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NR 13 – Caldeiras Treinamento de segurança na operação de caldeiras 2a edição Respostas dos exercícios NR 13 – CALDEIRAS: TREINAMENTO DE SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE CALDEIRAS 3 Legislação de segurança e saúde no trabalho 1. As NRs relacionadas à operação de caldeiras são: NR 1 – Disposições Gerais NR 3 – Embargo e Interdição NR 4 – Serviços Especializados de Segurança e Medicina do Trabalho NR 5 – CIPA NR 6 – Equipamentos de Proteção Individual NR 7 – Exames Médicos NR 8 – Edificações NR 9 – Riscos Ambientais NR 10 – Serviços de Eletricidade NR 11 – Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais NR 12 – Segurança em Máquinas e Equipamentos NR 17 – Ergonomia NR 20 – Líquidos Combustíveis e Inflamáveis NR 21 – Trabalho a Céu Aberto NR 23 – Proteção contra Incêndio NR 24 – Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais de Trabalho NR 25 – Resíduos Industriais NR 26 – Sinalização de Segurança NR 28 – Fiscalização e Penalidade NR 32 – Segurança e Saúde no Trabalho em Serviços de Saúde NR 33 – Segurança e Saúde no Trabalho em Espaços Confinados 4 RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS NR 35 – Trabalhos em Altura NR 37 – Plataforma de Petróleo 2. PMTA significa Pressão Máxima de Trabalho Admissível (glossário NR 13); PMTP significa Pressão Máxima de Trabalho Permitida. Existem caldeiras que, na sua placa de identificação, informam MPTA ou MPTP. Nesses casos há apenas uma alteração da posição da expressão “máxima”: Máxi- ma Pressão de Trabalho Admissível ou Máxima Pressão de Trabalho Permitida. 3. Toda caldeira deve ter afixada em seu corpo, em local de fácil acesso e bem visí- vel, placa de identificação indelével com, no mínimo, as seguintes informações: a) nome do fabricante; b) número de ordem dado pelo fabricante da caldeira; c) ano de fabricação; d) pressão máxima de trabalho admissível; e) pressão de teste hidrostático de fabricação; f) capacidade de produção de vapor; g) área de superfície de aquecimento; h) código de projeto e ano de edição. 4. Para os propósitos da NR 13, as caldeiras são classificadas em duas categorias, conforme a descrição a seguir: • Caldeiras da categoria A são aquelas cuja pressão de operação é igual ou superior a 1.960 kPa (19,98 kgf/cm²), com volume superior a 100 L (cem litros). • Caldeiras da categoria B são aquelas cuja pressão de operação é superior a 60 kPa (0,61 kgf/cm²) e inferior a 1.960 kPa (19,98 kgf/cm2), volume interno superior a 100 L (cem litros) e cujo produto entre a pressão de operação em kPa e o volume interno em m³ seja superior a 6 (seis). 5. Para efeito da NR 13, é considerado operador de caldeira aquele que satisfaz uma das seguintes condições: NR 13 – CALDEIRAS: TREINAMENTO DE SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE CALDEIRAS 5 a) possuir certificado de Treinamento de Segurança na Operação de Caldeiras expedido por instituição competente e comprovação de prática profissional supervisionada conforme o item Anexo A 1.5 da NR 13; b) possuir certificado de Treinamento de Segurança na Operação de Caldeiras previsto na NR 13, aprovada pela Portaria SSMT n. 2, de 8 de maio de 1984, ou na Portaria SSST n. 23, de 27 de dezembro de 1994; c) o pré-requisito mínimo para a participação como aluno no Treinamento de Segurança na Operação de Caldeiras é o atestado de conclusão do ensino médio. 6. Todos os requisitos da instalação em ambiente aberto são aplicados na instala- ção em ambiente fechado: a) Estar afastada no mínimo 3 m (três metros): • de outras instalações do estabelecimento; • de depósitos de combustíveis, excetuando-se reservatórios para partida com até 2.000 L (dois mil litros) de capacidade; • do limite de propriedade de terceiros; • do limite com as vias públicas. b) Dispor de pelo menos 2 (duas) saídas amplas, permanentemente desobstru- ídas, sinalizadas e dispostas em direções distintas. c) Dispor de acesso fácil e seguro, necessário à operação e à manutenção da caldeira, sendo que, para guarda-corpos vazados, os vãos devem ter dimen- sões que impeçam a queda de pessoas. d) Ter sistema de captação e lançamento dos gases e material particulado, pro- venientes da combustão, para fora da área de operação, atendendo às normas ambientais vigentes. e) Dispor de iluminação conforme as normas oficiais vigentes. f) Ter sistema de iluminação de emergência caso opere à noite. Caldeira instalada em ambiente fechado, casa de caldeira, deve atender ainda às seguintes exigências: a) Dispor de ventilação permanente com entradas de ar que não possam ser bloqueadas. b) Dispor de sensor para detecção de vazamento de gás quando se tratar de caldeira a combustível gasoso. 6 RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS 7. Todo operador de caldeira deve ser submetido a prática profissional supervi- sionada na operação da própria caldeira que irá operar, prática essa que deve ser documentada e ter duração mínima de: a) Caldeiras de categoria A: 80 (oitenta) horas. b) Caldeiras de categoria B: 60 (sessenta) horas. 8. A inspeção de segurança periódica, constituída por exames interno e externo, deve ser executada nos seguintes prazos máximos: a) 12 (doze) meses para caldeiras das categorias A e B; b) 15 (quinze) meses para caldeiras de recuperação de álcalis de qualquer ca- tegoria; c) 24 (vinte e quatro) meses para caldeiras da categoria A, desde que aos 12 (doze) meses sejam testadas as pressões de abertura das válvulas de segu- rança. Estabelecimentos que possuam Serviço Próprio de Inspeção de Equipamentos (SPIE), conforme estabelecido no Anexo II da NR 13, podem estender seus pe- ríodos entre inspeções de segurança, respeitando os seguintes prazos máximos: a) 24 (vinte e quatro) meses para as caldeiras de recuperação de álcalis; b) 24 (vinte e quatro) meses para as caldeiras da categoria B; c) 30 (trinta) meses para caldeiras da categoria A. 9. O relatório de inspeção de segurança deve ser elaborado em páginas numeradas contendo no mínimo: a) dados constantes na placa de identificação da caldeira; b) categoria da caldeira; c) tipo da caldeira; d) tipo de inspeção executada; e) data de início e término da inspeção; f) descrição das inspeções, exames e testes executados; g) registros fotográficos do exame interno da caldeira; h) resultado das inspeções e providências; i) relação dos itens da NR 13 relativos a caldeiras, que não estão sendo aten- didos; j) recomendações e providências necessárias; NR 13 – CALDEIRAS: TREINAMENTO DE SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE CALDEIRAS 7 k) parecer conclusivo quanto à integridade da caldeira até a próxima inspeção; l) data prevista para a nova inspeção de segurança da caldeira; m) nome legível, assinatura e número do registro no conselho profissional do PH (profissional habilitado) e nome legível e assinatura de técnicos que participaram da inspeção. 10. Toda caldeira deve apresentar, no estabelecimento onde estiver instalada, a se- guinte documentação, devidamente atualizada: a) Prontuário da caldeira, fornecido por seu fabricante, contendo as seguintes informações: • código de projeto e ano de edição; • especificação dos materiais; • procedimentos utilizados na fabricação, montagem e inspeção final; • metodologia para estabelecimento da PMTA; • registros da execução do teste hidrostático de fabricação; • conjunto de desenhos e demais dados necessários para o monitoramento da vida útil da caldeira; • características funcionais; • dados dos dispositivos de segurança; • ano de fabricação; • categoria da caldeira. b) Registro de segurança. c) Projeto de instalação. d) Projeto de alteração ou reparo. e) Relatórios de inspeção de segurança. f) Certificados de calibração dos dispositivos de segurança. Noções de química aplicada 1. Pressão pode ser definida por: Alternativa correta: b. força distribuída por área. 2. Assinalar a unidade de pressão do SI: Alternativa correta: e. N/m2. 8 RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS 3. Pressão manométrica pode ser considerada: Alternativa correta: c. pressão no interior de um vaso, medida pelo manômetro. 4. 1 kgf/cm2 equivalea: Alternativa correta: b. 14,22 lbf/pol2. 5. A transmissão de calor pode se dar por: Alternativa correta: a. condução, convecção, radiação. 6. Quando determinado material sofre aquecimento, ocorre dilatação térmica. 7. Na caldeira podem ocorrer os três tipos de dilatação: • Dilatação linear: quando o aumento é maior no sentido de uma das dimen- sões do corpo. • Dilatação volumétrica: a variação de tamanho se dá no volume do corpo. • Dilatação superficial: a expansão acontece apenas na superfície do material. 8. Ao nível do mar, à pressão absoluta de 1 bar, a ebulição ocorre a 99,1 °C. 9. Vapor saturado é aquele que contém umidade, ou seja, partículas líquidas. Va- por superaquecido é o vapor seco, sem partículas líquidas. 10. a) 1,0 kgf/cm2: 99,1 °C. b) 5,5 kgf/cm2: 154,7 °C. c) 12,0 kgf/cm2: 187,1 °C. Vapor 1. De acordo com a passagem de gases e água, as caldeiras podem ser classifica- das em flamotubulares (calor no interior dos tubos), aquatubulares (água no interior dos tubos) e mistas. NR 13 – CALDEIRAS: TREINAMENTO DE SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE CALDEIRAS 9 As caldeiras mistas também são conhecidas como caldeiras híbridas, pois basi- camente são caldeiras flamotubulares com uma antecâmara de combustão com paredes revestidas de tubos de água. 2. O vapor é utilizado em processos de fabricação e beneficiamento; na geração de energia elétrica; na geração de trabalho mecânico; no aquecimento de linhas e reservatórios de óleo combustível e na prestação de serviços. 3. De acordo com o grau de automação, as caldeiras podem ser classificadas em manuais, semiautomáticas e automáticas. 4. De acordo com as classes de pressão, as caldeiras se classificam em: • Caldeiras da categoria A: são aquelas cuja pressão de operação é igual ou superior a 1.960 kPa (19,98 kgf/cm²), com volume superior a 100 L (cem litros). • Caldeiras da categoria B: são aquelas cuja pressão de operação é superior a 60 kPa (0,61 kgf/cm²) e inferior a 1.960 kPa (19,98 kgf/cm2), com volume interno superior a 100 L (cem litros) e cujo produto entre a pressão de ope- ração em kPa e o volume interno em m³ seja superior a 6 (seis). Caldeiras flamotubulares 1. As caldeiras flamotubulares apresentam como principais vantagens: • custo de aquisição mais baixo; • exigem pouca alvenaria; • atendem bem a aumentos instantâneos de demanda de vapor. Apresentam como desvantagens: • baixo rendimento térmico; • partida lenta devido ao grande volume interno de água; • limitação de pressão de operação (máximo de 15 kgf/cm²); • baixa taxa de vaporização (kg de vapor/m² × hora); • capacidade de produção de vapor limitada. 10 RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS 2. As caldeiras flamotubulares são empregadas quando não se necessita de pressão e vazão elevadas e quando o objetivo é o aquecimento apenas, pois, quanto mais baixa a pressão, maior será o calor latente utilizado no processo de aquecimento. 3. A caldeira flamotubular é a de construção mais simples e pode ser classificada quanto à distribuição dos tubos – podem ser tubos verticais ou horizontais. 4. As caldeiras flamotubulares apresentam as seguintes partes principais: corpo, espelhos, feixe tubular ou tubos de fogo, caixa de fumaça e chaminé. • O corpo da caldeira é também chamado de casco ou carcaça. • Os espelhos são chapas planas cortadas em forma circular, de modo a se encaixar nas duas extremidades do corpo da caldeira. • O feixe tubular, ou tubo de fogo, é composto de tubos que são responsáveis pela absorção do calor contido nos gases de exaustão usados para o aque- cimento da água. Ligam o espelho frontal com o posterior, podendo ser de um, dois ou três passes. • A caixa de fumaça é o local por onde os gases da combustão fazem a reversão de seu trajeto, passando novamente pelo interior da caldeira (pelos tubos de fogo). • Chaminé, duto por onde serão retirados os gases da combustão do interior da caldeira para a atmosfera. Obs.: Esses componentes são os básicos de uma caldeira flamotubular. Com o avanço da tecnologia, que permite a utilização de outros tipos de combustíveis além do sólido, equipamentos complementares passaram a fazer parte da cal- deira flamotubular. Caldeiras aquatubulares 1. A necessidade de caldeiras de maior rendimento e rapidez de geração de gran- des quantidades de vapor com níveis de pressão mais elevados levou ao surgi- mento da caldeira aquatubular. NR 13 – CALDEIRAS: TREINAMENTO DE SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE CALDEIRAS 11 2. • Caldeiras aquatubulares de tubos retos, com tubulão transversal ou longi- tudinal. • Caldeiras aquatubulares de tubos curvos, com diversos tubulões transversais ou longitudinais utilizados na geração (máximo 5). • Caldeiras aquatubulares de circulação positiva ou natural e circulação for- çada. • Caldeiras aquatubulares compactas. • Caldeiras elevadas (verticais) para queima de combustível pulverizado só- lido ou líquido. 3. O superaquecedor utiliza os gases da combustão para dar o devido aquecimento ao vapor saturado, eliminando as partículas líquidas e transformando-o em vapor superaquecido (vapor seco). 4. O economizador tem a finalidade de aquecer a água de alimentação da caldeira. 5. A principal diferença é a fornalha, também chamada câmara de combustão. Neste local, onde se processa a queima de combustível, de acordo com o tipo a ser queimado, será necessário que haja uma fornalha específica com grelhas fixas ou móveis, de leito fluidizado ou de recuperação química. 6. No tubulão da caldeira aquatubular podem ser instalados: chicana defletora, filtros, tubo de alimentação de água, tubo de descarga contínua e tubos de injeção de produtos químicos. Além desses, existem os tubos descendentes (downcomers) e os ascendentes (risers). 7. É necessário instalar isolamento térmico em uma caldeira para que não ocorra perda de energia do interior desta para o ambiente. 8. Caldeiras mistas com antecâmara ou antefornalha indicam que esta é montada antes (ou separada) do corpo cilíndrico da caldeira (parte flamotubular). Já as caldeiras com fornalha integrada indicam que fornalha e corpo cilíndrico compõem um único conjunto. 12 RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS Caldeiras elétricas 1. A caldeira elétrica é diferente das outras porque não queima combustível para produzir vapor. Por isso ela não possui fornalha, ventiladores, queimadores e chaminé. As principais características das caldeiras elétricas são: • não têm necessidade de área para estocagem de combustível; • ausência total de poluição (não há emissão de gases); • baixo nível de ruído; • modulação da produção de vapor de forma rápida e precisa; • alto rendimento térmico (aproximadamente 98%); • melhora do Fator de Potência e Fator de Carga; • área reduzida para instalação da caldeira; • necessidade de aterramento rigoroso da caldeira; • tratamento de água rigoroso. 2. Os tipos fundamentais de caldeiras elétricas são: com resistência, com eletrodo submerso e de jato de água. 3. É necessário instalar isolamento térmico nas caldeiras para que não ocorra perda de energia do interior da caldeira para o ambiente. 4. A água totalmente pura não é recomendada para as caldeiras por ser isenta de sais, tendo, portanto, baixa condutividade elétrica. Instrumentos e dispositivos de controle 1. As caldeiras possuem os seguintes tipos de dispositivos de alimentação: • dispositivos de alimentação de água; • dispositivos de alimentação de combustível; • dispositivos de alimentação de ar. NR 13 – CALDEIRAS: TREINAMENTO DE SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE CALDEIRAS 13 2. A bomba de água é um equipamento que deve ter pressão superior à de ope- ração da caldeira para que possa introduzir água no sistema. Sua instalação hidráulica é dotada de válvulas de retenção, que evitam o retorno do líquido de trabalho. 3. As bombas centrífugas de simples estágio e as bombas multiestágio têm dado os melhores resultados, pela simplicidade de seus componentes, facilidade de manutenção e flexibilidade de operação em váriasfaixas de pressão, vazão e temperatura. 4. Os injetores são equipamentos para alimentação de água usados nas situações de emergência a fim de evitar o superaquecimento por alimentação deficiente. 5. A finalidade da instalação de filtros em tubulações de combustível líquido para caldeiras é reter os resíduos para que cheguem ao queimador. 6. A finalidade do ventilador e do exaustor em uma caldeira é a alimentação de ar para a combustão e em seguida a retirada dos gases para a atmosfera. 7. O controle do nível de água é necessário para evitar o superaquecimento por alimentação deficiente. 8. O visor de nível é um instrumento que tem a finalidade de dar ao operador a noção da altura de água existente na caldeira. Porém, dependendo do sistema de alimentação empregado, essa indicação não é precisa. 9. Quando o indicador de nível apresenta oscilações, o operador deve drenar o visor de nível. 10. Manômetros são instrumentos indicadores de pressão. 11. A finalidade da instalação da válvula de segurança em uma caldeira é aliviar a sobrepressão em seu interior. 14 RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS 12. Deve-se testar periodicamente a válvula de segurança para evitar o travamento e não dificultar a abertura e a eliminação da sobrepressão, principalmente em caldeiras com tratamento de água precário. 13. Os sistemas de proteção contra falhas de chama compostos por fotorresistores ou fotocélulas são aplicáveis em caldeiras que queimam líquidos, gases ou só- lidos pulverizados e devem ser mantidos sob supervisão contínua, para evitar o procedimento incorreto de partida e a falta de chama por qualquer motivo. 14. O pressostato destina-se a controlar a pressão da caldeira, de modo a não per- mitir que ela ultrapasse o valor preestabelecido. 15. A válvula solenoide é um equipamento auxiliar de controle que se destina a cortar rapidamente o suprimento de combustível em caso de falha de chama. Operação de caldeiras 1. O retrocesso ocorre quando a pressão interna da caldeira aumenta de maneira brusca, gerando uma explosão na fornalha. Essa explosão geralmente é provo- cada pelo acúmulo de gases inflamáveis, vapores inflamáveis provenientes de líquidos inflamáveis lançados na fornalha ou na pulverização de combustível sólido. 2. Na combustão completa, a máxima geração de energia é obtida e os gases resul- tantes desse processo são menos nocivos ao ambiente. Assim, dependendo das características do combustível, a geração de material em partículas é mínima ou nula. Não se pode eliminar a emissão de dióxido de enxofre (SO2). Na combustão incompleta existe a presença de monóxido de carbono (CO) e fuligem. Esses poluentes, além de nocivos à saúde, diminuem o rendimento da combustão, com consequente diminuição da geração de energia. 3. A relação de ar estequiométrica é a quantidade estequiométrica de ar, ou seja, a quantidade de ar que considera uma relação exata e correta entre comburente e combustível, a fim de que todo o combustível seja queimado. NR 13 – CALDEIRAS: TREINAMENTO DE SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE CALDEIRAS 15 4. Os principais (elementos) sistemas a serem controlados na operação de uma caldeira são: • sistema de alimentação de combustível; • sistema de alimentação de ar; • sistema de alimentação de água. 5. Existem dois tipos de atomização: • mecânico, no qual a atomização se dá por óleo sob pressão ou por ação centrífuga (copo rotativo); • fluido auxiliar, no qual a atomização acontece com o auxílio do próprio vapor ou com ar comprimido. Atomização por pressão de óleo é do tipo mecânico. O queimador que emprega a atomização por óleo sob pressão, também denominado jato-pressão, é nor- malmente empregado em instalações de grande porte, nas quais predomina o fator econômico, e em instalações marítimas, devido não só ao menor consumo de energia, mas principalmente à economia de água. A pulverização de óleo combustível é produzida pela passagem do óleo sob alta pressão através de um orifício. A pressão do óleo varia normalmente de 60 a 140 psi, mas pode atingir valores bem maiores e é produzida por uma bomba. 6. A tiragem pode ser natural ou mecânica (forçada, induzida ou mista). • A tiragem natural é o processo no qual a diferença de pressão gerada pela diferença de densidade entre os gases quentes e o ar frio na entrada da forna- lha provoca o escoamento natural dos gases de combustão para a chaminé. A altura da chaminé limita a entrada de ar para combustão. A tiragem natural tem por base três fatores: a altura da chaminé, a temperatura ambiente e a temperatura dos gases quentes. • A tiragem mecânica utiliza equipamentos mecânicos para promover o su- primento de ar quando as perdas de carga ultrapassam determinado limite. A função da chaminé, nesse caso, limita-se ao lançamento dos gases para pontos mais altos, favorecendo sua dissipação na atmosfera. Ela pode ser forçada, induzida ou mista. 16 RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS Ȥ Tiragem forçada: é o processo pelo qual o suprimento de ar para o inte- rior da fornalha é feito por um ventilador centrífugo (insuflação). Ȥ Tiragem induzida: consiste em aspirar os gases por meio de ventilador com função de exaustor ou ejetor. Ȥ Tiragem mista: emprega dois ventiladores, dos quais um tem a finalidade de fornecer o ar para dentro da caldeira (insuflação), e outro a função de retirá-lo (exaustão). 7. a) Alimentação de combustível: • A bomba de óleo pesado não funciona. • A bomba não fornece pressão ou fornece pressão insuficiente. • Temperatura do óleo alta demais. • Temperatura baixa demais. • O aquecimento elétrico não funciona. • O aquecimento a vapor não funciona. b) Alimentação de água: • A bomba não recalca, ou recalca água insuficiente. • A bomba de água não funciona. • A bomba enche a caldeira de água e não para automaticamente. c) Controle de nível: • A bomba só liga quando soa o alarme. • A bomba não funciona, o nível baixa e o alarme soa. • A bomba não funciona, o nível baixa, o alarme não soa, mas a caldeira continua funcionando. • A bomba funciona, mas o nível baixa. • O nível está normal no visor de nível, porém o sistema de combustão não funciona e o alarme está soando. Água 1. A água potável não é recomendada para uso na caldeira porque contém impure- zas, como matéria orgânica e compostos minerais em suspensão ou dissolvidos, além de gases. NR 13 – CALDEIRAS: TREINAMENTO DE SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE CALDEIRAS 17 2. São exemplos de impurezas que não podem estar presentes na água de alimen- tação de caldeira: os sulfatos, a sílica, os cloretos, o ferro, o gás carbônico, a amônia, o gás sulfídrico, o oxigênio dissolvido. 3. Quando o tratamento da água da caldeira é inadequado, pode haver conse- quências como a corrosão, a incrustação e o arraste. 4. Corrosão é a deterioração de um material, geralmente metálico, decorrente da ação química ou eletroquímica dos agentes contaminantes existentes na água. Ela pode ser acelerada como resultado do ambiente no qual a água é captada e pode ser associada ou não a esforços de natureza mecânica. A corrosão pode ter várias causas, podendo ser eletroquímica, galvânica ou bimetálica, por oxigênio, aeração diferencial, concentração diferencial, entre outras. A incrustação é um conjunto de formações cristalinas que se depositam na superfície dos tubos. Ela é resultante de compostos que antes estavam em so- lução com a água e que, se não forem removidos, causam redução na taxa de transferência de calor nos locais onde se formou o depósito. 5. Quando há incrustação nos tubos de uma caldeira, os depósitos causam uma série de problemas que interferem no desempenho do equipamento: • redução ou perda da capacidade de transferência de calor; • perda de produto devido à operação deficiente; • parada de equipamento; • aumento da demanda de água e do custo de bombeamento; • elevação dos custos de manutenção; • redução da vida útil do equipamento; • redução do poder dos inibidores de corrosão. 6. As extrações ou descargaspodem ser consideradas um complemento do trata- mento químico, pois de nada adiantará tratar a água quimicamente com rea- gentes se não forem eliminadas as partículas sólidas por eles formadas. 7. Para a água de alimentação de uma caldeira, o pH deve estar entre 10,5 e 11,5, mas os parâmetros devem ser determinados por um laboratório. 18 RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS 8. Vários fatores influem na escolha de um programa de tratamento de água para caldeiras: características da água, pressão da caldeira, tipo de indústria, fina- lidade do vapor, qualidade requerida para o vapor, carga média de produção de vapor, participação do condensado retornado, tipo de caldeira, custo do combustível e custos globais. 9. A dureza é uma característica das águas que contêm grandes quantidades de carbonato de cálcio e magnésio. Esses sais tendem a formar incrustações na superfície de troca de calor, provocando isolamento térmico ou ainda o entu- pimento progressivo dos tubos das caldeiras aquatubulares. Manutenção de caldeiras 1. Para o trabalho em caldeiras são recomendados os seguintes tipos de EPIs: • protetor auricular; • luvas para altas temperaturas e material abrasivo; • luvas para produtos químicos; • óculos de segurança; • sapato de segurança. Cada empresa deve fornecer os EPIs compatíveis com os riscos a que o traba- lhador está exposto, por isso a relação acima é uma informação genérica. Para melhor adequação, uma análise de risco deverá ser elaborada a fim de se adotar a melhor proteção contra os riscos do trabalho a ser executado. 2. Uma casa de caldeiras com ventilação insuficiente facilita o aumento da tem- peratura ambiente, provocando danos, entre outros, à fiação elétrica, aos ins- trumentos, aos controladores, com riscos de acidentes e prejuízo à saúde dos trabalhadores. 3. Uma área de caldeiras com iluminação inadequada deixa de garantir condições de conforto e segurança, podendo gerar acidentes e dificuldades na leitura de instru- mentos. Existe norma técnica que recomenda o grau de iluminação no ambiente de trabalho. A iluminação inadequada caracteriza risco grave e iminente. NR 13 – CALDEIRAS: TREINAMENTO DE SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE CALDEIRAS 19 4. Respirar produtos químicos na forma de poeira ou seus vapores pode provo- car doenças, dependendo do tempo de exposição, da intensidade e resistência orgânica do trabalhador. Outro risco é a queimadura química, também pelos produtos químicos usados no tratamento da água. 5. Na casa de caldeiras, o operador fica sujeito a queimaduras térmicas e a quei- maduras químicas. 6. Certas condições podem causar explosão dentro da fornalha da caldeira. Um exemplo é a caldeira de combustível sólido pulverizado, como o pó de lixa. Alguns procedimentos são necessários a fim de evitar esse risco: • Não se deve permitir o acúmulo de óleo na fornalha. As válvulas dos quei- madores devem estar vedando bem. • Deve-se cortar o óleo e ventilar a fornalha antes de tentar reacendê-la quan- do os queimadores se apagarem acidentalmente. • Não tentar reacender a caldeira com o calor da fornalha. • Sair da frente da válvula para não se queimar em caso de retrocesso quando estiver usando a tocha. • Evitar a fumaça branca ou preta. • Nunca esvaziar uma caldeira dando extração de fundo, exceto em emer- gências. • Abrir a drenagem do superaquecedor antes de cortar o vapor para ele, quan- do estiver apagando uma caldeira de superaquecedor integral. • Ao apagar uma caldeira de superaquecedor controlado, apagar primeira- mente os queimadores ao lado do superaquecedor. • Nunca entregar a operação da caldeira a pessoas não habilitadas. 7. A explosão de uma fornalha pode acarretar as seguintes consequências: • Danos na fornalha, com a deformação da parede de água em caldeiras aqua- tubulares e mistas. • Pode ocorrer a ruptura da tampa dianteira ou traseira de caldeiras flamo- tubulares. 20 RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS 8. Os vazamentos de óleos/gases na casa de caldeiras podem acarretar consequên- cias. Os óxidos de enxofre, presentes nos gases poluentes emitidos pelas chaminés das caldeiras, podem causar danos ao homem, às plantas e aos materiais. Em con- centração suficientemente alta, os óxidos de enxofre irritam o trato respiratório superior dos seres humanos devido a sua alta solubilidade na umidade presente em nosso aparelho respiratório. Em pequenas concentrações, o principal efeito potencial do óxido de enxofre é tornar a respiração mais difícil. 9. As condições de combustão devem ser mantidas de maneira adequada para evitar a poluição do ar, a geração do efeito estufa e melhorar o rendimento da caldeira. Uma combustão inadequada irá gerar mais resíduo, sendo necessário fazer paradas mais frequentes para limpeza. Estudo de caso: Acidente com caldeira em navio sonda NS 32 – Norbe VIII (Odebrecht Óleo e Gás – OOG) 10. FC 1 (fator causal 1): Não atuação do sistema de controle de pressão. Essa informação leva a duas hipóteses: • os instrumentos de pressão falharam; ou • havia obstrução na linha de tomada de pressão, o que levou a uma medição incorreta. 11. FC 2: Não atuação das válvulas de alívio de pressão (PSVs). O relatório da inspeção nas PSVs efetuada após o acidente constatou que ambas as válvulas da caldeira n. 1 se encontravam com as molas de ajuste da pressão de abertura totalmente comprimidas. 12. Alterações sem abertura de processo de Gestão de Mudança relacionadas à CR 2 (causa raiz 2): • alterações em válvulas de segurança e intertravamentos de segurança; • aperto nas molas das PSVs; e • fechamento das válvulas de isolamento das tomadas de pressão. NR 13 – CALDEIRAS: TREINAMENTO DE SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE CALDEIRAS 21 13. CR 3: Procedimento operacional incompleto. Havia três documentos que continham instruções para a operação da caldeira: o manual de operação e manutenção, emitido pelo fabricante da caldeira, a Instrução da Tarefa (IT) de Acendimento da Caldeira, emitida pela OOG, e um documento não controlado encontrado na sala de caldeiras, que consistia em quatro folhas de papel plastificadas, das quais duas puderam ser acessadas por ocasião da auditoria realizada no local pela equipe da ANP em 12/06/2017. Esse documento não controlado apresentava, em português e inglês, um breve passo a passo para acionamento das caldeiras, o qual não mencionava orienta- ções relativas a realizar verificações nas válvulas agulhas de tomada de pressão ou nas PSVs antes de partir a caldeira. As únicas orientações contidas no do- cumento são relativas à realização de purga. 14. Não era consenso entre a equipe de bordo que o serviço de calibração requeria a abertura de Permissão de Trabalho (PT), o que evidencia que os critérios para abertura de PT não são objetivos ou não eram bem compreendidos por todo o pessoal de bordo. Apesar de haver o entendimento de alguns membros da equipe de bordo de que deveria ter sido aberta uma PT para a calibração das PSVs, foi evidencia- do que não foi emitida PT para a realização dessa tarefa pela contratada IMI. 15. A OOG não possuía procedimento próprio para inspeção de equipamentos enquadrados na NR 13 ou de calibração de instrumentos e válvulas, fican- do essa atividade a cargo somente da contratada. Não foi evidenciado que os procedimentos da empresa contratada tivessem sido previamente analisados e aprovados pela OOG. Logo, o Operador não possuía um padrão aprovado de realização para esses serviços, deixando que os funcionários atuassem de forma improvisada, sem realizar um planejamento prévio para a tarefa ou se assegurar de que todas as medidas de segurança necessárias para a realização da tarefa foram adotadas. 16. Não havia uma metodologia ou responsável bem definidos para a avaliação dos trabalhos técnicos desenvolvidos por empresas contratadas. A aprovação 22 RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS dos serviços ficava limitada à entrega de relatórios e/ou certificados à OOG, sem haver qualquer registro de que a qualidade desses serviçosera avaliada. Os depoimentos obtidos pela ANP dão conta de que foi relatado aos funcioná- rios da empresa contratada IMI que as PSVs haviam apresentado comporta- mento anormal anteriormente ao acidente. Esse fato reforça que a operação das caldeiras foi efetuada dentro de um histórico de desvios conhecidos, porém não tratados, e com o certificado de calibração das válvulas de segurança vencido, a pedido da IMI, o que não era um procedimento adequado nem necessário para realização do serviço de calibração. A atitude correta seria remover as PSVs da caldeira, para realização de teste em bancada e posterior calibração. No entanto, os funcionários da empresa IMI acompanharam a operação da caldeira mesmo tendo sido possivelmente aler- tados do funcionamento anormal das PSVs e certamente cientes do vencimento do certificado de calibração das válvulas, pois essa data constava do mapa de calibração. Não há registro de que as PSVs tenham sido removidas da caldeira para calibração em bancada. Não foi evidenciado que a empresa IMI possuía um procedimento para a rea- lização da inspeção NR 13 de caldeiras ou de calibração das PSVs e manôme- tros que tivesse sido previamente analisado e aprovado pela OOG, conforme apontado no item anterior. Além disso, não foi evidenciado que a OOG fiscalizava se os empregados da contratada haviam recebido treinamento (inclusive de reciclagem) adequado para desempenhar suas funções, e foi identificado que a OOG não contava com um Profissional Habilitado (PH) que avaliasse tecnicamente os relatórios ou procedimentos de inspeção dos equipamentos pela empresa contratada. Ressalta-se, ainda em relação a essa falha, que relatórios de inspeções anteriores efetuadas nas caldeiras em 2015 e 2016 atestavam a realização de ensaio de acu- mulação em pressão superior à PMTA do equipamento. Tal fato já caracterizaria uma condição de risco grave e iminente, além de essa pressão não ser passível de ser atingida com as PSVs calibradas e operacionais, pois estas abririam a uma pressão inferior, aliviando a pressão do interior das caldeiras. O valor da pressão utilizada indicado no relatório pode ter sido um erro de digitação, mas não houve qualquer contestação dessa informação por parte da OOG. NR 13 – CALDEIRAS: TREINAMENTO DE SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE CALDEIRAS 23 17. Foi evidenciado que, na véspera do acidente, a equipe de bordo já havia iden- tificado que as PSVs estavam apresentando comportamento anormal, tendo aberto em valores de pressão distintos do set point. No entanto, a informação detalhada sobre as pressões de abertura foi passada apenas verbalmente pelos operadores ao chefe do turno e deste para os operadores do turno seguinte, não tendo sido evidenciado nenhum registro escrito dessa informação. Na ata da reunião de passagem de serviço, foi registrado apenas que estava em andamento um troubleshoot das válvulas de segurança das caldeiras, sem espe- cificar o que havia sido feito, em qual caldeira, ou qual havia sido o problema detectado. O livro de passagem de serviço da sala de controle do dia 08/06/2017 continha registro semelhante, sem maiores informações. No log book das caldeiras não consta qualquer registro relativo a essa data. Adicionalmente, o log book não possui qualquer registro de operação posterior a 16/04/2017, incluindo o registro da operação da caldeira durante a qual o problema nas PSVs foi constatado. Dessa maneira, a ausência de registros de operação da caldeira, incluindo os valores de pressão de operação atingida e de pressão de abertura das PSVs em cada ocasião, pode ter motivado a operação da caldeira para que o funcionário terceirizado responsável pela calibração constatasse qual era o valor da pres- são de abertura, mesmo que a equipe de bordo já tivesse conhecimento dessa informação. 18. Fica evidenciado que o funcionário que operou a caldeira no dia do acidente contava apenas com um treinamento considerado insuficiente por membros da equipe para a realização de sua função, tendo pouca experiência em operação de caldeira, principalmente no que tange à operação desse equipamento em condições anormais de funcionamento. No momento da explosão, o operador da caldeira (Segundo Oficial de Má- quinas) encontrava-se no interior da sala de caldeiras. Nas oitivas realizadas, foi relatado que a OOG não realizava treinamento prático para sua força de trabalho relacionada à operação de caldeiras. Tais treinamentos, obrigatórios pela NR 13 (A1.1), eram realizados por empresa terceirizada, e a norma não estipula obrigatoriedade de reciclagem. 24 RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS Também não foi evidenciado que houvesse treinamento para inspeção de equi- pamentos enquadrados pela norma NR 13 para os funcionários da OOG, nem Profissional Habilitado (PH) próprio, além de esses serviços serem executados por empresa contratada. Foi relatado pelo pessoal de bordo envolvido na operação das caldeiras que, mesmo tendo sido realizado o treinamento obrigatório em NR 13, esse treina- mento era julgado insuficiente para que os funcionários tivessem plena capa- cidade de operação segura do equipamento. Foi relatado também que, devido à baixa frequência de operação da caldeira e à realização de testes de funciona- mento de curta duração, que não atingiam a pressão de operação da caldeira, os operadores sentiam que tinham pouca experiência em atuar diante de uma condição anormal de funcionamento. De fato, os registros de operação constantes no log book não apresentaram qualquer observação que relatasse a ocorrência de condição anormal de fun- cionamento que demandasse uma ação de controle por parte do operador. Adicionalmente, há controvérsias em relação à estrutura organizacional da equipe de máquinas, suas funções e atribuições. Também existem divergências quanto às terminologias dos cargos e funções exercidos. Relatos mencionam que o funcionário que operou a caldeira durante o aciden- te (Segundo Oficial de Máquinas) seria terceiro engenheiro e não operaria as caldeiras. Outro relato menciona que o Segundo Oficial de Máquinas só teria iniciado a caldeira acompanhado e que poucas vezes a teria operado até que a pressão de operação fosse atingida. 19. Tendo em vista todos os fatos apontados previamente, é possível afirmar que havia uma baixa percepção do risco de explosão por sobrepressão de vapor na caldeira e das medidas necessárias para evitá-lo. Essa baixa percepção do risco se materializou na operação da caldeira apesar de duas importantes salvaguar- das, para esse cenário de alto risco, estarem indisponíveis. Durante a investigação, ficou evidente que a equipe de bordo estava mais cons- ciente do risco de explosão da caldeira devido a um acúmulo de combustível na câmara de combustão do que em relação à possibilidade de esse cenário ser cau- sado por sobrepressão na câmara de vapor. Dois fatos suportam essa afirmativa: NR 13 – CALDEIRAS: TREINAMENTO DE SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE CALDEIRAS 25 • o maior destaque dado pelos procedimentos operacionais às medidas de controle para evitar o cenário de explosão na câmera de combustível (tais como realizar a purga de combustível antes de partir a caldeira) do que às medidas capazes de evitar sobrepressão do vapor, conforme evidenciado no item 4.3; e • a convergência dos relatos da equipe de bordo em apontar a explosão da caldeira como proveniente da câmara de combustão ou de que esta teria sido causada por acúmulo de combustível ou não realização da purga em vez de ter sido causada pela sobrepressão do vapor. Pouco foco também era dado à área das caldeiras e à área de máquinas em geral por parte da fiscalização da Petrobras, tanto nas auditorias comportamentais, que avaliam o grau de cumprimento dos procedimentos e das regras de segu- rança, quanto nas auditorias de PTs e demais atividades dos fiscais da sonda. 20. Conforme demonstrado anteriormente, as PSVs da caldeira n. 1 não atuaram durante a operação que resultou no acidente em tela, devidoao fato de estarem com as molas totalmente comprimidas pelo parafuso de ajuste. Entretanto, nos testes realizados na véspera do acidente, a constatação da abertura das PSVs de ambas as caldeiras, sem razão aparente, em valores de pressão bem afastados dos valores de set point que haviam sido ajustados na calibração anterior aponta a existência de um problema de integridade mecânica nas PSVs. As PSVs das caldeiras eram submetidas a testes anuais de calibração em em- presa especializada, conforme determina a NR 13. Contudo, durante os ensaios mecânicos em laboratório realizados em 2016, foi verificado que essas válvulas não apresentaram resultados satisfatórios (abertura acima do set point). Ne- nhum estudo, mais específico, foi realizado para determinar as causas desses desvios. Cabe ressaltar que não foi apresentado qualquer documento contendo uma avaliação dos resultados dessas inspeções.
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