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RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS Ronei Tiago Stein Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094 Revisão técnica: Vanessa de Souza Machado Bióloga Mestre e Doutora em Ciências Professora do Curso de Tecnologia em Gestão Ambiental R294 Recuperação de áreas degradadas / Ronei Tiago Stein ... [et al.] ; [revisão técnica: Vanessa de Souza Machado]. – Porto Alegre : SAGAH, 2017. 338 p. : il. ; 22,5 cm. ISBN 978-85-9502-136-5 1. Gestão ambiental. I. Stein, Ronei Tiago. CDU 504 Iniciais_Recuperação de áreas degradadas.indd 2 15/09/2017 11:25:11 Sucessão e importância para áreas degradadas Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Compreender o conceito de sucessão e suas diferentes classi� cações. Reconhecer os principais grupos ecológicos e seus estágios sucessionais. Apresentar os principais modelos e técnicas de recuperação � orestal. Introdução O ser humano interfere no ambiente, cria novas situações e muitas vezes altera o equilíbrio do planeta, tendo que recorrer aos Projetos de Áreas Degradadas para recuperar determinado local. Uma das principais formas de destruição de um ecossistema é por meio do desmatamento, e, em muitos casos, é necessário recompor a vegetação. No entanto, essa não é uma tarefa fácil, já que, ao alterar um ecossis- tema, perde-se a biodiversidade, e, mais do que isso, ocorre a mudança das condições que havia antes e que permitiam o estabelecimento dos organismos. É importante pensar que o princípio básico não é encher uma área de espécies, mas ajudar a natureza a fim de que esta crie con- dições básicas para que as espécies, gradativamente, voltem a se integrar dentro das funções que a nova comunidade exerce no tempo e nos seus distintos espaços. Por isso, as ações em um projeto de restauração buscam recuperar o ecossistema até o ponto em que ele seja resiliente, ou seja, tenha a capacidade de se sustentar. Neste texto, você irá aprender sobre sucessão, os principais grupos ecológicos e as principais técnicas e modelos para a recuperação florestal. U4_C17_Recuperação de áreas degradadas.indd 264 14/09/2017 16:20:02 Sucessão: definições gerais As ações a serem tomadas na elaboração e prática de um projeto de recuperação de área degradada devem estar associadas a um planejamento dos processos naturais de sucessão. Além disso, deve-se considerar as interferências externas presentes nos ecossistemas, as quais fazem com que as sequências sucessionais possam tomar caminhos distintos (ALMEIDA, 2016). Mas o que é sucessão? Segundo Schorn (2005), as comunidades (junção de vários indivíduos de espécies de plantas e animais em um determinado espaço) são como superor- ganismos, e a sucessão é a maturação dessa comunidade ao longo do tempo, até o estágio denominado clímax. Considera-se, ainda, que todos os estágios que antecedem ao clímax são estágios de crescimento. Clímax é o último estágio alcançado por comunidades ecológicas ao longo da suces- são ecológica, apresentando um elevado número de espécies e nichos ecológicos (condições em que um indivíduo ou uma população vive e se reproduz, ou seja, o modo de vida de um organismo na natureza). Mas antes de o clímax ser atingido, as espécies passam por duas outras etapas: Cese: são os primeiros organismos que se instalam em um determinado ambiente, como bactérias, insetos, musgos e gramíneas. Não existe um padrão, cada ambiente será colonizado de uma maneira diferente, conforme suas condições ambientais. Sere: nessa etapa, o ecossistema irá sofrer importantes transformações, pois o ambiente e as espécies terão suas características alteradas. Exemplo: uma área que antes era terreno com gramíneas se tornará repleta de vegetação arbustiva, e aves que antes não visitavam as gramíneas irão começar a frequentar o novo ambiente, aproveitando essa nova vegetação mais alta e atrativa, fazendo isso com frequência, até se instalarem. Dessa forma, a sucessão ecológica é um dos mais antigos e fundamentais conceitos em ecologia, e compreender sua dinâmica é vital quando se trata da elaboração de projetos de recuperação de áreas degradadas. A expres- são sucessão ecológica é usada para descrever processos de alteração nos ecossistemas sobre várias escalas, como temporal, espacial ou vegetacional. Ou seja, sucessão é o processo ordenado de mudanças em um determinado ecossistema, resultando na modificação do ambiente físico pela comunidade biológica (ROSARIO, 2010). 265Sucessão e importância para áreas degradadas U4_C17_Recuperação de áreas degradadas.indd 265 14/09/2017 16:20:02 Sucessão ecológica refere-se às alterações graduais, ordenadas e progressivas no ecossistema, resultantes da ação contínua dos fatores ambientais sobre os organismos e da reação destes sobre o ambiente. A sucessão vegetal, entendida como um processo de auto-organização ou amadurecimento do ecossistema, direciona-se da simplicidade para a comple- xidade organizacional, de formas de vida mais simples para mais complexas e diversificadas (SCHORN, 2005). A Figura 1 apresenta um esquema mostrando como ocorre o processo de sucessão ecológica. Figura 1. Fluxograma de como ocorre a sucessão ecológica em determinada área. Fonte: Adaptada de Universidade de São Paulo (2000?). Classificação dos processos sucessionais Existem, basicamente, três tipos de sucessão ecológica, que são: 1. Sucessão degradativa: é aquela que ocorre em uma escala de tempo relativamente curta, com ocorrência em qualquer matéria orgânica morta (p. ex., animais ou plantas em decomposição). Normalmente, diferentes espécies aparecem e desaparecem, à medida que a degradação da matéria orgânica utiliza alguns recursos e torna outros disponíveis. Outra característica da sucessão degradativa é que ela é um processo finito, uma vez que o recurso pode ser totalmente mineralizado ou metabolizado. Sucessão e importância para áreas degradadas266 U4_C17_Recuperação de áreas degradadas.indd 266 14/09/2017 16:20:03 2. Sucessão alogênica: sucessão em que o processo de substituição de espécies ocorre como resultado de mudanças externas (incêndios, tem- pestades, processos geológicos) ou forças geofisicoquímicas. 3. Sucessão autogênica: ocorre em ambientes recém-criados, geralmente decorrentes de processos biológicos que modificam condições e recur- sos. Esse tipo de sucessão pode ser dividida em duas formas distintas, sucessão primária e secundária. A sucessão primária ocorre em ambientes que não têm estabelecimento de organismos, ou seja, áreas que ainda não foram povoadas ou então das quais os seres foram eliminados, por diferentes motivos. Como exemplos, pode-se citar rochas, dunas e lava vulcânica recém solidificada (Figura 2). Figura 2. Exemplos de ambientes que estão passando por sucessão primária. Fonte: bjul/Shutterstock.com, Marques/Shutterstock.com e Alexey Kamenskiy/Shutterstock.com. Amabis (2015) comenta que a colonização de um ecossistema por espécies vegetais pioneiras promove ao solo variações de temperatura, sendo estas, normalmente, menos bruscas, além do aumento da matéria orgânica devido à decomposição de folhas/galhos e uma maior retenção de água. Esses fatores favorecem o estabelecimento de espécies vegetais maiores com o passar do tempo, aumentando progressivamente a disponibilidade de nichos e a quan- tidade de outras espécies. Na sucessão secundária, ocorrem mudanças em determinada área após a destruição parcial de uma comunidade. Essas podem ocorrer em uma pequena área de floresta nativa, após a queda de uma árvore, ou em vários hectares, devido a uma cultura agrícola abandonada. Isto é, a sucessão secundária ocorre em um ambiente total ou parcialmente destruído, porém, este já foi anteriormente ocupado por outra comunidade biológica. Embora degradado, esse ambiente oferece condições mais favoráveis à ocupação de novas comu- nidades, o que torna a colonização das espéciespioneiras mais rápida. Essa 267Sucessão e importância para áreas degradadas U4_C17_Recuperação de áreas degradadas.indd 267 14/09/2017 16:20:03 destruição pode ocorrer tanto por fenômenos naturais (ventos, chuvas, etc.) quanto pela ação humana, que, por sinal, é a mais representativa. Principais grupos ecológicos Os grupos ecológicos representam o comportamento das espécies fl orestais nos processos de sucessão ecológica, os quais ocorrem de forma natural (p. ex., uma árvore que tomba, abrindo uma clareira em uma mata) ou devido à ação humana. Esses grupos são formados por espécies que apresentam ca- racterísticas biológicas e ecológicas em comum, além da regeneração natural e do padrão de crescimento da espécie. De acordo com Maciel et al. (2003), a vegetação de um local é formada por um componente real e por um componente potencial. O primeiro é representado por espécies que se encontram no próprio local, e o segundo, por sementes e propágulos (qualquer parte de um vegetal capaz de multiplicá-lo ou propagá-lo vegetativamente) existentes no solo. O banco de sementes conserva-se no solo, sem germinar, em razão de fatores bióticos e de fatores abióticos. A luz representa uma função de suma importância em relação ao com- portamento das espécies e na sua dinâmica de sucessão, sendo as espécies divididas em distintas categorias: Espécies que se estabelecem e crescem sob dossel fechado. Espécies que se estabelecem e crescem sob dossel fechado, mas que se beneficiam das clareiras. Espécies que se estabelecem e crescem sob dossel fechado, mas que requerem clareiras para amadurecer e se reproduzir. Espécies que se estabelecem, crescem e se reproduzem somente em clareiras. Dossel: a vida animal e vegetal nem sempre é encontrada sobre o chão da floresta, mas sim nas folhagens das árvores, muito acima do chão, o que recebe o nome de dossel. Este pode ser encontrado a vários metros de altura, sendo o resultado da so- breposição dos galhos e folhas das árvores. Em florestas tropicais, a maior parte da vida é encontrada sobre as árvores, logo, o dossel é o mais rico habitat da fauna e da flora. Sucessão e importância para áreas degradadas268 U4_C17_Recuperação de áreas degradadas.indd 268 14/09/2017 16:20:04 É importante saber identificar as diferentes fases da sucessão ecológica, pois estas implicam diretamente no Projeto de Recuperação de Área Degradada (PRAD). Por exemplo, após uma floresta ser totalmente destruída (devido a um incêndio ou desmatamento), diferentes espécies irão ocupar a área em diferentes períodos, e essas espécies podem ser divididas em: Pioneiras (P): são as primeiras a aparecerem em uma clareira recente. São espécies cujas sementes necessitam da luz solar direta para ger- minarem, normalmente são de tamanho médio, transportadas à longa distância por animais, principalmente pássaros e morcegos, apresentam dormência e alta longevidade. A regeneração natural ocorre princi- palmente a partir do banco de sementes existentes no solo. A plântula necessita de luz para desenvolvimento e apresenta pouca reserva. A planta jovem apresenta rápido crescimento e competição por luz. São espécies de rápido crescimento, regeneração precoce, com produção contínua de sementes, ciclo de vida curto, podendo atingir de 5 a 8 m de altura. São modificadoras do ambiente após a germinação e desen- volvimento, propiciando condições para germinação e desenvolvimento das espécies secundárias e climácicas. Secundárias (S): também conhecidas como oportunistas de clareira, têm sementes geralmente aladas e de curta longevidade natural, necessitando de períodos secos para sua dispersão anemocórica (disseminação de sementes de uma planta pela ação dos ventos); porém, também podem apresentar dispersão zoocórica (dispersão de sementes por animais). As sementes não apresentam dormência e têm condições de germinarem à sombra da mata, muitas vezes formando banco de plântulas sob o dossel. As plântulas recém germinadas apresentam pouca reserva e o seu desenvolvimento é estimulado com o surgimento de clareira. Algumas bibliografias dividem as espécies secundárias em inicial e tardia. Nas espécies caracterizadas como iniciais, o crescimento é mais rápido, a madeira é leve e não toleram sobra, sendo o tempo para a primeira reprodução de 5 a 10 anos. Já nas espécies secundárias tardias, o crescimento é médio a rápido, a madeira normalmente é dura, são intolerantes à sombra no estágio juvenil e a idade da primeira reprodução é entre 10 a 20 anos (MORAES et al., 2013). Climácicas (C): com uma grande quantidade de nutrientes e todas as condições e recursos ideais, e uma fauna já associada ao local, outras espécies muito mais exigentes, com ciclo de vida longo e melhores competidoras, se estabelecem – as espécies clímax. Elas dependem da 269Sucessão e importância para áreas degradadas U4_C17_Recuperação de áreas degradadas.indd 269 14/09/2017 16:20:04 umidade no solo e também de uma ampla gama de nutrientes para que suas sementes germinem. As sementes das espécies clímax geralmente são grandes, protegidas por uma camada grossa de tecido que evita a perda de água e dificulta a predação por pequenos insetos. Enquanto as pioneiras e secundárias são pouco exigentes, competidoras inferiores e investem em sementes pequenas que são facilmente dispersadas pelo vento e água, as espécies clímax são competidoras superiores, mais exigentes e dependem geralmente da fauna para dispersar suas sementes, que são grandes e associadas a frutos. Os frutos nessas espécies são fundamentais, é por meio deles que a maioria é dispersada. A Figura 3 apresenta uma ilustração de como ocorrem as diferentes fases de sucessão ecológica. Figura 3. Fases de sucessão ecológica. Fonte: Silva (2012). As florestas secundárias são classificadas de acordo com o estágio de regeneração. O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), por meio da Resolução nº 29, de 7 de dezembro de 1994, definiu essas em: Estágio inicial de regeneração: surge logo após o abandono do solo. Este estágio geralmente dura entre 6 e 10 anos, dependendo do grau de degradação do solo e do entorno. A altura média da vegetação não ultrapassa quatro metros. Sucessão e importância para áreas degradadas270 U4_C17_Recuperação de áreas degradadas.indd 270 14/09/2017 16:20:05 Estágio médio de regeneração: este estágio pode ocorrer entre 6 e 15 anos depois do abandono do solo. As árvores podem atingir o comprimento de doze metros. A diversidade aumenta, mas ainda há predominância de espécies de árvores pioneiras. Estágio avançado de regeneração: inicia-se geralmente depois de 15 anos e pode levar de 60 a 200 anos para alcançar novamente o estágio semelhante ao da floresta primária (floresta intocada ou aquela em que a ação humana não provocou significativas alterações das suas carac- terísticas originais de estrutura e de espécies). A diversidade aumenta gradualmente à medida que o tempo passa e esse processo é acelerado caso existam remanescentes primários para fornecer sementes. A altura média das árvores é superior a doze metros. Diferentes espécies vão surgindo durante a sucessão, fazendo com que estas sejam divididas em grupos ecológicos ou sucessionais diferentes. Para facilitar a compreensão, as espécies vegetais podem ser divididas em quatro grupos ecológicos, sendo que dois grupos (as pioneiras e as secundárias iniciais) estão mais ligados ao início do processo e os outros dois grupos (as secundárias tardias e as climácicas) referem-se a estágios mais avançados. Recuperação florestal Antes de decidir qual a melhor atitude a ser tomada para a restauração de um ambiente degradado, alguns pontos devem ser observados, conforme ressaltam Moraes et al. (2013). De forma inicial, deve-se fazer um histórico do uso do solo, para identifi car há quanto tempo a vegetação original foi retirada, e para qual fi nalidade, além de descobrir qual o usoatual do solo. Com essas informações, poderá ser defi nido o grau de degradação da área. 271Sucessão e importância para áreas degradadas U4_C17_Recuperação de áreas degradadas.indd 271 14/09/2017 16:20:05 Qual a diferença entre recuperação e restauração de áreas degradadas? Adota-se a recuperação quando o objetivo principal é recuperar a função da vegetação, como o controle da erosão do solo, não havendo preocupação com a composição florística. Já a restauração (também conhecida como revegetação) procura restabelecer os processos naturais, os quais são responsáveis por retornar a vegetação ao nível mais próximo possível da sua condição anterior à degradação. Moraes et al. (2013) comentam, ainda, que é de grande importância analisar as condições do ambiente em torno da área degradada, incluindo a paisagem em que a área degradada está inserida. Além disso, deve-se identificar as barreiras que impedem a regeneração natural, sendo que a decisão sobre qual é a maneira mais adequada para a recomposição do ambiente vai depender da análise da situação local e do conhecimento do ecossistema como um todo. As técnicas de recuperação e restauração florestal podem ser baseadas em dois princípios básicos: as que necessitam da intervenção humana ou da regeneração natural (MORAES et al., 2013). Porém, de acordo com Almeida (2016), a definição do modelo de restauração para uma determinada área degradada depende de fatores como grau de degradação, histórico da área, disponibilidade de sementes e mudas, solo, clima, máquinas e implementos agrícolas e recursos financeiros disponíveis. Técnicas e modelos de recuperação florestal As principais técnicas para recuperação fl orestal em áreas degradadas, que são descritas por Moraes et al. (2013), são: Regeneração natural: deve ser adotada quando busca-se a simples eliminação do agente perturbador ou de um elemento que esteja agindo como barreira para a regeneração (p. ex., fogo, presença de espécie invasora ou de animais domésticos). Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa em Agropecuária (2017), a regeneração natural pode ocorrer sem manejo (consiste em deixar os processos naturais atuarem livre- mente) ou com manejo, adotando-se ações que induzam os processos de Sucessão e importância para áreas degradadas272 U4_C17_Recuperação de áreas degradadas.indd 272 14/09/2017 16:20:05 regeneração natural, como o controle de plantas competidoras, formigas, adubação de cobertura, entre outros. Nucleação: grupo de técnicas que propõem uma mínima interferência local. Ou seja, visa criar pequenos habitats (núcleos) dentro da área de- gradada de forma a induzir uma heterogeneidade ambiental, propiciando ambientes distintos no espaço e no tempo. Segundo a Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo (2011), os núcleos têm o papel de facilitar o processo de recrutamento de novas espécies dos fragmentos vizinhos, do banco de sementes local e também influenciam os novos núcleos formados ao longo do tempo. Dessa forma, são criadas condições para a regeneração natural, como a chegada de espécies vegetais, animais e microrganismos e a formação de uma rede de interações entre eles. Enriquecimento: visa ao aumento da diversidade vegetal em áreas onde já existem indícios de regeneração natural. Consiste na introdução de espécies, principalmente dos estádios finais da sucessão ecológica, em áreas com melhores condições do solo já com presença de vegetação nativa, porém com baixa diversidade de espécies. É uma técnica que deve ser proposta para preencher espaços com falhas da regeneração natural. Visa a aumentar a biodiversidade aos níveis naturalmente encontrados no ecossistema de referência. Essa técnica também busca suprimir as espécies indesejáveis que estariam se estabelecendo nessas falhas. Pode ser realizado por meio de sementes ou de mudas (EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA EM AGROPECUÁRIA, 2017). Plantio total: técnica que implica o maior e mais custoso grau de intervenção. O plantio total só deve ser adotado quando a vegetação nativa estiver bem degradada e existir a necessidade da introdução de mudas de espécies arbóreas. A fauna apresenta uma função de suma importância para a recuperação de áreas degradadas. Muitas espécies vegetais tropicais reproduzem-se por cruzamento, sendo que a grande maioria das espécies é polinizada por animais, como insetos, aves e morcegos. Nos vegetais, existem dois tipos de reprodução sexuada: a autogamia e a alogamia. 273Sucessão e importância para áreas degradadas U4_C17_Recuperação de áreas degradadas.indd 273 14/09/2017 16:20:06 Dentre os principais modelos utilizados na recuperação em formações florestais, pode-se citar o plantio de mudas, que é uma forma efetiva de am- pliar o processo de nucleação. Ele pode ser realizado de diferentes formas no que se refere à disposição das mudas em campo. Uma das formas de plantio é ao acaso, onde as mudas são plantadas sem espaçamento. Outro modelo de plantio é em linha, com espécies primárias e secundárias, adotando-se um espaçamento de 2 x 3 metros ou 2 x 2 metros, conforme Figura 4. Independen- temente do modelo de plantio escolhido, é importante lembrar que as espécies a serem utilizadas devem ter características biológicas que permitem o seu desenvolvimento na área a ser restaurada. Figura 4. Modelo de plantio em linhas alternadas com espécies pioneiras e secundárias. Fonte: Adaptado de YuanDen/Shutterstock.com. As espécies autógamas são aquelas que se autofecundam, pois têm flores mas- culinas e femininas em uma mesma planta. Nas espécies alógamas, o cruzamento entre gametas masculinos e femininos envolve, necessariamente, dois indivíduos, implicando a necessidade de agentes externos (insetos, aves, morcegos, vento) que possibilitem a fecundação. Sucessão e importância para áreas degradadas274 U4_C17_Recuperação de áreas degradadas.indd 274 14/09/2017 16:20:06 Para saber mais sobre recuperação florestal de áreas degradadas, acesse os manuais: Restauração ecológica: sistema de nucleação. Disponível em: https://goo.gl/JHFmP4 Manual técnico para restauração de áreas Degra- dadas no Estado do Rio de Janeiro. Disponível em: https://goo.gl/v5AU2j 1. A natureza passa, frequentemente, por sucessão ecológica, visando atingir um estádio final, e é composta por uma comunidade relativamente estável. Qual a denominação do produto final do processo de sucessão? a) Comunidade pioneira. b) Sucessão secundária. c) Comunidade primária. d) Sucessão alogênica. e) Comunidade clímax. 2. Sucessão ecológica é o nome dado a uma série de mudanças que ocorrem nas comunidades de um determinado ecossistema. Sobre a sucessão primária, marque a alternativa correta: a) A sucessão primária ocorre em ambientes estéreis, onde nunca houve a ocupação por seres vivos. b) A sucessão primária ocorre em uma área que já foi ocupada por uma comunidade anteriormente. c) A sucessão primária pode acontecer em áreas desmatadas, por exemplo. d) Dá-se o nome de SERE aos primeiros organismos que se instalam em determinado ambiente. e) A sucessão ecológica ocorre em determinado período, principalmente devido às 275Sucessão e importância para áreas degradadas U4_C17_Recuperação de áreas degradadas.indd 275 14/09/2017 16:20:08 https://goo.gl/JHFmP4 https://goo.gl/v5AU2j mudanças abióticas que ocorrem no ambiente. 3. Entre as alternativas a seguir, quais são exemplos de espécies pioneiras em um processo de sucessão ecológica na superfície de uma rocha? a) Líquens e briófitas. b) Anelídeos e platelmintos. c) Angiospermas e gimnospermas. d) Pteridófitas e artrópodes. e) Nematoides e insetos. 4. A recuperação de áreas degradadas está ligada à ciência da restauração ecológica, logo, é fundamental estar atento às diferentes terminologias técnicas inerentes a essa atividade. Entre as alternativas a seguir, qual está correta? a) A recuperação tem como objetivo conduzir o ecossistemaà sua condição próxima à original. b) A revegetação da área visa à restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada a uma condição não degradada, com o objetivo de retomar a vegetação o mais próximo possível do original. c) A nucleação visa ao aumento da diversidade vegetal em áreas onde já existem indícios de regeneração natural. d) A regeneração natural é uma técnica que implica o maior e mais custoso grau de intervenção. e) Na regeneração natural, não há nenhuma interferência antrópica, sendo que a área é abandonada e espera-se que a vegetação nativa tome conta. 5. Durante o processo de sucessão ecológica, os ecossistemas sofrem várias mudanças. Analise as alternativas a seguir e marque aquela que indica uma tendência ao longo da sucessão. a) Aumento da produtividade líquida. b) Redução da diversidade de espécies. c) Diminuição do tamanho dos indivíduos. d) Diminuição da complexidade das cadeias alimentares. e) Aumento da biomassa total. Sucessão e importância para áreas degradadas276 U4_C17_Recuperação de áreas degradadas.indd 276 14/09/2017 16:20:08 ALMEIDA, D. S. Modelos de recuperação ambiental. In: ALMEIDA, D. S. Recuperação ambiental da Mata Atlântica. 3. ed. rev. Ilhéus: Editus, 2016. p. 100-137. AMABIS, J. M.; MARTHO, G. R. Biologia das populações 3. 4. ed. São Paulo: Moderna, 2015. BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº 29, de 07 de dezembro de 1994. Brasília: CONAMA, 1994. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/ res/res94/res2994.html>. Acesso em: 26 ago. 2017. EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA EM AGROPECUÁRIA. Estratégias de recuperação. Brasília: EMBRAPA, [2017?]. Disponível em: <https://www.embrapa.br/codigo-florestal/ estrategias-e-tecnicas-de-recuperacao>. Acesso em: 19 ago. 2017. MACIEL, M. N. M. et al. Classificação ecológica das espécies arbóreas. Revista Acadêmica: ciências agrárias e ambientais, Curitiba, v. 1, n. 2, p. 69-78, abr./jun. 2003. Disponível em: <www2.pucpr.br/reol/index.php/academica?dd99=pdf&dd1=897>. Acessado em: 18 ago. 2017. MORAES, L. F. D. et al. Manual técnico para a restauração de áreas Degradadas no Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: [s.n.], 2013. Disponível em: <http://www. espacodoagricultor.rj.gov.br/pdf/outrosassuntos/manual_tecnico_restauracao.pdf>. Acessado em: 28 ago. 2017. ROSARIO, R. P. G. Estágios sucessionais e o enquadramento jurídico das florestas montanas secundárias na Reserva Florestal do Morro Grande (Cotia, SP) e entorno. 2010. Dissertação (Mestrado em Biodiversidade Vegetal e Meio Ambiente) – Instituto de Botânica da Secretaria do Meio Ambiente, Universidade de São Paulo, 2010. SÃO PAULO (Estado). Secretaria do Meio Ambiente. Unidade de Coordenação do Projeto de Recuperação das Matas Ciliares. Restauração ecológica: sistemas de nucle- ação São Paulo: Secretaria do Meio Ambiente, 2011. Disponível em: <http://www. sigam.ambiente.sp.gov.br/sigam3/Repositorio/222/Documentos/Nucleacao.pdf>. Acesso em: 19 ago. 2017. SCHORN, L. A. Estrutura e dinâmica de estágios sucessionais de uma floresta ombrófila densa em Blumenau. Santa Catarina. 2005. 192 f. Tese (Doutorado em Ciências Flores- tais) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia Florestal, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2005. SILVA, T. Quebradores de coco babaçu – Serra da Meruoca, Ceará. Permacultura do Ceará, 06 mar. 2012. Disponível em: <https://permaculturanameruoca.wordpress. com/2012/03/>. Acesso em: 26 ago. 2017. UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. Sucessão ecológica. São Paulo: USP, [2000?]. Disponível em: <http://www.ib.usp.br/ecologia/sucessao_ecologica_print.htm>. Acesso em: 26 ago. 2017. 277Sucessão e importância para áreas degradadas U4_C17_Recuperação de áreas degradadas.indd 277 14/09/2017 16:20:09 http://www.mma.gov.br/port/conama/ https://www.embrapa.br/codigo-florestal/ http://www2.pucpr.br/reol/index.php/academica?dd99=pdf&dd1=897 http://espacodoagricultor.rj.gov.br/pdf/outrosassuntos/manual_tecnico_restauracao.pdf http://sigam.ambiente.sp.gov.br/sigam3/Repositorio/222/Documentos/Nucleacao.pdf https://permaculturanameruoca.wordpress/ http://www.ib.usp.br/ecologia/sucessao_ecologica_print.htm Leitura recomendada INSTITUTO AMBIENTAL DO PARANÁ. Conceitos de estágios sucessionais de uma formação florestal. Curitiba: IAP, [2017?]. Disponível em: <http://www.iap.pr.gov.br/pagina-479. html>. Acesso em: 18 ago. 2017. Sucessão e importância para áreas degradadas278 U4_C17_Recuperação de áreas degradadas.indd 278 14/09/2017 16:20:09 http://www.iap.pr.gov.br/pagina-479. Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
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