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Indaial – 2021 Geração, Transmissão e DisTribuição De enerGia eléTrica Sagah Educação S.A. 1a Edição Elaboração: Sagah Educação S.A. Revisão e Diagramação: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Conteúdo produzido: Copyright © Sagah Educação S.A. Impresso por: apresenTação Prezado acadêmico! Bem-vindo à disciplina Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica. Você, acadêmico da Educação a Distância, deve saber que existem fatores importantes para um bom desempenho: disciplina, organização e um horário de estudos predefinido para se obter o sucesso. Em sua caminhada acadêmica, você é quem faz a diferença. Como todo texto técnico, por vezes denso, você necessitará de papel, lápis, borracha, calculadora científica e muita concentração. Lembre-se de que o estudo é algo primoroso. Aproveite esta motivação para iniciar a leitura do livro de estudos. Este livro está divido em três Unidade que abordam diferentes aspectos dos circuitos e aplicações com amplificadores operacionais. Na Unidade 1 você estudará os conceitos fundamentais dos sistemas elétricos e também aprenderá sobre o Sistema Elétrico Brasileiro. Na Unidade 2 você aprenderá sobre as linhas de transmissão de energia, envolvendo a análise e determinação dos parâmetros elétricos destas linhas além dos modelos e tipos. Por fim, a Unidade 3 aborda a análise de sistemas trifásicos equilibrados e ainda apresenta o conceito de análise pelo sistema Por Unidade (pu). Apesar de esse livro ser um material destinado à formação geral para os cursos de Engenharia, é importante que você, prezado acadêmico, tenha estudado previamente alguma disciplina sobre Circuitos Elétricos e Eletrônica Básica, pois diversos temas serão abordados aqui de maneira superficial, considerando que estes já sejam de seu entendimento. Estimo que, ao término deste estudo, você tenha agregado à sua experiência de acadêmico um mínimo de entendimento sobre os circuitos e aplicações envolvendo o uso de amplificadores operacionais, a fim de lidar com esse tema de forma satisfatória tanto na área acadêmica quanto profissional. Destaca-se, ainda, a necessidade do contínuo aprimoramento através de atualizações e aprofundamento dos temas estudados. Bons estudos! Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! LEMBRETE sumário UNIDADE 1 — PRINCÍPIOS DE SISTEMAS DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA ..... 1 TÓPICO 1 — SISTEMA ELÉTRICO BRASILEIRO: BALANÇO ENERGÉTICO NACIONAL .................................................................................................................... 3 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3 2 O SISTEMA ENERGÉTICO NACIONAL ...................................................................................... 3 3 FONTES DE ENERGIA ...................................................................................................................... 5 4 SISTEMA INTERLIGADO NACIONAL ...................................................................................... 12 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 15 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 16 TÓPICO 2 — GERAÇÃO, TRANSMISSÃO E DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA ....... 19 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 19 2 GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA NO BRASIL ................................................................... 19 3 SISTEMAS DE TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA ................................................... 23 3.1 ESTRUTURA REGULADORA DO SISTEMA ELÉTRICO BRASILEIRO ............................ 26 4 DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA ................................................................................ 28 4.1 CORRENTES E TENSÕES EM SISTEMAS TRIFÁSICOS ....................................................... 32 4.2 EXEMPLO ...................................................................................................................................... 34 RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 35 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 36 TÓPICO 3 — APLICAÇÃO DO GERADOR SÍNCRONO ........................................................... 39 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 39 2 A MATRIZ ELÉTRICA BRASILEIRA ............................................................................................ 39 3 HIDRELÉTRICAS .............................................................................................................................. 40 3.1 PARQUES EÓLICOS .................................................................................................................... 41 3.2 PARQUES SOLARES .................................................................................................................... 42 3.3 ENERGIA NUCLEAR .................................................................................................................. 43 4 SISTEMA INTERLIGADO NACIONAL ...................................................................................... 44 5 GERADORES SÍNCRONOS ........................................................................................................... 46 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 50 RESUMO DO TÓPICO 3.....................................................................................................................55 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 56 REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 59 UNIDADE 2 — TRANSMISSÃO E DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA .................. 61 TÓPICO 1 — TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA: MATERIAIS E COMPONENTES DE LINHAS DE TRASMISSÃO ............................................. 63 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 63 2 LINHAS DE TRANSMISSÃO ........................................................................................................ 63 2.1 COMPONENTES DA LINHA DE TRANSMISSÃO ............................................................... 64 2.1.1 Condutores ........................................................................................................................... 64 2.1.2 Isoladores .............................................................................................................................. 66 2.1.3 Estruturas das linhas de transmissão ............................................................................... 68 2.1.4 Cabos de para-raios ............................................................................................................. 72 3 PARÂMETROS DAS LINHAS DE TRANSMISSÃO ................................................................ 72 3.1 Modelos de Linha de Transmissão ............................................................................................. 72 4 PROJETO E ESPECIFICAÇÃO DE LINHAS DE TRANSMISSÃO ........................................ 74 4.1 TEORIA DA TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA ...................................................... 75 4.2 LINHA DE TRANSMISSÃO REAL ........................................................................................... 77 4.3 PARÂMETROS PARA DIMENSIONAMENTO E EXECUÇÃO DAS LINHAS DE TRANSMISSÃO ............................................................................................................................ 78 4.3.1 Resistência (R) ...................................................................................................................... 78 4.3.2 Indutância (L) ....................................................................................................................... 79 4.3.3 Capacitância (C) ................................................................................................................... 80 4.3.4 Condutância (G) ................................................................................................................... 81 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 85 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 86 TÓPICO 2 — MODELOS EOPERAÇÃO DE LINHAS DE TRANSMISSÃO .......................... 89 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 89 2 MODELOS DE LINHAS DE TRANSMISSÃO ........................................................................... 89 2.1 LINHA DE TRANSMISSÃO CURTA ........................................................................................ 90 2.2 LINHA DE TRANSMISSÃO MÉDIA ........................................................................................ 90 3 MODELO COM PARÂMETROS DISTRIBUÍDOS .................................................................... 92 3.1 CIRCUITO Π EQUIVALENTE PARA LINHAS LONGAS ..................................................... 95 3.2 EFEITO FERRANTI ...................................................................................................................... 95 3.3 INCIDÊNCIA E REFRAÇÃO DE ONDAS VIAJANTES ........................................................ 96 4 DIAGRAMA DE CÍRCULO ............................................................................................................ 97 RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 102 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 103 TÓPICO 3 — DESENHOS DE SUBESTAÇÕES CONSUMIDORAS ...................................... 105 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 105 2 DESENHO DE ESTRUTURAS DE SUBESTAÇÕES CONSUMIDORAS ........................... 106 3 SIMBOLOGIA .................................................................................................................................. 110 4 NORMAS TÉCNICAS .................................................................................................................... 114 RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 116 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 117 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 121 UNIDADE 3 — CONCEITO DO SISTEMA POR UNIDADE (PU) .......................................... 123 TÓPICO 1 — SISTEMAS TRIFÁSICOS EM REGIME PERMANENTE ................................. 125 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 125 2 CIRCUITOS TRIFÁSICOS ............................................................................................................ 125 2.1 SISTEMAS TRIFÁSICOS BALANCEADOS ........................................................................... 126 2.2 SISTEMAS TRIFÁSICOS DESBALANCEADOS .................................................................... 128 3 LEIS BÁSICAS APLICADAS A CIRCUITOS TRIFÁSICOS .................................................. 128 3.1 ANÁLISE DO CIRCUITO TRIFÁSICO BALANCEADO ..................................................... 130 3.2 ANÁLISE DO CIRCUITO TRIFÁSICO DESBALANCEADO .............................................. 133 4 COMPONENTES SIMÉTRICOS .................................................................................................. 134 RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 137 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 138 TÓPICO 2 — MODELAGEM DE SISTEMAS ELETRICOS EQUILIBRADOS ..................... 141 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 141 2 CARACTERÍSTICAS E COMPONENTES DO SISTEMA TRIFÁSICO .............................. 141 2.1 GERAÇÃO TRIFÁSICA ............................................................................................................. 142 2.2 CARGAS TRIFÁSICAS BALANCEADAS .............................................................................. 144 3 TIPOS DE LIGAÇÃO EM SISTEMAS TRIFÁSICOS .............................................................. 145 3.1 LIGAÇÃO ESTRELA .................................................................................................................. 145 3.2 LIGAÇÃO TRIÂNGULO ........................................................................................................... 148 4 CÁLCULO DE POTÊNCIAS PARA OS SISTEMAS TRIFÁSICOS EQUILIBRADOS ..... 1515 SIMBOLOGIA PARA LINHAS DE TRANSMISSÃO ............................................................. 153 6 DESENHO DE LINHAS DE TRANSMISSÃO .......................................................................... 159 RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 161 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 162 TÓPICO 3 — CONCEITO DE P.U. .................................................................................................. 165 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 165 2 DEFINIÇÃO DO SISTEMA POR UNIDADE (P.U.) ................................................................ 165 3 APLICAÇÃO DOS CONCEITOS DO SISTEMA POR UNIDADE ....................................... 167 3.1 VALORES EM P.U. EM SISTEMAS MONOFÁSICOS .......................................................... 167 3.2 VALORES EM P.U. EM SISTEMAS TRIFÁSICOS EQUILIBRADOS .................................. 169 3.3 MUDANÇA DE BASE ............................................................................................................... 172 4 AS VANTAGENS DOS CÁLCULOS POR UNIDADE ............................................................ 173 LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 176 RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 180 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 181 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 183 1 UNIDADE 1 — PRINCÍPIOS DE SISTEMAS DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • descrever os principais entes regulatórios do sistema energético nacional; • reconhecer as principais fontes da matriz elétrica e energética nacional; • resumir a operação e o funcionamento do Sistema Interligado Nacional (SIN); • reconhecer as diferentes formas de energia elétrica; • descrever o modo de transmissão elétrica da unidade geradora à unidade distribuidora. • Identificar as formas de distribuição de energia elétrica; • descrever a matriz energética nacional; • explicar o Sistema Interligado Nacional (SIN); • relacionar o SIN com a operação em paralelo do gerador síncrono. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – SISTEMA ELÉTRICO BRASILEIRO: BALANÇO ENERGÉTICO NACIONAL TÓPICO 2 – GERAÇÃO, TRANSMISSÃO E DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA TÓPICO 3 – APLICAÇÃO DO GERADOR SÍNCRONO Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 3 TÓPICO 1 — UNIDADE 1 SISTEMA ELÉTRICO BRASILEIRO: BALANÇO ENERGÉTICO NACIONAL 1 INTRODUÇÃO Atualmente, existem diferentes fontes de energia disponíveis para suprir a demanda de energia do País, as quais impactam o ambiente de maneira relevante. Assim, faz-se necessário conhecer sobre o setor energético e suas diretrizes. Neste capítulo, você compreenderá quais são os principais entes regulatórios do setor energético, bem como reconhecerá as principais fontes de energia que compõem a matriz energética do Brasil e do mundo. Por fim, verá como funciona o Sistema Interligado Nacional. 2 O SISTEMA ENERGÉTICO NACIONAL O sistema energético nacional compreende as matrizes elétrica e energética, as quais são formadas por conjuntos de fontes de energia distintos, que podem ser renováveis ou não renováveis. Contudo, antes de aprender quais são essas fontes de energia, é importante compreender quais são os entes regulatórios do sistema energético, pois este é um setor fundamental para o País, o qual deve garantir as bases para o desenvolvimento sustentável da infraestrutura energética. No Brasil, conforme a Empresa de Pesquisa Energética (BRASIL, 2019a), o Ministério de Minas e Energia (MME) é a instituição responsável por formular os princípios básicos e definir as diretrizes da política energética nacional. Sendo assim, os diversos estudos e análises realizados acerca do setor energético são promovidos pelo MME por meio de seus órgãos e empresas vinculados. No ano de 2004, foi criada a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao MME. A EPE é uma empresa pública, instituída nos termos da Lei n°. 10.847, e do Decreto n°. 5.184. Essa empresa exerce a função de prestar serviços na área de estudos e pesquisas relacionados ao planejamento do setor energético, o qual compreende a energia elétrica e suas fontes, como carvão mineral, petróleo e gás natural e seus derivados, bem como eficiência energética, além de elaborar e publicar o Balanço Energético Nacional (BEN) todos os anos. UNIDADE 1 — PRINCÍPIOS DE SISTEMAS DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA 4 Dessa forma, a criação da EPE foi essencial para o desenvolvimento de estudos técnicos em uma abordagem integrada do planejamento energético, de modo a conciliar, estrategicamente, pesquisa, exploração, uso e desenvolvimento dos insumos energéticos, dentro de uma política nacional unificada e ajustada às diretrizes de governo e às demandas do País (BRASIL, 2018). A análise conjunta de diferentes mercados de energia — os quais envolvem, por exemplo, eletricidade, gás natural, petróleo e combustíveis — por meio de um planejamento energético permite a compreensão dos mercados de energia de maneira sistêmica, de modo a identificar os desafios e as oportunidades do setor. Para tanto, de acordo com a EPE (BRASIL, 2018), deve-se levar em consideração diversas dimensões, como restrições ambientais, capacidade de resposta da demanda e medidas de eficiência energética, geopolítica, segurança do suprimento e preço dos energéticos, sempre integrando a percepção pública sobre a questão energética, com o intuito de promover o bem-estar social, o interesse coletivo e o desenvolvimento sustentável. O relatório que documenta e divulga todos os anos a extensa pesquisa e a contabilidade relativas à oferta e ao consumo de energia no Brasil é o BEN. Esse relatório, conforme o BEN (BRASIL, 2019), considera, além da distribuição e do uso final da energia, as atividades de extração de fontes de energia primárias, sua conversão em formas secundárias, bem como a importação e a exportação de energia. Além disso, a EPE também publica, geralmente no primeiro semestre após o ano-base, o Relatório Síntese do Balanço Energético Nacional. Esse relatório compreende o resumo das informações referentes à contabilização da oferta, à transformação e ao consumo final dos recursos energéticos no País. O Relatório Síntese de 2019 utiliza como ano-base 2018, ou seja, apresenta as informações consolidadas sobre como foi usada a energia no Brasil em 2018. A Figura 1, a seguir, ilustra quais os principais setores que utilizaram energia no Brasil em 2018, destacando as porcentagens correspondentes de utilização. TÓPICO 1 — SISTEMA ELÉTRICO BRASILEIRO: BALANÇO ENERGÉTICO NACIONAL 5 FIGURA 1 – PRINCIPAIS SETORES QUE UTILIZARAM ENERGIA NO BRASIL EM 2018 FONTE: Brasil (2019) Na Figura 1, pode-se observar que o transporte de carga/passageiro e a produção industrial correspondem a aproximadamente 64% do consumo de energia do País. As fontes de energia consumidas por esses setores serão destacadas na próxima seção deste capítulo, na qual você reconhecerá as matrizes elétrica e energética nacionais. Atualmente, todos osdados divulgados pela EPE são importantes instrumentos de pesquisa para estudos setoriais, na medida em que apresentam estatísticas confiáveis, muitas vezes reveladoras de tendências da oferta e do consumo de energia. O BEN é tido como referência para os dados de energia do País, de modo que a atuação dessa empresa requer ampla articulação com órgãos e instituições diversos. Assim, conforme divulgado pela EPE (BRASIL, 2019), o BEN empreendeu, no âmbito setorial, uma estreita articulação com o Ministério de Minas e Energia (MME), com as agências reguladoras — Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) e Agência Nacional de Águas (ANA) —, com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e com a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). 3 FONTES DE ENERGIA A matriz energética nacional representa o conjunto de recursos energéticos utilizados no País para suprir sua demanda de energia. Muitos confundem esse termo com produção de eletricidade, ou seja, com a matriz elétrica de um país, no entanto, ela engloba todas as fontes de energia, como os combustíveis para automóveis, fogões, máquinas de indústrias, entre outros. UNIDADE 1 — PRINCÍPIOS DE SISTEMAS DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA 6 FIGURA 2 - MATRIZ ENERGÉTICA MUNDIAL EM 2016 De acordo com a EPE (BRASIL, 2018), a matriz energética compreende o conjunto de recursos disponíveis para realizar todas as atividades do dia a dia, não somente a eletricidade, mas também todas as fontes de energia utilizadas, como os combustíveis que abastecem os veículos. Já a matriz elétrica compreende apenas o conjunto dos recursos disponíveis para a geração de energia elétrica, ou seja, pode-se concluir que a matriz energética engloba a matriz elétrica. É possível fazer um comparativo entre a matriz energética mundial e a do Brasil, em termos das principais fontes de energia utilizadas. A Figura 2 ilustra a matriz energética mundial no ano de 2016. FONTE: Brasil (2018). É possível observar, na Figura 2, que, mundialmente, a matriz energética é composta principalmente por fontes não renováveis, como carvão, petróleo e gás natural, as quais representam mais de 80% da matriz. Os 1,6% descritos como “outros” na figura representam as fontes renováveis, como as energias solar, eólica e geotérmica, portanto, somando-os à participação da energia hidráulica e biomassa, as fontes renováveis representam cerca de 14% da matriz energética mundial. Segundo Ayres e Ayres (2012), os serviços de fornecimento de energia compreendem uma grande parte da economia mundial, e a busca pela transição da matriz energética para um futuro mais renovável ainda encontra empecilhos para se concretizar, devido, principalmente, à dependência dos combustíveis fósseis na indústria, de modo que, apesar do constante crescimento da utilização de recursos renováveis, como eólico e solar, ainda é difícil a substituição relevante do carvão, do gás natural e do petróleo. TÓPICO 1 — SISTEMA ELÉTRICO BRASILEIRO: BALANÇO ENERGÉTICO NACIONAL 7 Pode-se perceber que, no geral, o mundo ainda depende muito de fontes não renováveis para suprir a demanda de energia. Contudo, a matriz energética do Brasil, em si, mostra um cenário bastante diferente do mundial. De acordo com a EPE (BRASIL, 2018), no Brasil, são utilizadas mais fontes renováveis do que no resto do mundo, mesmo que o consumo de energia não renovável seja maior do que o de renováveis. Desse modo, as fontes renováveis totalizam quase metade da matriz energética nacional, constituindo 42,9% da matriz ao se somar lenha e carvão vegetal, hidráulica, derivados de cana e outras renováveis, como ilustrado pela Figura 3. FIGURA 3 – MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA EM 2017 FONTE: Brasil (2018) É possível comparar o consumo de energia proveniente de fontes renováveis e não renováveis no Brasil e no mundo, como ilustrado pelo gráfico da Figura 4, que considera o ano-base 2016. UNIDADE 1 — PRINCÍPIOS DE SISTEMAS DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA 8 FIGURA 4 – COMPARAÇÃO DO CONSUMO DE ENERGIA NO BRASIL E NO MUNDO FONTE: Adaptado de Brasil (2018) Sendo assim, conforme a EPE (BRASIL, [2018]), pode-se afirmar que a matriz energética brasileira é mais renovável do que a mundial. Esse fato é bastante importante para o País, pois os maiores responsáveis pela emissão de gases de efeito estufa são as fontes não renováveis de energia. Atualmente, os gases de efeito estufa (GEE) estão sendo emitidos aceleradamente, fato que causa um severo desequilíbrio ambiental, promovendo o agravamento do aquecimento global. Atualmente, os gases de efeito estufa (GEE) estão sendo emitidos aceleradamente, fato que causa um severo desequilíbrio ambiental, promovendo o agravamento do aquecimento global. De acordo com a EPE (BRASIL, 2018), esse fenômeno teve início na Revolução Industrial, quando a população passou a utilizar em grande escala os combustíveis fósseis para movimentar suas máquinas. Desde então, as emissões de GEE têm aumentado frequentemente, elevando a temperatura média do planeta. Os combustíveis fósseis mais utilizados são os derivados de petróleo, como a gasolina e o óleo diesel, e fontes como o carvão mineral e o gás natural, sendo que, na queima desses combustíveis, os principais GEE emitidos são o dióxido de carbono (CO2), o mais relevante e conhecido como gás carbônico, o metano (CH4), o óxido nitroso (N2O) e o vapor de água (H2O) (BRASIL, 2018). IMPORTANT E TÓPICO 1 — SISTEMA ELÉTRICO BRASILEIRO: BALANÇO ENERGÉTICO NACIONAL 9 Como visto, a matriz elétrica faz parte da matriz energética, sendo formada pelo conjunto de fontes de energia disponíveis apenas para a geração de energia elétrica. Em todo o mundo, a geração de energia elétrica também é baseada, principalmente, em fontes não renováveis. A Figura 5 ilustra a matriz elétrica mundial em 2016. FIGURA 5 – MATRIZ ELÉTRICA MUNDIAL EM 2016 FONTE: Brasil (2018) No cenário mundial, a matriz elétrica brasileira difere e surpreende de maneira positiva, sendo composta, em sua grande maioria, por fontes renováveis. Ou seja, o Brasil é um país em que grande parte da energia é gerada de maneira sustentável, correspondendo, de acordo com a EPE (BRASIL, 2018), a mais de 80% da matriz elétrica nacional, como ilustra a Figura 6. UNIDADE 1 — PRINCÍPIOS DE SISTEMAS DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA 10 FIGURA 6 – MATRIZ ELÉTRICA BRASILEIRA EM 2017 FONTE: Brasil (2018) Na Figura 6, pode-se observar que grande parte da energia elétrica gerada no Brasil vem de usinas hidrelétricas, como a Itaipu Binacional. Além disso, fontes como solar e eólica vêm ganhando espaço, contribuindo para esse cenário. Sendo assim, a Figura 7 faz uma comparação do uso das fontes utilizadas para a geração de energia elétrica no Brasil e no mundo, tendo como ano-base 2016. FIGURA 7 – COMPARAÇÃO DA GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA NO BRASIL E NO MUNDO FONTE: Adaptado de Brasil (2018) TÓPICO 1 — SISTEMA ELÉTRICO BRASILEIRO: BALANÇO ENERGÉTICO NACIONAL 11 A Figura 8, a seguir, apresenta um gráfico referente à participação das fontes renováveis no Brasil de 2009 a 2018, no qual você pode perceber que, ao longo dos anos, houve um decréscimo do uso das fontes renováveis, porém, atualmente, tem-se um aumento expressivo. FIGURA 8 – PARTICIPAÇÃO DAS FONTES RENOVÁVEIS NA MATRIZ ELÉTRICA BRASILEIRA DE 2009 A 2018 FONTE: Brasil (2019) Além disso, a participação de fontes não renováveis é bastante expressiva quando se trata de micro e minigeração distribuída. Segundo o BEN (BRASIL, 2019), em 2018, houve um aumento de 131% na geração distribuída no País. A participação de cada fonte de energia está ilustrada na Figura 9. FIGURA 9 – PARTICIPAÇÃO DE CADA FONTE DE ENERGIA NA GERAÇÃO DISTRIBUÍDA NO BRASIL EM 2018 FONTE: Adaptado de Brasil (2019) UNIDADE 1 — PRINCÍPIOS DE SISTEMAS DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA 12 A partir da Figura 9, é possível perceber que a energia solar é destaquequando se trata de geração distribuída, fato que se deve, principalmente, ao aumento e à disseminação dos sistemas de energia solar fotovoltaica, que estão se tornando cada vez mais conhecidos e acessíveis aos consumidores. 4 SISTEMA INTERLIGADO NACIONAL Como visto, grande parte da geração de energia no Brasil se dá por meio de fontes renováveis, por isso, de acordo com o Operador Nacional do Sistema elétrico (ONS, 2017), o sistema de produção e transmissão de energia elétrica do Brasil é um sistema hidro-termo-eólico de grande porte, com predominância de usinas hidrelétricas e com múltiplos proprietários. O Sistema Interligado Nacional (SIN) pode ser definido como o conjunto de instalações e de equipamentos que possibilitam o suprimento de energia elétrica nas regiões do País, as quais são interligadas eletricamente, sendo constituído por quatro subsistemas: Sul, Sudeste/Centro-Oeste, Nordeste e a maior parte da Região Norte. De acordo com o ONS (2017), a interconexão dos sistemas elétricos ocorre por meio da malha de transmissão, com o dever de propiciar a transferência de energia entre subsistemas e, além de explorar a diversidade entre os regimes hidrológicos das bacias, permitir a obtenção de ganhos sinérgicos. Desse modo as fontes destinadas à geração e à transmissão de energia, quando integradas, garantem o atendimento à demanda do mercado com economia e segurança. Ainda conforme informações fornecidas pelo ONS (2017), a capacidade instalada de geração do SIN é composta, principalmente, por usinas hidrelétricas distribuídas em 16 bacias hidrográficas nas diversas regiões do País. Além disso, é importante reiterar que, nos últimos anos, a importância da geração eólica para o atendimento do mercado aumentou, pois a instalação de usinas eólicas, principalmente nas Regiões Nordeste e Sul, apresentou um forte crescimento. Contudo, as usinas térmicas, que, em sua grande maioria, estão localizadas nas proximidades dos principais centros de carga, ainda desempenham um papel estratégico relevante, uma vez que contribuem para a segurança do SIN. Isso porque, de acordo com o ONS (2017), essas usinas são despachadas em função das condições hidrológicas vigentes, o que permite a gestão dos estoques de água armazenada nos reservatórios das usinas hidrelétricas, visando a garantir o atendimento futuro da demanda de energia. Sendo assim, os sistemas de transmissão englobam os distintos recursos de produção de energia, a fim de possibilitar o suprimento do mercado consumidor. TÓPICO 1 — SISTEMA ELÉTRICO BRASILEIRO: BALANÇO ENERGÉTICO NACIONAL 13 O mapa dinâmico do SIN, no qual consta as interligações entre os subsistemas, é disponibilizado pelo ONS e pode ser acessado por meio do link a seguir: https://qrgo.page.link/QVYoQ DICAS A ONS divulgou um estudo que mostra a capacidade instalada do SIN no ano de 2018 e o previsto até 2023, classificando a geração em relação às diferentes fontes de energia disponíveis. A Figura 10 ilustra esse sistema em números. FIGURA 10 – CAPACIDADE INSTALADA NO SIN DE 2018 A 2023 HIDRELÉTRICA 2018 109,212 MW (67,5%) 2023 114,554 MW (64,8%) TERM. GÁS + GNL 2018 12,821 MW (7,9%) 2023 16,188 MW (9,2%) ÉOLICA 2018 14,305 MW (8,9%) 2023 17,475 MW (9,9%) 2018 13,353 MW (8,3%) 2023 13,854 MW (7,8%) BIOMASSA TERM. ÓLEO + DIESEL 2018 4,614 MW (2,9%) 2023 4,840 MW (2,7%) TERM. CARVÃO 2018 2,672 MW (1,7%) 2023 3,017 MW (1,7%) SOLAR 2018 1,780 MW (1,1%) 2023 3,857 MW (2,2%) NUCLEAR 2018 1,990 MW (1,2%) 2023 1,990 MW (1,1%) OUTRAS 2018 779 MW (0,5%) 2023 1,000 MW (0,5%) TOTAL 2018 161.526 MW 2023 176.905 MW FONTE: Adaptada de ONS (2017). UNIDADE 1 — PRINCÍPIOS DE SISTEMAS DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA 14 Dessa forma, pode-se concluir que as fontes renováveis tendem a aumentar e se manter como as principais fontes de geração de energia no Brasil. Entretanto, as fontes não renováveis ainda serão necessárias para suprir a demanda de energia do País. Mundialmente, de acordo com Ayres e Ayres (2012), no futuro, o sistema de distribuição não apenas terá a função de fornecer energia elétrica, mas também será capaz de proporcionar uma integração melhor, ou seja, mais coordenada e eficiente, entre os fornecedores e consumidores de energia, de acordo com o seu porte e necessidade, além de assegurar, com confiabilidade, a proteção contra quedas e vazamentos de energia. Além disso, os autores também citam que a revolução microenergética não substituirá a rede elétrica usual, porém melhorará sua eficiência, de modo que as centrais serão responsáveis por abastecer principalmente os usuários de grande porte, como as indústrias, além de distribuir a energia de pontos abundantes para pontos de consumo escassos. 15 Neste tópico, você aprendeu que: • A matriz energética compreende o conjunto de recursos disponíveis para realizar todas as atividades do dia a dia. • Existem energias renováveis e não renováveis. • A matriz energética do Brasil, em si, mostra um cenário bastante diferente do mundial. • O sistema de produção e transmissão de energia elétrica do Brasil é um sistema hidro-termo-eólico de grande porte. • As fontes destinadas à geração e à transmissão de energia, quando integradas, garantem o atendimento à demanda do mercado com economia e segurança. • As fontes renováveis tendem a aumentar e se manter como as principais fontes de geração de energia no Brasil. RESUMO DO TÓPICO 1 16 1 A matriz energética nacional compreende o conjunto de fontes de energia disponíveis para suprir a demanda de energia do país. Existe uma grande diferença entre a matriz energética brasileira, quando comparada com a mundial. A respeito das matrizes energéticas mundial e brasileira, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) A matriz energética mundial é caracterizada pelo reduzido uso de combustíveis fósseis, como petróleo e carvão mineral. b) ( ) As fontes renováveis de energia representam, aproximadamente, 14% da matriz energética mundial (somando-se as energias eólica, solar, geotérmica, hidráulica e biomass. c) ( ) A energia solar é a fonte renovável mais utilizada no Brasil para geração de energia, seguida pela energia hidráulica. d) ( ) Cerca de 14% da produção de energia no Brasil é proveniente de fontes renováveis de energia. e) ( ) A energia eólica é a fonte renovável mais utilizada no Brasil para a geração de energia, seguida pela energia solar. 2 Grande parte da geração de energia elétrica no Brasil provém de fontes de energia renováveis, contudo, as fontes não renováveis ainda são necessárias para suprir a necessidade de energia do país. Quais são os recursos naturais renováveis e não renováveis, respectivamente, mais utilizados como fontes de energia no Brasil? a) ( ) Gás natural e carvão mineral; petróleo e etanol. b) ( ) Ventos e luz solar; gás natural e hidreletricidade. c) ( ) Água e biomassa; petróleo, carvão e gás natural. d) ( ) Átomo e etanol; carvão vegetal e gás de xisto. e) ( ) Energia atômica e hidrelétrica; petróleo e carvão mineral. 3 O sistema energético nacional é administrado por entes regulatórios, os quais têm a função de garantir o planejamento correto do uso de energia, a fim de conseguirem atender a toda a demanda e consumo do país. A respeito dos principais entes regulatórios do sistema energético nacional, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Os diversos estudos e análises realizados acerca do setor energético são promovidos pelo EPE, Empresa de Pesquisa Energética, por meio de suas empresas e órgãos vinculados. b) ( ) Os diversos estudos e análises realizados acerca do setor energético são promovidos pelo MME, Ministério de Minas e Energia, por meio de suas empresas e órgãos vinculados. AUTOATIVIDADE 17 c) ( ) Os diversos estudos e análises realizados acerca do setor energético são promovidos pelo ONS, Operador Nacional do Sistema Elétrico, por meio de suas empresas e órgãos vinculados. d)( ) A Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL elabora e publica, anualmente, o BEN (balanço energético nacional). e) ( ) A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica – CCEE elabora e publica, anualmente, o BEN (balanço energético nacional) 4 Muita gente confunde o termo matriz energética como sendo apenas a produção de eletricidade, ou seja, com a matriz elétrica de um país, porém, ela engloba todas as fontes de energia, como os combustíveis para automóveis, fogões, máquinas das indústrias, entre outros. Sobre a matriz energética brasileira, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) A matriz energética brasileira é uma das menos renováveis do mundo industrializado. b) ( ) O petróleo e os seus derivados ainda são a fonte de energia mais utilizada no Brasil. c) ( ) O Brasil emite mais gases de efeito estufa por habitante do que a maioria das nações do mundo. d) ( ) A energia eólica e a solar representam juntas cerca de 75% da geração de eletricidade no Brasil. e) ( ) O Nordeste é o maior produtor de energia eólica do país. No entanto, a energia solar é difundida apenas no Sul, devido à alta insolação em virtude da sua localização. 5 O Sistema Interligado Nacional – SIN – pode ser definido como o conjunto de instalações e de equipamentos que possibilitam o suprimento de energia elétrica nas regiões do país, as quais são interligadas eletricamente, sendo constituído por quatro subsistemas: Sul, Sudeste/Centro-Oeste, Nordeste e a maior parte da região Norte. A respeito do SIN, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) A interconexão dos sistemas elétricos, por meio da malha de transmissão, apesar de propiciar a transferência de energia entre subsistemas, acarreta na perda de ganhos sinérgicos. b) ( ) A integração dos recursos de geração e transmissão permite o atendimento parcial do mercado com segurança, porém com custo elevado. c) ( ) A capacidade instalada de geração do SIN é composta, principalmente, por 16 usinas térmicas distribuídas entre os subsistemas. d) ( ) As usinas térmicas, em geral localizadas nas proximidades dos principais centros de carga, desempenham um papel estratégico relevante, pois contribuem para a segurança do SIN. e) ( ) As usinas térmicas são despachadas independentemente das condições hidrológicas vigentes, portanto, não permitem a gestão dos estoques de água armazenada nos reservatórios das usinas hidrelétricas. 18 19 TÓPICO 2 — UNIDADE 1 GERAÇÃO, TRANSMISSÃO E DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA 1 INTRODUÇÃO Um dos principais objetivos das disciplinas de instalações elétricas é orientar sobre o projeto e a execução de instalações elétricas de baixa tensão. Especificamente, é necessário identificar em qual estágio se encontra a instalação elétrica, quais são as etapas de transformação de energia até alcançar as residências e qual é a origem dessa energia. Dentro de um sistema elétrico de nível nacional, existem três principais etapas de transformação de energia bem diferenciadas: geração, transmissão (incluindo subestações elevadoras e subestações abaixadoras) e distribuição. Neste capítulo, vamos explicar, de forma abrangente e generalizada, essas três etapas. A princípio, veremos as formas de energia elétrica e como elas são geradas. Na sequência, veremos como a energia elétrica é transmitida das unidades de geração até a distribuição. Por fim, apresentaremos as estratégias de distribuição da eletricidade dentro da cidade até as residências. 2 GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA NO BRASIL De acordo com Tolmasquim (2016), o Sistema Elétrico Brasileiro (SEB) possui características que o tornam um sistema único no mundo. Entre elas, encontram-se as dimensões continentais, a predominância da utilização de usinas hidrelétricas (considerando a grande variedade hidrológica e de bacias hidrográficas) e a interligação elétrica entre diferentes regiões do País mediante linhas de transmissão de longas distâncias. De fato, a maioria do território brasileiro se encontra abastecida pela rede elétrica interligada conhecida como Sistema Interligado Nacional (SIN). Atualmente, o SIN é composto por quatro subsistemas: Norte, Nordeste, Sudeste/Centro-Oeste e Sul (TOLMASQUIM, 2016). Uma representação do SIN pode ser vista na Figura 11. 20 UNIDADE 1 — PRINCÍPIOS DE SISTEMAS DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA FIGURA 11 – REGIÕES E INTERLIGAÇÕES DO SIN FONTE: Tolmasquim (2016, p. 22). Na Figura 11, são apresentados, em cores diferentes, os quatro subsistemas do SIN, bem como as principais linhas de transmissão de energia em alta tensão, as bacias hidrográficas e os principais centros de consumo. Em 2014, o SEB tinha uma capacidade de produção de energia próxima aos 133 GW de potência. Dentro dessa capacidade de geração, existe uma forte presença de energias renováveis, principalmente hidráulica, compondo mais de 60% da capacidade instalada. No entanto, a produção de energia elétrica a partir de usinas hidrelétricas é de, aproximadamente, 80% da demanda total, dependendo dos recursos disponíveis ano a ano (TOLMASQUIM, 2016). O Brasil é um dos poucos países com essas características de sustentabilidade. Na Figura 12 é apresentado um gráfico com as proporções dos tipos de energias utilizadas no SEB. TÓPICO 2 — GERAÇÃO, TRANSMISSÃO E DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA 21 FIGURA 12 – CAPACIDADE INSTALADA NO SIN EM DEZEMBRO DE 2014 FONTE: Tolmasquim (2016, p. 23). Na Figura 2, podem ser observadas as proporções das fontes que produzem energia elétrica no Brasil. Como você pode ver, uma grande porcentagem da potência instalada no SIN corresponde a fontes renováveis de energia. As usinas geradoras de energia elétrica normalmente convertem alguma forma de energia em energia mecânica, e logo a energia mecânica é convertida em energia elétrica. Por exemplo, as usinas hidrelétricas utilizam a energia potencial da água armazenada, que logo é convertida em energia cinética e movimenta uma turbina (formas de energia mecânica). Essa turbina movimenta um gerador síncrono, que converte a energia elétrica em energia mecânica. Esse processo pode ser observado na Figura 13. FIGURA 13 – CAPACIDADE INSTALADA NO SIN EM DEZEMBRO DE 2014 FONTE: Silva (2019, documento on-line). 22 UNIDADE 1 — PRINCÍPIOS DE SISTEMAS DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA A Figura 3 é uma representação de uma usina hidrelétrica convencional, onde podem ser observadas as transformações de energias mencionadas anteriormente. O elemento encarregado de converter a energia mecânica em energia elétrica é o gerador. De acordo com Creder (2016), para a conversão da energia mecânica em elétrica, existem, basicamente, três tipos de geradores: 1- o gerador de polos externos; 2- o gerador de polos saliente tetrapolar; 3- o turbogerador bipolar. Cada uma dessas máquinas é específica para uma faixa de potência e um determinado tipo de usina. Na Figura 14, esses geradores são apresentados. FIGURA 14 – GERADORES SÍNCRONOS DE ENERGIA ELÉTRICA FONTE: Creder (2016, p. 3). TÓPICO 2 — GERAÇÃO, TRANSMISSÃO E DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA 23 Veja, na Figura 14a, que o gerador é de polo externo, não com rotor induzido. Esse tipo de máquina tem um inconveniente: a energia gerada deve ser coletada mediante anéis, o que ocasiona perdas de energia. Portanto, esse tipo de gerador é aplicado somente para pequenas potências. Na Figura 14b, há um gerador de quatro polos, onde, no rotor, é aplicada uma pequena corrente elétrica através de anéis; porém, nesse caso, o rotor induzido está no estator. Esse tipo de gerador é o mais apropriado para usinas hidrelétricas. Por fim, na Figura 14c, é apresentado um gerador com dois polos, apropriado para altas velocidades de giro e, portanto, para usinas termelétricas, por exemplo. Esse tipo de gerador também utiliza uma corrente contínua para alimentar o bobinado do rotor, e essa alimentação é feita através de anéis deslizantes. Para saber mais sobre o aproveitamento hidrelétrico para ageração de energia e sobre as turbinas e os geradores apropriados para cada instalação, consulte o livro Pequenos Aproveitamentos Hidroelétricos, de Geraldo Lúcio Tiago Filho et al. (2008). NOTA Nesta seção, apresentamos a composição do SEB e sua matriz energética dentro do SIN. Ainda, discutimos os tipos de geradores utilizados em diferentes tipos de usinas. A seguir, será apresentada a etapa que sucede a geração: a transmissão da energia elétrica 3 SISTEMAS DE TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA A energia elétrica, frequentemente, deve ser transportada ao longo de gran-des distâncias, pois as usinas de geração costumam estar afastadas dos grandes centros de consumo. Como já mencionado, existem três etapas bem definidas dentro de um sistema elétrico convencional: geração, transmissão e distribuição. Na Figura 15, é esquematizado esse sistema. 24 UNIDADE 1 — PRINCÍPIOS DE SISTEMAS DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA FIGURA 15 - GERAÇÃO, TRANSMISSÃO E DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA FONTE: Gebran e Rizzato (2017, s. p.) Veja que a transmissão é a etapa intermediária do sistema elétrico, de forma que uma falha no sistema de transmissão pode levar ao desabastecimento de grandes centros de consumo. As linhas de transmissão são cabos condutores que transportam a energia elétrica de um ponto a outro, normalmente desde a estação geradora até a transformadora, próximo aos grandes centros de consumo. As formas mais comuns de transmissão são mediante a utilização de condutores aéreos e, em menor proporção, de condutores subterrâneos (CREDER, 2016). Em geral, o nível de tensão de geração de energia elétrica em nível industrial é de 13,8 kV, valor padronizado nos grandes centros de geração. De acordo com Creder (2016), as tensões normalizadas e utilizadas nas linhas de transmissões no Brasil são de 69 kV, 138 kV, 230 kV, 400 kV e 500 kV. A utilização de tensões superiores a 500 kV deve ser decidida mediante um estudo econômico, bem como a viabilidade de utilizar sistemas em corrente alternada ou corrente contínua, como é o caso da usina hidrelétrica de Itaipu, que possui TÓPICO 2 — GERAÇÃO, TRANSMISSÃO E DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA 25 uma linha de transmissão de 600 kV em corrente contínua. Quando se trata de uma linha de transmissão em corrente contínua, é necessária a instalação de retificadores e de inversores em ambas as subestações transformadoras, nas extremidades da linha. Ainda no que concerne à etapa de transmissão, podemos distinguir linhas de subtransmissão, cuja função é transportar energia elétrica a pequenas cidades ou grandes consumidores, como grandes empresas. Nesse caso, os níveis de tensão utilizados são, normalmente, de 34,5 kV e 138 kV. Um diagrama unifilar de um sistema elétrico pode ser visto na Figura 16. FIGURA 16 – DIAGRAMA UNIFILAR DE UM SISTEMA ELÉTRICO FONTE: Creder (2016, p. 2). Observando a Figura 16, podemos ver que existem linhas de distribuição secundária, cujos valores também são padronizados: 34,5 kV e 13,8 kV. Normalmente, essa subtransmissão entre duas cidades também pode ser classificada como distribuição primária, dependendo do nível de tensão de trabalho da linha. 26 UNIDADE 1 — PRINCÍPIOS DE SISTEMAS DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA 3.1 ESTRUTURA REGULADORA DO SISTEMA ELÉTRICO BRASILEIRO Para regulamentar o sistema elétrico nacional, tanto com relação a questões técnicas quanto a questões de comercialização e de operação de energia elétrica, foram definidas normas envolvendo diversas instituições. Em nível nacional, o poder federal fiscaliza e regula a geração, a transmissão e a distribuição de energia elétrica. Assim, a fiscalização e a regulação dessas normas são de responsabilidade da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), e as conceções estão nas mãos do Ministério de Minas e Energia (MME). Na Figura 17, é apresentado o diagrama organizacional dos diferentes setores e instituições envolvidos. FIGURA 17 – DIAGRAMA ORGANIZACIONAL DO SISTEMA ELÉTRICO BRASILEIRO FONTE: Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (2021, s. p.). O MME é uma entidade governamental responsável por organizar, formular e implantar políticas energéticas em nível nacional. Três entidades são vinculadas e dependentes do MME: a CMSE (Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico), o EPE (Empresa de Pesquisa Energética) e o CNPE (Conselho Nacional de Política Energética). O CNPE é o órgão de assessoramento do Presidente da República, definindo políticas e diretrizes de energia. Entre suas funções principais, está o assessoramento ao MME em questões técnicas, visando ao uso racional dos recursos energéticos. A EPE, por sua vez, tem, como finalidade, realizar estudos sobre questões energéticas em nível nacional. Já o CMSE é o órgão encarregado do monitoramento e do fornecimento de energia no sistema em nível nacional e ainda fornece soluções aos problemas relacionados a essas atividades (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE DISTRIBUIDORES DE ENERGIA ELÉTRICA, 2018; CÂMARA DE COMERCIALIZAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA, 2021; AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2021). TÓPICO 2 — GERAÇÃO, TRANSMISSÃO E DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA 27 Como já mencionado, a ANEEL é uma entidade dependente do MME e é a responsável pela regulação e fiscalização de todo o sistema elétrico nacional, sendo, hoje, um dos órgãos mais conhecidos desse setor. Entre as principais funções da ANEEL, podemos mencionar (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2021): • a fiscalização das conceções de energia elétrica, seja na geração, na transmissão ou na distribuição; • a implementação de políticas energéticas para a exploração de recursos e o uso correto da energia; • a regulação do sistema elétrico nacional; • a definição e a fiscalização de tarifas de energia elétrica; • a supervisão da ONS (Organização Nacional do Sistema Elétrico). A ONS uma entidade sem fins lucrativos, de domínio público e direito privado, cujas principais funções são o comando da operação do sistema de geração em nível nacional, a transmissão de energia elétrica dentro do SIN e o planejamento das operações de sistemas isolados. Portanto, o SIN não é mais que a interconexão das linhas elétricas de transmissão dentro do País, as quais, como mencionado, estão subdividas em quatro regiões. O SIN é encarregado da transferência de energia entre os diferentes subsistemas, cuja finalidade é atender à demanda dos grandes centros de consumo (CÂMARA DE COMERCIALIZAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA, 2021). Você já conheceu uma usina termelétrica? Há alguma usina termelétrica operando em sua cidade ou em cidades no entorno? Quando elas entram em operação? O órgão que define qual usina entrará em operação é a ONS. A ONS é órgão que coordena e controla as operações tanto para a geração quanto para a transmissão de energia elétrica dentro do SIN. Ela realiza uma escala planejada da operação dos sistemas de geração no País (ANEEL, 2021; CÂMARA DE COMERCIALIZAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA, 2021). NOTA Finalmente, a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) é um ente regulador mercado brasileiro de energia elétrica, visando à negociação competitiva, sustentável e segura entre as partes envolvidas (geradoras, transportadoras e consumidores), e promovendo políticas regulatórias e soluções de mercado. Ainda, a CCEE viabiliza a comercialização de energia elétrica no mercado livre de energia, mediante sua regulação e divulgação, e realiza leilões de energia, redigindo contratos, entre outras funções. 28 UNIDADE 1 — PRINCÍPIOS DE SISTEMAS DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA Nesta seção, discutimos como é realizada a transmissão de energia elétrica dentro do território nacional e como são suas estruturas física e organizacional. Na sequência, veremos como é abordado o problema de distribuição de energia elétrica dentro dos centros de consumo no País. 4 DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA A terceira etapa do SEB, após geração e transmissão, é a distribuição de energia elétrica.A finalidade dessa etapa é subministrar energia aos grandes centros de consumo (bairros, cidades, indústrias etc.). De acordo com Creder (2016), são consideradas linhas de distribuição as linhas salientes da estação abaixadora, que, por sua vez, está conectada a uma das extremidades da linha de transmissão. As linhas de distribuição primária possuem níveis de tensões padronizados, de 13,8 kV e de 34,5 kV. Veja, na Figura 18, a configuração do sistema de distribuição de energia elétrica utilizado em Brasília (CREDER, 2016). FIGURA 18 – DIAGRAMA DO SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO PRIMÁRIA DE BRASÍLIA EM 34,5 KV EM 2011 FONTE: Creder (2016, p. 6). TÓPICO 2 — GERAÇÃO, TRANSMISSÃO E DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA 29 Observe, na Figura 18, que, no lado esquerdo, há um barramento que representa a subestação (SE) geral, de onde partem várias linhas de 34,5 kV em direção a outras subestações abaixadoras. Como mencionado anteriormente, essas linhas de distribuição primária também são conhecidas como linhas de subtransmissão. Já das subestações abaixadoras de cada região, saem linhas de distribuição secundária, também conhecidas como linhas de baixa tensão. Veja que a parte final do sistema elétrico, ou seja, na extremidade da distribuição secundária, a tensão utilizada é de 380/220 V ou 220/127 V nos sistemas trifásicos e de 220/127/115 V em sistemas monofásicos. Esses níveis de tensão dependem da cidade em questão. Por exemplo, cidades como Porto Alegre, Rio de Janeiro etc., utilizam uma tensão fase-neutro de 127 V. Já cidades como Brasília, Recife etc., utilizam uma tensão de fase-neutro de 220 V. Também se utiliza a tensão de fase-neutro de 115 V, que é o caso de São Paulo (CREDER, 2016). Voltando ao sistema de distribuição secundária, Creder (2016) menciona que existem três configurações utilizadas nos grandes centros de consumo: 1- sistema radial; 2- sistema em anel 3- sistema radial seletivo. Na Figura 19, é apresentado o diagrama desses sistemas de distribuição. FIGURA 19 – DIAGRAMAS DE DIFERENTES ESTRATÉGIAS DE DISTRIBUIÇÃO PRIMÁRIA DE ENERGIA ELÉTRICA Fonte Creder (2016, p. 6). Na Figura 9a, podemos observar o barramento tipo radial. Esse tipo de distribuição é utilizado em regiões com cargas relativamente baixas, como zonas rurais ou pequenas cidades. Apresenta um custo relativamente baixo, mas sua confiabilidade também é baixa, devido ao fato de que, quando acontece alguma anomalia na subtransmissão, há perda de suprimento da subestação. Na Figura 9b, é apresentada a arquitetura de distribuição tipo anel. Essa forma de distribuição apresenta maiores confiabilidade e flexibilidade operacional, sendo mais indicada para regiões com maior densidade de população. Por fim, a Figura 9c apresenta a arquitetura de duplo radial seletivo, que é uma melhora da 30 UNIDADE 1 — PRINCÍPIOS DE SISTEMAS DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA arquitetura tipo anel. Essa forma de distribuição permite maiores flexibilidade de operação e confiabilidade, mas os custos associados a essa rede são elevados. Essa configuração é utilizada em regiões com grande densidade populacional, como capitais e centros de grandes cidades (CREDER, 2016). A distribuição de energia elétrica pode ser realizada por condutores aéreos ou subterrâneos. Em cada um desses casos, os transformadores devem ser instalados em forma apropriada. Veja, na Figura 20, a ligação do ramal de entrada em uma residência, em que podemos observar a rede de distribuição primária de alta tensão e a rede de distribuição secundária de baixa tensão (CREDER, 2016). TÓPICO 2 — GERAÇÃO, TRANSMISSÃO E DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA 31 FIGURA 20 – REDE DE DISTRIBUIÇÃO PRIMARIA E SECUNDARIA. LIGAÇÃO DO TRANSFORMADOR, RAMAL DE ENTRADA, ATERRAMENTO DE UMA UNIDADE CONSUMIDORA FONTE: Creder (2016, p. 7). Rede de A.T. Fios para ligação de transformadores Poste particular Ramal de d istribuição Ramal de entrada Medidor Haste de aterramento para entrada de consumidores Haste de aterramento de rede de distribuição Rede de B.T. Transformador abaixador Fio ou cabo para aterramento do neutro do transformador 32 UNIDADE 1 — PRINCÍPIOS DE SISTEMAS DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA Observe que, na Figura 20, a rede de alta tensão (AT) representa a rede de distribuição primária e a rede de baixa tensão (BT) representa a rede de distribuição secundária. O transformador realiza a conversão entre essas duas redes. Pela rede de distribuição secundária, são alimentadas as residências, o comércio e alguns tipos de indústrias. Essa rede é a que, em muitos bairros, está na frente da calçada, geralmente compartilhando os postes da iluminação pública. Embora as redes de distribuição primária sejam sistemas trifásicos, as conexões com os consumidores não necessariamente mantêm essa configuração, podendo ser um sistema monofásico, bifásico ou trifásico. A potência máxima admitida para cada um desses casos depende das normas (ou do Regulamento de Instalações Consumidoras [RIC]) adotadas pela concessionária da região. Em Porto Alegre, por exemplo, a Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE) estabelece, no RIC, que a demanda calculada admitida em instalações categoria A1 (monofásicas com tensão de 127/220 V) é de até 10 kW; em instalações bifásicas (categoria B1) com o mesmo nível de tensão, é de 10 kW até 15 kW; instalações trifásicas (categorias C1 até C12), também com tensão de 127/220 V, são recomendadas para demandas a partir dos 15 kW (COMPANHIA ESTADUAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2017). Para uma unidade consumidora de energia elétrica a ser instalada na cidade de Porto Alegre, a instalação, assim como a potência solicitada à empresa de distribuição, deve ser calculada utilizando o RIC da CEEE. A empresa prestadora de serviços elétricos de sua cidade também deve divulgar essa regulamentação. Consulte os canais oficiais da empresa distribuidora de sua cidade para mais informações sobre a instalação. Os RIC apresentam similaridades, pois todos são baseados na ABNT NBR 5410:2004. ATENCAO 4.1 CORRENTES E TENSÕES EM SISTEMAS TRIFÁSICOS Como mencionado, os níveis de tensões de energia elétrica no ramal de entrada de uma residência serão definidos em função de sua demanda e do nível de tensão que a empresa da região oferece para a categoria de consumidor. Essa energia elétrica vem da rede de distribuição secundária, fornecida por transformadores abaixadores. Esses transformadores podem ser monofásicos, bifásicos ou trifásicos, e, dependendo do caso, a refrigeração desses equipamentos pode ser a óleo ou a seco. Em áreas residenciais, normalmente são utilizados transformadores trifásicos com refrigeração a óleo. TÓPICO 2 — GERAÇÃO, TRANSMISSÃO E DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA 33 Na Figura 21, é apresentado um diagrama de sistema de distribuição pri-mária e secundária de energia elétrica, considerando um transformador abaixador similar aos utilizados nos bairros da cidade de Porto Alegre. FIGURA 21 – DIAGRAMAS DE DISTRIBUIÇÃO PRIMARIA E SECUNDARIA Motor V2 = 220V Iluminação V2 = 127V Tomadas V2 = 220V V2 = 127V V1 = 13 800V Primário Secundário Transformador abaixador I2 FONTE: Creder (2016, p. 9). Veja, na Figura 21, que o primário do transformador é alimentado pela linha de distribuição primária com uma tensão de 13,8 kV; já no secundário do transformador abaixador, possui uma tensão de 127/220 V. Dependendo do tipo do tipo de carga, será utilizada uma conexão monofásica de 127 V ou uma conexão trifásica de 220 V, ou, ainda, uma conexão bifásica. De acordo com Creder (2016), os transformadores abaixadores são máquinas elétricas que reduzem o nível de tensão da saída e apresentam uma baixa perda de potências. Grosso modo, podemos considerar que as perdas são nulas. No entanto, se o nível de tensão de saída é menor do que o nível de tensão de entrada, a corrente de saída deve incrementar na mesma proporção, de modo que a potência de entrada seja igual à potência de saída.Dessa forma, considerando o transformador ideal da Figura 11, podemos obter a Equação 1: onde V1 e V2 correspondem a tensões de linha do primário e secundário do transformador, e I1, I2, N1 e N2 também correspondem às correntes de linha e ao número de espiras do lado primário e secundário do transformador, respectivamente. De acordo com Creder (2016), na Figura 21, são observadas, ainda, as variáveis de i2 e v2, que correspondem à tensão de fase-neutro (ou somente tensão de fase) e à corrente de fase do secundário do transformador, respectivamente. Ainda, considerando a Figura 21 e visto que a conexão do lado primário do transformador é em -Y (triângulo no primário e estrela no secundário), teremos as seguintes relações de tensão e corrente. 34 UNIDADE 1 — PRINCÍPIOS DE SISTEMAS DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA • Primário: V1 = v1 (tensão de linha V1 é igual à tensão de fase v1), e I1 = √3i1 (a corrente de linha I 1 é igual a a corrente de fase i 1). • Secundário: V2 = √3v2 (tensão de linha V2 é igual a √3 a tensão de fase v2) e I2 = i2 (a corrente de linha I2 é igual à corrente de fase i2). 4.2 EXEMPLO Considere o secundário do transformador da Figura 11. Qual é o nível de tensão e corrente v2 e i2 se V2 = 220 V, V2 = 380 V e V2 = 440 V? Resposta: Se V2 = 220 V: Se V2 = 380 V: Se V2 = 440 V: 35 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico você aprendeu que: • No Brasil, uma grande porcentagem da potência instalada no SIN (Sistema Interligado Nacional) corresponde a fontes renováveis de energia. • Existem diversas formas de transmissão e de distribuição de energia elétrica, considerando os órgãos que as regulam. • Cada região possui considerações técnicas para a distribuição primária e secundária. • As redes de distribuição primária podem ser um sistema monofásico, bifásico ou trifásico. • Os transformadores abaixadores são máquinas elétricas que reduzem o nível de tensão da saída e apresentam uma baixa perda de potências. 36 1 A geração de energia elétrica a partir da energia eólica é cada vez mais utilizada no Brasil, existindo hoje importantes usinas geradoras no Sul e no Nordeste do País. Você pretende instalar um gerador eólico no fundo do seu quintal, cuja finalidade principal é carregar um banco de baterias para propósito geral. Qual é o tipo de gerador mais apropriado para essa aplicação? a) ( ) Gerador de polos salientes de 12 polos. b) ( ) Alternador de um carro que está em desuso. c) ( ) Gerador de polos saliente tetrapolar. d) ( ) Gerador de polos externos. e) ( ) Turbo gerador bipolar. 2 O Sistema Elétrico Brasileiro, assim como todos os sistemas elétricos que trabalham com grandes potências em diversos países, apresenta as três etapas bem definidas: geração, transmissão e distribuição de energia. Suponha que você precise instalar um gerador elétrico da propriedade da sua empresa (pode ser um gerador hidráulico, uma turbina alimentada por caldeira etc.) para alimentar parte da indústria familiar na qual você trabalha, a 300m da estação geradora. Suponha que o gerador trifásico seja do tipo tetrapolar, cuja potência nominal é de 15kW, e que a tensão de linha seja de 380V. Qual é o nível de tensão de fase apropriado para a transmissão da energia elétrica até o consumo da indústria? a) ( ) 34,5kV. b) ( ) 13,8kV. c) ( ) 220V. d) ( ) 138kV. e) ( ) 538V. 3 Empresas públicas e privadas hoje em dia podem participar na comercialização tanto para o transporte como para a geração de energia elétrica. Imagine que você trabalhe em uma empresa que tenha um sistema de geração de energia elétrica muito maior que a sua capacidade de consumo e que, por isso, pretenda vender energia elétrica à rede. A qual entidade você deve recorrer para verificar as exigências e começar a comercializar energia mediante contratação formal? a) ( ) Ministério de Minas e Energia (MME). b) ( ) Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). c) ( ) Organização Nacional do Sistema Elétrico (ONS). d) ( ) Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). e) ( ) Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). AUTOATIVIDADE 37 4 Para projetar uma linha de distribuição primária, devem ser adotadas diferentes estratégias, considerando principalmente o aspecto econômico, a confiabilidade, a manobrabilidade etc. Você é engenheiro e está projetando uma nova linha de distribuição para um bairro industrial, nas periferias de uma cidade. Nesse bairro, irão se instalar diferentes empresas que irão ter uma demanda constante de energia. Duas empresas em particular lhe solicitaram maior garantia quanto à disponibilidade de energia. A subestação fica próximo ao bairro, e a empresa para a qual você presta serviços pediu para fazer economia na instalação, considerando o melhor custo-benefício para a empresa e os usuários. Qual das seguintes configurações você pode adotar para o bairro? a) ( ) Distribuição primária tipo anel. b) ( ) Distribuição tipo anel seletivo. c) ( ) Distribuição radial. d) ( ) Duplo radial seletivo. e) ( ) Distribuição tipo estrela. 5 Na rede de distribuição secundária, trabalha-se frequentemente com baixa tensões, isto é, 127/220V, ou 220/380V, em redes trifásicas. É comum, ainda, conhecer a carga aproximada que está em dita rede, para, dessa forma, projetar os condutores apropriados. Você precisa saber qual é a corrente de linha de uma instalação, mais especificamente a corrente na linha C. Para tanto, você sabe que na linha trifásica estão instalados uma carga resistiva bifásica e um motor trifásico. O motor está conectado em triângulo ou delta, e você conhece qual é a corrente que possui nos seus bobinados, que é de 15A por fase. Você sabe, ainda, que a carga resistiva está consumindo 3,8kW. O diagrama mostra o esquema de conexão de cargas e pode ser usado como referência: FONTE: O autor (2021). 38 a) ( ) IC = 25A. b) ( ) IC = 18,66A. c) ( ) IC = 17,43A. d) ( ) IC = 22,77A. e) ( ) IC = 5A. 39 TÓPICO 3 — UNIDADE 1 APLICAÇÃO DO GERADOR SÍNCRONO 1 INTRODUÇÃO O Brasil é um país com vasto território, onde cada região apresenta suas próprias necessidades e seus próprios recursos. Para garantir que energia elétrica chegue a todos os brasileiros, é necessário estar atento às peculiaridades de cada região e diversificar a matriz energética. Com isto, o Brasil investe todos os anos em diferentes fontes de energia, principalmente as renováveis, e em sua transmissão para todo o território nacional. Para que isto seja possível, em muitos casos, é necessária a utilização dos geradores síncronos, que são os responsáveis por converter a potência mecânica do sistema em uma potência elétrica. Neste capítulo, você vai ver as principais fontes de energia que compõem a matriz elétrica nacional. Além disso, você será apresentado ao sistema interligado nacional (SIN) e entenderá o seu papel para a administração dos recursos obtidos na rede elétrica brasileira. Por fim, você vai estudar o gerador síncrono, seu papel na rede de transmissão e como a ligação dos geradores em paralelo torna tudo isto possível. 2 A MATRIZ ELÉTRICA BRASILEIRA A energia elétrica é indispensável para o andamento da sociedade moderna; desde o entretenimento até a comunicação e o transporte necessitam desta importante energia. Para garantir que a eletricidade chegue a toda a população em um país tão grande quanto o Brasil, são necessários o estudo e a implantação de diferentes fontes de energia elétrica, e a somatória da geração elétrica dessas diferentes fontes garantirá o abastecimento total do país. Devido ao seu grande território, ao clima tropical e à abundância em recursos naturais, o Brasil é privilegiado com uma matriz energética diversificada e que utiliza, em sua maioria, recursos renováveis para o abastecimento de energia. Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE, 2021), a realidade brasileira em relação à matriz elétrica é bem distante do que observamos no restante do planeta,onde cerca de 38% de toda energia elétrica é obtida por meio da queima de combustíveis fósseis como o carvão, o óleo e o gás natural em termelétricas. 40 UNIDADE 1 — PRINCÍPIOS DE SISTEMAS DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA Na Figura 22 podemos observar o comparativo entre a matriz elétrica brasileira e a matriz elétrica mundial e perceber que a maior parte de nossa energia elétrica provém de usinas hidrelétricas — cerca de 65% —, seguidas por gás natural — 9,3% — e biomassa — 8,4%. Somente em fontes renováveis o Brasil apresenta cerca de 83% de toda sua energia elétrica, em contraste com a média mundial, que chega a cerca de 25%. FIGURA 22 – MATRIZ ELÉTRICA MUNDIAL (A) E A DIREITA MATRIZ ELÉTRICA BRASILEIRA (B) FONTE: EPE (2021, s. p.). Como vimos até aqui, a matriz elétrica brasileira apresenta diferentes fontes para geração da energia elétrica que consumimos. Cada fonte geradora apresenta suas peculiaridades, vantagens e desvantagens, e para entendermos melhor o funcionamento do sistema brasileiro, vamos aprofundar o nosso estudo em relação às principais fontes geradoras. 3 HIDRELÉTRICAS Quase 2/3 de toda energia elétrica produzida no Brasil é obtida através de hidrelétricas. O motivo para este alto valor em geração renovável é muito simples: o Brasil apresenta um dos maiores potenciais hídricos do mundo para a construção de hidrelétricas. Composto pelas bacias do São Francisco, Paraná, Tocantins e Amazônica, o potencial hídrico brasileiro pode alcançar até 260 GW. A maior desvantagem com relação a este tipo de geração está na construção da barragem e do reservatório, que causam alto impacto ao meio ambiente e problemas sociais com a população da região durante o desenvolvimento do projeto. No entanto, é uma das fontes de energia de menor custo de geração e manutenção das instalações, além de ser uma fonte de energia limpa após o impacto inicial (GRIGSBY, 2018; PINTO, 2014). TÓPICO 3 — APLICAÇÃO DO GERADOR SÍNCRONO 41 O funcionamento de uma usina hidrelétrica se dá por meio do escoamento da água do reservatório por uma turbina. Essa turbina é a responsável por transformar a energia hidráulica em energia mecânica. Após esse processo, um gerador instalado próximo a turbina converte a energia mecânica em energia elétrica. A Figura 23 apresenta o princípio de funcionamento da usina hidrelétrica. FIGURA 23 – PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO DE HIDRELÉTRICAS FONTE: Adaptada de Pinto (2014). 3.1 PARQUES EÓLICOS Os parques eólicos consistem em conjuntos de turbinas eólicas em regiões com potencial de captação da energia ao longo do ano. Diferentemente da energia solar, a energia eólica apresenta uma maior variação devido à inconsistência dos ventos, e isso representa um alto custo inicial para o empreendimento. No entanto, é uma energia de fontes renováveis e que apresentam um impacto ambiental muito menor em relação às hidrelétricas. Outro ponto importante é que, diferente do sistema fotovoltaico, o sistema de geração de energia eólica funciona de maneira similar ao conceito apresentado na hidrelétrica. Na Figura 24, podemos observar uma turbina eólica que, por meio do movimento das pás, causado pelo vento, pode converter essa energia mecânica em energia elétrica utilizando um gerador síncrono (GRIGSBY, 2018). 42 UNIDADE 1 — PRINCÍPIOS DE SISTEMAS DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA FIGURA 24 – TURBINAS EÓLICAS E A GERAÇÃO DE ENERGIA ATRAVÉS DE GERADORES SÍNCRONOS FONTE: Adaptada de Grigsby (2018) 3.2 PARQUES SOLARES A energia solar é uma das primeiras coisas que nos vem à mente quando imaginamos geração de energia limpa, pois, através de painéis solares, podemos converter a energia da luz do sol em corrente elétrica. O Brasil apresenta um grande potencial para este tipo de energia, uma vez que estamos situados em uma região intertropical que apresenta grande incidência solar, mesmo em regiões com menor índice de radiação solar. Hoje contamos com cerca de 1% da energia de nossa matriz elétrica proveniente de fontes solares, uma vez que a tecnologia ainda apresenta um custo maior em relação aos demais tipos de geração (EPE, 2021; PINTO, 2014). A maior vantagem desse tipo de geração está na possibilidade de instalação de sistemas de geração mesmo em locais remotos e próximos dos consumidores, diminuindo assim o custo com redes de transmissão. Exemplo: Um exemplo é o parque solar da Lapa, na Bahia. O empreendimento tem capacidade para gerar 340 GW por ano e leva energia a cerca de 166 mil famílias. Além de ser uma fonte de energia limpa, o parque da Lapa abastece uma região que enfrenta fortes secas e está geograficamente distante de usinas hidrelétricas (FERREIRA; BOSCHI, 2019). TÓPICO 3 — APLICAÇÃO DO GERADOR SÍNCRONO 43 No Quadro 1 são apresentadas as principais vantagens e desvantagens deste tipo de geração. QUADRO 1 – VANTAGENS E DESVANTAGENS DA ENERGIA SOLAR Vantagens Desvantagens • Durante a geração de energia, o processo é não poluente. • Com o desenvolvimento da tecnologia, painéis solares vão apresentando melhor eficiência e menor custo. • É uma excelente solução para locais isolados e/ ou afastados, uma vez que não exige grandes investimentos em linhas de transmissão para instalações de pequena escala. • O sistema de controle e as centrais da instalação necessitam de pouca manutenção. • O Brasil apresenta um grande potencial para a instalação deste tipo de sistema devido ao seu clima tropical. • O desenvolvimento desses sistemas na matriz energética brasileira ajuda na geração de energia em locais longe dos centros de produção, o que diminui perdas de energia para a transmissão. • São necessários sistemas de armazenamento para a energia gerada em períodos ensolarados, devido à grande variação na produção de energia em decorrência de mudanças climáticas. • A tecnologia para o armazenamento dessa energia é pouco eficiente em relação a outras formas de geração, como combustíveis fósseis, energia hidrelétrica e biomassa. FONTE: Adaptado de Pinto (2014). 3.3 ENERGIA NUCLEAR Nem só de energia renovável consiste a matriz elétrica brasileira; atualmente, o Brasil possui duas usinas nucleares (Angra 1 e Angra 2) e uma em processo de construção (Angra 3). Em um território com acesso a tantos recursos naturais, a utilização de usinas nucleares em nosso país é motivo de muita discussão; apesar disso, a geração de energia por meio de usinas nucleares não libera gases de efeito estufa, mas gera lixo radioativo, e, ao contrário de outras fontes de geração vistas até agora, esse tipo de geração não depende de condições climáticas, funcionando de maneira contínua. Outros problemas relacionados à geração por usinas nucleares estão o alto custo da energia (custo mais elevado do que geração solar), o risco de acidentes com impactos devastadores para a região e o já citado lixo radioativo liberado após a geração da energia (PINTO, 2014). Outros estudos ainda apontam que a geração nuclear pode auxiliar muitos países a diminuir a emissão de gases de efeito estufa e a dependência em combustíveis fósseis, tornando esta uma solução viável para muitas economias (ROTH; JARAMILLO, 2017). 44 UNIDADE 1 — PRINCÍPIOS DE SISTEMAS DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA Para o aluno que quiser aprofundar seu conhecimento acerca do programa nuclear brasileiro, é recomendado o acesso ao site Eletrobras Eletronuclear, onde terá acesso aos dados disponíveis sobre as usinas Angra 1 e Angra 2 e também sobre o andamento do projeto de Angra 3. Outra opção é a reportagem do site G1 que traz uma entrevista com o presidente da Eletronuclear e aborda os temas mais relevantes sobre a energia nuclear brasileira; para fazer a leitura, busque por “Tudo o que você precisa saber sobre as usinas nucleares de Angra 1 e 2, e por que são diferentes de Chernobyl” (BBC, 2019). DICAS Nesta seção, conhecemos mais sobre a matriz elétrica brasileira. Foram apresentadas as principais formas de geração de energia utilizadas em nosso
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