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Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas 
Teoria e questões comentadas 
Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 05 
Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 92 
AULA 05 
SUMÁRIO PÁGINA 
Apresentação Inicial 01 
Vigência da Legislação Tributária 03 
Vigência da Legislação Tributária no Tempo 09 
Vigência da Legislação Tributária no Espaço 18 
Aplicação da Legislação Tributária 26 
Interpretação e Integração da Legislação Tributária 45 
Utilização dos Princípios Gerais de Direito Privado 62 
Interpretação Literal da Legislação Tributária 65 
Interpretação mais benigna 69 
Questões Propostas 71 
Gabaritos 92 
Olá, amigo concurseiro e futuro servidor! 
Chegamos à quinta aula do nosso curso de direito tributário para o concurso 
de Auditor do Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE/PR). 
Nessa aula iremos tratar dos seguintes temas: 
 Vigência da Legislação Tributária; 
 Aplicação da Legislação Tributária; 
 Interpretação e integração da Legislação Tributária; 
Os temas da nossa aula de hoje são temas bem apreciados pelas bancas 
organizadoras de concursos, que costumar abordar o tema em suas provas 
de direito tributário. 
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Teoria e questões comentadas 
Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 05 
 
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Qualquer dúvida que surgir, peço que a envie o mais breve possível ao nosso 
fórum de dúvidas, para que não ocorram atrasos nos seus estudos. Seguem 
ainda os contatos: 
aluisioalneto@gmail.com 
www.facebook.com/aluisioalneto 
www.facebook.com/prosatributaria 
Boa sorte! E bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
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Teoria e questões comentadas 
Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 05 
 
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Vigência da Legislação Tributária 
 
Nesse item da aula estudaremos as regras previstas no CTN que disciplinam 
a vigência da legislação tributária no espaço e no tempo, previstas nos 
artigos 101 a 104 do Código de Exações. 
Antes de iniciarmos o estudo, devemos primeiramente ter em mente as 
diferenças entre alguns institutos diretamente relacionados e frequentemente 
confundidos pelos candidatos: vigência, eficácia e validade da norma 
jurídica tributária. Apesar de aparentemente parecerem ser a mesma coisa, 
eles possuem diferenças conceituais entre si. Vamos a cada uma delas 
 
Validade  esse atributo da norma jurídica está diretamente relacionado à 
obediência às regras formais e materiais para a edição do normativo, 
devendo ambas ser compatíveis com o que preveem os normativos da CF/88. 
Nesse sentido, a norma jurídica deve ser elaborada dentro do que prevê o 
processo legislativo de sua criação (aspecto formal), obedecendo a todos 
os ritos, prazos e iniciativas de proposição e criação estabelecidas. 
Por exemplo, se a CF/88 prevê quórum mínimo para a aprovação de 
determinado ato normativo, a desobediência a esse requisito importa em 
invalidade da norma criada, o mesmo acontecendo em relação a uma 
autoridade incompetente para a iniciativa de criação do normativo. Por 
exemplo, se apenas o Presidente da República puder propor a criação de uma 
determinada lei, conforme estabelecido no texto constitucional, sem essa 
iniciativa a lei será inconstitucional, não tendo qualquer validade jurídica, 
tendo em vista a desobediência a um aspecto formal para a validade da 
norma. 
Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas 
Teoria e questões comentadas 
Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 05 
 
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Em outro sentido, dizemos que a validade também pode se dar em relação ao 
conteúdo previsto na lei (aspecto material), uma vez que determinados 
temas somente pode ser regulados por atos legais expressamente previstos 
na CF/88 (somente lei complementar pode instituir empréstimos 
compulsórios, por exemplo, de acordo com o que determina o artigo 148 da 
CF/88). 
Assim, por exemplo, caso determinada matéria deva ser regulada por meio 
de lei complementar, apenas essa espécie normativa poderá regular o tema, 
sendo inválida qualquer outra espécie que o regule, como uma lei ordinária, 
por exemplo, sob pena de desobediência ao que estabelece a CF/88, e, 
portanto, sem qualquer validade jurídica. 
Vigência  esse atributo está diretamente relacionado à publicidade e à 
publicação da norma legal, fazendo com que ela produza efeitos no mundo 
jurídico, podendo assim incidir sobre os fatos que regula em seu texto. A 
vigência está diretamente relacionada à eficácia jurídica da norma, embora, 
como comentei anteriormente, sejam conceitos distintos. 
Por exemplo, caso a lei nº 22.222 seja regularmente válida (possua validade) 
e publicada em 20 de janeiro de 2011, e conste em seu texto que ela 
começar sua vigência nesse dia, nesse dia a lei estará vigente, produzindo 
todos os efeitos que lhe são característicos, PODENDO regular as situações 
que específica em seu texto, e desde que observados também os requisitos 
de eficácia da norma. 
Quanto à vigência da lei tributária, temos que saber também o que nos diz o 
artigo 1º do Decreto-Lei nº n° 4.567/1942, que estudaremos logo adiante. 
Por enquanto, guarde só isso que apresentamos agora, caro aluno. 
Atente bem: vigência está relacionada à publicação da norma nos meios 
oficiais, fazendo esta ser conhecida por seus destinatários e pela população 
em geral. Essa característica é diferente da validade e da eficácia. 
Veja o que nos diz o mestre Hugo de Brito Machado em seu Curso de Direito 
Tributário, 33º edição, editora Malheiros: 
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“(...) Vigência é a aptidão para incidir, vale dizer, para dar 
significação jurídica aos fatos. Para produzir efeitos jurídicos 
no plano abstrato. Lei vigente pode incidir e, assim, dar a 
seu suporte fático um significado jurídico. Se a lei é vigente e 
ocorre a situação nela prevista como hipótese de incidência, 
inevitavelmente incide. A incidência é automática. Já, a 
aplicação depende sempre de alguém. É ato de alguém, e 
por isto mesmo pode ocorrer ou não.” 
Eficácia  esse último atributo está diretamente relacionado à produção de 
efeitos no mundo dos fatos pela norma jurídica tributária, bem como à 
aplicabilidade da lei em questão. Nesse sentido, fala-se em eficácia da norma 
jurídica quando ela está completamente apta a regular situações e produzir 
EFEITOS PRÁTICOS. 
“Então, qual a diferença entre eficácia e vigência, professor? Pareceu-me a 
mesma coisa.” 
Em regra, a vigência e a eficácia de uma lei se dão ao mesmo tempo, 
com a lei prevendo que a produção de seus efeitos (eficácia) se dá na data de 
publicação da lei (vigência). De modo diverso, o mesmo texto da lei (ou 
mesmo as regras e princípios do direito tributário, por exemplo) pode 
determinar que a eficácia da lei se dê apenas depois de cumprido 
determinado prazo, como a que determina que as alterações de alíquotas de 
determinados tributos somente produzam efeitos depois de decorridos 90 
dias da publicação da lei que as houver majorado. 
Como exemplo, temos a lei municipal que altera a base de cálculo do IPTU, 
regularmente editada (possui todos os requisitos de validade) e publicada em 
20 de novembro de 2014, possuindo em seu texto esta data como data de 
vigência da mesma. De acordo com os princípios tributários contidos na 
CF/88, as alterações da base de cálculo do IPTU são exceções apenas ao 
princípio da noventena, devendo obediência apenas ao princípioda 
anterioridade. 
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Assim, mesmo que publicada em 20 de novembro de 2014, portanto 
plenamente vigente, a produção de efeitos (eficácia) somente se dará em 1º 
de janeiro de 2015, obedecendo ao princípio da anterioridade. A lei já está 
em vigor, mas ainda não possui eficácia, não produzindo os efeitos que lhe 
são próprios quanto às alterações da base de cálculo. 
“E caso essa mesma lei preveja, além das alterações de alíquotas, outros 
temas não submetidos a princípio tributário algum? Teremos eficácia parcial?” 
Sem problema algum. Teremos sim eficácia parcial durante algum tempo. 
Depois, regra geral, a eficácia total. Contudo, a vigência é relativa a todos os 
artigos. Percebeu a diferença? Claro que, em muitos casos, a vigência e a 
eficácia andam juntas. 
“Então, sempre que tivermos eficácia teremos vigência, professor? Já deu pra 
ver que o contrário nem sempre será observado (termos vigência sem 
eficácia imediata).” 
Existem os casos em que teremos vigência sem eficácia, o que é mais 
comum, e casos em que teremos eficácia sem que exista mais vigência. O 
primeiro caso foi o visto anteriormente para o IPTU. 
O segundo caso está expressamente previsto no artigo 144 do CTN. Veja o 
que ele nos diz: 
“Art. 144. O lançamento reporta-se à data da ocorrência do 
fato gerador da obrigação e rege-se pela lei então vigente, 
ainda que posteriormente modificada ou revogada.” 
(Grifos nosso) 
Ou seja: podemos ter eficácia sem que exista mais vigência, correto? A regra 
geral é que tenhamos as duas, mas existem casos em que teremos apenas 
uma delas, sem problema algum. 
 
 
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“(...) A lei, mesmo modificada ou revogada, pode ser 
aplicada aos fatos ocorridos antes de sua revogação ou 
modificação, pois continuam existindo tais fatos com o 
sentido jurídico resultante da incidência da norma revogada, 
ou modificada. Em outras palavras, sobrevivem os efeitos 
jurídicos de sua incidência, que se deu, automaticamente, 
sobre os fatos ocorridos durante a sua vigência, ou até 
anteriormente à esta. (Hugo de Brito Machado, Curso de 
Direito Tributário, editora Malheiros, 33º edição)” 
Se determinado fato gerador, sob o manto do que determinava a lei X, 
ocorreu em 18 de outubro de 2011, e em 20 de outubro desse mesmo ano 
essa lei foi revogada sem que ainda tenha ocorrido o lançamento do tributo 
por ela regulado, este será devido diante do que determinava a lei revogada, 
com o lançamento retroagindo ao tempo da ocorrência do fato gerador e das 
normas vigentes nesse período. 
Caso o contribuinte venha a pagar determinado tributo com fato gerador 
ocorrido em 2010 apenas no exercício financeiro de 2012, quando a base de 
cálculo do tributo já se encontra menor do que a prevista em 2010, deve ser 
aplicada a regra prevista na data de ocorrência do fato gerador, e não a do 
tempo do pagamento. Ou seja, não vai ter redução alguma.  Calma. O 
lançamento do crédito tributário é estudado em outra aula. Foi apenas um 
exemplo ilustrativo. 
Para finalizar, veja o que diz ainda o STJ sobre a distinção entre eficácia e 
vigência da lei: 
“(...) Distinção entre eficácia e vigência. No caso de leis que 
necessitam de regulamentação, sua eficácia opera-se após a 
entrada em vigor do respectivo decreto ou regulamento. O 
regulamento transforma a estática da lei em condição 
dinâmica. É lícito ao regulamento, sem alterar o 
mandamento legal, estabelecer o termo a quo de incidência 
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da novel norma tributária. Uma vez prometido pela lei um 
termo inicial, ele não pode ser interpretado de forma a 
surpreender o contribuinte, nem o Fisco, posto que a isso 
corresponde violar a ratio essendi do princípio da 
anterioridade e da própria legalidade. (REsp 855175/RS, 
05/10/2006)” 
Quanto ao julgado acima, ele nos fala que a eficácia de determinada lei que 
necessite de regulamentação somente existe após a edição do regulamento 
pelo Poder Executivo. Antes disso, a lei já possui vigência e validade, mas 
ainda não possui eficácia, vez que necessita de regulamentação posterior à 
sua publicação. 
Vamos agora estudar as disposições relativas à vigência da legislação 
tributária no tempo, para, em seguida, estudarmos as disposições relativas à 
vigência da legislação no espaço. 
 
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Vigência da legislação tributária no tempo 
 
Em relação à vigência no tempo da legislação tributária, temos que ter em 
mente o que dispõe a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro 
(LINDB) (Decreto-Lei n° 4.567/1942), que regula as disposições gerais 
quanto à entrada em vigor das leis no nosso ordenamento jurídico de modo 
genérico, e não apenas no âmbito tributário. Ou seja, essa é uma lei que 
estabelece normas gerais de vigência das leis (bem como outros temas), 
sendo aplicada sempre que não existir disposição específica regulando 
o tema, uma vez que uma lei especial derroga a lei geral. 
A LINDB nos diz o seguinte em seu artigo 1º quanto à vigência no tempo das 
leis: 
“Art. 1o Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar 
em todo o país quarenta e cinco dias depois de 
oficialmente publicada.” (Grifos nosso) 
Ou seja, ressalvando os casos expressamente prevendo o contrário, a lei (em 
especial a tributária, matéria do nosso curso) entra em vigor, produzindo 
todos os efeitos que lhes são próprios, 45 dias depois de oficialmente 
publicada. Já deu para ver que o texto é explícito quanto à contagem do 
tempo, não é? Nada de sair dizendo por ai que a regra é um mês e meio 
depois, por favor! Quarenta e cinco dias nem sempre é igual a um mês e 
meio! Acredite: essa sutiliza já foi cobrada em prova. 
Assim, caso a lei publicada não preveja em seu texto a data de entrada em 
vigor do seu texto (podendo ser um dia posterior ou o próprio dia de sua 
publicação), aquela terá eficácia 45 dias depois de oficialmente publicada. 
Logo, podemos ter três situações: 
1) Nada é dito sobre a data de entrada em vigor  nesse caso, teremos 
que a lei produzirá efeitos dentro de 45 dias após a data de sua 
publicação oficial; 
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2) A lei prevê expressamente em seu texto a data da entrada em 
vigor do seu texto, que ocorrerá depois de decorridos “X” dias da data 
da publicação, hipótese em que falamos de vacatio legis, que é o tempo 
decorrido entre a data da publicação da lei e a entrada em vigor dos seus 
efeitos (eficácia), conforme contido em seu texto; 
3) A lei prevê expressamente que a produção de seus efeitos será 
iniciada na data de sua publicação, situação em que teremos eficácia 
e vigência ao mesmo tempo, salvo norma ou princípio que preveja o 
retardamento dos efeitos da lei, como é o caso dos princípios tributários. 
Como exemplo, temos a seguinte situação (suponha que a lei não trata de 
nenhuma regra que deva observar algum princípio tributário, seja da 
noventena ou daanterioridade): 
 Data de publicação da lei: 20 de novembro de 2014. 
 Vigência: 30 dias depois de oficialmente publicada, conforme 
expressamente previsto no corpo da lei, afastando o prazo de 45 dias 
previsto na LICC. 
 Eficácia: 20 de dezembro de 2014. 
Assim, entre o dia da publicação e o dia da produção dos efeitos (eficácia), 
teremos o prazo de 30 dias, o chamado vacatio legis. Antes de decorrido o 
prazo de 30 dias, ou até a chegada do dia 20 de dezembro de 2014, os 
efeitos da lei não serão imputados aos seus destinatários. Caso exista uma 
lei vigente regulando o assunto, essa produzirá efeitos totais até a chegada 
do dia 20 de dezembro de 2014, ou seja, até o dia 19 de dezembro de 2014. 
Como exemplo, veja o que nos dizem os seguintes artigos de leis 
importantes para o direito tributário: 
“Art. 218. Esta Lei entrará em vigor, em todo o 
território nacional, no dia 1º de janeiro de 1967, 
revogadas as disposições em contrário, especialmente a Lei 
n. 854, de 10 de outubro de 1949.” (CTN, publicado em 27 
de outubro de 1966) 
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“Art. 9o Esta Lei Complementar entra em vigor na data de 
sua publicação. (Lei complementar nº 116/2003, publicada 
em 1º de agosto de 2003 – Lei de normas gerais do ISS) 
Situação interessante se mostra na parte inicial e na final do artigo 8º da lei 
complementar nº 95, de 1998, que regula a elaboração, a redação, a 
alteração e a consolidação das leis. Ele nos diz o seguinte: 
“Art. 8º A vigência da lei será indicada de forma 
expressa e de modo a contemplar prazo razoável para 
que dela se tenha amplo conhecimento, reservada a 
cláusula "entra em vigor na data de sua publicação" 
para as leis de pequena repercussão. 
§ 1º A contagem do prazo para entrada em vigor das leis que 
estabeleçam período de vacância far-se-á com a inclusão da 
data da publicação e do último dia do prazo, entrando em 
vigor no dia subseqüente à sua consumação integral. 
§ 2º As leis que estabeleçam período de vacância deverão 
utilizar a cláusula ‘esta lei entra em vigor após decorridos (o 
número de) dias de sua publicação oficial’ .” 
Outro ponto importante quanto à vigência das leis está contida no artigo 1º, 
§1º, da LINDB. Ele nos fala sobre a aplicação da lei brasileira em território 
estrangeiro, que se dá no prazo de três meses depois de oficialmente 
publicada. Aqui são realmente três meses, e não noventa dias, como você 
poderia já ter pensado.  
“Art. 1o (...) 
§ 1o Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei 
brasileira, quando admitida, se inicia três meses depois de 
oficialmente publicada.” 
Por sua vez, a disposição geral prevista no CTN quanto à vigência da 
legislação tributária está contida no artigo 101, cujo texto é o seguinte: 
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“Art. 101. A vigência, no espaço e no tempo, da legislação 
tributária rege-se pelas disposições legais aplicáveis às 
normas jurídicas em geral, ressalvado o previsto neste 
Capítulo.” 
Continuando o nosso estudo, temos o artigo 103 do CTN. Esse artigo 
estabelece normas específicas quanto à entrada em vigor de determinados 
normativos, denominadas de normas complementares. Veja o seu texto: 
“Art. 103. Salvo disposição em contrário, entram em 
vigor: 
I - os atos administrativos a que se refere o inciso I do 
artigo 100, na data da sua publicação; 
II - as decisões a que se refere o inciso II do artigo 100, 
quanto a seus efeitos normativos, 30 (trinta) dias após 
a data da sua publicação; 
III - os convênios a que se refere o inciso IV do artigo 100, 
na data neles prevista.” (Grifos nosso) 
Assim, quanto às três espécies normativas, caso não exista disposição 
prevendo expressamente o contrário, seus efeitos serão observados 
dentro do prazo previsto nos incisos I a III, conforme o caso. 
Os atos administrativos expedidos pelas autoridades administrativas 
(portarias, instruções normativas, circulares, entre outros), previstos no 
inciso I, regra geral, produzirão efeitos na data de sua publicação na 
imprensa oficial. 
As decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição 
administrativa, a que a lei atribua eficácia normativa, previstas no 
inciso II, EXCLUSIVAMENTE EM RELAÇÃO AOS SEUS EFEITOS 
NORMATIVOS, produzirão efeitos dentro de 30 dias após a data de 
sua publicação na impressa oficial. Os demais efeitos das decisões, que 
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não tenham caráter normativo, produzirão efeitos, regra geral, na data de 
sua publicação. 
Essa atribuição de eficácia normativa às decisões dos órgãos singulares ou 
coletivos de jurisdição administrativa deve estar prevista em lei para que 
produza os seus efeitos junto a outros sujeitos passivos que não os presentes 
na lide que deu origem à decisão. 
Uma vez expedida uma decisão por um órgão colegiado de jurisdição 
administrativa e aos quais a lei atribua eficácia normativa às suas decisões, 
aquela irá vincular todos os servidores da administração fazendária do ente 
político. Em regra, essa possibilidade está veiculada na lei que rege o 
processo administrativo tributário do respectivo ente político. 
Por sua vez, os convênios celebrados no âmbito da administração pública 
produzirão efeitos, salvo disposição em contrário, na data prevista em 
seus textos, que é o caso mais comum. 
As práticas reiteradamente observadas pelas atividades administrativas 
(costume), previstas no inciso III do artigo 100 do CTN como uma das 
espécies de normas complementares das leis, dos tratados, das convenções 
internacionais e dos decretos, serão válidas a partir do momento em que se 
tornarem repetitivas, sendo adotadas costumeiramente pela Administração 
Pública. Depois que o costume (como é mais comumente conhecido esse 
caso) passa a fazer parte da rotina administrativa, este é o momento da sua 
entrada em vigor. 
Quanto à vigência no tempo da legislação tributária, temos ainda o que 
dispõe o artigo 104 do CTN, dispondo sobre a entrada em vigor dos 
dispositivos de lei referentes a impostos sobre o patrimônio e a renda. Veja o 
que diz o texto do artigo: 
“Art. 104. Entram em vigor no primeiro dia do exercício 
seguinte àquele em que ocorra a sua publicação os 
dispositivos de lei, referentes a impostos sobre o 
patrimônio ou a renda: 
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I - que instituem ou majoram tais impostos; 
II - que definem novas hipóteses de incidência; 
III - que extinguem ou reduzem isenções, salvo se a lei 
dispuser de maneira mais favorável ao contribuinte, e 
observado o disposto no artigo 178.” (Grifos nosso) 
Esse artigo, como podemos observar, repito, está restrito apenas aos 
impostos que incidem sobre o patrimônio ou a renda, definindo regras 
especiais quanto à vigência de algumas leis tributárias. Portanto, são regras 
que não se aplicam à eficácia das normas contidas nas leis de forma geral. 
Entretanto, esse artigo é tema de diversos debates, uma vez que uma 
corrente de doutrinadores entende que o dispositivo é inconstitucional, por 
afrontar diretamente o princípio da anterioridade, já que este se aplica não 
apenas aos impostos, mas a todos os tributos de maneirageral, e não apenas 
os que incidem sobre o patrimônio ou a renda. Por sua vez, o princípio nos 
traz regra relativa à eficácia das leis, e não à sua vigência. 
Ainda que pesem as discussões sobre a inconstitucionalidade do artigo, todo 
candidato deve ter esse artigo, e principalmente os seus incisos, na ponta da 
língua, uma vez que o mesmo ainda não foi declarado inconstitucional pela 
STF, tendo, assim, total aplicabilidade. 
Quanto ao inciso I do artigo 104, deve ser atentado que a regra é relativa 
apenas à instituição ou à majoração de impostos sobre o patrimônio e 
a renda. Por sua vez, o inciso II é relativo à definição de novas hipóteses de 
incidência, o que, na prática, pode ser comparado à instituição de um tributo 
para as situações que não estavam sujeitas anteriormente aos impostos. 
Por fim, temos o inciso III, que trata da extinção ou redução de isenções, as 
quais, em termos práticos, resultam em aumento da carga tributária para os 
contribuintes ou responsáveis. Esse tema é visto mais detalhadamente 
quando são estudadas as isenções, hipóteses de exclusão do crédito 
tributário. 
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(Questão 01) Procurador Judicial do Município do Recife, a fim de não ser 
surpreendido em suas atividades por eventuais equívocos quanto à data da 
entrada em vigor de dispositivos normativos de seu interesse, deve ter 
conhecimento do que dispõe o Código Tributário Nacional sobre a matéria. 
Partindo de premissa quanto à inexistência de legislação específica em 
âmbito municipal em sentido contrário ao ali disposto, em vigor, é correto 
afirmar: 
(A) Ato normativo expedido pelo Secretário de Administração do Município 
adquire vigência 45 dias após a sua publicação. 
(B) Decisão de órgão singular de jurisdição administrativa que tenha, 
legalmente, eficácia normativa entra em vigor 15 dias após a data de sua 
publicação. 
(C) Ato normativo expedido pelo Secretário de Finanças do Município adquire 
vigência 30 dias após a sua publicação. 
(D) Decisão de órgão singular de jurisdição administrativa que tenha, 
legalmente, eficácia normativa entra em vigor 30 dias após a data de sua 
publicação. 
(E) Decisão de órgão coletivo de jurisdição administrativa que tenha, 
legalmente, eficácia normativa entra em vigor 45 dias após a data de sua 
publicação. 
De acordo com o artigo 103 do CTN, e salvo disposição em contrário, entram 
em vigor: 
 Quanto aos atos normativos expedidos pelas autoridades 
administrativas, na data da sua publicação; 
 Quanto às decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição 
administrativa, a que a lei atribua eficácia normativa, quanto a seus 
efeitos normativos, 30 (trinta) dias após a data da sua publicação; 
 
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 Quant aos convênios que entre si celebrem a União, os Estados, o 
Distrito Federal e os Municípios, na data neles prevista. 
Assim, resta como correta a alternativa "d", gabarito da questão. 
 
 
(Questão 02) Segundo o Código Tributário Nacional, os atos normativos 
expedidos pelas autoridades administrativas entram em vigor, salvo 
disposição em contrário, 
a) no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que ocorra a sua 
publicação. 
b) 30 dias após sua publicação. 
c) 45 dias após sua publicação. 
d) na data da sua publicação. 
e) na data de sua assinatura. 
Nesse tipo de questão não há muito o que inventar. Ou se sabe ou não se 
sabe o prazo para entrada em vigor dos atos previstos nos incisos I a III do 
artigo 103 do CTN. Não dá pra interpretar, tentar entender ou coisa do tipo. 
Desse modo, temos que saber exatamente o que consta no texto do artigo 
103 do CODEX, que assim nos diz: 
“Art. 103. Salvo disposição em contrário, entram em vigor: 
I - os atos administrativos a que se refere o inciso I do artigo 
100, na data da sua publicação; 
II - as decisões a que se refere o inciso II do artigo 100, 
quanto a seus efeitos normativos, 30 (trinta) dias após a 
data da sua publicação; 
III - os convênios a que se refere o inciso IV do artigo 100, 
na data neles prevista.” 
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Desse modo, resta como correta apenas a alternativa “d”, gabarito da 
questão, uma vez que os atos normativos expedidos pelas autoridades 
administrativas entram em vigor, SALVO DISPOSIÇÃO EM CONTRÁRIO, 
na data da sua publicação. 
Memorize bem essas três datas previstas no artigo 103 do CTN. Quanto aos 
temas da aula de hoje, elas são bastante cobradas em provas de concurso, e 
muitas vezes em sua literalidade. 
 
 
 
 
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Vigência da legislação tributária no espaço 
 
Iremos tratar agora da vigência da legislação tributária no espaço, ou ainda 
do aspecto espacial da vigência da legislação tributária. Quanto a esse 
tema, temos como regra a obediência ao princípio da territorialidade, 
segundo o qual a legislação de cada Ente político possui vigência e eficácia 
apenas nos limites do seu território geográfico. 
 
Se, por exemplo, o Estado de Pernambuco edita uma lei sobre o IPVA, essa 
lei se restringirá apenas aos veículos matriculados ou licenciados em seu 
território, não se aplicando aos veículos matriculados, por exemplo, no 
Estado da Paraíba. O mesmo acontece em relação à lei que regula o ITBI 
municipal, dispondo sobre regras a serem aplicadas apenas aos imóveis 
situados no território do ente municipal. A União, por sua vez, edita regras a 
serem aplicadas em todo o território nacional, não possuindo suas leis, em 
regra, restrições territoriais. 
Entretanto, observe o que nos diz o artigo 102 do CTN, que também trata da 
aplicação da legislação tributária no espaço: 
“Art. 102. A legislação tributária dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios vigora, no País, fora dos 
respectivos territórios, nos limites em que lhe 
reconheçam extraterritorialidade os convênios de que 
participem, ou do que disponham esta ou outras leis de 
normas gerais expedidas pela União.” (Grifos nosso) 
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Ou seja, o artigo 102 traz em seu texto normativo excepcionando a regra 
contida no princípio da territorialidade, possibilitando a aplicação da 
legislação tributária de um ente político fora dos respectivos limites do seu 
território, situação em que falamos na extraterritorialidade da lei 
tributária. 
Para que seja possível a verificação da extraterritorialidade das leis estaduais, 
distritais e municipais, esses normativos devem estar previstos nos seguintes 
institutos: 
 CONVÊNIOS CELEBRADOS PELO RESPECTIVO ENTE POLÍTICO; 
 O PRÓPRIO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL; 
 LEIS DE NORMAS GERAIS EXPEDIDAS PELA UNIÃO. 
A primeira situação trata dos casos de celebração de convênios para definição 
de normas conjuntas destinadas à fiscalização e à arrecadação de tributos 
por entes políticos diferentes, como, por exemplo, dois Municípios vizinhos. 
Os Municípios irmãos de Recife e de Olinda/PE, por exemplo, poderiam 
celebrarconvênio para estipular que as regras necessárias à fiscalização do 
ISS nos dois Municípios deveriam seguir o que determina a legislação relativa 
à capital pernambucana (Recife). Assim, a legislação de um Município, por 
meio de convênio celebrado entre ambos, teria aplicação também no 
território de outro Município. 
Ainda quanto a esse tema, a interpretação a ser dada ao termo “legislação 
tributária”, contida no início do texto do artigo 102, deve ser restringida 
apenas às normas que cuidam da fiscalização e da arrecadação de tributos, 
não abarcando a instituição e regulação de tributos, os quais estão restritos à 
competência tributária de cada ente político, individualmente falando. Quanto 
à instituição de tributos para que vigore fora do respectivo território 
geográfico de um determinado ente político, essa possibilidade é, em todos 
os casos, terminantemente proibida. 
 
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E você sabe o porquê disso,? Não poderia, por exemplo, Recife e Olinda 
celebrarem acordo prevendo que caberia ao Município de Recife, por 
exemplo, instituir e cobrar, e ainda fiscalizar, o ISS de competência de 
Olinda. Você não esqueceu que a competência tributária é intransferível e 
indelegável, não é? Espero que não. Vamos em frente. 
Quanto ao CTN e às normas gerais expedidas pela União, esses normativos 
podem prever que a legislação de determinado ente político seja aplicada no 
território de outro ente, sem que seja considerado como uma afronta ao 
pacto federativo e à autonomia dos Entes políticos (ao menos em tese, uma 
vez que essa possibilidade deverá ser utilizada em último caso, quando não 
existam mais soluções possíveis para a regulação do tema). 
Como exemplo, temos o que prevê o artigo 120 do CTN, estipulando a 
aplicação da legislação de um ente no território de outro recém-criado, 
enquanto não for criada a legislação desse último, e desde que não exista 
nenhuma disposição prevendo o contrário: 
“Art. 120. Salvo disposição de lei em contrário, a pessoa 
jurídica de direito público, que se constituir pelo 
desmembramento territorial de outra, subroga-se nos 
direitos desta, cuja legislação tributária aplicará até que 
entre em vigor a sua própria.” (Grifos nosso) 
A previsão acima do CTN é um caso expresso de extraterritorialidade da lei 
prevista em uma lei de normas gerais da União. Apesar de parecer ir contra o 
que falamos no exemplo dado quanto a Olinda e Recife, aqui temos um caso 
diferente e peculiar. 
Como exemplo, temos o caso dos Estados de Goiás e de Tocantins. De acordo 
com o artigo 13 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT), 
da CF/88, o Estado de Tocantins foi criado com a promulgação da nova Carta 
Federal, por desmembramento territorial do Estado de Goiás. Ora, ao ser 
criado um novo Estado, deve ser criado também o seu poder executivo, o 
judiciário e, principalmente, o legislativo. Sem esse, por óbvio, ainda não 
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existem lei estaduais e, por consequência, nenhuma lei que regule a 
instituição e cobrança de impostos estaduais. 
Desse modo, até que fossem editadas as leis tocantinenses, as leis goianas 
foram utilizadas fora dos limites territoriais do Estado de Goiás, num clássico 
exemplo de extraterritorialidade das leis, até que entrassem em vigor as leis 
do novo estado. Inclusive para a cobrança de tributos, como o IPVA e o 
ICMS, uma vez que o novo Estado não possuía nem poder legislativo. 
 
 
(Questão 03) Considere as assertivas a seguir e assinale a opção correta. 
I. A legislação tributária dos Estados e do Distrito Federal somente vigora nos 
respectivos territórios, com exceção da extraterritorialidade reconhecida em 
convênio de que participem. 
II. Quando houver norma especial tributária dispondo sobre determinada 
matéria ficam afastadas as disposições legais aplicáveis às normas jurídicas 
em geral. 
III. As decisões de órgãos singulares ou coletivos de jurisdição 
administrativa, em matéria tributária, entram em vigor trinta dias após a 
data de sua publicação. 
a) Os itens I, II e III estão corretos. 
b) Somente os itens I e II estão corretos. 
c) Os itens I, II e III estão incorretos. 
d) Somente os itens II e III estão corretos. 
e) Somente os itens I e III estão corretos. 
Item I) Correto. Essa é a redação do artigo 102 do CTN, que determina que 
a legislação tributária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios 
vigora, no País, fora dos respectivos territórios, nos limites em que lhe 
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reconheçam extraterritorialidade os convênios de que participem, ou do que 
disponham esta ou outras leis de normas gerais expedidas pela União. 
Item II) Correto. Essa interpretação decorre da hermenêutica, uma vez que 
normas de conteúdo específico prevalecem sobre as normas de conteúdo 
geral, já que tratam de temas específicos (desculpem a redundância ). 
Item III) Correto. Esse item foi considerado correto, muito embora não 
esteja perfeitamente condizente com o que determina o CTN em seu artigo 
103, II. As decisões de órgãos singulares ou coletivos de jurisdição 
administrativa, em matéria tributária, entram em vigor trinta dias após a 
data de sua publicação, mas não necessariamente. A redação do item III faz 
o candidato supor que sempre serão 30 dias, o que não é correto. A norma 
complementar pode dispor de outro modo, conforme enuncia o caput do 
artigo 103 do CTN: 
“Art. 103. Salvo disposição em contrário, entram em vigor: 
I - os atos administrativos a que se refere o inciso I do artigo 
100, na data da sua publicação; 
II - as decisões a que se refere o inciso II do artigo 100, quanto a 
seus efeitos normativos, 30 (trinta) dias após a data da sua 
publicação; 
III - os convênios a que se refere o inciso IV do artigo 100, na 
data neles prevista.” 
Considerando o item III como incorreto, o candidato, consciente da correção 
dos outros itens, marcaria a alternativa “b”. Considerando o item III correto, 
marcaria a alternativa “a”, que foi o gabarito apontado pela banca. 
Assim, resta como correta a alternativa "a", gabarito da questão. 
 
 
 
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(Questão 04) Considerando os temas "vigência" e "aplicação" da legislação 
tributária, julgue os itens a seguir. Marque com (V) a assertiva verdadeira e 
com (F) a falsa, assinalando ao final a opção correspondente. 
( ) É condição de vigência da lei tributária a sua eficácia. 
( ) O CTN veda a extraterritorialidade da legislação tributária. 
( ) Não é vedado aos decretos dispor sobre o termo inicial da vigência dos 
atos expedidos pelas autoridades administrativas tributárias. 
( ) O Código Tributário Nacional adota como regra a irretroatividade da lei 
tributária. 
a) V F F V 
b) F F V F 
c) F F V V 
d) V F V V 
e) V F V F 
Item I) Falso. A eficácia, em regra, depende da vigência da lei, e o contrário 
nem sempre é verdadeiro, uma vez que podemos ter uma lei já publicada e 
vigente, mas que ainda não possui eficácia. Como exemplo, temos as leis que 
alteram as alíquotas de impostos sujeitos ao princípio da anterioridade. Ainda 
que publicadase vigentes em um determinado ano, sua eficácia somente se 
dará, regra geral, no ano seguinte, conforme determina o artigo 150, III, “b”, 
da CF/88. 
Item II) Falso. A regra é a territorialidade, situação em que uma lei 
somente possui eficácia no território do Ente que a instituiu. Porém, a 
legislação tributária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios vigora, 
no País, fora dos respectivos territórios, nos limites em que lhe reconheçam 
extraterritorialidade, os convênios de que participem, ou o que disponham o 
CTN ou outras leis de normas gerais expedidas pela União, conforme nos diz 
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o artigo 102 do CTN. Assim, o CTN expressamente admite a 
extraterritorialidade da lei tributária. 
Outro bom exemplo é a lei de normas gerais do ISS, imposto de competência 
dos municípios, que prevê que a cobrança do imposto pode se dar em 
território de outro município, conforme as regras previstas na lei 
complementar. 
Item III) Verdadeiro. Se os atos expedidos conforme a atribuição de cada 
autoridade forem regularmente elaborados, seguindo as limitações impostas 
pela lei, nada impede que seu texto indique o termo inicial da vigência dos 
mesmos. Quando não indicarem a data inicial, deve ser observada a regra 
prevista no artigo 103, I, do CTN, tendo vigência na data da sua publicação. 
“Art. 103. Salvo disposição em contrário, entram em vigor: 
I - os atos administrativos a que se refere o inciso I do artigo 
100, na data da sua publicação; 
II - as decisões a que se refere o inciso II do artigo 100, 
quanto a seus efeitos normativos, 30 (trinta) dias após a 
data da sua publicação; 
III - os convênios a que se refere o inciso IV do artigo 100, 
na data neles prevista.” 
Observe que, quanto às normas complementares, há a derrogação do que 
prevê a LINDB, não sendo aplicada a regra contida em seu artigo 1º. Atente 
bem a isso. 
Item IV) Verdadeiro. A regra é realmente a irretroatividade da lei 
tributária, somente se admitindo efeitos retroativos nos casos previstos no 
artigo 106 do CTN, quais sejam: 
 
 
 
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“Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: 
I - em qualquer caso, quando seja expressamente 
interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração 
dos dispositivos interpretados; 
II - tratando-se de ato não definitivamente julgado: 
a) quando deixe de defini-lo como infração; 
b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer 
exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido 
fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de 
tributo; 
c) quando lhe comine penalidade menos severa que a 
prevista na lei vigente ao tempo da sua prática.” 
Deve ser atentado, contudo, que quanto à instituição e à majoração de 
tributos, nunca haverá lei válida com efeitos retroativos. 
Assim, resta como correta a alternativa "c", gabarito da questão. 
 
 
Quanto à vigência da lei tributária, era “apenas isso”. Vamos agora ao nosso 
segundo tópico da aula de hoje: a aplicação da legislação tributária. Em 
frente, espartanos! 
 
 
 
 
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Aplicação da legislação tributária 
 
 
Nesse item da aula estudaremos as disposições contidas no CTN quanto à 
aplicação da legislação tributária, relacionada à execução das normas 
tributárias junto aos destinatários das mesmas. Nesse contexto, temos a 
adequação e a concretização do que dispõe a norma jurídica (resultante da 
vontade do legislador) ao mundo dos fatos. Ou ainda, a subsunção do fato 
ao que está previsto na lei. A aplicação da legislação tributária, assim, 
está relacionada ao uso efetivo das normas jurídicas, resultando na aplicação 
das normas. 
Como regra, a lei tributária aplica-se imediatamente aos fatos 
geradores ocorridos posteriormente à sua vigência e eficácia no 
mundo jurídico. A regra, assim, é a irretroatividade da lei tributária. 
Ou seja, a nova lei tributária não retroagirá para alcançar fatos a ela 
anteriores, tendo em vista o princípio da irretroatividade da lei tributária. 
Essa regra, contudo, apresenta exceções, conforme veremos mais adiante. O 
princípio da irretroatividade, quanto à instituição ou majoração de tributos, 
não encontra qualquer tipo de exceção, não podendo a lei nova tributar fatos 
geradores ocorridos antes do início de sua vigência. Quanto a outros temas, o 
CTN prevê algumas exceções, as quais serão vistas mais adiante nesse item 
da aula. 
A aplicação da legislação tributária está prevista nos artigos 105 e 106 do 
CTN. O artigo 105 nos diz o seguinte: 
“Art. 105. A legislação tributária aplica-se imediatamente 
aos fatos geradores futuros e aos pendentes, assim 
entendidos aqueles cuja ocorrência tenha tido início mas 
não esteja completa nos termos do artigo 116.” (Grifos 
nosso) 
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Os fatos geradores futuros, como comentado anteriormente, são aqueles que 
ainda irão ocorrer no mundo dos fatos, vindo a ser regulados pela lei então 
vigente e com plena eficácia para produzir efeitos juntos aos seus 
destinatários. Para estes, deve ser sempre observado o princípio da 
anterioridade, inclusive em relação às suas exceções. Quanto aos fatos 
geradores futuros, por óbvio, a nova lei somente se aplica àqueles que 
ocorrerem após a sua vigência e efetiva eficácia junto aos sujeitos passivos. 
Por sua vez, os fatos geradores pendentes dizem respeito àqueles que já 
foram iniciados no mundo dos fatos, mas ainda não se encontram finalizados, 
não tendo sido concretizados todos os atos necessários à sua completa 
formação. 
Os fatos geradores pendentes são aqueles que tiveram início na vigência de 
uma lei “X” e que foram finalizados sob a vigência de outra lei, a lei “Y”. Para 
esses casos, regra geral, será aplicada a lei posterior. Entendeu muito não, 
não é,? Mas tenha calma, logo em seguida você vai entender. Vamos em 
frente! 
Uma parte da doutrina entende que não existe a figura do fato gerador 
pendente, uma vez que a existência do fato gerador somente pode ter dois 
status: existente ou não existente, ocorrido ou não ocorrido. Logo, 
pendente seria apenas o negócio jurídico necessário à verificação do fato 
gerador no mundo dos fatos. 
Seguindo esse entendimento, temos como fato gerador o que o CTN chamou 
de pendente aquele que depende do implemento de um determinada 
condição suspensiva, prevista nos artigos 116, II, e 117, I, do CTN (veremos 
esses artigos mais adiante). 
Ao ser verificada no mundo dos fatos determinada condição suspensiva, 
restaria ocorrido o fato gerador. Ou seja, de um modo ou de outro, o fato 
gerador é futuro, uma vez que ainda não se concretizou nem o negócio 
jurídico que dará existência àquele. 
 
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Por outro lado, parte da doutrina assevera que existe o fato gerador 
pendente à que se refere o artigo 105 do CTN, estando diretamente 
relacionado aos chamados fatos geradores periódicos oucomplexos, que 
dependem de uma sucessão de fatos para se concretizarem por inteiro. 
Para essa parte da doutrina, o fato gerador pendente é aquele que ainda irá 
se verificar por completo durante determinado espaço de tempo. Como 
exemplo, temos o fato gerador do Imposto de Renda, de competência da 
União, cujo fato gerador se verifica ao longo de todo o exercício financeiro, 
que vai de 1º de janeiro a 31 de dezembro. Assim, seu fato gerador somente 
é finalizado no último dia do ano, ficando pendente durante todo o ano-
calendário. 
Desse modo, uma lei que altere as disposições relativas ao tributo dentro do 
exercício financeiro e até o dia 31 de dezembro produzirá efeitos em relação 
aos fatos geradores ocorridos durante todo o período em que os fatos 
geradores se consideram ocorridos, ou seja, desde o dia 1º de janeiro. Logo, 
uma lei publicada em determinado ano-calendário produzirá efeitos em 
relação aos tributos devidos dentro desse mesmo ano-calendário, já que, 
para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o princípio da 
anterioridade estará atendido com a entrega da declaração apenas no ano-
calendário seguinte. 
Essa situação se verifica diante da característica do IR, que é um tributo 
sujeito a lançamento por homologação e em que a apresentação da 
declaração de rendimentos ocorre apenas no exercício financeiro seguinte, 
situação em que a autoridade administrativa poderá lançar e cobrar valores 
não pagos, relativos às alterações verificadas e impostas pela nova lei, 
publicada no ano anterior ao do lançamento. 
Sobre o tema, veja o que nos diz a famosa Súmula 584 do STF: 
“Ao imposto de renda calculado sobre os rendimentos do 
ano-base, aplica-se a lei vigente no exercício financeiro em 
que deve ser apresentada a declaração.” 
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Nesse mesmo sentido, a Súmula 584 deve ser aplicada também à CSLL 
(contribuição social sobre o lucro liquido, que possui normativos e métodos 
de apuração e recolhimento de seus valores bastante semelhantes ao 
previstos para o IR). 
No caso dos fatos geradores pendentes, estamos diante do que o STF chama 
de retroatividade imprópria, ou retrospectiva. E o caso mais clássico 
dessa retroatividade é o que consta na Súmula 584 da Corte Superiro. Nesse 
tipo de retroatividade imprópria, a nova lei incide sobre um fato gerador 
ainda não concluído, pendente de verificação de todos os atos que o 
perfazem por inteiro. Para a Suprema Corte, este tipo de retroatividade 
alcança apenas os tributos cujo fato gerador é periódico ou complexivo, como 
comentamos anteriormente. 
 
Visto o artigo 105 e os temas a ele relativos, vamos passar agora ao estudo 
do artigo 106 do CTN, que prevê a chamada retroatividade própria, 
também conhecida como AUTÊNTICA. 
A retroatividade própria é aquela que alcança apenas os fatos geradores 
ocorridos no passado, sem que seja aplicada aos pendentes. Esse tipo de 
retroatividade se configura como uma exceção, uma vez que, em regra, é 
proibida a irretroatividade da lei tributária. A regra é que a lei nova se aplique 
apenas aos fatos futuros, posteriores à sua publicação e eficácia. Como 
exceção, aos fatos passados. 
 
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Inicialmente temos que conhecer o princípio constitucional da irretroatividade 
da lei tributária, que veda a cobrança de tributos em relação a fatos 
geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver 
instituído ou aumentado, conforme preceitua a alínea “a” do inciso III do 
artigo 150 da CF/88. Este princípio se configura como mais uma das 
limitações constitucionais ao poder de tributar, sendo de extrema importância 
à consecução da segurança jurídica tributária. 
Como falamos anteriormente, quanto à instituição ou majoração de 
tributos, não há exceção, não podendo a lei nova tributar fatos geradores 
ocorridos antes do início de sua vigência, devendo tributar apenas os fatos 
geradores futuros. Sem exceções. Memorize bem isso! 
Entretanto, quando não tratar da instituição ou majoração de tributos, a nova 
lei tributária poderá retroagir, mas conforme o que nos diz o artigo 106 do 
CTN: 
“Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: 
I - em qualquer caso, quando seja expressamente 
interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à 
infração dos dispositivos interpretados; 
II - tratando-se de ato não definitivamente julgado: 
a) quando deixe de defini-lo como infração; 
b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer 
exigência de ação ou omissão, desde que não tenha 
sido fraudulento e não tenha implicado em falta de 
pagamento de tributo; 
c) quando lhe comine penalidade menos severa que a 
prevista na lei vigente ao tempo da sua prática.” (Grifos 
nosso) 
 
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No artigo 106, em seus dois incisos, podemos notar a presença de duas 
espécies de leis regulando atos pretéritos a elas: 
 LEIS INTERPRETATIVAS; 
 LEIS MAIS BENÉFICAS. 
O inciso I, que trata das leis interpretativas, se refere à interpretação própria 
ou autêntica da legislação tributária, que é aquela realizada pelo próprio 
poder legislativo em relação aos normativos por ele expedidos anteriormente. 
Essa nova lei vem tentar esclarecer pontos de uma lei anteriormente 
publicada em que se verifica a obscuridade e/ou a imprecisão de alguns 
normativos nela contidos. 
Nada impede, porém, que, posteriormente, o Poder Judiciário venha a 
apreciar um caso a ele submetido e que considere a lei em questão como 
interpretativa (até mesmo a própria lei interpretativa), classificação esta dada 
às leis citadas no inciso I. 
Assim, uma lei nova que venha a interpretar outra lei a ela anterior pode ser 
aplicada a fatos pretéritos, desde que, dessa interpretação, não resulte em 
aplicação de penalidade ao sujeito passivo que agiu conforme a lei 
antiga ainda não interpretada. Se a lei anterior possuía pontos obscuros 
que ensejaram a edição de uma lei interpretativa, não seria justo penalizar o 
contribuinte que procedeu conforme a lei anterior determinava. 
Suponha que uma lei W tenha dito em seu texto que determinados 
contribuintes do ICMS estadual deveriam emitir documentos fiscal nas saídas 
de mercadorias destinadas aos hospitais que atendam pacientes pelo Sistema 
único de Saúde. Entretanto, não especificou qual documento seria esse. 
Verificando a legislação do ICMS do seu Estado, o contribuinte Emitonildo 
concluiu (suponha que isso é verdade) que não existe documento específico 
para esse tipo de operação. Diante disso, utilizou o documento fiscal 
genérico, que é a nota fiscal modelo 1. Ele cumpriu a obrigação tributária 
acessória, mesmo que, digamos, “às cegas”. 
 
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Diante de várias indagações de outros contribuintes, o legislativo estadual 
editou outra lei, a lei Y, dessa vez interpretando a lei W. Nesta, determinou 
que a expressão “documento fiscal” se referia à nota fiscal modelo 1-A. A 
partir dai, todos os contribuintes passaram a emitir esse documento, inclusive 
o senhor Emitonildo. 
Mas Emitonildo, até a publicação da lei Y, emitiu apenas o documento fiscalde modelo 1, e não o 1-A, como queria o legislador. “Problema do 
legislador,oras!”, diria você. E com razão. Ele, Emitonildo, até a publicação da 
lei Y, não sabia ao certo qual documento emitir, mas mesmo assim o fez. 
Logo, não poderá jamais ser penalizado em razão da obscuridade ou 
imprecisão da lei W. 
“E aqueles que não emitiram documento algum em razão da dúvida, 
professor?” 
Nesse caso, teremos uma infração tributária, que deverá ser punida com 
multa, conforme a legislação de regência de cada tributo. Emita o 
documento, nem que seja o incorreto. Só não deixe de emitir.  Entendeu a 
diferença? Vamos em frente. 
Assim, se da interpretação dada pelo Poder Legislativo resultar em 
aplicação de penalidades, estas serão desconsideradas em relação 
aos fatos geradores ocorridos anteriormente à edição da lei 
interpretativa. 
Para que venha a ser aplicada a atos ou fatos pretéritos (vigência 
retrospectiva), a lei deverá ser expressamente interpretativa. Caso venha a 
cominar infração em razão dos dispositivos interpretados, não haverá 
retroatividade da lei interpretativa, sendo aplicada apenas aos atos e fatos 
futuros (ou pendentes ). Por sua vez, caso estejamos diante de uma lei 
MODIFICATIVA, não poderá essa lei retroagir para alcançar atos ou fatos 
pretéritos. 
 
 
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Veja o que nos diz o STF sobre as leis interpretativas: 
“É plausível, em face do ordenamento constitucional 
brasileiro, o reconhecimento da admissibilidade das leis 
interpretativas, que configuram instrumento 
juridicamente idôneo de veiculação da denominada 
interpretação autêntica. - As leis interpretativas - desde 
que reconhecida a sua existência em nosso sistema de direito 
positivo - não traduzem usurpação das atribuições 
institucionais do Judiciário e, em conseqüência, não ofendem 
o postulado fundamental da divisão funcional do poder. - 
Mesmo as leis interpretativas expõem-se ao exame e à 
interpretação dos juizes e tribunais. Não se revelam, assim, 
espécies normativas imunes ao controle jurisdicional. (...) Na 
medida em que a retroprojeção normativa da lei não gere e 
nem produza os gravames referidos, nada impede que o 
Estado edite e prescreva atos normativos com efeito 
retroativo. (ADI 605 MC/DF, de 23 de outubro de 2010)” 
Por sua vez, o inciso II nos fala da chamada retroatividade benigna, em que 
uma lei nova que comine penalidade menos severa deverá alcançar os atos 
praticados no passado, resultando em uma penalidade mais branda ao 
infrator tributário, ou até mesmo na exclusão da penalidade anteriormente 
imposta, conforme o que a nova lei determinar. 
Entretanto, um ponto muito importante deve ser observado: as disposições 
contidas na nova lei abrangem apenas as infrações ainda não 
definitivamente julgadas. Os atos já definitivamente julgados não podem 
mais ser alcançados pela nova lei tributária mais benéfica. 
Quanto ao ato não definitivamente julgado, temos a seguinte decisão do STJ: 
 
 
 
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“A expressão "ato não definitivamente julgado", constante do 
artigo 106, II, "c", alcança o âmbito administrativo e 
também o judicial; constitui, portanto, ato não 
definitivamente julgado o lançamento fiscal impugnado por 
meio de embargos do devedor em execução fiscal. (REsp 
187051/SP, de 15/10/1998).” 
Considere determinado contribuinte que tenha sido julgado em 1999 e, em 
razão disso, tenha sido obrigado a pagar R$ 5.000,00 em multas, não sendo 
mais possível recurso algum contra a decisão administrativa, estando, assim, 
o ato já definitivamente julgado. Posteriormente, uma nova lei entra em vigor 
em 2001, definindo que o ilícito cometido pelo contribuinte não se configura 
mais como uma infração. Uma vez que o ato já se encontra julgado 
definitivamente, nada poderá ser feito, já que o inciso II do artigo 106 nos 
diz que ele somente será aplicado a atos não definitivamente julgados. 
Caso o mesmo contribuinte ainda possuísse direito a recurso administrativo 
(ou seja, o ato ainda não se encontra definitivamente julgado) ao tempo da 
edição da nova lei, essa poderá excluir a aplicação integral da multa, ou 
reduzi-la, uma vez que se refere a infração cometida pelo sujeito passivo 
anteriormente à publicação da lei, e contra a qual ainda caiba recurso 
administrativo. 
O comando previsto no inciso II é regra relativa às infrações e às 
penalidades, não sendo aplicada em nenhuma hipótese aos tributos e 
à sua exigência. Assim, caso determinado contribuinte deixe de pagar 
valores relativos a tributos, não poderá ser invocado o artigo 106 caso sejam 
reduzidas, por exemplo, as alíquotas do tributo devido. Esse caso está 
amparado pelo que nos diz o artigo 144 do CTN, visto anteriormente quando 
estudamos a vigência da legislação tributária. 
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Por exemplo, caso determinado contribuinte deixe de recolher tributo devido 
em razão da observância de fato gerador e, posteriormente, uma lei isentiva 
venha a incluir o fato gerador entre as hipóteses de isenção, ainda assim o 
tributo será devido em relação ao fato gerador verificado antes da publicação 
da lei que conceda a isenção. 
Entretanto, caso o mesmo contribuinte, na vigência da lei anterior, tenha 
deixado de pagar o tributo e, em razão disso tenha sido imposto a ele multa 
por descumprimento da obrigação tributária principal, uma nova lei que 
extingue essa penalidade, ou a reduza, e desde que o ato não esteja 
definitivamente julgado, poderá ser aplicada à infração cometida pelo sujeito 
passivo em ato anterior à publicação da nova lei, reduzindo ou excluindo a 
penalidade. O tributo, repito, continuará a ser devido nos moldes da lei 
anterior, sem qualquer alteração. 
Veja o que nos diz o STJ sobre o tema: 
“A isenção não pode ser interpretada de forma retroativa e 
não atinge os fatos geradores ocorridos anteriormente à sua 
concessão. (AgRg no Ag 1333229/SP, de 28/09/2011)” 
A alínea “a” trata dos casos em que a nova lei deixa de definir 
determinada conduta como contrária a qualquer dispositivo presente 
na legislação tributária, isentando todos aqueles que houverem praticado 
qualquer ato contrário, E DESDE QUE RELATIVO A ATO AINDA NÃO 
DEFINITIVAMENTE JULGADO. Guarde bem isso. 
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Já a alínea “b” trata dos casos em que uma nova lei mais benéfica ao 
sujeito passivo deixa de tratar determinado ato ou conduta como contrária 
a qualquer exigência de ação ou omissão do sujeito passivo. Para tanto, deve 
ser observado que o ato não deve ter sido praticado de forma fraudulenta 
pelo sujeito passivo, e que também não tenha implicado em falta de 
pagamento de tributo devido, com os quais resta afastada a aplicação da lei 
mais benigna ao sujeito passivo. Mais uma vez, somente se aplica a atos não 
definitivamente julgados. 
Por fim, temos a alínea “c”, que trata dos casos em que uma nova lei traz 
dispositivo menos severo que o anterior, implicando em penalidade mais 
branda ao sujeito passivo infrator. São os casos, por exemplo, em que há a 
redução do percentual de multa a ser aplicada em caso de infraçãoà 
legislação tributária. Mais uma vez, deve ser observado que o ato deve ainda 
estar pendente de decisão, judicial ou administrativa, definitiva, com a qual 
resta afastada a aplicação da lei mais benéfica. 
Por exemplo, se uma determinada lei A, em 2009, previa multa de 30% em 
razão de determinada conduta contrária à legislação tributária e, em 2011, 
época do lançamento do auto de infração, a lei B alterou a lei A estipulando 
que a mesma multa será de 15%, este é o percentual a ser aplicado quanto à 
infração, uma vez que resulta em infração menos gravosa ao contribuinte. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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(Questão 05) Assinale a opção correta. 
a) As leis interpretativas são admitidas em matéria tributária aplicando-se a 
ato ou fato pretérito, porém, nesse caso, o sujeito passivo fica sujeito às 
penalidades aplicáveis à infração aos dispositivos interpretados. 
b) As leis interpretativas são admitidas em direito tributário, no entanto não 
podem ser aplicadas a ato ou fato pretérito. 
c) A lei tributária é aplicável a ato ou fato pretérito quando deixa de cominar 
uma determinada penalidade, isso no caso de ato não definitivamente 
julgado. 
d) A lei tributária pode ser aplicada retroativamente, independente de o ato 
estar ou não definitivamente julgado, quando há cominação de penalidade 
menos severa que a prevista na lei vigente na época da sua prática. 
e) A legislação tributária não pode ser aplicada retroativamente somente 
atingindo os fatos geradores futuros e pendentes. 
Alternativa a) Incorreta. Conforme previsão constante no artigo 106, I, do 
CTN, a lei aplica-se a ato ou fato pretérito em qualquer caso, quando seja 
expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração 
dos dispositivos interpretados. 
Alternativa b) Incorreta. Vale a mesma explicação dada à alternativa 
anterior relativamente às leis interpretativas, sendo aplicadas a ato ou fato 
pretérito. 
Alternativa c) Correta. Essa é a previsão constante no artigo 106, II, do 
CTN, cuja redação é a seguinte: 
“Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: 
I - em qualquer caso, quando seja expressamente 
interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração 
dos dispositivos interpretados; 
II - tratando-se de ato não definitivamente julgado: 
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a) quando deixe de defini-lo como infração; 
b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer 
exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido 
fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento 
de tributo; 
c) quando lhe comine penalidade menos severa que a 
prevista na lei vigente ao tempo da sua prática.” 
Alternativa d) Incorreta. Vale a mesma redação dada na alternativa 
anterior, mas relativamente ao inciso II, “c”, do artigo 106 do CTN. 
Alternativa e) Incorreta. A previsão do caput do artigo 106 do CTN já é 
suficiente para responder tranquilamente a alternativa, deixando-a incorreta, 
uma vez que a legislação tributária pode ser aplicada a ato ou fato pretérito. 
 
 
Quanto ao tema da aplicação da legislação tributária, em especial o relativo 
ao das leis interpretativas, vamos ver um exemplo ocorrido em relação à lei 
complementar nº 118/05. O artigo 3º dessa lei nos diz o seguinte: 
“Art. 3o Para efeito de interpretação do inciso I do art. 
168 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código 
Tributário Nacional, a extinção do crédito tributário 
ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por 
homologação, no momento do pagamento antecipado 
de que trata o § 1o do art. 150 da referida Lei.” (Grifos 
nosso) 
Por sua vez, seu artigo 4º diz que: 
 
 
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“Art. 4o Esta Lei entra em vigor 120 (cento e vinte) dias 
após sua publicação, observado, quanto ao art. 3o, o 
disposto no art. 106, inciso I, da Lei no 5.172, de 25 de 
outubro de 1966 – Código Tributário Nacional.” (Grifos 
nosso) 
O citado artigo 168, I, do CTN, trata dos casos de pedido de restituição de 
tributos indevidamente pagos e o prazo para o exercício do direito: cinco 
anos, contados da data da extinção do crédito tributário. Por sua vez, o artigo 
150, §4º, também do CTN, trata do início do prazo da decadência quanto aos 
tributos sujeitos a lançamento por homologação. Ambos os temas são 
estudados ao ser vista a extinção do crédito tributário, não sendo o tema 
central do assunto a ser tratado. 
Para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o STJ já tinha se 
pronunciado determinando que a data da extinção do crédito tributário se 
daria na homologação realizada pela Fazenda Pública, o que faria com que o 
sujeito passivo, na soma dos prazos, tivesse dez anos para solicitar a 
restituição, contado da data do pagamento, nos casos de tributos sujeitos a 
lançamento por homologação. Esse prazo era possível em razão do pedido de 
restituição pode ser realizada antes mesmo da homologação tácita. 
Essa matéria, por sua vez, já se encontrava totalmente pacificada no âmbito 
do Superior Tribunal de Justiça, até sobrevir a lei complementar em comento, 
que trazia o rótulo de lei apenas interpretativa, que não era o caso. 
Diversas foram as correntes contrárias ao rótulo de lei interpretativa dada a 
si mesma pela LC nº 118/05, entendendo o STJ que a nova lei criou novas 
situações não antes previstas, inovando o direito e afastando a característica 
de lei interpretativa, não permitindo a retroação dos seus efeitos. Os 
dispositivos da nova lei fizeram com que seus normativos atingissem 
situações ocorridas anteriormente à sua vigência, implicando em 
retroatividade não autorizada pela CF/88. 
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Em síntese, a redação presente na lei reduzia o prazo de restituição de dez 
para cinco anos, atingindo, segundo queria dispor o legislador, todos os 
pedidos realizados há mais de cinco anos a contar da ocorrência do fato 
gerador, os quais seriam terminantemente denegados pela Fazenda Pública. 
Esse ato, conforme decisão do STJ, veio a ferir frontalmente o princípio da 
separação dos poderes, uma vez que alterava profundamente a já assentada 
jurisprudência e entendimento dos tribunais superiores (que entendiam que o 
prazo de restituição era contado a partir da data do pagamento do tributo 
sujeito a lançamento por homologação; bem como a garantia do direito 
adquirido, da coisa julgada e do ato jurídico perfeito, uma vez que atentava 
frontalmente contra os atos praticados anteriormente à chegada da nova lei. 
Resolvendo diversos debates em torno da LC nº 118/05, o STJ fixou seu 
entendimento, separando o tempo e os efeitos da nova lei em função da data 
de publicação da mesma, já que aquela tinha natureza normativa, produzindo 
alterações e não sendo interpretativa, como quis legislador federal. 
Desse modo, o artigo 3º da lei complementar em comento não poderia ter 
regulado situações anteriores à sua vigência, mas apenas posteriores, já que 
não se tratava de lei meramente interpretativa. Somente atos posteriores à 
sua vigência poderiam ter sido atingidos pela nova regra. 
Assim, podemos dividir os efeitos da leiem duas situações distintas: 
 Para os pagamentos indevidos efetuados a partir da vigência da 
LC nº 118/05, o prazo para pleitear a restituição será de cinco anos, 
contados da data do recolhimento indevido; 
 Para os pagamentos efetuados antes da entrada em vigor da LC 
nº 118/05, o prazo para solicitar restituição será o previsto 
anteriormente à vigência da lei; para esses casos, entretanto, deve ser 
observado o prazo máximo de cincos anos, a contar da vigência da 
nova lei. 
 
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Ou seja, se o pedido tiver sido interposto, por exemplo, dois anos antes 
da vigência da nova lei, e não tendo havido ainda a homologação 
tácita, o prazo para o pedido é de sete anos, que é a soma dos dois 
anos anteriores e dos cincos posteriores à vigência da lei. 
O que você precisa saber de importante sobre esse tema está nos dois itens 
acima,. Memorize bem a divisão no tempo e seus efeitos e mande bala nas 
questões que porventura vierem a cobrar esse assunto. 
 
 
(Questão 06) No exercício de 1995, um contribuinte deixou de recolher 
determinado tributo. Na ocasião, a lei impunha a multa moratória de 30% do 
valor do débito. Em 2013, houve alteração legislativa, que reduziu a multa 
moratória para 20%. O contribuinte recebeu, em 2014, notificação para 
pagamento do débito, acrescido da multa moratória de 30%. 
A exigência está: 
a) correta, pois aplica-se a lei vigente à época de ocorrência do fato gerador. 
b) errada, pois aplica-se retroativamente a lei que defina penalidade menos 
severa ao contribuinte. 
c) correta, pois o princípio da irretroatividade veda a aplicação retroagente da 
lei tributária. 
d) errada, pois a aplicação retroativa da lei é regra geral no direito tributário. 
O CTN é claro ao definir que a lei que define penalidade menos severa ao 
contribuinte deve ser aplicada, desde que o ato ainda não esteja 
definitivamente julgado. É o que nos diz o artigo 106, II, “c”, do CTN. Veja o 
que ele nos diz em seu texto: 
 
 
 
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“Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: 
I - em qualquer caso, quando seja expressamente 
interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração 
dos dispositivos interpretados; 
II - tratando-se de ato não definitivamente julgado: 
a) quando deixe de defini-lo como infração; 
b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer 
exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido 
fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de 
tributo; 
c) quando lhe comine penalidade menos severa que a 
prevista na lei vigente ao tempo da sua prática.” 
Uma vez que o contribuinte recebeu a notificação de pagamento apenas em 
2014, o ato ainda não se encontrava definitivamente julgado, o que 
possibilitaria (e obrigaria) a autoridade administrativa a aplicar a lei mais 
benéfica, aplicando a multa de 20% instituída pela nova lei, ao invés dos 
30%, mais penosa ao sujeito passivo. 
Assim, resta como correta a alternativa "b", gabarito da questão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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(Questão 07) Determinada Lei Municipal, publicada em 17/01/2011, fixou o 
aumento das multas e alíquotas relativo aos fatos jurídicos tributáveis e 
ilícitos pertinentes ao ISS daquele ente federativo. Considerando que 
determinado contribuinte tenha sido autuado pela autoridade administrativa 
local em 23/12/2010, em razão da falta de pagamento do ISS dos meses de 
abril de 2010 a novembro de 2010, assinale a alternativa correta a respeito 
de como se procederia a aplicação da legislação tributária para a situação em 
tela. 
a) Seriam mantidas as alíquotas e multas nos valores previstos na data do 
fato gerador. 
b) Seriam aplicadas as alíquotas previstas na lei nova e as multas seriam 
aplicadas nos valores previstos na data do fato gerador. 
c) Seriam mantidas as alíquotas nos valores previstos na data do fato gerador 
e as multas seriam aplicadas nos valores previstos de acordo com a nova lei. 
d) Seriam aplicadas as alíquotas e multas nos valores previstos de acordo 
com a nova lei. 
Viram alguma diferença em relação à questão anterior? Espero que sim.  
Embora pareça tratar do mesmo assunto, estamos diante de outra situação, 
que é a aplicação da lei vigente ao tempo da ocorrência do fato gerador, 
ainda que posteriormente modificada ou revogada. Em adição a isso, temos 
que a lei, em caso de ato não definitivamente julgado, aplica-se de maneira 
mais favorável ao contribuinte, quando venha a imputar penalidade menos 
gravosa. 
Ora, a lei nova aumentou as multas e as alíquotas relativas ao ISS de 
determinado Município. Se a lei anterior previa que a alíquota a ser aplicada 
seria de 30% e, posteriormente, fixa a nova alíquota em 40%, deve ser 
utilizada a alíquota vigente à ocorrência do fato gerador, qual seja, de 30%. 
Esse entendimento vai ao encontro do que determina o artigo 144 do CTN: 
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“Art. 144. O lançamento reporta-se à data da ocorrência do 
fato gerador da obrigação e rege-se pela lei então vigente, 
ainda que posteriormente modificada ou revogada.” 
Assim, deve ser aplicada a lei vigente em 23/12/2010, que previa alíquotas e 
multas em valores inferiores às previstas pela lei publicada em 17/01/2011, 
sendo mantidas as alíquotas e multas nos valores previstos na data do fato 
gerador. Ainda que fossem em valores maiores, por exemplo, de 60%, a lei a 
ser aplicada seria a mesma, ou seja, a vigente ao tempo da ocorrência do 
fato gerador da obrigação tributária. 
Assim, resta como correta a alternativa "a", gabarito da questão. 
 
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Interpretação e integração da legislação tributária 
 
Nesse item da aula veremos a interpretação e a integração da legislação 
tributária, previstas nos artigos 107 a 112 do CTN. 
A interpretação da legislação tributária se refere ao ato de adequar o sentido 
da norma redigida pelo legislador aos acontecimentos do mundo real, 
compreendendo a lei da maneira mais adequada ao verdadeiro alcance que 
foi determinado em seu texto, ou que foi pretendido pelo legislador ao redigir 
o texto legal. Por mais clara que possa ser o texto de uma lei, ela deve ser 
interpretada da maneira que seja mais adequada ao fato ou à situação 
jurídica a ser estudada. 
“(...) A interpretação das normas jurídicas pode ser 
considerada em sentido amplo, como a busca de uma 
solução para um caso concreto, e em sentido restrito, como a 
busca do significado de uma norma. Neste último sentido, a 
interpretação pode ser considerada insuficiente, na medida 
em que se entenda não existir no sistema jurídico uma 
norma para o caso que se tem a resolver. Por isto, quem 
entenda estar diante de uma lacuna, sustenta ser necessário 
recorrer à denominada integração. (...)” (Hugo de Brito 
Machado, Curso de Direito Tributário, Editora Malheiros, 33º 
edição) 
Nessa linha, a hermenêutica, no CTN, é entendida

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