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Auditoria Financeira 1ª edição 2017 Auditoria Financeira 5 3 Unidade 5 Planejamento de auditoria Para iniciar seus estudos Planejamento de auditoria é um processo que é iniciado na fase de avalia- ção para a contratação dos serviços de auditoria. Nesta ocasião, devem ser levantados todos os elementos necessários sobre a atividade da empresa, as suas operações, a legislação que se aplica à atividade operacional da empresa, os sistemas utilizados, os relatórios emitidos e outras situações determinantes, para dimensionar o trabalho a ser executado. A conclusão do planejamento só será concluída quando o auditor completar este tra- balho inicial. Estas informações servirão para elaborar a proposta de serviços que com- põem a documentação necessária e servirão de comprovação de que o auditor executou estas etapas de acordo com as Normas de Auditoria Independente. Objetivos de Aprendizagem • Elaborar o conteúdo do planejamento da auditoria • Uniformizar os procedimentos contábeis • Realizar os meios de prova no planejamento da auditoria • Aplicar as técnicas e os principais procedimentos de auditoria 4 Auditoria Financeira | Unidade 5: Planejamento de auditoria 5.1 Breve introdução sobre o planejamento da auditoria Figura 5.1 – Planejamento da auditoria. Fonte: <https://pt.123rf.com/search.php?word=planejamento+auditoria&srch_lang=pt&imgtype=&t_ word=planning+audit&t_lang=pt&oriSearch=planejamento&sti=luk4q7x07vk7iu1rcd|&mediapopup=46612094>. O planejamento da auditoria serve para realizar uma avaliação inicial do que será realizado em uma empresa. Assim, um planejamento adequado auxilia o auditor nas seguintes situações: • A ter atenção apropriada às áreas mais importantes da auditoria. • A identificar e resolver problemas que possam acontecer. • A se organizar para realizar o trabalho de auditoria. • A formar e direcionar a equipe de trabalho adequando capacidades e competências. O auditor deve planejar seu trabalho sempre direcionado pelas Normas Profissionais de Auditor Independente, obedecendo a prazos e compromissos assumidos por contrato com a empresa. O planejamento tem como pre- missa o nível adequado de conhecimento sobre a atividade da empresa, os fatores econômicos, a legislação que se aplica sobre as operacionais da empresa. O planejamento deve considerar alguns fatores na execução dos trabalhos: • Conhecimento das práticas contábeis, dos controles internos e das áreas importantes (avaliando o volume de transações e complexidade das atividades) da empresa. • Extensão dos procedimentos de auditoria que serão aplicados. • Necessidade de utilizar o trabalho de outros auditores. • Avaliar o conteúdo de relatórios e outras informações entregues à empresa. • Obedecer a prazos estabelecidos por entidades reguladoras ou fiscalizadoras. Quando o planejamento da auditoria exigir a designação de equipe técnica especializada, esta deve ser a orien- tada e supervisionada pelo auditor, que assumirá a responsabilidade pelos trabalhos executados. Isso deve ser previsto de modo que forneça segurança aos trabalhos. Este planejamento e os programas de trabalho executados devem ser revisados e atualizados sempre. 5 Auditoria Financeira | Unidade 5: Planejamento de auditoria Quando a realização de uma auditoria é feita pela primeira vez, e no exercício anterior outro auditor realizou o exame das demonstrações contábeis, o planejamento deve constar os seguintes procedimentos: • Observar se os saldos de abertura do exercício não contêm interpretações erradas que, de alguma maneira, influem nas demonstrações contábeis atuais. • Verificar se os saldos de encerramento do exercício anterior são os mesmos dos saldos de abertura do exercício atual. • Averiguar se as práticas contábeis do exercício atual possuem o mesmo padrão das práticas contábeis adotadas no exercício anterior. • Notar se existem fatos relevantes que possam alterar atividades da empresa. • Perceber se existem fatos relevantes no exercício anterior que foram ou não revelados por auditoria ante- riormente realizada. A NBC TA 510 (Normas Brasileiras de Contabilidade – Técnicas de Auditoria), Trabalhos Iniciais – Saldos Iniciais, trata a responsabilidade do auditor em relação aos valores de saldos iniciais provenientes do trabalho de audito- ria inicial (primeira auditoria realizada na empresa). Não trata somente dos valores de saldos iniciais das demons- trações contábeis, mas também de outros assuntos que precisam ser divulgados existentes no início do período. Quando as demonstrações contábeis exigem informações comparativas, as orientações estão na NBC TA 710. Já a NBC TA 300 trata de orientações adicionais referentes a atividades da auditoria, antes do início dos trabalhos. Esta etapa de trabalho estabelece a estratégia dos trabalhos a serem executados na empresa que será auditada, que vai desde a contratação dos serviços até a extensão dos trabalhos, muitas vezes conhecida como plano de auditoria ou programa de auditoria. Estas informações na avaliação dos serviços (conforme está previsto nas Normas Profissionais de Auditor Inde- pendente aprovadas pelo Conselho Federal de Contabilidade) servem de base para a elaboração do planeja- mento da auditoria. O auditor deve levar em conta que este planejamento é um processo que se inicia na contratação dos serviços, ou seja, são levantadas todas as informações necessárias para se conhecer o tipo de atividade e a legislação apli- cável às atividades da empresa, além dos relatórios operacionais para determinar a natureza do trabalho a ser executado. A conclusão deste planejamento da auditoria só se findará quando o auditor completar os trabalhos preliminares. Estas informações obtidas e aquelas levantadas para fins de planejamento da auditoria compõem a documenta- ção comprobatória de que o auditor executou estas etapas seguindo as Normas de Auditoria Independente das Demonstrações Contábeis. Muitas delas serão confirmadas durante os trabalhos de campo e implica a necessi- dade de o auditor revisar e ajustar à medida que for executando os trabalhos. O programa de auditoria deve ser preparado por escrito de modo a facilitar o entendimento de todos os procedi- mentos de auditoria a serem executados e de forma a realizar uma correta divisão do trabalho. O detalhamento destes procedimentos deve esclarecer tudo o que o auditor necessita para examinar o sistema contábil e os con- troles internos da empresa auditada. Devem ficar bem claras, no programa de auditoria, as diversas etapas para a aplicação dos procedimentos e os exames que serão efetuados. Além disso, servem como guia e controle para a execução dos trabalhos e abran- gem todas as áreas da empresa a serem examinadas pelo auditor. Existe um documento que o auditor elabora chamado de carta-proposta: é a formalização de todas as condições de trabalho que será executado. O trabalho de auditoria deve ter um encadeamento lógico, considerado como ponto de partida, envolvendo as seguintes etapas: 6 Auditoria Financeira | Unidade 5: Planejamento de auditoria • Avaliação dos controles internos • Planejamento dos trabalhos • Elaboração de programas de trabalho, das folhas de controle (folhas-mestre e analíticas) e do relatório Quando o auditor se utilizar dos trabalhos realizados por auditores internos, deve incluir, na documentação utili- zada, todas as conclusões realizadas pelo trabalho do auditor interno e todos os procedimentos por ele utilizados. Este planejamento não é uma fase isolada da auditoria, e sim é um processo no qual, em muitas ocasiões, inicia após a conclusão de auditoria anteriormente realizada até a conclusão do trabalho da auditoria atual. O plane- jamento inclui a consideração realizada à época em relação a atividades desempenhadas e os procedimentos de auditoria que foram concluídos antes da realização de procedimentos adicionais de auditoria. A NBC TA 320 trata a responsabilidade do auditor quanto à aplicação do conceitode materialidade no planeja- mento e na execução de auditoria de demonstrações contábeis. A NBC TA 450 avalia as distorções identificadas durante os trabalhos de auditoria e explica como a materialidade é aplicada na avaliação das distorções identifi- cadas durante o trabalho e as distorções não corrigidas, caso existam, nas demonstrações contábeis. A estrutura de relatórios financeiros e sua apresentação são frequentemente discutidas quanto à materialidade: • Omissões relevantes quando influenciam nas decisões econômicas tomadas com base nas demonstra- ções contábeis. • Observação sobre quais assuntos são de relevância para os usuários das demonstrações contábeis. O auditor precisa ter conhecimento das atividades da empresa, de forma que possa identificar procedimentos relevantes que possam afetar as demonstrações contábeis. Dentre os principais objetivos do planejamento da auditoria, podemos mencionar: • Obter conhecimento das atividades da empresa, a fim de identificar quais procedimentos são de signifi- cativa relevância e que possam afetar as demonstrações contábeis. • Propiciar que os serviços contratados de auditoria sejam entregues nos prazos e compromissos esta- belecidos. • Assegurar que sejam quantificadas monetariamente as áreas mais importantes da empresa e que estes valores estejam devidamente demonstrados em suas demonstrações contábeis. • Identificar os problemas potenciais que possam afetar as atividades da empresa. • Identificar a legislação mais condizente com a empresa. • Dimensionar a extensão do trabalho a ser efetuado e se este está condizente com os termos da proposta de serviços para a realização do trabalho. • Definir qual será a divisão das tarefas na equipe de trabalho, se houver. • Quando houver equipe de profissionais envolvida, que seja facilitada a supervisão dos serviços executados. • Possibilitar que a coordenação do trabalho possa ser efetuada por outros auditores. • Buscar que os auditores internos também coordenem o trabalho. • Identificar prazos de entrega de relatórios. Outros objetivos podem ser fixados, segundo a forma de execução de cada trabalho, principalmente quando houver outras partes relacionadas. 7 Auditoria Financeira | Unidade 5: Planejamento de auditoria De acordo com a NBC TA 200, Objetivos Gerais do Auditor Independente e a Condução da Auditoria em Confor- midade com Normas de Auditoria, para que sejam atingidos os objetivos do auditor, devem ser utilizados proce- dimentos estabelecidos nas NBC TA relevantes, quando se planejar e executar a auditoria. Se um objetivo que exista em uma NBC TA e que é relevante não poder ser cumprido, o auditor deve realizar uma avaliação se isso o impedirá de cumprir os objetivos gerais de auditoria e se isso exige que ele, em conformidade com as NBC TA, modifique sua opinião ou mesmo desista do trabalho. 5.2 Informações e Condições para Elaborar o Planejamento da auditoria Figura 5.2 – Condições para elaborar o planejamento da auditoria. Planejamento de auditoria Fonte: <https://pt.123rf.com/search.php?word=planejamento+post+it&srch_lang=pt&imgtype=&t_ word=planning+post+it&t_lang=pt&oriSearch=planejamento+auditoria&sti=m74cwoej4n3hxfl29h|&mediapo pup=63734383>. O planejamento da auditoria deve ser realizado de forma que duas áreas sejam examinadas a princípio, para que se determine a natureza, a extensão, a data dos testes e os eventuais procedimentos de auditoria a serem reali- zados para as diversas contas do balanço patrimonial e da demonstração do resultado do exercício da empresa. Estas áreas são a de controle interno e a de revisão analítica. 5.3 Conhecimento das atividades da empresa O planejamento pressupõe nível de conhecimento das atividades da empresa por parte do auditor, fatores eco- nômicos internos e externos, legislação aplicável às atividades e práticas operacionais que a empresa adota. 8 Auditoria Financeira | Unidade 5: Planejamento de auditoria 5.3.1 Fatores econômicos É necessário que o auditor tenha conhecimento do negócio da empresa a ser auditada - principalmente quanto aos fatores econômicos: • Atividade econômica na área de atuação da empresa e fatores internos e externos que possam influen- ciar seu desempenho, tais como: inflação, crescimento, recessão, deflação, desemprego, situação polí- tica, entre outros. • Taxas de juros e as condições de financiamento. • Políticas governamentais, tais como: monetária, fiscal, cambial e de importação/exportação. • Controle sobre capitais. Esta análise é a base para identificar riscos internos e externos que possam afetar a continuidade dos negócios da empresa, a possível existência de contingências fiscais, legais, trabalhistas, previdenciárias, comerciais, ambien- tais, bem como a obsolescência do estoque e da idade das imobilizações, além de outros aspectos do negócio que possam ter impacto nas demonstrações contábeis. É recomendável que, se constatadas, estas sejam discutidas, previamente, entre o auditor e a administração da empresa a ser auditada. O conhecimento da legislação que pode afetar a empresa a ser auditada é de fundamental importância para que o auditor avalie os impactos que a não observação das normas podem ter nas demonstrações contábeis. Neste sentido, devem ser considerados: • Impostos, taxas e contribuições a que a empresa está sujeita a pagar. • Contribuições sociais a que a entidade está sujeita a pagar. • Regulamentação própria do setor de atividade da empresa. • Informações que a empresa deve fornecer para terceiros (bancos, companhias abertas, seguradoras, fun- dos de pensão etc.) em função das atividades que desempenha. 5.3.2 Práticas operacionais da entidade Dentre as transações que devem constar no objeto social da empresa, temos: a natureza das atividades, o tipo de operações que a empresa realiza, a localização das instalações da empresa, os principais produtos que fabrica ou serviços que executa, os mercados de atuação, a identificação dos clientes e fornecedores, os controles geren- ciais e até mesmo a interferência da administração nas atividades empresariais. O conhecimento das atividades da empresa é de fundamental importância para identificar os riscos da auditoria. 5.3.3 Competência da administração A administração da empresa tem responsabilidade pelo registro, controle, análise e aprovação das transações comerciais. O conhecimento da competência da administração serve para que o auditor tenha uma percepção da estrutura da empresa. Por isso, é necessário considerar os seguintes itens: 9 Auditoria Financeira | Unidade 5: Planejamento de auditoria • Estrutura corporativa • Formas de relacionamento com funcionários, controladores, clientes e fornecedores • Formas de eleição da administração • Composição do capital social da empresa e as modificações que ocorreram • Estrutura organizacional da empresa • Plano estratégico da administração • Aquisições, fusões, incorporações, cisões efetuadas no período ou efeitos decorrentes dessas operações • Independência da administração na tomada de decisões • Frequência das reuniões da administração e o teor e grau das decisões tomadas A administração possui algumas responsabilidades na execução dos trabalhos de auditoria e por isso deve per- mitir acesso a todas as informações de que tenha conhecimento e que sejam relevantes na apresentação das demonstrações contábeis. 5.3.4 Práticas contábeis adotadas No planejamento da auditoria, o auditor deve procurar abranger todo o conhecimento detalhado das práticas contábeis adotadas pela empresa de forma que faça uma avaliação adequada das demonstrações contábeis. A alteração das práticas contábeis em diversos exercícios pode determinar algumas modificações, quando reali- zada a comparação das demonstrações contábeis de diferentes exercícios. Nesse caso, o auditor deve: • Comparar as práticas contábeis adotadas nos diferentes exercícios • Realizar uma dimensão de seus efeitos na posição patrimoniale financeira e no resultado da empresa. 5.3.5 Sistema contábil e de controles internos O conhecimento do sistema utilizado na contabilidade e de seus controles internos é de fundamental importân- cia para o planejamento de auditoria e muito necessário para determinar a natureza e a extensão dos trabalhos, devendo o auditor: • Ter conhecimento do sistema de contabilidade utilizado pela empresa e se existe integração entre eles, para fins de controle interno • Avaliar o grau de confiança das informações geradas pelos sistemas que a empresa possui • Avaliar o grau de confiança dos controles internos adotados pela empresa, obtidos por meio de procedi- mentos de controle. 10 Auditoria Financeira | Unidade 5: Planejamento de auditoria 5.3.6 Áreas importantes da entidade A identificação das áreas mais importantes da empresa está relacionada diretamente ao tipo de negócio. Uma indústria difere de uma empresa de comércio ou daquelas que são de prestação de serviços, por exemplo. Existem muitos tipos de empresas, dos mais variados portes e que atuam em diferentes atividades e mercados. Por isso, o auditor deve iniciar analisando a natureza do negócio e, a partir daí, fazer uma definição do tipo de planejamento que deve ser feito para o trabalho de auditoria. O conhecimento do negócio e da atividade passa pela identificação dos produtos e serviços, do mercado de atuação, do perfil dos clientes e fornecedores, das formas de comercializar os produtos, dos custos de pessoal, impostos e matéria-prima. Esta identificação deve abranger: • Verificação dos casos que têm efeitos relevantes nas demonstrações contábeis e nas transações comer- ciais que a empresa realiza. • Localização da empresa. • Política de pessoal adotada na empresa. • Identificação de clientes importantes, participação de fatia do mercado, políticas de preços, margens de lucro, qualidade dos produtos e serviços, estratégias de mercado. • Identificação de fornecedores importantes, avaliação da qualidade dos produtos e serviços, garantias de entrega, prazo dos contratos, importações, formas de pagamento e formas de entrega dos produtos. • Inventários: quantidades, tipos de armazenamento. • Franquias, licenças, marcas, patentes e registros existentes. • Investimentos em pesquisa e desenvolvimento. • Ativos, passivos e transações em moeda estrangeira. • Legislação, normas e regulamentos. • Estrutura do passivo e níveis de endividamento. • Qualidade e consistência das informações gerenciais da empresa. • Índices e estatísticas de desempenho. 5.3.7 Volume de transações A avaliação do volume de transações deve ser feita para que o auditor independente tenha: • Conhecimento e dimensão adequada de volumes mais significativos. • Identificação de como as normas são seguidas, as fases, as pessoas envolvidas e os controles inter- nos adotados. • Definição de amostras e dimensão do volume das transações. 11 Auditoria Financeira | Unidade 5: Planejamento de auditoria 5.3.8 Complexidade das transações O grau de complexidade das transações é um fator determinante para que o auditor possa encontrar meios de realizar seu trabalho. Deve-se levar em conta que: • O grau de complexidade das transações de uma empresa necessitar de profissionais mais experientes ou de haver uma supervisão mais direta quando da sua execução. • As operações mais complexas podem conter erro e fraude, com uma frequência mais acentuada, caso não existam controles. • Transações complexas podem ocorrer em um período mais longo para a realização do negócio. • Empresas com operações complexas exigem maior grau de especialização. 5.3.9 Entidades associadas, filiais e partes relacionadas O auditor, para realizar seu trabalho, deve considerar no planejamento a existência de empresas controladas, coligadas, filiais e unidades operacionais. Por isso, é necessário: • Definir se o planejamento atingirá essas partes relacionadas. • Definir natureza, extensão e procedimentos de auditoria a serem adotados em relação a essas empresas vin- culadas à auditada, podendo inclusive ter a necessidade de elaborar um programa de auditoria específico. • Entender a natureza das operações e o volume das comercializações com essas empresas relacionadas. • Verificar que situações semelhantes podem ocorrer com o planejamento nas filiais e unidades opera- cionais, pois estas podem ter, além das atividades próprias, outras decorrentes. Pode ocorrer também que em muitas destas entidades as unidades operacionais tenham autonomia, como se fossem outras empresas, cabendo ao auditor realizar essa avaliação. 5.3.10 Trabalho de outros auditores independentes, especialistas e auditores internos No planejamento de auditoria, deve ser considerada a participação de auditores internos da empresa e de espe- cialistas na execução do trabalho. Nestas circunstâncias, o auditor deve levar em consideração: • O uso do trabalho de outros auditores, em especial quando os investimentos da empresa são relevantes. • Pode acontecer de ser necessária a revisão de papéis de trabalho de outros auditores que realizaram tra- balho anterior. • Se o auditor de uma empresa que for investidora de outra não examina as demonstrações contábeis daquelas investidas, quando os ativos representarem relevância nos ativos desta empresa que auditar, deve considerar se pode assumir o trabalho. 12 Auditoria Financeira | Unidade 5: Planejamento de auditoria • A utilização do trabalho de auditores internos deve ser avaliada quando os serviços forem contratados, porque, ao elaborar seu planejamento, o auditor deve ter noção clara do envolvimento com a auditoria interna da empresa auditada e se a auditoria interna vai dar um suporte ao trabalho. • A utilização de especialistas pode ocorrer em duas situações: quando o profissional é contratado pelo auditor que realizará o trabalho, respondendo este pelo trabalho daquele (nesta situação, o planeja- mento do trabalho é facilitado, devido à vinculação); a segunda situação ocorre quando o especialista é contratado pela empresa auditada sem vínculo empregatício. • Quando utilizar o trabalho de auditores internos, devem ser incluídos na documentação de auditoria a avaliação do trabalho dos auditores internos e os procedimentos de auditoria realizados por ele. 5.3.11 Natureza, conteúdo e oportunidade dos pareceres e relatórios Quando é contratado um serviço de auditoria, o auditor deve identificar com a administração da empresa os rela- tórios a serem por ele emitidos obedecendo aos prazos estabelecidos e para apresentação, além dos conteúdos destes relatórios. 5.3.12 Exigências e prazos estabelecidos por órgãos reguladores Conforme a NBC TA 300, Planejamento da Auditoria de Demonstrações Contábeis, o auditor tem que estabelecer uma estratégia que defina o plano de auditoria. Muitas atividades têm normas estabelecidas por órgãos regula- dores e devem cumpridas pela empresa. Deve ser verificado como está o cumprimento dessas normas e se devem ser emitidos relatórios específicos sobre estas. Logo após efetuar o planejamento, o auditor deve considerar: • Se as atividades estão sujeitas a controles de regulamentação por organismos oficiais. • Identificação das exigências quando da avaliação dos trabalhos a serem executados na empresa auditada (conforme estabelece a NBC P 1 – Normas Profissionais de Auditor Independente). • Deve estar suficientemente informado quanto às penalidades a que está sujeito pelo não cumprimento dos prazos. • Sempre que a empresa auditada estabelecer prazos para o auditor, deve formalizar tais circunstâncias à administração. 13 Auditoria Financeira | Unidade 5: Planejamento de auditoria 5.4 Conteúdo do planejamento Figura 5.3 – Conteúdo do planejamento da auditoria. Fonte: <https://pt.123rf.com/search.php?word=planejamento+auditoria&srch_lang=pt&imgtype=&t_ word=planning+audit&t_lang=pt&oriSearch=planejamento+post+it&sti=oeh1444px8v7khub8l|&mediapo pup=47212895>.5.4.1 Cronograma No planejamento, devem constar as etapas e as épocas em que os trabalhos serão realizados, conforme a pro- posta de prestação de serviços. No cronograma de trabalho, devem ficar evidentes as áreas, as unidades e onde a auditoria atuará. 5.4.2 Procedimentos de auditoria No planejamento, devem estar documentados todos os procedimentos da auditoria e sua aplicação, com o obje- tivo de comprovar se todos os pontos da empresa relevantes estão cobertos pelo trabalho do auditor. 5.4.3 Relevância e planejamento O auditor tem que considerar no planejamento da auditoria a ocorrência de fatos relevantes que possam afe- tar a empresa. 14 Auditoria Financeira | Unidade 5: Planejamento de auditoria 5.4.4 Riscos de auditoria O auditor deve considerar no planejamento os riscos de auditoria para que o trabalho seja programado ade- quadamente. 5.4.5 Pessoal designado Quando apontar o trabalho de equipe técnica, no planejamento devem ser previstas a orientação e a supervisão do auditor, que tem total responsabilidade pelos trabalhos executados, pelo planejamento e pela execução dos trabalhos realizado, inclusive quando houver equipe técnica especializada. 5.4.6 Épocas oportunas dos trabalhos Para que sejam definidas as épocas mais corretas para a realização dos trabalhos de auditoria, o auditor deve considerar: • A proposta de trabalho aprovada pela empresa • Se existem épocas cíclicas nos negócios da empresa • Os períodos em que a presença física do auditor é recomendável • Períodos adequados para a inspeção dos estoques da empresa • Se o momento é o mais adequado para solicitar confirmações de saldos • Se existe a necessidade de cumprimento de prazos fixados pela própria empresa ou por órgãos reguladores • Fatores econômicos que podem afetar a empresa, tais como mudanças de política econômica ou apro- vação de legislação ou normas reguladoras específicas que podem influenciar os negócios da empresa • Possibilidade de utilizar trabalhos de auditores internos para subsídio ao seu trabalho, para cumprir o cronograma de trabalho definido no planejamento • Existência de fatos relevantes que possam afetar os negócios da empresa • Prazos para a emissão de relatórios dos trabalhos realizados Com relação às horas estimadas para os trabalhos, ao elaborar a proposta de trabalho, o auditor deve apresentar uma estimativa de honorários e horas ao cliente – conforme determinação das Normas Profissionais de Auditoria Independente –, na qual esteja previsto o cumprimento (igualmente no planejamento da distribuição das horas) de todas as etapas do trabalho a ser realizado. 5.4.7 Supervisão e revisão A supervisão e a revisão devem ser planejadas de forma que atinjam desde a etapa inicial até o final do trabalho contratado com a empresa. 15 Auditoria Financeira | Unidade 5: Planejamento de auditoria 5.4.8 Indagações à administração para concluir o planejamento Embora seja a proposta de trabalho elaborada pelo auditor e aceita pela empresa que forneça a base para o pro- cesso de preparação do planejamento da auditoria, esta deve ser debatida com a administração da empresa, para confirmar se as informações obtidas podem ser utilizadas na condução dos trabalhos. 5.4.9 Revisões e atualizações no planejamento e nos programas de auditoria O planejamento deve ser sempre revisto como forma de o auditor avaliar se existem modificações nos procedi- mentos de auditoria a serem aplicados. Atualizações no planejamento e nos programas de auditoria devem ser documentados nos papéis de trabalho. 5.5 Planejamento da primeira auditoria Figura 5.4 – Planejamento da primeira auditoria. Fonte: <https://pt.123rf.com/search.php?word=auditoria+futuro&srch_lang=pt&imgtype=&t_word=Future+audit&t_lang =pt&oriSearch=auditoria&sti=n2gfz8fii9r89f4tmz|&mediapopup=65556215>. A primeira auditoria em uma empresa sempre requer alguns cuidados especiais: • Se a entidade nunca passou por auditoria • Se a entidade foi auditada em período anterior • Se a entidade não foi auditada em período anterior, porquanto as demonstrações contábeis servirão de base para comparação Nesta circunstância, o auditor independente deve incluir no planejamento da auditoria: análise dos saldos de abertura, procedimentos contábeis adotados pela empresa, padronização dos procedimentos contábeis, iden- tificação de relevantes eventos no exercício anterior e revisão dos papéis de trabalho anteriormente realizados. 16 Auditoria Financeira | Unidade 5: Planejamento de auditoria Na Resolução CFC no 1.035/2005, o planejamento de auditoria independente deve contemplar diversas situa- ções que permitam ao auditor obter evidências ou provas para fundamentar sua opinião sobre as demonstrações contábeis auditadas. Em uma primeira auditoria, é recomendado que o auditor obtenha evidências suficientes, sejam do exercício atual ou anterior, principalmente quando estas influenciam nas demonstrações contábeis do exercício atual. 5.6 Saldos de abertura O auditor deve examinar e confrontar todos os saldos e registros contábeis das contas que componham o balanço patrimonial e verificar a sua consistência. 5.7 Procedimentos contábeis adotados O auditor deve observar os princípios de contabilidade e das Normas Brasileiras de Contabilidade adotados pela empresa. No exercício anterior, há a necessidade de comparação principalmente quanto aos procedimentos contá- beis adotados. Para se certificar dos procedimentos contábeis adotados no exercício anterior, cabe ao auditor proceder a um exame sumário daqueles adotados pela entidade, inclusive pelo que constam nas respectivas demonstrações contábeis. Se o exercício anterior foi examinado por outro auditor independente, devem ser analisados o parecer dos audi- tores e o conteúdo das demonstrações contábeis, inclusive as notas explicativas, como fonte de informação para uma avaliação, pela auditoria, do exercício a ser auditado. 5.8 Uniformidade dos processos contábeis A comparação das demonstrações contábeis de dois exercícios depende dos procedimentos contábeis adotados. Quando o planejamento da auditoria é realizado, os procedimentos contábeis adotados no exercício são compa- rados com os adotados no exercício anterior. Caso os procedimentos contábeis adotados não atendam aos princípios de contabilidade e às Normas Brasileiras de Contabilidade aceitos, o auditor deve debater isso com a administração da empresa. 17 Auditoria Financeira | Unidade 5: Planejamento de auditoria 5.9 Eventos relevantes subsequentes ao exercício anterior Quando em uma primeira auditoria forem constatadas situações relevantes, elas devem ser discutidas com a administração da empresa e, se as demonstrações contábeis foram examinadas por outros auditores indepen- dentes, deve ser motivo de debate com estes auditores, para se inteirar dos fatos e das situações. 5.10 Revisão dos papéis de trabalho Na primeira auditoria, o auditor deve avaliar a necessidade de revisão dos papéis de trabalho, a qual o auditor independente deve verificar a sua necessidade e dos relatórios elaborados por outro auditor. 5.11 Planos de auditoria O plano de auditoria consiste em uma série de notas que abrange o objetivo geral e a maneira de conduzir os trabalhos. Na fase de planejamento, o auditor deve estabelecer o nível de relevância nos planos e na auditoria. Devem ser determinadas as unidades a serem auditadas para medir essa evidência. O planejamento da auditoria consiste no trabalho que o auditor realiza para elaborar uma estratégia de trabalhos a serem executados, tais como: grau de conhecimento da atividade da empresa auditada; se a empresa possui ou não auditoria interna; quais os procedimentos a serem aplicados; quais relatórios entregues; qual equipe técnica que fará parte dos trabalhos. 5.11.1 Modelo de carta-proposta Ao representante apropriado da administração ou aos responsáveis pela governança da empresa ABC: Fomos solicitados por V. Sas. a examinar as demonstraçõescontábeis da Empresa ABC, que com- preendem o balanço patrimonial de 31 de dezembro de 20X1, e as respectivas demonstrações do resultado, das mutações do patrimônio líquido e dos fluxos de caixa para o exercício findo em 31 de dezembro de 20X1, incluindo as respectivas notas explicativas. Temos o prazer de confirmar nossa aceitação e nosso entendimento desse trabalho de auditoria por meio desta carta. Nosso exame será conduzido com o objetivo de expressar nossa opinião sobre as demonstrações contábeis. Nosso exame será conduzido de acordo com as normas profissionais e éticas relativas à auditoria independente, emitidas pelo Conselho Federal de Contabilidade. Essas normas requerem o cum- primento das exigências éticas e que a auditoria seja planejada e executada com o objetivo de obter segurança razoável de que as demonstrações contábeis estão livres de distorção relevante. Uma auditoria envolve a realização de procedimentos para obtenção de evidência de auditoria a respeito dos valores e divulgações nas demonstrações contábeis. Os procedimentos selecionados 18 Auditoria Financeira | Unidade 5: Planejamento de auditoria dependem do julgamento do auditor, incluindo a avaliação dos riscos de distorção relevante das demonstrações contábeis, independentemente se causada por fraude ou erro. Uma auditoria inclui, também, a avaliação da adequação das práticas contábeis usadas e a razo- abilidade das estimativas contábeis feitas pela administração, bem como a avaliação da apresen- tação geral das demonstrações contábeis. Devido às limitações inerentes de auditoria, juntamente com as limitações inerentes de controle interno, há um risco inevitável de que algumas distorções relevantes podem não ser detectadas, mesmo que a auditoria seja adequadamente planejada e executada de acordo com as normas de auditoria. Em nossa avaliação de risco, o auditor considera o controle interno relevante para a elaboração das demonstrações contábeis da entidade, para planejar procedimentos de auditoria que são apropriados nas circunstâncias, mas não para fins de expressar uma opinião sobre a eficácia do controle interno da entidade. Entretanto, comunicaremos por escrito quaisquer deficiências sig- nificativas no controle interno relevantes para a auditoria das demonstrações contábeis que iden- tificarmos durante a auditoria. Nosso exame será conduzido com base no fato de que a administração reconhece e entende que é responsável: • pela elaboração e adequada apresentação das demonstrações contábeis de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil; • pelo controle interno que a administração determinar ser necessário; • para permitir a elaboração de demonstrações contábeis livres de distorção relevante, independentemente se causada por fraude ou erro; e • acesso a todas as informações relevantes de que a administração tem conhecimento para a elaboração das demonstrações contábeis, como registros, documentação e outros assun- tos; • informações adicionais que o auditor pode solicitar da administração para fins da audi- toria; e • acesso irrestrito às pessoas dentro da entidade que o auditor determinar como necessá- rio para obter evidência de auditoria. Como parte de nosso processo de auditoria, solicitaremos da administração confirmação por escrito sobre declarações feitas a nós em relação à auditoria. Esperamos contar com a total cooperação de sua equipe durante nossa auditoria. Inserir outras informações, como acordos de honorários, faturamento e outros termos específi- cos, conforme apropriado. Relatório a ser emitido. Inserir a devida referência para a forma e o conteúdo esperados do relatório de auditoria inde- pendente. A forma e o conteúdo do nosso relatório podem precisar ser alterados considerando nossas cons- tatações decorrentes da auditoria. 19 Auditoria Financeira | Unidade 5: Planejamento de auditoria Favor assinar e nos devolver a cópia desta carta anexada, indicando seu reconhecimento e con- cordância com os termos para realização da nossa auditoria das demonstrações contábeis, e sua concordância com eles, incluindo nossas respectivas responsabilidades. Firma de auditoria Crepaldi Auditores Independentes Assinatura e “de acordo” em nome da Empresa ABC ..................................................................................... Nome e Cargo Data (Disponível em: <http://www.contabilidadeagora.com/news/nbcta210-concordancia-com-os- -termos-do-trabalho-de-auditoria/>). 5.12 Finalidade dos planos de auditoria A preparação de um plano de auditoria para um serviço contratado tem em vista a primeira norma de execução do trabalho de campo, conforme está descrita no boletim do Instituto Americano de Contadores Públicos Cer- tificados (AICPA, n.p.): “O trabalho deve ser adequadamente planejado e os assistentes, se existirem, devem ser adequadamente supervisionados”. Ainda que no passado sempre tenhamos planejado nosso trabalho, aquele tipo de planejamento costumava ser um tanto informal e raramente constava de um documento escrito. Quanto a este ponto, vale dizer que nos últi- mos anos tem havido muita discussão sobre a falta de elementos comprobatórios nos papéis de trabalho e nas folhas de anotações escritas sobre um plano de auditoria adequado, o que tem embaraçado muitos auditores. Por meio da preparação de um plano de auditoria, estamos seguindo as normas de auditoria geralmente aceitas e, ao mesmo tempo, produzimos uma prova escrita de que normas foram efetivamente observadas. 5.13 Responsabilidade pela preparação do plano de auditoria Ainda que a redação do plano de auditoria fique a cargo de qualquer outra pessoa, a responsabilidade sempre cabe ao supervisor designado pela empresa. A empresa deve estimular o treinamento deste supervisor em benefício do trabalho de auditoria. Quando o sênior é chamado a preparar a maior parte do plano, isto quer dizer que ele assume determinadas responsabilidades e, ao mesmo tempo, está exercitando seu treinamento. O plano que é preparado dentro destas regras exige do sênior uma cuidadosa planificação, pois ele se encon- tra na melhor posição para obter todas as informações necessárias. Posteriormente, a aprovação do plano pelo gerente constitui uma verdadeira revisão do trabalho do sênior. Ainda que seja relativamente simples emitir instruções sobre a observância de novos conceitos, não estamos totalmente seguros de que essas instruções foram observadas. E mesmo que tenham sido seguidas, ainda resta apurar se foram entendidas e executadas de acordo com o conceito original. 20 Auditoria Financeira | Unidade 5: Planejamento de auditoria Se cabe ao sênior preparar a maior parte do plano, o gerente deve lhe explicar quais os objetivos do plano e o seu valor na condução da auditoria. É óbvio que o gerente deve estar convencido deste fato. O sênior não deve pensar que o plano deve ser preparado apenas porque consta no manual de auditoria ou porque foi preparado no ano anterior. As referências-mestres e a precedente são a maneira mais fraca de justificar instruções. Ao contrário, a pessoa que recebe instruções deve estar convencida de sua utilidade. Deve ser sempre lembrado ao sênior que a prepa- ração do plano o ajudará a metodizar seu raciocínio e dará os elementos comprobatórios de que foram observa- das as normas de auditoria geralmente aceitas, além de uma ideia geral sobre a maneira de conduzir os trabalhos e possibilitará melhor coordenação do trabalho entre ele e seu supervisor. O plano aprovado constitui uma série de instruções nas quais ele pode confiar. 5.14 Ocasiões em que o plano deve ser preparado A maneira mais fácil de preparar um plano de auditoria é escrevê-lo no término dos trabalhos. Nessa ocasião, todos os fatos e números são definitivos e não haverá quaisquer dúvidas sobre os detalhes do plano que foi seguido. Este procedimento, todavia, é altamente indesejável, pois anula a finalidade de preparar um plano de auditoria. O plano deveser preparado antes, e não depois, de terminados os trabalhos. O momento mais conveniente para a preparação de um plano deveria ocorrer dentro desta sequência de fatos: • Conferência com o cliente dos prazos de encerramento das contas e dos problemas especiais • Preparação do plano preliminar de auditoria • Quando foi completada a avaliação do controle interno, quais as falhas e os pontos fortes listados • Revisão do plano preliminar de auditoria À medida que progride o trabalho, o plano de auditoria e o programa de auditoria originais deverão ser revisados, segundo as necessidades. Na prática, é possível que não seja observada essa sequência de fatos, em virtude da urgência para dar início à auditoria, a fim de manter os auditores permanentemente ocupados e para obter imediatamente certas informa- ções, tais como as respostas de circularizações. Nesses casos, o trabalho deve acontecer apenas quando forem realizados todos os esforços para formalizar um plano de auditoria no início dos trabalhos (antes de preparar o plano não constitui uma desculpa para atrasar sua preparação ou adiá-lo para o final). 5.15 Maneira de preparar os planos de auditoria Os planos de auditoria não devem seguir um estereótipo, e sim devem ser preparados especificamente para cada auditoria. Normalmente, isto é feito em reuniões do supervisor da empresa com o cliente. Um dos métodos recomendáveis é o de o gerente preparar com o sênior o esquema básico do plano e depois encarregá-lo de completar os detalhes. Daí em diante, o gerente revisa o plano completo e devolve ao sênior as partes reescritas, se for o caso. 21 Auditoria Financeira | Unidade 5: Planejamento de auditoria Uma vez que o plano foi preparado, é necessário evitar que o serviço planejado permaneça inacabado. Sob o aspecto legal, o auditor poderá se encontrar em situação muito embaraçosa se for comprovado que ele tinha consciência de que deveria ter feito certo trabalho e, no entanto, deixou de aplicar os procedimentos exigidos. Por outro lado, poucos são os planos antecipadamente preparados que são seguidos em toda a sua extensão. Podem ocorrer alterações em virtude de fatos encontrados durante o trabalho, podem ser descobertas falhas adicionais no controle interno ou podem surgir novos problemas de ordem técnica. É possível, também, que o cliente modifique o plano de encerramento das contas ou que ocorram muitos outros fatos que provoquem alterações no plano original. Assim, à medida que vai se desenvolvendo a auditoria, o plano deve ser revisado de acordo com as circunstân- cias e devem ser tomadas as providências necessárias para que todo o trabalho planejado seja efetivamente executado. Se algumas partes do plano ficarem superadas, o plano deverá indicar claramente as razões para a mudança ou essas partes deverão ser destruídas. No planejamento da auditoria, o auditor pode se utilizar de técnica a fim de medir as unidades a serem auditadas na empresa para obtenção de evidências para seu trabalho de auditoria. 5.16 Conteúdo dos planos de auditoria Geralmente, nenhum plano de auditoria deve conter tantos detalhes que possa ser considerado um programa de auditoria. Nas auditorias pequenas, é preparado um plano para cada cliente. Algumas vezes, pode ser prepa- rado para um grande cliente um plano-piloto, em formato adaptado para um sistema de índices de referências e abrangendo os aspectos gerais da auditoria, com planos separados para cada uma das empresas subsidiárias e divisões. De qualquer forma, os planos de auditoria devem abranger comumente os seguintes pontos: • Objetivos: é a definição clara do alcance dos trabalhos. • Problemas especiais: devem ser escritos em detalhes os problemas que poderão ser encontrados no tra- balho de auditoria. • Previsões de horas e esquema de trabalho: a previsão de horas constitui uma parte essencial do plano de auditoria, pois serve de instrumento de controle na condução dos trabalhos. Deve ser preparada com detalhes, para que não ocorram variações. • Documentações e informações complementares: o plano deve conter também uma lista de todas as instruções especiais emitidas pelo cliente, uma relação dos serviços distribuídos para outros escritórios, o plano de encerramento de contas preparado pelo cliente, listas das análises a serem fornecidas pelo cliente e outras notas de utilidade na condução da auditoria. Se, entretanto, notarmos que a previsão de horas está crescendo excessivamente em uma determinada área, poderemos solicitar ao cliente que nos forneça assistentes para nos ajudar na preparação de quadros demons- trativos e análises ou para realizar tarefas rotineiras de escritório. Outra vantagem na preparação da previsão de horas com detalhes é podermos determinar se estamos gastando tempo demais em áreas de menos importância para a auditoria, tais como caixa e despesas pré-pagas. 22 Auditoria Financeira | Unidade 5: Planejamento de auditoria 5.17 Objetivos do programa de auditoria Antes de iniciar qualquer trabalho de auditoria, convém ter preparado um programa de auditoria, que é um rol de medidas de verificação a serem aplicadas e devem ser claramente demonstradas. O programa de auditoria consiste em plano de trabalho para exame de área específica. Ele prevê os procedimen- tos que deverão ser aplicados para se alcançar o resultado desejado. Muito já foi dito a favor e contra os programas de auditoria (que deveriam ser padronizados, que limitam a ima- ginação do auditor e assim por diante). Não pretendemos explorar ou reprisar os mesmos argumentos e, por isso, consideramos o programa como um suplemento dos planos de auditoria. A Comissão de Normas de Contábeis e Procedimentos de Auditoria já levou em consideração esses problemas e expediu recomendações de que deve ser estimulada a preparação de programas de auditoria detalhados que possam ser adotados para muitos outros tipos de serviços além dos rotineiros, considerando os seguintes itens: • Quando deve ser preparado o programa; • Quem deve preparar o programa; • O que deve ser incluído no programa; • Qual a utilidade do programa; • Qual a vantagem de não se preparar o programa. No planejamento de um programa de auditoria, devem ser efetuadas várias considerações: a responsabilidade do auditor na apuração de erros; as formas em que o programa de auditoria foi realizado. Acesse o site: <http://www.portaldeauditoria.com.br>. Apresentação das demonstrações contábeis. Disponível em: <http://cfc.org.br/wp-content/ uploads/2016/02/NBC_TSP_1_audiencia.pdf> 23 Considerações finais Nesta unidade, você viu qual é o objetivo do planejamento de auditoria e sua importância para o trabalho do auditor. Aprendeu também a identificar alguns documentos básicos utilizados pelos auditores em seu trabalho de auditoria em uma empresa. E por fim, verificou a importância do planejamento de auditoria para realizar um plano de auditoria eficiente. Referências bibliográficas 24 CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Normas e Procedimentos de Auditoria. 3. ed. Rio de Janeiro: CFC, 1991.
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