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Av. Senador Helvídio Nunes de Barros, nº 1.782 – Centro Empresarial Premium, Sala 03-A – Bairro Catavento | 64.607-160 – Picos – PI/ diretoriaregional@defensoria.pi.def.br | www.defensoria.pi.def.br | (89) 3421-0563/ 3422-6894 EXCELENTÍSSIMA SENHORA JUÍZA DE DIREITO DA 5ª VARA DA COMARCA DE PICOS - PIAUÍ Proc. nº 0000045-66.2019.8.18.0032 LUZINEIDE DE SOUSA ALMEIDA, ANTONIO WESLEY DE SOUSA e SINARA FRANCISCA LEAL, já devidamente qualificados nos autos do processo em epígrafe, vem, por sua Defensora Pública, perante Vossa Excelência, com esteio no art. 403, §3º do Código de Processo Penal, oferecer ALEGAÇÕES FINAIS, na forma que segue: I – DOS FATOS O Ministério Público, com base no inquérito dos autos, denunciou RAIMUNDO NONATO JOÃO DA SILVA (DOUTOR), SAYONARA DE ALMEIDA MEDEIROS, ANTÔNIO WESLEY DE SOUSA, LUZINEIDE DE SOUSA ALMEIDA, GEILSON DIAS DE SOUSA (GG), JOSÉ EDSON NASCIMENTO SILVA, BRENDA CÉSAR DO NASCIMENTO EVANGELISTA, MARINEZ LUCAS DE ALMEIDA SOUSA, JOSÉ PEREIRA DE BRITO NETO (VELHINHO), TERESA REGINA MARIA DA SILVA, SINARA FRANCISCA LEAL e EDILBERTO LUCAS DE ALMEIDA (BITA), pela suposta prática dos crimes capitulados nos art. 2º, caput, da Lei nº 12.850/2013 (organização criminosa), arts. 33 e 36 da Lei 11.343/06. (e-STJ Fl.486)STJ-Petição Eletrônica (PExt) 00480868/2021 recebida em 21/05/2021 21:42:16 P et iç ão E le tr ôn ic a ju nt ad a ao p ro ce ss o em 2 2/ 05 /2 02 1 ?s 1 8: 11 :0 0 pe lo u su ?r io : S IS T E M A J U S T IÇ A - S E R V IÇ O S A U T O M Á T IC O S Documento eletrônico e-Pet nº 5724280 com assinatura digital Signatário(a): MARDSON ROCHA PAULO CPF: 02897655364 Recebido em 21/05/2021 21:42:16 Av. Senador Helvídio Nunes de Barros, nº 1.782 – Centro Empresarial Premium, Sala 03-A – Bairro Catavento | 64.607-160 – Picos – PI/ diretoriaregional@defensoria.pi.def.br | www.defensoria.pi.def.br | (89) 3421-0563/ 3422-6894 O Ministério Público denunciou os réus em razão das práticas dos crimes de organização criminosa, tráfico de drogas e financiamento ao tráfico (este último apenas em relação a RAIMUNDO NONATO e SAYONARA). Na mesma peça inicial, também foi denunciado FRANCISCO SALES DE SOUSA, por comandar a suposta organização criminosa integrada pelos demais réus, e pelos crimes de tráfico e financiamento ao tráfico, tendo sido realizada, posteriormente, a cisão processual em relação ao referido acusado. Todas as respostas à acusação foram devidamente apresentadas. Antes da realização da audiência de instrução, a defesa dos acusados RAIMUNDO NONATO JOÃO DA SILVA, SAYONARA DE ALMEIDA MEDEIROS, GEILSON DIAS DE SOUSA e JOSÉ PEREIRA DE BRITO NETO suscitou litispendência da presente ação penal com os processos nº 000959- 67.2018.8.18.0032 e nº 0001587- 56.2018.8.18.0032, respectivamente. O juízo acolheu parcialmente o pleito, extinguindo parcialmente a ação penal em relação ao delito de tráfico de drogas imputado aos réus, uma vez que as ações penais supracitadas se originaram da Operação Narcóticos, cuja interceptação telefônica também deu início ao presente processo, prosseguindo-se regularmente o feito em relação aos demais crimes. Em audiência realizada em 04 de março de 2020, foram ouvidas as testemunhas de acusação e defesa, em seguida, passou-se ao interrogatório dos acusados. Encerrada a instrução criminal, a defesa do acusado JOSÉ EDSON NASCIMENTO SILVA requereu diligências com finalidade de se oficiar as operadoras TIM e CLARO para prestarem informações acerca da titularidade das linhas telefônicas referentes aos números 8 99911-6659 e 89 9443-2177. Decorrido o prazo sem resposta às diligências requisitadas, abriu-se prazo para apresentação de alegações finais. O Ministério Público, em suas alegações finais por memoriais (peticionamento eletrônico) pugnou pela: (e-STJ Fl.487)STJ-Petição Eletrônica (PExt) 00480868/2021 recebida em 21/05/2021 21:42:16 P et iç ão E le tr ôn ic a ju nt ad a ao p ro ce ss o em 2 2/ 05 /2 02 1 ?s 1 8: 11 :0 0 pe lo u su ?r io : S IS T E M A J U S T IÇ A - S E R V IÇ O S A U T O M Á T IC O S Documento eletrônico e-Pet nº 5724280 com assinatura digital Signatário(a): MARDSON ROCHA PAULO CPF: 02897655364 Recebido em 21/05/2021 21:42:16 Av. Senador Helvídio Nunes de Barros, nº 1.782 – Centro Empresarial Premium, Sala 03-A – Bairro Catavento | 64.607-160 – Picos – PI/ diretoriaregional@defensoria.pi.def.br | www.defensoria.pi.def.br | (89) 3421-0563/ 3422-6894 a) CONDENAÇÃO de RAIMUNDO NONATO JOÃO DA SILVA (DOUTOR), SAYONARA DE ALMEIDA MEDEIROS, GEILSON DIAS DE SOUSA (GG) e JOSÉ PEREIRA DE BRITO NETO (VELHINHO) pela prática do crime previsto no art. 2º, caput, da Lei nº 12.850/2013 (organização criminosa); b) CONDENAÇÃO de ANTÔNIO WESLEY DE SOUSA, LUZINEIDE DE SOUSA ALMEIDA, JOSÉ EDSON NASCIMENTO SILVA, BRENDA CÉSAR DO NASCIMENTO EVANGELISTA e SINARA FRANCISCA LEAL pelos crimes do art. 2º, caput, da Lei nº 12.850/2013 e art. 33 da Lei nº 11.343/06, nos termos do art. 29 do CP (organização criminosa e tráfico de drogas em concurso material); c) ABSOLVIÇÃO de RAIMUNDO NONATO JOÃO DA SILVA (DOUTOR) e SAYONARA DE ALMEIDA MEDEIROS do crime previsto no art. 36 da Lei nº 11.343/06, por não haver prova da existência do fato; d) ABSOLVIÇÃO de MARINEZ LUCAS DE ALMEIDA SOUSA, TERESA REGINA MARIA DA SILVA e EDILBERTO LUCAS DE ALMEIDA (BITA), dos delitos do art. 2º, caput, da Lei nº 12.850/2013 e art. 33 da Lei nº 11.343/06, por não existirem provas suficientes para a condenação. Ato contínuo, ainda requereu o afastamento do privilégio previsto no art. 33, § 4º da Lei nº 11.343/2006, bem como, que fossem reconhecidas as circunstâncias judiciais (art. 59, CP e art. 42, da Lei de Drogas) desfavoráveis. Ademais, o reconhecimento do caráter hediondo dos referidos crimes, nos termos da Lei nº 8.072/90. II- DO DIREITO A) DA ABSOLVIÇÃO QUANTO AO DELITO art. 33 da Lei nº 11.343/06 - DA NEGATIVA DE AUTORIA E DA CONSEQUENTE APLICAÇÃO DO IN DUBIO PRO REO (e-STJ Fl.488)STJ-Petição Eletrônica (PExt) 00480868/2021 recebida em 21/05/2021 21:42:16 P et iç ão E le tr ôn ic a ju nt ad a ao p ro ce ss o em 2 2/ 05 /2 02 1 ?s 1 8: 11 :0 0 pe lo u su ?r io : S IS T E M A J U S T IÇ A - S E R V IÇ O S A U T O M Á T IC O S Documento eletrônico e-Pet nº 5724280 com assinatura digital Signatário(a): MARDSON ROCHA PAULO CPF: 02897655364 Recebido em 21/05/2021 21:42:16 Av. Senador Helvídio Nunes de Barros, nº 1.782 – Centro Empresarial Premium, Sala 03-A – Bairro Catavento | 64.607-160 – Picos – PI/ diretoriaregional@defensoria.pi.def.br | www.defensoria.pi.def.br | (89) 3421-0563/ 3422-6894 Finda a instrução, deve-se levar em conta a complementaridade entre os elementos de informação produzidos durante a fase investigativa e os indícios colhidos durante a fase processual, de modo que a existência destes se justifique naqueles. Data vênia, as alegações ministeriais não merecem prosperar haja vista que a instrução probatória revelou não haver indícios suficientes da participação de LUZINEIDE DE SOUSA ALMEIDA, ANTONIO WESLEY DE SOUSA e SINARA FRANCISCA LEAL, vejamos: Durante seu interrogatório a Sra. LUZINEIDE DE SOUSA ALMEIDA negou todas as acusações que lhe foram imputadas, e disse que: “A acusação é baseada apenas numa ligação que sequer fala de drogas. Não encontraram nada na minha casa, eu trabalhava vendendo sabão caseiro e guardava em sacolas diversas. Sayonara e a vizinhança compravam sabão da gente para ajudar a família, pois meu marido tem graves problemas de saúde e ainda temos 03 filhos”. Relatou, também, que faz faxina e trabalha na roça para ajudar no sustento da casa e não tem vida de luxo, que adquiriu sua casa pelo programa do governo. Excelência,se a acusada fizesse parte de uma organização criminosa e fosse envolvida com tráfico de drogas não precisaria se submeter a tantos trabalhos para garantir o sustento mínimo da sua família, de modo que sua renda advém apenas de trabalho honesto, como também da ajuda de familiares e vizinhos. Outrossim, deveria possuir, pelo menos, algum bem em seu nome ou de sua família, mas isso não é o que ocorre. Destarte, o comércio ilícito de entorpecentes é bastante atrativo justamente em razão de fornecer lucro rápido e fácil, o que não se constata no modo de vida simplório da acusada. Nesse sentido, temos o testemunho de Francisca Maria da Silva Moura, vizinha da família e que disse os conhecerem há, aproximadamente, 17 anos; que costumava frequentar a casa deles; que o marido dela recebe benefício, pois tem problemas de saúde, e ela trabalha em casa de família, cria (e-STJ Fl.489)STJ-Petição Eletrônica (PExt) 00480868/2021 recebida em 21/05/2021 21:42:16 P et iç ão E le tr ôn ic a ju nt ad a ao p ro ce ss o em 2 2/ 05 /2 02 1 ?s 1 8: 11 :0 0 pe lo u su ?r io : S IS T E M A J U S T IÇ A - S E R V IÇ O S A U T O M Á T IC O S Documento eletrônico e-Pet nº 5724280 com assinatura digital Signatário(a): MARDSON ROCHA PAULO CPF: 02897655364 Recebido em 21/05/2021 21:42:16 Av. Senador Helvídio Nunes de Barros, nº 1.782 – Centro Empresarial Premium, Sala 03-A – Bairro Catavento | 64.607-160 – Picos – PI/ diretoriaregional@defensoria.pi.def.br | www.defensoria.pi.def.br | (89) 3421-0563/ 3422-6894 galinha, faz sabão, e planta coentro; que geralmente compra sabão e coentro para ajudá-los e recebe os produtos em sacolas. A testemunha ainda acrescentou que eles nunca tiveram luxo com nada, todos sempre os ajudaram. E, ainda, que a casa deles é bem humilde e foi adquirida com ajuda de todos nós. E, quando a testemunha foi indagada sobre o envolvimento de LUZINEIDE e seu marido com drogas, disse que nunca soube deles guardando drogas. Já a Sra. Luzineide, ora ré, quando questionada sobre uma ligação telefônica interceptada e sobre o teor do diálogo, no qual se mencionava sobre “pegar uma sacola”, afirma que equivocadamente a polícia entendeu que se tratava de entorpecentes. Sucede, Excelência, que foi uma interpretação subjetiva da polícia, pois jamais se poderia afirmar com veemência que eram transportadas drogas dentro das citadas sacolas. Nesse sentido, como bem destacou a acusada, poderia ser qualquer coisa ali dentro, porque vende frutas, galinha e sabão, e tudo é entregue dentro de sacolas. Corroborando a versão da ré, temos o interrogatório de outro acusado, o Sr. ANTONIO WESLEY DE SOUSA, que também negou as acusações que lhe foram atribuídas e disse não ter nenhum envolvimento com esse caso. Observe-se: 02'08" Jamais eu faria isso, tendo em vista que tenho filhos pequenos, sou uma pessoa doente e jamais poderia fazer isso. Isso custou muito caro para meu estado físico de saúde que foi agravado, perdi um transplante hepático devido à prisão, coisas que nunca nem o Estado, nem ninguém vai recuperar na minha vida, ainda vale mencionar o sofrimento de meus filhos e minha família. Minha vida é dedicada totalmente à minha saúde pra ajudar minha família que precisa de mim. Vivo viajando para Fortaleza por conta do tratamento, e faço hemodiálise 3 vezes por semana, e quando estou disponível levo meus filhos pro esporte. Por conseguinte, temos as declarações prestadas pela testemunha Francisca Maria da Silva Moura, onde afirma que: “ele adquiriu problemas graves de saúde muito cedo, e lá todos o ajudam, compram o sabão deles, as galinhas, as verduras; a mãe dele ajuda naquilo que pode, sempre foram pessoas direitas, nunca soube de envolvimento deles com drogas”. (e-STJ Fl.490)STJ-Petição Eletrônica (PExt) 00480868/2021 recebida em 21/05/2021 21:42:16 P et iç ão E le tr ôn ic a ju nt ad a ao p ro ce ss o em 2 2/ 05 /2 02 1 ?s 1 8: 11 :0 0 pe lo u su ?r io : S IS T E M A J U S T IÇ A - S E R V IÇ O S A U T O M Á T IC O S Documento eletrônico e-Pet nº 5724280 com assinatura digital Signatário(a): MARDSON ROCHA PAULO CPF: 02897655364 Recebido em 21/05/2021 21:42:16 Av. Senador Helvídio Nunes de Barros, nº 1.782 – Centro Empresarial Premium, Sala 03-A – Bairro Catavento | 64.607-160 – Picos – PI/ diretoriaregional@defensoria.pi.def.br | www.defensoria.pi.def.br | (89) 3421-0563/ 3422-6894 Finalmente, quando indagado sobre o momento de sua prisão o acusado esclareceu que foi preso em sua residência e estava com sua esposa e filhos, e jamais foi encontrado nada na sua residência. A Sra. Luzineide também afirmou com veemência que não foi encontrado nada ilícito em sua residência. Ora, Excelência, como pode uma investigação tão longa, baseada em interceptações telefônicas, afirmar que o acusado e sua esposa eram responsáveis pela estocagem do produto e não encontraram nada na residência deles? Convenhamos que se a polícia acompanhava o diálogo dos envolvidos por meio das interceptações telefônicas, existiria uma enorme vantagem na sua atuação que os permitia estar sempre um passo à frente dos investigados. A autoridade policial pode planejar e executar uma ação onde os verdadeiramente envolvidos foram surpreendidos, sem que houvesse chance de se desfazerem de nada. Ainda, as interceptações proporcionaram saber o que procurar e onde exatamente procurar. Então, diante de tanto planejamento, a partir de um volume de interceptações consideradas “relevantes”, e uma operação elaborada minuciosamente, só conseguiram apontar uma única ligação dos réus onde mencionavam pegar coisas de uma sacola? Ora, isso é inadmissível! Ainda, deve ser levado em conta que as conversas que foram transcritas foram julgadas “relevantes” ou não pela autoridade policial, revestindo-se de grande subjetividade, podendo ser direcionada para outro contexto. Ao se obervar o todo, verificam-se diversos pontos de vistas e interpretações de um determinado fato, ainda mais quando já se vem preordenado e guiado para um determinado entendimento. Observa-se que as transcrições aparecem com palavras entre parênteses, que pretendem descrever o intuito e o sentido da conversa. Contudo, apesar de aquela palavra ter realmente sido dita, teve o seu sentido distorcido ao ser retirada de todo o contexto e interpretada sob a ótica de acusar. Você pode saber o que disse, mas nunca o que o outro escutou. (e-STJ Fl.491)STJ-Petição Eletrônica (PExt) 00480868/2021 recebida em 21/05/2021 21:42:16 P et iç ão E le tr ôn ic a ju nt ad a ao p ro ce ss o em 2 2/ 05 /2 02 1 ?s 1 8: 11 :0 0 pe lo u su ?r io : S IS T E M A J U S T IÇ A - S E R V IÇ O S A U T O M Á T IC O S Documento eletrônico e-Pet nº 5724280 com assinatura digital Signatário(a): MARDSON ROCHA PAULO CPF: 02897655364 Recebido em 21/05/2021 21:42:16 Av. Senador Helvídio Nunes de Barros, nº 1.782 – Centro Empresarial Premium, Sala 03-A – Bairro Catavento | 64.607-160 – Picos – PI/ diretoriaregional@defensoria.pi.def.br | www.defensoria.pi.def.br | (89) 3421-0563/ 3422-6894 Ainda, temos as declarações prestadas pela testemunha de acusação, Delegado Agenor Júnior, que afirmou serem LUZINEIDE e ANTÔNIO WESLEY os responsáveis pela estocagem de drogas, mas não encontram nenhuma droga sob sua posse ou na residência do casal. Ora, não merece prosperar tal acusação uma vez que não tem qualquer fundamento lógico e nem prova hábil para condenar os réus. Ressalta-se que LUZINEIDE DE SOUSA ALMEIDA, ANTONIO WESLEY DE SOUSA e SINARA FRANCISCA LEAL são réus primários. A acusada SINARA FRANCISCA LEAL, também negou veementemente todas as acusação que lhe fora imputadas e disse que: 01'44" não guardava, nem comercializava drogas. Sales é cunhando do seu esposo. Sayonara é sobrinhado meu marido e Edilberto é meu esposo. Não era de seu conhecimento o envolvimento dessas pessoas com traficância. 04'05" nunca guardei drogas em minha residência. Nunca usou telefone de “velhinho” pra falar com Doutor. Relatou que foi investigada durante todo esse tempo e não foi encontrada nenhuma grama de droga em sua casa, que deixou a polícia adentrar em sua residência e não tinha nada. Também informou que trabalha como doméstica e não possui bens como joias ou carros, apenas uma casa própria, adquirida através do programa Minha Casa Minha Vida. Finalizou afirmando que não possui nenhuma ligação direta ou indireta com tráfico de drogas. O delito de tráfico de drogas, art. 33, caput, da Lei n° 11.343/06 prevê as seguintes condutas, in verbis: Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: (e-STJ Fl.492)STJ-Petição Eletrônica (PExt) 00480868/2021 recebida em 21/05/2021 21:42:16 P et iç ão E le tr ôn ic a ju nt ad a ao p ro ce ss o em 2 2/ 05 /2 02 1 ?s 1 8: 11 :0 0 pe lo u su ?r io : S IS T E M A J U S T IÇ A - S E R V IÇ O S A U T O M Á T IC O S Documento eletrônico e-Pet nº 5724280 com assinatura digital Signatário(a): MARDSON ROCHA PAULO CPF: 02897655364 Recebido em 21/05/2021 21:42:16 Av. Senador Helvídio Nunes de Barros, nº 1.782 – Centro Empresarial Premium, Sala 03-A – Bairro Catavento | 64.607-160 – Picos – PI/ diretoriaregional@defensoria.pi.def.br | www.defensoria.pi.def.br | (89) 3421-0563/ 3422-6894 Pena – reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa. Nesse sentido, para ser atribuído conduta de traficância ilícita de entorpecentes é imprescindível a comprovação da prática de alguma desses núcleos do tipo penal ao fato. De acordo com as alegações ministeriais, os réus supramencionados, eram supostamente responsáveis principalmente pela estocagem e armazenamento da droga. Contudo, conforme já foi exaustivamente demonstrado, tais acusações não encontram sustentação probatória para embasar uma condenação. Cumpre salientar, também, que não há nenhuma controvérsia nos interrogatórios dos acusados. Soma-se a isso, o fato de os acusados nunca terem sido vistos vendendo entorpecentes, ensejando, pelo menos, dúvidas acerca da sua participação no crime. Tal situação dá azo à absolvição dos réus, conforme o entendimento dos tribunais pátrios: TRÁFICO DE ENTORPECENTES. AUSÊNCIA DE PROVA SOBRE A AUTORIA DO TRÁFICO. ABSOLVIÇÃO MANTIDA. Tem-se afirmando que, para a prolação de um decreto penal condenatório, é indispensável prova robusta que dê certeza da existência do delito e seu autor. A livre convicção do Julgador deve sempre se apoiar em dados objetivos indiscutíveis. Caso contrário, transformar o princípio do livre convencimento em arbítrio. É o que ocorre no caso em tela, como registrou a Julgadora: "Com efeito, como bem ressaltado pela defesa técnica, pelo que consta nos autos, não há como chegar a conclusão de que o réu era o responsável pelo fornecimento de drogas no local. Inexiste qualquer materialização de uma investigação prévia na residência que aponte para o denunciado como traficante. O único usuário abordado no local prestou depoimento em juízo, mencionando que não adquiriu entorpecentes do acusado. Em sendo assim, diante de todo o contexto fático apresentado, não é desarrazoada a versão exposta pelo réu em seu interrogatório, no sentido de que os entorpecentes não eram de sua propriedade." DECISÃO: Apelo ministerial desprovido. Unânime. (Apelação Crime Nº 70054833199, Primeira Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Sylvio Baptista Neto, Julgado em 25/09/2013). PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÕES CRIMINAIS. FURTO. CONDUTA PREVISTA NO ART. 155, § 3º, DO CP. PLEITOS DE REFORMA DO ATO SENTENCIONAL (e-STJ Fl.493)STJ-Petição Eletrônica (PExt) 00480868/2021 recebida em 21/05/2021 21:42:16 P et iç ão E le tr ôn ic a ju nt ad a ao p ro ce ss o em 2 2/ 05 /2 02 1 ?s 1 8: 11 :0 0 pe lo u su ?r io : S IS T E M A J U S T IÇ A - S E R V IÇ O S A U T O M Á T IC O S Documento eletrônico e-Pet nº 5724280 com assinatura digital Signatário(a): MARDSON ROCHA PAULO CPF: 02897655364 Recebido em 21/05/2021 21:42:16 Av. Senador Helvídio Nunes de Barros, nº 1.782 – Centro Empresarial Premium, Sala 03-A – Bairro Catavento | 64.607-160 – Picos – PI/ diretoriaregional@defensoria.pi.def.br | www.defensoria.pi.def.br | (89) 3421-0563/ 3422-6894 ABSOLUTÓRIO. NEGATIVA DE AUTORIA. IN DUBIO PRO REO. SENTENÇA MANTIDA. APELO IMPROVIDO. 1. As provas produzidas pela acusação demonstram tão somente a materialidade delitiva. 2. Tendo a parte recorrida levantado a tese de negativa de autoria, incumbia à acusação provar o contrário. 3. Não sendo certa a autoria delitiva, resulta impossível um juízo condenatório. 4. Sentença Mantida. 5. Apelo não provido. (TJ-PE - APL: 2504787 PE, Relator: Roberto Ferreira Lins, Data de Julgamento: 09/01/2015, 1ª Câmara Criminal, Data de Publicação: 20/01/2015). Importante esclarecer que cabe à parte acusadora afastar a presunção de não culpabilidade que recai sobre os imputados, provando, além de uma dúvida razoável, que praticou a conduta delituosa cuja prática lhe é atribuída, o que não restou evidenciado. No campo do convencimento não há espaço para a dúvida; assim, se existente alguma dúvida, deve ela militar a favor do réu, em homenagem ao princípio da presunção de inocência. O princípio in dubio pro reo não é uma simples regra de apreciação das provas. Na verdade, deve ser utilizado no momento da sua valoração. Na dúvida, a decisão tem que ser em favor do acusado, pois este não possui a obrigação de provar que não praticou o delito. A respeito do referido princípio, o renomado autor Renato Brasileiro, em sua obra Manual de Processo Penal, Editora Ímpetus, vol. I, 2011, pág. 13, assim preceitua: Por força da regra probatória, a parte acusadora tem o ônus de demonstrar a culpabilidade do acusado além de qualquer dúvida razoável, e não este de provar sua inocência. Em outras palavras, recai exclusivamente sobre a acusação o ônus da prova, incumbindo- lhe demonstrar que o acusado praticou o fato delituoso que lhe foi imputado na peça acusatória. (grifos acrescidos) No mesmo sentido: (...) em caso de dúvida, deve sempre prevalecer o estado de inocência, absolvendo-se o acusado. Reforça, ainda, o princípio da intervenção mínima do Estado na vida do cidadão, uma vez que a reprovação penal somente alcançará aquele que for efetivamente culpado. Finalmente, impede que as pessoas sejam (e-STJ Fl.494)STJ-Petição Eletrônica (PExt) 00480868/2021 recebida em 21/05/2021 21:42:16 P et iç ão E le tr ôn ic a ju nt ad a ao p ro ce ss o em 2 2/ 05 /2 02 1 ?s 1 8: 11 :0 0 pe lo u su ?r io : S IS T E M A J U S T IÇ A - S E R V IÇ O S A U T O M Á T IC O S Documento eletrônico e-Pet nº 5724280 com assinatura digital Signatário(a): MARDSON ROCHA PAULO CPF: 02897655364 Recebido em 21/05/2021 21:42:16 Av. Senador Helvídio Nunes de Barros, nº 1.782 – Centro Empresarial Premium, Sala 03-A – Bairro Catavento | 64.607-160 – Picos – PI/ diretoriaregional@defensoria.pi.def.br | www.defensoria.pi.def.br | (89) 3421-0563/ 3422-6894 obrigadas a se auto-acusar, consagrando o direito ao silêncio. (g. n.) 1 Vejamos ainda, entendimento jurisprudencial do Tribunal de Justiça do Pernambuco, que corrobora o pensamento supra: PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. FURTO QUALIFICADO. NEGATIVA DE AUTORIA.INCIDÊNCIA DO PRINCÍPIO "IN DUBIO PRO REO". PROVAS INSUFICIENTES PARA FUNDAMENTAR A CONDENAÇÃO. REFORMA DA SENTENÇA. RECURSO PROVIDO. DECISÃO UNÂNIME. 1.Da análise dos autos, verifica-se que não há certeza da participação dos apelantes na prática do delito, tendo em vista que as provas dos autos são insuficientes para embasar a condenação. 2.O princípio in dubio pro reo tem cabimento quando há dúvida acerca da autoria e materialidade do crime. Assim, o princípio in dubio pro reo deve reger o presente caso ante a falta de elementos fáticos probantes da autoria do crime. Meras presunções não são suficientes para a condenação, já que diferentemente do que ocorre no juízo de recebimento da denúncia, na decisão final, a dúvida deve favorecer o réu. Precedente do STJ. 3.Recurso provido. Decisão unânime. (TJ-PE - APL: 4891820068170280 PE 0000489-18.2006.8.17.0280, Relator: Mauro Alencar De Barros, Data de Julgamento: 15/02/2012, 2ª Câmara Criminal, Data de Publicação: 44). Portanto, por qualquer lado que se analise o fato em questão, devem os acusados ser absolvidos, porquanto não é possível sustentar uma acusação sem que haja provas cabais de que os réus praticaram a conduta delituosa de tráfico, cuja autoria negam com veemência. b) DA INEXISTÊNCIA DO DELITO DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA (Art. 2º da Lei nº 12.850/13) POR AUSÊNCIA DE ELEMENTAR DO TIPO: MM. Juíza, a princípio, os acusados negaram veementemente, por diversas vezes, qualquer tipo de envolvimento nesse fato delituoso, conforme exposto acima. 1 Nucci, Guilherme de Souza. Código de Processo Penal Comentado. 8ª edição, rev. atual. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2008, p. 39. (e-STJ Fl.495)STJ-Petição Eletrônica (PExt) 00480868/2021 recebida em 21/05/2021 21:42:16 P et iç ão E le tr ôn ic a ju nt ad a ao p ro ce ss o em 2 2/ 05 /2 02 1 ?s 1 8: 11 :0 0 pe lo u su ?r io : S IS T E M A J U S T IÇ A - S E R V IÇ O S A U T O M Á T IC O S Documento eletrônico e-Pet nº 5724280 com assinatura digital Signatário(a): MARDSON ROCHA PAULO CPF: 02897655364 Recebido em 21/05/2021 21:42:16 Av. Senador Helvídio Nunes de Barros, nº 1.782 – Centro Empresarial Premium, Sala 03-A – Bairro Catavento | 64.607-160 – Picos – PI/ diretoriaregional@defensoria.pi.def.br | www.defensoria.pi.def.br | (89) 3421-0563/ 3422-6894 Ademais, importante verificar a ocorrência/satisfação de todos os elementos necessários à configuração do tipo em análise. Para tanto, utiliza-se das lições dos professores Renato Brasileiro de Lima (2016)2 e Luiz Flávio Gomes (2013)3, para quem o crime de organização criminosa do art. 2º da Lei n. 12.850/13 exige os seguintes elementos: 1) Associação Estável e Permanente: Luiz Flávio Gomes, quanto à estabilidade e permanência da associação para fins de caracterização do delito em estudo, pontua que: Associação de forma estável, duradoura, permanente, pois do contrário configura uma mera coautoria (autoria coletiva) para a realização de um determinado delito. (...) A permanência e estabilidade do grupo deve ser firmada antes do cometimento dos delitos planejados (se isso ocorrer depois, trata-se de mera coautoria – nesse sentido Rogério Sanches/Ronaldo Pinto). Apesar de tratar-se de crime formal e que resta configurado mesmo na hipótese em que haja divisão informal de tarefas, deve existir associação com mais de quatro pessoas, no mínimo, de maneira preordenada, organizada, com aspectos de estabilidade e permanência para a prática de crimes, conforme excerto da obra do professor acima citado, porque se isso não ocorrer há apenas concurso de agentes, na forma do art. 29 do Código Penal. Outrossim, o conjunto probatório carreado aos autos é formado por meros indícios, suposições, de que os acusados seriam responsáveis pela estocagem da droga. Entretanto, não foi encontrado nenhum entorpecente ou qualquer produto/material ilícito sob a posse dos acusados. 2 LIMA, Renato Brasileiro. Legislação Criminal Especial Comentada: volume único. 4. ed. rev.atual. e ampl. Salvador, Bahia: Juspodivm, 2016. 3 GOMES, Luiz Flávio. Comentários aos artigos 1º e 2ª da Lei 12.850/13 - Criminalidade Organizada. Disponível em: https://professorlfg.jusbrasil.com.br/artigos/121932382/comentarios-aos- artigos-1-e-2-da-lei-12850-13-criminalidade-organizada. (e-STJ Fl.496)STJ-Petição Eletrônica (PExt) 00480868/2021 recebida em 21/05/2021 21:42:16 P et iç ão E le tr ôn ic a ju nt ad a ao p ro ce ss o em 2 2/ 05 /2 02 1 ?s 1 8: 11 :0 0 pe lo u su ?r io : S IS T E M A J U S T IÇ A - S E R V IÇ O S A U T O M Á T IC O S Documento eletrônico e-Pet nº 5724280 com assinatura digital Signatário(a): MARDSON ROCHA PAULO CPF: 02897655364 Recebido em 21/05/2021 21:42:16 Av. Senador Helvídio Nunes de Barros, nº 1.782 – Centro Empresarial Premium, Sala 03-A – Bairro Catavento | 64.607-160 – Picos – PI/ diretoriaregional@defensoria.pi.def.br | www.defensoria.pi.def.br | (89) 3421-0563/ 3422-6894 Vale salientar que a pretendida prova da acusação, retirada a partir de todo o período em que foram investigados e interceptados, constitui-se em apenas um único diálogo dos acusados com Sayonara, sobre pegar umas sacolas. Desse modo, não existem provas da estabilidade e permanência de vínculo associativo. Nestes termos, a jurisprudência nacional tem entendido que “a delinquência episodicamente coletiva, despida de continuidade e de acerto frequente de vontades não tem a magnitude e o relevo necessários para receber o designativo de associação criminosa” (o termo associação criminosa é utilizado em sentido amplo), tal qual ocorre no caso em tela. Aos julgados: APELAÇÃO CRIMINAL; CRIMES DE ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA - "QUADRILHA ARMADA" E CORRUPÇÃO ATIVA, EM RELAÇÃO AO TERCEIRO APELADO. ABSOLVIÇÃO DE TODOS OS ACUSADOS QUANTO AO DELITO PREVISTO NO ARTIGO 288, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CÓDIGO PENAL. RECURSO MINISTERIAL BUSCANDO A CONDENAÇÃO DOS RÉUS NO TOCANTE AO CRIME DE QUADRILHA. ESTABILIDADE E PERMANÊNCIA DA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA NÃO COMPROVADOS A ASSEGURAR O VÍNCULO ASSOCIATIVO. ABSOLVIÇÃO QUE SE MANTÉM. APELO CONHECIDO E DESPROVIDO. Trata-se de apelação interposta pelo órgão Ministério Público contra sentença que absolveu os acusados Paulo Ricardo Alves, Diego França Antonio, Wallace Beraldo da Silva e Arthur Marques Neto da imputação pela prática do delito previsto no artigo 288, §único do Código Penal. Prevê, o texto vigente inserto no artigo 288 do Código Penal, como elemento subjetivo específico "o fim de cometer crimes", sendo necessárias estabilidade e permanência de pelo menos três pessoas (Redação dada pela Lei nº 12.850, de 2013), para a consumação do tipo. De fato, tanto a doutrina majoritária como a consolidada jurisprudência, sobre o assunto, caminham no sentido de exigir esses qualitativos, para o reconhecimento de que determinado grupo integrado, por no mínimo três pessoas constitua uma quadrilha ou bando. No entanto, o que exsurge inconteste do conjunto probatório são meros indícios de que os ora apelados se uniram para a prática de roubo de veículos automotores, caracterizando a existência de um concurso de pessoas, mas não a estabilidade e permanência de vínculo associativo, exigidos pelo tipo penal, para a configuração da quadrilha armada. Desse modo, a delinquência episodicamente coletiva, despida de continuidade e de acerto frequente de vontades, como se vê nestes autos, não tem a magnitude e o relevo necessários para receber o designativo de associação criminosa. (...). Recurso conhecido e desprovido, mantendo-se intacta a sentença vergastada. (TJ-RJ - APL: 00078660220118190024 RIO DE JANEIRO ITAGUAI VARA CRIMINAL, Relator: ELIZABETE ALVES DE AGUIAR,Data de (e-STJ Fl.497)STJ-Petição Eletrônica (PExt) 00480868/2021 recebida em 21/05/2021 21:42:16 P et iç ão E le tr ôn ic a ju nt ad a ao p ro ce ss o em 2 2/ 05 /2 02 1 ?s 1 8: 11 :0 0 pe lo u su ?r io : S IS T E M A J U S T IÇ A - S E R V IÇ O S A U T O M Á T IC O S Documento eletrônico e-Pet nº 5724280 com assinatura digital Signatário(a): MARDSON ROCHA PAULO CPF: 02897655364 Recebido em 21/05/2021 21:42:16 Av. Senador Helvídio Nunes de Barros, nº 1.782 – Centro Empresarial Premium, Sala 03-A – Bairro Catavento | 64.607-160 – Picos – PI/ diretoriaregional@defensoria.pi.def.br | www.defensoria.pi.def.br | (89) 3421-0563/ 3422-6894 Julgamento: 14/07/2014, OITAVA CÂMARA CRIMINAL, Data de Publicação: 16/07/2014). Tendo em vista que o direito penal admite interpretação analógica, ainda foi transcrita decisão do Superior Tribunal de Justiça na qual se exige o critério em debate para que sejam aplicadas as penas do art. 35 da Lei n. 11.343/06 (Lei de Drogas) – associação criminosa para o tráfico: PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO DE DROGAS. VÍNCULO ESTÁVEL E PERMANENTE CONSTATADO. ABSOLVIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. REVOLVIMENTO DE MATÉRIA FÁTICO- PROBATÓRIA. CAUSA DE DIMINUIÇÃO DE PENA DO ART. 33, § 4º, DA LEI N. 11.343/2006. INAPLICABILIDADE. ALTERAÇÃO DO REGIME E SUBSTITUIÇÃO DA PENA PREJUDICADOS. AGRAVO NÃO PROVIDO. 1. Para a caracterização do crime de associação criminosa, é imprescindível a demonstração concreta do vínculo permanente e estável entre duas ou mais pessoas, com a finalidade de praticarem os delitos do art. 33, caput e § 1º e/ou do art. 34, da Lei de Drogas (HC 354.109/MG, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 15/9/2016, DJe 22/9/2016; HC 391.325/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 18/5/2017, DJe 25/5/2017). 2. (...) 5. Agravo regimental não provido. (STJ, Quinta Turma, AgRg no HC 463.683/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 16/10/2018). Assim, durante toda a instrução processual e pré-processual não ficou cabalmente demonstrado que os denunciados, nem as pessoas que foram presas juntamente com eles, façam parte de grupo estável e permanente, com intenção de continuidade no tempo e propósitos definidos. 2) Da Imprescindível Presença do Elemento Subjetivo: O tipo do art. 2º da Lei 12.850/13 somente pode ser cometido a título de dolo, devendo o agente atuar com consciência e vontade, de forma organizada, preordenada e através de um grupo estável e permanente, com o objetivo de obter vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de delitos com penas superiores a quatro anos ou de caráter transnacional. Nesse tipo de crime é irrelevante o que cada um faz, devendo “saltar aos olhos” a homogeneidade de vontades (comunhão de intenções em (e-STJ Fl.498)STJ-Petição Eletrônica (PExt) 00480868/2021 recebida em 21/05/2021 21:42:16 P et iç ão E le tr ôn ic a ju nt ad a ao p ro ce ss o em 2 2/ 05 /2 02 1 ?s 1 8: 11 :0 0 pe lo u su ?r io : S IS T E M A J U S T IÇ A - S E R V IÇ O S A U T O M Á T IC O S Documento eletrônico e-Pet nº 5724280 com assinatura digital Signatário(a): MARDSON ROCHA PAULO CPF: 02897655364 Recebido em 21/05/2021 21:42:16 Av. Senador Helvídio Nunes de Barros, nº 1.782 – Centro Empresarial Premium, Sala 03-A – Bairro Catavento | 64.607-160 – Picos – PI/ diretoriaregional@defensoria.pi.def.br | www.defensoria.pi.def.br | (89) 3421-0563/ 3422-6894 participar da obra coletiva), O QUE NÃO EXISTE NOS AUTOS DO PRESENTE PROCESSO. Excelência, os acusados além de negarem as acusações não tem relação com os demais acusados, não foi demonstrado envolvimento nem conhecimento por parte deles com Organização criminosa. 3) Da Falta de Estruturação Organizada: Excelência, conforme apurado, não compôs associação estruturalmente organizada com o fim de obter vantagem ilícita de qualquer natureza, fator que torna impositiva sua absolvição. Luiz Flávio Gomes, sobre o assunto, preleciona o seguinte: O que significa associação “estruturalmente ordenada”? Significa, desde logo (veja Ana Luiza Almeida Ferro, Crime organizado e organizações criminosas mundiais, p. 370 e ss.), não uma mera reunião de pessoas para o cometimento de ilícitos (isso não passa de concurso de pessoas), sim, uma conspiração organizada, planejada, coordenada. Não se pode banalizar o conceito de crime organizado que, com frequência, conta com planejamento “empresarial”, embora isso não seja rigorosamente necessário. Não há como confundir esse planejamento com o mero programa delinquencial (que está presente em praticamente todos os crimes dolosos). A presença de itens do planejamento empresarial (controle do custo das atividades necessárias, recrutamento controlado de pessoal, modalidade do pagamento, controle do fluxo de caixa, de pessoal e de “mercadorias” ou “serviços”, planejamento de itinerários, divisão de tarefas, divisão de territórios, contatos com autoridades etc.) constitui forte indício do crime organizado. Portanto, não há que se falar em os acusados terem praticado o delito de organização criminosa como imputado na exordial acusatória, pois não são satisfeitos os critérios exigidos pelo art. 2º da Lei nº 12.850/13, na forma do que foi exposto acima. Destarte, a defesa requer a absolvição de LUZINEIDE DE SOUSA ALMEIDA, ANTONIO WESLEY DE SOUSA e SINARA FRANCISCA LEAL, na forma do art. 386, I, II e VII, do Código de Processo Penal, por estar provada a inexistência do fato e das consequentes provas, sendo certo (e-STJ Fl.499)STJ-Petição Eletrônica (PExt) 00480868/2021 recebida em 21/05/2021 21:42:16 P et iç ão E le tr ôn ic a ju nt ad a ao p ro ce ss o em 2 2/ 05 /2 02 1 ?s 1 8: 11 :0 0 pe lo u su ?r io : S IS T E M A J U S T IÇ A - S E R V IÇ O S A U T O M Á T IC O S Documento eletrônico e-Pet nº 5724280 com assinatura digital Signatário(a): MARDSON ROCHA PAULO CPF: 02897655364 Recebido em 21/05/2021 21:42:16 Av. Senador Helvídio Nunes de Barros, nº 1.782 – Centro Empresarial Premium, Sala 03-A – Bairro Catavento | 64.607-160 – Picos – PI/ diretoriaregional@defensoria.pi.def.br | www.defensoria.pi.def.br | (89) 3421-0563/ 3422-6894 que nessa fase processual a dúvida milita em favor do acusado (in dúbio pro reo). III – DOS PEDIDOS Postas tais considerações, a defesa requer: I - a ABSOLVIÇÃO de LUZINEIDE DE SOUSA ALMEIDA, ANTONIO WESLEY DE SOUSA e SINARA FRANCISCA LEAL, quanto ao crime de tráfico de drogas, por não existir prova suficiente para condenação, situação que se encaixa no inciso VII do art. 386 do Código de Processo Penal; II – sejam os denunciados ABSOLVIDOS quanto ao delito de Organização Criminosa, previsto ao teor do art. 2º da Lei 12.850/13, em face da ausência dos elementos caracterizadores do tipo penal, conforme preceitua o art. 386, III, CPP, por não constituir o fato infração penal; Termos em que, Pede deferimento. Picos -PI, 08 de novembro de 2020. Maria Teresa de Albuquerque S. A. Correia Defensora Pública (e-STJ Fl.500)STJ-Petição Eletrônica (PExt) 00480868/2021 recebida em 21/05/2021 21:42:16 P et iç ão E le tr ôn ic a ju nt ad a ao p ro ce ss o em 2 2/ 05 /2 02 1 ?s 1 8: 11 :0 0 pe lo u su ?r io : S IS T E M A J U S T IÇ A - S E R V IÇ O S A U T O M Á T IC O S Documento eletrônico e-Pet nº 5724280 com assinatura digital Signatário(a): MARDSON ROCHA PAULO CPF: 02897655364 Recebido em 21/05/2021 21:42:16 2021-06-19T00:51:26-0300 Brasil MARDSON ROCHA PAULO Assinador Serpro
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