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Identidade cultural 2

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Prévia do material em texto

Identidade Culturais 
e Serviço Social
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr. Silvio Pinto Ferreira Junior
Revisão Textual:
Prof. Ms. Luciene Santos
Identidade de Gênero, Raça e Etnia
• Liberdade de Gênero
• O Sexo Biológico
• Identidade de Gênero
• O Gênero e a Questão de Raça e Etnia
• Feminilidades e Masculinidades no Estudo de Gênero
• Políticas Públicas Voltadas para Questão de Gênero, Raça e Etnia
• Considerações Finais
 · Apresentar uma abordagem das diversas identidades culturais, 
analisando grupos específicos, e compreender a sociedade e as 
diferenças de gênero, bem como suas desigualdades raciais, lutas e 
conquistas de direitos.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Identidade de Gênero, Raça e Etnia
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como o seu “momento do estudo”.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e 
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também 
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua 
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, 
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato 
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Identidade de Gênero, Raça e Etnia
Liberdade de Gênero 
Os estudos nesta unidade partem da importância em discutir as diferenças de 
gêneros na composição de uma sociedade sob o prisma das Ciências Humanas 
e Sociais. Pretende-se também apresentar um estudo sobre raça e etnia e a sua 
relação com o gênero.
Iniciemos por indagar a origem das diferenças entre homens e mulheres. Para 
muitos estudiosos, as diferenças são construídas a partir das influências sociais. 
Dessa forma, partiremos da distinção entre sexo e gênero.
Figura 1
Fontes: Baseado no “The GenderBread Person 2.0” do itspronouncedmetrosexual.com
De acordo com muitos sociólogos, sexo é um termo utilizado para se referir às 
diferenças fisiológicas e anatômicas que definem e distinguem o corpo masculino do 
corpo feminino. Gênero, no entanto, está relacionado às diferenças psicológicas, 
culturais e sociais entre indivíduos do sexo masculino e do sexo feminino.
8
9
Importante!
Sexo: defi ne as diferenças naturais, fi siológicas e anatômicas entre homens e mulheres.
Gênero: defi ne as diferenças psicológicas, culturais e sociais entre homens e mulheres.
Em Síntese
O Sexo Biológico
Nascer homem ou mulher parece simples, e a princípio não requer muitas 
indagações, porém, você já parou para se questionar – “O que é ser um homem? 
O que é ser uma mulher?”
Bem, caro(a) aluno(a), a resposta, para muitos certamente estará associada ao 
sexo do corpo em que nascemos.
Figura 2
Fonte: iStock/Getty Images
No entanto, essa é uma forma simplificada e limitada de definir a identidade 
de cada sujeito, pois ainda que os documentos certifiquem o sexo com o qual 
nascemos, existem pessoas que acreditam ter nascido no corpo errado. Esse 
‘equívoco’ da natureza poderia, então, ser corrigido cientificamente através da 
mudança de sexo e reparações no corpo, ou, como algumas pessoas acreditam, 
que se poderia interferir na identidade do outro, praticando um ultrapassado 
moralismo conservador através de tratamento psicológico ou psiquiátrico e, até 
mesmo, palestras e sessões de ‘cura’ praticadas por algumas religiões.
A construção da identidade ao longo da vida é algo muito mais complexo do que 
a simplificação da distinção entre homem e mulher somente através do corpo, pela 
distinção dos sexos.
As diferenças sexuais são demasiadamente influentes em nossas vidas. 
Faremos aqui uma reflexão acerca do gênero. 
Para iniciar, emprestemos da filósofa francesa Simone de Beauvoir, sua célebre 
assertiva “Não se nasce mulher, torna-se mulher”.
9
UNIDADE Identidade de Gênero, Raça e Etnia
Figura 03
Fonte: Wikimedia Commons
Simone de Beauvoir (Paris, 1908-1986) foi uma es-
critora, intelectual, fi lósofa existencialista, ativista 
política, feminista e teórica social considerada até 
hoje um dos nomes mais infl uentes do feminismo 
moderno. Aos 21 anos saiu de casa para estudar 
Filosofi a na Universidade de Sorbonne. Prestes a se 
formar, em 1929, ela conheceu o famoso e também 
fi lósofo Jean-Paul Sartre, iniciando uma peculiar 
relação amorosa. O casal à frente de seu tempo pro-
curava quebrar os mais diversos paradigmas instituí-
dos pela cultura e pela sociedade. Por exemplo, por 
não concordarem com os princípios da monogamia 
tinham uma relação aberta a experiências amorosas 
e sexuais com outras pessoas. O casamento também 
não fez parte da vida do casal, graças à crença de 
Beauvoir de que o relacionamento deles não deveria 
ser defi nido com base em normas institucionais.
Ex
pl
or
Beauvoir, em 1949, provocou uma revolução no pensamento sobre gênero ao 
afirmar que “nenhum destino biológico, psíquico, econômico define a forma que 
a fêmea humana se assume no seio da sociedade; é o conjunto da civilização que 
elabora esse produto intermediário entre o macho e o castrado que qualifica de 
feminino.” (1967, p. 9).
A filósofa coloca no centro das discussões que a construção das identidades de 
gênero se dá através da cultura, ou seja, dos papéis sociais que são atribuídos a 
homens e mulheres e de uma expectativa de que seu comportamento seja cumprido 
sob os olhos de pesadas críticas, discriminação e preconceitos contra todos aqueles 
que, de alguma forma, não se enquadram às regras impostas inicialmente no seio 
familiar, no convívio com os primeiros grupos sociais institucionalizados como, por 
exemplo, a escola, a igreja, o local de trabalho etc.
A ideia de que esses papéis desempenhados a partir da designação homem/
mulher não seria algo inato, mas sim fruto de uma construção social advinda de 
cada cultura, recebe o título de teoria de gênero – não mais sexo de conotação 
biológica. Essa categoria foi adotada pelas correntes filosóficas históricas que se 
propunham a rachar com uma linha tradicional, e, ao mesmo tempo, ir além da 
chamada história das mulheres ao explorar a relação estabelecida por homens e 
mulheres ao longo do tempo.
O papel feminino não foi definido pela própria mulher, “[...] a humanidade é 
masculina e o homem define a mulher não em si, mas relativamente a ele; ela 
não é considerada um ser autônomo” (BEAUVOIR, 1970, p.10). Ao homem foi 
delegado o papel privilegiado nesse sistema, que mesmo ao trazer prejuízos para 
determinados indivíduos que fogem da lógica masculina, de forma geral, beneficia 
os pertencentes ao gênero masculino. 
10
11
Identidade de Gênero
A construção social das identidades é responsável também pela construção do 
gênero. Portanto,nós fazemos o gênero, criamos a noção do que é ser menino 
e menina desde a infância. Estabelecemos regras de comportamento, símbolos e 
significados àquilo que deve ser caracteristicamente fator distinguível entre homens 
e mulheres na fase adulta.
Essa construção social da identidade, para algumas pessoas, pode ser considerada 
uma pressão para se tornar algo que a sociedade espera que cada um de nós 
nos tornemos. No entanto, existem aqueles que enfrentam a pressão social para 
encontrar um equilíbrio entre o corpo natural e a forma como enxerga a si próprio. 
A maneira como cada um se sente ou gostaria que seu corpo fosse, estimula a 
busca por um equilíbrio entre o corpo e o psicológico.
Utilizamos aqui a palavra ‘enfrentamento’ porque não é tarefa fácil buscar tal 
equilíbrio, uma vez que a sociedade, pelo menos grande parte dela, não aceita que 
o indivíduo tenha autonomia para alterar a natureza. 
Assim, para muitos, é preciso conformar-se com o que a natureza designou a 
cada um de nós. 
Quando se pensa sobre o assunto pelo viés da religião, essa questão se agrava 
ainda mais. Pois “Deus, sendo o criador do homem e da mulher, seria insultado 
por aqueles que não se contentam com o sexo de nascimento”. Transformá-lo seria 
pecado? Seria uma heresia ou uma ofensa? Para muitos religiosos, seria sim. Por 
esse motivo atribuem o ‘pecado’ àqueles que se identificam com sua sexualidade de 
forma distinta da maioria.
Figura 4 – Adão e Eva de Ticiano
Fonte: iStock/Getty Images
Analisando as sociedades antigas, o homem sempre esteve ligado às atividades 
que lhe exigiam força, coragem, velocidade etc.; assim eram os caçadores das tribos 
primitivas que defendiam seus iguais partindo para a guerra contra os inimigos. Em 
11
UNIDADE Identidade de Gênero, Raça e Etnia
contrapartida, as mulheres ficavam responsáveis pelas tarefas ligadas à casa, aos 
filhos, a plantar, colher, limpar, organizar, cozinhar etc. Ou seja, às mulheres se 
atribuíam características menos agressivas e mais dóceis.
Esses estudos antropológicos, históricos, sociológicos etc. definem através da 
literatura os papéis atribuídos aos homens e às mulheres na vida em grupo e, à 
medida que estes grupos evoluem, essas tarefas são adaptadas às mudanças, porém, 
os papéis permaneceriam os mesmos – naturalmente haveria uma predisposição 
àquilo que é papel do homem e o que é papel da mulher. Essa visão estreita 
sobre o gênero é grande causadora de preconceitos e discriminação nos tempos de 
hoje, uma vez que há uma ideia de punição, ainda que subjetiva, para aqueles que 
desejarem fugir às regras.
Cada indivíduo, desde a sua formação nos primeiros dias de vida, recebe uma 
carga de normas, regras e aprendizados que serão interiorizados progressiva-
mente, na maioria das vezes atendendo às expectativas sociais sobre o seu sexo 
e comportamento.
Figura 5
Fonte: iStock/Getty Images
As sanções a que estão expostos meninos e meninas são formas educativas 
sobre como aprender a ser um menino ou uma menina. Por exemplo, é comum 
ouvirmos no recinto familiar as seguintes frases:
‘Meninos não choram’.
‘Meninos não brincam com bonecas’.
‘Meninas ajudam as mães em casa’.
12
13
Esta aprendizagem exige o desempenho de papéis específicos para atender a 
um ‘regulamento’ social. 
Segundo Anthony Giddens:
Se um indivíduo desenvolve práticas de gênero que não correspondem 
ao seu sexo biológico – isto é, comportamentos desviantes – procura-se 
a explicação numa socialização inadequada ou irregular. Segundo esta 
perspectiva funcionalista, os agentes de socialização contribuem para a 
manutenção da ordem social ao supervisionar a socialização natural do 
gênero nas novas gerações. (2004, pg. 110)
É importante lembrar que as pessoas são agentes ativos que modificam e criam 
papéis para si mesmas.
Ainda que a família, a escola, os amigos sejam profundos influenciadores dos 
papéis desempenhados na sociedade por meninos e meninas, homens e mulheres, 
há que se registrar que uma série de outros fatores subjetivos também interfere na 
construção de uma identidade de gênero. 
Muitas vezes, um brinquedo inocente, as cores das roupas, a programação na 
TV, no cinema, as propagandas, a literatura etc. despejam na sociedade de massa 
uma série de regras e padrões de comportamento que orientam, no desempenho 
cotidiano, a reprodução dos papéis feminino e masculino.
Sendo assim, o próprio corpo está sujeito às forças sociais que o moldam, 
alteram e transformam constantemente. 
É possível, no decorrer da vida, que sejam atribuídos aos nossos corpos, novos 
significados que desafiam o que é ‘natural’. Os indivíduos poderão optar por 
reconstruir e reconfigurar seus corpos conforme a sua vontade. Há os que buscam 
tratamentos hormonais, cirurgias plásticas, operações de sexo de acordo com a 
escolha pessoal.
Há que se lembrar de que a ciência contribui para isso. Os avanços tecnológicos 
e científicos relacionados a cirurgias e tratamentos hormonais cresceram e 
avançaram surpreendentemente nos últimos tempos, assim como a adaptação da 
legislação para mudança de sexo e de documentos também ocorrem em diversas 
partes do mundo.
Casal transgênero se apaixona em terapia e luta contra o preconceito. Saiba mais em: 
 https://goo.gl/G6ZXsEx
pl
or
O tratamento dado sob a perspectiva histórica, ou seja, analisando o papel 
desempenhado pelas mulheres e pelos homens em sociedades primitivas, bem 
como a comparação com as sociedades modernas, tiveram a divisão do trabalho 
como foco específico.
13
UNIDADE Identidade de Gênero, Raça e Etnia
Essa análise se acentuou com a entrada da mulher no trabalho assalariado 
ofertado pela indústria no século XX, discorrendo – os cientistas sociais – sobre a 
desigualdade de funções e salário que ocupam os estudiosos até os dias de hoje. Tais 
desigualdades permanecem e são diferenciadas em cada país e em cada cultura. 
Portanto, a desigualdade de gênero oferece um importante panorama de estudo, 
no qual se debruçam progressivamente os pesquisadores.
Não se pode deixar de mencionar também o papel de submissão que foi relegado 
às mulheres nas sociedades ocidentais e orientais, principalmente dentro de casa. 
O Gênero e a Questão de Raça e Etnia
Pontuamos que a questão de gênero é bastante complexa, uma vez que não se 
limita só às identidades construídas em torno de ser e sentir-se homem ou mulher. 
Há sujeitos, por exemplo, que se sentem homem e mulher ao mesmo tempo, há os 
que não querem se classificar em nenhum gênero, e há as desigualdades de gênero 
que se acentuam pela cor da pele e pela classe social.
Ser uma mulher branca é igual a ser uma mulher negra? Ser um homossexual bran-
co de classe média é o mesmo que ser um homossexual negro e de origem humilde?
Tomemos como exemplo para uma breve reflexão o caso da mulher em linhas 
gerais. A mulher, durante muito tempo não teve direitos de cidadã, e lhe restava o 
cuidado do lar, a reprodução e o cuidado com os filhos.
Figura 6 – Trabalho doméstico relegado à mulher
Fonte: iStock/Getty Images
14
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Obviamente que estamos falando da mulher com o estereótipo de dona de casa, 
branca, casada, regente de uma família, educada, prendada etc.; o que diferencia 
muito das condições, e não poderíamos deixar de fora aqui, da mulher negra, 
pobre, escrava ou não, trabalhando desde sempre para servir o seu senhor e mais 
tarde o seu marido ou companheiro. Na maioria das vezes, vivendo em condições 
precárias, com numerosos filhos e casada informalmente, a mulher negra dividia a 
casa com outras famílias. A essas mulheres sobravam, ou melhor, não faltavam os 
trabalhos de lavadeira, cozinheira, empregadas domésticas, quituteiras etc. 
Figura 7 – Mulher negra e criança trabalhando no século XIX
Fonte: historiahoje.com
Também, se imaginarmos o panorama da construção da sociedade brasileira, as 
largas diferenças entre homens e mulheres e seu papel desempenhado socialmente, 
a mulher índia não era igual ao homem índio, assim como a mulher imigrantenão 
viveu em condições de igualdade com seus pares. Aliás, longe disso.
Figura 8
Fonte: Acervo do Conteudista
15
UNIDADE Identidade de Gênero, Raça e Etnia
Contudo, quando refletimos acerca do trabalho da mulher e o quanto este se 
diferencia do trabalho masculino, é preciso discutir o seguinte: de que mulher 
estamos falando? Pois, em cada grupo social, etnia, classe econômica, idade e 
lugar, o trabalho – visto pelo viés da desigualdade de gênero – deve ser estudado a 
partir de suas especificidades.
Mas, quando surgiu a ideia de distinção entre as raças? É preciso problematizar 
para compreender melhor o que aqui propomos.
A ideia de que tipos humanos distintos poderiam ser divididos em raças provém 
da Biologia. Especialmente, em 1859, as publicações se baseavam nas teses de 
Charles Darwin, cuja célebre obra “Sobre a Origem das Espécies por Meio da 
Seleção Natural ou a Preservação de Raças Favorecidas na Luta pela Vida” (On 
the Origin of Species by Means of Natural Selection, or the Preservation of 
Favoured Races in the Struggle for Life), deu origem ao darwinismo social e a 
transferência das ciências naturais para as ciências humanas deu origem à teoria 
evolucionista das espécies.
As diferenças biotípicas que foram estudadas no gênero animal possibilitariam 
distinguir raças, nesses termos, mais ou menos aptas à própria sobrevivência. 
A ideia rácica nasceu estimulada pelo pensamento darwinista de um universo 
valorativo, distinguindo entre mais ou menos aptas as raças tidas, então, como 
superiores e inferiores.
Feminilidades e Masculinidades 
no Estudo de Gênero
Sendo as feministas as primeiras a se ocuparem com a desigualdade e 
subordinação das mulheres em relação aos homens, os estudos sociais se iniciam 
a partir de tais problemáticas. No entanto, com o avanço da própria sociologia e 
das ciências, bem como as transformações sociais, outras questões relacionadas ao 
gênero surgiram e estão presentes nas discussões em ciências humanas e sociais 
nos dias de hoje. Vejamos algumas.
Com relação à masculinidade, construiu-se a ideia de que analisá-la seria pouco 
interessante, uma vez que a experiência de ser homem seria relativamente simples 
e sem problemas. Os sociólogos se interessaram mais, de início, em estudar a 
opressão dos homens contra as mulheres.
No final dos anos 1960, com os movimentos sociais proliferados pelas chama-
das ‘minorias’, outras possibilidades de pensar a questão de gênero foram pro-
gressivamente se tornando relevantes. Uma delas seria a masculinidade em crise, 
quando a mulher se estabelece no mercado de trabalho, e começa a conquistar 
independência financeira acompanhada de reformulações legislativas que lhe de-
ram direitos.
16
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Outra forma de pensar o gênero é discutir a masculinidade e sua hierarquia, ou 
seja, ‘haveria homens mais homens que outros?’
A masculinidade homossexual entra em pauta nos anos 1960 e até hoje 
permanece como foco de estudo e desperta interesse dos pesquisadores.
Neste sentido, podemos dizer que existe uma ordem de gênero hierarqui-
zada endogenamente, como podemos verificar no esquema apresentado por 
Anthony Giddens:
Masculinidade
cúmplice
Masculinidades
subordinadas
Masculinidade
homossexual
Feminilidades
subordinadas
Feminilidade
enfática
Feminilidade
Resistente
 
Figura 9
Fonte: Adaptado de iStock/Getty Images
Recorreremos a Giddens, pois o sociólogo aponta existirem muitas expressões 
diferentes de masculinidade e feminilidade. No topo da hierarquia apresentada pelo 
autor, encontra-se a masculinidade hegemônica. Ou seja, o domínio de um tipo de 
masculinidade sobre todos os outros gêneros.
À masculinidade hegemônica estão vinculados elementos criadores de uma ima-
gem de homem que deveria ser reproduzida por todos os outros. A este homem 
agregam-se características como coragem, virilidade, força, resistência, porte físico, 
segurança etc. Esse seria o ‘tipo ideal’ de representatividade masculina hegemôni-
ca, um exemplo a ser seguido e reproduzido por todos os outros homens. Essa ima-
gem a que nos referimos é ainda mais estimulada pelos veículos de comunicação 
de massa. 
Já reparou como uma propaganda, por exemplo, veicula um anúncio de um 
novo modelo de automóvel? Ou uma propaganda de cigarros e bebidas? Em grande 
parte delas, o ‘tipo ideal’ de homem másculo é apresentado.
17
UNIDADE Identidade de Gênero, Raça e Etnia
Na verdade, no contexto social real, são poucos os homens que se adequam 
ao ‘tipo ideal’ masculino. Aos que, ainda assim, reproduzem a imagem acima, 
Giddens chama de masculinidade cúmplice. Ou seja, a herança patriarcal, que os 
homens reproduzem subjetivamente, reforça a imagem masculina, ainda que em 
nada pareçam com o que foi descrito acima.
Já o homossexual, na hierarquia de gênero, é considerado o oposto do 
‘verdadeiro’ homem, pois assume características rejeitadas pela masculinidade 
hegemônica. A rejeição se dá pelo estigma do afeminado.
Todas as formas de feminilidade estão subordinadas à masculinidade hegemônica.
Vejamos, a seguir, uma breve síntese do que nos apresenta a hierarquia de Giddens:
Importante!
Masculinidade hegemônica: modelo de homem considerado ‘tipo ideal’ a ser seguido 
e admirado por todos: másculo, forte, corajoso, seguro, resistente, viril.
Masculinidade cúmplice: é o comportamento masculino que segue as regras sociais 
de ordem patriarcal e que reproduzem o modelo masculino de ‘tipo ideal’ ainda que 
estejam longe de apresentar qualquer semelhança a este. Grande parte dos homens, 
que nada apresentam como características da masculinidade hegemônica.
Masculinidade homossexual: é considerado o ‘oposto’ do verdadeiro homem. 
Estereotipado, é caracterizado como afeminado. Foi durante muito tempo tratado como 
uma patologia.
Feminilidades subordinadas: refere-se ao ‘tipo ideal’ de mulher. Ou seja, passiva, 
submissa, educada, prendada, reprodutora, etc. Diz respeito à mulher que não se 
enxerga em estado de igualdade, mas sim inferior ou dependente da figura masculina.
Feminilidade enfatizada: refere-se à mulher que caracteriza a feminilidade e apresenta 
características simbólicas. Exemplo: a mulher sensual e sexy ou a mulher dona de casa. 
Ambas enfatizam uma imagem de mulher que é amplamente explorada pela mídia e 
reproduzida socialmente.
Feminilidade resistente: diz respeito às mulheres que não se submetem a normas, 
regras e padrões de comportamento estipuladas pela sociedade e pelos veículos de 
comunicação e resistem a isso tudo. Os exemplos de mulheres que não submetem seu 
modelo de vida aos parâmetros pré-estabelecidos são as feministas, lésbicas, bruxas, 
parteiras, prostitutas, celibatárias, operárias etc.
Em Síntese
A todas estas questões que aqui explanamos, somam-se diversas outras que 
deverão despertar a curiosidade do pesquisador como: 
Há diferenças de gênero na exploração do trabalho infantil? 
Há diferenças de gênero na prostituição de homens e mulheres? 
Como se dá a questão de gênero de acordo com crenças e religiões? 
Como descrever os movimentos populares que lutam pelos direitos iguais 
independente do sexo? 
Como a legislação se adapta às necessidades atuais dos grupos que se encontram 
em estado de vulnerabilidade?
18
19
Por fim, notamos que a abordagem sobre gêneros nos deixa ainda muitas per-
guntas sem respostas. Neste sentido, alarga-se o campo de estudos e pesquisas 
nesta temática que é de fundamental importância e de grande valia para a compre-
ensão da sociedade em sua complexidade.
Políticas Públicas Voltadas para 
Questão de Gênero, Raça e Etnia
Sem ignorar um passado de lutas sociais, daremos aqui um destaque às políticas 
públicas e sociais que vem se ampliando a partir dos anos 1980, com o final da 
ditadura militar no Brasil. Também, com a globalização, internet e redes sociais na 
década de 1990, a questão do gênero, raça e etnia vem se tornando pauta mundial 
no que diz respeito aos Direitos humanos e à busca de garantias para inclusão 
social, equilíbrio nas relaçõesde igualdade e o direito à cidadania.
Homofobia: rejeição ou aversão ao homossexual e à homossexualidade.
Transgêneros: são pessoas que têm uma identidade de gênero, ou expressão de gênero 
diferente de seu sexo atribuído.
Ex
pl
or
Os movimentos de mulheres, negros, imigrantes e LGBT (Lésbicas, Gays, 
Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros) no Brasil vêm reivindicando 
fortemente que os governos elaborem e atuem na construção de políticas públicas 
tendo como foco o direito pleno à cidadania.
Um primeiro desafio a ser enfrentado na implementação de políticas públicas e 
na organização geral do Estado é interferir na pretensa “neutralidade” deste como 
propositor e articulador de uma ação política.
Ou seja, se cabe ao poder público modificar as desigualdades sociais, é preciso 
garantir que esta alteração também seja encarada de um ponto de vista de gênero, 
alterando relações de poder e o acesso a direitos em sua dimensão social e política.
Para que efetivamente se concretize essa perspectiva, é fundamental transformar 
as condições concretas que permitam aos “desprivilegiados” reverter sua condição 
de desigualdade. No caso da Prefeitura do Município de São Paulo, foram criadas 
Secretarias que representam avanços aos direitos do cidadão, e estas secretarias 
foram criadas para trabalhar em conjunto com as demais. Citemos alguns exemplos: 
 · SMPM - Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres;
 · SMPIR - Secretaria Municipal de Promoção da Igualdade Racial;
 · SMDHC - Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania;
 · SMADS - Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social.
19
UNIDADE Identidade de Gênero, Raça e Etnia
Para conhecer as políticas públicas e sociais das secretarias que se ocupam da questão de 
gênero, raça e etnia, acessar o site da Prefeitura de São Paulo no seguinte link: 
https://goo.gl/HRMHX4
Ex
pl
or
As diretrizes básicas do Estado brasileiro tem como desafios centrais das políticas 
públicas e sociais implementar, prioritariamente, propostas que:
1. Possibilitem a ampliação das condições de autonomia pessoal e autos 
sustentação das mulheres, negros, imigrantes e LGBT de forma a favorecer 
o rompimento com os tradicionais círculos de dependência e subordinação;
2. Incidam sobre a divisão sexual do trabalho, não apenas do ponto de vista 
de padrões e valores, mas principalmente ampliando os equipamentos 
sociais, em particular aqueles que interferem no trabalho doméstico, como 
os relacionados à educação infantil; 
3. Fortaleçam as condições para o exercício dos direitos reprodutivos, saúde e 
direitos sexuais, possibilitando autonomia e bem estar também neste campo;
4. É preciso, ao mesmo tempo, responder às demandas que pressionam o 
cotidiano das mulheres inseridas neste contexto de dominação, em particular, 
diante da violência doméstica e sexual.
E, finalmente, é preciso levar em consideração o Estado em sua dimensão 
educativa. Sua atuação incide sobre valores, comportamentos, relações. Portanto, 
as ações do governo não podem ser vistas como atos isolados, mas, sim, devem estar 
coerentes com um projeto geral de mudança, no qual a perspectiva de superação 
das desigualdades de gênero seja um dos seus componentes indispensáveis 
(GODINHO, 2004, p. 55-56; In: GODINHO e SILVEIRA, 2004).
Se tomarmos como exemplo apenas a questão LGBT no Brasil, verificaremos 
que as políticas públicas e sociais estão apenas engatinhando, visto que o Brasil 
é o país com maior número de agressões e atitudes homofóbicas no mundo. A 
Secretaria de Direitos Humanos do Governo Federal divulga um balanço semestral 
dos dados do “Disque Direitos Humanos - DISQUE 100”. Vejamos os dados 
divulgados nos anos de 2014 e 2015:
Quadro 1 – LGBT
Disque 100 – Tipo de Violação mais recorrente de LGBT
Ano Discriminação Violência Psicológica Violência Física Negligência
Outras 
Violações Total
2014 40,32% 36,44% 13,25% 3,69% 6,30% 100%
2015 53,85% 26,42% 11,54% 2,77% 5,43% 100%
2014 864 781 284 79 135 2143
2015 1596 783 342 82 161 2964
Fonte: https://catracalivre.com.br/
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Para denunciar qualquer tipo de violação aos 
direitos humanos no Brasil, existe um serviço 
telefônico de recebimento, encaminhamento 
e monitoramento de denúncias de violação de 
direitos humanos.
Ex
pl
or
Para se ter uma ideia, de todos os casos de homofobia letal no planeta, em 2012, 
44% ocorreram no Brasil. Há um paradoxo em relação aos direitos garantidos pela 
Constituição Brasileira e como a sociedade vem tratando a diversidade de gênero de 
forma discriminatória. Em tempos de globalização, ainda temos muito que avançar.
Considerações Finais
Nesta unidade, procuramos apresentar uma reflexão a respeito das diferenças 
de gênero desde a questão natural de diferença de sexos, relacionada ao corpo até 
as construções sociais efêmeras que oferecem amplo campo de estudos para as 
ciências sociais.
Destaquemos aqui que o tema é bastante amplo e poderia se estender a 
questões relacionadas à prostituição, às cirurgias plásticas, ao trabalho infantil etc. 
No entanto, objetivou-se construir um pensamento básico, ainda que fundamental, 
sobre a importância do estudo dos gêneros, raça e etnia para o Serviço Social.
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UNIDADE Identidade de Gênero, Raça e Etnia
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Livros
Desigualdades de gênero, raça e etnia – E-book
https://goo.gl/lBVU7H
A história das mulheres no Brasil – E-book
https://goo.gl/lBVU7H
Educar meninos e meninas – E-book
https://goo.gl/lBVU7H
 Vídeos
Questão de gênero – documentário
https://youtu.be/_0fv4VZ5aiM
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Referências
BEAUVOIR, S. O segundo sexo: a experiência vivida. São Paulo: Difusão Europeia 
do Livro, 1967.
CARVALHO, J. M. Cidadania no Brasil: o longo caminho. Rio de Janeiro: 
Civilização Brasileira, 2004.
GIDDENS, A. Sociologia. Lisboa: Fundação Caulouste Gulbenkian, 2004.
GODINHO, T.; SILVEIRA, M. L. da (org.). Políticas públicas e igualdade de 
gênero. São Paulo: Coordenadoria Especial da Mulher, 2004, 188 p. (Cadernos 
da Coordenadoria Especial da Mulher, 8).
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