de Moçambique com a classificação de _____ valores. ___________________________________________ O Presidente ___________________________________________________ O Arguente ___________________________________________________ O Supervisor iii Dedicatória Quero dedicar ao Senhor Cardeal Dom Alexandre pela sua inspiração na formação do homem novo. A irmã Carolina que me acolheu e aceitou o meu pedido de dar continuidade no processo dos meus estudos. iv Agradecimentos Em primeiro lugar agradeço a Deus pelo dom da vida e pela oportunidade que me concedeu até chegar ao fim desta etapa. Agradeço aos meus pais Benedito Langa e Regina Tovela em memória que as suas almas repousem nas mãos de Deus e que mereçam o descanso eterno. Aos meus irmão que me deram me coragem e força me amparam no momento desanimo. Agradeço ao meu orientador Me. Félix Anovo cuja dedicação e paciência serviram como pilar de sustentação para a conclusão deste trabalho grato por tudo. Agradeço aos professores por serem uma constante fonte de motivação e incentivo ao longo da minha formação. v Resumo A reintegração das raparigas acolhidas em centros de acolhimento tem sido de todas as formas um processo não só complexo mas também desafiador, o Centro de Acolhimento Menino Jesus da Manhiça em Maputo uma das instituições que cuida de raparigas dos 03 aos 18 anos de idade é, que trabalha com a integração e reintegração de crianças e adolescentes em caso de vulnerabilidade consumidores de produtos nocivos ao corpo humano, desde o consumo de drogas, álcool, portadores de doenças crónicas, que sofreram vários tipos de violência física, psicológica, violência sexual, abandono e mais. Esta pesquisa com o tema “ Análise do papel do centro de Acolhimento Menino Jesus da Manhiça no processo de reintegração social das raparigas de 18 anos de idade às famílias em 2020 a 2021.” Dadas as várias realidades sociais e demográficas de cada rapariga fez-se com o objectivo de “Analisar o papel do centro Acolhimento Menino Jesus da Manhiça no processo de reintegração social das raparigas às famílias de 18 anos de idade.” A partir dos métodos combinados para a suporte científico da pesquisa percebeu-se que: (i) as raparigas que por lá passam na maioria dos casos saem com formação profissional, trabalho da mão garantido (conta própria); (ii) o centro estimula as habilidades de cada uma criando situações em que uma aprenda o ofício da outra; (iii) nem todas as reinserções têm dado certo, isso acorre por vários motivos como: familiares alcoólatras, violência no convívio da família, perda dos membros directos, estes são factores que impossibilitam o sucesso na reintegração das raparigas. Palavras-chave: Centro de acolhimento temporário; família; Rapariga e reintegração familiar. vi Summary The reintegration of girls welcomed into shelter centers has been in all ways not only a complex but also challenging process, the Centro de Acolhimento Menino Jesus of Manhiça in Maputo, one of the institutions that takes care of girls from 03 to 18 years old, is, which works with the integration and reintegration of children and adolescents in case of vulnerability, consumers of products harmful to the human body, from the consumption of drugs, alcohol, people with chronic diseases, who have suffered many types of physical and psychological violence, sexual violence, abandonment and more. This research with the following topic “Analysis of the role of the Child Centro de Acolhimento Menino Jesus of Manhiça in Maputo in the process of social reintegration of 18-year-old girls to families in 2020 to 2021.” Given the various social and demographic realities of each girl, the aim was to “Analyze the role of the Child Jesus da Manhiça Reception Center in the process of social reintegration of girls into 18-year-old families.” From the combined methods for the scientific support of the research, it was noticed that: (i) the girls who go there, in most cases, leave with professional training, guaranteed hand work (own account); (ii) the center encourages the skills of each by creating situations in which one learns the other's craft; (iii) not all reintegrations have worked, this occurs for various reasons such as: alcoholic relatives, violence in family life, loss of direct members, these are factors that make it impossible for the girls to succeed in reintegrating. Keywords: Temporary shelter; family; Girl and family reintegration. vii Lista de abreviaturas ADPP ---- Ajuda de Desenvolvimento de Povo para Povo AF’s ---- Agregados familiares ARCS ---- Arci-cultura e Desenvolvimento CAT ---- Centro de Acolhimento Temporário CVM ---- Cruz Vermelha de Moçambique DTS ---- Doenças Sexualmente Transmissíveis HIV/SIDA ---- Vírus de Imunodeficiência Humana MICAS ---- Ministério da Coordenação da Acção Social MIMAS ---- Ministério da Mulher e Acção Social ONG ---- Organização Não-governamental USTM ---- Universidade São Tomas de Moçambique viii Lista de tabelas Tabela 1. Perfil das raparigas entrevistadas Tabela 2. Perfil ocupacional e educacional das raparigas Tabela 3. Idade com que as raparigas foram acolhidas Tabela 4. Agregados de cada família Lista de Fulguras Figua 1. Pirâmide da escala das necessidades do Maslow ix Índice Declaração ..................................................................................................................... i Aprovação do Júri ......................................................................................................... ii Dedicatória ......................................................................................................................................... iii Agradecimentos .................................................................................................................................. iv Resumo ...............................................................................................................................................v Summary ............................................................................................................................................ vi Lista de abreviaturas .......................................................................................................................... vii Lista de tabelas ..................................................................................................................................viii Lista de Fulguras ...............................................................................................................................viii CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 1 1.1. Contextualização ...................................................................................................................... 1 1.2. Delimitação do Estudo ............................................................................................................. 3 1.3. Abordagem do Problema .......................................................................................................... 3 1.4. Questão de pesquisa ................................................................................................................. 4 1.5. Justificativa .............................................................................................................................. 4 1.5.1. Relevância Social ................................................................................................................. 4 1.5.2. Relevância Científica ........................................................................................................... 5 1.6. Objectivos Geral ...................................................................................................................... 5 1.7. Objectivos Específicos ............................................................................................................. 5 1.8. Revisão da Literatura ............................................................................................................... 6 1.9. Principais conceitos .................................................................................................................. 6 1.9.1. Rapariga ............................................................................................................................... 6 1.9.2. Família ................................................................................................................................. 6 1.9.3. Reintegração Familiar .......................................................................................................... 6 1.9.4. Centro de Acolhimento Temporário ...................................................................................... 6 1.10. Discussão dos conceitos ....................................................................................................... 7 CAPÍTULO II: METODOLOGIA ......................................................................................................... 10 2.1. Descrição do local de estudo .................................................................................................. 10 2.2. População do estudo ............................................................................................................... 10 1.2.1. Critério de inclusão ............................................................................................................ 11 x 2.2.2. Critérios de exclusão .......................................................................................................... 11 2.3. Amostragem e tamanho da amostra ........................................................................................ 11 2.4. Tipo de estudo ........................................................................................................................ 12 2.5. Quanto aos objectivos ............................................................................................................ 12 2.6. Técnicas e instrumento de recolha de dados ............................................................................ 13 2.7. Variáveis ................................................................................................................................ 13 2.8. Procedimentos ........................................................................................................................ 13 2.9. Gestão da análise de dados ..................................................................................................... 14 2.10. Disseminação do estudo ..................................................................................................... 14 2.11. Limitações ......................................................................................................................... 14 2.12. Considerações éticas........................................................................................................... 15 CAPÍTULO III. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DE DADOS ...................................................... 17 3.1. Perfil dos entrevistados .......................................................................................................... 17 3.2. Satisfação da rapariga pela sua estadia no centro de acolhimento ............................................ 19 3.3. Estratégias do Centro de Acolhimento Menino Jesus da Manhiça na reintegração social das raparigas acolhidas às famílias; .......................................................................................................... 22 3.4. Descrever as características sócio demográficas das famílias das raparigas acolhidas pelo Centro de Acolhimento Menino Jesus da Manhiça ............................................................................. 24 3.5. Razões por detrás do acolhimento das raparigas...................................................................... 25 3.6. A relação da família com a rapariga ........................................................................................ 26 3.7. Explicar o processo de reintegração familiar das raparigas acolhidas pelo Centro de Acolhimento Menino Jesus da Manhiça ............................................................................................. 27 3.7.1. Manutenção do vínculo familiar ......................................................................................... 28 3.7.2. Preparação da rapariga para uma vida autónoma ................................................................. 29 3.7.3. Pré-avaliação da família das raparigas ................................................................................ 29 CAPÍTULO IV. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES..................................................................... 30 4.1. Conclusões ............................................................................................................................. 30 4.2. Recomendações ..................................................................................................................... 31 4.3. Referências Bibliográficas ...................................................................................................... 32 4.4. Apêndices .............................................................................................................................. 34 1 CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO 1.1. Contextualização A nossa pesquisa tem como tema “ Análise do papel do centro de Acolhimento Menino Jesus da Manhiça no processo de reintegração social das raparigas de 18 anos de idade às famílias em 2020 a 2021 “.” Pretendemos realizar no centro de acolhimento do menino Jesus no distrito da Manhiça em Maputo. Com a perspectiva virada ao acolhimento dos adolescentes na família de origem, após de frequentar o centro de acolhimento. Parafalar de reintegração social numa primeira fase é pertinente retratar sobre a família que em normas gerais são pessoas que partilham laços de parentesco por consanguinidade e por afinidade, pessoas responsáveis pela educação das crianças e influenciam no comportamento dos mesmos no meio social, promovendo os valores morais, sociais que sirvam de base para o processo de socialização da criança bem como as tradições e os costumes preservados de geração a geração. Pensar na família como meio de intervenção e reintegração é uma tarefa complexa, pois está em constante transformação de significados. Tal como sustenta Sarti (1999:100) ao afirmar que, a família é o lugar onde se ouvem as primeiras falas com as quais se constrói a auto imagem e a imagem do mundo exterior. É onde se aprende a falar e, por meio da linguagem, a dar sentido às experiências vividas. A família, seja como for composta, vivida e organizada, é o filtro através do qual se começa a ver e significar o mundo. Este processo que se inicia ao nascer prolonga-se ao longo de toda a vida, a partir de diferentes lugares que se ocupa na família. Mas, por outro lado, (Oliveira, 1996) sustenta que, diante de arranjos familiares tão diversificados, não é mais viável pensar na família tomando como base apenas os laços biológicos, ou um modelo hegemónico vigente. Ela não segue um padrão único de organização, insere-se em uma classe ou camada social e organiza suas relações internas e externas mediante um repertório social. Que engloba a família como um grupo responsável pela reprodução social (Bourdieu, 1997; Durham, 1983), que incluindo tanto o processo de reprodução biológica, quanto o de socialização. E assim, percebemos que a família não é responsável apenas por gerar novos seres humanos, cabe a ela zelar por sua sobrevivência, o que implica em cuidados como protecção e afecto (Romanelli, 2003). 2 Proteger os laços familiares e comunitários é fundamental e crucial para o desenvolvimento de crianças e adolescentes em centros de acolhimentos comunitários em que, o maior objectivo depois de integradas dar orientação sobre a convivência e, a preservação dos vínculos familiares e comunitários. Pelo facto de sua estadia ser de carácter provisório, é importante que haja empenho para o regresso às famílias de origem. Contudo, sabemos que as crianças e adolescentes retiradas do seio familiar, sofreram um tipo de violência, perpetuadas por ordem económica, social, emocional e abstracto, aquando das famílias não apresentaram meios cuidadosos para com a criança ou adolescente. Assim sendo, é necessário investir no processo de integração ou reintegração familiar, criando condições de forma que a receba e promova os cuidados necessários. Se por um lado reintegração significa integrar de novo, unir o que foi apartado, no caso de pessoas acolhidas, significa regresso às famílias de origem unidas por laço de afinidade ou consanguinidade, desde que reúnam condições e motivação para ampará-los (Oliveira, 2007). Por outro lado, seguindo a lógica do mesmo autor, antes de mais, é necessário ouvir a criança, perceber sua situação emocional, saber com quem ela prefere ficar e quais são os seus anseios. Por sua vez, a família deve garantir que as razões que levaram à separação sejam deliberadas. Ainda assim, a reintegração é feita de forma progressiva e planejada, acompanhadas por uma equipa de atendimento de estratégias gerais a fim de superar a vulnerabilidade e risco vividos por cada utente e dilatar de modo a auxiliar os recursos que contribuem para revigorar as relações. O nosso trabalho é composto por três capítulos, a saber: o primeiro capítulo diz respeito a introdução, a contextualização, a delimitação do tema, a abordagem do problema, a questão da pesquisa, a justificativa, a relevância social, a relevância científica, objectivos gerais, objectivos específicos, hipótese nula, hipótese alternativa e a revisão da literatura. No segundo capítulo, compete a metodologia onde traremos os tipos de pesquisa, a descrição do local do estudo, a população do estudo, critérios de inclusão, critérios de exclusão, amostragem e tamanho da pesquisa, tipo de estudo, técnicas e instrumentos de recolha de dados, variáveis, procedimentos, gestão e análise de dados, disseminação do estudo, limitações, e considerações éticas. A terceira parte diz respeito a apresentação de resultados. Por fim as referências bibliográficas. 3 1.2.Delimitação do Estudo O nosso tema circunda em volta de assuntos da psicologia humanista do qual, Abraham Maslow nos trás problemas enfrentados na infância, adolescência até a fase jovem dos 18 anos) na reintegração familiar e na comunidade no Centro de acolhimento do Menino Jesus da Manhiça. 1.3.Abordagem do Problema O acolhimento institucional é um dos serviços sociais de protecção social provisória e extraordinária para crianças e adolescentes em situação de risco pessoal e social, cujas famílias ou responsáveis encontram-se temporariamente impossibilitados de cumprir sua função de cuidado e protecção. Estas instituições foram firmadas a partir da Declaração Universal dos Direitos Humanos, consumada em 1948 à comunidade internacional por intermédio das Organizações das Nações Unidas que, apoiaram uma sequência de convicções internacionais, em que estabelecem estatutos comuns de cooperação mútua e mecanismos de controlo que garantem a não violação e o exercício pelo cidadão, de uma lista de direitos considerados básicos a vida digna aos chamados Direitos Humanos. Nestes acordos foram reconhecidos direitos humanos Universais no plano individual, colectivo e social, entre eles, o direito à saúde e o direito da criança à especial protecção do estado, da sociedade e da família comprometendo-se as nações signatárias a garanti-los e implementa-los (Brasil, 1990, p. 21). Na concretização destes direitos universais para todos os seres humanos, foram criadas medidas específicas para atender segmentos que mais sofriam a violação de seus direitos, como: os negros, as mulheres, as crianças, os adolescentes, os idosos e deficientes. Nesta circunstância várias entidades realizaram mecanismos, sobretudo no contexto social, as diferenças e as vulnerabilidades para reduzir as desigualdades sociais e promover uma vida mais digna a esses sujeitos de direito. Moçambique, em conformidade com as leis dos direitos humanos universais adoptou medidas para reiterar os direitos das crianças e adolescentes, e a quem cabe garanti-los (família, comunidade, poder público e sociedade como um todo). Assim, o governo moçambicano criou políticas de atenção à infância e à adolescência, instituiu novos órgãos como o ministério da acção social, e redefiniu as atribuições das instituições governamentais e não-governamentais 4 que já actuavam na área. Para a materialização dos princípios da prioridade absoluta e da protecção integral dos direitos da criança e do adolescente. Uma das instituições não-governamentais que cuida de raparigas dos 03 aos 18 anos de idade é o Centro de Acolhimento Menino Jesus da Manhiça em Maputo, que trabalha com a integração e reintegração de crianças e adolescentes em caso de vulnerabilidade consumidores de produtos nocivos ao corpo humano, desde o consumo de drogas, álcool, portadores de doenças crónicas, que sofreram vários tipos de violência física, psicológica, violência sexual, abandono causadas e perpetuadas por desconhecidos e também pelos familiares, falta de condições financeiras, negligência por parte dos familiares entre outros aspectos. Suscitando grandes desafios para a reintegração das raparigas no seio familiar. Desde modo, como forma de melhor compreender o facto em inscrição, a pesquisadora busca replicar o seguinte problema: 1.4.Questão de pesquisa De que forma o centro Menino Jesus da Manhiça contribui no processo da reintegraçãosocial das raparigas às famílias no Centro de Acolhimento do no período de 2020 a 2021? 1.5.Justificativa A família é a base fundamental no processo de formação do indivíduo, pois é nela que encontramos a primeira sociedade de convivência, assim sendo, há uma necessidade de averiguar a história de uma rapariga acolhida no centro menino Jesus da Manhiça desde os seus 7 (sete) anos de idade. Na sua história percebemos que não se identificava com a família na qual foi reintegrada, primeiro porque cresceu sabendo que era órfã de pais, segundo porque a mãe a renegava como filha e os irmãos não a reconheciam. Ela sentia-se como fonte de renda da família por ser a única que tivera frequentado uma escola e ter um emprego. Assim, a história da adolescente despertou em nós interesse em investigar ou procurar, perceber afinal, de que forma a família contribui no processo de reintegração social de adolescentes. 1.5.1. Relevância Social Uma vez que a instituição de abrigo às crianças e adolescentes é de carácter provisório, e o afastamento do seio familiar também, o estudo do tema será pertinente para investir no retorno 5 da rapariga ao convívio com a família de origem ou para uma família adjunta. Num certo ponto, incumbirá as demandas da população. Reduzindo o índice de crianças abandonadas e refugiadas na rua. Também, será pertinente de forma que as crianças que passaram pelo processo de reintegração possam auxiliar as equipas de atendimento aos adolescentes. 1.5.2. Relevância Científica O estudo será relevante para a área científica porque pode suscitar interesse na sociedade académica, em particular aos psicólogos em investigar o Papel do centro no processo de reintegração social noutros cantos do país e do mundo. Servirá como um campo de actuação dos profissionais dos serviços sócias e psicologia. De modo particular o estudo de novos temas relacionados com a reintegração social das crianças e o desenvolvimento de novos conceitos ligados ao assunto em causa. 1.6.Objectivos Geral Analisar o papel do centro Acolhimento Menino Jesus da Manhiça no processo de reintegração social das raparigas às famílias de 18 anos de idade no ano de 2020 a 2021. 1.7.Objectivos Específicos Identificar as estratégias do Centro de Acolhimento Menino Jesus da Manhiça na reintegração social das raparigas às famílias; Descrever as características sócio demográficas das famílias das raparigas acolhidas pelo Centro de Acolhimento Menino Jesus da Manhiça. Explicar o processo de reintegração social das raparigas acolhidas pelo Centro de Acolhimento Menino Jesus da Manhiça. 6 1.8.Revisão da Literatura 1.9.Principais conceitos 1.9.1. Rapariga É a fase compreendida entre a 1 Infância e a adolescência, essa fase são marcadas por de várias imagens, escolher uma careira, um estilo de vida com um desequilíbrio temporário que posteriormente dá lugar a uma forma superior de raciocínio. 1.9.2. Família É um sistema que constitui uma unidade que não pode ser vista como a soma de individualidades, mas como um conjunto de interacções. Baumgatner (2011). Para Erickson (1968) família é um sistema por possuir um conjunto de elementos interligados formando um todo organizado e com objectivos comuns e bem estruturados para alcançar. A mudança de um membro da família modifica os outros e como consequência muda toda família. 1.9.3. Reintegração Familiar Assim, visto que a reintegração familiar é um processo complexo, constituído por vários significados já estabelecidos culturalmente, com diversos actores que protagonizam acções e se influenciam mutuamente, consideramos fundamental uma abordagem que contemple esses vários factores. Portanto, esses podem ser compreendidos a partir de aspectos históricos, jurídicos, psicológicos, sociais, culturais e pelos aspectos individuais de quem vivencia essa situação (Serrano, 2008). 1.9.4. Centro de Acolhimento Temporário Centro de Acolhimento Temporário (CAT) – Resposta social, desenvolvida em equipamento, destinada ao acolhimento urgente e temporário de crianças e jovens em perigo, de duração inferior a seis meses, com base na aplicação de medida de promoção e protecção. (Instituto da Segurança Social, 2010. P.7) 1 "rapariga", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008- 2021, https://dicionario.priberam.org/rapariga [consultado em 28-07-2021]. https://dicionario.priberam.org/rapariga 7 Os Centros de Acolhimento Temporário foram especialmente criados para acolher crianças e jovens, com idades compreendidas entre os 0 e 18 anos, cujo acolhimento se preveja breve, mais precisamente que não ultrapasse os seis meses, muito embora a realidade não confirme esta premissa O Centro de Acolhimento Temporário (adiante designado por CAT) destina-se ao acolhimento de crianças e jovens em perigo, com idades compreendidas entre os zero e os dezoito anos, os quais se englobam nos casos em que se encontram abandonados ou vivem entregues a si próprios, ou ainda que possam sofrer de maus-tratos quer físicos quer psicológicos ou que sejam vítimas de abusos sexuais. O acolhimento institucional de crianças e jovens em perigo é uma das medidas de promoção e protecção conjecturadas na Lei de Protecção de Crianças e Jovens em Perigo. Objectiva defendê-los do perigo a que estão sujeitos, colocando-os ao cuidado de uma entidade que esteja adaptada, tanto a nível de instalações como de equipa técnica, para que desta forma consiga ir ao encontro da satisfação das necessidades das crianças e jovens, oferecendo- lhes condições que possibilitem a sua educação, bem-estar e desenvolvimento integral. (Instituto da Segurança Social, 2010). 1.10. Discussão dos conceitos Apesar de informação escassa sobre os dados das crianças que vivem nos centros de acolhimento, nota-se que de 2011 para 2013 essa população aumentou nos finais de 2012 para 8.267 crianças em Moçambique. Esse acréscimo tem chamado atenção de muitos estudiosos, (ONG) religiosas, (ONG) nacionais e estrangeiras. Tentando expor as causas do acréscimo. Em que a maior parte das investigações apontam para agressão física, psicológica, violência dos direitos da criança, violência sexual e a pobreza como o principal causador. Em primeiro lugar, Sales e Maússe (2000:4), afirmam que, “ O êxodo rural, a mudança na estrutura económica do país operada nos anos 80, levaram ao aumento do número da população urbana sem as mínimas condições de vida. Esta situação aliada a falta de emprego e ao desemprego, resultante das políticas de privatização de empresas que implicou, em alguns casos, a redução de mão-de-obra, contribuiu profundamente para a degradação das condições socioeconómicas das populações desfavorecidas e, consequentemente, 8 para a degradação dos valores sociais e morais e no enfraquecimento das estruturas familiares e comunitárias.” Os autores acima citados apontam que, a causa da permanência de crianças na rua é pobreza. Gerando para além do desemprego a busca das melhores condições de vida, o baixo rendimento económico, o descontentamento nas necessidades básicas, a fome, a instabilidade familiar que leva a desagregação das famílias, a falta da educação formal, criam pressões psicológicas que leva a destituição dos valores morais. Assim, podemos encarar esse assunto como um factor que influencia no processo de reintegração familiar. Por outro lado, Arci-Cultura (ARCS) e conjunto com a Cruz Vermelha de Moçambique (CVM) e o Ministério da Mulher Coordenação da Acção Social (MICAS) (1997:5), advogam que o processo de reintegração familiar, “Incide sobre os funcionários dos centros, como consequência da constatação de existência de lacunas no conhecimento que os educadores possuem sobre a criança, as necessidades e a aplicação prática dos direitosdas crianças.” Com esta citação percebemos que o objectivo desta pesquisa era de identificar o nível de conhecimento do fenómeno de criança da rua entre os educadores e responsáveis dos centros e, desta forma, fornecer dados auxiliares para apoiar os programas desenvolvidos para a reintegração da criança e adolescente nas famílias de origem. Os educadores e responsáveis dos centros de acolhimento abertos e fechados não têm conhecimento geral da situação da criança da rua, estão centrados na necessidade de satisfações básicas das crianças e na formação profissional e vocacional, tanto que, cabe ao psicólogo avaliar as necessidades psicoafectivas das crianças. Segundo Mauluquela (2009:7), ao estudar sobre “Razões e Objectivos de Afluência das Crianças da Rua aos Centros de Acolhimento” advoga que: " Pobreza ou a violência não são condições sine qua non de fuga para a rua. A perda de referências resultante de um acontecimento repentino como o falecimento de um ou ambos progenitores que, inter-relacionado com outros, pode constituir motivo para a saída de casa, por exemplo, o que queremos dizer é que, factores como a pobreza ou fome, ou violência familiar, a degradação de valores morais, a instabilidade familiar ou outros não são, isoladamente, suficientes para explicar o fenómeno de criança da rua." Tomando em consideração esta exposição, percebemos que o autor acima referido não comunga a ideia de que a pobreza seja o 9 factor crucial e que incita os demais factores para a permanência da criança na rua. Para este autor os demais factores como a fome, a violência familiar, a degradação dos valores morais, a instabilidade familiar entre outros, contribuem de forma isolada. E sustenta a ideia de que depende do meio em que a criança esta inserida e, do sentido que a criança e o meio lhe concedam, para que as causas se tornem num caso e se transforme em uma suspensão. Assim sendo, notamos que os autores acima referidos apresentam em comum o mesmo objecto de estudo, a criança. E compartilham o desejo de estudar sob a mesma perspectiva de intervenção social e ponto de vista macro estrutural. Com o objectivo de analisar o que leva a criança a abandonar a família e se refugiar na rua. Para além dos aspectos convergentes apresentam também, aspectos divergentes. Na medida em que o primeiro (Sales e Maússe, 2000) aponta para a pobreza como o factor primordial e fecundante dos demais factores contribuintes do fenómeno desastroso. Mas, para (Mauluquela, 2009), as causa acima referidas contribuem de forma isolada. Cabendo a criança e meio social em que está inserida a causa da suspensão dos fenómenos. Por outro lado, [Arci-Cultura (ARCS) e conjunto com a Cruz Vermelha de Moçambique (CVM) e o Ministério da Mulher Coordenação da Acção Social (MICAS) (1997)], aponta para a ignorância geral dos dirigentes e educadores dos centros abertos e fechados sobre a permanência da criança na rua, afirma que estes preocupam-se apenas com as necessidades básicas. E frisa que cabe ao psicólogo trabalhar as necessidades psicoafectivas das crianças e adolescentes e, auxiliar no processo de reintegração das mesmas nas famílias de origem. Do nosso ponto de vista, as definições e concepções dos diferentes actores por nos trazidos abordam sobre as crianças e adolescentes e mostram os mecanismos que fundem dentro dos processos que enfrentam na reintegração seio familiar. Como exemplo temos a relação da criança com os familiares; o nível de afecto dos educadores e os coordenadores dos centros de acolhimento fechados e abertos; o papel do psicólogo nas necessidades psicoafectivas da criança e do adolescente. 10 CAPÍTULO II: METODOLOGIA 2.1.Descrição do local de estudo O Centro de Acolhimento Menino Jesus – Orfanato Manhiça que é um Centro fechado, que alberga crianças e adolescentes do sexo feminino, que deambulavam nas artérias da vila da Manhiça e as que vivem sob pressão constante provocada por situações sociais nas famílias. Entretanto, as Irmãs Franciscanas de Nossa Senhora Maria Mãe de África comovidas pelas ideias de Jesus Cristo e, por um sentimento humanitário recolheram as primeiras crianças e, abrigaram na sua residência na Manhiça em 1992. Com o passar de tempo, a destruição da guerra civil, e o número elevado das famílias portadoras de doenças sexualmente transmissíveis, multiplicaram o número de crianças. Então, isso motivou a congregação religiosa. E com auxílio do Cardeal Dom Alexandre José Maria dos Santos, individualidades, e apoio de algumas Organizações construíramos lugar adequado para a integração e acolhimento das crianças. Desta forma nasceu “O Centro de Acolhimento Menino Jesus – Orfanato Manhiça” ocupando uma área de 1.800m2. albergando crianças, adolescentes e jovens dos 04 á 21 de idade do sexo feminino. E em 1999 atendeu os primeiros registos. Actualmente acolhe trinta e quatro (34) raparigas de vários pontos do país, também, da África do Sul, Malawi e da República Democrática do Congo. As maiorias órfãs afectadas por HIV/SIDA. O centro tem como objectivos: a educação da rapariga nos valores morais e culturais, combatendo a sua marginalização nos sectores sócias; educação técnico-profissional; luta pelo desenvolvimento Sustentável; educação em matérias de Saúde materno – infantil e combate ao HIV/SIDA/DTS entre outros aspectos. 2.2.População do estudo Universo ou população: é o conjunto de seres animados ou inanimados que reperesentam pelo menos uma caracteristica em comum. O universo ou população depende do assunto a ser investigado.( Marcone e Lakatos, 2008). Assim sendo, a nossa população constituir-se-á por famílias das raparigas acolhidas pelo Centro, as próprias raparigas e as monitoras do centro de Acolhimento Menino Jesus – Orfanato Manhiça que é um cento fechado. Onde as raparigas recebem apoio educacional, moral, alimentar, 11 material, também praticam um leque de actividades de reabilitação psicossocial. Neste centro temos trinta e quatro raparigas. 1.2.1. Critério de inclusão Define as principais características da população alva e acessível, envolvendo decisões sobre os objectivos práticos e científicos (Biklen, 1994). Assim, para complementar a nossa pesquisa, fazem parte: Famílias com filhos no Centro de Acolhimento Menino Jesus – Orfanato Manhiça, Famílias com raparigas de dezoito anos; Família que sabem ler e escrever, Famílias constituídas por raparigas órfãs, Famílias disponíveis para a entrevistas Saber ler e escrever, será fundamental para facilitar a comunicação, interpretação do questionário e, fará com que os participantes não se sintam manipulados. 2.2.2. Critérios de exclusão Indica o subgrupo de indivíduos que embora preenche os critérios de inclusão, também apresenta características ou manifestações que podem interferir na qualidade dos dados, assim como na interpretação dos resultados (Biklen, 1994). Então para a nossa pesquisa não fizeram parte do trabalho: Famílias que não tinham filhos no Centro de Acolhimento Menino Jesus – Orfanato Manhiça, Famílias com crianças com menos de dezoito anos, Família que não sabem ler e escrever, Famílias que não constituídas por crianças órfãs, Famílias que não estavam disponíveis param a entrevista. 2.3. Amostragem e tamanho da amostra Segundo (Gil, 2008:90) amostra é o subconjunto do universo ou da população, por meio do qual se estabelecem ou se estimam as características desse universo ou da população. 12 Na mesma sequência ao classificarmos os tipos de amostragem, para o nosso estudo, trabalharemos com a amostragem estratificada, que segundo (Gil, 2008:90), caracteriza-se pela selecção de uma amostra de cada subgrupo de uma população considerada. O fundamento para delimitar o subgrupo ou estratos pode ser encontrado em propriedades como sexo, idade ou classe social. Dastrinta e quatro famílias (34), que fazem parte da população, a nossa amostra será composta significativamente por doze (12) famílias, considerando que esse é o número total das raparigas com 18 ou mais anos existentes, doze (12) raparigas e também fazem parte três (3) monitoras do Centro de Acolhimento Menino Jesus – Orfanato Manhiça o que soma um total de vinte e cinco (25) elementos que representam a nossa amostra. 2.4. Tipo de estudo Procurando aprofundar o conhecimento do objecto de estudo, o nosso estudo é qualitativo. Pois segundo (Knechtel, 2014) a pesquisa qualitativa procura entender fenómenos humanos, buscando deles obter uma visão detalhada e complexa por meio de uma análise científica do pesquisador. Esse tipo de pesquisa se preocupa com o significado dos fenómenos e processos sociais. Em que os critérios dos pesquisador são baseados nas motivações, crenças, valores e representações encontradas nas relações sociais. E ainda se caracteriza por, fazer uso de narrativas históricas, materiais bibliográficos e auto bibliográficos; ressalta a natureza socialmente construída da realidade. Que é aplicado através do encaminhamento do problema, descrição da interacção e da intervenção. Em que neste tipo de investigação as descrições derivam sempre de um número reduzido de pessoas escolhidas dentre uma população particular, a dimensão da amostra afigura- se aceitável. Booth, (apud Chirrime, 2014) 2.5. Quanto aos objectivos Este estudo compreende uma pesquisa exploratória, que são pesquisas que “visam compreender um fenómeno ainda pouco estudado ou aspectos específicos de uma teoria ampla.” (GIL, 2994). Escolheu-se este tipo, por se tratar de um problema que precisa de uma exploração sobre a integração das raparigas às famílias de origem e os aspectos particularmente ligados a segurança da família em que a rapariga é reintegrada. 13 2.6. Técnicas e instrumento de recolha de dados Esta pesquisa contou com três técnicas que são a revisão bibliográfica, observação directa e a pesquisa do campo, e dois instrumentos de recolha de dados, nomeadamente: formulário de entrevista e questionário. Marconi e Lakatos (2008) definem a entrevista como sendo, “Um encontro entre duas pessoas, afim de, que uma delas obtenha informação a respeito de determinado assunto, mediante uma conversação de natureza profissional. É um procedimento utilizado na investigação social para a colecta de dados ou para ajudar no diagnóstico ou no tratamento de um problema social.” 2.7. Variáveis De acordo com Appolinário (2004), Conceitos ou constructos que podem assumir diferentes valores. Aspectos, propriedades ou factores a cerca da realidade cujo, conteúdo pode variar: toda variável possui ao menos dois componentes: nome da variável e um sistema classificatório de categorias (valores) que ela possa assumir. Assim, a nossa variável é de categoria demográfica, em que seguindo a lógica do mesmo autor, é aquela que contem dados demográficos, variando: no sexo, idade, nível de escolaridade, estado civil entre outros. Deste modo, a pesquisadora identificou e descreveu dados que demonstram a relação entre as variáveis do fenómeno em causa. 2.8. Procedimentos Para a nossa pesquisa o procedimento adequado será o estudo de caso, o que têm por finalidade explicar, explorar ou descrever fenómenos actuais inseridos em seu próprio contexto. Onde no primeiro passo fará o delineamento da pesquisa, no segundo o desenho da pesquisa, no terceiro preparação e colecta de dados, na quarta análise dos casos entre os casos e no quinto e o último passo se fará o relatório dos resultados. A fim de conduzir o estudo de caso, as técnicas utilizadas para este estudo foram o preenchimento de uma ficha de dados sócio demográficos das adolescentes e dos seus familiares e a entrevista clínica, a pesquisa documental junto ao Centro de Acolhimento Menino Jesus da Manhiça em Maputo. 14 Por fim, depois da aprovação do projecto pelo Conselho de Investigação da Bioética da USTM, a pesquisadora contactará a Direcção do Centro de Acolhimento Menino Jesus da Manhiça em Maputo. Para rogar a autorização dá recolha de dados suficientes para o trabalho junto das famílias e das adolescentes pretendidas. 2.9. Gestão da análise de dados É uma fase fundamental para a fundamentação de dados obtidos no campo de estudo de forma obter uma descrição dos detalhes que permitem deduzir factos que nos levem ao conhecimento a cerca de um determinado assunto, através de interpretações de relatórios, gráficos, tabelas, artigos, etc. Assim sendo, para esta pesquisa o plano de análise de dados qualitativos contará com: Descrição da amostra populacional; Organização dos comentários (respostas em categorias); 2.10. Disseminação do estudo Apesar da reintegração familiar e comunitária ser um tema muito discutido actualmente, ainda é um assunto recente, incorporado e valorizado. No entanto, é importante lembrar que nossa história é identificada por uma cultura de institucionalização. Mas, com o passar do tempo mudanças, novas práticas que começam a surgir em torno das já existentes, o que representa um avanço. Por fim, esperamos que este trabalho facilite e desenvolva discussões e reflexões sobre a reintegração à preservação da convivência familiar e comunitária. Esperamos, também, que as diferentes questões sem respostas motivem o interesse de outros pesquisadores e, assim, tenhamos mais estudos nessa área que ainda é muito carecida. Então, para facilitar a busca de levantamento de dados que servem de suporte a investigação projectada e não só! Pretendemos divulgar o nosso trabalho para as várias instituições do estado e religiosas que trabalham com aspectos sociais e humanos. 2.11. Limitações No decorrer deste trabalho de pesquisa, a pesquisadora deparou-se com as seguintes limitações, A abordagem foi demorada, com uma síntese de dados difíceis; 15 As famílias não são abertas, algumas dificultando o trabalho, procurando saber se terão algum agrado depois da colaboração. 2.12. Considerações éticas A ética refere-se a opção ao anseio de concretizar a vida preservando com os outros, afinidades justas e aceitáveis, está baseada nas ideias de bem e virtude, a beleza interior do individuo posta em prática em toda sua plenitude. Quando se fala de ética, refere-se ao carácter, do sujeito ciente, que conheça a diferença entre o bem e o mal, certo e errado, o admitido e o proibido, virtude e vício. Assim sendo, ao realizar as entrevistas a pesquisadora se preocupará em verificar a disponibilidade dos participantes, mediante um contacto prévio onde procederá com os seguintes cuidados: Informar os investigados sobre o objectivo da pesquisa e os resultados que se esperam com a realização da entrevista; Explicar a razão pela qual se procedeu a selecção, dando a conhecer a importância do seu contributo para o estudo que se pretende desenvolver; Informar aos investigados sobre a duração que se prevê para a realização da entrevista e negociar com eles a data e o local; Informar aos investigados que no caso de desistência não sofrerá nenhuma represália, Constará da pesquisa a carta de autorização da pesquisa da realização da mesma do responsável do Centro de Acolhimento Menino Jesus da Manhiça em Maputo. Será garantido um espaço privado onde decorara a entrevista onde o entrevistado possa se sentir a vontade; Na apresentação dos dados serão usados códigos para evitar-se a menção de nomes que possam criar situações de publicação dos mesmos; Após a produção do trabalho final todo material usado para o registo das informações fornecidas pelos entrevistados será totalmente destruído. Durante todo o processo de recolha de dados lhes será garantido o anonimato e confidencialidade nos dados fornecidos pela rapariga e o centro, bem como os resultadosque esta pesquisa 16 produzirá através de não divulgação para outros fins que não sejam académicos através dos seguintes instrumentos: Declaração de conflito de interesse do pesquisador e Termo de compromisso do investigador. 17 Capítulo III. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DE DADOS Para salvaguardar a imagem e integridade dos entrevistados deste estudo, ao longo deste capítulo pode-se encontrar M01… para as mentoras R01…, para as raparigas e F01…, para as famílias, estas são as designações que encontramos para não ter que divulgar os seus nomes ou mesmo quem disse o quê para não comprometer a sua imagem levando em consideração que algumas declarações podem ser comprometedoras. 3.1.Perfil dos entrevistados Tendo em conta que apenas pautou-se pelas raparigas com 18 anos, portanto as idades variam de 18 a 21 anos, isto é, dez (10) raparigas correspondentes a 83% tem 18 anos e duas (2) correspondentes a 17% tem 21 anos de idade. Considerando que estamos a falar de raparigas que foram acolhidas pelo centro em decorrências de vários motivos que variam de uma rapariga para outra, podemos, no quadro a seguir verificar o perfil de cada uma em relação aos membros com quem viviam antes do centro, os que estiveram em contacto durante o tempo de acolhimento e para quais foram reintegradas. Tabela 1. Perfil das raparigas entrevistadas Descrição Pai/Mãe Irmão/a Tio/a Primo/a Avo Total Com quem vivia antes do centro 1 2 2 -------- 7 12 Membro de contacto desde o início 1 2 2 ------- 7 12 A família para qual foi reintegrada 1 2 2 ------- 7 12 Adaptada pela autora 2021 Como se pode ver no quadro acima, sete (7) raparigas das doze (12) que fizeram parte da amostra desta pesquisa, correspondentes a 58%, antes do centro vivia com os avós, os mesmos mantinham contacto desde o início do processo de acolhimento e, igualmente são as famílias para quais as raparigas foram reintegradas. Duas (2) correspondentes a 17% viviam com os tios, uma percentagem igual com os irmãos, por fim uma (1) correspondente correspondente a 8%, com os pais cujos mesmos mantinham contacto desde o início do processo de acolhimento e, igualmente são as famílias, para as quais foram reintegradas. 18 Frisando que as raparigas durante o processo de acolhimento são submetidas a vários tipos de aprendizagens, desde o ensino primário até superior ou profissional, algumas acabam encontrando emprego dentro ou depois do processo de acolhimento. Portanto, na tabela a seguir apresentamos a ocupação de cada uma das 12 raparigas que fizeram parte do estudo. Tabela 2. Perfil ocupacional e educacional das raparigas Descrição Ocupação Educação Ajudante 4 Logística 3 Secretaria 1 Activista social 2 Professora 2 10ª Classe ----- 12ª Classe 4 Formação profissional 4 Ensino superior 4 Adaptada pela autora 2021 Como se pode contemplar na tabela acima, das doze (12) raparigas abarcadas no âmbito da pesquisa, correspondentes a 100% nenhuma esta sem emprego e sem educação. Começando pela ocupação encontramos distribuídas em várias áreas de actividades de acordo com a formação de cada uma, quatro (4) correspondentes a 33% são ajudantes do centro e, três (3) correspondentes a 25% trabalham como logísticas, isto é, o centro quando tem algumas vagas tem feito uma contratação interna especialmente para as raparigas em acolhimento. Uma (1) correspondente a 8% trabalha como secretaria de uma escola secundaria. Duas (2) correspondentes a 17% trabalham como activistas sociais em projectos de intervenção social e, uma percentagem igual a essa trabalha como professora. Quanto ao perfil educacional, quatro (4) raparigas correspondentes a 33,3% já tem o nível médio feito igualmente quatro (4) correspondentes a 33,3% têm uma formação profissional e, uma percentagem igual a anterior já tem o nível superior feito. Dentro do perfil não podia ficar de fora com qual idade cada uma das raparigas foi acolhida, referente a essa informação tivemos aos dados a seguir. 19 Tabela 3. Idade com que as raparigas foram acolhidas Anos 4 a 5 6 a 7 8 a 9 10 a 11 12 a 13 14 a 15 16 a 18 Frequência 2 3 ---- 7 ---- ---- ----- Adaptada pela autora 2021 Assim como mostra a tabela, a instituição começa a acolher aos 4 anos de idade até aos 18, nessa onda duas (2) raparigas correspondentes a 17% forma acolhidas quando tinham 4 anos de idade, três (3) correspondentes a 25% forma acolhidas com 6 anos de idade e por fim sete (7) correspondentes a 58% com 9 anos. 3.2.Satisfação da rapariga pela sua estadia no centro de acolhimento Assim como se referiu no primeiro capítulo deste trabalho que o estudo se baseia na psicologia humanista de Abraham Maslow (1908-1970), que acreditava na tendência individual da pessoa para se tornar auto-realizadora, sendo este o nível mais alto da existência humana, que explicou usando a sua pirâmide da escala de necessidades a serem satisfeitas e, que a cada conquista, nova necessidade se apresenta. Nos baseamos na sua ideia de que os centros de acolhimento acompanham o crescimento e educação das raparigas, proporcionando assim, a satisfação de algumas necessidades e que automaticamente isso serve como impulso na busca de novas necessidades para a sua auto-realização como ilustra a figura abaixo. Figua 1. Pirâmide da escala das necessidades do Maslow Machado, 2006. 20 O centro nesse caso pauta pela satisfação de algumas necessidades que se podem encontrar na primeira e segunda camada da base da pirâmide como a disponibilidade da comida e proporcionar segurança para as crianças. No entanto, buscou-se nas raparigas perceber quanto a sua satisfação da sua estadia no centro, ou seja, se serviu de algum impulso para as usas vidas. Ligada a essa questão as raparigas a 100% respondem que valeu a pena terem estado neste centro assim como podemos ver o seguinte depoimento. Nasci aos 10 de Maio de 1999 na província de Tete, sou a quarta filha das 6 irmãs, e órfã dos pais, perdi a minha mãe em 2006 aos 7 anos de idade na mesma província sem nenhum familiar por perto após ter perdido a minha mãe a Acção Social se responsabilizou em procurar a família materna enquanto isso aguardava no Centro de acolhimento de SOS da mesma província, 6 meses depois localizaram a família, fui levada junto a eles em Maputo em 200. Chegado a Maputo a família não tinha condições para uma boa educação. Entretanto o meu avô procurou um abrigo para que pudesse ter uma boa educação, e conseguiu no Centro Menino Jesus da Manhiça na responsabilidade das Irmãs Franciscanas, ai inicia uma nova etapa da minha vida, onde dei continuidade dos meus estudos na escola primaria de Manhiça sede, conclui a 12ª na Escola Secundaria de Manhiça, após ter terminado fiquei alguns meses sem fazer nada, porque as irmãs já não tinham condições para continuar com os estudos e, mas em seguida conseguiram doadores que se prontificaram a custear os estudos, em 4 anos, assim terminei os meus estudos, e as irmãs ajudaram me a ter uma colocação de emprego, hoje sou uma mulher formada graças a existência deste Centro de Colhimento, (R07). Esta é uma prova do impulso que o centro dá às raparigas para se sentirem realizadas e a inserção social que elas necessitam para sentirem-se úteis na comunidade. Segundo as raparigas “[…] nos divertimos bem aqui no centro e cada uma de nós constituí família cá dentro, razão pela qual quando chega a hora de sair não tem sido fácil para as que ficam” R12, R10, 09. Algumas das raparigas não manifestam algum interesse em voltar para o convívio familiar, “[…] os meus encarregados bebem muito e não mostram nenhuma mudança de comportamento mesmo com a intervenção das monitoras do centro, por isso para mim voltar para a minha famíliaseria um retrocesso” R06. Algumas são vistas como a única fonte de renda por conta da vulnerabilidade económica que se semeia nas famílias, “ […] assim que o centro me ajudou a estudar e na colocação para trabalhar a família olha para mim para todas as necessidades da casa, e não tenho 21 como continuar a estudar para aumentar o meu nível uma vez que todas as finanças tenho que canalizar para as necessidades da família” R11. Considerando as declarações das raparigas, verifica-se que algumas não têm alguém com quem possa contar para a reintegração por conta da perda dos pais outros por ter familiares totalmente tóxicos, ambientes de risco para as raparigas. Mas os sucessos e satisfação de cada uma das raparigas são manifestados de diferentes formas assim com podemos visitar uma história de uma das raparigas que já está reintegrada na família: […] nasci aos 16 de Junho de 1999 na província de Maputo Distrito de Catembe, sou a primeira filha dos 2 irmãs, e de um pai desconhecido. Aos 2 anos a minha mãe viajou para África do Sul a procura de melhores condições de vida, eu vivia com os meus tios em Chamanculo, o tempo foi passando a situação de vida foi piorando, dai que um dos meus tios procurou um Centro de acolhimento onde poderia ter uma boa educação, e conseguiu no Centro Menino Jesus da Manhiça na responsabilidade das Irmãs Franciscanas. Ai inicia uma nova vida, não foi fácil me ambiental, o tempo foi passando, iniciei os meus estudos na escola primária de Manhiça sede, conclui a 12ª na Escola Secundária dos Irmãos Maristas em Manhiça. Após ter terminado o Centro não tinha condições porque os nossos doadores estavam a passar por uma crise económica em Portugal, não havia outra coisa a fazer para além de sentar aprender a decorar chinelos, para vender isso um ano depois 2013conseguiram doadores que se prontificou a custear os estudos, em 3 anos, terminei os meus estudos, consegui trabalhar no projecto na ADPP, sou muito grata a esta família das Irmãs Franciscanas, e aprendi que família não é somente aquela que carrega o nosso sangue, mas sim aquele que cuida e que, está presente na nossa vida sempre que precisamos […] R08. Pelas histórias de secesso aqui trazidas pelas raparigas, reforçam o que as raparigas conseguem nesse centro, mas também nos deparamos com situações de raparigas que mesmo atingindo 18 anos continuam no centro. Como anteriormente as raparigas evidenciaram que algumas não têm com que contar mais da família e, com o receio do centro fazer um investimento perdido, ou seja, sob o risco delas voltarem à rua, acabam deixando elas mais tempo no centro até que consigam emprego que lhes garanta o auto-sustento. 22 3.3.Estratégias do Centro de Acolhimento Menino Jesus da Manhiça na reintegração social das raparigas acolhidas às famílias; Em Moçambique, o governo regulamenta as instituições não-governamentais de acolhimento de crianças e, faz a devida fiscalização. O artigo 70 da lei no.5/2008, apoia as crianças em lar de acolhimento nos aspectos de reintegração desde que a criança se íntegra no programa de protecção, eis as obrigações para as instituições vocacionadas ao atendimento e acolhimento nos seguintes princípios: a) Preservar sempre que possível, os vínculos e as relações familiares, o nome, a nacionalidade e a identidade sociocultural; b) Assegurar a não separação de irmãos; c) Garantir a existência de actividades educativas, culturais e de lazer; d) Evitar transferência para outras instituições de acolhimento; e) Assegurar a preparação da criança para uma vida independente e auto-sustentável; f) Promover o envolvimento da comunidade nas acções de atendimento; g) Assegurar a participação da criança na vida da comunidade local. Estes princípios asseguram desde início do programa de acolhimento a preservação do contacto com as famílias de origem para que o processo de reintegração não venha ter problemas. Com apoio dos dispostos acima, pesquisamos junto do centro de acolhimento Menino Jesus as estratégias que são levadas a cabo para reintegração social das raparigas às famílias de origem, nessa óptica trabalhamos com três (3) monitoras do centro, correspondentes a 100%. Uma (1) das mentoras correspondente a 33.3% refere que existem desafios de várias ordens desde os factores de risco como por exemplo, fragilidade económica, doenças crónicas, dependência química do membro da família com que a rapariga antes vivia e violência doméstica. Portanto as estratégias prevêem estes factores desde o acolhimento da rapariga a sensibilização da família para ao longo do processo de acolhimento para ver-se se muda de comportamento para quando chegar a fase de receber a rapariga de volta não constitua um risco para ela. Um depoimento de uma das mentoras refere que… 23 …aqui já tivemos raparigas cujos familiares viviam em uma situação extrema de dependência química e sem lugar fixo para viver, durante o processo de acolhimento da rapariga, o centro, várias vezes tentou mobilizar a família à mudança, mas infelizmente foram tentativas sem sucesso, e como nessas condições o centro não tem outra escolha que continuar com a rapariga até que ela encontre algum lugar próprio para continuar com a vida sozinha, mas claro ajudando ela antes a encontrar um emprego que lhe garanta o auto-sustento, (M01). O depoimento desta monitora deixa claro que nem sempre o processo de retorno à família de origem é sucedido. A terceira monitora relata que o centro sempre mantém a educação das raparigas como garantia de um dos seus direitos fundamentais, e isso acaba tirando ela o risco de ficar sem estudar garantindo assim o seu futuro e a sua pertença na sociedade, isto é, quando ela sentir que está a contribuir para a sociedade não qual está inserida é uma satisfação pessoal e garante o seu bem-estar social. As monitoras referem igualmente que a preparação da rapariga para o retorno à família de origem é feita desde o dia de entrada fazendo-se: Preparação da família quanto aos direitos fundamentais da criança; Garantir a formação vocacional para as raparigas para garantir uma vida independente e auto-sustentável; Permitir que a rapariga vá regularmente visitar os membros da família, para garantir o vínculo; Promoção de eventos culturais que envolvem a comunidade para aproximar as raparigas da vida social da comunidade local. Sobre o plano de visitação, as monitoras M01 e M03 mencionaram que é montado um planeamento da condução do caso e é organizado um plano de visitas junto com as famílias. Segundo elas, quando é permitido pelo órgão de justiça, é garantido o contacto do acolhido com sua família, bem como uma periodicidade dessas visitas. Segundo as monitoras, “ [...] as famílias vêm visitar as raparigas de acordo com cada caso. Conforme apresentamos anteriormente, são poucas que tem pai/mãe, 58% delas apenas tem avós que não podem visitá-las por conta da idade. “ [...] e aí facilitamos essas visitas, nos finais de semana, de 15 em 15 dias, para as raparigas passarem com as famílias” (M02). 24 Para as monitoras essas fazem parte das estratégias de reintegração social das raparigas às suas famílias, que garantem com que a rapariga não sinta o afastamento da vida social da sua família assim como da comunidade em que está inserida. Uma das mentoras refere que essas estratégias têm vindo a surtir um grande efeito o que faz com que as taxas de insucesso para retorno da rapariga é família de origem sejam cada vez menores. 3.4.Descrever as características sócio demográficas das famílias das raparigas acolhidas pelo Centro de Acolhimento Menino Jesus da Manhiça Assim como foram seleccionadas 12 raparigas consequentemente tivemos que trabalhar com 12 famílias que representam as raparigas. As famílias envolvidas nessa pesquisa são de diferentes zonas do país respectivamenteseis (6) famílias correspondentes a 50% das seleccionadas são provenientes de Inhambane, três (3) correspondentes a 25% são provenientes de Gaza e apenas três (3) igualmente correspondentes a 25% são de Maputo. As doze (12) famílias correspondentes a 100% pertencem a igreja católica. As idades variam entre 48 a 85 anos. O quadro a seguir mostra os agregados de cada família. Tabela 4. Agregados de cada família. Agregado Familiar 1 a 3 4 a 6 7 a 9 10 a 12 Nenhum Número 3 8 1 ---- ---- Adaptado pela autora Assim como se pode ver na tabela 4, que oito (8) famílias correspondentes a 67% representam uma média de 5 AF’s, três (3) correspondentes a 25% tem uma média de 2 AF’s e por fim uma (1) correspondente a 8% com 7 agregados familiares. Das nove (9) famílias correspondentes a 75% que não são de Maputo, respondem que chegaram a Maputo a procura de melhores condições de vida já que nas zonas urbanas é onde se concentram as oportunidades. Relativo ao tempo de estadia varia de família para outra, três (3) famílias correspondentes a 25% estão em Maputo desde 1992 praticamente a 28 anos e uma percentagem igual a essa está a 27 anos, uma (1) correspondente 8% está a 30 anos e uma percentagem igual a essa, está a 35 anos, quatro (4) correspondentes a 33% estão a 33 anos. 25 Quanto a escolaridade das famílias, oito (8) correspondentes a 67%, respondem apenas terminaram a 7ª classe sabendo apenas o básico da leitura e escrita, duas (2) famílias correspondentes a 17% tem a 9ª classe concluída e uma percentagem igual a essa já tem o primeiro ciclo de ensino secundário feito. Aferimos igualmente sobre a renda mensal e a trabalho das famílias, cinco (5) correspondentes a 42% trabalham por conta própria vendendo produtos da primeira necessidade, quatro (4) correspondentes a 33% são professores médios e três (3) correspondentes a 25% são domésticas. Quanto a renda mensal quatro (4) correspondentes a 33%, respondem que não passam de dois salários mínimos, cinco (5) correspondentes a 42% apenas conseguem metade de salário mínimo, e três (3) correspondentes a 25% não conseguem chegar nem na metade de um salário mínimo. Relativo a ajuda de cuidado da casa três (3) das famílias correspondentes a 25% referem que antes não tinham alguém que pudesse, mas agora que a rapariga trabalha ajuda nas despesas da casa e nove (9) correspondentes a 75% respondem que cuidam pessoalmente e ninguém as ajuda. 3.5.Razões por detrás do acolhimento das raparigas Foi possível também aferir as razões por detrás do acolhimento das raparigas através dos depoimentos dados pelas famílias abarcadas no âmbito desta pesquisa, as razões variam desde a incapacidade financeira, responsáveis alcoólatras e familiares idosos: “[…] quando procuramos pelo centro nos já éramos idosos, pouco podíamos dar a criança, talvez não pudéssemos dar a educação escolar que ela tem hoje. Hoje dependemos dela para algumas necessidades da casa uma vez que o centro a ajudou a se formar e a colocá-la em um emprego” F01, F08, F05; “[…] a mãe dela acabava de falecer e o pai nunca deu a cara e, nós dependíamos da mãe dela, por isso tivemos que procurar uma família ou um centro que a pudesse cuidar” F02; “[…] eu sempre tive problemas de perna e, quando fiquei sozinho com ela vi que não seria capaz de cuidá-la, dai procurei o centro” F04; “[…] nos somos idosos sim e conseguimos vender algumas verduras, mas isso simplesmente a garantiria o alimento e não a escola, por isso arranjamos um sitio que melhor a pudesse dar uma educação” F03, F06. Ainda relativamente a essa questão: “[…] temos muitos filhos, nem mesmo os nossos conseguimos cuidar da sua educação, por isso quando vimos a sobrinha a ficar sem mãe 26 tomamos a iniciativa de leva-la para um centro de acolhimento para que tivesse educação” F07, F09; “[…] quando perdemos a nossa mãe ela ainda era pequena que não podíamos cuidar dela, e nós também estudávamos e ficava difícil para nos, por isso procuramos o centro” F10, F11; “[…] nos bebemos muto as vezes o pais dela me batia na presença dela, por isso eu decidi que ela não devia crescer no nosso ambiente, ainda o centro tentou nos sensibilizar mas infelizmente o álcool já esta no nosso sangue e ele faz parte do nosso dia-a-dia” F12. 3.6.A relação da família com a rapariga Dado que a maior parte das raparigas são de família de idosos que dificilmente tem a facilidade da mobilidade, simplesmente elas é que visitam com o mecanismo de um final de semana em cada 15 dias, falamos relativamente de sete (7) correspondentes a 58,3%, uma (1) correspondente 8,3% os pais são alcoólatras por isso também a rapariga é quem deve visitá-los, mas nem sempre tem vontade de visitá-los por conta da violência que se vive entre os seus pais depois da bebida. Para quatro (4) raparigas correspondentes a 33,3% o sistema de visita tem sido recíproco. Todos os familiares das raparigas a 100% mostram-se satisfeitos quanto ao processo de acolhimento, “[…] eu agradeço muito o centro porque se não tivesse sido por ele a nossa rapariga não teria se formado, uma vez que nos somos idosos e sem forças para gerar alguma renda que a pudesse ajudar a estudar como o centro fez” F06; “[…] se ela estivesse nesse nosso ambiente de bebedeira e pancadaria não teria enveredado pelo caminho de formação e nem sei dizer o que ela teria se tornado” F12. Quanto a simplicidade das agentes que trabalham no centro de acolhimento aos olhos dos familiares são como segundas mães, “[…] nós até já recebemos aconselhamento vindo das monitoras do centro… isso significa que elas se preocupam com o bem-estar das raparigas” F12. Significando que as famílias a 100% louvam o tratamento que as raparigas têm tido com as monitoras. Para compreendermos se as famílias se preocupam com as raparigas e acompanham a vida social delas procuramos saber se conhecem as amizades, “[…] ela sempre que viesse nos visitar, vinha com amigas do centro, e entre elas dava para notar que estão entre irmãs” F03; “[…] conheço a volta de 4 das suas amigas do centro, mas nas apresentações elas sempre se referia a elas como 27 irmãs então deu para perceber que há harmonia entre elas” F08, entre várias manifestações das famílias que deram a entender que conhecem as amizades das raparigas. Em relação ao interesse das famílias aos rendimentos escolares, em dez (10) famílias correspondentes a 83%, constatou-se que pouco procuravam saber do desempenho, bastava o relatório das raparigas e apenas dois (2) correspondentes a 17%, procurava saber do desempenho das raparigas. As famílias a 100% respondem que a mudança vem sendo feita pelas monitoras através de programas de mobilização e sensibilização sobre direitos da criança, mas também para mudanças comportamentais para casos de pais alcoólatras e ou violentos. Igualmente as famílias avançam que a atmosfera entre os outros membros da família com as raparigas tem sido das melhores. Muitas das famílias referem que as raparigas sentem-se bem quando estão com as famílias, portanto esse é um sinal de que quando voltarem ao convívio familiar com certeza se sentirão bem, excepto uma (1) que é correspondente a 8,3%, “[…] o ambiente de pancadaria que tenho vivido como o meu marido só eu posso suportar, por isso eu nunca aconselhei a ela a voltar a este convívio” F12. Quanto a questão das raparigas serem boas para as famílias após o processo de acolhimento referem que não há duvida que serão, “[…] sempre que veio nos visitar mostrou- se ser boa menina e o centro também a ajudo a se tornar uma pessoa melhor, por isso não há duvida de que será uma boa menina” F08. Ainda quase a 100% se referem que a vinda da rapariga ee uma satisfação e realização de algo maior, excepto uma família que acredita que a volta da rapariga é boa tanto quanto não boa, “[…] porque se nos vivemos em ambiente hostil de pancadaria,claro que ele pode esquecer todos os princípios que pregavam no centro” F12. Por fim as famílias referem que os outros membros da família gostam das raparigas, mas não se sabe o certo se essa harmonia que se mantem seja por a rapariga apenas ter tido pouco tempo em casa e mais tempo no centro. 3.7.Explicar o processo de reintegração familiar das raparigas acolhidas pelo Centro de Acolhimento Menino Jesus da Manhiça Nem sempre as reinserções ocorrem da melhor forma, podem ser bem e mal sucedidas por vários factores. O Grupo interagência de reintegração infantil (2016), em seu documento de diretrizes para reintegração familiar de crianças e adolescentes refere que assim que os pais ou outros 28 membros da família forem localizados, uma avaliação da família deve ocorrer. A família deve ser tratada com dignidade e respeito e considerar os pontos fortes e fracos tanto da família nuclear quanto da família extensa da criança e adolescente. Um modelo básico inclui uma avaliação preliminar: dos factores de risco que afectam a segurança e o bem-estar da criança e as mudanças que precisam ser feitas; das forças e da resiliência da família, inclusive dos irmãos; da visão dos membros da família sobre as razões da separação e outros problemas; do nível de disponibilidade/capacidade de mudança da família; da capacidade da família de cuidar da criança/adolescente; da situação económica da família. Portanto com os dispostos acima, a pesquisa também procurou entender nas monitoras do Centro Menino Jesus, como e tratado o processo de reintegração das raparigas. Portanto, não restaram dúvidas de que a reintegração familiar está intimamente ligada aos princípios que regem a legislações Moçambicanas no que diz respeito aos direitos da criança e do adolescente. São várias formas de retornar as raparigas ao convívio familiar: “[…] às vezes o retorno ao convívio familiar promovemos assim que a família apresentar condições favoráveis para o retorno da rapariga principalmente quando se trata de superação de problemas de alcoolismo o condições económicas e, nem sempre esperamos que ela atinja os 18 anos para o retorno obrigatório preconizado pelas autoridades” M01; “[…] temos situações em que os pais só assumem a paternidade mais tarde enquanto a rapariga já está nos cuidados do centro e, alguns deles preferem começar com os cuidados retirando-as do lar de acolhimento, assim o centro faz uma avaliação das condições dos pais para ver se podem ser seguras para integração da menina” M02. 3.7.1. Manutenção do vínculo familiar Em relação de como e que o corre o processo de reintegração das raparigas as famílias de origem uma das mentoras refere que, “[…] desde o primeiro dia que o centro acolhe uma criança é estabelecida uma regra em relação as visitas com as famílias de origem, caso seja difícil identificar a família o centro sempre procura até encontrar para estabelecer datas e horários de visita para que a rapariga não se esqueça da sua família” M03; assim como a outra refere que 29 “[…] o centro concede as raparigas visitas aos familiares de duas em duas semanas, mas a mesma regra na se aplica a criança com menos de 12 anos, porem levamos a sua ficha e entrar em contacto com os familiares para recorda-los a não se desmembrarem da menina” M01; “[…] em todos os eventos culturais que acontecem dentro do centro os familiares são convidados a participarem, assim como também autorizamos os familiares a buscarem as raparigas sempre que na família houver algum programa de carácter cultural para ela ficar a par da vida social dos familiares” M02. 3.7.2. Preparação da rapariga para uma vida autónoma Desde a entrada do centro as raparigas aprendem a fazer muita coisa extra para além da educação escolar que o centro proporciona, “[…] aqui as meninas aprendem a decorar chinelos, empreendedorismo como fazer bolos entre outras actividades que futuramente podem ser úteis o seu auto-sustento e incentivamos formações vocacionais as raparigas para permitir com que elas tenham emprego com facilidade”M01; “[…] nem sempre as raparigas tem familiares com quem contar, outros morrem por HIV-SIDA ou mesmo por questões naturais, quando isso acontece entramos em contacto com as autoridades para dar informe e continuamos com a menina até que ela consiga ter emprego para ter uma vida autónoma” M02. 3.7.3. Pré-avaliação da família das raparigas As raparigas antes de serem reintegradas às famílias de origem, deve passar por um processo de avaliação para que o ambiente para a meninas não seja hostil, “[…] treinamos as famílias em relação aos direitos da criança e procuráramos desenvolver os pontos fortes dentro das famílias, identificando e reforçando atitudes e comportamentos positivos” M03; “[…] cuidadosamente precisamos estudar se a família está disposta e comprometida a levar a criança de volta e assumir a responsabilidade de trabalhar para enfrentar os problemas ; entendem o que aconteceu à criança e como isso afectou o seu bem-estar e comportamento; são capazes de pensar na criança e se preocupam com ela; são capazes de atender às necessidades básicas da criança; o ambiente doméstico é seguro; a família é capaz de reconhecer as necessidades e os direitos da criança; um espaço físico foi preparado para a criança (quarto etc.) ” M02. Feitos todos esses processos, pode-se decidir se a rapariga volta ou não para a família de origem. 30 CAPÍTULO IV. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 4.1.Conclusões As instituições de acolhimento assumem lugar central na vida das raparigas acolhidas, promovendo e garantindo os direitos fundamentais como segurança e protecção. O Centro de Acolhimento Menino Jesus tem um papel importante na vida das raparigas nos desejos de realizações profissionais, apreensão quanto a formas de sustento e obtenção de sucesso no futuro. A reintegração social das raparigas as famílias de origem começa desde o acolhimento da rapariga através de uma série de procedimentos como: inserção da rapariga em todos os eventos culturais na família e a qualquer que seja acção familiar, educação vocacional das raparigas para que sozinhas consigam uma vida de auto-sustento. E como vimos no capítulo passado nem todas as reinserções têm dado certo, isso acorre por vários motivos como: familiares alcoólatras, violência no convívio da família, perda dos membros directos, estes são factores que impossibilitam o sucesso na reintegração das raparigas. As raparigas que por lá passam na maioria dos casos saem com formação profissional, trabalho da mão garantido (conta própria), portanto, o centro permite com que as raparigas e as suas práticas permitam trabalhar questões que favorecem desenvolver a resiliência procurando reconstruírem suas próprias histórias. O centro estimula as habilidades de cada uma criando situações em que uma aprenda o ofício da outra. O relacionamento entre as monitoras e as raparigas tem sido muito melhor que até quando chega o momento da reintegração a família de origem tem sido um momento difícil. As famílias igualmente têm sido unânimes quanto ao louvável tratamento e educação que as raparigas recebem no centro. Ao mesmo tempo as famílias também louvam o vínculo que tem sido reforçado entre as raparigas e as famílias para além de que na preparação do retorno da rapariga ao convívio familiar, elas beneficiam de sensibilizações e pequenas formações sobre direitos da criança e outros aspectos que podem deixar o ambiente familiar seguro para as raparigas. 31 4.2.Recomendações Feito o estudo e as conclusões que marcaram a pesquisa, recomendamos que: Que o centro fortifique um pouco mais a preparação das raparigas para serem mais resilientes, principalmente as que ficam praticamente sem com quem contar; Ainda o centro que não se canse ou mesmo adoptar outros métodos de sensibilização
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