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P2_Questionário IV (Aulas 18 a 23)

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ALUNO: João Paulo Balloni (NºUSP 5146732)
EAE – 416
FORMAÇÃO ECONÔMICA E SOCIAL DO BRASIL I
Prof. Dr. José Flávio Motta
QUESTIONÁRIO IV
(Aulas 17 a 23)
Tratado de Methuen - 1703
Transferência da corte portuguesa para o Brasil - 1808 - 1820
Tratados de 1810
Independência do Brasil - 1822 (7 de Setembro)
1. Na etapa em que se processou a gênese do capitalismo na Europa Ocidental, escreve Fernando Novais, houve “... a necessidade de pontos de apoio fora do sistema, induzindo uma acumulação que, por se gerar fora do sistema, Marx chamou de originária ou primitiva. Daí as tensões sociais e políticas provocadas pela montagem de todo um complexo sistema de estímulos. O mercantilismo foi, na essência, a montagem de tal sistema, e o sistema colonial mercantilista, sua peça fundamental, a principal alavanca na gestação do capitalismo moderno”. Explique, seguindo a interpretação de Novais, as razões pelas quais a referida peça fundamental transforma-se em obstáculo para o desenvolvimento capitalista, do que decorre a crise do antigo sistema colonial.
**NOVAIS - Caracterização e crise do Antigo Sistema Colonial
Retomando o conceito de “sentido profundo da colonização”, Novais desenvolve o argumento de que a colonização foi um mecanismo para a acumulação primitiva do capital necessário à consolidação do capitalismo moderno. A colonização surge como um desdobramento da expansão comercial européia: desenvolvem-se na América estruturas mais complexas que aquelas baseadas simplesmente na circulação de mercadorias, mas o objetivo precípuo desta maior complexidade permanece sempre o mesmo, a saber, o de atender ao mercado europeu, promovendo ali a acumulação do capital comercial.
O Antigo Sistema Colonial, desenvolvido a partir do “exclusivo comercial” e do escravismo, é parte de um sistema mais amplo, o Antigo Regime. As peças constituintes deste, entre as quais está, obviamente, o próprio sistema colonial, coadunam-se harmonicamente neste período da Idade Moderna. No plano político, vigora o Estado Absolutista; economicamente, temos o capitalismo comercial, com as relações mercadológicas sendo desenvolvidas mas ainda não dominando completamente todos os campos de ação dos indivíduos; socialmente, há uma sociedade ainda estamental, mas que já tem desenvolvido em seu terceiro estado uma diferenciação de classes, dentre as quais está a preponderante figura da burguesia.
Essas características do Antigo Regime complementam-se em diversos sentidos: o Estado absolutista faz-se necessário para levar adiante o capitalismo comercial, sendo essencial no processo de estabelecimento das práticas colonialista.
No entanto, as contradições também surgem começam a brotar das características apontadas. O desenvolvimento comercial tende a fortalecer a influência burguesa; no entanto, estando a sociedade baseada em estamentos, o burguês não pode experimentar maior poder político. Além disso, permanecendo a sociedade estamental, não raro tende o Estado a proteger elementos da nobreza a expensas dos interesses burgueses.
Assim, à medida que se desenvolve, o sistema colonial cria e fortalece contradições. Pelo lado das colônias, estas contradições também acirram-se continuamente. Para potencializar o processo de colonização, cujo objetivo precípuo, conforme tantas vezes salientado, é a acumulação primitiva de capital, as metrópoles têm de desenvolver nas colônias estruturas sócio-econômicas e políticas cada vez mais complexas. Assim, mesmo que se assuma um crescimento puramente extensivo das colônias, tem-se que novos interesses são criados nestas e não necessariamente coadunam-se perfeitamente com aqueles existentes na metrópole. Pelas palavras de Novais: “[...] a pouco e pouco se vão revelando oposições de interesse entre colônia e metrópole, e quanto mais o sistema funciona, mas o fosso se aprofunda”.
A aplicação das políticas mercantilistas também gera um caráter cada vez mais belicista entre as nações e a grande contradição que gerou a desagregação não apenas do sistema colonial, mas de todo o Antigo Regime, foi justamente a consolidação do capitalismo industrial a partir do capital acumulado pelas vias do colonialismo.
Tendo sido consolidada a forma mais avançada do capitalismo, ou seja, tendo-se processado a Revolução Industrial, o “exclusivo comercial” e o escravismo teriam de dar lugar a um regime de livres forças de mercado. Ou seja, para absorver o novo tipo de produção, as estruturas determinadas pelo sistema colonial não poderiam mais ser mantidas, justamente elas, que haviam tornado possível aquele desenvolvimento.
Por último, Novais observa que um sistema não precisa esgotar completamente suas possibilidades para entrar em crise. “Assim, não foi indispensável que se completasse a industrialização (no sentido da revolução industrial) de toda a economia central para que o sistema se desagregasse; bastou que o processo de passagem para o capitalismo industrial se iniciasse numa das metrópoles para que as tensões se agravassem de forma insuportável”.
2. A partir das considerações avançadas por Mircea Buescu, critique o trecho a seguir: “Dificilmente um observador que estudasse a economia brasileira pela metade do século XIX chegaria a perceber a amplitude das transformações que nela se operariam no correr do meio século que se iniciava. Haviam decorrido três quartos de século em que a característica dominante fora a estagnação ou a decadência. ... As fases de progresso, como a que conheceu o Maranhão, haviam sido de efeitos locais, sem chegar a afetar o panorama geral. A instalação de um rudimentar sistema administrativo, a criação de um banco nacional e umas poucas outras iniciativas governamentais constituíam ... o resultado líquido desse longo período de dificuldades” (FURTADO, Celso. Formação econômica do Brasil. 17.ed. São Paulo: Ed. Nacional, 1980, p. 110).
** FURTADO - Capítulo XVI
O Maranhão seria a única região a experimentar um rápido, ainda que não permanente, desenvolvimento econômico em fins do período colonial, enquanto as demais regiões enfrentavam sérias dificuldades.
	Já observamos que o desenvolvimento regional deu-se a partir da exploração da mão-de-obra indígena para a coleta das drogas do sertão e como houve, a partir desta busca pelo indígena, um forte conflito de interesses entre jesuítas e colonos. Tendo Pombal alcançado a proeminência política em Portugal (notar que Furtado assume o caráter de personalismo contra o qual tão veementemente opõe-se Jorge de Macedo) e iniciado a contenda contra os jesuítas, não é de se admirar que os colonos fossem grandemente beneficiados, não pela captura dos indígenas, que foi proibida durante a administração pombalina, mas pela criação de uma grande companhia comercial que fomentou um forte desenvolvimento daquela região, pobre ao longo de toda sua história.
	Algumas outras características fomentariam o desenvolvimento do Maranhão em fins do período colonial. A Guerra de Independência dos EUA fez com que o suprimento de algodão para a nascente indústria inglesa fosse cortado, o que estimulou a oferta brasileira deste produto desenvolvido na região maranhense (para o que contribuiu largamente a companhia comercial pombalina, sobretudo pelo importante financiamento de escravos negros). Posteriormente, a Revolução Francesa e as Guerras Napoleônicas estimulariam a exportação de outros produtos tropicais brasileiros que haviam estado em baixa no último quartel do século XVIII. No entanto, esta prosperidade fundamentava-se apenas em uma conjuntura especial que não tardaria a passar; daí as sérias dificuldades econômicas por que passaria o país quando de sua recém independência.
3. Comente, baseando-se na interpretação de Celso Furtado, a seguinte citação: “É verdade que, conforme cálculos ainda precários, porém aceitáveis, a renda “per capita” ficou estacionária entre 1800 e 1850, mas é justamente este fenômeno que é importante: depois de uma queda secular desta renda, ela deixa de cair entre 1800 e 1850, para começar a subir na segunda metade do século.O mesmo fato, apresentado dentro de uma perspectiva global, toma outra significação: não é mais uma simples estagnação, mas sim, o marco da mudança de direção. (...) A época de Mauá só foi possível graças à de Cairu.” (BUESCU, Mircea. História econômica do Brasil: pesquisas e análises. Rio de Janeiro: APEC, 1970, p. 231).
4. Explique as seguintes afirmações, de Olga Pantaleão: a) sobre a abertura dos portos: “A decisão, cuja importância não é preciso encarecer ─ bastando notar que ela quebrava o exclusivismo colonial e abria nova fase na história do Brasil ─ favorecia as nações amigas, em especial a Grã-Bretanha ...” (PANTALEÃO, Olga. A presença inglesa no Brasil. In: HOLANDA, Sérgio Buarque de, org. História Geral da Civilização Brasileira. 6.ed. São Paulo: DIFEL, 1985, vol. 3, p. 72); b) sobre o tratado de comércio e navegação de 1810: “O tratado de 1810 foi o preço pago por Portugal à Inglaterra pelo auxílio que dela recebera na Europa. Segundo Canning, por esse tratado, os ingleses recebiam “importantes concessões comerciais às expensas do Brasil”, em troca de “benefícios políticos marcantes conferidos à Mãe Pátria”. ... O governo português tinha os olhos no território europeu da Monarquia ao negociar o tratado. Mas a Inglaterra tinha-os voltados para o Brasil” (IDEM, p. 80-81).
5. Baseando-se na interpretação de Celso Furtado e tomando como ponto de partida as citações que se seguem, analise os efeitos, para a economia brasileira, do Tratado de Comércio e Navegação firmado, em 1810, entre Portugal e Inglaterra: a) “O tratado de 1810 aniquilava ainda o surto manufatureiro que se ia verificando no país, após a revogação, em 1808, do célebre decreto de D. Maria I, que proibia as indústrias no Brasil” (ROBERTO C. SIMONSEN); b) “... o privilégio aduaneiro concedido à Inglaterra e a posterior uniformização da tarifa ao nível de 15% ad valorem, numa etapa de estagnação do comércio exterior, criaram sérias dificuldades financeiras ao governo brasileiro” (CELSO FURTADO).
6. Elabore uma comparação entre a crítica à política metropolitana constante do “libelo” do desembargador Rodrigues de Brito, escrito em 1807, e os dizeres do manifesto do Príncipe Regente, redigido no palácio do Rio de Janeiro aos 7 de março de 1810, a seguir transcritos: “(...) para criar um Império nascente, fui servido adotar os princípios mais demonstrados de sã economia política, quais o da liberdade e franqueza do comércio, o da diminuição dos direitos das Alfândegas, unidos aos princípios mais liberais, e de maneira que promovendo-se o comércio, pudessem os cultivadores do Brasil achar o melhor consumo para os seus produtos, e que daí resultasse o maior adiantamento na geral cultura, e povoação deste vasto território do Brasil, que é o essencial modo de o fazer prosperar, e de muito superior ao sistema restrito e mercantil, pouco aplicável a um país, onde mal podem cultivar-se por ora as manufaturas, exceto as mais grosseiras, e as que seguram a navegação, e a defesa do Estado.”
7. Explore as implicações, para a emancipação política brasileira, dos movimentos revolucionários pré-independência, tomando como ponto de partida o trecho seguinte, extraído de carta escrita em Pernambuco, por João Lopes Cardoso, em 15 de junho de 1817: “os cabras, mulatos e crioulos andavam tão atrevidos que diziam que éramos todos iguais e não haviam de casar senão com brancas das melhores. (...) Vossa Mercê não suportava chegasse a Vossa Mercê um cabra, com o chapéu na cabeça e bater-lhe no ombro e dizer-lhe: ─ Adeus Patriota, como estais, dá cá tabaco, ora tomais do meu, como fez um cativo do Brederodes ao Ouvidor Afonso. [Cativo este que já recebera o justo castigo pela insolência:] já se regalara com 500 açoites.”
8. Comente a citação seguinte e, através dela, o processo de nossa emancipação política, com fundamento na caracterização dos limites do liberalismo e do nacionalismo no Brasil, efetuada por Emília Viotti da Costa: “na metáfora predileta dos periodistas e oradores patrióticos, representava-se o Brasil como escravo de Portugal. Os escravos parecem haver compreendido a hipocrisia do discurso patriótico. Se era para libertar o país da figurada escravidão portuguesa, por que não libertá-los também da autêntica escravidão brasileira?” Em junho de 1822, observou o “... barão de Roussin em correspondência para o ministro da Marinha francesa: „É já certo que não somente os brasileiros livres e crioulos desejam a independência política, mas mesmo os escravos, nascidos no país ou importados há vinte anos, pretendem-se crioulos brasileiros e falam de seus direitos à liberdade‟” (REIS, João José & SILVA, Eduardo. Negociação e conflito: a resistência negra no Brasil escravista. São Paulo: Companhia das Letras, 1989, p. 93-94).
9. Tomando como ponto de partida o texto seguinte, exponha os distintos interesses presentes no processo que teve por corolário nossa independência política: “se d. Pedro não pode ser taxado de lento nas decisões, isso aponta para o fato de que ele soube absorver o espírito de sua época, encarnando perfeitamente o novo papel que cabia ao chefe de Estado. Contudo, apesar de sua trajetória posterior em Portugal, tais características não o tornam um liberal. Desde as primeiras notícias do movimento constitucional, as opiniões que manifestou, ou que deixou escritas, revelam-no indignado com a usurpação da soberania a seu pai que as Cortes haviam promovido. Posteriormente, embora hesitante, por breve intervalo, entre obedecer ao Congresso ou permanecer no Brasil, logo aprendeu a jogar com os interesses
de coimbrãos e brasilienses, vendo no Império americano não só a possibilidade imediata de livrar-se do jugo da Assembléia, como a perspectiva futura de um Império dual, sobre o qual reinaria, após a morte de d. João VI, com redobrada autoridade e autonomia, de acordo com concepções derivadas ainda na maior parte do universo do Antigo Regime. Como resultado dessas contradições, o Império do Brasil não brotou das inspirações liberais que o período da Independência colocou em circulação, mas nasceu e foi calentado, mais propriamente, sob o signo do mesmo absolutismo ilustrado que forjara a idéia de império para conservar o que supunha sempre haver sido” (NEVES, Lúcia Maria Bastos Pereira das. Corcundas e constitucionais: a cultura política da independência, 1820-1822. Rio de Janeiro: Revan / FAPERJ, 2003, p. 418).
10. Discuta a citação seguinte: “A rigor, o que se origina do confronto entre o partido autonomista, de um lado, e o imperador e os centralistas locais, de outro, não é a mera oposição de uma província isolada, que insiste em manter seu autogoverno a despeito das medidas adotadas a partir de um centro qualquer de peregrinação. Antes, trata-se de um confronto entre dois projetos de nação para o que fora outrora o conjunto do território da América portuguesa.” (SILVA, Luiz Geraldo Santos da. O avesso da independência: Pernambuco, 1817-1824. In: MALERBA, Jurandir, org. A Independência Brasileira: novas dimensões. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006, p. 343-384).com redobrada autoridade e autonomia, de acordo com concepções derivadas ainda na maior parte do universo do Antigo Regime. Como resultado dessas contradições, o Império do Brasil não brotou das inspirações liberais que o período da Independência colocou em circulação, mas nasceu e foi acalentado, mais propriamente, sob o signo do mesmo absolutismo ilustrado que forjara a idéia de império para conservar o que supunha sempre haver
sido” (NEVES, Lúcia Maria Bastos Pereira das. Corcundas e constitucionais: a cultura política da independência, 1820-1822. Rio de Janeiro: Revan / FAPERJ, 2003, p. 418).

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