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Recursos Pedológicos

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Elaborada por : Deocleciano Faro Nhazilo
I. Recursos Pedológicos:
O solo é a camada superficial da terra em contacto directo com a atmosfera, onde ocorrem as principais trocas, transformações e reacções físicas, químicas e biológicas. Este, constitui um recurso bastante importante para a existência de diferentes formas de vida na terra assim como é um recurso de subsistência humana e animal, por isso a sua preservação é de extrema importância para a continuidade do ciclo vital. O estudo do solo data de muitos anos atrás, através de estudos empíricos, mas secunda metade do século XIX, o estudo do solo tornou se uma ciência formal e o pioneiro foi F.A. Fallou (“Pedologia ou Ciência do Solo Geral e Aplicada”, Dresden 1862). Nos últimos anos, o conhecimento do solo tem evoluído bastante, devida a necessidade de aplicação do mesmo em vários ramos de actividades e por isso várias actividades científicas tem sido levadas a cabo de modo a obter mais informações sobre a aplicação do mesmo.
 Existe uma variedade de solos de cardo com a sua génese e características físicas, químicos ou biológicos, estas características fazem com que os solos reagem de forma diversificada a diferentes processos ou fenómenos externos, e dai a necessidade de um conhecimento aprofundado da ciência do solo.
1. Solo Definição 	
É a camada superficial da crosta terrestre, constituída por partículas minerais, matéria orgânica, água, ar e organismos vivos. (ISO 11074-1, 1/08/1996).
É o material não consolidado, mineral ou orgânico, existente à superfície da terra e que serve de meio natural para o crescimento das plantas. (SSSA, 1997).
 A ciência do solo e conhecido como Pedologia. 
2. Pedologia: 
Ciência do Solo ou Pedologia (Pédon do Grego = solo) é uma disciplina científica que se ocupa pelo estudo do solo desde a sua génese, propriedades, comportamento assim como a sua aplicação final. O podologia pode ser dividido em dois principais ramos:
· Podologia Geral: estuda aspectos morfológicos do solo, propriedades físicas, comportamento, sua génese, sistemática do solo e sua ecologia (relação do solo com diferentes organismos).
· Ciência do solo: estuda o uso do solo. Através do estudo da sua fertilidade pode se definir a sua aplicação para fins de agricultura, silvicultura e agropecuária.
3. Importância dos solos 
· Reserva de biodiversidade, como habitat e como banco de gene Constituem o suporte tampão contra a poluição ambiental 
· Participa em processos ecológicos vitais para os seres vivos e para as sociedades humanas
· Meio de produção de biomassa
· Regulador ambiental
· Importância sócio económica 
· Ciclagem de materiais orgânicos para liberação de nutrientes, que posteriormente serão reutilizado na síntese de nova matéria orgânica (ou seja, um ciclo);
· Sustentação das raízes e resistência à erosão provocada pelo vento e água;
· Manutenção da diversidade de habitat necessária aos seres vivos do solo;
4. Relação do solo e outras esferas terrestres 
Os Solos podem ser descritos como um fenômeno limite da superfície da terra. Eles pertencem à pedosfera, na qual a litosfera, a atmosfera, a hidrosfera e a biosfera se sobrepõem e interagem (Figura 1).
Fig 1: Processos interactivos da pedosfera com a biosfera, atmosfera, hidrosfera e litosfera. Fonte: Pérez et al., 2016 (adaptado de Lal et al., 1998).
5. Formação do solo:
O processo de formação do solo e conhecido como pedogênese, este, resulta da acção do intemperismo e degradação de uma rocha pré existente, influenciada por um conjunto de processos conhecidos como processos de formação do solo.
 O intemperismo constitui um conjunto de processos físicos, químicos ou biológicos que cooperam para a degradação de uma rocha. Existem 3 tipos de intemperismo:
a) Intemperismo físico: resulta da transformação da rocha pela acção de agentes físicos como a temperatura. Ex: Gel e degel, calor, carga litostastica.
 
b) Intemperismo químico: resulta da acção de agentes químicos em solução aquosa que atacam a rocha desagregando-na. Exemplo de chuvas ácidas carregadas de CO2 que atacam os minerais das Rochas.
O intemperismo químico pode decorrer através dos seguintes processos: 
· Hidrólise: a reacção de qualquer substância com a água. Ions de hidrogénio atacam e substituem outros ions (formação de novas substâncias). 
 Ex: KALSI3O8+ H2O →HALSI3O8+ KOH (feldspato, ortoclásio). 
 
· Hidratação: adição de moléculas de água aos minerais formando novos compostos.
 Ex: CASO4+ H2O →CASO4.2H2O Provoca também o aumento de volume – desintegração. 
· Carbonatação: (decomposição por CO2) CO2 contido na água forma ácido carbônico. 
Ex: CO2+ H2O →H2CO3 
 CACO3+ H2CO3→CA(HCO3)2 
· Oxidação: Em qualquer reacção, quando os electrões são perdidos de um elemento. Decomposição dos minerais pela acção oxidante de O2 e CO2 dissolvidos na água: hidratos, óxidos, carbonatos, etc. Minerais contendo Fe, Mn, S, Cu são mais susceptíveis à oxidação. 
Ex: Fe (HCO3) 2 + O2→Fe2O3H2O + HCO3 (Limonita)
 
c) Intemperismo Biológicos: resulta da acção de organismos vivos que desagregam uma rocha sã transformando-la em sedimento friável.
Em muitos casos estes três tipos de intemeprismo actuam em simultâneo reputando na formação do solo.
5.1 Factores de formação do solo:
Hans Jenny (1941), um cientista do solo suíço traduziu a teoria de Dokuchaev para uma linguagem matemática e formulou o modelo de formação do solo mais conhecido na ciência do solo, que pode ser definido pela seguinte equação: S = f (cl,o,r,p,t,...) onde S é a variável solo; cl é o clima; o são os organismos; r é o relevo; p (ou “mo”) é o material de origem e t é o tempo. As reticências significam que outros fatores não listados podem ocorrer eventualmente.
Para a formação do solo existem vários factores que actuam como adjuvantes neste processo.
· Litologia ou rocha de origem: O material de origem é a matéria-prima a partir da qual os solos se desenvolvem, podendo ser de natureza mineral/ rochosa (sedimentares, metamórficas ou ígneas ((Fi.g2)) ou orgânica (resíduos vegetais). O solo herda as características da sua rocha de origem, e a natureza da rocha dita a sua facilidade ou dificuldade de intemperização. 
É importante salientar que uma mesma rocha poderá originar solos muito diferentes, dependendo da variação dos demais factores de formação. Por exemplo, um granito, em região de clima seco e quente, origina solos rasos e pedregosos em virtude da reduzida quantidade de chuvas. Já, em clima úmido e quente, essa mesma rocha dará origem a solos mais profundos, não-pedregosos e mais pobres.
Fig 2: Ciclo da Rocha e formação dos solos.
· O clima O clima exerce influência na formação dos solos principalmente através da precipitação e temperatura.
Em ambientes extremos, como desertos frios ou quentes, a água está em estado sólido (gelo) ou ausente, o que dificulta ou mesmo impede a formação do solo. Para actuação de processos de intemperismo e de formação do solo há necessidade de existir água em estado líquido. Precipitações e temperaturas elevadas favorecem os processos de formação do solo.
 Climas húmidos e quentes (regiões tropicais) são factores favoráveis à formação de solos muito intemperizados (alterados em relação à rocha. 
Em regiões de baixa precipitação (áridas e semi-áridas), os solos são menos intemperizados, mais rasos, de melhor fertilidade e, geralmente, pedregosos. Graças à vegetação escassa, a quantidade de matéria orgânica, adicionada em climas secos, é inferior à dos solos de regiões úmidas. 
· O relevo: Dependendo do tipo de relevo (plano, inclinado ou abaciado) (Figura 3), a água da chuva pode entrar no solo (infiltração), escoar pela superfície (ocasionando erosão) ou se acumular (formando banhados).
Nos relevos planos, (Fig3) praticamente toda a água da chuva entra no solo, propiciando condições para formação de solos profundos. Em relevos inclinados, grande parte da águaescorre pela superfície, favorecendo processos erosivos e dificultando a formação do solo, sendo tais áreas ocupadas, predominantemente, por solos raso.
As áreas com relevo abaciado, além das águas da chuva, também recebem aquelas provenientes das áreas inclinadas, tendendo a um acúmulo e favorecendo o aparecimento de banhados (várzeas), onde se formam os solos chamados de hidromórficos, ou seja, com excesso de água. Quando derivados de material de origem vegetal acumulado em áreas encharcadas, como banhados, os solos tendem a apresentar grandes quantidades de matéria orgânica (Figura4).
Fig3:Representação esquemática dos tipos de relevo que ocorrem na paisagem.
· Organismos: Os organismos que vivem no solo (vegetais, minhocas, insectos, fungos, bactérias, etc.) exercem papel muito importante na sua formação, visto que, além de seus corpos serem fonte de matéria orgânica, actuam também na transformação dos constituintes orgânicos e minerais. A vegetação exerce marcante influência na formação do solo pelo fornecimento de matéria orgânica, na protecção contra a erosão pela acção das raízes fixadas no solo, assim como as folhas evitam o impacto directo da chuva. Ao se decompor, a matéria orgânica libera ácidos que também participam na transformação dos constituintes minerais do solo. A fauna (representada por inúmeras espécies de minhocas, formigas, vermes, etc.) age na trituração e transporte dos resíduos vegetais no perfil do solo. Os fungos e as bactérias realizam o ataque microbiano, transformando a matéria orgânica fresca em húmus, o qual apresenta grande capacidade de retenção de água e nutrientes, o que é muito importante para o desenvolvimento das plantas que habitam o solo. 
· Tempo: Para a formação do solo, é necessário determinado tempo para actuação dos processos que levam à sua formação. O tempo que um solo leva para se formar depende do tipo de rocha, do clima e do relevo. Solos desenvolvidos a partir de rochas mais fáceis de ser intemperizadas formam-se mais rapidamente, em comparação com aqueles cujo material de origem é uma rocha de difícil alteração. Por exemplo, os solos derivados de quartzito (rocha rica em quartzo) demoram mais tempo para se formarem do que os solos originados de diabásio (rocha rica em ferro), por ser o mineral quartzo muito resistente ao intemperismo (alteração). Nos relevos mais inclinados (morros, montanhas), o tempo necessário para formação de um solo é muito mais longo, comparativamente aos relevos planos, uma vez que, nos primeiros, a erosão natural é muito maior. Percebe-se, ainda, que os solos mais velhos têm maior quantidade de argila que os jovens, isto porque, no transcorrer do tempo de formação, os minerais primários, herdados da rocha e que fazem parte das fracções mais grosseiras do solo (areia e silte), vão-se transformando em argila (fracção mais fina do solo). Quando originados de uma mesma rocha, os solos mais velhos apresentam, usualmente, menor quantidade de nutrientes, os quais são removidos em solução pelas águas das chuvas. É comum achar que todos os solos jovens são mais férteis que os solos velhos. Porém, um solo jovem será de baixa fertilidade se a rocha que lhe deu origem for pobre em nutrientes. 
	Mineral 
	Tempo 
	Quartz
	34.000.000
	Caulinita 
	6000000
	Muscovita
	2.600.0000
	Epidoto 
	923.000
	Microclineo 
	921.000
	Albite 
	575.000
	Biotita 
	38.000
	Gibssita 
	276.000
	Andesina 
	80.000
	Calcita 
	0.1
Tabela 1: Tempo aproximado calculado para a dissolução completa de uma esfera ou cubo com 1mm de diâmetro de vários minerais em solução diluída a pH 5 e 20ᵒC, com base em experimentos de laboratório. 
6. PROCESSOS DE FORMAÇÃO DO SOLO 
 São processos que produzem as modificações que ocorrem no solo devido à actuação dos factores de formação do solo. Consistem de adição, remoção ou perda, transformação e translocação. A acção mais ou menos pronunciada de um ou mais desses processos gerais conduz aos chamados processos específicos de formação do solo.
6.1 Adições: Compreende qualquer contribuição externa ao perfil do solo. Entre estas, consideram-se a adição de matéria orgânica (restos orgânicos de animais e vegetais), poeiras e cinzas trazidas pelo vento, materiais depositados tanto por enchentes como por movimentos de massa nas encostas, gases que entram por difusão nos poros do solo (CO2, O2, N2), adubos, correctivos, agros tóxicos, adição de solutos pela chuva.etc
6.2 Remoção ou perda: Durante o seu desenvolvimento os solos perdem materiais na forma sólida (erosão) e em solução (lixiviação). Em relevos muito inclinados os solos são mais rasos em decorrência da perda de materiais por erosão (Figura 4). A água da chuva solubiliza os minerais do solo os quais liberam elementos químicos (principalmente cálcio, magnésio, potássio e sódio) que são levados para as águas subterrâneas. Esse é um processo de perda denominado lixiviação. Em regiões com pouca chuva, as perdas desses elementos químicos são menos intensas, comparativamente à aquelas com maior precipitação. Essas perdas por lixiviação explicam a ocorrência de solos muito pobres (baixa fertilidade) mesmo sendo originados a partir de rochas que contêm grande quantidade de elementos nutrientes de plantas.
 6.3 Transformação: Durante o seu desenvolvimento os solos perdem materiais na forma sólida (erosão) e em solução (lixiviação). Em relevos muito inclinados os solos são mais rasos em decorrência da perda de materiais por erosão (Figura 4). A água da chuva solubiliza os minerais do solo os quais liberam elementos químicos (principalmente cálcio, magnésio, potássio e sódio) que são levados para as águas subterrâneas. Esse é um processo de perda denominado lixiviação. Em regiões com pouca chuva, as perdas desses elementos químicos são menos intensas, comparativamente àquelas com maior precipitação. Essas perdas por lixiviação explicam a ocorrência de solos muito pobres (baixa fertilidade) mesmo sendo originados a partir de rochas que contêm grande quantidade de elementos nutrientes de plantas.
As transformações ocorridas durante todos os estádios de desenvolvimento dos solos são mais intensas em regiões húmidas e quentes (zonas tropicais).
6.4 Transportes: Em decorrência da acção da gravidade e da evapotranspiração (perda de água das plantas e do solo pela acção do calor), pode ocorrer translocação de materiais orgânicos e minerais dentro do próprio solo. Essa movimentação pode se dar nos dois sentidos, ou, seja, de cima para baixo ou de baixo para cima. Em condições de clima com poucas chuvas, elementos químicos, como, por exemplo, o sódio, podem ser levados em solução para a superfície do solo e depositados na forma de sal. Em climas húmidos, ácidos orgânicos e partículas minerais de tamanho reduzido (argila) podem ser transportados pela água para os horizontes mais profundos do solo.
4. FORMAÇÃO DO PERFIL DE SOLO
O Perfil do Solo: é uma secção vertical que se inicia na superfície do solo até chegar à camada de rocha. E como dito, esse perfil pode ser constituído de diversos horizontes do solo, ou seja, as diferentes camadas que o constituem e são formadas pelos processos pedogenéticos (Figura 4).
Fig4: Perfil do solo com seus horizontes 
A formação do solo inicia-se a partir do momento em que o material de origem (rocha) é exposto na superfície terrestre, quando, então, passa a sofrer acção de agentes do clima, principalmente precipitação e temperatura, accionando processos de intemperismo ("apodrecimento" da rocha) (Figura 5-1). À medida que se intemperiza, a rocha vai desagregando e ficando mais porosa, passando a reter água e elementos químicos (cálcio, magnésio, potássio, sódio, ferro, etc, oferecendo condições de colonização por organismos pioneiros, como musgos, liquens, algas, etc. (Figura 5-2). Com o passar do tempo, o solo vai ficando mais espesso (Figura 5-3), permitindo a instalação de plantas de maior porte. Ao morrerem, esses organismos fornecem matéria orgânica (adição), que passa a ser incorporada continuamente ao solo, além de fornecer ácidos orgânicos,que aceleram o intemperismo. Os minerais primários (oriundos da rocha) sofrem transformações, alterando-se química e fisicamente e dando origem a novos minerais (minerais secundários), tais como: minerais silicatados e óxidos de ferro e alumínio. Abaixo da camada superficial mais escura do solo, a rocha continua se intemperizando e apresenta coloração vermelha graças à presença do ferro (Figura 5-4). Parte dos nutrientes (cálcio, magnésio, potássio, etc.), liberados desses minerais, também são "lavados" do solo (perdas). Pela acção da gravidade, partículas de argila suspensas em água e compostos orgânicos podem deslocar-se pelos poros do solo, possibilitando algum acúmulo em profundidade (transporte descendente) (Figura 5-5). Em climas secos, alguns sais são trazidos à superfície do solo (transporte ascendente), graças à evaporação da água. Assim, na Figura 5-1, o solo ainda não se formou, estando em desenvolvimento nas Figuras 5-2 até 5-4, e pode ser considerado praticamente em estádio final de desenvolvimento na Figura 5-5.
Com esta acção continuada dos processos pedogenéticos (transformações, perdas, transportes e adições), a massa inicial de rocha alterada homogénea passou a adquirir propriedades e características variáveis em profundidade (diferenciação vertical), tais como: cor, porosidade, conteúdo de matéria orgânica, etc., formando os horizontes do perfil do solo. Na Figura 5-5, observa-se que: a) O solo apresenta diferentes cores em profundidade; b) A parte superficial (A) é escurecida pela matéria orgânica; c) A porção central (B) exibe cor vermelha (ou amarelada, em alguns casos) por causa do ferro; d) Logo abaixo vem a rocha alterada (C) de cor vermelha e acinzentada; e) Por último, tem-se a rocha fresca (R), que ainda não foi alterada.
Fig 5: Sequência cronológica de evolução do perfil do solo. As letras A, B, C, R são os horizontes e camadas que constituem o solo
5. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS DO SOLO
As características morfológicas do solo utilizadas para a sua classificação: cor, textura, estrutura, porosidade, consistência:
5.1 Cor: as cores podem variar de acordo com o conteúdo do solo. 
Fig 6: variações das cores do sol. Definidos a partir da carta de cores de Munsell para Solos.
5.2 Textura: Diz respeito a distribuição de tamanho das partículas do solo (Figuras 6 e 7). O conhecimento da textura é importante pois fornece informação sobre o solo a respeito de: 
· Sua capacidade em permitir a movimentação da água (condutividade hidráulica)
· Sua capacidade em reter/armazenar água, 
· Seu potencial de fertilidade e,
· Sua capacidade mecânica 
	 Classificação granulométrica dos solos 
	Fracção 
	Diâmetro 
	Matacões 
	>20cm 
	Calhaus 
	20mm a 20cm 
	Cascalho 
	2 a 20mm
	Areia Grossa 
	0.2 a 2mm
	Areia fina 
	0.05 a 0.2mm
	Silte 
	0.002 a 0.5mm
	Argila
	<0.002mm
Tabela 2: Classificação granulométrica dos solos 
· A fracção areia: Diâmetro entre 0,05 e 2 mm; visíveis a olho nu; formato arredondado ou angular; sensação áspera ao tato; não tem coesão (não é plástico, nem pegajoso); baixa superfície específica; pobre em nutrientes; os poros formados entre as partículas de areia favorecem a drenagem e a aeração; armazena pouca água; as areias quartzosas têm coloração branca. Se o quartzo estiver misturado com outros minerais a coloração pode ser marrom. Algumas areias podem ser avermelhadas ou amareladas devido aos sesquióxidos.
· A fracção silte: Diâmetro entre 0,002 e 0,05 mm; partículas invisíveis a olho nu; sensação sedosa ao tato; é plástico, mas não é pegajoso quando molhado; retém mais água que a areia; facilmente lavável e sujeito à erosão; retém mais nutrientes que a areia. 
· A fracção argila: Diâmetro menor que 0,002 mm; possuem formato de lâminas planas ou pequenos flocos; as partículas de argila são colóides; sensação sedosa ao tato; é pegajoso e plástico (fácil de ser moldado); alguns tipos apresentam expansão e contração (argilas 2:1); alta superfície específica; formam espaços porosos pequenos; alta capacidade de retenção de água; grande capacidade de absorção de elementos químicos.
Fig7: Fracção areia, silte e argila, respectivamente.
A Classe textural é definida a partir das proporções das fracções areia (grossa + fina), silte e argila presente na amostra de solo (Figura 8). 
Ex: 60% areia; 30% silte e 10% argila.
Fig 8: Triângulo textural (Sociedade Brasileira de Ciência do Solo – SBCS), solo do exemplo (vermelho) apresenta a textura franca arenosa.
· Estrutura: Estrutura é o arranjo das partículas primárias do solo. A estrutura depende do grau de adesão e coesão das partículas durante o processo de intemperismo. A estrutura do solo é determinante para a porosidade do solo, ou seja, na distribuição e no tamanho dos poros. A estrutura pode ser: granular, prismática, colunar, blocos e laminar (Figura 9).
 
 
Fig 9: Tipos de estruturas de solo 
· Porosidade: O arranjo entre os componentes sólidos (física e quimicamente diferentes, e com formas e tamanhos variados) determina as características geométricas dos poros, nos quais a água e o ar se movimentam ou são retidos. A porosidade influencia directamente no movimento da água no solo. A porosidade determina a capacidade de armazenamento da água no solo (Figura 10). 
Fig 10: Porosidade de solos com textura contrastantes, maior capacidade de armazenamento de água no solo argiloso em relação ao solo arenoso.
· Consistência: Consistência é uma propriedade dos solos que reflecte as forças de coesão e de aderência, presentes nos solos sob diferentes graus de humidade. A consistência pode ser solta, friável, firme e muito firme.
Fig 11: Classes de consistência do solo seco.
O manuseio das amostras molhadas permite determinar a plasticidade e pegajosidade (ou aderência). 
· O solo plástico é aquele que permite o seu modelamento em rolos finos e sua compressão, sem que haja ruptura.
· Solos não plásticos: são aqueles que se esfarelam ao serem modelados, ocorrendo os estados intermediários (ligeiramente plástico e plástico). 
· Pegajosidade é definida pelo grau de aderência do material ao ser comprimido entre os dedos polegar e indicador. Ao se afastar os dedos percebe-se a maior ou menor resistência do material comprimido, caracterizando amostras não pegajosas, ligeiramente pegajosas, pegajosas ou muito pegajosas. 
· Friabilidade, que caracteriza a facilidade de ruptura da massa ao ser comprimida, definindo-se consistências soltas, friáveis e firmes. 
Finalmente, para o solo seco o parâmetro analisado é a tenacidade, que é a resistência da amostra ao se tentar esfarelá-la com os dedos. Definindo-se consistências entre macia, quando a amostra se desfaz entre os dedos, e muito dura, quando a amostra resiste inteira à pressão. A consistência do solo tem implicações directas em seu manejo.
7. PERFIL DO SOLO: HORIZONTES E NOMENCLATURA 
O Perfil do solo - corresponde a uma seção vertical que inicia na superfície do solo e termina na rocha, podendo ser constituído por um ou mais horizontes (Figura 12).
Horizontes do solo Horizontes do solo Horizontes do solo Horizontes do solo Horizontes do solo - são as diferentes camadas que constituem o solo, formadas pelos processos pedogenéticos (adições, perdas, transportes e transformações 1). Os horizontes e as camadas do solo são designados por letras maiúsculas - O, A, B, C e R.
 Fig 12: Representação esquemática dos principais horizontes do solo.
6.1 -Características dos principais horizontes do solo 
Horizonte H - É um horizonte orgânico, normalmente encontrado em áreas com excesso de água, como os banhados ou várzeas (Figura 12). O excesso de água inibe a acção dos microrganismos aeróbios (aqueles que necessitam de O2 para sobreviverem), limitando muito a decomposição da matéria orgânica. Então, temos a seguinte situação: estes ambientes apresentam grande produção e incorporação de matéria orgânica no solo e baixa velocidade de decomposição. Como resultado, verifica-se grande acúmulo de matéria orgânica no solo, bem como formação do horizonteH (horizonte espesso, rico em matéria orgânica e de coloração escura).
Horizonte O : Também é um horizonte orgânico. É simbolizado pela letra O pelo fato de ser a primeira letra da palavra orgânico. Como pode ser observado na Figura 12, o horizonte O é constituído por uma manta de folhas, galhos, flores, frutos, restos e dejectos de animais, depositados sobre o horizonte A. Pode ser encontrado em solos sob mata, sendo pouco expressivo ou inexistente em regiões de vegetação de campo. Decompõe-se rapidamente, quando o solo é submetido ao cultivo. A espessura é variável, estando condicionada principalmente pelo clima e pelo tipo de vegetação.
Horizonte A - Está abaixo do horizonte O, quando este existe, caso contrário é o horizonte superficial (Figura 12). É formado pela incorporação de matéria orgânica aos constituintes minerais do solo com os quais fica intimamente misturada. O conteúdo de matéria orgânica é mais baixo, quando comparado com o dos horizontes O e H, com teores raramente superiores a 10%, sendo por isso considerado um horizonte mineral. Este horizonte tem grande importância agrícola (local onde concentra a maior parte das raízes das plantas) e ambiental (horizonte superficial que primeiro recebe os poluentes depositados sobre o solo). Geralmente, tem coloração escura, graças à presença de matéria orgânica, a qual se encontra bastante mineralizada, ou seja, decomposta e transformada em húmus. A decomposição de raízes é a principal fonte de matéria orgânica para a formação deste horizonte. A sua espessura é variada (Figura 3) e depende do clima e da vegetação.
Horizonte B - Situa-se abaixo do horizonte A e sua cor é devida principalmente aos minerais de ferro da fracção argila, sendo as mais comuns vermelha, amarela ou vermelho-amarela O teor de matéria orgânica, bem como a actividade biológica, é menor do que o do horizonte A. Pode apresentar variações em relação à espessura (centímetros a vários metros), fertilidade, coloração, tipo e tamanho das estruturas, mineralogia e quantidade de areia, silte ou argila.
Horizonte C - Encontra-se abaixo do horizonte B. É a rocha intemperizada, podendo apresentar manchas de diversas cores.
Horizonte R - É a última camada do perfil e representa a rocha que ainda não foi intemperizada.
8. Componentes do solo:
O solo é uma mistura variável de componentes minerais: fragmentos da rocha matriz, minerais primários e secundários, substâncias amorfas; componentes orgânicos: fauna e flora do solo, raízes de plantas, resíduos de plantas intactos e em decomposição, substâncias húmicas recentemente formadas (húmus); Água e Ar. Sendo uma mistura de substâncias sólidas, líquidas e gasosas, o solo é um sistema de 3 fase.
Gráfico 1: Composição média de um solo
%	Água 	ar 	Minerais 	Matéria organica 	Poros 	25	25	44	5	1

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