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12 ALEGAÇÕES FINAIS DEFENSORIA

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Av. Senador Helvídio Nunes de Barros, nº 1.782 – Centro Empresarial Premium, Sala 03-A – Bairro Catavento | 
64.607-160 – Picos – PI/ diretoriaregional@defensoria.pi.def.br | www.defensoria.pi.def.br | (89) 3421-0563/ 3422-6894 
 
EXCELENTÍSSIMA SENHORA JUÍZA DE DIREITO DA 5ª VARA DA 
COMARCA DE PICOS - PIAUÍ 
 
 
 
 
Proc. nº 0000045-66.2019.8.18.0032 
 
 
 
 
LUZINEIDE DE SOUSA ALMEIDA, ANTONIO WESLEY DE 
SOUSA e SINARA FRANCISCA LEAL, já devidamente qualificados nos autos 
do processo em epígrafe, vem, por sua Defensora Pública, perante Vossa 
Excelência, com esteio no art. 403, §3º do Código de Processo Penal, oferecer 
ALEGAÇÕES FINAIS, na forma que segue: 
 
I – DOS FATOS 
 
O Ministério Público, com base no inquérito dos autos, denunciou 
RAIMUNDO NONATO JOÃO DA SILVA (DOUTOR), SAYONARA DE 
ALMEIDA MEDEIROS, ANTÔNIO WESLEY DE SOUSA, LUZINEIDE DE 
SOUSA ALMEIDA, GEILSON DIAS DE SOUSA (GG), JOSÉ EDSON 
NASCIMENTO SILVA, BRENDA CÉSAR DO NASCIMENTO EVANGELISTA, 
MARINEZ LUCAS DE ALMEIDA SOUSA, JOSÉ PEREIRA DE BRITO NETO 
(VELHINHO), TERESA REGINA MARIA DA SILVA, SINARA FRANCISCA 
LEAL e EDILBERTO LUCAS DE ALMEIDA (BITA), pela suposta prática dos 
crimes capitulados nos art. 2º, caput, da Lei nº 12.850/2013 (organização 
criminosa), arts. 33 e 36 da Lei 11.343/06. 
 
(e-STJ Fl.486)STJ-Petição Eletrônica (PExt) 00480868/2021 recebida em 21/05/2021 21:42:16
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O Ministério Público denunciou os réus em razão das práticas dos 
crimes de organização criminosa, tráfico de drogas e financiamento ao tráfico 
(este último apenas em relação a RAIMUNDO NONATO e SAYONARA). Na 
mesma peça inicial, também foi denunciado FRANCISCO SALES DE SOUSA, 
por comandar a suposta organização criminosa integrada pelos demais réus, e 
pelos crimes de tráfico e financiamento ao tráfico, tendo sido realizada, 
posteriormente, a cisão processual em relação ao referido acusado. 
Todas as respostas à acusação foram devidamente apresentadas. 
Antes da realização da audiência de instrução, a defesa dos 
acusados RAIMUNDO NONATO JOÃO DA SILVA, SAYONARA DE ALMEIDA 
MEDEIROS, GEILSON DIAS DE SOUSA e JOSÉ PEREIRA DE BRITO NETO 
suscitou litispendência da presente ação penal com os processos nº 000959-
67.2018.8.18.0032 e nº 0001587- 56.2018.8.18.0032, respectivamente. 
O juízo acolheu parcialmente o pleito, extinguindo parcialmente a 
ação penal em relação ao delito de tráfico de drogas imputado aos réus, uma 
vez que as ações penais supracitadas se originaram da Operação Narcóticos, 
cuja interceptação telefônica também deu início ao presente processo, 
prosseguindo-se regularmente o feito em relação aos demais crimes. 
Em audiência realizada em 04 de março de 2020, foram ouvidas as 
testemunhas de acusação e defesa, em seguida, passou-se ao interrogatório 
dos acusados. 
Encerrada a instrução criminal, a defesa do acusado JOSÉ EDSON 
NASCIMENTO SILVA requereu diligências com finalidade de se oficiar as 
operadoras TIM e CLARO para prestarem informações acerca da titularidade 
das linhas telefônicas referentes aos números 8 99911-6659 e 89 9443-2177. 
Decorrido o prazo sem resposta às diligências requisitadas, abriu-se 
prazo para apresentação de alegações finais. 
O Ministério Público, em suas alegações finais por memoriais 
(peticionamento eletrônico) pugnou pela: 
 
(e-STJ Fl.487)STJ-Petição Eletrônica (PExt) 00480868/2021 recebida em 21/05/2021 21:42:16
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64.607-160 – Picos – PI/ diretoriaregional@defensoria.pi.def.br | www.defensoria.pi.def.br | (89) 3421-0563/ 3422-6894 
 
a) CONDENAÇÃO de RAIMUNDO NONATO JOÃO DA SILVA 
(DOUTOR), SAYONARA DE ALMEIDA MEDEIROS, GEILSON DIAS DE 
SOUSA (GG) e JOSÉ PEREIRA DE BRITO NETO (VELHINHO) pela 
prática do crime previsto no art. 2º, caput, da Lei nº 12.850/2013 (organização 
criminosa); 
b) CONDENAÇÃO de ANTÔNIO WESLEY DE SOUSA, LUZINEIDE 
DE SOUSA ALMEIDA, JOSÉ EDSON NASCIMENTO SILVA, BRENDA 
CÉSAR DO NASCIMENTO EVANGELISTA e SINARA FRANCISCA LEAL 
pelos crimes do art. 2º, caput, da Lei nº 12.850/2013 e art. 33 da 
Lei nº 11.343/06, nos termos do art. 29 do CP (organização criminosa e tráfico 
de drogas em concurso material); 
c) ABSOLVIÇÃO de RAIMUNDO NONATO JOÃO DA SILVA 
(DOUTOR) e SAYONARA DE ALMEIDA MEDEIROS do crime previsto no art. 
36 da Lei nº 11.343/06, por não haver prova da existência do fato; 
d) ABSOLVIÇÃO de MARINEZ LUCAS DE ALMEIDA SOUSA, 
TERESA REGINA MARIA DA SILVA e EDILBERTO LUCAS DE ALMEIDA 
(BITA), dos delitos do art. 2º, caput, da Lei nº 12.850/2013 e art. 33 da Lei 
nº 11.343/06, por não existirem provas suficientes para a condenação. 
 
Ato contínuo, ainda requereu o afastamento do privilégio previsto no 
art. 33, § 4º da Lei nº 11.343/2006, bem como, que fossem reconhecidas as 
circunstâncias judiciais (art. 59, CP e art. 42, da Lei de Drogas) desfavoráveis. 
Ademais, o reconhecimento do caráter hediondo dos referidos crimes, nos 
termos da Lei nº 8.072/90. 
 
II- DO DIREITO 
 
A) DA ABSOLVIÇÃO QUANTO AO DELITO art. 33 da Lei nº 11.343/06 - 
DA NEGATIVA DE AUTORIA E DA CONSEQUENTE APLICAÇÃO DO 
IN DUBIO PRO REO 
 
(e-STJ Fl.488)STJ-Petição Eletrônica (PExt) 00480868/2021 recebida em 21/05/2021 21:42:16
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Finda a instrução, deve-se levar em conta a complementaridade 
entre os elementos de informação produzidos durante a fase investigativa e os 
indícios colhidos durante a fase processual, de modo que a existência destes 
se justifique naqueles. 
Data vênia, as alegações ministeriais não merecem prosperar haja 
vista que a instrução probatória revelou não haver indícios suficientes da 
participação de LUZINEIDE DE SOUSA ALMEIDA, ANTONIO WESLEY DE 
SOUSA e SINARA FRANCISCA LEAL, vejamos: 
Durante seu interrogatório a Sra. LUZINEIDE DE SOUSA ALMEIDA 
negou todas as acusações que lhe foram imputadas, e disse que: “A acusação 
é baseada apenas numa ligação que sequer fala de drogas. Não encontraram 
nada na minha casa, eu trabalhava vendendo sabão caseiro e guardava em 
sacolas diversas. Sayonara e a vizinhança compravam sabão da gente para 
ajudar a família, pois meu marido tem graves problemas de saúde e ainda 
temos 03 filhos”. 
Relatou, também, que faz faxina e trabalha na roça para ajudar no 
sustento da casa e não tem vida de luxo, que adquiriu sua casa pelo programa 
do governo. 
Excelência,se a acusada fizesse parte de uma organização 
criminosa e fosse envolvida com tráfico de drogas não precisaria se submeter a 
tantos trabalhos para garantir o sustento mínimo da sua família, de modo que 
sua renda advém apenas de trabalho honesto, como também da ajuda de 
familiares e vizinhos. Outrossim, deveria possuir, pelo menos, algum bem em 
seu nome ou de sua família, mas isso não é o que ocorre. Destarte, o comércio 
ilícito de entorpecentes é bastante atrativo justamente em razão de fornecer 
lucro rápido e fácil, o que não se constata no modo de vida simplório da 
acusada. 
Nesse sentido, temos o testemunho de Francisca Maria da Silva 
Moura, vizinha da família e que disse os conhecerem há, aproximadamente, 17 
anos; que costumava frequentar a casa deles; que o marido dela recebe 
benefício, pois tem problemas de saúde, e ela trabalha em casa de família, cria 
(e-STJ Fl.489)STJ-Petição Eletrônica (PExt) 00480868/2021 recebida em 21/05/2021 21:42:16
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galinha, faz sabão, e planta coentro; que geralmente compra sabão e coentro 
para ajudá-los e recebe os produtos em sacolas. 
 A testemunha ainda acrescentou que eles nunca tiveram luxo com 
nada, todos sempre os ajudaram. E, ainda, que a casa deles é bem humilde e 
foi adquirida com ajuda de todos nós. 
E, quando a testemunha foi indagada sobre o envolvimento de 
LUZINEIDE e seu marido com drogas, disse que nunca soube deles guardando 
drogas. 
Já a Sra. Luzineide, ora ré, quando questionada sobre uma ligação 
telefônica interceptada e sobre o teor do diálogo, no qual se mencionava sobre 
“pegar uma sacola”, afirma que equivocadamente a polícia entendeu que se 
tratava de entorpecentes. Sucede, Excelência, que foi uma interpretação 
subjetiva da polícia, pois jamais se poderia afirmar com veemência que eram 
transportadas drogas dentro das citadas sacolas. Nesse sentido, como bem 
destacou a acusada, poderia ser qualquer coisa ali dentro, porque vende frutas, 
galinha e sabão, e tudo é entregue dentro de sacolas. 
Corroborando a versão da ré, temos o interrogatório de outro 
acusado, o Sr. ANTONIO WESLEY DE SOUSA, que também negou as 
acusações que lhe foram atribuídas e disse não ter nenhum envolvimento com 
esse caso. Observe-se: 
02'08" Jamais eu faria isso, tendo em vista que tenho filhos 
pequenos, sou uma pessoa doente e jamais poderia fazer isso. Isso 
custou muito caro para meu estado físico de saúde que foi agravado, 
perdi um transplante hepático devido à prisão, coisas que nunca nem 
o Estado, nem ninguém vai recuperar na minha vida, ainda vale 
mencionar o sofrimento de meus filhos e minha família. 
Minha vida é dedicada totalmente à minha saúde pra ajudar minha 
família que precisa de mim. Vivo viajando para Fortaleza por conta do 
tratamento, e faço hemodiálise 3 vezes por semana, e quando estou 
disponível levo meus filhos pro esporte. 
 
Por conseguinte, temos as declarações prestadas pela testemunha 
Francisca Maria da Silva Moura, onde afirma que: “ele adquiriu problemas 
graves de saúde muito cedo, e lá todos o ajudam, compram o sabão deles, as 
galinhas, as verduras; a mãe dele ajuda naquilo que pode, sempre foram 
pessoas direitas, nunca soube de envolvimento deles com drogas”. 
(e-STJ Fl.490)STJ-Petição Eletrônica (PExt) 00480868/2021 recebida em 21/05/2021 21:42:16
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Finalmente, quando indagado sobre o momento de sua prisão o 
acusado esclareceu que foi preso em sua residência e estava com sua esposa 
e filhos, e jamais foi encontrado nada na sua residência. 
A Sra. Luzineide também afirmou com veemência que não foi 
encontrado nada ilícito em sua residência. 
Ora, Excelência, como pode uma investigação tão longa, baseada 
em interceptações telefônicas, afirmar que o acusado e sua esposa eram 
responsáveis pela estocagem do produto e não encontraram nada na 
residência deles? 
Convenhamos que se a polícia acompanhava o diálogo dos 
envolvidos por meio das interceptações telefônicas, existiria uma enorme 
vantagem na sua atuação que os permitia estar sempre um passo à frente dos 
investigados. A autoridade policial pode planejar e executar uma ação onde os 
verdadeiramente envolvidos foram surpreendidos, sem que houvesse chance 
de se desfazerem de nada. Ainda, as interceptações proporcionaram saber o 
que procurar e onde exatamente procurar. Então, diante de tanto planejamento, 
a partir de um volume de interceptações consideradas “relevantes”, e uma 
operação elaborada minuciosamente, só conseguiram apontar uma única 
ligação dos réus onde mencionavam pegar coisas de uma sacola? Ora, isso é 
inadmissível! 
Ainda, deve ser levado em conta que as conversas que foram 
transcritas foram julgadas “relevantes” ou não pela autoridade policial, 
revestindo-se de grande subjetividade, podendo ser direcionada para outro 
contexto. Ao se obervar o todo, verificam-se diversos pontos de vistas e 
interpretações de um determinado fato, ainda mais quando já se vem 
preordenado e guiado para um determinado entendimento. 
Observa-se que as transcrições aparecem com palavras entre 
parênteses, que pretendem descrever o intuito e o sentido da conversa. 
Contudo, apesar de aquela palavra ter realmente sido dita, teve o seu sentido 
distorcido ao ser retirada de todo o contexto e interpretada sob a ótica de 
acusar. Você pode saber o que disse, mas nunca o que o outro escutou. 
(e-STJ Fl.491)STJ-Petição Eletrônica (PExt) 00480868/2021 recebida em 21/05/2021 21:42:16
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Ainda, temos as declarações prestadas pela testemunha de 
acusação, Delegado Agenor Júnior, que afirmou serem LUZINEIDE e 
ANTÔNIO WESLEY os responsáveis pela estocagem de drogas, mas não 
encontram nenhuma droga sob sua posse ou na residência do casal. Ora, não 
merece prosperar tal acusação uma vez que não tem qualquer fundamento 
lógico e nem prova hábil para condenar os réus. 
Ressalta-se que LUZINEIDE DE SOUSA ALMEIDA, ANTONIO 
WESLEY DE SOUSA e SINARA FRANCISCA LEAL são réus primários. 
A acusada SINARA FRANCISCA LEAL, também negou 
veementemente todas as acusação que lhe fora imputadas e disse que: 
 
01'44" não guardava, nem comercializava drogas. Sales é cunhando 
do seu esposo. Sayonara é sobrinhado meu marido e Edilberto é 
meu esposo. Não era de seu conhecimento o envolvimento dessas 
pessoas com traficância. 
 
04'05" nunca guardei drogas em minha residência. Nunca usou 
telefone de “velhinho” pra falar com Doutor. 
 
Relatou que foi investigada durante todo esse tempo e não foi 
encontrada nenhuma grama de droga em sua casa, que deixou a polícia 
adentrar em sua residência e não tinha nada. 
Também informou que trabalha como doméstica e não possui bens 
como joias ou carros, apenas uma casa própria, adquirida através do programa 
Minha Casa Minha Vida. Finalizou afirmando que não possui nenhuma ligação 
direta ou indireta com tráfico de drogas. 
O delito de tráfico de drogas, art. 33, caput, da Lei n° 11.343/06 
prevê as seguintes condutas, in verbis: 
 
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, 
adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, 
transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a 
consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem 
autorização ou em desacordo com determinação legal ou 
regulamentar: 
(e-STJ Fl.492)STJ-Petição Eletrônica (PExt) 00480868/2021 recebida em 21/05/2021 21:42:16
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Pena – reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 
(quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa. 
 
Nesse sentido, para ser atribuído conduta de traficância ilícita de 
entorpecentes é imprescindível a comprovação da prática de alguma desses 
núcleos do tipo penal ao fato. 
De acordo com as alegações ministeriais, os réus 
supramencionados, eram supostamente responsáveis principalmente pela 
estocagem e armazenamento da droga. 
Contudo, conforme já foi exaustivamente demonstrado, tais 
acusações não encontram sustentação probatória para embasar uma 
condenação. 
Cumpre salientar, também, que não há nenhuma controvérsia nos 
interrogatórios dos acusados. Soma-se a isso, o fato de os acusados nunca 
terem sido vistos vendendo entorpecentes, ensejando, pelo menos, dúvidas 
acerca da sua participação no crime. Tal situação dá azo à absolvição dos 
réus, conforme o entendimento dos tribunais pátrios: 
TRÁFICO DE ENTORPECENTES. AUSÊNCIA DE PROVA SOBRE 
A AUTORIA DO TRÁFICO. ABSOLVIÇÃO MANTIDA. Tem-se 
afirmando que, para a prolação de um decreto penal 
condenatório, é indispensável prova robusta que dê certeza da 
existência do delito e seu autor. A livre convicção do Julgador 
deve sempre se apoiar em dados objetivos indiscutíveis. Caso 
contrário, transformar o princípio do livre convencimento em 
arbítrio. É o que ocorre no caso em tela, como registrou a 
Julgadora: "Com efeito, como bem ressaltado pela defesa 
técnica, pelo que consta nos autos, não há como chegar a 
conclusão de que o réu era o responsável pelo fornecimento de 
drogas no local. Inexiste qualquer materialização de uma 
investigação prévia na residência que aponte para o 
denunciado como traficante. O único usuário abordado no local 
prestou depoimento em juízo, mencionando que não adquiriu 
entorpecentes do acusado. Em sendo assim, diante de todo o 
contexto fático apresentado, não é desarrazoada a versão 
exposta pelo réu em seu interrogatório, no sentido de que os 
entorpecentes não eram de sua propriedade." DECISÃO: Apelo 
ministerial desprovido. Unânime. (Apelação Crime Nº 
70054833199, Primeira Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, 
Relator: Sylvio Baptista Neto, Julgado em 25/09/2013). 
PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÕES CRIMINAIS. 
FURTO. CONDUTA PREVISTA NO ART. 155, § 3º, DO CP. 
PLEITOS DE REFORMA DO ATO SENTENCIONAL 
(e-STJ Fl.493)STJ-Petição Eletrônica (PExt) 00480868/2021 recebida em 21/05/2021 21:42:16
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ABSOLUTÓRIO. NEGATIVA DE AUTORIA. IN DUBIO PRO REO. 
SENTENÇA MANTIDA. APELO IMPROVIDO. 1. As provas 
produzidas pela acusação demonstram tão somente a 
materialidade delitiva. 2. Tendo a parte recorrida levantado a tese 
de negativa de autoria, incumbia à acusação provar o contrário. 
3. Não sendo certa a autoria delitiva, resulta impossível um juízo 
condenatório. 4. Sentença Mantida. 5. Apelo não provido. (TJ-PE 
- APL: 2504787 PE, Relator: Roberto Ferreira Lins, Data de 
Julgamento: 09/01/2015, 1ª Câmara Criminal, Data de Publicação: 
20/01/2015). 
 
Importante esclarecer que cabe à parte acusadora afastar a 
presunção de não culpabilidade que recai sobre os imputados, provando, além 
de uma dúvida razoável, que praticou a conduta delituosa cuja prática lhe é 
atribuída, o que não restou evidenciado. 
No campo do convencimento não há espaço para a dúvida; assim, 
se existente alguma dúvida, deve ela militar a favor do réu, em 
homenagem ao princípio da presunção de inocência. 
O princípio in dubio pro reo não é uma simples regra de apreciação 
das provas. Na verdade, deve ser utilizado no momento da sua valoração. Na 
dúvida, a decisão tem que ser em favor do acusado, pois este não possui a 
obrigação de provar que não praticou o delito. 
A respeito do referido princípio, o renomado autor Renato Brasileiro, 
em sua obra Manual de Processo Penal, Editora Ímpetus, vol. I, 2011, pág. 13, 
assim preceitua: 
Por força da regra probatória, a parte acusadora tem o ônus de 
demonstrar a culpabilidade do acusado além de qualquer dúvida 
razoável, e não este de provar sua inocência. Em outras palavras, 
recai exclusivamente sobre a acusação o ônus da prova, incumbindo-
lhe demonstrar que o acusado praticou o fato delituoso que lhe foi 
imputado na peça acusatória. (grifos acrescidos) 
 
 
No mesmo sentido: 
(...) em caso de dúvida, deve sempre prevalecer o estado de 
inocência, absolvendo-se o acusado. Reforça, ainda, o princípio 
da intervenção mínima do Estado na vida do cidadão, uma vez 
que a reprovação penal somente alcançará aquele que for 
efetivamente culpado. Finalmente, impede que as pessoas sejam 
(e-STJ Fl.494)STJ-Petição Eletrônica (PExt) 00480868/2021 recebida em 21/05/2021 21:42:16
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obrigadas a se auto-acusar, consagrando o direito ao silêncio. (g. 
n.)
1
 
 
Vejamos ainda, entendimento jurisprudencial do Tribunal de Justiça 
do Pernambuco, que corrobora o pensamento supra: 
 
PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. FURTO 
QUALIFICADO. NEGATIVA DE AUTORIA.INCIDÊNCIA DO 
PRINCÍPIO "IN DUBIO PRO REO". PROVAS INSUFICIENTES 
PARA FUNDAMENTAR A CONDENAÇÃO. REFORMA DA 
SENTENÇA. RECURSO PROVIDO. DECISÃO UNÂNIME. 1.Da 
análise dos autos, verifica-se que não há certeza da participação 
dos apelantes na prática do delito, tendo em vista que as provas 
dos autos são insuficientes para embasar a condenação. 2.O 
princípio in dubio pro reo tem cabimento quando há dúvida 
acerca da autoria e materialidade do crime. Assim, o princípio in 
dubio pro reo deve reger o presente caso ante a falta de 
elementos fáticos probantes da autoria do crime. Meras 
presunções não são suficientes para a condenação, já que 
diferentemente do que ocorre no juízo de recebimento da 
denúncia, na decisão final, a dúvida deve favorecer o réu. 
Precedente do STJ. 3.Recurso provido. Decisão unânime. (TJ-PE - 
APL: 4891820068170280 PE 0000489-18.2006.8.17.0280, Relator: 
Mauro Alencar De Barros, Data de Julgamento: 15/02/2012, 2ª 
Câmara Criminal, Data de Publicação: 44). 
 
Portanto, por qualquer lado que se analise o fato em questão, devem 
os acusados ser absolvidos, porquanto não é possível sustentar uma acusação 
sem que haja provas cabais de que os réus praticaram a conduta delituosa de 
tráfico, cuja autoria negam com veemência. 
 
b) DA INEXISTÊNCIA DO DELITO DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA (Art. 2º 
da Lei nº 12.850/13) POR AUSÊNCIA DE ELEMENTAR DO TIPO: 
 
MM. Juíza, a princípio, os acusados negaram veementemente, por 
diversas vezes, qualquer tipo de envolvimento nesse fato delituoso, conforme 
exposto acima. 
 
 
1
 Nucci, Guilherme de Souza. Código de Processo Penal Comentado. 8ª edição, rev. atual. e ampl. São 
Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2008, p. 39. 
(e-STJ Fl.495)STJ-Petição Eletrônica (PExt) 00480868/2021 recebida em 21/05/2021 21:42:16
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Ademais, importante verificar a ocorrência/satisfação de todos os 
elementos necessários à configuração do tipo em análise. Para tanto, utiliza-se 
das lições dos professores Renato Brasileiro de Lima (2016)2 e Luiz Flávio 
Gomes (2013)3, para quem o crime de organização criminosa do art. 2º da Lei 
n. 12.850/13 exige os seguintes elementos: 
 
1) Associação Estável e Permanente: 
 
Luiz Flávio Gomes, quanto à estabilidade e permanência da 
associação para fins de caracterização do delito em estudo, pontua que: 
 
Associação de forma estável, duradoura, permanente, pois 
do contrário configura uma mera coautoria (autoria coletiva) 
para a realização de um determinado delito. (...) A permanência 
e estabilidade do grupo deve ser firmada antes do 
cometimento dos delitos planejados (se isso ocorrer depois, 
trata-se de mera coautoria – nesse sentido Rogério 
Sanches/Ronaldo Pinto). 
 
Apesar de tratar-se de crime formal e que resta configurado mesmo 
na hipótese em que haja divisão informal de tarefas, deve existir associação 
com mais de quatro pessoas, no mínimo, de maneira preordenada, 
organizada, com aspectos de estabilidade e permanência para a prática 
de crimes, conforme excerto da obra do professor acima citado, porque se isso 
não ocorrer há apenas concurso de agentes, na forma do art. 29 do Código 
Penal. 
Outrossim, o conjunto probatório carreado aos autos é formado por 
meros indícios, suposições, de que os acusados seriam responsáveis pela 
estocagem da droga. Entretanto, não foi encontrado nenhum entorpecente ou 
qualquer produto/material ilícito sob a posse dos acusados. 
 
2
 LIMA, Renato Brasileiro. Legislação Criminal Especial Comentada: volume único. 4. ed. rev.atual. e 
ampl. Salvador, Bahia: Juspodivm, 2016. 
 
3
 GOMES, Luiz Flávio. Comentários aos artigos 1º e 2ª da Lei 12.850/13 - Criminalidade 
Organizada. Disponível em: https://professorlfg.jusbrasil.com.br/artigos/121932382/comentarios-aos-
artigos-1-e-2-da-lei-12850-13-criminalidade-organizada. 
(e-STJ Fl.496)STJ-Petição Eletrônica (PExt) 00480868/2021 recebida em 21/05/2021 21:42:16
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Vale salientar que a pretendida prova da acusação, retirada a partir 
de todo o período em que foram investigados e interceptados, constitui-se em 
apenas um único diálogo dos acusados com Sayonara, sobre pegar umas 
sacolas. Desse modo, não existem provas da estabilidade e permanência de 
vínculo associativo. 
Nestes termos, a jurisprudência nacional tem entendido que “a 
delinquência episodicamente coletiva, despida de continuidade e de 
acerto frequente de vontades não tem a magnitude e o relevo necessários 
para receber o designativo de associação criminosa” (o termo associação 
criminosa é utilizado em sentido amplo), tal qual ocorre no caso em tela. Aos 
julgados: 
APELAÇÃO CRIMINAL; CRIMES DE ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA - 
"QUADRILHA ARMADA" E CORRUPÇÃO ATIVA, EM RELAÇÃO AO 
TERCEIRO APELADO. ABSOLVIÇÃO DE TODOS OS ACUSADOS 
QUANTO AO DELITO PREVISTO NO ARTIGO 288, PARÁGRAFO 
ÚNICO, DO CÓDIGO PENAL. RECURSO MINISTERIAL 
BUSCANDO A CONDENAÇÃO DOS RÉUS NO TOCANTE AO 
CRIME DE QUADRILHA. ESTABILIDADE E PERMANÊNCIA DA 
ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA NÃO COMPROVADOS A 
ASSEGURAR O VÍNCULO ASSOCIATIVO. ABSOLVIÇÃO QUE SE 
MANTÉM. APELO CONHECIDO E DESPROVIDO. Trata-se de 
apelação interposta pelo órgão Ministério Público contra sentença 
que absolveu os acusados Paulo Ricardo Alves, Diego França 
Antonio, Wallace Beraldo da Silva e Arthur Marques Neto da 
imputação pela prática do delito previsto no artigo 288, §único do 
Código Penal. Prevê, o texto vigente inserto no artigo 288 do 
Código Penal, como elemento subjetivo específico "o fim de 
cometer crimes", sendo necessárias estabilidade e permanência 
de pelo menos três pessoas (Redação dada pela Lei nº 12.850, de 
2013), para a consumação do tipo. De fato, tanto a doutrina 
majoritária como a consolidada jurisprudência, sobre o assunto, 
caminham no sentido de exigir esses qualitativos, para o 
reconhecimento de que determinado grupo integrado, por no 
mínimo três pessoas constitua uma quadrilha ou bando. No 
entanto, o que exsurge inconteste do conjunto probatório são 
meros indícios de que os ora apelados se uniram para a prática 
de roubo de veículos automotores, caracterizando a existência 
de um concurso de pessoas, mas não a estabilidade e 
permanência de vínculo associativo, exigidos pelo tipo penal, 
para a configuração da quadrilha armada. Desse modo, a 
delinquência episodicamente coletiva, despida de continuidade e 
de acerto frequente de vontades, como se vê nestes autos, não 
tem a magnitude e o relevo necessários para receber o 
designativo de associação criminosa. (...). Recurso conhecido e 
desprovido, mantendo-se intacta a sentença vergastada. (TJ-RJ - 
APL: 00078660220118190024 RIO DE JANEIRO ITAGUAI VARA 
CRIMINAL, Relator: ELIZABETE ALVES DE AGUIAR,Data de 
(e-STJ Fl.497)STJ-Petição Eletrônica (PExt) 00480868/2021 recebida em 21/05/2021 21:42:16
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Julgamento: 14/07/2014, OITAVA CÂMARA CRIMINAL, Data de 
Publicação: 16/07/2014). 
 
Tendo em vista que o direito penal admite interpretação analógica, 
ainda foi transcrita decisão do Superior Tribunal de Justiça na qual se exige o 
critério em debate para que sejam aplicadas as penas do art. 35 da Lei n. 
11.343/06 (Lei de Drogas) – associação criminosa para o tráfico: 
 
PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. 
ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO DE DROGAS. VÍNCULO 
ESTÁVEL E PERMANENTE CONSTATADO. ABSOLVIÇÃO. 
IMPOSSIBILIDADE. REVOLVIMENTO DE MATÉRIA FÁTICO-
PROBATÓRIA. CAUSA DE DIMINUIÇÃO DE PENA DO ART. 33, § 
4º, DA LEI N. 11.343/2006. INAPLICABILIDADE. ALTERAÇÃO DO 
REGIME E SUBSTITUIÇÃO DA PENA PREJUDICADOS. AGRAVO 
NÃO PROVIDO. 1. Para a caracterização do crime de associação 
criminosa, é imprescindível a demonstração concreta do vínculo 
permanente e estável entre duas ou mais pessoas, com a 
finalidade de praticarem os delitos do art. 33, caput e § 1º e/ou do 
art. 34, da Lei de Drogas (HC 354.109/MG, Rel. Ministro JORGE 
MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 15/9/2016, DJe 22/9/2016; HC 
391.325/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, 
SEXTA TURMA, julgado em 18/5/2017, DJe 25/5/2017). 2. (...) 5. 
Agravo regimental não provido. (STJ, Quinta Turma, AgRg no HC 
463.683/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 16/10/2018). 
 
Assim, durante toda a instrução processual e pré-processual não 
ficou cabalmente demonstrado que os denunciados, nem as pessoas que 
foram presas juntamente com eles, façam parte de grupo estável e 
permanente, com intenção de continuidade no tempo e propósitos definidos. 
 
2) Da Imprescindível Presença do Elemento Subjetivo: 
 
O tipo do art. 2º da Lei 12.850/13 somente pode ser cometido a título 
de dolo, devendo o agente atuar com consciência e vontade, de forma 
organizada, preordenada e através de um grupo estável e permanente, com o 
objetivo de obter vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de delitos 
com penas superiores a quatro anos ou de caráter transnacional. 
Nesse tipo de crime é irrelevante o que cada um faz, devendo “saltar 
aos olhos” a homogeneidade de vontades (comunhão de intenções em 
(e-STJ Fl.498)STJ-Petição Eletrônica (PExt) 00480868/2021 recebida em 21/05/2021 21:42:16
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participar da obra coletiva), O QUE NÃO EXISTE NOS AUTOS DO 
PRESENTE PROCESSO. 
Excelência, os acusados além de negarem as acusações não tem 
relação com os demais acusados, não foi demonstrado envolvimento nem 
conhecimento por parte deles com Organização criminosa. 
 
3) Da Falta de Estruturação Organizada: 
 
Excelência, conforme apurado, não compôs associação 
estruturalmente organizada com o fim de obter vantagem ilícita de qualquer 
natureza, fator que torna impositiva sua absolvição. Luiz Flávio Gomes, sobre o 
assunto, preleciona o seguinte: 
 
O que significa associação “estruturalmente ordenada”? Significa, 
desde logo (veja Ana Luiza Almeida Ferro, Crime organizado e 
organizações criminosas mundiais, p. 370 e ss.), não uma mera 
reunião de pessoas para o cometimento de ilícitos (isso não 
passa de concurso de pessoas), sim, uma conspiração 
organizada, planejada, coordenada. Não se pode banalizar o 
conceito de crime organizado que, com frequência, conta com 
planejamento “empresarial”, embora isso não seja rigorosamente 
necessário. Não há como confundir esse planejamento com o 
mero programa delinquencial (que está presente em 
praticamente todos os crimes dolosos). A presença de itens do 
planejamento empresarial (controle do custo das atividades 
necessárias, recrutamento controlado de pessoal, modalidade do 
pagamento, controle do fluxo de caixa, de pessoal e de “mercadorias” 
ou “serviços”, planejamento de itinerários, divisão de tarefas, divisão 
de territórios, contatos com autoridades etc.) constitui forte indício do 
crime organizado. 
 
Portanto, não há que se falar em os acusados terem praticado o 
delito de organização criminosa como imputado na exordial acusatória, pois 
não são satisfeitos os critérios exigidos pelo art. 2º da Lei nº 12.850/13, na 
forma do que foi exposto acima. 
Destarte, a defesa requer a absolvição de LUZINEIDE DE SOUSA 
ALMEIDA, ANTONIO WESLEY DE SOUSA e SINARA FRANCISCA LEAL, 
na forma do art. 386, I, II e VII, do Código de Processo Penal, por estar 
provada a inexistência do fato e das consequentes provas, sendo certo 
(e-STJ Fl.499)STJ-Petição Eletrônica (PExt) 00480868/2021 recebida em 21/05/2021 21:42:16
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que nessa fase processual a dúvida milita em favor do acusado (in dúbio 
pro reo). 
 
III – DOS PEDIDOS 
 
Postas tais considerações, a defesa requer: 
I - a ABSOLVIÇÃO de LUZINEIDE DE SOUSA ALMEIDA, 
ANTONIO WESLEY DE SOUSA e SINARA FRANCISCA LEAL, quanto ao 
crime de tráfico de drogas, por não existir prova suficiente para condenação, 
situação que se encaixa no inciso VII do art. 386 do Código de Processo Penal; 
 
II – sejam os denunciados ABSOLVIDOS quanto ao delito de 
Organização Criminosa, previsto ao teor do art. 2º da Lei 12.850/13, em face 
da ausência dos elementos caracterizadores do tipo penal, conforme preceitua 
o art. 386, III, CPP, por não constituir o fato infração penal; 
 
Termos em que, 
Pede deferimento. 
 
Picos -PI, 08 de novembro de 2020. 
 
 
 
 
 
 
 
Maria Teresa de Albuquerque S. A. Correia 
Defensora Pública 
(e-STJ Fl.500)STJ-Petição Eletrônica (PExt) 00480868/2021 recebida em 21/05/2021 21:42:16
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