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Microeconomia: Princ´ıpios Ba´sicos Cap´ıtulo 2. Restric¸a˜o orc¸amenta´ria Escola de Po´s-Graduac¸a˜o em Economia 2009 Mestrado em Financ¸as e Economia Empresarial V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Outubro, 2009 1 / 21 To´picos cobertos 1 A restric¸a˜o orc¸amenta´ria 2 Dois bens geralmente bastam 3 Propriedade do conjunto orc¸amenta´rio 4 Como a reta orc¸amenta´ria varia 5 O numera´rio 6 Impostos, subs´ıdios e racionamento V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Outubro, 2009 2 / 21 A restric¸a˜o orc¸amenta´ria Suponhamos que haja um conjunto de bens entre os quais o consumidor possa escolher Representaremos a cesta do consumo do consumidor por (x1, x2) I x1 > 0 quantidade do bem 1 I x2 > 0 quantidade do bem 2 que o consumidor escolhera´ para consumir Conve´m representar a cesta do consumidor por um u´nico s´ımbolo x = (x1, x2) or X = (x1, x2) Suponhamos que podemos observar I os prec¸os dos bens (p1, p2) em “unidades moneta´ria” (units of account) I a quantidade de dinheiro m (em unidades moneta´ria) que o consumidor tem para gastar V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Outubro, 2009 3 / 21 A restric¸a˜o orc¸amenta´ria Definition A restric¸a˜o orc¸amenta´ria do consumidor e´ p1x1 + p2x2 6 m p1x1 e´ a quantidade de dinheiro que o consumidor gasta com o bem 1 p2x2 e´ a quantidade de dinheiro que o consumidor gasta com o bem 2 As cestas de consumo (x1, x2) que o consumidor pode adquirir sa˜o aquelas cujo custo na˜o e´ maior que m O conjunto de cestas x = (x1, x2) que o consumidor pode adquirir aos prec¸os p = (p1, p2) e renda m sera´ denominado o conjunto orc¸amenta´rio (budget set) B(p,m) = {x = (x1, x2) : p · x = p1x1 + p2x2 6 m} V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Outubro, 2009 4 / 21 Dois bens geralmente bastam Na vida real ha´ muitos bens para consumir Podemos tomar um dos bens como uma representac¸a˜o de todas outras coisas que o consumidor desejasse consumir Por exemplo, podemos fazer com que x1 represente o consumo de leite em litros Enta˜o podemos fazer com que x2 represente a quantidade de dinheiro que o consumidor pode usar para gastar nos outros bens Nessa interpretac¸a˜o, o prec¸o do bem 2 sera´ igual a 1 (prec¸o de uma unidade moneta´ria em unidades moneta´rias) p1x1 + x2 6 m Dizemos que o bem 2 representa um bem composto que simboliza tudo mais que o consumidor gostaria de consumir, a` excec¸a˜o do bem 1 V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Outubro, 2009 5 / 21 Propriedades do conjunto orc¸amenta´rio Definition A reta orc¸amenta´ria e´ o conjunto de cestas que custam exatamente m: p1x1 + p2x2 = m Quando p2 > 0 podemos rearrumar a equac¸a˜o da reta orc¸amenta´ria x2 = m p2 − p1 p2 x1 A quantidade do bem 2 que o consumidor poderia comprar se gastasse todo seu dinheiro no bem 2 seria m/p2 A quantidade do bem 1 que o consumidor poderia comprar se gastasse todo seu dinheiro no bem 2 seria m/p1 A inclinac¸a˜o p1/p2 da reta orc¸amenta´ria mede a taxa a` qual o mercado esta´ disposto a “substituir” o bem 1 pelo bem 2 V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Outubro, 2009 6 / 21 Propriedades do conjunto orc¸amenta´rio O conjunto orc¸amenta´rio e´ representado na seguinte figura V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Outubro, 2009 7 / 21 Propriedades do conjunto orc¸amenta´rio Suponhamos que o consumidor aumente seu consumo do bem 1 na quantidade ∆x1 Em que medida devera´ variar seu consumo de bem 2 para satisfazer sua restric¸a˜o orc¸amenta´ria? Usamos ∆x2 para indicar a variac¸a˜o no consumo do bem 2 p1x1 + p2x2 = m and p1(x1 + ∆x1) + p2(x2 + ∆x2) = m Temos que p1∆x1 + p2∆x2 = 0, i.e., ∆x2 ∆x1 = −p1 p2 ∆x2/∆x1 e´ a taxa a` qual o bem 2 pode ser substitu´ıdo pelo bem 1 sem deixar de satisfazer a restric¸a˜o orc¸amenta´ria V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Outubro, 2009 8 / 21 Propriedades do conjunto orc¸amenta´rio A inclinac¸a˜o da reta orc¸amenta´ria mede o custo de oportunidade de consumir o bem 1 Para consumir mais do bem 1, e´ preciso deixar de consumir um pouco de bem 2 Abrir ma˜o da oportunidade de consumir o bem 2 e´ o custo econoˆnico real de consumir mais do bem 1 V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Outubro, 2009 9 / 21 Como a reta orc¸amenta´ria varia Examinaremos primeiro as variac¸o˜es na renda O aumento da renda elevara´ o intercepto vertical, mas na˜o afetara´ a inclinac¸a˜o da reta V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Outubro, 2009 10 / 21 Como a reta orc¸amenta´ria varia O prec¸o do bem 1 aumenta, enquanto o prec¸o do bem 2 e a renda permanecem fixos V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Outubro, 2009 11 / 21 Como a reta orc¸amenta´ria varia Suponhamos que os prec¸os de ambos os bens sejam multiplicados por t A nova reta orc¸amenta´ria sera´ tp1x1 + tp2x2 +m ou p1x1 + p2x2 = m t Multiplicar ambos os prec¸os por uma constante t e´ o mesmo que dividir a renda pela mesma constante t Se multiplicarmos ambos os prec¸os por t e multiplicarmos a renda por t, a reta orc¸amenta´ria na˜o mudara´ V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Outubro, 2009 12 / 21 O numera´rio A reta orc¸amenta´ria e´ definida por dois prec¸os e um n´ıvel de renda Uma dessas varia´veis e´ redundante A reta orc¸amenta´ria p1x1 + p2x2 = m e´ exatamente a mesma reta que p1 p2 x1 + x2 = m p2 ou p1 m x1 + p2 m x2 = 1 Quando fixamos o prec¸o de um dos bens (prec¸os) em 1, costumamos nos referir a esse bem (prec¸o) como o bem (prec¸o) numera´rio O prec¸o do outro bem e a renda sa˜o medidos em unidades do bem numera´rio V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Outubro, 2009 13 / 21 Impostos, subs´ıdios e racionamento O governo pode impor um imposto sobre a quantidade: o consumidor tem que pagar ao governo um certa quantia por unidade do bem que comprar I Nos Estados Unidos, os consumidores pagam cerca de $0,15 por gala˜o de imposto federal de gasolina Um imposto sobre a quantidade de t unidades moneta´rias por unidade do bem 1 simplesmente altera o prec¸o do bem 1 de p1 para p1 + t I A reta orc¸amenta´ria fica mais ı´ngreme V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Outubro, 2009 14 / 21 Impostos, subs´ıdios e racionamento Outro tipo de imposto e´ um imposto sobre o valor: incide sobre o prec¸o do bem, e na˜o sobre a quantidade comprada desse bem I Se o imposto for de 6%, o bem cujo prec¸o original seja de $1 sera´ vendido por $1.06 Um imposto sobre o valor costuma ser expresso em termos percentuais Se o bem 1 tiver um prec¸o p1, mas estiver sujeito a um imposto sobre vendas com um taxa τ , o prec¸o efetivo para o consumidor sera´ de (1 + τ)p1 Impostos sobre o valor sa˜o tambe´m conhecidos como impostos ad valorem V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Outubro, 2009 15 / 21 Impostos, subs´ıdios e racionamento Um subs´ıdio e´ o contra´rio de um imposto No caso de um subs´ıdio de quantidade, o governo da´ ao consumidor uma quantia que depende da quantidade que o consumidor compre de bem Se o subs´ıdio fosse de s unidades moneta´rias por unidade de consumo do bem 1, o prec¸o do bem 1 seria de p1 − s, o que tornaria a reta orc¸amenta´ria menos inclinada Do mesmo modo, um subs´ıdio ad valorem baseia-se no prec¸o do bem subsidiado I Se o governo devolver $1 para cada $2 doados para caridade, essas doac¸o˜es estara˜o sendo subsid´ıadas a uma taxa de 50% Se o prec¸o do bem 1 for de p1 e esse bem beneficiar-se de um subs´ıdio ad valorem com um taxa σ, o prec¸o real do bem 1 para o consumidor sera´ de (1− σ)p1 V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Outubro, 2009 16 / 21 Impostos, subs´ıdios e racionamento Outro tipo de imposto ou subs´ıdio que o governo pode usar e´ um imposto ou subs´ıdio de montante fixo Se for um imposto, isso significa que o governo se apropria de uma quantia fixa de dinheiro, independente do comportamento do indiv´ıduo Um imposto de montante fixo faz com que a reta orc¸amenta´ria de um consumidor se desloque para dentro em virtude da reduc¸a˜oda renda moneta´ria Um subs´ıdio de montante fixo faz com que a reta orc¸amenta´ria de um consumidor se desloque para fora V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Outubro, 2009 17 / 21 Impostos, subs´ıdios e racionamento Os governos tambe´m podem impor racionamento Isso consiste em limitar o n´ıvel de consumo de algum bem a uma determinada quantidade I Na Segunda Guerra Mundial, o governo americano racionou alguns alimentos, como a manteiga e a carne Suponhamos que o bem 1 esteja racionado de modo que o consumidor na˜o possa consumir mais que x1 V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Outubro, 2009 18 / 21 Impostos, subs´ıdios e racionamento Ha´ vezes em que os impostos, os subs´ıdios e o racionamento sa˜o combinados Imaginos uma situac¸a˜o em que o consumidor possa consumir o bem 1 pelo prec¸o p1 ate´ o limite x1, ale´m do qual passera´ a pagar uma taxa t pelo consumo ale´m de x1 V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Outubro, 2009 19 / 21 Variac¸o˜es na reta orc¸amenta´ria Analisaremos no pro´ximo cap´ıtulo como o consumidor escolhe uma cesta de consumo o´tima a partir do seu conjunto orc¸amenta´rio Podemos observar que a escolha o´tima do consumidor na˜o mudara´ quando multiplicamos todos os prec¸os e a renda por um nu´mero positivo I uma inflac¸a˜o perfeitamente esta´vel–ou seja, aquela em que todos os prec¸os e a renda elevam-se a` mesma taxa–na˜o altera o conjunto orc¸amenta´rio e, portanto tambe´m na˜o pode alterar a escolha o´tima Suponhamos que a renda do consumidor aumente e que todos os prec¸os permanec¸am os mesmos I O consumidor devera´ estar mais pro´spero Do mesmo modo, se um prec¸o baixa enquanto os outros na˜o se alteram, o consumidor tem de estar ta˜o pro´spero quanto antes V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Outubro, 2009 20 / 21 Resumo 1 O conjunto orc¸amenta´rio consiste em todas as cestas de bens que o consumidor pode adquirir em determinados n´ıveis de prec¸os e de renda 2 Escrita sob a forma p1x1 + p2x2 = m, a reta orc¸amenta´ria tem uma inclinac¸a˜o −p1/p2, um intercepto vertical m/p2 e um intercepto horizontal m/p1 3 Variac¸o˜es: I O aumento da renda desloca a reta orc¸amenta´ria para fora I O aumento do prec¸o do bem 1 torna-a mais inclinada I O aumento do prec¸o do bem 2 faz com que fique menos inclinada 4 Os impostos, os subs´ıdios e o racionamento mudam a inclinac¸a˜o e a posic¸a˜o da reta orc¸amenta´ria porque alteram os prec¸os pagos pelo consumidor V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Microeconomia Outubro, 2009 21 / 21 Main Talk
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