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Resumo do Texto da Autora Elisa Reis: “Imagens da Desigualdade: A Desigualdade na visão das elites e do povo brasileiro.” Imagens da Desigualdade: A Desigualdade na visão das elites e do povo brasileiro.” • A autora parte do conceito de igualdade para abordar o tema das desigualdades sociais entendidos pelas elites e sociedade brasileira em geral. • Importância da dimensão cultural: cultura política, como elites veem desigualdade e pobreza e como sociedade encara desigualdade social comparando com a visão das elites. 1. O conceito de igualdade/desigualdade nas ciências sociais. • Desigualdades -> pensar nos fundamentos da ordem social. Diferentes interesses, custos e benefícios. • Igualdade/desigualdade -> padrão de justiça distributiva. • No mundo da cultura desenvolvemos a ideia de igualdade e desigualdade como noções relacionais. • Centralidade na esfera cultural -> sociedades definem o que é ou não aceitável na distribuição de bens e recursos a partir de código cultural compartilhado. • Igualdade é valor moderno -> hierarquia deixa de ser percebida como natural. • Cristianismo como pioneiro na questão da igualdade. Mas na Revolução Francesa encontra seu momento mais histórico e simbólico: instaura-se meta, valor ou ideologia. • No terreno das policies conseguimos explicitar nosso entendimento de igualdade, pois essas políticas têm necessariamente que precisar igualdade em relação a quê. • Esse estudo investiga como sociedades e grupos percebem e definem desigualdade e fenômenos associados. o Está implícita as definições socialmente vigentes de distribuição de bens, recursos e serviços. o Normas e valores constituem parâmetros que circunscrevem as escolhas dos agentes racionais. • Argumento central: a consideração da dimensão político-cultural fornece chaves para se captar o sentido socialmente atribuído à desigualdade, a maneira como ela é exprimida, condenada ou justificada. Por sua vez, esse entendimento pode contribuir para identificar maneiras eficazes de se alterar padrões de distribuição. 2. Como as elites brasileiras percebem a desigualdade. "É através de um código cultural que legitimamos ou deslegitimamos um dado padrão de igualdade/desigualdade social, logo, cognições e normas sobre o aceitável e o inaceitável nas maneiras como se distribuem os recursos em uma sociedade são elementos centrais no estudo da questão da desigualdade." • As elites ocupam posições estratégicas, controlam recursos, têm papel central nas escolhas de políticas públicas etc. • Qual noção de desigualdade sustentam? Como a justificam? Qual padrão consideram ou não adequado? o Informa os limites e possibilidades da política social em uma dada sociedade. o As elites têm papel crucial na conformação das políticas distributivas. • Nas entrevistas foi adotada definição institucional de elite, entrevistando ocupantes de posições de liderança em instituições proeminentes. • Foca em comparar as percepções da elite brasileira com resto da sociedade. o Observar onde coincidem para contribuir para lançar luz sobre as bases possíveis para uma ampla coalizão, visando políticas distributivas. • Observações importantes e conclusões sobre visão das elites (1993/94): o Pobreza e desigualdade não são percebidas como problemas de grande relevância e magnitude pela elite brasileira. o Elites consideram a questão social no país problemática: saúde e educação como principais (para explicar desigualdade e como ponto prioritário de intervenção por PP). o Elites apostam na educação para assegurar igualdade de oportunidades. o Elas repudiam, contudo, igualdade de resultados e igualdade de condições: rejeitam a adoção de medidas de ação afirmativa. o Educação no lugar de redistribuição: meio de mobilidade social via ocupação, e não como mecanismo de conscientização política (para reivindicarem lugar no sistema). o Atribuem exclusivamente ao governo a responsabilidade de investir na área. o Consideram desigualdade problemática mas rejeitam reformas distributivas. o As elites favorecem uma orientação de política que privilegia a superação da pobreza, mas não da desigualdade. o Crescimento econômico como estratégia para fazer frente às grandes carências que a sociedade brasileira enfrenta, sem penalizar os ricos. o Veem efeitos negativos da pobreza como sendo a criminalidade, violência e insegurança, afetando a qualidade de vida de toda a população. o Elites não temem sublevação política, mas sim ameaças à integridade física e de seu patrimônio. o Não há senso de compromisso de mudar essa situação disseminado entre as elites: responsabilizam Estado, governo ou políticos. E a responsabilidade pelo combate à pobreza e pela minoração da desigualdade cabe ao poder público. 3. A desigualdade vista pelos brasileiros. • Olha uma análise de caráter explanatório e obtém os seguintes resultados: o Para elite e resto do país a violência, seguida pelo desemprego e a situação da saúde pública são os problemas que afetam o maior número de brasileiros. o Na pesquisa de 1993 a inflação estava em alta e em 2001 o desemprego. o Elite enfatiza a saúde e educação e o povo a educação é problema central para pelo menos 50% dos entrevistados. E mais da elite inclui pobreza entre principais problemas do que a população. • Para diferenciar mais as classes, usam "grau de escolaridade" como proxy da posição social. o Desemprego mais destacado entre os mais pobres e corrupção pelos de curso universitário incompleto. o Há indicações de que a população brasileira não aposta tanto na educação como estratégia para assegurar igualdade de oportunidades, diferentemente das elites. ▪ Crença no "fator sorte" é mais popular que "esforço pessoal" ou "inteligência e habilidade" para melhoria de ascensão social. Mais acentuado entre os membros da classe alta ou média alta. o "Há indícios segundo os quais a elite aposta na igualdade de oportunidades como princípio de distribuição a ser maximizado, sobretudo através da oferta adequada de educação; a população em geral tende a acreditar que a sorte e o importante é que teriam mais peso na conformação das chances de melhorias individuais." o A postura das elites é normativa de que com iguais oportunidades de educação, todos os que se esforçam tem possibilidade de progredir. E a visão do povo é mais cognitiva. o Qual o motivo dessa visão "fatalista"? A hipótese da autora é que a preferência pela justificativa baseada na sorte seria uma tentativa de se atribuir as razões das desigualdades, tão acentuadas no país, a fatores imponderáveis, isentando de responsabilidade atores sociais concretos. ▪ Visa legitimar um padrão de distribuição que se choca com noções de justiça e equidade social vigentes. o Para elite e povo o responsável por soluções para o problema da desigualdade é o Estado (poder público). o Também coincidem quanto as políticas sociais mais urgentes: melhoria dos serviços públicos e reforma agrária são as principais, mas com ordenação diferente sendo serviço público prioritário para população. o As elites são as que menos simpatizam com a participação dos trabalhadores nos lucros das empresas. Elas tendem a crer que o sucesso dessas políticas estaria fundamentalmente atrelado ao crescimento econômico do país, classe alta está muito mais comprometido com a ideologia do crescimento econômico. • Há convergências e divergências entre as percepções, crenças e valores da elite e do povo brasileiro. • Similaridades: Estado atuando para reduzir desigualdades e suprir carências sociais; políticas prioritárias devem melhorar oferta de serviços públicos e promover a reforma agrária. • Divergências: postura diante da educação, para as elites é a forma ideal de assegurar igualdade de oportunidades e não tem apelo parao povo.
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