Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Estruturas Organizacionais: Conceitos APRESENTAÇÃO Nesta Unidade de Aprendizagem, trabalharemos aspectos macro que influenciam no comportamento humano: as estruturas organizacionais. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Analisar a estrutura organizacional e seus possíveis impactos sobre o comportamento organizacional. • Identificar os processos fundamentais na estrutura organizacional (divisão do trabalho e coordenação). • Reconhecer os elementos da estrutura organizacional.• DESAFIO Algumas organizações buscam padronização e controle. Outras, preferem ser mais flexíveis, reduzir o controle e a hierarquia da empresa. Alguns autores, como Mintzberg, sugerem que cada estrutura é eficaz para um tipo de negócio. Pensando nisso, algumas organizações acabam resistindo a possíveis mudanças em suas estruturas organizacionais a fim de manter a ordem e o bem-estar não só da organização, como dos trabalhadores. Com base nisso, leia o texto abaixo e responda às questões seguintes. Uma empresa na área de distribuição de alimentos iniciou suas atividades com apenas uma unidade localizada no interior de Minas Gerais. Acompanhe na imagem a seguir a estrutura da empresa e seu crescimento ao longo de 15 anos. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Para resolver esta situação, o presidente da empresa decidiu contratar você para auxiliá-lo em uma possível solução para a estrutura da empresa, desde que não perdesse a característica de ser plana, ou seja, poucos níveis hierárquicos. Qual solução você adotaria para o presidente ganhar a “liberdade” desejada? Quais os efeitos positivos e negativos que você considera que sua ação vai promover? INFOGRÁFICO Entenda mais sobre estrutura organizacional! Confira o infográfico! CONTEÚDO DO LIVRO O comportamento organizacional pode ser compreendido a partir de elementos macro que o determinam, como é o caso das estruturas organizacionais. Acompanhe a discussão nos trechos selecionados do livro Comportamento Organizacional, de McShane e Von Glinow. Boa leitura. Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094 M175c McShane, Steven L. Comportamento organizacional : conhecimento emergente, realidade global [recurso eletrônico] / Steven L. McShane, Mary Ann Von Glinow ; tradução : Francisco Araújo da Costa. – 6. ed. – Porto Alegre : AMGH, 2014. Editado também como livro impresso em 2014. ISBN 978-85-8055-404-5 1. Comportamento organizacional. I. Von Glinow, Mary Ann. II. Título. CDU 005.32 McShane_Iniciais_6ed_eletronica.indd iiMcShane_Iniciais_6ed_eletronica.indd ii 28/07/14 13:4328/07/14 13:43 13 Elaboração de Estruturas Organizacionais Três décadas atrás, Larry e Bobbie Mer- ritt compraram a The Cake Box, uma pe- quena empresa situada em uma lojinha de 42 m² em Tulsa, Oklahoma. Ninguém mais trabalhava nela além do casal. “Eu fazia os bolos e a Bobbie os decorava no final”, lembra Larry. As vendas eram fracas até que adicionaram bolinhos de canela e compraram uma loja de ros- quinhas na esquina um ano depois. O nome mudou para Merritt’s Bakery. Os dois contrataram alguns funcionários para ajudá-los com as vendas à medida que o negócio crescia. Depois de doze anos, a Merrit’s Bakery se mudou para uma área de 560 m² no outro lado da rua. As vendas não pararam de crescer, e os clientes faziam fila na calçada à espera dos produtos saídos diretos do forno. “Muita gente pensaria que isso era um sucesso, mas estávamos fracassando”, afirma Bobbie Merritt. O problema é que o casal não conseguia assar seus produtos com rapidez suficiente e não queria delegar a produção para os funcionários. Depois de trabalhar 20 horas seguidas muitas e muitas vezes, eles reconheceram que precisavam ser gerentes, não confeiteiros. Os dois criaram um plano para expandir a empresa e definiram uma estrutura organizacional que formalizava funções e responsabilidades. Quando uma segunda Merritt’s Bakery abriu no ou- tro lado da cidade, cada loja contratou um gerente, um responsável pela produção, um terceiro funcionário res- ponsável por decoração de bolos e confeitos e alguém para cuidar das vendas. Larry trabalhava na padroni- zação da qualidade, treinando a equipe de confeitaria em cada loja. “Como é tão difícil encontrar confeiteiros qualificados hoje em dia, quero passar mais tempo en- sinando e desenvolvendo nossos produtos”, ele afirmou na época. Christian Merritt, filho de Larry e Bobbie, entrou para a empresa após vários anos trabalhando com engenharia e hoje é diretor de operações da confeitaria. Uma terceira loja foi inaugurada e a produção foi transferida para um edifício em vez de funcionar em cada loja. Centralizar a produção ajudou a empresa a melhorar sua qualidade e eficiência. Enquanto isso, as lojas se tornaram restaurantes com cardápios que incluem café da ma- nhã quente e almoço. Hoje, a Merritt’s Bakery emprega mais de 80 funcionários e recentemen- te contratou um diretor de marketing. A empresa introduziu mais padronização, como fluxogramas que orientam os funcionários em diversos aspectos de seus deveres sem a necessidade de su- pervisão direta. Os programas de trei- namento desenvolvem os funcionários para cada função especializada na loja e na produção. “Estamos recém começando a esta- belecer as bases para tratar a Merritt’s Bakery como um negócio, com diver- sos setores que administramos de lon- ge”, conta Christian Merritt. “Estamos presentes, mas desligados. Colocamos a mão em muita coisa, mas é na administração das lojas, não na sua operação”. 1 A Merritt’s Bakery avançou muito desde seu começo humilde, quando era apenas uma confeitaria pequena em Tulsa, Oklahoma. Nessa jornada, os proprietários Lar- ry e Bobbie Merritt descobriram que o crescimento bem- -sucedido de um negócio depende, em parte, de criar uma estrutura organizacional que apoie o processo e a estratégia de negócio. Estrutura organizacional se refere à divisão do trabalho e também aos padrões de coorde- nação, comunicação, fluxo de trabalho e poder formal que norteiam as atividades organizacionais. Ela também dita quais atividades recebem maior atenção e recursos financeiros, poder e informação. Por exemplo, a Merritt’s Bakery criou uma estrutura funcional e desenvolveu di- versos mecanismos de coordenação para garantir que todos trabalhem em uníssono em prol dos objetivos da organização. O tema da estrutura organizacional normalmente su- gere imagens de organogramas, mas esse diagrama é apenas parte do quebra-cabeça. A estrutura organizacio- nal inclui relações hierárquicas, mas também tem a ver com a concepção das tarefas, o fluxo de informações, as PARTE IV Estrutura da Merrit’s Bakery teve de crescer. McSchane_13.indd 341McSchane_13.indd 341 23/06/14 14:3023/06/14 14:30 342 PARTE IV Processos Organizacionais DIVISÃO DO TRABALHO E COORDENAÇÃO Todas as estruturas organizacionais incluem dois requisitos fundamentais: a divisão do tra- balho em tarefas distintas e a coordenação do trabalho para que os funcionários atinjam ob- jetivos comuns.3 As organizações são definidas como grupos de pessoas que trabalham de modo interdependente com algum propósito. Para atingir seus objetivos de maneira eficiente, esses grupos costumam dividir o trabalho em blocos gerenciáveis, particularmente quando há muitas tarefas a realizar, e introduzir diversos mecanismos de coordenação para assegurar que todos trabalhem de maneira eficaz com os mesmos objetivos. Divisão do trabalho Divisão do trabalho se refere à subdivisão do trabalho em tarefas distintas atribuídas a pes- soas diferentes. O trabalho subdividido leva à especialização do trabalho, pois cada função inclui um conjunto restrito de tarefas necessárias para concluir o produto ou serviço. A Merritt’s Bakery organizaos funcionários em cerca de uma dúzia de trabalhos específicos para atender os clientes, produzir os bolos e confeitos e administrar os restaurantes. À me- dida que as empresas vão ficando maiores, essa divisão horizontal do trabalho geralmente é acompanhada de sua divisão vertical: algumas pessoas são designadas para a tarefa de supervisionar os funcionários, outras são responsáveis por gerir esses supervisores, e assim por diante. Por que as empresas dividem em diversas funções o trabalho necessário para operar uma confeitaria? Como descrevemos em um capítulo anterior, a especialização do tra- balho aumenta sua eficiência.4 Os funcionários com experiência em uma função podem dominar suas tarefas mais rapidamente, pois os ciclos de trabalho são mais curtos. Menos tempo é desperdiçado trocando de uma tarefa para a outra. Os custos de treinamento são reduzidos, pois os funcionários precisam de menos habilidades físicas e mentais para completar o trabalho designado a eles. Finalmente, a especialização facilita o processo de encontrar pessoas com aptidões ou habilidades específicas e alocá-las às funções mais apropriadas. Apesar de uma pessoa sozinha conseguir preparar, servir e vender produtos alimentícios em cada loja da Merritt’s Bakery, isso demoraria muito mais do que se algu- OA1 normas e regras de trabalho, a dinâmica de equipe e as relações de poder. Assim, a estrutura da organização é um instrumento importante no conjunto de ferramentas do executivo para a mudança organizacional, pois estabelece novos padrões de comunicação e alinha o comportamen- to do funcionário com a visão da empresa. 2 Por exemplo, a Merritt’s Bakery reorganizou as re- lações de reporte e padrões de comunicação quando transferiu a equipe de confeitaria para uma instalação de produção centralizada. Com essa mudança na estrutura organizacional, a empresa conseguiu especializar as fun- ções de produção; por exemplo, agora os funcionários são treinados em diferentes níveis de decoração de bolos. A empresa também conseguiu aumentar sua eficiência com mais trabalho padronizado e melhorar o controle su- pervisório, pois os confeiteiros têm conjuntos de habilida- des comuns. Este capítulo começará introduzindo dois processos fundamentais na estrutura organizacional: divisão do trabalho e coordenação. A seguir, realizaremos uma in- vestigação detalhada dos quatro elementos principais da estrutura organizacional: amplitude de controle, centrali- zação, formalização e departamentalização. A última parte deste capítulo examinará as contingências do projeto or- ganizacional, incluindo o ambiente externo, o tamanho da organização, a tecnologia e a estratégia. Objetivos de aprendizagem Após ler este capítulo, você deve ser capaz de: OA1 Descrever três tipos de coordenação nas estrutu- ras organizacionais. OA2 Discutir a função e os efeitos da amplitude de controle, centralização e formalização e relacionar esses elementos às estruturas organizacionais or- gânicas e mecanicistas. OA3 Identificar e avaliar seis tipos de departamentali- zação. OA4 Explicar como o ambiente externo, o tamanho da organização, a tecnologia e a estratégia são relevantes quando se projeta uma estrutura orga- nizacional. estrutura organizacional Divisão do trabalho e padrões de coordenação, comunica- ção, fluxo de trabalho e poder formal que norteiam as ativi- dades organizacionais. McSchane_13.indd 342McSchane_13.indd 342 23/06/14 14:3023/06/14 14:30 CAPÍTULO 13 Elaboração de Estruturas Organizacionais 343 mas pessoas preparassem a comida, outras a servissem para os clientes e um terceiro grupo cuidasse do marketing, compras, contabilidade e outras funções. Alguns funcionários são ótimos no atendimento dos clientes, enquanto outros sabem muito mais sobre como de- corar um bolo de casamento. Coordenação das atividades de trabalho Quando as pessoas dividem o trabalho, elas necessitam de mecanismos de coordenação para garantir que todas trabalhem de maneira articulada. A coordenação está tão intimamente ligada à divisão do trabalho que o nível ideal de especialização é limitado pela viabilidade de coordenar o trabalho. Em outras palavras, a capacidade de uma organização de dividir o tra- balho entre as pessoas depende de quanto estas conseguem se coordenar umas com as outras. Sem isso, o esforço individual é desperdiçado em virtude do desalinhamento, da duplicação e das tarefas realizadas na hora errada. A coordenação também tende a se tornar mais cara e difícil à medida que a divisão do trabalho aumenta, logo, as empresas especializam as funções apenas até o ponto em que não seja caro demais ou tão desafiador coordenar as pessoas em suas funções.5 Toda organização, desde a loja de conveniência da esquina com dois funcionários até a maior entidade empresarial, usa um ou mais dos seguintes mecanismos de coordenação:6 comunicação informal, hierarquia formal e padronização (ver Figura 13.1). Essas formas de coordenação alinham o trabalho dos funcionários em um mesmo departamento e também entre as unidades de trabalho. Esses mecanismos de coordenação também são fundamentais quando várias organizações trabalham juntas, como nos empreendimentos conjuntos e pro- gramas de ajuda humanitária.7 Coordenação por meio da comunicação informal Todas as organizações dependem da comunicação informal como mecanismo de coordenação. O processo inclui compartilhar informações sobre tarefas mútuas e formar modelos mentais comuns para que os funcioná- rios sincronizem as atividades de trabalho utilizando o mesmo mapa mental.8 A comunicação informal é um processo vital nas situações não rotineiras e ambíguas, pois os funcionários podem trocar um grande volume de informações mediante a comunicação presencial e ou- tros canais de mídia rica. A coordenação por meio da comunicação informal é mais fácil nas empresas pequenas, embora as tecnologias da informação tenham alavancado mais esse mecanismo também nas organizações maiores.9 As empresas que empregam milhares de pessoas também apoiam a comunicação informal ao manterem pequeno cada local de produção. A Magna Interna- tional, fabricante mundial de autopeças, mantém suas fábricas em um tamanho máximo de 200 funcionários, pois seus líderes acreditam que os membros da equipe têm dificuldade de lembrar os nomes uns dos outros nas instalações maiores, uma situação que torna a comuni- cação informal mais difícil como um mecanismo de coordenação.10 FORMA DE COORDENAÇÃO DESCRIÇÃO SUBTIPOS/ESTRATÉGIAS Comunicação informal Compartilhamento de informações em tarefas mútuas; formação de modelos mentais comuns para sincronizar atividades de trabalho • Comunicação direta • Funções de ligação • Funções integradoras • Equipes temporárias Hierarquia formal Designar poder legítimo a indivíduos, que então o utilizam para dirigir processos de trabalho e alocar recursos • Supervisão direta • Canais de comunicação formais Padronização Criação de padrões de comportamento ou de resultado • Habilidades padronizadas • Processos padronizados • Resultados padronizados FIGURA 13.1 Mecanismos de coordenação nas organizações. Fontes: Baseado em informações de J. Galbraith, Designing Complex Organizations (Reading, MA: Addison-Wesley, 1973), pp. 8–19; H. Mintzberg, The Structuring of Organizations (Englewood Cliffs, NJ: Prentice Hall, 1979), Ch. 1; D.A. Nadler and M.L. Tushman, Competing by Design: The Power of Organizational Architecture (New York: Oxford University Press, 1997), Ch. 6. McSchane_13.indd 343McSchane_13.indd 343 23/06/14 14:3023/06/14 14:30 344 PARTE IV Processos Organizacionais As organizações maiores também incentivam a coordenação pela comunicação informal ao atribuir papéis de colaboração aos funcionários, dos quais se espera que comuniquem e compartilhem informações com os colegas em outras unidades de trabalho. Nos lugares em que a coordenação se faz necessária entre as várias unidades de trabalho,as empresas criam funções integradoras. As pessoas que as desempenham são responsáveis por coordenar um processo de trabalho que incentive os funcionários em cada unidade de trabalho a comparti- lhar informações e coordenar informalmente as atividades de trabalho. Os integradores não têm autoridade sobre as pessoas envolvidas nesse processo, então têm de contar com a per- suasão e o comprometimento. Os gestores de marca na Procter & Gamble possuem funções integradoras porque coordenam o trabalho entre os grupos de marketing, produção e design.11 Outra maneira das grandes organizações incentivarem a coordenação por meio da comu- nicação informal é pela organização dos funcionários de vários departamentos em equipes temporárias. A engenharia simultânea aplica essa estratégia de coordenação no desenvolvi- mento de produtos ou serviços. A engenharia simultânea consiste geralmente em uma equipe de projeto multifuncional com pessoas de vários departamentos funcionais, como engenharia de projeto, produção, marketing e compras. Ao serem alocados a uma equipe, em vez de tra- balharem em seus departamentos especializados habituais, esses funcionários têm mais auto- ridade e oportunidade para se coordenar entre si usando a comunicação informal. Quando o engenheiro de projeto começa a formular as especificações do produto, os representantes da produção, engenharia, marketing, compras e outros departamentos podem opinar e também começar a contribuir para o processo. Com a coordenação por meio da comunicação infor- mal rica em informações, as equipes de engenharia simultânea tendem a gerar produtos de qualidade mais elevada com muito menos tempo de desenvolvimento em comparação com as situações nas quais os funcionários trabalham em seus próprios departamentos e coordenam suas tarefas por outros meios.12 Coordenação por meio da hierarquia formal A comunicação informal é o modo mais flexível de coordenação, mas pode se tornar caótica com o aumento do número de funcioná- rios. Por consequência, à medida que crescem, as organizações dependem cada vez mais de um segundo mecanismo de coordenação: a hierarquia formal.13 A hierarquia concede poder legítimo aos indivíduos, que por sua vez o utilizam para direcionar processos de trabalho e alocar recursos. Em outras palavras, o trabalho é coordenado por meio da supervisão direta, a cadeia de comando. Por exemplo, cada loja da Merritt’s Bakery possui um gerente e, em geral, um gerente-assistente responsáveis por garantir que os funcionários realizem suas respectivas tarefas e coordenem corretamen- te suas atividades uns com os outros em cada turno de trabalho. Um século atrás, os estudiosos da admi- nistração aplaudiam a hierarquia formal como o melhor mecanismo de coordenação para as grandes organizações. Eles argumentavam que as organizações são mais eficazes quando os gestores exercem sua autoridade e os funcio- nários recebem ordens apenas de um supervi- sor. A cadeia de comando, na qual as informa- ções fluem entre unidades de trabalho apenas através de supervisores e gerentes, era conside- rada a espinha dorsal da força organizacional. Apesar de ainda ser importante, a hie- rarquia formal é muito menos popular hoje em dia. Uma preocupação é que ela não tem agilidade na coordenação das situações com- plexas e novas. A comunicação pela cadeia de comando raramente é tão rápida ou precisa quanto a comunicação direta entre os funcio- nários. Por exemplo, o desenvolvimento de Coordenação por Meio de Microgestão14 de 524 funcionários americanos entrevistados afirmaram que ocasional ou frequentemente se sentem microgeridos por seus chefes. 37% de 150 executivos sênior nas 1.000 maiores empresas do país identificaram a microgestão como tendo o impacto mais negativo no moral dos funcionários (terceiro maior fator após falta de comunicação e reconhecimento). 17% de 434 gerentes de recursos humanos afirmaram que os funcionários mais jovens reclamam da microgestão por parte dos gerentes mais velhos. 44% de 434 gerentes de recursos humanos afirmaram que os gerentes mais velhos reclamam que os funcionários mais jovens não respeitam a hierarquia organizacional. 35% de 500 funcionários americanos disseram que trabalham para um “microgestor”. 25% de 11.045 funcionários americanos entrevistados identificaram a microgestão como a barreira mais significativa à sua produtividade. 9% McSchane_13.indd 344McSchane_13.indd 344 23/06/14 14:3023/06/14 14:30 CAPÍTULO 13 Elaboração de Estruturas Organizacionais 345 produtos, em geral uma atividade nova e complexa, tende a ocorrer mais rapidamente e a produzir resultados de maior qualidade quando as pessoas coordenam suas atividades princi- palmente por meio da comunicação informal em vez da hierarquia formal. Outra preocupação com a hierarquia formal é que os gestores podem supervisionar mais de perto apenas uma quantidade limitada de funcionários. À medida que o negócio cresce, o número de superviso- res e camadas de gestão tem de aumentar, resultando em uma burocracia cara. Finalmente, os funcionários contemporâneos exigem mais autonomia sobre suas atividades e mais envolvi- mento com as decisões da empresa. Os processos de coordenação da hierarquia formal tendem a entrar em conflito com a autonomia e envolvimento dos funcionários. Coordenação por meio da padronização A padronização, o terceiro meio de coordenação, envolve a criação de padrões de comportamento ou de resultado, e assume três formas distintas: • Processos padronizados. A qualidade e a consistência de um bem ou serviço muitas vezes podem ser aprimoradas pela padronização das atividades de trabalho median- te procedimentos e descrições de função.15 A Merritt’s Bakery usa organogramas para padronizar os processos de trabalho para muitas de suas atividades. Esse mecanismo de coordenação é viável quando o trabalho é rotineiro (por exemplo, na produção em massa) ou simples (por exemplo, fazer cupcakes), mas é menos eficaz no trabalho não rotineiro e complexo, como o design de produtos. • Resultados padronizados. Essa forma de padronização envolve garantir que os indiví- duos e as unidades de trabalho tenham objetivos e medidas de resultados claramente definidos (ex.: satisfação do cliente ou eficiência da produção). Por exemplo, para coor- denar o trabalho dos vendedores, as empresas atribuem metas de vendas em vez de comportamentos específicos. • Habilidades padronizadas. Quando as atividades de trabalho são complexas demais para serem padronizadas mediante processos ou objetivos, as empresas costumam coordenar o esforço de trabalho treinando intensamente os funcionários ou contratan- do quem tenha aprendido os comportamentos exatos da função em programas educa- cionais. A Merritt’s Bakery também utiliza esse mecanismo de coordenação, treinando a equipe de produção para que os bolos e confeitos sejam produzidos com altíssima qualidade. Ela também treina a equipe da loja para que as interações com os clientes sejam consistentes e profissionais. O treinamento é especialmente crítico enquanto me- canismo de coordenação nas salas de cirurgia. Os cirurgiões, os profissionais de enfer- magem e outros coordenam seu trabalho mais pelo treinamento do que pelos objetivos ou pelas regras da empresa. A divisão do trabalho e a coordenação do trabalho representam os dois ingredientes funda- mentais para o funcionamento de todas as organizações. Mas, como o trabalho é dividido, quais mecanismos de coordenação são enfatizados, quem toma as decisões e outras questões estão relacionadas aos quatro elementos da estrutura organizacional. ELEMENTOS DA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL A estrutura organizacional possui quatro elementos que se aplicam a todas as organizações. Esta seção apresentará três deles: amplitude de controle, centralização e formalização. O quarto elemento, a departamentalização, será abordado na próxima seção. Amplitude de controle A amplitude de controle (também chamada de amplitudede gestão) se refere ao número de pessoas que se reportam diretamente ao próximo nível na hierarquia. Uma ampli- tude de controle estreita existe quando um número muito pequeno de pessoas se reporta diretamente a um gestor, enquanto uma amplitude grande existe quando um gestor tem muitas pessoas se reportando a ele.16 Um século atrás, o engenheiro francês e estudioso da administração Henri OA2 engenharia simultânea Organização dos funcionários provenientes de vários de- partamentos em uma equipe temporária com o propósito de desenvolver um produto ou serviço. amplitude de controle O número de pessoas que se re- portam diretamente ao próximo nível na hierarquia. McSchane_13.indd 345McSchane_13.indd 345 23/06/14 14:3023/06/14 14:30 346 PARTE IV Processos Organizacionais Fayol recomendou veementemente uma amplitude de controle relativamente estreita, com não mais do que 20 funcionários por supervisor e seis supervisores por gestor. Fayol defen- dia a hierarquia formal como mecanismo de coordenação primário, então acreditava que os supervisores deveriam monitorar e treinar os funcionários de perto. Suas opiniões eram semelhantes às de Napoleão, segundo o qual cinco oficiais subordinados seria a amplitude de controle máxima para os líderes mais graduados. Essas recomendações se baseavam na ideia de que os gestores simplesmente não conseguiam monitorar e controlar nenhum subordina- do a mais com proximidade satisfatória.17 Hoje em dia, sabemos que não é bem assim. As fábricas com melhor desempenho da atua- lidade têm uma média de 38 funcionários de produção por supervisor (ver Figura 13.2).18 Qual é o segredo? Será que Fayol, Napoleão e outros calcularam mal a amplitude de controle ideal? A resposta é que os simpatizantes do controle hierárquico acreditavam que os funcionários de- viam realizar as tarefas físicas, enquanto os supervisores e outros funcionários administrativos deviam tomar as decisões e monitorar os demais funcionários para garantir que realizassem as tarefas. Contudo, as operações de produção com melhor desempenho atualmente se baseiam em equipes autodirigidas, de modo que a supervisão direta (hierarquia formal) é suplementada com outros mecanismos de coordenação. As equipes autodirigidas se coordenam principal- mente por meio da comunicação informal e de diversas formas de padronização (ou seja, trei- namento e processos), com a hierarquia formal desempenhando uma função mais secundária. Muitas empresas que empregam médicos, advogados e outros profissionais têm uma am- plitude de controle maior porque esses membros da equipe coordenam seu trabalho princi- palmente pelas habilidades padronizadas. Por exemplo, mais de duas dezenas de pessoas se reportam diretamente a Cindy Zollinger, cofundadora e presidente da empresa de consultoria em processos judiciais Cornerstone Research, sediada em Boston, Estados Unidos. Zollinger afirma que esse grande número de pessoas que se reportam a ela é possível porque lidera pro- fissionais que não requerem supervisão estreita. “Eles praticamente se autodirigem”, explica Zollinger. “Eu os ajudo a lidar com os obstáculos que enfrentam ou no aproveitamento da maioria das oportunidades que encontram”19 Um segundo fator que influencia a melhor amplitude de controle é se os funcionários exe- cutam tarefas rotineiras. Uma amplitude de controle maior é possível quando os funcionários Napoleão (Ger. máx.: 1815) Oregon (Real: 2011) Fayol (Ger. máx.: 1916) Urwick (Ger. máx.: 1937) Seattle (Real: 2005) Saratoga Institute (Levantamento: 2001) Condado de Multnomah (Real: 2009) Estado do Texas (Lei: 2003) Estado de Iowa (Real: 2007) Estado de Iowa (Meta: 2007) Governo dos EUA (Meta: 1999) Fayol (Não ger. máx.: 1916) Fedex (Real: 2008) Tom Peters (Min.: 1988) Melhores fábricas dos EUA (Levantamento: 2000) 5 5,7 6 6 6,8 7,02 8,2 11 11 12 15 20 25 25 38 0 2010 30 40 FIGURA 13.2 Amplitudes de controle recomendadas, reais e aplicadas20. Os números representam a quantidade média de relações de subordinação direta por gestor. Os valores “Máx” representam a amplitude de controle máxima recomendada por Napoleão Bonaparte, Henri Fayol e Lindall Urwick. Os valores “Mín” represen- tam a amplitude de controle mínima recomendada por Tom Peters. Os valores “Meta” representam as metas de amplitude de controle que o governo dos Estados Unidos e o estado de Iowa tentaram alcançar. O valor do estado do Texas representa a ampli- tude de controle obrigatória por lei. O valor do Saratoga Institute é a amplitude média de controle entre as empresas americanas pesquisadas. O valor das melhores fábricas dos EUA é a amplitude média de controle nas fábricas americanas identificadas pela revista Industry Week como as mais eficazes. Os valores “Real” são as amplitudes de controle na cidade de Seattle, no estado do Oregon, no condado de Multnomah (incluindo Portland, Oregon), no estado de Iowa e na FedEx Corporation nos anos indicados. McSchane_13.indd 346McSchane_13.indd 346 23/06/14 14:3023/06/14 14:30 CAPÍTULO 13 Elaboração de Estruturas Organizacionais 347 realizam trabalhos rotineiros, pois os conselhos e orientações dos supervisores são necessá- rios com menos frequência. Uma amplitude de controle mais estreita é necessária quando os funcionários executam tarefas novas ou complexas, pois eles tendem a necessitar de mais decisões e treinamento por parte da supervisão. Esse princípio é ilustrado em uma pesquisa das seguradoras americanas de propriedades e para acidentes. A amplitude de controle média nos departamentos de processamento de apólices comerciais está em torno de 15 funcioná- rios por supervisor, enquanto a amplitude de controle é de 6,1 no serviço de reclamações e 5,5 na subscrição comercial. Os funcionários nos dois últimos departamentos realizam um trabalho mais técnico, então têm tarefas novas e mais complexas, que exigem mais envolvi- mento dos supervisores. O processamento de apólices comerciais se assemelha ao trabalho de produção. As tarefas são rotineiras e têm poucas exceções, então os gerentes precisam dedicar menos tempo à coordenação de cada funcionário.21 Uma terceira influência sobre a amplitude do controle é o grau de interdependência dos funcionários em um departamento ou equipe.22 Em geral, uma amplitude de controle estreita é necessária quando os funcionários realizam um trabalho com altos níveis de interdepen- dência com terceiros. Mais supervisão é necessária para as funções altamente interdepen- dentes porque os funcionários tendem a vivenciar mais conflitos entre si, o que exige mais do tempo de um gestor para solucioná-los. Além disso, os funcionários têm menos clareza quanto ao seu desempenho pessoal de trabalho nas tarefas altamente interdependentes, de modo que os supervisores gastam mais tempo oferecendo treinamento e feedback. Estruturas altas versus planas A amplitude de controle está ligada ao tamanho da or- ganização (número de funcionários) e ao número de camadas na hierarquia organizacional. Considere duas empresas com o mesmo número de funcionários. Se a empresa A tiver uma amplitude de controle maior (mais subordinados diretos por gestor) do que a empresa B, então a empresa A necessariamente deve ter menos camadas de gestão (uma estrutura mais plana) do que a B. A razão para essa relação é que uma empresa com uma amplitude de con- trole maior tem mais funcionários por supervisor, mais supervisores para cada gestor médio, e assim por diante. Esse número maior de subordinados diretos, em comparação com uma amplitude de controle mais estreita, só é possível com a remoção de camadas gerenciais. A interconexão da amplitude de controle, do tamanho da organização (número de fun- cionários) e da quantidade de camadas de gestão tem consequências importantes para as em- presas. Conforme as organizações empregam mais pessoas, elas têm de aumentar a amplitude de controle, criar uma hierarquia mais alta, ou ambos. A maioria das empresas acaba criandoestruturas mais altas porque até certo ponto se baseiam na supervisão direta e existem limites para quantas pessoas cada gestor consegue coordenar. Infelizmente, construir uma hierarquia mais alta (com mais camadas gerenciais) cria problemas. Uma preocupação é que as estruturas altas implicam altos custos fixos, pois têm mais gestores por funcionário. Isso significa que há mais gente administrando a empresa e menos fabricando o produto ou prestando o serviço. Um segundo problema é que os gerentes mais graduados em estruturas altas tendem a receber infor- mações de pior qualidade e atrasadas. As pessoas tendem a fil- trar, distorcer e simplificar as informações antes de repassá-las para os níveis hierárquicos superiores, pois são motivadas a enquadrá-las de maneira positiva ou resumi-las de forma mais eficiente. Nas hierarquias planas, por outro lado, as informa- ções recebem menos manipulação e muitas vezes fluem com muito mais rapidez do que nas altas. Uma terceira questão com as hierarquias altas é que elas tendem a prejudicar a auto- capacitação e o envolvimento dos funcionários. As hierarquias são estruturas de poder, então mais níveis hierárquicos ten- dem a reduzir o poder distribuído para os indivíduos na base da pirâmide. Na verdade, o tamanho da hierarquia em si tende a concentrar os poderes nos gerentes, não nos funcionários.23 A KenGen, a maior empresa de geração de energia elétrica do Quênia, tinha mais de 15 camadas hierárquicas alguns anos atrás. Hoje, os 1.500 funcionários da empresa estão organizados em uma hierarquia com apenas seis camadas: executivo chefe, diretores executivos, gerência sênior, diretores, gerentes da linha de frente e equipe não-administrati- va. “Essa estrutura mais plana reduziu a burocracia e também melhorou o trabalho em equipe”, explica Simon Ngure, executivo da KenGen.24 McSchane_13.indd 347McSchane_13.indd 347 23/06/14 14:3023/06/14 14:30 348 PARTE IV Processos Organizacionais Esses problemas levaram os líderes a “cortar camadas”, ou seja, remover um ou mais níveis da hierarquia organizacional.28 Por exemplo, Sergio Marchionne, CEO da Chrysler, avisou recente- mente que a montadora precisava adotar uma estrutura corporativa mais plana para incentivar a inovação, a sensibilidade e o atendimento ao cliente. “Precisamos ser capazes de responder rapidamente, seja às reclamações dos clientes ou às necessidades dos consumidores. Qualquer nova ideia condenada a remar contra a maré, tentando ascender múltiplos níveis de uma gerên- cia rigidamente hierárquica e avessa a riscos, é uma ideia que não ganhará seu lugar ao sol até o crepúsculo, quando já for tarde demais”. A fábrica europeia da BASF, em Seal Sands, chegou à mesma conclusão alguns anos atrás; a unidade se reestruturou drasticamente em torno de equi- pes autodirigidas, diminuindo as camadas hierárquicas da gerência de sete para apenas duas.29 Centralização e descentralização Por muitos anos, a Barrick Gold Corporation concentrou a tomada de decisão em sua sede mundial, embora estivesse se tornando a maior produtora de ouro do mundo em operações dis- tantes. “A Barrick sempre fora administrada com um modelo de comando e controle, uma abor- dagem centrista na qual todas as decisões eram tomadas em Toronto”, afirmou Greg Wilkins, o DEBATE As organizações devem cortar a gerência média? Os líderes empresariais enfrentam o desafio contínuo de im- pedir que suas organizações fiquem inchadas e se transfor- mem em burocracias obesas, cheias de camadas de gestores médios. Na verdade, muitos CEOs recém-contratados gostam de proclamar seu desejo de “cortar camadas” ou “achatar” a hierarquia corporativa, geralmente como parte de uma missão maior de “dar autonomia” aos trabalhadores. Como descrevemos neste capítulo, existem muitos argu- mentos válidos em prol da minimização da hierarquia corpo- rativa, especialmente no que se trata de cortar a gerência média. À medida que as empresas empregam mais gerentes, elas aumentam seus custos fixos e diminuem a proporção de indivíduos que geram receita de fato, fabricando produtos ou prestando serviços. Uma hierarquia mais alta também preju- dica a comunicação entre a linha de frente (que recebe co- nhecimentos valiosos sobre o ambiente externo) e os altos executivos. A gerência média tende a distorcer, simplificar e filtrar as informações à medida que elas são repassadas às autoridades mais graduadas dentro da empresa. Um terceiro motivo para eliminar a gerência média é que os gerentes ab- sorvem poder organizacional. À medida que adicionam mais camadas, as empresas removem mais poder que estaria di- retamente nas mãos da equipe de linha de frente. Em outras palavras, as hierarquias altas têm o potencial de prejudicar a autocapacitação dos funcionários. Essas preocupações parecem lógicas, mas reduzir a hie- rarquia pode ter diversas consequências inesperadas que su- peram quaisquer benefícios possíveis. Na verdade, cada vez mais especialistas em administração avisam sobre as con- sequências negativas, a longo prazo, do corte excessivo de gestores médios.25 Os críticos do corte de camadas lembram que todas as empresas precisam de gerentes para transformar a estraté- gia corporativa em operações diárias coerentes. “Os gesto- res médios são o elo entre a missão e a execução”, aconse- lha um executivo hospitalar sênior. “Eles transformam nossa estratégia em ações e fazem com que todo mundo fique em sintonia”.26 Além disso, os gerentes são necessários para to- mar decisões rápidas, ensinar funcionários e ajudar a resolver conflitos. Essas funções valiosas ficam prejudicadas quando a amplitude de controle se alarga demais. O corte de camadas hierárquicas aumenta o número de subordinações diretas por gestor e, desse modo, aumenta significativamente a carga de trabalho da gestão e os níveis correspondentes de estresse. Em parte, os gestores reduzem a carga de trabalho aprendendo a conceder mais autonomia aos subordinados, em vez de praticarem uma microgestão. No entanto, esse ajuste de função é estressante por si mesmo (mesma responsabilidade, porém menos autoridade ou con- trole) e muitas empresas aumentam a amplitude de controle além do ponto em que muitos gestores são capazes de orien- tar ou liderar seus subordinados diretos. Uma terceira preocupação é que o corte de camadas resul- ta em menos cargos de gestão, então as empresas têm menos espaço de manobra para desenvolver habilidades gerenciais. As promoções também são mais arriscadas, pois envolvem um salto maior na responsabilidade nas hierarquias mais planas, em comparação com as mais verticalizadas. Além disso, ter menos oportunidades de promoção significa que os gestores vivenciam maior estabilização da carreira, o que reduz sua motivação e fidelidade. Cortar bruscamente as estruturas de carreira gerenciais também dá a ideia de que os gestores não são mais valorizados. “O corte de camadas hierárquicas tem surtido um efeito adverso sobre o moral, a produtividade e o desempenho”, argumenta um alto executivo do governo. “De- sautorizar a gerência média cria percepções negativas e um comprometimento mais baixo com a organização, com a con- sequente relutância em aceitar responsabilidades”.27 McSchane_13.indd 348McSchane_13.indd 348 23/06/14 14:3023/06/14 14:30 CAPÍTULO 13 Elaboração de Estruturas Organizacionais 349 falecido CEO da Barrick. “Isso funcionou enquanto a empresa era pequena e operava apenas na América do Norte. De repente, no entanto, estamos em quatro continentes e sete países e fica bem claro que isso não é mais possível”. A solução que Wilkins e sua equipe de liderança sênior implementaram foi uma estrutura mais decentralizada, na qual as quatro unidades de negócios regionais da Barrick se tornaram responsáveis por suas próprias operações e pelo crescimento do negócio. A sede desempenha uma função de orientação estratégica e supervisão.31 A história da Barrick Gold mostra que uma decisão fundamentalna criação de organi- zações é aquela sobre em que medida centralizar ou descentralizar o poder de tomada de decisão. Centralização significa que a autoridade de decisão formal é detida por um pequeno grupo de pessoas, geralmente as que estão no topo da hierarquia organizacional. A maioria das organizações começa com estruturas centralizadas, pois o fundador toma a maioria das decisões e tenta orientar o negócio de acordo com sua visão. À medida que as organizações crescem, porém, elas se diversificam e seus ambientes se tornam mais complexos. Os altos executivos não são capazes de processar todas as decisões que influenciam significativamente o negócio. Por consequência, as organizações maiores costumam descentralizar, isto é, disper- sar a autoridade decisória e o poder por toda a organização. O nível ideal de descentralização ou de centralização depende de várias contingências que examinaremos neste capítulo. No entanto, também precisamos nos lembrar de que podem ocorrer diferentes graus de descentralização, de modo simultâneo, em diferentes partes de uma organização. A empresa de alimentos suíça Nestlé descentralizou as decisões de marketing para se manter atenta aos mercados locais, mas centralizou as atividades de produção, logística e cadeia de suprimento para melhorar as eficiências de custos e evitar o excesso de complexidade na organização. “Se a empresa for descentralizada demais, a gestão pode se tornar complicada. Há muita complexidade no sistema de produção”, explica um executivo da Nestlé.32 Em uma escala muito menor, a Merritt’s Bakery de Tulsa, Oklahoma (ver a cena de abertura do capítulo) centralizou a produção da padaria, mas tem operações de restaurante mais decentralizadas. Do mesmo modo, a 7-Eleven se baseia tanto na centralização quanto na descentralização em diferentes partes da organização. A cadeia de lojas de conveniência aproveita a eficiência e o poder de compra centralizando as decisões pertinentes à tecnologia de informação e às compras de fornecedores. Ao mesmo tempo, a rede descentraliza as decisões de estoque lo- cais para os gerentes de loja, permitindo que eles se adaptem rapidamente às circunstâncias A Samsonite, uma fabricante de malas com sede no estado de Massachusetts, abandonou recentemente sua estrutura orga- nizacional centralizada, delegando mais poder aos gerentes nacionais. O motivo? “Descobrimos que todos os nossos clientes são mais dife- rentes do que parecidos”, explica Kyle Gendreau, diretor financeiro da Samsonite. Em vez de seguir as práticas de distribuição e marke- ting global ditadas pelo escritório central, agora os gerentes nacio- nais têm autonomia para aplicar as práticas que melhor se adaptam a seus mercados locais. “Deixar as pessoas serem empreendedoras na linha de frente promove o cres- cimento”, afirma Gendreau. “Está dando muito certo para nós”.30 centralização Em que medida a autoridade de decisão formal é detida por um pequeno grupo de pessoas, geralmente as que estão no topo da hierarquia organizacional. McSchane_13.indd 349McSchane_13.indd 349 23/06/14 14:3023/06/14 14:30 350 PARTE IV Processos Organizacionais mutáveis no nível local. Além de receberem treinamento permanente sobre os produtos e orientações dos consultores regionais, os gerentes de loja têm as melhores informações sobre seus clientes e podem reagir rapidamente às necessidades do mercado local. “Jamais pode- ríamos prever um ônibus cheio de jogadores de futebol em uma noite de sexta-feira, mas o gerente da loja pode”, explica um executivo da 7-Eleven.33 Formalização Formalização é a medida em que as organizações padronizam o comportamento por meio de regras, procedimentos, treinamento formal e mecanismos correlatos.34 Em outras palavras, as empresas se tornam mais formalizadas quando contam cada vez mais com várias formas de padronização para coordenar o trabalho. A história que abre este capítulo descreve como Christian Merritt introduziu alguma formalização na empresa de seus pais por meio de or- ganogramas que orientam os funcionários nas etapas das diversas atividades de trabalho. Os restaurantes da rede McDonald’s e a maioria das demais redes de fast food eficientes costu- mam ter um alto grau de formalização, pois se baseiam na padronização dos processos de trabalho como um mecanismo de coordenação. Os funcionários têm funções precisamente definidas, até mesmo com relação à quantidade de mostarda que deve ser fornecida, quantos condimentos devem ser aplicados e por quanto tempo um hambúrguer deve ser fritado. As empresas mais antigas tendem a se tornar mais formalizadas porque as atividades de tra- balho se tornam mais rotineiras, o que facilita a sua documentação nas práticas padronizadas. As empresas maiores também tendem a ter mais formalização porque a supervisão direta e a comu- nicação informal entre os funcionários não funcionam com tanta facilidade quando está envol- vida uma grande quantidade de pessoas. As influências externas, como a legislação de segurança patrimonial e do trabalho e as regras contábeis rigorosas, também estimulam a formalização. A formalização pode aumentar a eficiência e a obediência, mas também pode criar pro- blemas.35 As regras e procedimentos diminuem a flexibilidade da organização, então os fun- cionários seguem comportamentos prescritos mesmo quando a situação claramente exige uma resposta customizada. Os altos níveis de formalização tendem a minar a aprendizagem e a criatividade organizacionais. Algumas regras de trabalho se tornam tão complicadas que a eficiência organizacional diminui se forem realmente seguidas conforme a prescrição. A formalização também é uma fonte de insatisfação no emprego e estresse no trabalho. Final- mente, sabe-se que as regras e procedimentos são capazes de ganhar vida própria em algumas organizações. Elas passam a ser o foco das atenções, roubando o lugar dos objetivos finais da organização de criar um produto ou serviço e beneficiar as partes interessadas dominantes. Estruturas mecanicistas versus orgânicas Discutimos a amplitude do controle, a centralização e a formalização juntas porque os con- ceitos se agrupam em torno de duas formas organizacionais mais amplas: as estruturas meca- nicistas e orgânicas (ver Figura 13.3).36 Uma estrutura mecanicista é caracterizada por uma amplitude de controle estreita e um alto nível de formalização e centralização. As estruturas mecanicistas têm muitas regras e procedimentos, tomada de decisão limitada nos níveis in- feriores, hierarquias verticalizadas de pessoas em funções especializadas e fluxos de comuni- cação verticais em vez de horizontais. As tarefas são definidas rigidamente, sendo alteradas apenas quando sancionadas pelas autoridades superiores. ESTRUTURA MECANICISTA ESTRUTURA ORGÂNICA Amplitude de controle estreita Alta centralização Alta formalização Amplitude de controle ampla Alta descentralização Baixa formalização FIGURA 13.3 Contraste entre as estruturas organizacionais mecanicistas e orgânicas. McSchane_13.indd 350McSchane_13.indd 350 23/06/14 14:3023/06/14 14:30 CAPÍTULO 13 Elaboração de Estruturas Organizacionais 351 As empresas com estruturas orgânicas possuem características opostas, pois operam com uma grande amplitude de controle, tomada de decisão descentralizada e pouca formali- zação. As tarefas são fluidas, ajustando-se às novas situações e necessidades da organização. O texto Conexões 13.1 ilustra como a TAXI, uma renomada agência de criação, utiliza a estrutura orgânica para preservar sua agilidade. Como regra geral, as estruturas mecanicistas funcionam melhor nos ambientes estáveis por- que se baseiam na eficiência e em comportamentos rotineiros, enquanto as estruturas orgânicas funcionam melhor nos ambientes que mudam rapidamente (dinâmicos) porque são mais fle- xíveis e responsivas às mudanças. As estruturas orgânicas também são mais compatíveis com a aprendizagem organizacional, os locais de trabalho de altodesempenho e a gestão da qualidade, pois enfatizam o compartilhamento de informações e uma força de trabalho autocapacitada em vez da hierarquia e do status.38 Entretanto, as estruturas orgânicas tendem a se sair melhor do que as mecanicistas em ambien- tes dinâmicos apenas quando os funcionários desenvolvem fun- ções e conhecimentos bem esta- belecidos.39 Sem essas condições, os funcionários não conseguem se coordenar, o que resulta em er- ros e ineficiências grosseiras. formalização A medida em que as organiza- ções padronizam o comporta- mento por meio de regras, pro- cedimentos, treinamento formal e mecanismos correlatos. estrutura mecanicista Estrutura organizacional com pouca amplitude de controle e alto grau de formalização e centralização. estrutura orgânica Estrutura organizacional com grande amplitude de controle, pouca formalização e tomada de decisão descentralizada. Cultivando uma empresa orgânica Com mais de 1.200 prêmios, incluindo a honraria recente de ser escolhida agência criativa da década no Canadá, a TAXI é uma empresa sem igual. A agência inventou os bichinhos dos anúncios da Telus e o homem que vai sorridente e saltitante para o trabalho no famoso anúncio de Viagra da Pfizer. Com o tempo, outras agências criativas se esgotam ou se tornam hierarquias rígidas. A TAXI, por outro lado, nas últimas déca- das continua a impressionar o mundo com seus dotes criati- vos ao mesmo tempo que se expande. Hoje, a empresa conta com 350 funcionários em diversos escritórios no Canadá, Es- tados Unidos e Holanda. Como a TAXI manteve essa energia? A liderança e o talen- to são fatores cruciais, mas talvez igualmente importante seja o fanatismo da empresa pelo uso de uma estrutura organiza- cional orgânica. Essa estrutura orgânica designa cada cliente ou projeto a “uma equipe ágil e autônoma que é ao mesmo tempo autocapacitada e responsável pelos resultados”, afir- ma o site da agência. A empresa afirma que o nome TAXI re- flete esse espírito de usar pequenas equipes: “Acreditamos que uma pequena equipe de especialistas deve determinar cada parte do negócio. Não mais do que cabe em um táxi”. A estrutura orgânica da TAXI também permite crescimento. Com o crescimento da empresa, a TAXI evitou intencionalmente criar centros de trabalho com mais de 150 membros de equipe. “As tribos nomádicas da antiguidade observavam que uma po- pulação com mais de 150 pessoas tendia a formar facções, pre- judicar a harmonia coletiva e tornar o grupo disfuncional”, diz a TAXI. Por consequência, à medida que a empresa se duplica em diversas cidades, cada escritório preserva uma estrutura orgânica e colabora ativamente com os outros. Quando o es- critório de Toronto cresceu além desse tamanho ideal, a TAXI abriu um segundo local, chamado de TAXI 2, na mesma cidade. A estrutura organizacional orgânica da TAXI está em contraste com a departamentalização rígida de muitas ou- tras agências criativas. “[As outras agências de publicidade] operavam com um modelo do século XIX, com muitos depar- tamentos seculares tentando integrar tudo ad hoc. A maioria das culturas era tão cheia de camadas que uma boa ideia era esmagada facilmente”, explica Paul Lavoie (direita na foto), cofundador da TAXI. “Precisávamos de uma infraestrutura flexível, capaz de acompanhar o ritmo das mudanças. A TAXI começou ágil e flexível, e é assim que continua a ser”.37 C O N E X Õ E S 1 3 . 1 A TAXI, agência da década do Canadá, utiliza uma estrutura orgânica de equipes flexíveis e também centros de trabalho de tamanho limitado. McSchane_13.indd 351McSchane_13.indd 351 23/06/14 14:3023/06/14 14:30 352 PARTE IV Processos Organizacionais As empresas iniciantes se deparam muitas vezes com esse problema, conhecido como risco da novidade. A novidade torna essas empresas mais orgânicas; elas tendem a ser organizações menores com poucas regras e delegação de autoridade considerável. No entanto, os funcioná- rios nas organizações novas muitas vezes não possuem experiência no setor e suas equipes não se desenvolveram o suficiente para maximizar seu desempenho. Em consequência, as estru- turas orgânicas das empresas novas não conseguem compensar a coordenação ruim e a baixa eficiência provocadas pela falta de estrutura da experiência pregressa e dos modelos mentais da equipe. Felizmente, as empresas podem minimizar o risco da novidade lançando negócios com equipes já formadas ou com veteranos do setor orientando os novatos. FORMAS DE DEPARTAMENTALIZAÇÃO Amplitude de controle, centralização e formalização são elementos importantes da estrutura organizacional, mas a maioria das pessoas somente pensa em organogramas quando surge uma discussão sobre estrutura organizacional. O organograma representa o quarto elemen- to na estruturação das organizações, chamado departamentalização. A departamentalização especifica como os funcionários e suas atividades são agrupados. Trata-se de uma estratégia fundamental para coordenar as atividades da organização, pois a departamentalização in- fluencia o comportamento organizacional das seguintes maneiras:40 • A departamentalização estabelece a cadeia de comando, o sistema de supervisão co- mum entre as posições e unidades dentro da organização. Ela enquadra a composição das equipes de trabalho formais e determina quais cargos e unidades devem compar- tilhar recursos. Desse modo, a departamentalização estabelece as interdependências entre os funcionários e as subunidades. • A departamentalização concentra as pessoas em torno de modelos mentais comuns ou maneiras de pensar semelhantes, como o modo correto de atender aos clientes, desen- volver produtos ou dar suporte a um conjunto de habilidades específicas. Esse foco está ancorado em torno de orçamentos comuns e medidas de desempenho atribuídas aos funcionários dentro de cada unidade departamental. • A departamentalização incentiva determinadas pessoas e unidades de trabalho a co- ordenarem suas atividades por meio da comunicação informal. Com supervisão e recursos comuns, os membros dentro de cada configuração trabalham próximos uns dos outros, de modo que podem utilizar interação frequente e informal para realizar o trabalho. Existem quase tantos organogramas quanto existem negócios, mas os seis tipos puros de departamentalização mais comuns são: simples, funcional, divisional, baseada em equipes, matricial e em rede. Estrutura simples A maioria das empresas, incluindo a Merritt’s Bakery, começa com uma estrutura simples.41 Elas empregam um número pequeno de indivíduos e geralmente oferecem apenas um produto ou serviço distinto. A hierarquia é mínima, em geral apenas funcionários que respondem aos proprietários. A equipe desempenha funções amplas, pois as economias de escala não são su- ficientes para que cada um tenha cargos especializados. A estrutura simples é bastante flexível e minimiza as paredes que se formam entre os funcionários em outras estruturas. Contudo, a estrutura simples geralmente depende da supervisão direta do proprietário para coordenar as atividades de trabalho, então ela é muito difícil de operar à medida que a empresa cresce e se torna mais complexa. Estrutura funcional As organizações em crescimento geralmente introduzem uma estrutura funcional em algum nível da hierarquia ou em algum momento da sua história. Uma estrutura funcio- nal organiza os funcionários em torno de conhecimentos OA3 estrutura funcional Estrutura organizacional na qual os funcionários são organizados em torno de co- nhecimentos específicos ou de outros recursos. estrutura divisional Estrutura organizacional na qual os funcionários são organizados em torno de áreas geográficas, resultados (produtos ou servi- ços) ou clientes. McSchane_13.indd 352McSchane_13.indd 352 23/06/14 14:3023/06/14 14:30 CAPÍTULO 13 Elaboração de Estruturas Organizacionais 353 específicos ou de outros recursos (ver Figura 13.4). Os funcionários com especialização em marketingsão agrupados em uma unidade de marketing, os que têm habilidades de produção são localizados na produção, os engenheiros se encontram no desenvolvimento de produtos, e assim por diante. As organizações com estruturas funcionais são tradicionalmente centrali- zadas para coordenar suas atividades de maneira eficaz. Avaliação da estrutura funcional A estrutura funcional cria grupos especializados em certas áreas do conhecimento que normalmente atendem a todos na organização. Isso pro- porciona mais economia de escala do que é possível se os especialistas funcionais forem es- palhados por partes diferentes da organização. Além disso, a identificação do funcionário aumenta com a especialização ou profissão. A supervisão direta é mais fácil nas estruturas funcionais porque os gerentes supervisionam indivíduos com problemas e conhecimento es- pecializado em comum.42 A estrutura funcional também tem limitações.43 Agrupar os funcionários de acordo com suas habilidades tende a concentrar a atenção nessas habilidades e em necessidades profis- sionais correlatas, não no produto ou serviço da empresa ou nas necessidades dos clientes. A menos que as pessoas sejam transferidas de uma função para a outra, elas podem não desenvolver um entendimento mais amplo do negócio. Em com- paração com outras estruturas, a funcional geralmente produz mais conflito disfuncional e coordenação pior no atendimento de clientes ou desenvolvimento de produtos. Os problemas ocorrem porque os funcionários precisam trabalhar com colegas de outros departamentos para completar tarefas organizacionais, mas têm submetas e modelos mentais diferentes de trabalho ideal. Em seu conjunto, esses problemas acabam exigindo controles formais e coordenação significativos. Estrutura divisional A estrutura divisional (às vezes chamada de estrutura multidi- visional ou em forma de M) agrupa os funcionários em torno de áreas geográficas, resultados (produtos/serviços) ou clientes. A Figura 13.5 ilustra essas três variações da estrutura divisional. A estrutura divisional geográfica organiza os funcionários em tor- no de regiões distintas do país ou do mundo. A Figura 13.5(a) ilustra uma estrutura divisional geográfica adotada recentemen- te pela Barrick Gold Corporation, a maior mineradora de ouro do mundo. A estrutura divisional por produto/serviço organiza os funcionários em torno de resultados distintos. A Figura 13.5(b) ilustra uma versão simplificada desse tipo de estrutura na Philips. A empresa de eletrônicos holandesa divide sua força de trabalho principalmente em três categorias: produtos de cuidados com a saúde, produtos de iluminação e produtos de consumo (a Philips também possui um quarto grupo organizacional composto das funções de pesquisa e design). A estrutura divisional por cliente or- ganiza os funcionários em torno de grupos específicos de clientes. Diretor executivo Produção Design Administração Marketing FIGURA 13.4 Estrutura organizacional funcional. A Toyota Motor Company recebeu críticas ferrenhas pela maneira como lidou com o problema dos aceleradores que prendiam no chão do carro. Um painel especial de especialistas independentes reunidos pela montadora concluiu que a estrutura organizacional funcional centralizada foi parcialmente responsável. A Toyota es- tava organizada principalmente em torno de unidades funcionais (vendas, engenharia, fabricação) que respondiam diretamente à sede no Japão. O painel concluiu que essa estrutura prejudicava o compartilhamento de informações, aumentava os problemas de comunicação e “atrasou o tempo de resposta a questões de se- gurança e qualidade”. Akio Toyoda, CEO da empresa, concordou que essa estrutura funcional deveria ser substituída por estrutura geográfica em divisões. “Lidar com nossas operações estrangei- ras de modo regional e não funcional permitirá que consigamos conduzir a tomada de decisão de uma forma mais abrangente”, ele afirmou.45 McSchane_13.indd 353McSchane_13.indd 353 23/06/14 14:3023/06/14 14:30 354 PARTE IV Processos Organizacionais A Figura 16.5(c) ilustra uma estrutura divisional focalizada no cliente similar à adotada pelo Internal Revenue Service dos EUA (equivalente à Receita Federal brasileira).44 Qual forma de estrutura divisional as grandes organizações deveriam adotar? A resposta depende principalmente da fonte central de diversidade ou incerteza ambiental.46 Imagine que uma organização venda um tipo de produto para as pessoas em todo o país. Se os clientes tiverem necessidades diferentes em cada região ou se os governos estaduais impuserem re- gulamentações diferentes sobre o produto, então uma estrutura geográfica seria melhor para acompanhar essa diversidade. Porém, se a empresa vende vários tipos de produtos em todo o país e as preferências dos clientes e as regulamentações governamentais forem similares em toda parte, então uma estrutura de produto provavelmente funcionaria melhor. A Coca-Cola, a Nestlé e muitas outras empresas de alimentos e bebidas são organiza- das principalmente em torno de regiões geográficas porque os gostos do consumidor e as estratégias de marketing preferidas variam consideravelmente em todo o mundo. Embora o McDonald’s faça o mesmo Big Mac em todos os países, a empresa possui mais produtos à base de peixe em Hong Kong e mais produtos vegetarianos na Índia, alinhada com os hábitos ali- mentares tradicionais em ambos. A Philips, contudo, está organizada em torno de produtos, pois as preferências do consumidor em todo o mundo são similares dentro de cada grupo de produtos. Os hospitais de Genebra (Suíça) a Santiago (Chile) compram equipamentos médi- cos similares da Philips, enquanto a produção e o marketing desses produtos são bem dife- rentes das suas contrapartes no negócio de produtos eletrônicos de consumo da organização. Muitas empresas estão abandonando as estruturas que organizam as pessoas em torno de agrupamentos geográficos.47 Um dos motivos para isso é que os clientes podem comprar produtos via Internet e se comunicar com empresas de quase qualquer parte do mundo, de Comissário (executivo chefe) Salário & investimento (contribuintes individuais) Pequenos negócios & autônomos Empresas de grande e médio porte Entidades sem fins lucrativos & governamentais CEO Saúde Produtos de iluminação Estilo de vida do consumidor (a) Estrutura divisional geográfica (b) Estrutura divisional por produto (c) Estrutura divisional por cliente CEO América do Norte América do Sul Austrália/ Pacífico África FIGURA 13.5 Três tipos de estrutura divisional. Observação: O diagrama (a) mostra uma estrutura divisional geográfica global semelhante à da Barrick Gold Corp.; o diagra- ma (b) é parecido com as divisões de produtos da Philips; e o diagrama (c) é parecido com a estrutura centrada no cliente do Internal Revenue Service dos EUA (equivalente à Receita Federal brasileira). McSchane_13.indd 354McSchane_13.indd 354 23/06/14 14:3023/06/14 14:30 CAPÍTULO 13 Elaboração de Estruturas Organizacionais 355 modo que a representação local está se tornando menos essencial. A menor variação geográ- fica é outro motivo para se afastar das estruturas geográficas; o aumento do livre comércio diminuiu a intervenção governamental e as preferências do consumidor por muitos produtos e serviços estão ficando mais parecidas (convergindo) em todo o mundo. O terceiro motivo é que grandes empresas têm cada vez mais clientes globais que exigem um ponto global de compra e não um ponto em cada país ou região. A empresa globalmente integrada Esse afastamento das estruturas divisionais geográ- ficas rumo às estruturas baseadas em produtos ou clientes reflete a tendência rumo a empre- sas globalmente integradas.48 Como o nome sugere, uma empresa globalmente integrada conecta os processos de trabalho em todo o mundo em vez de reproduzi-los dentro de cada país ou região. Esse tipo de empresa organiza as pessoas em torno de divisões de produtos ou clientes.Mesmo as unidades funcionais (produção, marketing, design, recursos humanos etc.) atendem a empresa em todo o mundo, não apenas em áreas geográficas específicas. Essas funções levam em conta as diferenças culturais e mercadológicas e têm uma representação local para apoiar essa sensibilidade, mas os representantes locais são colaboradores de uma função global e não parte de uma subsidiária local copiada em várias regiões. Na realidade, uma empresa globalmente integrada é marcada por um aumento radical no trabalho de equi- pe virtual, pois os funcionários são designados a projetos globais e responsabilidades perma- nentes por unidades de trabalho que transcendem as fronteiras geográficas. Uma empresa globalmente integrada não coordena mais os seus negócios a partir de uma sede única em um país “natal”. Em vez disso, suas operações divisionais e funcionais são li- deradas a partir do local em que o trabalho está concentrado, sendo que essa concentração depende da economia (custos com mão de obra, infraestrutura, etc.), da especialização e da abertura (comércio, fluxo de capital, compartilhamento de conhecimento, etc.). Por exemplo, a IBM mudou para uma estrutura de empresa globalmente integrada, localizando seus data centers globais nos Estados Unidos, a gestão de sites na Irlanda, o back-office financeiro no Brasil, o software na Índia e as aquisições na China. O vice-presidente de engenharia mundial da IBM, responsável pelas aquisições, mudou-se de Armonk, Nova Iorque, para a China, onde está localizado o centro de aquisições. “Essas pessoas não lideram equipes concentradas na China, na Índia, no Brasil ou na Irlanda... ou em Colorado ou Vermont”, afirma Sam Pal- misano, CEO da IBM. “Elas lideram operações globais integradas”.49 Avaliação da estrutura divisional A estrutura organizacional em divisões é uma es- trutura modular; ela acomoda o crescimento com relativa facilidade e concentra a atenção do funcionário nos produtos ou clientes, não nas tarefas. Produtos, serviços ou clientes di- ferentes podem ser acomodados com o surgimento de novas divisões. Essas vantagens são compensadas por uma série de limitações. Primeiro, a estrutura divisional tende a duplicar recursos, como os equipamentos de produção e a engenharia ou a especialização em tecno- logia da informação. Além disso, a menos que a divisão seja bem grande, os recursos não são utilizados com a mesma eficiência das estruturas funcionais, segundo as quais os recursos são partilhados por toda a organização. A estrutura divisional também cria ilhas de conheci- mento: a especialização é disseminada em várias unidades de negócio autônomas e isso reduz a capacidade e, talvez, a motivação das pessoas de uma divisão para compartilharem seu conhecimento com as contrapartes em outras divisões. Uma estrutura funcional, por outro lado, agrupa os especialistas, apoiando, assim, o compartilhamento do conhecimento. Finalmente, a estrutura divisional preferida depende da fonte primária de diversidade ambiental ou incerteza da empresa. Esse princípio parece ser aplicado com facilidade sufi- ciente na Coca-Cola, McDonald’s e Philips, mas muitas organizações globais vivenciam a diversidade e a incerteza em termos de geografia, produtos e clientes. Por consequência, algu- mas organizações avançam e retrocedem em suas estruturas ou criam estruturas complexas na tentativa de dar o mesmo status às três dimensões. Esses devaneios e complexidades geram mais complicações porque as decisões sobre a estrutura organizacional deslocam o poder e o status entre os executivos. Se a empresa muda de uma estrutura geográfica para outra ba- seada em produtos, o pessoal que lidera aquelas regiões repentinamente é rebaixado, ficando subordinado aos executivos de produto. Em suma, os líderes das organizações globais lutam empresa globalmente integrada Estrutura organizacional na qual os processos de trabalho e as funções executivas são distribuídos em todo o mundo por meio de centros globais, em vez de serem desenvol- vidos no país de origem e replicados nos países ou nas regiões-satélite. McSchane_13.indd 355McSchane_13.indd 355 23/06/14 14:3023/06/14 14:30 356 PARTE IV Processos Organizacionais para encontrar a melhor estrutura divisional, o que resulta muitas vezes na saída de alguns executivos e na frustração dos que permanecem. Estrutura baseada em equipes Uma estrutura baseada em equipes é criada em torno de equipes autodirigidas que reali- zam um trabalho completo, como fabricar um produto ou desenvolver um jogo eletrônico. Esse tipo de estrutura geralmente é orgânica. Há uma grande amplitude de controle porque as equipes atuam com supervisão mínima. Em situações extremas, não há um líder formal, apenas alguém escolhido pelos outros membros da equipe para ajudar a coordenar o trabalho e se responsabilizar perante a alta gerência. As estruturas de equipe são altamente descentra- lizadas porque quase todas as decisões do dia a dia são tomadas pelos membros da equipe e não por alguém mais acima na hierarquia organizacional. Enfim, muitas estruturas baseadas em equipes têm pouca formalização porque recebem relativamente poucas regras gerais sobre como organizar o seu trabalho. Em vez disso, os executivos atribuem a cada equipe metas qualitativas e quantitativas, frequentemente no que se refere à melhoria da produtividade. Então, as equipes são incentivadas a utilizar os recursos disponíveis e sua iniciativa para al- cançar essas metas. As estruturas baseadas em equipe geralmente são encontradas nas operações de produção ou serviços das estruturas divisionais maiores. Por exemplo, várias fábricas da GE Aircraft Engines estão organizadas em estruturas baseadas em equipes, mas essas fábricas operam dentro de uma estrutura divisional maior da GE. No entanto, uma pequena quantidade de empresas aplica a estrutura baseada em equipes de cima para baixo, incluindo a W.L. Gore & Associates e a Semco S.A., nas quais quase todos os colaboradores trabalham em equipes. Avaliação da estrutura baseada em equipes A estrutura baseada em equipes tem con- quistado popularidade porque tende a ser flexível e a funcionar nos ambientes turbulentos.50 Ela também tende a reduzir os custos, pois as equipes dependem menos da hierarquia for- mal (supervisão direta). Uma estrutura de equipes multifuncionais melhora a comunicação e a cooperação por meio das fronteiras tradicionais. Com maior autonomia, essa estrutura também permite uma tomada de decisão mais rápida e informada.52 Por essa razão, alguns A W. L. Gore & Associates empre- ga 7.000 funcionários, mas nenhum gerente. O motivo é que a empresa, com sede em Newark, Delawa- re, uma fabricante de tecidos (Gore-Tex®), eletrônicos e produtos médicos e industriais, adotou uma estrutura organizacional na qual a maioria dos funcionários (chamados de “colaboradores”) se organizam em equipes auto- dirigidas. As decisões cotidianas são decentralizadas e tomadas por essas equipes, que são formadas em torno de defensores de ideias e com muita liderança compartilha- da. “Sua equipe é seu chefe, pois você não quer decepcionar seus colegas”, explica Diane Davidson, que trabalha no grupo de produtos de moda da Gore. “Todos são seu chefe e ninguém é seu chefe”.51 McSchane_13.indd 356McSchane_13.indd 356 23/06/14 14:3023/06/14 14:30 CAPÍTULO 13 Elaboração de Estruturas Organizacionais 357 hospitais estão trocando os departamentos funcionais pelas equipes multifuncionais. Equipes compostas de profissionais de enfermagem, radiologistas, anestesistas, farmacêuticos, e pos- sivelmente assistentes sociais e fisioterapeutas, além de outros especialistas, comunicam-se e se coordenam com mais eficiência, reduzindo, assim, atrasos e erros.53 Em contraposição a esses benefícios, a estrutura baseada em equipes pode ser cara de- vido à necessidade de treinamento contínuo em habilidades interpessoais. A coordenação do trabalho pode ser mais demorada durante asprimeiras fases da formação da equipe. Os funcionários podem sofrer mais estresse devido à maior ambiguidade de suas funções. Os líderes de equipes também sofrem mais estresse devido ao conflito crescente, perda de poder funcional e falta de clareza dos planos de progressão de carreira. Além disso, as estruturas de equipes são prejudicadas pela duplicação de recursos e possível concorrência (e falta de compartilhamento de recursos) entre as equipes.54 Estrutura matricial Quando os médicos Ray Muzyka e Greg Zeschuk e um terceiro parceiro (que mais tarde retomou a prática da medicina) fundaram a empresa de jogos eletrônicos BioWare ULC, eles inicialmente organizaram os funcionários em uma estrutura simples na qual todos tra- balharam juntos em Shattered Steel, seu primeiro jogo. Logo depois, Muzyka e Zeschuk decidiram criar um segundo jogo (Baldur’s Gate), mas não tinham certeza a respeito de qual estrutura organizacional seria melhor. Simplesmente criar uma segunda equipe po- deria duplicar recursos, minar o compartilhamento de informações entre as equipes e en- fraquecer a lealdade dos funcionários à empresa. Por outro lado, poderiam adotar uma estrutura funcional atribuindo funcionários a departamentos especializados, como arte, programação, áudio, garantia de qualidade e design. Uma estrutura funcional estimularia os funcionários em cada especialização a compartilhar informações, mas poderia minar a dinâmica da equipe nos projetos de jogos e diminuir o comprometimento com o produto que desenvolviam.55 Após ponderar cuidadosamente as diversas opções de estrutura organizacional, Muzyka e Zeschuk adotaram uma estrutura matricial para obter os benefícios da estrutura funcional e da estrutura baseada em projetos (equipes). A estrutura matricial da BioWare, que é se- melhante ao diagrama da Figura 13.6, é organizada em torno tanto das funções (arte, áudio, programação, etc.) quanto dos projetos de desenvolvimento de jogos baseados em equipes. Os funcionários são designados para equipes interfuncionais responsáveis por um projeto de jogo específico, mas também pertencem a uma unidade funcional permanente que os realoca quando seu trabalho é concluído em um determinado projeto.56 Muzyka e Zeschuk dizem que a estrutura matricial concentra os funcionários no pro- duto final e ainda os mantém organizados em função da sua especialização para estimular o compartilhamento do conhecimento. “A estrutura matricial também dá suporte à cultural global da empresa, na qual a BioWare é a equipe e todo mundo está sempre disposto a ajudar o outro, esteja no mesmo projeto ou não”, acrescentam. A estrutura matricial da BioWare foi uma boa escolha, particularmente porque a empresa (que pouco tempo atrás se tornou uma divisão independente da Electronic Arts) cresceu para quase 800 funcionários trabalhando em diversos projetos de jogos em quatro centros nos EUA e no Canadá. A estrutura da BioWare, na qual as equipes de projeto se sobrepõem aos departamentos funcionais, é apenas uma forma de estrutura matricial. Outra variação, utilizada principal- mente em grandes multinacionais, coloca as divisões geográficas em um eixo e as divisões de produtos/serviços ou clientes no outro. A Nestlé, a Procter & Gamble, a Shell e muitas outras organizações globais usam variações de uma estru- tura matricial que tenta equilibrar geografia com produtos e serviços. Por exemplo, a Nestlé Waters, uma divisão de produtos da Nestlé S.A., vende diversas marcas de água mineral em mais de 35 países. As marcas variam entre os países; por exemplo, a Poland Springs é exclusiva dos EUA (originária do estado do Maine) e a Santa Maria é exclusiva do Méxi- co. O gerente responsável pelas marcas de água mineral no estrutura organizacional baseada em equipes Estrutura organizacional criada em torno de equipes autodiri- gidas que realizam um trabalho completo. estrutura matricial Estrutura organizacional que controla duas estruturas (por exemplo, uma estrutura divisio- nal geográfica e uma estrutura funcional) a fim de aproveitar os benefícios de ambas. McSchane_13.indd 357McSchane_13.indd 357 23/06/14 14:3023/06/14 14:30 358 PARTE IV Processos Organizacionais México, por exemplo, trabalha sob o gerente de país local da Nestlé e o executivo da Nestlé Waters na sede da empresa na Suíça. Da mesma forma, o gerente responsável por comida de bebê em Singapura trabalha sob o gerente de país e também sob o executivo responsável por esse grupo de produtos na sede.57 Um erro comum é acreditar que todos os membros de uma estrutura organizacional ma- tricial têm dois chefes. Essa situação de dois chefes afeta a maioria dos funcionários em es- truturas matriciais baseadas em projetos, como na BioWare, mas não em estrutura matriciais globais como a da Nestlé. Em multinacionais com estruturas matriciais, apenas os funcioná- rios de um nível da organização (em geral, gerentes de marca de país) têm dois chefes. Por exemplo, o gerente responsável pelas marcas de água mineral da Nestlé no México teria dois chefes: o gerente de país mexicano e o executivo da sede responsável pela Nestlé Waters. Os funcionários de marketing e vendas em níveis inferiores da hierarquia, por outro lado, res- ponderiam apenas ao gerente mexicano. Avaliação da estrutura matricial A estrutura matricial costuma fazer bom uso dos recursos e da especialização, tornando-se ideal para as organizações baseadas em projetos com cargas de trabalho variáveis. Quando adequadamente gerida, ela melhora a eficiência da comunicação, a flexibilidade dos projetos e a inovação, em comparação com as opções puramente funcionais ou divisionais. Além disso, estrutura matricial concentra os funcio- nários em atender os clientes ou em criar produtos, mas mantém as pessoas organizadas em torno de suas especializações para que o compartilhamento de informações melhore e os recursos sejam utilizados de maneira mais eficiente. A estrutura matricial também é uma opção lógica quando, como é o caso da Nestlé, duas dimensões diferentes (regiões e produtos) são igualmente importantes. As estruturas determinam o poder executivo Líder do departamento de arte Líder do departamento de áudio Líder do departamento de programação Líder de garantia de qualidade Funcionários CEO Líder de projeto do jogo 1 Líder de projeto do jogo 2 Líder de projeto do jogo 3 FIGURA 13.6 Estrutura matricial baseada em projetos (similar à estrutura da BioWare). McSchane_13.indd 358McSchane_13.indd 358 23/06/14 14:3023/06/14 14:30 CAPÍTULO 13 Elaboração de Estruturas Organizacionais 359 e o que é importante; a estrutura matricial funciona quando duas dimensões diferentes merecem a mesma atenção. Apesar dessas vantagens, a estrutura matricial apresenta alguns problemas conhecidos.59 Um deles é que ela aumenta o conflito entre os gestores que partilham igualmente o po- der. Os funcionários que trabalham no nível da matriz têm dois chefes e, consequentemente, dois conjuntos de prioridades que não estão sempre alinhados um com o outro. Os líderes de projeto podem bater boca com os líderes funcionais quanto à alocação de determinados funcionários nos projetos e também em relação à competência técnica dos funcionários. Por exemplo, a Citigroup, Inc., adotou recentemente uma estrutura matricial geográfica-produto e parece estar sofrendo com o conflito disfuncional entre executivos regionais e de grupos de produtos.60 Consciente desses conflitos em potencial, a BioWare realiza várias “reuniões de sincronização” a cada ano, que envolvem todos os diretores de departamento (arte, design, áu- dio, etc.), os produtores (ou seja, líderes de projeto de jogo) e o gestor de recursos humanos. As reuniões resolvem as diferenças e asseguram que os membros das equipes sejam adequa- damente alocados a cada projeto de jogo. Outro desafio em relação a essa estrutura é que a existência de dois chefes pode diluir a responsabilização. O problema, descrito no
Compartilhar