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Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 05 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 92 AULA 05 SUMÁRIO PÁGINA Apresentação Inicial 01 Vigência da Legislação Tributária 03 Vigência da Legislação Tributária no Tempo 09 Vigência da Legislação Tributária no Espaço 18 Aplicação da Legislação Tributária 26 Interpretação e Integração da Legislação Tributária 45 Utilização dos Princípios Gerais de Direito Privado 62 Interpretação Literal da Legislação Tributária 65 Interpretação mais benigna 69 Questões Propostas 71 Gabaritos 92 Olá, amigo concurseiro e futuro servidor! Chegamos à quinta aula do nosso curso de direito tributário para o concurso de Auditor do Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE/PR). Nessa aula iremos tratar dos seguintes temas: Vigência da Legislação Tributária; Aplicação da Legislação Tributária; Interpretação e integração da Legislação Tributária; Os temas da nossa aula de hoje são temas bem apreciados pelas bancas organizadoras de concursos, que costumar abordar o tema em suas provas de direito tributário. Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 05 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 92 Qualquer dúvida que surgir, peço que a envie o mais breve possível ao nosso fórum de dúvidas, para que não ocorram atrasos nos seus estudos. Seguem ainda os contatos: aluisioalneto@gmail.com www.facebook.com/aluisioalneto www.facebook.com/prosatributaria Boa sorte! E bons estudos! Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 05 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 92 Vigência da Legislação Tributária Nesse item da aula estudaremos as regras previstas no CTN que disciplinam a vigência da legislação tributária no espaço e no tempo, previstas nos artigos 101 a 104 do Código de Exações. Antes de iniciarmos o estudo, devemos primeiramente ter em mente as diferenças entre alguns institutos diretamente relacionados e frequentemente confundidos pelos candidatos: vigência, eficácia e validade da norma jurídica tributária. Apesar de aparentemente parecerem ser a mesma coisa, eles possuem diferenças conceituais entre si. Vamos a cada uma delas Validade esse atributo da norma jurídica está diretamente relacionado à obediência às regras formais e materiais para a edição do normativo, devendo ambas ser compatíveis com o que preveem os normativos da CF/88. Nesse sentido, a norma jurídica deve ser elaborada dentro do que prevê o processo legislativo de sua criação (aspecto formal), obedecendo a todos os ritos, prazos e iniciativas de proposição e criação estabelecidas. Por exemplo, se a CF/88 prevê quórum mínimo para a aprovação de determinado ato normativo, a desobediência a esse requisito importa em invalidade da norma criada, o mesmo acontecendo em relação a uma autoridade incompetente para a iniciativa de criação do normativo. Por exemplo, se apenas o Presidente da República puder propor a criação de uma determinada lei, conforme estabelecido no texto constitucional, sem essa iniciativa a lei será inconstitucional, não tendo qualquer validade jurídica, tendo em vista a desobediência a um aspecto formal para a validade da norma. Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 05 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 92 Em outro sentido, dizemos que a validade também pode se dar em relação ao conteúdo previsto na lei (aspecto material), uma vez que determinados temas somente pode ser regulados por atos legais expressamente previstos na CF/88 (somente lei complementar pode instituir empréstimos compulsórios, por exemplo, de acordo com o que determina o artigo 148 da CF/88). Assim, por exemplo, caso determinada matéria deva ser regulada por meio de lei complementar, apenas essa espécie normativa poderá regular o tema, sendo inválida qualquer outra espécie que o regule, como uma lei ordinária, por exemplo, sob pena de desobediência ao que estabelece a CF/88, e, portanto, sem qualquer validade jurídica. Vigência esse atributo está diretamente relacionado à publicidade e à publicação da norma legal, fazendo com que ela produza efeitos no mundo jurídico, podendo assim incidir sobre os fatos que regula em seu texto. A vigência está diretamente relacionada à eficácia jurídica da norma, embora, como comentei anteriormente, sejam conceitos distintos. Por exemplo, caso a lei nº 22.222 seja regularmente válida (possua validade) e publicada em 20 de janeiro de 2011, e conste em seu texto que ela começar sua vigência nesse dia, nesse dia a lei estará vigente, produzindo todos os efeitos que lhe são característicos, PODENDO regular as situações que específica em seu texto, e desde que observados também os requisitos de eficácia da norma. Quanto à vigência da lei tributária, temos que saber também o que nos diz o artigo 1º do Decreto-Lei nº n° 4.567/1942, que estudaremos logo adiante. Por enquanto, guarde só isso que apresentamos agora, caro aluno. Atente bem: vigência está relacionada à publicação da norma nos meios oficiais, fazendo esta ser conhecida por seus destinatários e pela população em geral. Essa característica é diferente da validade e da eficácia. Veja o que nos diz o mestre Hugo de Brito Machado em seu Curso de Direito Tributário, 33º edição, editora Malheiros: Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 05 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 92 “(...) Vigência é a aptidão para incidir, vale dizer, para dar significação jurídica aos fatos. Para produzir efeitos jurídicos no plano abstrato. Lei vigente pode incidir e, assim, dar a seu suporte fático um significado jurídico. Se a lei é vigente e ocorre a situação nela prevista como hipótese de incidência, inevitavelmente incide. A incidência é automática. Já, a aplicação depende sempre de alguém. É ato de alguém, e por isto mesmo pode ocorrer ou não.” Eficácia esse último atributo está diretamente relacionado à produção de efeitos no mundo dos fatos pela norma jurídica tributária, bem como à aplicabilidade da lei em questão. Nesse sentido, fala-se em eficácia da norma jurídica quando ela está completamente apta a regular situações e produzir EFEITOS PRÁTICOS. “Então, qual a diferença entre eficácia e vigência, professor? Pareceu-me a mesma coisa.” Em regra, a vigência e a eficácia de uma lei se dão ao mesmo tempo, com a lei prevendo que a produção de seus efeitos (eficácia) se dá na data de publicação da lei (vigência). De modo diverso, o mesmo texto da lei (ou mesmo as regras e princípios do direito tributário, por exemplo) pode determinar que a eficácia da lei se dê apenas depois de cumprido determinado prazo, como a que determina que as alterações de alíquotas de determinados tributos somente produzam efeitos depois de decorridos 90 dias da publicação da lei que as houver majorado. Como exemplo, temos a lei municipal que altera a base de cálculo do IPTU, regularmente editada (possui todos os requisitos de validade) e publicada em 20 de novembro de 2014, possuindo em seu texto esta data como data de vigência da mesma. De acordo com os princípios tributários contidos na CF/88, as alterações da base de cálculo do IPTU são exceções apenas ao princípio da noventena, devendo obediência apenas ao princípioda anterioridade. Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 05 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 92 Assim, mesmo que publicada em 20 de novembro de 2014, portanto plenamente vigente, a produção de efeitos (eficácia) somente se dará em 1º de janeiro de 2015, obedecendo ao princípio da anterioridade. A lei já está em vigor, mas ainda não possui eficácia, não produzindo os efeitos que lhe são próprios quanto às alterações da base de cálculo. “E caso essa mesma lei preveja, além das alterações de alíquotas, outros temas não submetidos a princípio tributário algum? Teremos eficácia parcial?” Sem problema algum. Teremos sim eficácia parcial durante algum tempo. Depois, regra geral, a eficácia total. Contudo, a vigência é relativa a todos os artigos. Percebeu a diferença? Claro que, em muitos casos, a vigência e a eficácia andam juntas. “Então, sempre que tivermos eficácia teremos vigência, professor? Já deu pra ver que o contrário nem sempre será observado (termos vigência sem eficácia imediata).” Existem os casos em que teremos vigência sem eficácia, o que é mais comum, e casos em que teremos eficácia sem que exista mais vigência. O primeiro caso foi o visto anteriormente para o IPTU. O segundo caso está expressamente previsto no artigo 144 do CTN. Veja o que ele nos diz: “Art. 144. O lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e rege-se pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada.” (Grifos nosso) Ou seja: podemos ter eficácia sem que exista mais vigência, correto? A regra geral é que tenhamos as duas, mas existem casos em que teremos apenas uma delas, sem problema algum. Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 05 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 92 “(...) A lei, mesmo modificada ou revogada, pode ser aplicada aos fatos ocorridos antes de sua revogação ou modificação, pois continuam existindo tais fatos com o sentido jurídico resultante da incidência da norma revogada, ou modificada. Em outras palavras, sobrevivem os efeitos jurídicos de sua incidência, que se deu, automaticamente, sobre os fatos ocorridos durante a sua vigência, ou até anteriormente à esta. (Hugo de Brito Machado, Curso de Direito Tributário, editora Malheiros, 33º edição)” Se determinado fato gerador, sob o manto do que determinava a lei X, ocorreu em 18 de outubro de 2011, e em 20 de outubro desse mesmo ano essa lei foi revogada sem que ainda tenha ocorrido o lançamento do tributo por ela regulado, este será devido diante do que determinava a lei revogada, com o lançamento retroagindo ao tempo da ocorrência do fato gerador e das normas vigentes nesse período. Caso o contribuinte venha a pagar determinado tributo com fato gerador ocorrido em 2010 apenas no exercício financeiro de 2012, quando a base de cálculo do tributo já se encontra menor do que a prevista em 2010, deve ser aplicada a regra prevista na data de ocorrência do fato gerador, e não a do tempo do pagamento. Ou seja, não vai ter redução alguma. Calma. O lançamento do crédito tributário é estudado em outra aula. Foi apenas um exemplo ilustrativo. Para finalizar, veja o que diz ainda o STJ sobre a distinção entre eficácia e vigência da lei: “(...) Distinção entre eficácia e vigência. No caso de leis que necessitam de regulamentação, sua eficácia opera-se após a entrada em vigor do respectivo decreto ou regulamento. O regulamento transforma a estática da lei em condição dinâmica. É lícito ao regulamento, sem alterar o mandamento legal, estabelecer o termo a quo de incidência Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 05 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 92 da novel norma tributária. Uma vez prometido pela lei um termo inicial, ele não pode ser interpretado de forma a surpreender o contribuinte, nem o Fisco, posto que a isso corresponde violar a ratio essendi do princípio da anterioridade e da própria legalidade. (REsp 855175/RS, 05/10/2006)” Quanto ao julgado acima, ele nos fala que a eficácia de determinada lei que necessite de regulamentação somente existe após a edição do regulamento pelo Poder Executivo. Antes disso, a lei já possui vigência e validade, mas ainda não possui eficácia, vez que necessita de regulamentação posterior à sua publicação. Vamos agora estudar as disposições relativas à vigência da legislação tributária no tempo, para, em seguida, estudarmos as disposições relativas à vigência da legislação no espaço. Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 05 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 92 Vigência da legislação tributária no tempo Em relação à vigência no tempo da legislação tributária, temos que ter em mente o que dispõe a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB) (Decreto-Lei n° 4.567/1942), que regula as disposições gerais quanto à entrada em vigor das leis no nosso ordenamento jurídico de modo genérico, e não apenas no âmbito tributário. Ou seja, essa é uma lei que estabelece normas gerais de vigência das leis (bem como outros temas), sendo aplicada sempre que não existir disposição específica regulando o tema, uma vez que uma lei especial derroga a lei geral. A LINDB nos diz o seguinte em seu artigo 1º quanto à vigência no tempo das leis: “Art. 1o Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada.” (Grifos nosso) Ou seja, ressalvando os casos expressamente prevendo o contrário, a lei (em especial a tributária, matéria do nosso curso) entra em vigor, produzindo todos os efeitos que lhes são próprios, 45 dias depois de oficialmente publicada. Já deu para ver que o texto é explícito quanto à contagem do tempo, não é? Nada de sair dizendo por ai que a regra é um mês e meio depois, por favor! Quarenta e cinco dias nem sempre é igual a um mês e meio! Acredite: essa sutiliza já foi cobrada em prova. Assim, caso a lei publicada não preveja em seu texto a data de entrada em vigor do seu texto (podendo ser um dia posterior ou o próprio dia de sua publicação), aquela terá eficácia 45 dias depois de oficialmente publicada. Logo, podemos ter três situações: 1) Nada é dito sobre a data de entrada em vigor nesse caso, teremos que a lei produzirá efeitos dentro de 45 dias após a data de sua publicação oficial; Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 05 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 92 2) A lei prevê expressamente em seu texto a data da entrada em vigor do seu texto, que ocorrerá depois de decorridos “X” dias da data da publicação, hipótese em que falamos de vacatio legis, que é o tempo decorrido entre a data da publicação da lei e a entrada em vigor dos seus efeitos (eficácia), conforme contido em seu texto; 3) A lei prevê expressamente que a produção de seus efeitos será iniciada na data de sua publicação, situação em que teremos eficácia e vigência ao mesmo tempo, salvo norma ou princípio que preveja o retardamento dos efeitos da lei, como é o caso dos princípios tributários. Como exemplo, temos a seguinte situação (suponha que a lei não trata de nenhuma regra que deva observar algum princípio tributário, seja da noventena ou daanterioridade): Data de publicação da lei: 20 de novembro de 2014. Vigência: 30 dias depois de oficialmente publicada, conforme expressamente previsto no corpo da lei, afastando o prazo de 45 dias previsto na LICC. Eficácia: 20 de dezembro de 2014. Assim, entre o dia da publicação e o dia da produção dos efeitos (eficácia), teremos o prazo de 30 dias, o chamado vacatio legis. Antes de decorrido o prazo de 30 dias, ou até a chegada do dia 20 de dezembro de 2014, os efeitos da lei não serão imputados aos seus destinatários. Caso exista uma lei vigente regulando o assunto, essa produzirá efeitos totais até a chegada do dia 20 de dezembro de 2014, ou seja, até o dia 19 de dezembro de 2014. Como exemplo, veja o que nos dizem os seguintes artigos de leis importantes para o direito tributário: “Art. 218. Esta Lei entrará em vigor, em todo o território nacional, no dia 1º de janeiro de 1967, revogadas as disposições em contrário, especialmente a Lei n. 854, de 10 de outubro de 1949.” (CTN, publicado em 27 de outubro de 1966) Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 05 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 92 “Art. 9o Esta Lei Complementar entra em vigor na data de sua publicação. (Lei complementar nº 116/2003, publicada em 1º de agosto de 2003 – Lei de normas gerais do ISS) Situação interessante se mostra na parte inicial e na final do artigo 8º da lei complementar nº 95, de 1998, que regula a elaboração, a redação, a alteração e a consolidação das leis. Ele nos diz o seguinte: “Art. 8º A vigência da lei será indicada de forma expressa e de modo a contemplar prazo razoável para que dela se tenha amplo conhecimento, reservada a cláusula "entra em vigor na data de sua publicação" para as leis de pequena repercussão. § 1º A contagem do prazo para entrada em vigor das leis que estabeleçam período de vacância far-se-á com a inclusão da data da publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia subseqüente à sua consumação integral. § 2º As leis que estabeleçam período de vacância deverão utilizar a cláusula ‘esta lei entra em vigor após decorridos (o número de) dias de sua publicação oficial’ .” Outro ponto importante quanto à vigência das leis está contida no artigo 1º, §1º, da LINDB. Ele nos fala sobre a aplicação da lei brasileira em território estrangeiro, que se dá no prazo de três meses depois de oficialmente publicada. Aqui são realmente três meses, e não noventa dias, como você poderia já ter pensado. “Art. 1o (...) § 1o Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três meses depois de oficialmente publicada.” Por sua vez, a disposição geral prevista no CTN quanto à vigência da legislação tributária está contida no artigo 101, cujo texto é o seguinte: Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 05 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 92 “Art. 101. A vigência, no espaço e no tempo, da legislação tributária rege-se pelas disposições legais aplicáveis às normas jurídicas em geral, ressalvado o previsto neste Capítulo.” Continuando o nosso estudo, temos o artigo 103 do CTN. Esse artigo estabelece normas específicas quanto à entrada em vigor de determinados normativos, denominadas de normas complementares. Veja o seu texto: “Art. 103. Salvo disposição em contrário, entram em vigor: I - os atos administrativos a que se refere o inciso I do artigo 100, na data da sua publicação; II - as decisões a que se refere o inciso II do artigo 100, quanto a seus efeitos normativos, 30 (trinta) dias após a data da sua publicação; III - os convênios a que se refere o inciso IV do artigo 100, na data neles prevista.” (Grifos nosso) Assim, quanto às três espécies normativas, caso não exista disposição prevendo expressamente o contrário, seus efeitos serão observados dentro do prazo previsto nos incisos I a III, conforme o caso. Os atos administrativos expedidos pelas autoridades administrativas (portarias, instruções normativas, circulares, entre outros), previstos no inciso I, regra geral, produzirão efeitos na data de sua publicação na imprensa oficial. As decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que a lei atribua eficácia normativa, previstas no inciso II, EXCLUSIVAMENTE EM RELAÇÃO AOS SEUS EFEITOS NORMATIVOS, produzirão efeitos dentro de 30 dias após a data de sua publicação na impressa oficial. Os demais efeitos das decisões, que Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 05 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 92 não tenham caráter normativo, produzirão efeitos, regra geral, na data de sua publicação. Essa atribuição de eficácia normativa às decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa deve estar prevista em lei para que produza os seus efeitos junto a outros sujeitos passivos que não os presentes na lide que deu origem à decisão. Uma vez expedida uma decisão por um órgão colegiado de jurisdição administrativa e aos quais a lei atribua eficácia normativa às suas decisões, aquela irá vincular todos os servidores da administração fazendária do ente político. Em regra, essa possibilidade está veiculada na lei que rege o processo administrativo tributário do respectivo ente político. Por sua vez, os convênios celebrados no âmbito da administração pública produzirão efeitos, salvo disposição em contrário, na data prevista em seus textos, que é o caso mais comum. As práticas reiteradamente observadas pelas atividades administrativas (costume), previstas no inciso III do artigo 100 do CTN como uma das espécies de normas complementares das leis, dos tratados, das convenções internacionais e dos decretos, serão válidas a partir do momento em que se tornarem repetitivas, sendo adotadas costumeiramente pela Administração Pública. Depois que o costume (como é mais comumente conhecido esse caso) passa a fazer parte da rotina administrativa, este é o momento da sua entrada em vigor. Quanto à vigência no tempo da legislação tributária, temos ainda o que dispõe o artigo 104 do CTN, dispondo sobre a entrada em vigor dos dispositivos de lei referentes a impostos sobre o patrimônio e a renda. Veja o que diz o texto do artigo: “Art. 104. Entram em vigor no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que ocorra a sua publicação os dispositivos de lei, referentes a impostos sobre o patrimônio ou a renda: Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 05 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 92 I - que instituem ou majoram tais impostos; II - que definem novas hipóteses de incidência; III - que extinguem ou reduzem isenções, salvo se a lei dispuser de maneira mais favorável ao contribuinte, e observado o disposto no artigo 178.” (Grifos nosso) Esse artigo, como podemos observar, repito, está restrito apenas aos impostos que incidem sobre o patrimônio ou a renda, definindo regras especiais quanto à vigência de algumas leis tributárias. Portanto, são regras que não se aplicam à eficácia das normas contidas nas leis de forma geral. Entretanto, esse artigo é tema de diversos debates, uma vez que uma corrente de doutrinadores entende que o dispositivo é inconstitucional, por afrontar diretamente o princípio da anterioridade, já que este se aplica não apenas aos impostos, mas a todos os tributos de maneirageral, e não apenas os que incidem sobre o patrimônio ou a renda. Por sua vez, o princípio nos traz regra relativa à eficácia das leis, e não à sua vigência. Ainda que pesem as discussões sobre a inconstitucionalidade do artigo, todo candidato deve ter esse artigo, e principalmente os seus incisos, na ponta da língua, uma vez que o mesmo ainda não foi declarado inconstitucional pela STF, tendo, assim, total aplicabilidade. Quanto ao inciso I do artigo 104, deve ser atentado que a regra é relativa apenas à instituição ou à majoração de impostos sobre o patrimônio e a renda. Por sua vez, o inciso II é relativo à definição de novas hipóteses de incidência, o que, na prática, pode ser comparado à instituição de um tributo para as situações que não estavam sujeitas anteriormente aos impostos. Por fim, temos o inciso III, que trata da extinção ou redução de isenções, as quais, em termos práticos, resultam em aumento da carga tributária para os contribuintes ou responsáveis. Esse tema é visto mais detalhadamente quando são estudadas as isenções, hipóteses de exclusão do crédito tributário. Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 05 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 92 (Questão 01) Procurador Judicial do Município do Recife, a fim de não ser surpreendido em suas atividades por eventuais equívocos quanto à data da entrada em vigor de dispositivos normativos de seu interesse, deve ter conhecimento do que dispõe o Código Tributário Nacional sobre a matéria. Partindo de premissa quanto à inexistência de legislação específica em âmbito municipal em sentido contrário ao ali disposto, em vigor, é correto afirmar: (A) Ato normativo expedido pelo Secretário de Administração do Município adquire vigência 45 dias após a sua publicação. (B) Decisão de órgão singular de jurisdição administrativa que tenha, legalmente, eficácia normativa entra em vigor 15 dias após a data de sua publicação. (C) Ato normativo expedido pelo Secretário de Finanças do Município adquire vigência 30 dias após a sua publicação. (D) Decisão de órgão singular de jurisdição administrativa que tenha, legalmente, eficácia normativa entra em vigor 30 dias após a data de sua publicação. (E) Decisão de órgão coletivo de jurisdição administrativa que tenha, legalmente, eficácia normativa entra em vigor 45 dias após a data de sua publicação. De acordo com o artigo 103 do CTN, e salvo disposição em contrário, entram em vigor: Quanto aos atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas, na data da sua publicação; Quanto às decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que a lei atribua eficácia normativa, quanto a seus efeitos normativos, 30 (trinta) dias após a data da sua publicação; Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 05 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 92 Quant aos convênios que entre si celebrem a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, na data neles prevista. Assim, resta como correta a alternativa "d", gabarito da questão. (Questão 02) Segundo o Código Tributário Nacional, os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas entram em vigor, salvo disposição em contrário, a) no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que ocorra a sua publicação. b) 30 dias após sua publicação. c) 45 dias após sua publicação. d) na data da sua publicação. e) na data de sua assinatura. Nesse tipo de questão não há muito o que inventar. Ou se sabe ou não se sabe o prazo para entrada em vigor dos atos previstos nos incisos I a III do artigo 103 do CTN. Não dá pra interpretar, tentar entender ou coisa do tipo. Desse modo, temos que saber exatamente o que consta no texto do artigo 103 do CODEX, que assim nos diz: “Art. 103. Salvo disposição em contrário, entram em vigor: I - os atos administrativos a que se refere o inciso I do artigo 100, na data da sua publicação; II - as decisões a que se refere o inciso II do artigo 100, quanto a seus efeitos normativos, 30 (trinta) dias após a data da sua publicação; III - os convênios a que se refere o inciso IV do artigo 100, na data neles prevista.” Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 05 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 92 Desse modo, resta como correta apenas a alternativa “d”, gabarito da questão, uma vez que os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas entram em vigor, SALVO DISPOSIÇÃO EM CONTRÁRIO, na data da sua publicação. Memorize bem essas três datas previstas no artigo 103 do CTN. Quanto aos temas da aula de hoje, elas são bastante cobradas em provas de concurso, e muitas vezes em sua literalidade. Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 05 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 92 Vigência da legislação tributária no espaço Iremos tratar agora da vigência da legislação tributária no espaço, ou ainda do aspecto espacial da vigência da legislação tributária. Quanto a esse tema, temos como regra a obediência ao princípio da territorialidade, segundo o qual a legislação de cada Ente político possui vigência e eficácia apenas nos limites do seu território geográfico. Se, por exemplo, o Estado de Pernambuco edita uma lei sobre o IPVA, essa lei se restringirá apenas aos veículos matriculados ou licenciados em seu território, não se aplicando aos veículos matriculados, por exemplo, no Estado da Paraíba. O mesmo acontece em relação à lei que regula o ITBI municipal, dispondo sobre regras a serem aplicadas apenas aos imóveis situados no território do ente municipal. A União, por sua vez, edita regras a serem aplicadas em todo o território nacional, não possuindo suas leis, em regra, restrições territoriais. Entretanto, observe o que nos diz o artigo 102 do CTN, que também trata da aplicação da legislação tributária no espaço: “Art. 102. A legislação tributária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios vigora, no País, fora dos respectivos territórios, nos limites em que lhe reconheçam extraterritorialidade os convênios de que participem, ou do que disponham esta ou outras leis de normas gerais expedidas pela União.” (Grifos nosso) Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 05 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 92 Ou seja, o artigo 102 traz em seu texto normativo excepcionando a regra contida no princípio da territorialidade, possibilitando a aplicação da legislação tributária de um ente político fora dos respectivos limites do seu território, situação em que falamos na extraterritorialidade da lei tributária. Para que seja possível a verificação da extraterritorialidade das leis estaduais, distritais e municipais, esses normativos devem estar previstos nos seguintes institutos: CONVÊNIOS CELEBRADOS PELO RESPECTIVO ENTE POLÍTICO; O PRÓPRIO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL; LEIS DE NORMAS GERAIS EXPEDIDAS PELA UNIÃO. A primeira situação trata dos casos de celebração de convênios para definição de normas conjuntas destinadas à fiscalização e à arrecadação de tributos por entes políticos diferentes, como, por exemplo, dois Municípios vizinhos. Os Municípios irmãos de Recife e de Olinda/PE, por exemplo, poderiam celebrarconvênio para estipular que as regras necessárias à fiscalização do ISS nos dois Municípios deveriam seguir o que determina a legislação relativa à capital pernambucana (Recife). Assim, a legislação de um Município, por meio de convênio celebrado entre ambos, teria aplicação também no território de outro Município. Ainda quanto a esse tema, a interpretação a ser dada ao termo “legislação tributária”, contida no início do texto do artigo 102, deve ser restringida apenas às normas que cuidam da fiscalização e da arrecadação de tributos, não abarcando a instituição e regulação de tributos, os quais estão restritos à competência tributária de cada ente político, individualmente falando. Quanto à instituição de tributos para que vigore fora do respectivo território geográfico de um determinado ente político, essa possibilidade é, em todos os casos, terminantemente proibida. Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 05 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 92 E você sabe o porquê disso,? Não poderia, por exemplo, Recife e Olinda celebrarem acordo prevendo que caberia ao Município de Recife, por exemplo, instituir e cobrar, e ainda fiscalizar, o ISS de competência de Olinda. Você não esqueceu que a competência tributária é intransferível e indelegável, não é? Espero que não. Vamos em frente. Quanto ao CTN e às normas gerais expedidas pela União, esses normativos podem prever que a legislação de determinado ente político seja aplicada no território de outro ente, sem que seja considerado como uma afronta ao pacto federativo e à autonomia dos Entes políticos (ao menos em tese, uma vez que essa possibilidade deverá ser utilizada em último caso, quando não existam mais soluções possíveis para a regulação do tema). Como exemplo, temos o que prevê o artigo 120 do CTN, estipulando a aplicação da legislação de um ente no território de outro recém-criado, enquanto não for criada a legislação desse último, e desde que não exista nenhuma disposição prevendo o contrário: “Art. 120. Salvo disposição de lei em contrário, a pessoa jurídica de direito público, que se constituir pelo desmembramento territorial de outra, subroga-se nos direitos desta, cuja legislação tributária aplicará até que entre em vigor a sua própria.” (Grifos nosso) A previsão acima do CTN é um caso expresso de extraterritorialidade da lei prevista em uma lei de normas gerais da União. Apesar de parecer ir contra o que falamos no exemplo dado quanto a Olinda e Recife, aqui temos um caso diferente e peculiar. Como exemplo, temos o caso dos Estados de Goiás e de Tocantins. De acordo com o artigo 13 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT), da CF/88, o Estado de Tocantins foi criado com a promulgação da nova Carta Federal, por desmembramento territorial do Estado de Goiás. Ora, ao ser criado um novo Estado, deve ser criado também o seu poder executivo, o judiciário e, principalmente, o legislativo. Sem esse, por óbvio, ainda não Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 05 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 92 existem lei estaduais e, por consequência, nenhuma lei que regule a instituição e cobrança de impostos estaduais. Desse modo, até que fossem editadas as leis tocantinenses, as leis goianas foram utilizadas fora dos limites territoriais do Estado de Goiás, num clássico exemplo de extraterritorialidade das leis, até que entrassem em vigor as leis do novo estado. Inclusive para a cobrança de tributos, como o IPVA e o ICMS, uma vez que o novo Estado não possuía nem poder legislativo. (Questão 03) Considere as assertivas a seguir e assinale a opção correta. I. A legislação tributária dos Estados e do Distrito Federal somente vigora nos respectivos territórios, com exceção da extraterritorialidade reconhecida em convênio de que participem. II. Quando houver norma especial tributária dispondo sobre determinada matéria ficam afastadas as disposições legais aplicáveis às normas jurídicas em geral. III. As decisões de órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, em matéria tributária, entram em vigor trinta dias após a data de sua publicação. a) Os itens I, II e III estão corretos. b) Somente os itens I e II estão corretos. c) Os itens I, II e III estão incorretos. d) Somente os itens II e III estão corretos. e) Somente os itens I e III estão corretos. Item I) Correto. Essa é a redação do artigo 102 do CTN, que determina que a legislação tributária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios vigora, no País, fora dos respectivos territórios, nos limites em que lhe Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 05 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 92 reconheçam extraterritorialidade os convênios de que participem, ou do que disponham esta ou outras leis de normas gerais expedidas pela União. Item II) Correto. Essa interpretação decorre da hermenêutica, uma vez que normas de conteúdo específico prevalecem sobre as normas de conteúdo geral, já que tratam de temas específicos (desculpem a redundância ). Item III) Correto. Esse item foi considerado correto, muito embora não esteja perfeitamente condizente com o que determina o CTN em seu artigo 103, II. As decisões de órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, em matéria tributária, entram em vigor trinta dias após a data de sua publicação, mas não necessariamente. A redação do item III faz o candidato supor que sempre serão 30 dias, o que não é correto. A norma complementar pode dispor de outro modo, conforme enuncia o caput do artigo 103 do CTN: “Art. 103. Salvo disposição em contrário, entram em vigor: I - os atos administrativos a que se refere o inciso I do artigo 100, na data da sua publicação; II - as decisões a que se refere o inciso II do artigo 100, quanto a seus efeitos normativos, 30 (trinta) dias após a data da sua publicação; III - os convênios a que se refere o inciso IV do artigo 100, na data neles prevista.” Considerando o item III como incorreto, o candidato, consciente da correção dos outros itens, marcaria a alternativa “b”. Considerando o item III correto, marcaria a alternativa “a”, que foi o gabarito apontado pela banca. Assim, resta como correta a alternativa "a", gabarito da questão. Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 05 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 92 (Questão 04) Considerando os temas "vigência" e "aplicação" da legislação tributária, julgue os itens a seguir. Marque com (V) a assertiva verdadeira e com (F) a falsa, assinalando ao final a opção correspondente. ( ) É condição de vigência da lei tributária a sua eficácia. ( ) O CTN veda a extraterritorialidade da legislação tributária. ( ) Não é vedado aos decretos dispor sobre o termo inicial da vigência dos atos expedidos pelas autoridades administrativas tributárias. ( ) O Código Tributário Nacional adota como regra a irretroatividade da lei tributária. a) V F F V b) F F V F c) F F V V d) V F V V e) V F V F Item I) Falso. A eficácia, em regra, depende da vigência da lei, e o contrário nem sempre é verdadeiro, uma vez que podemos ter uma lei já publicada e vigente, mas que ainda não possui eficácia. Como exemplo, temos as leis que alteram as alíquotas de impostos sujeitos ao princípio da anterioridade. Ainda que publicadase vigentes em um determinado ano, sua eficácia somente se dará, regra geral, no ano seguinte, conforme determina o artigo 150, III, “b”, da CF/88. Item II) Falso. A regra é a territorialidade, situação em que uma lei somente possui eficácia no território do Ente que a instituiu. Porém, a legislação tributária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios vigora, no País, fora dos respectivos territórios, nos limites em que lhe reconheçam extraterritorialidade, os convênios de que participem, ou o que disponham o CTN ou outras leis de normas gerais expedidas pela União, conforme nos diz Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 05 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 92 o artigo 102 do CTN. Assim, o CTN expressamente admite a extraterritorialidade da lei tributária. Outro bom exemplo é a lei de normas gerais do ISS, imposto de competência dos municípios, que prevê que a cobrança do imposto pode se dar em território de outro município, conforme as regras previstas na lei complementar. Item III) Verdadeiro. Se os atos expedidos conforme a atribuição de cada autoridade forem regularmente elaborados, seguindo as limitações impostas pela lei, nada impede que seu texto indique o termo inicial da vigência dos mesmos. Quando não indicarem a data inicial, deve ser observada a regra prevista no artigo 103, I, do CTN, tendo vigência na data da sua publicação. “Art. 103. Salvo disposição em contrário, entram em vigor: I - os atos administrativos a que se refere o inciso I do artigo 100, na data da sua publicação; II - as decisões a que se refere o inciso II do artigo 100, quanto a seus efeitos normativos, 30 (trinta) dias após a data da sua publicação; III - os convênios a que se refere o inciso IV do artigo 100, na data neles prevista.” Observe que, quanto às normas complementares, há a derrogação do que prevê a LINDB, não sendo aplicada a regra contida em seu artigo 1º. Atente bem a isso. Item IV) Verdadeiro. A regra é realmente a irretroatividade da lei tributária, somente se admitindo efeitos retroativos nos casos previstos no artigo 106 do CTN, quais sejam: Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 05 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 92 “Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II - tratando-se de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de defini-lo como infração; b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática.” Deve ser atentado, contudo, que quanto à instituição e à majoração de tributos, nunca haverá lei válida com efeitos retroativos. Assim, resta como correta a alternativa "c", gabarito da questão. Quanto à vigência da lei tributária, era “apenas isso”. Vamos agora ao nosso segundo tópico da aula de hoje: a aplicação da legislação tributária. Em frente, espartanos! Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 05 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 92 Aplicação da legislação tributária Nesse item da aula estudaremos as disposições contidas no CTN quanto à aplicação da legislação tributária, relacionada à execução das normas tributárias junto aos destinatários das mesmas. Nesse contexto, temos a adequação e a concretização do que dispõe a norma jurídica (resultante da vontade do legislador) ao mundo dos fatos. Ou ainda, a subsunção do fato ao que está previsto na lei. A aplicação da legislação tributária, assim, está relacionada ao uso efetivo das normas jurídicas, resultando na aplicação das normas. Como regra, a lei tributária aplica-se imediatamente aos fatos geradores ocorridos posteriormente à sua vigência e eficácia no mundo jurídico. A regra, assim, é a irretroatividade da lei tributária. Ou seja, a nova lei tributária não retroagirá para alcançar fatos a ela anteriores, tendo em vista o princípio da irretroatividade da lei tributária. Essa regra, contudo, apresenta exceções, conforme veremos mais adiante. O princípio da irretroatividade, quanto à instituição ou majoração de tributos, não encontra qualquer tipo de exceção, não podendo a lei nova tributar fatos geradores ocorridos antes do início de sua vigência. Quanto a outros temas, o CTN prevê algumas exceções, as quais serão vistas mais adiante nesse item da aula. A aplicação da legislação tributária está prevista nos artigos 105 e 106 do CTN. O artigo 105 nos diz o seguinte: “Art. 105. A legislação tributária aplica-se imediatamente aos fatos geradores futuros e aos pendentes, assim entendidos aqueles cuja ocorrência tenha tido início mas não esteja completa nos termos do artigo 116.” (Grifos nosso) Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 05 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 92 Os fatos geradores futuros, como comentado anteriormente, são aqueles que ainda irão ocorrer no mundo dos fatos, vindo a ser regulados pela lei então vigente e com plena eficácia para produzir efeitos juntos aos seus destinatários. Para estes, deve ser sempre observado o princípio da anterioridade, inclusive em relação às suas exceções. Quanto aos fatos geradores futuros, por óbvio, a nova lei somente se aplica àqueles que ocorrerem após a sua vigência e efetiva eficácia junto aos sujeitos passivos. Por sua vez, os fatos geradores pendentes dizem respeito àqueles que já foram iniciados no mundo dos fatos, mas ainda não se encontram finalizados, não tendo sido concretizados todos os atos necessários à sua completa formação. Os fatos geradores pendentes são aqueles que tiveram início na vigência de uma lei “X” e que foram finalizados sob a vigência de outra lei, a lei “Y”. Para esses casos, regra geral, será aplicada a lei posterior. Entendeu muito não, não é,? Mas tenha calma, logo em seguida você vai entender. Vamos em frente! Uma parte da doutrina entende que não existe a figura do fato gerador pendente, uma vez que a existência do fato gerador somente pode ter dois status: existente ou não existente, ocorrido ou não ocorrido. Logo, pendente seria apenas o negócio jurídico necessário à verificação do fato gerador no mundo dos fatos. Seguindo esse entendimento, temos como fato gerador o que o CTN chamou de pendente aquele que depende do implemento de um determinada condição suspensiva, prevista nos artigos 116, II, e 117, I, do CTN (veremos esses artigos mais adiante). Ao ser verificada no mundo dos fatos determinada condição suspensiva, restaria ocorrido o fato gerador. Ou seja, de um modo ou de outro, o fato gerador é futuro, uma vez que ainda não se concretizou nem o negócio jurídico que dará existência àquele. Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 05 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 92 Por outro lado, parte da doutrina assevera que existe o fato gerador pendente à que se refere o artigo 105 do CTN, estando diretamente relacionado aos chamados fatos geradores periódicos oucomplexos, que dependem de uma sucessão de fatos para se concretizarem por inteiro. Para essa parte da doutrina, o fato gerador pendente é aquele que ainda irá se verificar por completo durante determinado espaço de tempo. Como exemplo, temos o fato gerador do Imposto de Renda, de competência da União, cujo fato gerador se verifica ao longo de todo o exercício financeiro, que vai de 1º de janeiro a 31 de dezembro. Assim, seu fato gerador somente é finalizado no último dia do ano, ficando pendente durante todo o ano- calendário. Desse modo, uma lei que altere as disposições relativas ao tributo dentro do exercício financeiro e até o dia 31 de dezembro produzirá efeitos em relação aos fatos geradores ocorridos durante todo o período em que os fatos geradores se consideram ocorridos, ou seja, desde o dia 1º de janeiro. Logo, uma lei publicada em determinado ano-calendário produzirá efeitos em relação aos tributos devidos dentro desse mesmo ano-calendário, já que, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o princípio da anterioridade estará atendido com a entrega da declaração apenas no ano- calendário seguinte. Essa situação se verifica diante da característica do IR, que é um tributo sujeito a lançamento por homologação e em que a apresentação da declaração de rendimentos ocorre apenas no exercício financeiro seguinte, situação em que a autoridade administrativa poderá lançar e cobrar valores não pagos, relativos às alterações verificadas e impostas pela nova lei, publicada no ano anterior ao do lançamento. Sobre o tema, veja o que nos diz a famosa Súmula 584 do STF: “Ao imposto de renda calculado sobre os rendimentos do ano-base, aplica-se a lei vigente no exercício financeiro em que deve ser apresentada a declaração.” Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 05 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 92 Nesse mesmo sentido, a Súmula 584 deve ser aplicada também à CSLL (contribuição social sobre o lucro liquido, que possui normativos e métodos de apuração e recolhimento de seus valores bastante semelhantes ao previstos para o IR). No caso dos fatos geradores pendentes, estamos diante do que o STF chama de retroatividade imprópria, ou retrospectiva. E o caso mais clássico dessa retroatividade é o que consta na Súmula 584 da Corte Superiro. Nesse tipo de retroatividade imprópria, a nova lei incide sobre um fato gerador ainda não concluído, pendente de verificação de todos os atos que o perfazem por inteiro. Para a Suprema Corte, este tipo de retroatividade alcança apenas os tributos cujo fato gerador é periódico ou complexivo, como comentamos anteriormente. Visto o artigo 105 e os temas a ele relativos, vamos passar agora ao estudo do artigo 106 do CTN, que prevê a chamada retroatividade própria, também conhecida como AUTÊNTICA. A retroatividade própria é aquela que alcança apenas os fatos geradores ocorridos no passado, sem que seja aplicada aos pendentes. Esse tipo de retroatividade se configura como uma exceção, uma vez que, em regra, é proibida a irretroatividade da lei tributária. A regra é que a lei nova se aplique apenas aos fatos futuros, posteriores à sua publicação e eficácia. Como exceção, aos fatos passados. Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 05 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 92 Inicialmente temos que conhecer o princípio constitucional da irretroatividade da lei tributária, que veda a cobrança de tributos em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado, conforme preceitua a alínea “a” do inciso III do artigo 150 da CF/88. Este princípio se configura como mais uma das limitações constitucionais ao poder de tributar, sendo de extrema importância à consecução da segurança jurídica tributária. Como falamos anteriormente, quanto à instituição ou majoração de tributos, não há exceção, não podendo a lei nova tributar fatos geradores ocorridos antes do início de sua vigência, devendo tributar apenas os fatos geradores futuros. Sem exceções. Memorize bem isso! Entretanto, quando não tratar da instituição ou majoração de tributos, a nova lei tributária poderá retroagir, mas conforme o que nos diz o artigo 106 do CTN: “Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II - tratando-se de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de defini-lo como infração; b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática.” (Grifos nosso) Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 05 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 92 No artigo 106, em seus dois incisos, podemos notar a presença de duas espécies de leis regulando atos pretéritos a elas: LEIS INTERPRETATIVAS; LEIS MAIS BENÉFICAS. O inciso I, que trata das leis interpretativas, se refere à interpretação própria ou autêntica da legislação tributária, que é aquela realizada pelo próprio poder legislativo em relação aos normativos por ele expedidos anteriormente. Essa nova lei vem tentar esclarecer pontos de uma lei anteriormente publicada em que se verifica a obscuridade e/ou a imprecisão de alguns normativos nela contidos. Nada impede, porém, que, posteriormente, o Poder Judiciário venha a apreciar um caso a ele submetido e que considere a lei em questão como interpretativa (até mesmo a própria lei interpretativa), classificação esta dada às leis citadas no inciso I. Assim, uma lei nova que venha a interpretar outra lei a ela anterior pode ser aplicada a fatos pretéritos, desde que, dessa interpretação, não resulte em aplicação de penalidade ao sujeito passivo que agiu conforme a lei antiga ainda não interpretada. Se a lei anterior possuía pontos obscuros que ensejaram a edição de uma lei interpretativa, não seria justo penalizar o contribuinte que procedeu conforme a lei anterior determinava. Suponha que uma lei W tenha dito em seu texto que determinados contribuintes do ICMS estadual deveriam emitir documentos fiscal nas saídas de mercadorias destinadas aos hospitais que atendam pacientes pelo Sistema único de Saúde. Entretanto, não especificou qual documento seria esse. Verificando a legislação do ICMS do seu Estado, o contribuinte Emitonildo concluiu (suponha que isso é verdade) que não existe documento específico para esse tipo de operação. Diante disso, utilizou o documento fiscal genérico, que é a nota fiscal modelo 1. Ele cumpriu a obrigação tributária acessória, mesmo que, digamos, “às cegas”. Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 05 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 92 Diante de várias indagações de outros contribuintes, o legislativo estadual editou outra lei, a lei Y, dessa vez interpretando a lei W. Nesta, determinou que a expressão “documento fiscal” se referia à nota fiscal modelo 1-A. A partir dai, todos os contribuintes passaram a emitir esse documento, inclusive o senhor Emitonildo. Mas Emitonildo, até a publicação da lei Y, emitiu apenas o documento fiscalde modelo 1, e não o 1-A, como queria o legislador. “Problema do legislador,oras!”, diria você. E com razão. Ele, Emitonildo, até a publicação da lei Y, não sabia ao certo qual documento emitir, mas mesmo assim o fez. Logo, não poderá jamais ser penalizado em razão da obscuridade ou imprecisão da lei W. “E aqueles que não emitiram documento algum em razão da dúvida, professor?” Nesse caso, teremos uma infração tributária, que deverá ser punida com multa, conforme a legislação de regência de cada tributo. Emita o documento, nem que seja o incorreto. Só não deixe de emitir. Entendeu a diferença? Vamos em frente. Assim, se da interpretação dada pelo Poder Legislativo resultar em aplicação de penalidades, estas serão desconsideradas em relação aos fatos geradores ocorridos anteriormente à edição da lei interpretativa. Para que venha a ser aplicada a atos ou fatos pretéritos (vigência retrospectiva), a lei deverá ser expressamente interpretativa. Caso venha a cominar infração em razão dos dispositivos interpretados, não haverá retroatividade da lei interpretativa, sendo aplicada apenas aos atos e fatos futuros (ou pendentes ). Por sua vez, caso estejamos diante de uma lei MODIFICATIVA, não poderá essa lei retroagir para alcançar atos ou fatos pretéritos. Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 05 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 33 de 92 Veja o que nos diz o STF sobre as leis interpretativas: “É plausível, em face do ordenamento constitucional brasileiro, o reconhecimento da admissibilidade das leis interpretativas, que configuram instrumento juridicamente idôneo de veiculação da denominada interpretação autêntica. - As leis interpretativas - desde que reconhecida a sua existência em nosso sistema de direito positivo - não traduzem usurpação das atribuições institucionais do Judiciário e, em conseqüência, não ofendem o postulado fundamental da divisão funcional do poder. - Mesmo as leis interpretativas expõem-se ao exame e à interpretação dos juizes e tribunais. Não se revelam, assim, espécies normativas imunes ao controle jurisdicional. (...) Na medida em que a retroprojeção normativa da lei não gere e nem produza os gravames referidos, nada impede que o Estado edite e prescreva atos normativos com efeito retroativo. (ADI 605 MC/DF, de 23 de outubro de 2010)” Por sua vez, o inciso II nos fala da chamada retroatividade benigna, em que uma lei nova que comine penalidade menos severa deverá alcançar os atos praticados no passado, resultando em uma penalidade mais branda ao infrator tributário, ou até mesmo na exclusão da penalidade anteriormente imposta, conforme o que a nova lei determinar. Entretanto, um ponto muito importante deve ser observado: as disposições contidas na nova lei abrangem apenas as infrações ainda não definitivamente julgadas. Os atos já definitivamente julgados não podem mais ser alcançados pela nova lei tributária mais benéfica. Quanto ao ato não definitivamente julgado, temos a seguinte decisão do STJ: Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 05 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 34 de 92 “A expressão "ato não definitivamente julgado", constante do artigo 106, II, "c", alcança o âmbito administrativo e também o judicial; constitui, portanto, ato não definitivamente julgado o lançamento fiscal impugnado por meio de embargos do devedor em execução fiscal. (REsp 187051/SP, de 15/10/1998).” Considere determinado contribuinte que tenha sido julgado em 1999 e, em razão disso, tenha sido obrigado a pagar R$ 5.000,00 em multas, não sendo mais possível recurso algum contra a decisão administrativa, estando, assim, o ato já definitivamente julgado. Posteriormente, uma nova lei entra em vigor em 2001, definindo que o ilícito cometido pelo contribuinte não se configura mais como uma infração. Uma vez que o ato já se encontra julgado definitivamente, nada poderá ser feito, já que o inciso II do artigo 106 nos diz que ele somente será aplicado a atos não definitivamente julgados. Caso o mesmo contribuinte ainda possuísse direito a recurso administrativo (ou seja, o ato ainda não se encontra definitivamente julgado) ao tempo da edição da nova lei, essa poderá excluir a aplicação integral da multa, ou reduzi-la, uma vez que se refere a infração cometida pelo sujeito passivo anteriormente à publicação da lei, e contra a qual ainda caiba recurso administrativo. O comando previsto no inciso II é regra relativa às infrações e às penalidades, não sendo aplicada em nenhuma hipótese aos tributos e à sua exigência. Assim, caso determinado contribuinte deixe de pagar valores relativos a tributos, não poderá ser invocado o artigo 106 caso sejam reduzidas, por exemplo, as alíquotas do tributo devido. Esse caso está amparado pelo que nos diz o artigo 144 do CTN, visto anteriormente quando estudamos a vigência da legislação tributária. Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 05 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 35 de 92 Por exemplo, caso determinado contribuinte deixe de recolher tributo devido em razão da observância de fato gerador e, posteriormente, uma lei isentiva venha a incluir o fato gerador entre as hipóteses de isenção, ainda assim o tributo será devido em relação ao fato gerador verificado antes da publicação da lei que conceda a isenção. Entretanto, caso o mesmo contribuinte, na vigência da lei anterior, tenha deixado de pagar o tributo e, em razão disso tenha sido imposto a ele multa por descumprimento da obrigação tributária principal, uma nova lei que extingue essa penalidade, ou a reduza, e desde que o ato não esteja definitivamente julgado, poderá ser aplicada à infração cometida pelo sujeito passivo em ato anterior à publicação da nova lei, reduzindo ou excluindo a penalidade. O tributo, repito, continuará a ser devido nos moldes da lei anterior, sem qualquer alteração. Veja o que nos diz o STJ sobre o tema: “A isenção não pode ser interpretada de forma retroativa e não atinge os fatos geradores ocorridos anteriormente à sua concessão. (AgRg no Ag 1333229/SP, de 28/09/2011)” A alínea “a” trata dos casos em que a nova lei deixa de definir determinada conduta como contrária a qualquer dispositivo presente na legislação tributária, isentando todos aqueles que houverem praticado qualquer ato contrário, E DESDE QUE RELATIVO A ATO AINDA NÃO DEFINITIVAMENTE JULGADO. Guarde bem isso. Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 05 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 36 de 92 Já a alínea “b” trata dos casos em que uma nova lei mais benéfica ao sujeito passivo deixa de tratar determinado ato ou conduta como contrária a qualquer exigência de ação ou omissão do sujeito passivo. Para tanto, deve ser observado que o ato não deve ter sido praticado de forma fraudulenta pelo sujeito passivo, e que também não tenha implicado em falta de pagamento de tributo devido, com os quais resta afastada a aplicação da lei mais benigna ao sujeito passivo. Mais uma vez, somente se aplica a atos não definitivamente julgados. Por fim, temos a alínea “c”, que trata dos casos em que uma nova lei traz dispositivo menos severo que o anterior, implicando em penalidade mais branda ao sujeito passivo infrator. São os casos, por exemplo, em que há a redução do percentual de multa a ser aplicada em caso de infraçãoà legislação tributária. Mais uma vez, deve ser observado que o ato deve ainda estar pendente de decisão, judicial ou administrativa, definitiva, com a qual resta afastada a aplicação da lei mais benéfica. Por exemplo, se uma determinada lei A, em 2009, previa multa de 30% em razão de determinada conduta contrária à legislação tributária e, em 2011, época do lançamento do auto de infração, a lei B alterou a lei A estipulando que a mesma multa será de 15%, este é o percentual a ser aplicado quanto à infração, uma vez que resulta em infração menos gravosa ao contribuinte. Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 05 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 37 de 92 (Questão 05) Assinale a opção correta. a) As leis interpretativas são admitidas em matéria tributária aplicando-se a ato ou fato pretérito, porém, nesse caso, o sujeito passivo fica sujeito às penalidades aplicáveis à infração aos dispositivos interpretados. b) As leis interpretativas são admitidas em direito tributário, no entanto não podem ser aplicadas a ato ou fato pretérito. c) A lei tributária é aplicável a ato ou fato pretérito quando deixa de cominar uma determinada penalidade, isso no caso de ato não definitivamente julgado. d) A lei tributária pode ser aplicada retroativamente, independente de o ato estar ou não definitivamente julgado, quando há cominação de penalidade menos severa que a prevista na lei vigente na época da sua prática. e) A legislação tributária não pode ser aplicada retroativamente somente atingindo os fatos geradores futuros e pendentes. Alternativa a) Incorreta. Conforme previsão constante no artigo 106, I, do CTN, a lei aplica-se a ato ou fato pretérito em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados. Alternativa b) Incorreta. Vale a mesma explicação dada à alternativa anterior relativamente às leis interpretativas, sendo aplicadas a ato ou fato pretérito. Alternativa c) Correta. Essa é a previsão constante no artigo 106, II, do CTN, cuja redação é a seguinte: “Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II - tratando-se de ato não definitivamente julgado: Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 05 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 38 de 92 a) quando deixe de defini-lo como infração; b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática.” Alternativa d) Incorreta. Vale a mesma redação dada na alternativa anterior, mas relativamente ao inciso II, “c”, do artigo 106 do CTN. Alternativa e) Incorreta. A previsão do caput do artigo 106 do CTN já é suficiente para responder tranquilamente a alternativa, deixando-a incorreta, uma vez que a legislação tributária pode ser aplicada a ato ou fato pretérito. Quanto ao tema da aplicação da legislação tributária, em especial o relativo ao das leis interpretativas, vamos ver um exemplo ocorrido em relação à lei complementar nº 118/05. O artigo 3º dessa lei nos diz o seguinte: “Art. 3o Para efeito de interpretação do inciso I do art. 168 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional, a extinção do crédito tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento do pagamento antecipado de que trata o § 1o do art. 150 da referida Lei.” (Grifos nosso) Por sua vez, seu artigo 4º diz que: Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 05 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 39 de 92 “Art. 4o Esta Lei entra em vigor 120 (cento e vinte) dias após sua publicação, observado, quanto ao art. 3o, o disposto no art. 106, inciso I, da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional.” (Grifos nosso) O citado artigo 168, I, do CTN, trata dos casos de pedido de restituição de tributos indevidamente pagos e o prazo para o exercício do direito: cinco anos, contados da data da extinção do crédito tributário. Por sua vez, o artigo 150, §4º, também do CTN, trata do início do prazo da decadência quanto aos tributos sujeitos a lançamento por homologação. Ambos os temas são estudados ao ser vista a extinção do crédito tributário, não sendo o tema central do assunto a ser tratado. Para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o STJ já tinha se pronunciado determinando que a data da extinção do crédito tributário se daria na homologação realizada pela Fazenda Pública, o que faria com que o sujeito passivo, na soma dos prazos, tivesse dez anos para solicitar a restituição, contado da data do pagamento, nos casos de tributos sujeitos a lançamento por homologação. Esse prazo era possível em razão do pedido de restituição pode ser realizada antes mesmo da homologação tácita. Essa matéria, por sua vez, já se encontrava totalmente pacificada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça, até sobrevir a lei complementar em comento, que trazia o rótulo de lei apenas interpretativa, que não era o caso. Diversas foram as correntes contrárias ao rótulo de lei interpretativa dada a si mesma pela LC nº 118/05, entendendo o STJ que a nova lei criou novas situações não antes previstas, inovando o direito e afastando a característica de lei interpretativa, não permitindo a retroação dos seus efeitos. Os dispositivos da nova lei fizeram com que seus normativos atingissem situações ocorridas anteriormente à sua vigência, implicando em retroatividade não autorizada pela CF/88. Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 05 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 40 de 92 Em síntese, a redação presente na lei reduzia o prazo de restituição de dez para cinco anos, atingindo, segundo queria dispor o legislador, todos os pedidos realizados há mais de cinco anos a contar da ocorrência do fato gerador, os quais seriam terminantemente denegados pela Fazenda Pública. Esse ato, conforme decisão do STJ, veio a ferir frontalmente o princípio da separação dos poderes, uma vez que alterava profundamente a já assentada jurisprudência e entendimento dos tribunais superiores (que entendiam que o prazo de restituição era contado a partir da data do pagamento do tributo sujeito a lançamento por homologação; bem como a garantia do direito adquirido, da coisa julgada e do ato jurídico perfeito, uma vez que atentava frontalmente contra os atos praticados anteriormente à chegada da nova lei. Resolvendo diversos debates em torno da LC nº 118/05, o STJ fixou seu entendimento, separando o tempo e os efeitos da nova lei em função da data de publicação da mesma, já que aquela tinha natureza normativa, produzindo alterações e não sendo interpretativa, como quis legislador federal. Desse modo, o artigo 3º da lei complementar em comento não poderia ter regulado situações anteriores à sua vigência, mas apenas posteriores, já que não se tratava de lei meramente interpretativa. Somente atos posteriores à sua vigência poderiam ter sido atingidos pela nova regra. Assim, podemos dividir os efeitos da leiem duas situações distintas: Para os pagamentos indevidos efetuados a partir da vigência da LC nº 118/05, o prazo para pleitear a restituição será de cinco anos, contados da data do recolhimento indevido; Para os pagamentos efetuados antes da entrada em vigor da LC nº 118/05, o prazo para solicitar restituição será o previsto anteriormente à vigência da lei; para esses casos, entretanto, deve ser observado o prazo máximo de cincos anos, a contar da vigência da nova lei. Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 05 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 41 de 92 Ou seja, se o pedido tiver sido interposto, por exemplo, dois anos antes da vigência da nova lei, e não tendo havido ainda a homologação tácita, o prazo para o pedido é de sete anos, que é a soma dos dois anos anteriores e dos cincos posteriores à vigência da lei. O que você precisa saber de importante sobre esse tema está nos dois itens acima,. Memorize bem a divisão no tempo e seus efeitos e mande bala nas questões que porventura vierem a cobrar esse assunto. (Questão 06) No exercício de 1995, um contribuinte deixou de recolher determinado tributo. Na ocasião, a lei impunha a multa moratória de 30% do valor do débito. Em 2013, houve alteração legislativa, que reduziu a multa moratória para 20%. O contribuinte recebeu, em 2014, notificação para pagamento do débito, acrescido da multa moratória de 30%. A exigência está: a) correta, pois aplica-se a lei vigente à época de ocorrência do fato gerador. b) errada, pois aplica-se retroativamente a lei que defina penalidade menos severa ao contribuinte. c) correta, pois o princípio da irretroatividade veda a aplicação retroagente da lei tributária. d) errada, pois a aplicação retroativa da lei é regra geral no direito tributário. O CTN é claro ao definir que a lei que define penalidade menos severa ao contribuinte deve ser aplicada, desde que o ato ainda não esteja definitivamente julgado. É o que nos diz o artigo 106, II, “c”, do CTN. Veja o que ele nos diz em seu texto: Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 05 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 42 de 92 “Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II - tratando-se de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de defini-lo como infração; b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática.” Uma vez que o contribuinte recebeu a notificação de pagamento apenas em 2014, o ato ainda não se encontrava definitivamente julgado, o que possibilitaria (e obrigaria) a autoridade administrativa a aplicar a lei mais benéfica, aplicando a multa de 20% instituída pela nova lei, ao invés dos 30%, mais penosa ao sujeito passivo. Assim, resta como correta a alternativa "b", gabarito da questão. Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 05 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 43 de 92 (Questão 07) Determinada Lei Municipal, publicada em 17/01/2011, fixou o aumento das multas e alíquotas relativo aos fatos jurídicos tributáveis e ilícitos pertinentes ao ISS daquele ente federativo. Considerando que determinado contribuinte tenha sido autuado pela autoridade administrativa local em 23/12/2010, em razão da falta de pagamento do ISS dos meses de abril de 2010 a novembro de 2010, assinale a alternativa correta a respeito de como se procederia a aplicação da legislação tributária para a situação em tela. a) Seriam mantidas as alíquotas e multas nos valores previstos na data do fato gerador. b) Seriam aplicadas as alíquotas previstas na lei nova e as multas seriam aplicadas nos valores previstos na data do fato gerador. c) Seriam mantidas as alíquotas nos valores previstos na data do fato gerador e as multas seriam aplicadas nos valores previstos de acordo com a nova lei. d) Seriam aplicadas as alíquotas e multas nos valores previstos de acordo com a nova lei. Viram alguma diferença em relação à questão anterior? Espero que sim. Embora pareça tratar do mesmo assunto, estamos diante de outra situação, que é a aplicação da lei vigente ao tempo da ocorrência do fato gerador, ainda que posteriormente modificada ou revogada. Em adição a isso, temos que a lei, em caso de ato não definitivamente julgado, aplica-se de maneira mais favorável ao contribuinte, quando venha a imputar penalidade menos gravosa. Ora, a lei nova aumentou as multas e as alíquotas relativas ao ISS de determinado Município. Se a lei anterior previa que a alíquota a ser aplicada seria de 30% e, posteriormente, fixa a nova alíquota em 40%, deve ser utilizada a alíquota vigente à ocorrência do fato gerador, qual seja, de 30%. Esse entendimento vai ao encontro do que determina o artigo 144 do CTN: Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 05 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 44 de 92 “Art. 144. O lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e rege-se pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada.” Assim, deve ser aplicada a lei vigente em 23/12/2010, que previa alíquotas e multas em valores inferiores às previstas pela lei publicada em 17/01/2011, sendo mantidas as alíquotas e multas nos valores previstos na data do fato gerador. Ainda que fossem em valores maiores, por exemplo, de 60%, a lei a ser aplicada seria a mesma, ou seja, a vigente ao tempo da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária. Assim, resta como correta a alternativa "a", gabarito da questão. Direito Tributário para o TCE/PR ʹ Com vídeo Aulas Teoria e questões comentadas Prof. Aluisio Neto ʹ Aula 05 Prof. Aluisio Neto www.estrategiaconcursos.com.br 45 de 92 Interpretação e integração da legislação tributária Nesse item da aula veremos a interpretação e a integração da legislação tributária, previstas nos artigos 107 a 112 do CTN. A interpretação da legislação tributária se refere ao ato de adequar o sentido da norma redigida pelo legislador aos acontecimentos do mundo real, compreendendo a lei da maneira mais adequada ao verdadeiro alcance que foi determinado em seu texto, ou que foi pretendido pelo legislador ao redigir o texto legal. Por mais clara que possa ser o texto de uma lei, ela deve ser interpretada da maneira que seja mais adequada ao fato ou à situação jurídica a ser estudada. “(...) A interpretação das normas jurídicas pode ser considerada em sentido amplo, como a busca de uma solução para um caso concreto, e em sentido restrito, como a busca do significado de uma norma. Neste último sentido, a interpretação pode ser considerada insuficiente, na medida em que se entenda não existir no sistema jurídico uma norma para o caso que se tem a resolver. Por isto, quem entenda estar diante de uma lacuna, sustenta ser necessário recorrer à denominada integração. (...)” (Hugo de Brito Machado, Curso de Direito Tributário, Editora Malheiros, 33º edição) Nessa linha, a hermenêutica, no CTN, é entendida
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