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UNIESP CENTRO UNIVERSITÉRIO ESPECIALIZAÇÃO EM ARTETERAPIA, ARTETERAPIA, SAÚDE E EDUCAÇÃO Miriam Carla Marques Machado Introdução a Psicopatologia Trabalho entregue na disciplina Introdução a Psicopatologia, para fins de obtenção de nota. Professora Dra. Eugênia Correia JOÂO PESSOA - PB JUNHO/2021 O objetivo e relevância desta pesquisa é verificar na cidade de João Pessoa se alguma instituição de assistência à saúde, oferece serviços de psicoterapia especializado para atendimento de pessoas com transtornos mentais graves ou persistentes. Ao rastrear as instituições optamos por escolher o CAPS III – Caminhar. Quando utilizamos a sigla CAPS, entenda -se Centros de Atenção Psicossocial, oferecem serviços que atendem ao público que apresentem grave sofrimento psíquico ou o uso abusivo de álcool e outras drogas, buscando tratar as crises para que essas pessoas possam recuperar sua autonomia e voltarem às suas atividades cotidianas. Nos CAPS, não há necessidade de internação dos usuários. Para ter acesso ao atendimento nos CAPS, a família ou o próprio paciente pode procurar diretamente os serviços ou ser encaminhado por alguma Unidade de Saúde da Família (USF). Nos Centros, os pacientes recebem acompanhamento médico e psicológico, além de participar de oficinas, grupos terapêuticos, atividades esportivas e culturais que propiciam a integração em um ambiente social e cultural junto às famílias, e o centro ainda conta com atendimento multiprofissional em saúde mental. Os atendimentos são realizados em grupo, visando a reinserção social de portadores de transtornos mentais graves e persistentes, assistidos no serviço, após avaliação do perfil de cada usuário. Atividades ofertadas pelo CAPS: ✓ Atendimento psiquiátrico ✓ Atendimento farmacológico ✓ Dispensação de medicação ✓ Grupos psicoterápico ✓ Grupo de expressão corporal ✓ Grupo de música ✓ Grupo de capoeira ✓ Terapia comunitária ✓ Oficina de artesanato ✓ Grupo de terapia ocupacional ✓ Dança terapia ✓ Grupo de educação e saúde No CAPS o atendimento é para os usuários dos distritos II e III portadores de transtornos mentais graves e persistentes (psicoses e neuroses graves), apresentando os documentos de RG, cartão do SUS e o comprovante de residência. O atendimento é presencial feito por equipe especializada, em local adequado, seguindo as normas previstas em lei que abrange o público com situação de preferencial, como idosos acima de 60 anos, lactantes, gravidas e portadores de necessidades especiais amparados pela Lei n. 10.48/00 e Lei n. 10.741/03. E ao final do atendimento (mantendo sigilo dos dados e informações pessoais) a pessoa recebe um protocolo para acompanhamento da demanda. O acesso ao CAPS III – Caminhar fica na Rua Paulino dos Santos Coelho, S/N – Jardim Cidade Universitária, com atendimento nos horários de segunda a sexta-feira – 7h às 11h / 13h às 17h. Contatos: 083 – 3218-7008, segunda a sexta-feira – 7h às 11h / 13h às 17h. E-mail-ouvidoriasaude@joaopessoa.pb.gov.br-(24horas) Introdução Na atualidade em que vivemos são muitos os fatores que influenciam nosso comportamento e nossa qualidade de vida. A pressão que nos é imposta pela sociedade termina por atrapalhar nossas realizações, planos e metas. Estamos mais que nunca sujeitos a relacionamentos tóxicos que causam grande sofrimento, seja através das redes sociais ou dos relacionamentos presenciais. Um mundo com muita informação que termina por nos afetar, nos sentimos inertes e sem autonomia. Causando desenvolvimento das mais variadas psicopatologias. 1-Tendência em verificar as psicopatologias Na contemporaneidade destacam-se duas tendências na psicopatologia que situam o sofrimento mental do ser humano: a tradição psicanalítica e a orientação psiquiátrica. mailto:ouvidoriasaude@joaopessoa.pb.gov.br A Orientação psiquiatra tem seu foco na classificação diagnóstica de sintomas referentes ao sofrimento do paciente, estes constam no DSM (Manual estatístico de transtornos mentais,) elaborado pela APA (Associação Americana de Psiquiatria), um manual de uso específico da área de psiquiatria, que classifica os transtornos mentais. Também fazem uso do CID (Classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionados a saúde). Já adotado pelo SUS é um manual médico, que especifica as classificações de sintomas e doenças conhecidos e já estudados, de diversas patologias, não só de transtornos mentais. É de grande importância para a classe médica como orientação diagnóstica fichada e padronizada. É por meio do CID que o psiquiatra classifica as patologias como sendo: Doenças que são quadros que têm causas bem definidas e modos de tratar padronizados, as síndromes que têm causas conhecidas, mas não há tratamento possível e os Transtornos – desordens que não têm cura completa, mas podem ter tratamento. Através de um conjunto de sintomas o profissional faz um diagnóstico, que revela o grau de sofrimento do cliente ocasionado por seu estado de saúde mental. Na área da psiquiatria o método de tratamento é realizado por meio da anamnese, que consiste na investigação de um conjunto de sintomas de acordo com a classificação do DSM (Manual Estatístico de Transtornos Mentais). Na prática o profissional chega a um diagnóstico do estado de saúde do paciente após o mesmo apresentar suas queixas, ou o seu acompanhante relata o que se passa quando são considerados incapazes mentalmente de expor sua situação ou condição. Após ouvir o relato do problema o profissional vai decidir qual o melhor procedimento, se o paciente necessita do uso de medicamento apenas e ou acompanhamento psicológico entre outras atividades se necessário. A prescrição medicamentosa da psiquiatria tem como uma das finalidades, estabilizar doses da ação de substâncias químicas que são produzidas de forma natural pelo organismo humano e que supostamente equilibra o bem estar psicológico do cliente para que este tenha melhores condições emocionais para refletir sobre si mesmo na realidade em que se encontra. Um problema sério é que muitas vezes a ação do medicamento que funciona a partir do sistema nervoso central, pode causar dependência e pode causar vários efeitos colaterais, indo desde reduzir os reflexos, lentidão cognitiva, dependendo da dose a pessoa acaba por vezes perdendo a sua autonomia, se tornando dependente da medicação. O uso por muitas pessoas dos fármacos seja de forma eventual ou permanente pode vir a causar efeitos colaterais e gerar reações fisiológicas em cadeia vindo a refletir nos campos físico-químicos além do campo psicológico. Na psiquiatria, geralmente imperam as concepções mecânicas/materialistas. Esta visão reducionista considera as manifestações psíquicas oriundas exclusivamente dos processos biológicos e o corpo decorrente apenas de eventos bioquímicos, excluindo a subjetividade (Ferreira & Antúnez, 2014). Em Freud, e como consequência em algumas vertentes de psicanalistas, [...] “prevalece o paralelismo psicofísico, no qual os processos somáticos e psíquicos se afetam reciprocamente, sendo, contudo, considerados como instâncias dicotomizadas” (Smith, 1985) 1. Outra forma de situar os sintomas psicopatológicos é a orientação psicanalítica, classifica a pessoa e seu sofrimento em três grupos e suas subdivisões: Neurose: histeria, obssessão e fobia Psicose: esquizofrenia, maníaco-depressiva, hebefrênica, senil Perversão: As perversões podem ser predominantemente relativas a uma estrutura neurótica ou a uma estrutura psicótica. (CORREIA) Complementando o tratamento na psiquiatria o arte-terapeuta atua como um facilitador no processo de psicoterapia. Nesse sentido o proceder desse profissional é criar um canal de comunicação,a escuta, a linguagem corporal, a linguagem artística ou a escrita. A qual direcione o cliente a refletir por si mesmo sobre seus conflitos, ou seja, a abordagem utilizada é a centrada na pessoa 1 Afetaram e limitaram a obra de Freud a influência dos pressupostos do paradigma hegemônico na modernidade – a cisão entre corpo e psique, a redução do psiquismo à racionalidade e o corpo concebido metaforicamente como máquina. Embora nos textos da virada ele traga o Id como enraizado no corpo e reconheça o afeto como central à constituição psíquica, estes conceitos foram pouco articulados com o restante do corpo teórico, que permaneceu enraizado na perspectiva hegemônica moderna. (Plastino, 2007, citado em Ferreira & Antúnez, 2014). (Rogers). É estabelecido uma conexão entre terapeuta e cliente, onde este último se torna autor de sua história, escolhe uma linguagem para se expressar, tomar consciência de seu “eu” na realidade em que vive, ou seja, o profissional demonstra respeito e não julga, e dessa forma ocorre a transferência (Freud). Seguindo a abordagem psicanalítica na elaboração de oficinas em arteterapia, o próximo passo seria, o cliente sinalizar o seu perfil conflitivo a partir da linguagem eleita por ele, construindo um objeto significativo para sua reflexão. No decorrer do processo o arteterapeuta monta uma linha evolutiva do analisando a partir dessa construção. Depois dessa etapa, o terapeuta sugere uma exposição desse trabalho evidenciando a ressignificação no campo emocional, no relacional, no fisiológico e psicológico. E finalmente, com o consentimento do autor, propõe uma exposição da produção, que pode ser entre Terapeuta/cliente, como também, incluir os familiares se assim permitir. Penso que seja importante saber não só o contexto histórico do assistido, mas também sugerir que os familiares também estejam em acompanhamento psicoterapêutico para compreensão do estado de saúde mental do analisando, dos componentes dessa família para melhor lidar com a situação e não descaracterizar o processo terapêutico, nem descontinuar, o que seria prejudicial para o cliente em tratamento. De acordo com Correia, “O tratamento procura incluir socialmente, incentivar a formação de novos vínculos afetivos e sociais, realização de sessões de terapia. É nesse contexto que a arteterapia encontra seu espaço mais fecundo”. Ao meu ver aqui já se configura um tratamento grupal, onde a interação dos personagens em processo terapêutico faz surgir uma identificação com o proceder do outro provocando uma catarse. E nesse momento se faz necessário um direcionamento individual no tratamento. O terapeuta pode sugerir, dependendo do desequilíbrio mental do paciente que trabalhe uma atividade arte terapêutica utilizando uma linguagem que o mesmo tenha afinidade, que goste, para explorar suas emoções e percepções de mundo criando uma história com significados que venha a relatar seus reais desconfortos. Como afirma Correia, “A ação do arte-terapeuta deve ser adaptada ao modo que a pessoa se encontrar. Trata-se de enfatizar menos o diagnóstico e mais a possibilidade de laço com o terapeuta que Freud denominou” transferência”. 3- Proposta arte terapêutica com base em vivências pessoais A situação abordada relata o abuso de assédio psicológico por uso de álcool por um pai de família, residente na cidade de São Paulo capital. Contextualizando o ocorrido trago uma vivência pessoal que se deu em minha residência quando na minha adolescência, eu e meus dois irmãos sofríamos de violências físicas e assédios psicológicos por nosso pai, que era alcoólatra já há vários anos. Eu, Miriam, fui assediada dos meus 12 aos22 anos, psicologicamente e moralmente, chegando a ter contatos físicos mesmo que mínimos, porém, deixaram marcar e cicatrizes em minha personalidade e em meu inconsciente, ao ponto de interferir em meus relacionamentos como mãe, esposa e mulher. Foi difícil conviver com tantas frustrações e inseguranças tamanho era o medo da perda e do vazio que se instaurou em meu ser. Meu pai me tocava com minha mãe distante ou quando estava desatenta, e o mais estranho e bizarro acontecia nesses momentos, eu não relatava o ocorrido por medo de eles se separarem. E por mais que eu esquivasse, ele, o meu pai, não deixava de fazer a aproximação. A situação de assédio vivenciada durante anos refletiu em meu casamento, e sem que eu percebesse fazia projeções de meu pai em meu companheiro, e vivi o papel de minha mãe, submissa, insegura sem ação, fazendo tudo para que não prejudicasse os filhos, com medo de não conseguir dar conta da educação e de assumir uma casa sozinha. Após muitas terapias na busca do autoconhecimento consegui perceber a inversão relacional de papéis que não me cabiam transpor para meu cotidiano. E aos poucos fui ressignificando minhas características pessoais, que até então havia reprimido causando conflitos a partir dos 35 anos, um vulcão que expelia suas lavas devastando tudo a sua frente. Já meu irmão do meio W.C, com uma diferença de 10 anos, sofreu pancadas, murros nas costas, socos na cabeça, mangueirada nas pernas e chutes de coturno nas costas. Em um desses episódios, rompeu o vaso de uma das narinas dele que encheu a boca de sangue enquanto adormecia. O mesmo, em um pedido de socorro, que ninguém percebeu, começou a dar trabalho na escola, deixou de estudar desde a terceira série (antiga) e meus pais não impediram. A falta de um acompanhamento psicoterapêutico, que devolva a auto estima e reintegração dele na sociedade, o leva a continuar vivendo ainda no passado como um adolescente sem rumo. Eu me casei, meus pais se separaram e meu irmão entrou para o mundo das drogas. Aproximadamente dois anos depois o meu irmão foi rejeitado por meu pai quando quis ir morar com ele, mesmo depois de tudo que passou e de muitas coisas que viu. Foi bem pior, experimentou de tudo e ainda hoje é usuário. Vive uma vida de morador de rua indo e vindo de um lugar para outro. Tentei ajudar, mas não consegue se firmar. W.F, meu irmão mais novo, com 12 anos de diferença, foi assediado psicologicamente, se fechou para o mundo, tem dificuldade de se comunicar, de seguir a vida com segurança e crescer. Meu pai sempre dizia que esse, era seu filho legítimo. Também como W.C, não tem a seu favor um tratamento psicológico que lhe descortine suas potencialidades, e que também, o libertem dos grilões de crenças limitantes que o acorrentam no passado. Isso o impede de crescer profissional e pessoalmente. 4. Escolha do personagem A escolha do personagem foi feita pelo perfil de perversidade comportamental no assédio moral e psicólogo sem sequer assumir a responsabilidade dos filhos, antes e depois da separação. Embora toda a família deveria ser acompanhada por terapias para perceber os transtornos causados em cada um, se reconhecendo no outro e passar a ter consciência de si para reparar os danos psicoemocional causados em suas personalidades e vidas, que imperam o desenvolvimento das crianças prejudicando suas vidas. De acordo com o resumo de Correia, quando fala da distinção entre neurose e psicose, relata que, “Freud propõe que o aparelho psíquico, a mente, seja dividida. Não há então um “indivíduo” diante de nós, um “não-dividido”, mas uma pessoa, (persona, corpo e espaço entre esses dois componentes): id (isso), ego (eu) e superego são as denominações dessas 3 instâncias que compõem a lucidez de cada um/a. Essas instâncias nunca se harmonizam de modo definitivo. Quando há uma tensão excessiva entre id e ego, forma-se uma neurose. Quando há uma tensão entre ego e realidade, o superego tornando-se incapaz de fazer a mediação, há uma psicose.” Partindo do contexto relatado de minhas vivências, o perfil apresentado por meu pai, corresponde ao que apresenta uma tensão entre o egoe a realidade, o superego torna-se incapaz de fazer a mediação, gerando uma psicose. 4.1 Público alvo: A.C.M 4.2 Sintomas percebidos: Frieza, sarcasmo, perversão, negação. 4.3 Proposta de atividade arte terapêutica: Oficina de pintura com elementos já estruturados e desenhos prontos. Pois pelas aptidões artísticas do analisando acredito que a pessoa em análise gostaria de realizar a oficina de pintura e desenhos estruturados. 4.4 Objetivo da atividade: Proporcionar uma reflexão sobre si mesmo e a realidade em que vive, Descobrir habilidades, Acreditar em seu potencial, Ser capaz de ser um agente modificador da sua realidade, Criar inteligência emocional para trabalhar com suas emoções, Reconhecer características positivas da sua personalidade, Resgatar autoestima. 4.4 Metodologia proposta: pintar um labirinto que leva a uma casa simples 4.5 Materiais propostos: tinta guache (cores primárias) e giz de cera. A sugestão desses materiais é para trabalhar com as emoções e resistências represadas da pessoa. 4.7 Resultados: finalizado o processo de criação, propor ao cliente que relate o significado de sua produção dentro do tema proposto, enfatizando suas percepções e sentimentos que emergiram. Referência CORREIA, Eugênia- Disciplina de Introdução a Psicopatologia, resumos e relatos em aula, 2021. FERREIRA, M.V. & Antúnez, A.E.A. O corpo na clínica da modalização do afeto. (2014). SMITH, E.W.E. The body in psychotherapy. Jefferson: McFarland. (1985). Sites da internet Disponível em: https://www.joaopessoa.pb.gov.br/servico/caps-iii-caminhar/ - visitado em 08 de julho de 2021 Disponível em: https://portalcorreio.com.br/paraiba-tem-servicos-gratuitos-de-apoio- psicologico-contra-o-suicidio/ - visitado em 08 de julho de 2021 https://www.joaopessoa.pb.gov.br/servico/caps-iii-caminhar/
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