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1 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DA BAHIA - IFBA CAMPUS VITÓRIA DA CONQUISTA FUNDAÇÕES RECALQUES E EXEMPLOS DE CÁLCULOS Professor: Joaz de Souza Batista Vitória da Conquista, abril de 2021 2 O presente trabalho foi construído com o propósito de facilitar o acesso ao tema proposto: Estudo dos recalques, e métodos de cálculo. Não tem, contudo, a intenção de esgotar as possibilidades apresentadas na vasta literatura existente e os convido a mergulharem no estudo deste importante assunto, para aqueles que militam, ou pretendem fazê-lo em sua vida profissional. Toda contribuição para o aperfeiçoamento desta apostila, será muito bem vinda. Bons estudos! 3 1.Introdução Recalque, na área da Engenharia Civil, significa um fato que ocorre quando uma edificação sofre um rebaixamento devido ao adensamento do solo (diminuição dos seus vazios) sob sua fundação. É um desnivelamento de uma estrutura, piso ou terrapleno, devido à deformação do solo. Todos os tipos de solos, quando submetido a uma carga, sofrem recalques, inevitavelmente, em maior ou menor grau, dependendo das propriedades de cada solo e da intensidade do carregamento. Os recalques geralmente tendem a cessar ou estabilizar após um certo período de tempo, mais ou menos prolongado, e que depende das peculiaridades geotécnicas dos solos. Por exemplo, recalques em solos arenosos, podem se estabilizar em poucas horas ou dias, já o recalque em solos argilosos moles tende a cessar ou estabilizar somente após algumas décadas. Os recalques podem ocorrer tanto em solos que suportam edificações com fundações rasas (sapata, radiers, etc) quanto com fundações profundas (estaca, broca, tubulões, etc), a depender das condições geotécnicas do terreno onde as fundações serão implantadas. No Estado de São Paulo, há certos tipos de solos com características geotécnicas peculiares que merecem atenção especial em relação a ocorrência de recalques diferenciais das fundações, podendo se tornar um grave problema para o sistema estrutural das edificações (pilares, vigas, lajes e alvenaria), principalmente para as moradias construídas com fundações rasas. A ocorrência de recalques em solos colapsíveis e argilosos moles e seus consequentes danos causados aos mais diversos tipos de edificações é de relativa notoriedade para a comunidade em geral, talvez em razão destes tipos de fenômeno ocasionarem apenas perdas materiais e transtorno social, exemplo do que ocorreu em 31/01/1995 no interior do Estado de São Paulo, na cidade de Araraquara, quando a Defesa Civil catalogou danos estruturais provocados por recalques em solos colapsíveis em cerca de 4 mil edificações. O aparecimento de trincas e fissuras generalizadas nas alvenarias das construções, decorrentes de recalques diferenciais em solos colapsíveis, exige reparações muitas vezes incompatíveis com o baixo custo dessas moradias, inviabilizando economicamente sua recuperação estrutural. Em solos argilosos moles, em virtude da elevada magnitude dos recalques diferenciais, a exemplo dos edifícios de Santos-SP, o fator econômico também pode 4 se tornar um obstáculo para a recuperação total ou parcial dos edifícios de modo a garantir as mesmas condições de funcionalidade e desempenho estrutural antes da ocorrência dos recalques. 2. Recalques repentinos e de grandes proporções em solos colapsíveis São chamados colapsíveis os solos que, quando submetidos a um determinado tipo de carregamento (por exemplo, peso de uma construção) e umedecidos por infiltração de água de chuva, vazamentos em rede de água e de esgoto ou ascensão do lençol freático sofrem uma espécie de colapso da sua estrutura. Este tipo de recalque é chamado de “colapso“e o solo é classificado como “colapsível“. Os colapsos de solo podem ocasionar notáveis trincas e fissuras nas alvenarias das construções, podendo causar inclusive sérios danos e comprometimento estrutural nas edificações e sua posterior interdição. As regiões tropicais apresentam condições ideais para o desenvolvimento de solos colapsíveis, principalmente em locais onde se alternam estações de relativa seca e de precipitações intensas ou em regiões áridas e semi-áridas. Os solos colapsíveis ocorrem em algumas regiões do território brasileiro (particularmente na região centro-sul do país) e em grande parte do Estado de São Paulo. 5 Os solos certificadamente colapsíveis, a argila porosa vermelha da cidade de São Paulo e os sedimentos cenozoicos distribuídos em vasta área do interior paulista. Em algumas cidades importantes do interior paulista já foram comprovadas cientificamente as ocorrências de solos colapsíveis, que estão associadas com as características geotécnicas peculiares dos solos arenosos das formações geológicas de superfície do Grupo Bauru. Cidades do interior paulista com ocorrência de solos colapsíveis (pontos vermelhos) e distribuição da formação geológica do grupo Bauru (Fonte: Modificado de Paula e Silva,et al.,2003) 2.1. Alguns Indicativos da presença de solos colapsíveis - Baixos valores do índice de resistência a penetração1 (geralmente NSPT menor 4 golpes) - Granulometria aberta (ausência da fração de silte) - Baixo grau de saturação (menor 60%) - Grande porosidade, geralmente maior que 40% No caso particular dos solos do interior paulista originários das formações geológicas do Grupo Bauru, observa-se que tais solos são predominantemente constituídos por areia fina 6 argilosa, vermelha ou marrom escura, com uma estrutura bastante porosa nos horizontes superficiais. Alguns resultados de ensaios de sondagens de simples reconhecimento (SPT) indicam que nos primeiros metros (menor que 6 metros) o índice de resistência à penetração é muito baixo, (geralmente NSPT menor que 4 golpes) ocorrendo um ligeiro crescimento com o aumento da profundidade. Além disso, o nível da água é normalmente profundo, sendo raramente encontrado nos furos de sondagem, resultando em um solo não saturado. 1 O NsPT ou índice de resistência à penetração é obtido a partir da cravação de um amostrador de padronização internacional, onde, a cada metro, o mesmo é cravado no terreno através do impacto de uma massa metálica de 65 kg caindo em queda livre de 75 cm de altura. Desta forma, o valor do NSPT será a quantidade de golpes necessários para fazer penetrar os últimos 30 cm do amostrador padrão no fundo do furo. Despreze-se, no entanto, o número de golpes correspondentes a cravação dos 15 cm iniciais do amostrador. As diretrizes para a execução de sondagens SPT são regidas pela NBR 6484, q qual recomenda que em cada metro do ensaio SPT, deve ser feita a penetração total dos 45 cm do amostrador ou até que a penetração seja inferior a 5 cm de cada 10 golpes sucessivos. A cada ensaio SPT prossegue-se a perfuração até a profundidade do novo ensaio. 2.2 Principais características geotécnicas de solos colapsíveis Resultados típicos de sondagem SPT de algumas regiões do interior de São Paulo 7 2.3. Fenômeno do colapso. Como ocorre o fenômeno do colapso? Segundo Cintra (1998), são dois os requisitos básicos para o desenvolvimento do colapso(recalque) em solos naturais: uma estrutura porosa (alto índice de vazios “e“) e a condição não saturada (baixo teor de umidade ou grau de saturação ‘S‘). Mas para um solo entrar efetivamente em colapso, duas condições básicas devem ser atendidas: a elevação do teor de umidade (que ocorre a partir de chuva, tubulação rompida, etc) e a atuação de um estado de solicitações externas (uma construção residencial, por exemplo), representada pela carga ou carregamento de colapso. Portanto, os solos suscetíveis ao fenômeno docolapso apresentam uma grande sensibilidade à ação da água, ou seja, o aumento do teor de umidade ou grau de saturação do solo é o mecanismo deflagrador do colapso. Nesses solos os grãos são ligados pelos contatos de suas pontas, as quais se mantêm precariamente unidas por uma fraca cimentação. Quando sobre tais solos atua uma carga superior ao seu peso de terra, concomitantemente com o aumento do teor de umidade do mesmo, ocorre a quebra estrutural das ligações de cimentação que mantinham os grãos unidos. Se, entretanto, não houver aplicação externa de carga (construção, compactação, etc) sobre o terreno não haverá quebra das ligações cimentantes mesmo que o seu teor de umidade 8 tenha aumentado, pois apenas o peso próprio do terreno não é suficiente para promover o colapso. Isso ocorre porque a permeabilidade do solo é suficientemente alta para que a água infiltre e promova o aumento do teor de umidade, mas sem dissolver ou destruir a cimentação de seus contatos. Essa é a explicação porque esses solos não sofrem colapso nas condições naturais, apesar de receberem chuvas desde sua formação. 3. Solos argilosos moles ou solos compressíveis Solos argilosos moles ou simplesmente denominados de “solos compressíveis” são solos que não apresentam resistência satisfatória ou suficiente para suportar as cargas ou solicitações provenientes do sistema estrutural das edificações (lajes, vigas e pilares) e que são transmitidas ao terreno por meio dos elementos estruturais de fundação (sapatas, radiers, brocas, estacas, tubulões, e.tc). As fundações diretas ou rasas (sapatas e radiers) são elementos que não apresentam comportamento satisfatório, em termos de segurança principalmente, quando construídos sobre solos argilosos moles devido å possibilidade de ocorrência de recalques diferenciais excessivos e, consequentemente, o comprometimento estrutural da edificação. Alem disso, ressalta-se que também não é recomendável construir fundações rasas em terrenos mais resistentes que se encontram, porém, apoiados em camadas subjacentes de solos argilosos moles. Nestes casos, recomenda-se adotar fundações profundas que atravessem a camada de solos argiloso mole e fiquem ‘cravadas‘em solos mais resistentes. Alguns casos típicos de fundações rasas construídas em terrenos constituídos por solos argilosos moles são as edificações situadas ao longo da orla de Santos-SP, construídas na década de 70, quando ainda não havia a prática das fundações profundas. As fundações rasas foram construídas sobre uma camada de areia compacta com profundidade de aproximadamente 10 metros, mas que estava apoiada sobre uma camada espessa de argila mole altamente compressível. Deste modo, na presença de terrenos formados por solos argilosos moles não é prudente a adoção de fundações rasas ou diretas para a construção de edificações, principalmente quando existirem cargas elevadas como as de grandes edifícios, por exemplo. Nesses casos recomenda-se a utilização de fundações profundas, visando atingir profundidades adequadas com as solicitações, onde camadas de solos suficientemente resistentes permitam garantir um bom desempenho dos elementos de fundações. 9 4. CAUSAS DE RECALQUES • Rebaixamento do Lençol Freático caso haja presença de solo compressível no subsolo, ocorre aumento das pressões geostáticas nessa camada, independente da aplicação de carregamentos externos. • Solos Colapsíveis Solos de elevadas porosidades, quando entram em contato com a água, ocorre a destruição da cimentação intergranular, resultando um colapso súbito deste solo. • Escavações em áreas adjacentes à fundação mesmo com paredes ancoradas, podem ocorrer movimentos, ocasionando recalques nas edificações vizinhas. •Vibrações Oriundas da operação de equipamentos como: bate-estacas, rolos-compactadores vibratórios, tráfego viário etc. •Escavação de Túneis – qualquer que seja o método de execução, ocorrerão recalques da superfície do terreno. 5. Recalque diferencial A diferença entre os recalques de dois elementos de uma fundação denomina-se recalque diferencial. O recalque diferencial impõe distorções aos elementos estruturais das edificações de tal forma que, dependendo de sua magnitude, poderão gerar fissuras ou trincas na mesma. 10 A Torre de Pisa, é um exemplo clássico de obra que promoveu um grande adensamento do solo sob suas fundações gerando um elevado nível de recalque diferencial. Outro exemplo bastante citado no Brasil são os prédios na orla da cidade de Santos. Recalques diferenciais na Torre de Pisa, e em edificações construídas sobre sedimentos de argilas moles na orla de Santos (Fonte: Hachich, 1997). http://pt.wikipedia.org/wiki/Funda%C3%A7%C3%A3o_(constru%C3%A7%C3%A3o) http://pt.wikipedia.org/wiki/Recalque http://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil http://pt.wikipedia.org/wiki/Orla http://pt.wikipedia.org/wiki/Santos#Edif.C3.ADcios_apresentando_recalque http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://2.bp.blogspot.com/_z0Pm9SSLB60/TIAYVEN_5RI/AAAAAAAABCo/JHUVj5gh-2c/s1600/torre-pisa.jpg&imgrefurl=http://tudehistoria.blogspot.com/2010/09/torre-de-pisa.html&h=401&w=231&sz=27&tbnid=Od9_4QY1n_De-M:&tbnh=90&tbnw=52&prev=/search?q=torre+de+pisa&tbm=isch&tbo=u&zoom=1&q=torre+de+pisa&usg=___Zg2vMw6qLUurmS86OeqcX_xbNg=&docid=Unhqh8D1lvNv-M&hl=pt-BR&sa=X&ei=nGCyULODCOS60AHKzoHACQ&ved=0CE0Q9QEwBw&dur=48 11 Recalque diferencial específico d/l - é a relação entre o recalque diferencial de a distância horizontal l, entre dois pontos quaisquer da fundação. Recalque total dH - corresponde ao recalque final a que estará sujeito um determinado ponto ou elemento da fundação (S1 + Sa). Recalque admissível de uma edificação é o recalque limite que uma edificação pode tolerar, sem que haja prejuízo a sua utilização.3.2. 5.1. Prevenção de recalques diferenciais Pode ser realizada a partir da compactação prévia da compactação da camada do solo colapsível, ou no caso de camada de solo compressível (solo argiloso mole), a partir do adensamento prévio das camadas de baixa resistência. Além disso pode adotar fundações profundas em ambos os casos. Os objetivos principais dos métodos preventivos de compactação e adensamento prévio das camadas de solos menos resistentes são: diminuir a porosidade, elevar a resistência, e no caso de solos colapsíveis, minimizar os recalques primários abruptos e, no caso de solos argilosos moles, diminuir os efeitos nocivos de recalques secundários (de estabilização mais prolongada) aos sistemas da estruturais das edificações. 6. EFEITO DE RECALQUES EM ESTRUTURAS Os efeitos dos recalques nas estruturas podem ser classificados em 3 grupos. a) Danos estruturais - são os danos causados à estrutura propriamente dita (pilares, vigas e lajes). b) Danos arquitetônicos - são os danos causados à estética da construção, tais como trincas em paredes e acabamentos, rupturas de painéis de vidro ou mármore, etc. 12 c) Danos funcionais - são os causados à utilização da estrutura com refluxo ou ruptura de esgotos e galerias, emperramento das portas e janelas, desgaste excessivo de elevadores (desaprumo da estrutura), etc. Segundo extensa pesquisa levada a efeito por Skempton e MacDonald (1956), na qual foram estudados cerca de 100 edifícios, danificados ou não, os danos funcionais dependem principalmente da grandeza dos recalques totais; já os danos estruturais e arquitetônicos dependem essencialmente dos recalques diferenciais específicos. Ainda segundo os mesmos autores, no caso de estruturas normais (concreto ou aço), com painéis de alvenaria, o recalque diferencial específico não deve ser maior que: 1:300 – para evitar danos arquitetônicos 1:150 – para evitar danos estruturais 6.1 Recalques de fundações superficiais: A ação da deformação do solo sob a ação de forças externas é um problema da maiorimportância para projetos de fundações de estruturas. Os fatores que determinam a durabilidade e bom serviço da estrutura não são propriamente as tensões no solo – evitando que se atinjam tensões de ruptura -, mas as deformações das bases ou recalques (deslocamentos verticais das fundações). No quadro abaixo são apresentados os principais tipos de deformações que ocorrem nos solos e suas causas mais prováveis 6.2 Tipos de Deformações e Causas: 13 7. RECALQUE POR ADENSAMENTO: Um dos aspectos mais importantes em projetos e obras associados à Engenharia Geotécnica é a determinação das deformações (recalques) devidas a carregamentos verticais aplicados na superfície do terreno ou em camadas próximas à superfície. No caso de projetos de edificações com fundações superficiais (sapatas, radiers) ou de aterros construídos sobre os terrenos (barragens, aterros rodoviários, aterros de conquista), é importante o cálculo destas deformações sob ação das cargas aplicadas. A magnitude destas deformações deve ser avaliada e comparada com aquelas admissíveis para o bom funcionamento da construção projetada, ao longo da sua vida útil. Os recalques causados pelas deformações de solos coesivos saturados são estimados a partir da teoria do adensamento. Esta prevê diminuição no índice de vazios (e), em razão de um acréscimo de pressão (Δσ). Partindo se da curva vs log σ do ensaio de adensamento em uma amostra indeformada do solo (Fig. 01), chega-se, portanto, à expressão para o cálculo dos recalques. Para o cálculo do recalque por adensamento é necessário definir a tensão de pré-adensamento. Esse parâmetro pode ser obtido empregando as metodologias apresentadas por Pacheco e Silva (estudar o método deste autor) ou Casagrande (estudar o método deste autor). Utilizando a expressão a baixo, obtém-se o valor do recalque por adensamento. 𝑺𝒂 = 𝑯 𝟏 + 𝒆𝟎 (𝑪𝒔𝒍𝒐𝒈 ( 𝝈′𝒂 𝝈′𝟎 )) + 𝑪𝒄𝒍𝒐𝒈 ( 𝝈′𝟎 + ∆𝝈′ 𝝈′𝒂 ) Cs ↔ 𝑪𝒅 = ( 𝒆𝟏 − 𝒆𝟐 𝒍𝒐𝒈 𝝈′𝟐 −𝐥𝐨𝐠 𝝈′𝟏 ) Tipo de deformação Causa ELÁSTICA - Com variação de volume - forças elásticas moleculares das partículas sólidas e das finas camadas de água e bolsões de ar encerradas. - Com distorções de forma - Forças elásticas moleculares, distorções estruturais. NÃO- ELÁSTICA - Com deformação residual * compactação - Redução de porosidade * expansão - Ação de forças eletromoleculares * creep - Cisalhamento das partículas * puramente residual - Destruição da estrutura, quebra das partículas. 14 Onde: e0 é o índice de vazios inicial, Cc é o índice de compressão, Cd é o índice de expansão ou recompressão, H é a espessura da camada de argila, σ ‘o é a pressão da camada de argila, σ‘o, é a tensão de pré-adensamento e Δσ’ é o aumento de pressão efetiva aplicada. Figura 01. Curva típica do ensaio de adensamento (edométrico). Na análise dos recalques por adensamento, é importante conhecer sua evolução no decorrer do tempo, uma vez que esses recalques podem ser potencialmente significativos em ocasionar danos à estrutura. A variação dos recalques com o tempo pode ser aproximada por uma curva logarítmica (Fig. 02). Os recalques e os tempos em que ocorrem estão relacionados pelas expressões a seguir: 𝑺𝒕 = 𝑼𝒕 𝒙 ∆𝒉 𝑼𝒇 = 𝒇(𝒕) 𝑻 = 𝑪𝒗 𝒙 𝒕 𝑯𝒅𝒓 𝟐 Onde: Δh é o recalque total (m), St é o recalque que ocorre no tempo (m), Ut é a porcentagem de adensamento verificada no tempo t, T é o fator tempo, calculado como indicado a seguir, Hdr é a altura drenante da camada argilosa (m), Cv é o coeficiente de adensamento obtido no ensaio de adensamento cm²/se t é o tempo de ocorrência dos recalques (s). Assim, 15 𝑼 = 𝒇 (𝑻) → { 𝑻 = 𝝅 𝟒 ( 𝑼% 𝟏𝟎𝟎 ) 𝟐 ↔ 𝑼% ≤ 𝟔𝟎% ↔ 𝑻 < 𝟎, 𝟐𝟖𝟕 𝑻 = 𝟏, 𝟕𝟖𝟏 − 𝟎, 𝟗𝟑𝟑 𝒙 𝒍𝒐𝒈(𝟏𝟎𝟎 − 𝑼%) ↔ 𝑼% ≥ 𝟔𝟎% ↔ 𝑻 ≥ 𝟎, 𝟐𝟖𝟕 Figura 02. Evolução dos recalques com o tempo. 7.1 RECALQUE ELÁSTICO Os recalques elásticos ou imediatos são decorrentes de deformações elásticas do solo de apoio de uma fundação e ocorrem logo após a aplicação das cargas. Nota-se que a velocidade de evolução das deformações é fator importante a ser considerado para a análise de estruturas, pois quando ocorrem geram uma resposta imediata da estrutura e, portanto, são muitas vezes, as mais críticas, o que pode justificar o interesse no estudo dos recalques elásticos, preponderantes nos solos arenosos ou nos solos não saturados. Algumas propostas são apresentadas para o cálculo do recalque elástico, tais como: 1 – Método de Schliecher (1926) Este autor baseou seus estudos na teoria da elasticidade e na distribuição de tensões propostas por Boussinesq. Schliecher, inseriu a tensão vertical causada pela distribuição uniforme sobre a superfície, obtendo a equação para estimativa do recalque elástico (s) do solo diretamente abaixo de uma base perfeitamente elástica. 𝒔 = 𝑲 . 𝝈 . √𝑨 ( 𝟏− 𝒗𝟐 ) 𝑬𝒔 Onde: K é o coeficiente de forma que depende do grau de rigidez, σ é a pressão líquida aplicada pela base sobre o solo, A é a área relativa da base, E é o módulo de elasticidade do solo e v é o coeficiente de Poisson do solo. (complemente este estudo, identificando os valores de coeficiente de Poisson para os vários tipos de solos). A partir do equacionamento apresentado, pode-se calcular o recalque para todas as posições (canto, centro e bordas). Os resultados obtidos são analisados em função das restrições da estrutura. É possível também determinar a tensão máxima a ser adotada em projeto, por meio 16 da adoção do recalque limite. Ou seja, a partir de um valor de recalque admissível, obtém-se o valor da tensão aplicada ao terreno. 2 – Método de Schmerttmann (1970) e Schmerttmann; Hartman; Brown (1978). Este autor propôs em 1970, um critério para o cálculo de recalque elástico de sapatas, que mais tarde, 1978, foi aperfeiçoado. A proposta do referido autor baseia-se na relação entre tensão e módulo de elasticidade, levando em consideração o fator de influência, ∈𝑧= 𝜎 𝐸𝑠 𝑥 𝐼𝑧 , sendo apresentada pelo autor, na sua forma final, como a seguir: 𝑺𝒆 = 𝑪𝟏 𝒙 𝑪𝟐 𝒙 𝝈 ∗ 𝒙 ∑ ( 𝑰𝒛 𝑬𝒔 𝒙 ∆𝒛) 𝒊 𝒏 𝒊 = 𝟏 Onde: ∈z é a deformação provocada, σ* é atenção líquida atuante, Es é o módulo de elasticidade do solo, Iz é o fator de influência de deformação, C1 é a correção causada pelo embutimento na sapata e C2 é a correção em função do efeito tempo. O método pode ser aplicado em sapatas retangulares, corridas e quadradas. A partir do uso de gráfico (Fig. 03) é possível obter o fator de influência da deformação, Iz. Figura 03. Fator de influência para sapata quadrada, circular e corrida. 17 Atenção: O método proposto por Schmertmann (1970) e Schmertmann; Hartman; Brown (1978) não apresenta solução para sapatas retangulares, desse modo, os autores propõem a seguinte simplificação: Correção por causa do embutimento na sapata (C1): 𝑪𝟏 = 𝟏 − 𝟎, 𝟓 𝒙 ( 𝝈𝒗 𝝈∗ ) ≥ 𝟎, 𝟓 Onde: σ* é a tensão líquida na cota de assentamento da fundação (σ* = σ - σv); σv é a sobrecarga causada pela massa de solo situada acima da cota de apoio da fundação; σv, Imax é a tensão efetiva na profundidade de Iz, máx Correção considerando o efeito do tempo (C2): 𝑪𝟐 = 𝟏 + 𝟎, 𝟐 𝒙 𝐥𝐨𝐠 ( 𝒕 𝟎, 𝟏 ) Onde: T é o tempo (em ano). 3 – Método de Janbu; Bjerrum; Kjaernsli (1956). Os autores propuseram uma equação para o cálculo de recalque imediato de sapatas em camadas argilosa finita na qual é levada em consideração a espessura da camada de assentamento da fundação, em que: 𝑺𝒆 = 𝝁𝟎 𝒙 𝝁𝟏 𝒙 𝝈 𝒙 𝑩 𝑬𝒔 Onde: μ0 e μ1 são fatores de forma e embutimento, σ é a tensão aplicada pela fundação ao solo na profundidadeh, B é a menor dimensão da fundação em planta, v é o coeficiente de Poisson do solo e Es é o módulo de deformabilidade do solo. Os fatores μ0 e μ1 são obtidos por meio de emprego dos ábacos da figura 04. 18 Figura 04. Fatores μ0 e μ1 (v = 0,5). Fonte: Adaptada de Janbu; Bjerrum; Kjaelnsli, 1956 apud Christian; Carrier, 1978. 4 – Método de Burland; Broms; De Mello (1977): Os autores propuseram equações para estimativa do limite superior do recalque, partindo da análise de uma série de casos relatados na literatura: Bjerrum & Eggestad (1963); Parry (1971); Davisson & Sally (1972); Garga & Quin (1974); Shultze & Sherif (1973), propondo limites de recalques (máximos) para casos de areias fofas, areias medianamente compactas e areias compactas. A partir do gráfico elaborado por Burland; Broms; De Mello, Militistsky et al., (1982) desenvolveram-se as equações para a estimativa do recalque: • 𝑺𝒆,𝒎á𝒙 = 𝟎, 𝟑𝟐 𝒙 𝝈 𝒙 𝑩 𝟎,𝟑 ↔ 𝒑𝒂𝒓𝒂 𝒂𝒓𝒆𝒊𝒂𝒔 𝒇𝒐𝒇𝒂𝒔 ( 𝑵𝑺𝑷𝑻 < 𝟏𝟎 ) • 𝑺𝒆,𝒎á𝒙 = 𝟎, 𝟎𝟕 𝒙 𝝈 𝒙 𝑩 𝟎,𝟑 ↔ 𝒑𝒂𝒓𝒂 𝒂𝒓𝒆𝒊𝒂𝒔 𝒎𝒆𝒅𝒊𝒂𝒏𝒂𝒎𝒆𝒏𝒕𝒆 𝒄𝒐𝒎𝒑𝒂𝒄𝒕𝒂𝒔 (𝟏𝟎 ≤ 𝑵𝑺𝑷𝑻 < 𝟑𝟎) • 𝑺𝒆,𝒎á𝒙 = 𝟎, 𝟎𝟑𝟓 𝒙 𝝈 𝑩 𝟎,𝟑 ↔ 𝒑𝒂𝒓𝒂 𝒂𝒓𝒆𝒊𝒂𝒔 𝒄𝒐𝒎𝒑𝒂𝒄𝒕𝒂𝒔 (𝑵𝑺𝑷𝑻 ≥ 𝟑𝟎) Onde: S (e,máx) é o recalque máximo da fundação (em mm), B é a menor dimensão (lado) da sapata (em m), σ é atenção aplicada pela fundação ao terreno (em Kpa). 19 Segundo Militistsky et al., (1982), deve-se adotar o valor médio NSPT abaixo da cota de assentamento (apoio) da fundação até a profundidade, no mínimo 1,5B, para que se defina a equação a ser utilizada. 5 – Método de Schultze e Sherif (1973): Partindo de resultados de casos históricos, os autores estabeleceram um método que prever os recalques de fundação apoiada sobre solo arenoso (figura 05), utilizando-se os resultados do ensaio de SPT e empregando a equação: 𝑺𝒆 = 𝝈 𝒙 𝑺 𝑵𝑺𝑷𝑻 𝟎,𝟖𝟕 (𝟏 + 𝟎, 𝟒 𝒙 𝑫𝒇 𝑩 ) , 𝒑𝒂𝒓𝒂 → 𝒅𝒔 𝑩 ≥ 𝟐 Onde: Se é o recalque (em mm), σ a tensão aplicada pela fundação ao terreno (em Kpa), s é o coeficiente de recalque (mm/KN. m²) (figura 05), Df é a profundidade de embutimento e B é a menor dimensão em planta da fundação; NSPT é o valor médio do número de golpes para a profundidade de 2B abaixo do nível da fundação; em profundidades inferiores a 2B, utiliza-se a altura ds para a determinação dessa média. A espessura da camada deve ser, no mínimo, superior a duas vezes a largura da fundação; caso contrário, é necessário adotar um dos fatores de redução (ds) (Tabela 01), apresentados e que será multiplicado pelo coeficiente de recalque (s) obtido. Figura 05. Determinação dos recalques de fundação a partir dos resultados de SPT. ds Df 20 Tabela 01. Fator de redução para ds /B <2 ds / B L/B 1 2 5 100 1,5 0,91 0,89 0,87 0,85 1,0 0,76 0,72 0,69 0,65 0,5 0,52 0,48 0,43 0,39 8. ESTIMATIVA DO MÓDULO DE DEFORMABILIDADE DO SOLO (ES) Partindo dos resultados dos ensaios de campo CPT e SPT, é possível estimar, por correlações propostas por diversos autores, os valores dos parâmetros de resistência de solos arenosos e argilosos, visando o seu emprego em projeto: a) Cone Penetration Test (CPT) Existem diversas propostas relatadas na literatura geotécnica para determinação deste parâmetro, sendo algumas delas apresentadas, a seguir. ➢ Schmertmann; Hartman; Brown (1978): 𝑬𝒔 = 𝜶 𝒙 𝒒𝒄 A partir desta equação, diversos autores propuseram diferentes valores para o coeficiente, α, de acordo com as experiências e os tipos de solos estudados (Tabela 02). Tabela 02. Valores do coeficiente α Tipo de solo α Ano Autor Areias e sapata quadrada 2,50 1978 Schmertmann Areias e sapata corrida 3,50 1978 Schmertmann Argilas 6,50 1978 Schmertmann Solo não coesivo 1,90 1965 Meyerhoff Solo não coesivo 1,50 1965 De Beer Solo não coesivo 2,50 1967 Vesic Solo não coesivo 1,50 1963 Tassios/Agnostopoulos Solo coesivo 1,50 1944 Buisman Solo Coesivo 5,70 1965 Bachelier/Perez 21 Solo coesivo 3,00 1972 Sanglerat Silte arenoso pouco argiloso (solo residual de gnaisse). Refinaria Duque de Caxias. (Caxias/RJ) 1,15 1973 Paulo Rogério Fernando Barata (experiência brasileira) Areia siltosa (solo residual de gnaisse). Refinaria Duque de Caxias (Caxias/RJ) 1,20 1973 Silte argiloso (solo residual de gnaisse). Refinaria Duque de Caxias. (Caxias/RJ). 2,40 1973 Argila pouco arenosa (solo residual de gnaisse). Adrianópolis (Nova Iguaçu/RJ). 2,25 1973 Silte pouco argiloso (aterro compactado) 3,00 1973 Solo residual argiloso (aterro compactado). Refinaria Duque de Caxias. (Caxias R/J). 3,40 a 4,4 1973 Argila pouco arenosa (solo residual de gnaisse). Adrianópolis (Nova Iguaçu R/J). 3,60 1973 Argila areno-siltosa (solo residual de gnaisse). Adrianópolis (Nova Iguaçu R/J). 5,20 1973 Argila areno-siltosa porosa (solo residual de basalto). Refinaria do Planalto (Campinas/SP). 5,20 a 9,20 1973 Fonte: Adaptada de Rogério, 1984; Schmertmann; Brown, 1978. ➢ Trofimenkov (1974) 𝑬𝒔 = 𝟑, 𝟒 𝒙 𝒒𝒄 + 𝟏𝟑 𝒆𝒎 𝑴𝑷𝒂 → 𝒂𝒓𝒆𝒊𝒂𝒔 𝑬𝒔 = 𝟒, 𝟗 𝒙 𝒒𝒄 + 𝟏𝟐, 𝟑 𝒆𝒎 𝑴𝑷𝒂 → 𝒂𝒓𝒈𝒊𝒍𝒂𝒔 Onde: qc é a resistência de ponta obtida no ensaio (em Mpa). ➢ Muhs e Weiss (1973): 𝑬𝒔 = 𝟐, 𝟖 𝒙 𝒒𝒄 + 𝟐𝟔, 𝟓 𝒆𝒎 𝑴𝑷𝒂 → 𝒔𝒐𝒍𝒐𝒔 𝒏ã𝒐 𝒄𝒐𝒆𝒔𝒊𝒗𝒐𝒔 ➢ Franke (1973): 𝑬𝒔 = 𝟓, 𝟎 𝒙 𝒒𝒄 + 𝟏𝟎 𝒆𝒎 𝑴𝑷𝒂 → 𝒔𝒐𝒍𝒐𝒔 𝒏ã𝒐 𝒄𝒐𝒆𝒔𝒊𝒗𝒐𝒔 22 b) Standard Penetratio Test (SPT): A partir dos resultados do ensaio SPT, também é possível obter valores estimados do módulo de deformabilidade do solo, conforme propostas de: ➢ Quaresma et al. (2016): Apresentam, para sapatas quadradas rígidas com recalque da ordem de 1 % do seu menor lado, as seguintes equações: 𝑬 = 𝟑, 𝟓 𝒙 𝑵 𝒆𝒎 𝑴𝑷𝒂 → 𝒂𝒓𝒆𝒊𝒂𝒔𝑺𝑷𝑻 𝑬 = 𝟑, 𝟎 𝒙 𝑵𝑺𝑷𝑻 𝒆𝒎 𝑴𝑷𝒂 → 𝑺𝒐𝒍𝒐𝒔 𝒊𝒏𝒕𝒆𝒓𝒎𝒆𝒅𝒊á𝒓𝒊𝒐𝒔 𝑬 = 𝟐, 𝟓 𝒙 𝑵𝑺𝑷𝑻 𝒆𝒎 𝑴𝑷𝒂 → 𝒂𝒓𝒈𝒊𝒍𝒂𝒔 𝒔𝒂𝒕𝒖𝒓𝒂𝒅𝒂𝒔 ➢ Webb (1969): 𝑬𝒔 𝑷𝒂 = 𝟓 𝒙 (𝑵𝟔𝟎 + 𝟏𝟓) → 𝒂𝒓𝒆𝒊𝒂 𝑬𝒔 𝑷𝒂 = 𝟑, 𝟑𝟑 𝒙 ( 𝑵𝟔𝟎 + 𝟓) → 𝒂𝒓𝒆𝒊𝒂 𝒂𝒓𝒈𝒊𝒍𝒐𝒔𝒂 Onde: N60 é o número de golpes obtidos no ensaio SPT para energia de 60%, e Pa é a pressão atmosférica igual a 101,325 KPa. ➢ Trofimenkov (1974): 𝑬𝒔 𝑷𝒂 = (𝟑𝟓𝟎 − 𝟓𝟎𝟎) 𝒙 𝒍𝒐𝒈𝑵𝟔𝟎 → 𝒂𝒓𝒆𝒊𝒂 Quando necessário, deve-se proceder a conversão entre os valores de N para as diferentes energias de cravação, conforme apresentado a seguir. 𝑵𝟕𝟐 𝑵𝟔𝟎 ≅ 𝟏, 𝟐 Outra importante correlação a ser empregada, quando da indisponibilidade de dados para projeto, é a relação entre os valores do número de golpes (N) obtidos no ensaio de SPT e a resistência de ponta (qc) do ensaio CPT, ambos utilizados nas correlações apresentados acima. Desse modo, nos casos em que houver somente resultados de SPT, pode-se convertê-los de 23 modo a obter os valores aproximados de qc. Essa relação vai variar de acordo com o tipo de solo e pode ser representada pela equação a baixo: 𝑞𝑐 = 𝐾 𝑥 𝑁𝑆𝑃𝑇 𝑒𝑚 𝑀𝑃𝑎 O fator de correlação K, pode ser obtido a partir da Tabela 03. Tabela 03. Valores típicos de K Tipo de solo K Areia 0,60 Areia siltosa, areia argilosa, areia silto-argilosa ou areia argilo-siltosa 0,53 Silte, silte-arenoso, argila arenosa 0,48 Silte areno-argiloso, silte argilo-arenoso, argila silto-arenosa, argila areno- siltosa 0,38 Silte argiloso 0,30 Argila e argila siltosa 0,25 Fonte: Adaptada de Danziger; Velloso, 1986. Apesar de terem sido apresentadas algumas correlações que permitem obter valores típicos do módulo de deformabilidade, é sempre recomendável que este e outros parâmetros sejam determinados por de ensaios de laboratórios (Ex.: Ensaio triaxial), que possibilitem a obtenção da curva tensão versus deformação.Tabela 04. Valores de Influência para cálculo de Recalques Imediatos 24 9. REFERÊNCIAS: ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6122: Projeto e execução de fundações. Rio de Janeiro: ABNT, 2019. ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8030: Programa de sondagem de simples reconhecimento dos solos para fundações de edifícios. Rio de Janeiro: ABNT, 1983. ALONSO, U. R. Exercícios de fundações. 2. ed. São Paulo: Blucher, 1983. BEJERRUM, L. Allowable settlemente of structures. European Conference Soil Mechanics Foundation Engingineer. Anais... Weisbaden: 1963. BURLAND, J. B.; BROMS, B. B.; DD MDLLO, V. F. B. Behaviour of Foudations and Structures. IX ICSMFE. Anais...Tokyo: ICSMFE, 1977. SCHMERTMANN, J. H. Static cone to compute settlement over sand. Journal of the Soil Mechanics and Foudations Division, v. 96, n. 8, p. 1011, 1970. SCHMERTMANN, J. H.; HARTMANN, J. P.; BROWN, P. R. Improved strain influence fator diagrams. v. 104, n. 8, p. 1131, 1978. SCHULTZE, E.; SHERIF, G. Prediction of Settlements from Evaluted Settlement Observation on Sands. Conference on Soil Mechanics and Foundation Engineer. Anais... 1973. TROFIMENKOV, J. G. Penatration Testing in URSS. Proceedings of the European Symposium on Penetration Testing ESOPT. Anais... Stockholm: Swedish Geotechinical Society, 1974, v. 1, p. 147-154. 25 10. TAREFA A SER DESENVOLVIDA: 1 – Sobre os recalques nas estruturas, defina com as suas palavras: 1.1 – O que é um recalque diferencial (exemplifique graficamente), e o que este pode ocasionar nas estruturas? 1.2 - O que é um recalque total? Exemplifique graficamente a sua resposta. 1.3 - O que é um recalque diferencial específico? 1.4 - O que é um recalque admissível de uma edificação? 2 – Como estão classificados os efeitos dos recalques nas estruturas? Defina com as suas palavras (entendimento), cada uma delas. 2 – A grandeza dos recalques que podem ser tolerados por uma estrutura depende essencialmente de quais fatores? Comente cada um deles com as suas palavras. 3 - De acordo com a literatura existem 5 causas de recalques. Identifique e descreva cada uma delas. 4 - De acordo com os estudos sobre recalques limites, desenvolvidos por Bjerrum, 1963, existem limites estabelecidos para os quais passam a ser observados determinados danos (recalque diferencial específico). Várias publicações existentes na literatura recomendam que as características da superestrutura e de sua sensibilidade a recalques sejam consideradas nos cálculos do projeto de fundações. Na prática, a estimativa de recalques é dificultada por fatores muitas vezes fora do controle do engenheiro. Identifique e descreva cada um destes fatores. 5 - O recalque de uma fundação depende de alguns fatores, entre eles a forma da distribuição das pressões de contato, aplicada por uma placa uniformemente carregada ao terreno. Essas pressões dependem do tipo de solo e da rigidez da placa. Estude o tópico “Pressões de Contato e recalques” e complemente a ideia sobre placas totalmente flexíveis e placas totalmente rígidas aplicadas sobre solos arenosos e sobre solos argilosos. Apresente na sequência uma representação gráfica (desenho). 26 6 - QUESTÕES TEÓRICAS SOBRE O ADENSAMENTO DOS SOLOS: 6.1. Comente como a compressibilidade pode ser afetada pelo tipo solo. 6.2. Em que consiste o processo de adensamento do solo? 6.3. Responda qual é natureza das deformações em um solo. Com base na resposta anterior justifique e represente graficamente como seria este comportamento em um gráfico tensão (σ) versus índices de vazios (e). 6.4. Qual o objetivo do ensaio oedométrico? Como se executa este ensaio? Quais parâmetros são obtidos? 6.5. O que é tensão de pré-adensamento e como ela pode ser obtida experimentalmente? 6.6. Qual o significado de RPA ou OCR e o que representa estas siglas em termos práticos? 6.7. O que você entende por aceleração de recalques e cite pelo menos duas metodologias utilizadas para aceleração de recalques? 6.8. Explique quais as diferenças entre os recalques inicial, primário e secundário. 7 – Quais são os coeficientes de Poisson utilizados para as argilas e para as areias? Construa uma tabela representativa destes valores. 8 - Construa uma tabela com os coeficientes de forma (fatores de influência) propostos por Schleicher para as várias formas de sapatas em pontos específicos destas, tais como, canto, no meio e no centro de sapatas. 9 - Complemente o estudo do método de Schemertmann e encontre os fatores de influência para os seguintes casos: a) Sapata corrida (L > 10B), para os seguintes casos: • Para z ≤ B; • Para B < z ≤ 4. B. b) Sapata quadrada (L = B), para os seguintes casos: • Para z ≤ B/2; • Para B/2 < z ≤ 2 . B. c) Sapata retangular ( B < L ≤ 10. B), para os seguintes casos: • Para z ≤ 3 / 4 . B; • Para (3 / 4) . B < z ≤ 3. B. 27 10 - Uma camada de argila (figura a seguir), com espessura H igual a 4,00 m, teve uma porcentagem de adensamento de 80% em dois anos. Quantos anos serão necessários, para os mesmos 80% de adensamento, a mesma camada, mas com 12 m de espessura? 11 – Considerando as mesmas propriedades do material da camada compressível da figura anterior, determinar o tempo para 80% de recalque. 12 - Quanto tempo necessitará a argila do exercício anterior, para uma porcentagem de adensamento de 90%? 13 - A tensão atuante em uma camada de solo compressível é de 180 KPa com espessura de 3,00 m. No local será construído um edifício que acarretará um acréscimo de tensão nesta camada compressível de 150 KPa. O índice de vazios anterior ao carregamento era de 1,1 e após a construção do edifício o valor foi reduzido para 0,98. Determinar o índice de compressão (Cc) e o recalque total da camada (H). 14 – Estimar o recalque elástico que deverá ocorrer em uma sapata retangular de 2,00 m, com uma relação L/B = 1,5, apoiada em uma areia compacta com NSPT médio e da ordem de 28 golpes (NBR 6484). A tensão aplicada uniformemente ao terreno é de 350 KPa. O recalque deve ser calculado para os seguintes casos: centro, canto livre, médio (utilize o método de Schleicher). 15 - Utilizando os mesmos dados do exercício anterior, determine o recalque elástico por meio do emprego do método de Burland, Broms e De Mello (1977). 16 – Estimar o recalque elástico que deverá ocorrer em uma sapata retangular de lado 1,5 m (L/B = 2,0), apoiada em um silte argiloso de consistência média com NSPT médio e da ordem de 10. A tensão aplicada uniformemente no terreno é de 250 KPa (Utilize o método de Jambu et al.). H Argila compressível 28 17 - Estimar o recalque elástico que deverá ocorrer em uma sapata retangular de lado 2,0 m (L/B = 2,0 m), apoiada sobre solo areia argilosa (figura abaixo). A tensão aplicada no terreno é de 400 KPa (utilize o método de Schultze e Sherif, 1973). Silte argiloso, médio marrom avermelhado. Nspt = 10 golpes - 1,5 m 0 m - 7,5 m Camada resistente Camada resistente Areia argilosa, medianamente compacta, bege. NSPT = 12 golpes - 1,0 m - 2,5 m 29 18 – Para a sapata da figura a baixo, calcular o coeficiente de segurança relativo à ruptura para as camadas de areia fina e média e argila siltosa. Considere as seguintes informações: a) Sapata: dimensões (B X L) = 3,0 m x 4,0 m b) Adotar distribuição de tensões 2V : 1 H 19 – Considerando o exercício anterior, qual a espessura necessária para a camada de areia compacta, para que o coeficiente de segurança à ruptura seja 3? 20 - Determine a tensão admissível de uma argila muito rija, com coesão de 150KPa e peso específico igual a ℽ = 15KN/m³, para uma sapata quadrada de lado igual a 1,50 m, apoiada a 2,0 m de profundidade. Comparar os resultados a partir doemprego da fórmula geral de Terzaghi e de Skempton. P = 3000 KN 1,0 m Areia fina e média, compacta. Φ=30º ℽ= 19 KN/m³ 2.0 m Argila siltosa mole C = 20KPa ℽ = 18 KN/m³
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