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Maria Eduarda Zen Biz – 5° fase ATM 2025.1 Farmacologia UCXIII QUESTÕES FARMACOLOGIA – UCXIII Estudante de medicina questiona seu preceptor sobre a racionalidade terapêutica da seguinte prescrição para um processo infeccioso do TRS (trato respiratório superior): Amoxicilina 500 mg – 8/8h – 7 dias Nimesulida 100 mg 12/12h – 3 dias Paracetamol 500 mg se dor/febre até 4 x dia Perguntas: 1. Por que utilizar dois AINEs? 2. Por que em casos de inflamações no TRI (trato respiratório inferior) não utilizamos AINEs? 3. Tomar AINEs antes de um procedimento reduz a dor? Explique. 4. Como atuam os AINEs? Posso tomar junto com as refeições? 5. Todos os AINEs tem a mesma efetividade para tratar casos de dor e inflamação? Explicar e citar exemplos. 6. Doses e esquemas posológicos variam entre os AINEs? Por que? RESPOSTAS: 1. O alvo e a resposta obtida são diferentes. O Nimesulida inibe as COX periféricas, portanto, combaterão a inflamação. Já o paracetamol inibe a COX central, agindo como analgésico e antitérmico. 2. Pois, ao utilizar os AINEs, que inibem a ciclo- oxigenase (COX), permitem que o ácido araquidônico seja metabolizado pela lipooxigenase formando leucotrienos. Ao formar leucotrienos, haverá maior broncoespasmo, congestão e muco no trato respiratório inferior. 3. Não, pois os AINEs não interferem nos mediadores de dor imediata, apenas nos de dor tardia (eicosanoides) 4. Os AINEs atuam inibindo as diferentes formas da enzima COX (COX 1, COX 2 periférica e COX 2 central). Sua biodisponibilidade (absorção) não é modificada pela presença do alimento – seu início de ação será retardado, porém será efetivo. 5. Não. Sua atividade dependerá de qual COX ele inibe. Medicamentos como Nimesulida são ótimos para tratar inflamação, porém não tanto para dor. Já o paracetamol tem ação analgésica, mas não anti-inflamatória. 6. Sim. Pois cada AINE terá uma dose mínima efetiva e uma máxima para toxicidade individual, por terem princípios ativos diferentes. Administrar AINEs, como salicilatos, junto com as refeições reduz o desconforto gastrintestinal? RESPOSTA: Não, visto que não é o contato do fármaco que causa esse desconforto no TGI, mas sim sua farmacodinâmica – ao inibir COX1, inibe formação de PGE2, a qual estimula síntese e secreção de muco e bicarbonato. Salicilatos são melhor absorvidos junto às refeições. A via sublingual ou injetável para administração de AINEs evita as queixas GI? RESPOSTA: Não, visto que não é a absorção que causa esse desconforto no TGI, mas sim sua farmacodinâmica – como ele interage com a PGE2 produzida pela COX1, a qual diminui o muco e bicarbonato. Os quadros de alergia a AINEs podem ser graves e por isso as pessoas devem evitar tais substâncias. 1. Por que é importante conhecer o nome do fármaco como causador da alergia e não do medicamento? 2. Existe alergia cruzada entre AINEs? RESPOSTA: 1. Pois os AINEs são utilizados em muitos medicamentos, juntamente à outros princípios ativos, o que “mascara” o nome da substância. Exemplo: Alivium (ibuprofeno), Dorflex (dipirona + cafeína + orfenadrina) 2. A doença respiratória exacerbada por AINEs (NERD) é uma condição não- imunológica, e um tipo de hipersensibilidade com reatividade cruzada, em que pacientes com hipersensibilidade a um AINEs reagem a aspirina e a outros AINES inibidores da COX-1 Armando teve parte da perna esquerda amputada (altura da coxa), mas queixava-se de dor e prurido no pé esquerdo (esmagado no acidente e que originou a causa da amputação), porém o pé não existe mais, por isso, relatou ao médico que sua queixa parecia loucura, mas ele realmente tinha a sensação dolorosa no pé. Esse é um caso comum de dor do “membro fantasma”. 1. Por que AINEs com ação analgésica moderada como dipirona não são eficazes nesses casos de neuropatia? Maria Eduarda Zen Biz – 5° fase ATM 2025.1 Farmacologia UCXIII 2. Por que a gabapentina é indicada para tratar dores neuropáticas? Quais efeitos adversos são esperados? 3. Por que evita-se o uso de morfina para tratar dores neuropáticas? RESPOSTA: 1. AINEs inibem a formação de prostaglandinas. Como na dor neuropática não temos elas, os AINEs não serão efetivos. 2. A fibra aferente libera os neurotransmissores da dor (substância P, glutamato) através da entrada de sódio, despolarização e entrada de cálcio. A gabapentina, assim como a pregabalina, bloqueia o influxo de cálcio e impede a liberação exagerada de neurotransmissores. 3. Os analgésicos opioides desenvolvem tolerância (perdem a eficácia) e pelo vício, portanto devem ser utilizados apenas em dores neuropáticas agudas. J. S., 7 anos, em tratamento com antibiótico para um quadro infeccioso (Streptococcus Pneumoniae), no trato respiratório inferior, apresenta quadro febril persistente. Sempre que mãe verifica a temperatura constata 38,5°C a 39°C. Vem fazendo o uso de ibuprofeno, dipirona e intercala com paracetamol. 1. Os medicamentos que a mãe vem fazendo são efetivos no controle da febre? 2. Por que o AAS não deve ser usado nesse caso? Apresente pelo menos duas justificativas. RESPOSTA: 1. Sim, são 3 fármacos efetivos para o controle da hipertermia, visto que os medicamentos inibem a COX 2 central e, consequentemente, são anti piréticos. A dipirona tende a baixar a febre de forma mais rápida que o paracetamol e o ibuprofeno. O ibuprofeno deve ser evitado para infecções do trato respiratório inferior, sob o risco de aumentar a via da LOX. 2. O AAS bloqueia e via da COX e, consequentemente, pode aumentar a via da LOX e causar maior broncoconstrição. Além disso, há a ligação irreversível à COX1 plaquetária e a Síndrome de Reye (problemas neurológicos, gastrointestinais, hepáticos, etc) Defina: 1. Polineuropatia diabética 2. Neuralgia pós-herpética 3. Nevralgia do trigêmeo 4. Dor central 5. Neuropatia por HIV 6. Neuropatia do membro fantasma 7. Dor neuropática oncológica 8. Radiculopatias 9. Síndrome do túnel cárpico 10. Neuropatia diabética RESPOSTA: 1. Está associada a uma lesão uniforme das fibras pequenas (Aδ e C), e posteriormente das fibras de maior calibre (Aβ). Trata-se de uma lesão mista, simétrica, distal e de predomínio sensitivo, acumulando-se produtos glicosilados e álcoois nos nervos periféricos. A primeira linha terapêutica é amitriptilina ou nortriptilina, duloxetina, pregabalina ou gabapentina. 2. Trata-se de uma consequência comum do herpes zóster cujos fatores que reativam o vírus latente são desconhecidos. O tratamento incide nos antidepressivos tricíclicos como amitriptilina e nortriptilina, pregabalina, gabapentina e/ou lidocaína tópica (emplastos a 5%) como primeira linha de tratamento. 3. Esta condição resulta sobretudo de sequelas traumáticas ou processos degenerativos fisiológicos associados à compressão vascular. O tratamento de primeira linha é a carbamazepina ou oxcarbazepina. A oxcarbazepina pode ser a opção de eleição por apresentar menor potencial de interação farmacológico. 4. Localiza-se a nível da medula espinal ou cérebro, afetando o trato espinotalâmico, ou seja, o sistema nervoso central. O tratamento de primeira linha recomendado é amitriptilina ou nortriptilina, pregabalina ou gabapentina. Como segunda e terceira linhas terapêuticas, sugere-se lamotrigina, tramadol ou opioides. 5. Está associada à infeção pelo vírus da imunodeficiência humana. Primeira linha de tratamento são amitriptilina ou nortriptilina, pregabalina, gabapentina, duloxetina ou venlafaxina. A associação a agentes tópicos, como capsaicina e lidocaína, pode incrementar os resultados positivos do tratamento. Estudos recentes encontraram eficácia em pacientes que usaram Cannabis – THC e CBD. 6. Dor neuropática após a amputação traumática, apresentandose como dor no membro perdido. Primeira linha, opioides fortes como morfina e fentanil ou tramadol. Para a maioriados pacientes, esta dor pode resolver-se gradualmente ao longo do tempo, contudo, nas situações em que permanece, os opioides são substituídos por outros fármacos: amitriptilina ou nortriptilina, pregabalina ou gabapentina. Maria Eduarda Zen Biz – 5° fase ATM 2025.1 Farmacologia UCXIII 7. Está associada à presença de um tumor, podendo resultar de causas diretas e/ou indiretas intrínsecas ao processo oncológico. Recomenda- se, como primeira linha, amitriptilina ou nortriptilina, pregabalina, gabapentina, duloxetina, venlafaxina ou carbamazepina. 8. Consequência da compressão das raízes nervosas do plexo cérvico-braquial, torácico e lombossacral. Recomenda-se, como primeira linha, antidepressivos tricíclicos como amitriptilina ou nortriptilina, pregabalina ou gabapentina. 9. Resulta da compressão do nervo mediano que passa por debaixo do ligamento transversal do carpo. O tratamento passa pela imobilização do pulso e utilização de esteroides orais e infiltrações à base de esteroides 10. A polineuropatia distal simétrica (PNDS) é a forma mais comum e compreende 75% de todas as neuropatias. O estresse oxidativo e inflamatório danificam as células nervosas – patogênese. PNDS é a principal causa de ulceração nos pés, e também é uma das principais causas de quedas e fraturas, por resultar em disfunção avançada de fibras finas e grossas, com perda sensitiva e da propriocepção, da discriminação de temperatura e dor, o que acaba acarretando instabilidade. Tratamento: controle rigoroso da glicemia, controle da dor (pregabalina, duloxetina – primeira linha; gabapentina, amitriptilina – segunda linha). 1. Por que pacientes que apresentaram quadro convulsivo após uso de codeína, também não poderão utilizar morfina? O risco é maior de convulsões se usar morfina? RESPOSTA: 1. Por que codeína é biotransformadas hepaticamente em morfina, e esta pode ser conjugada via glicuronil transferase no SNC e forma o metabólito morfina 3-glicurônico – substância pró convulsivante. O risco é muito maior com morfina, porque apenas uma pequena fração de codeína será biotransformadas em morfina. 2. Por que é atribuído um maior e imediato risco de dependência a morfina do que quando comparado a meperidina? RESPOSTA: 2. Muitos estudos descrevem que morfina por formar metabólitos ativos no SNC teria maior probabilidade de desenvolver dependência, porém, outros estudos divergem, descrevendo que todos os analgésico opioides de alta potência analgésica tem perfil semelhante 3. Por que os opiáceos podem ser empregados em casos de dor moderada a forte, tanto de origem nociceptiva quanto não nociceptiva? RESPOSTA: 3. Por que os opioides atuam modulando a neurotransmissão da via ascendente, deprimem a função neuronal da via ascendente por meio da ativação dos receptores opioides presentes tanto em neurônios de primeira ordem (resulta em fechamento dos canais de cálcio- fibra pré- sináptica) como de segunda ordem (resulta em abertura dos canais de potássio – fibra pós- sináptica), assim, independente o tipo de dor, a neurotransmissão estará reduzida, diminuindo a sensação da dor. 4. Quais efeitos adversos são potencialmente graves quando doses elevadas de opiáceos são administradas em pacientes que iniciam o uso de opiáceos? Por que em usuários crônicos esses efeitos não são tão relevantes? RESPOSTA: 4. Efeitos adversos graves referem-se a depressão intensa do SNC, em especial a depressão respiratória. Em usuários crônicos, este efeito já terá sofrido tolerância devido a neuroadaptação mediada pelas -arrestinas. 5. Qual o mecanismo de ação dos analgésicos opioides? RESPOSTA: 5. Atuam como agonistas de receptores opioides (mu, kappa, delta, sigma, épsilon) os quais estão acoplados a uma proteína G inibitória, assim, em fibras pré-sinápticas promovem o fechamento dos canais de cálcio e consequentemente reduzem a liberação de neurotransmissores e a ativação desses receptores em fibra pós-sinápticas promove a abertura dos canais de potássio promovendo a hiperpolarização da célula. 6. Qual o outro emprego terapêutico da metadona além de analgésico? RESPOSTA: 6. Empregada para tratar pacientes com dependência química a opioides. 7. Qual o emprego terapêutico da naloxona e naltrexona? Explique. RESPOSTA: Maria Eduarda Zen Biz – 5° fase ATM 2025.1 Farmacologia UCXIII 7. Naloxona – antagonista opioide para tratar intoxicação aguda por opioides – reverter a depressão respiratória. Naltrexona também é empregada para tratar dependência química a outras drogas 8. Quais efeitos adversos não sofrem tolerância? Qual a importância clínica? Como deve ser o manejo (conduta terapêutica) nesses casos? RESPOSTA: 8. Miose, convulsões e constipação. Convulsões significa que não pode utilizar morfina – metabolismo. Constipação – manejo adequado nos pacientes inicialmente com laxantes e posteriormente com lavagem TGI. 9. Como o polimorfismo genético pode afetar a eficácia da codeína? RESPOSTA: 9. Uma pequena fração da codeína deve ser biotransformadas em morfina o que garante a atividade analgésica efetiva da codeína. Quando há um polimorfismo na CYP2D6 (principalmente essa enzima), e que portanto não haja expressão dessa enzima, ou que esteja inibida por alguma interação medicamentosa, essa conversão da codeína em morfina não acontecerá e teremos o prejuízo na analgesia mediada pela codeína. J.S., 34 anos, diagnosticado com uma doença autoimune vem fazend uso de prednisona 40mg/dia a 6 meses e a doença está em remissão. O médico deseja entõ fazer a retirada do corticoide. a) Como deve ser a retirada do fármaco? Explique b) A suplementação com vitamina D e cálcio deveria ter sido recomendada para essa caso? Justifique c) Esse fármaco que J.S. vem usando apresenta significativo efeito mineralocorticoide. O que isso significa? Quais as consequências desse efeito para J.S.? RESPOSTAS a) A retirada deve ser lenta e gradual, diminuindo a dose e acompanhando a evolução do paciente a fim de encontrar a dose ideal do medicamentos, sem os sintomas da doença de base. b) Sim. Como há uso contínuo de corticoide, o qual induz a desmielinização óssea (diminui a absorção e aumenta excreção renal de cálcio), o cálcio e a vitamina D suplementados irão desacelerar esse processo c) Quer dizer que é semelhante à aldosterona e, consequentemente, aumentam a reabsorção de sódio, aumentam a excreção de potássio e causam edema e alteração da pressão arterial M.S., 57 anos, diabética, hipertensa em uso de medicamentos anti-hipertensivos e hipoglicemiantes, buscou atendimento por apresentar um quadro infamatório agudo e intenso do sistema mioarticular para o qual foi prescrito prednisona 20mg/dia por 7 dias a) Qual a orientação para administração desse fármaco? Justifique b) Quais efeitos adversos são esperados e são relevantes para esse caso? Justifique c) O fármaco prescrito será eficaz para o problema da paciente? Justifique RESPOSTA: a) Deve-se tomar o corticoide no horário de pico do cortisol (6-8h da manhã), assim não haverá interferência no eixo hipotálamo hipófise adrenal b) Aumenta glicemia plasmática, lipídios plasmáticos, afetam o metabolismo geral, reduz absorção de cálcio no TGI e aumenta sua excreção pelos rins, faz retenção de sódio e excreção de potássio (EDEMA), etc c) Para um processo inflamatório agudo, os AINEs seriam mais adequados em um primeiro momento, visto que têm resposta mais rápida que os corticoides. É correto prescrever prednisolona, ATB + antitérmico (ibuprofeno) para um quadro de pneumonia? RESPOSTA: Não, visto que o corticoide (prednisolona) já está encarregado de inibir o ácido araquidônico (e indiretamente a COX e a LOX também). Ao administrar um AINE como o ibuprofeno, a COX será mais inibida, causando efeitos adversos desnecessários. Nesse caso, seria melhor utilizarum antitérmico como a dipirona ou o paracetamol. Em que situação podemos utilizar AINE + corticoide? RESPOSTA: Em um processo longo, podemos administrar AINE a fim de tratar a agudização + corticoide IM (como a dexametasona) a fim de tratar de forma prolongada
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