Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Análise de Custo Iraneide Azevedo Fundamentos da análise da relação CVL Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Conceituar a relação do CVL em forma gráfica. � Identificar o índice de margem de contribuição. � Demonstrar algumas aplicações de CVL. Introdução Por meio dos estudos analisados, observam-se diversos benefícios em utilizar a análise CVL (custo, volume e lucro). Entre outros, destacam- -se o auxílio às tomadas de decisões, a mensuração dos produtos mais rentáveis, a mensuração da quantidade mínima de venda para que não haja prejuízo nas organizações e a definição do volume de vendas ne- cessário para alcançar o lucro desejado. No entanto, algumas limitações foram identificadas, como a não recomendação da utilização da análise CVL para tomadas de decisão em longo prazo e as dificuldades para a implementação das ferramentas de CVL nas organizações. Neste capítulo, você irá conhecer a relação de custo, volume e lucro na forma gráfica, identificar o índice de margem de contribuição e ainda ver algumas aplicações da relação CVL. Análise CVL A análise CVL, segundo Garrinson e Noreen (2001), é uma das mais efi- cientes para decisões, por exemplo, sobre quais produtos fabricar e oferecer, quais investimentos operacionais são necessários e quais preços devem ser praticados. Importância e utilidades da análise CVL A análise CVL é conhecida como uma das ferramentas mais eficientes para auxiliar a gestão em seu processo decisório sobre variáveis financeiras, econô- micas e patrimoniais, sendo reconhecida como uma das melhores ferramentas para auxiliar a gestão em decisões sobre o negócio, podendo indicar impactos negativos nos resultados ou a expansão destes (MAHER, 2001). Essa análise pode ser definida ainda como um dos instrumentos que podem ser utilizados nas decisões gerenciais (WERNKE, 2004). A análise CVL examina o comportamento de receitas e custos totais e o lucro das operações com a ocorrência e as mudanças em nível de produção, no preço de venda, no custo variável por unidade e/ou nos custos fixos de um produto (HORNGREN; DATAR; FOSTER, 2004). Para Santos (2000), a análise CVL tem como principais utilidades: � a previsão da receita da venda e do lucro; � a otimização do lucro pelo planejamento; � o planejamento da expansão da empresa e dos processos administrativos; � a melhoria da política de preços e a elaboração de orçamentos adequados. Além disso, o autor destaca que essa dinâmica entre custos, volume operacional e lucro fornece ferramentas gerenciais aplicáveis aos seguintes aspectos: � planejamento operacional em curto prazo; � estimativas quantitativas derivadas dos diversos cenários econômicos esperados; � dificuldades decorrentes de perturbações sazonais desfavoráveis à empresa antecipadas. Conceitos básicos da análise CVL A ferramenta CVL, como já citado anteriormente, fornece, aos gestores, informações cruciais para as tomadas de decisão e informações relevantes quanto à formação de preço e à maximização dos lucros. Nessa ferramenta, surgem algumas variáveis, como os custos, o volume e o lucro. Fundamentos da análise da relação CVL2 Custos Os custos precisam ser classificados para que possam atender às finalidades do cálculo de uma análise. Os custos podem ser classificados nas categorias fixos e variáveis. O objetivo de apurar os custos é ratear todos os seus elementos fixos e variáveis em cada fase da produção, na qual o custo é absorvido quando atribuído ao produto ou à unidade de produção. Assim, cada unidade receberá sua parcela de custo até que o valor aplicado seja absorvido pelos produtos vendidos ou pelos estoques finais (VICECONTI; NEVES, 2012). Volume O volume de produção é um dos fatores que podem levar à alavancagem operacional da empresa e é a produção a principal causadora dos custos da empresa. O grande desafio é aumentar a produção sem elevar os custos, ou reduzir os custos sem diminuir a produção. Alavancagem operacional “significa a possibilidade de acréscimo do lucro total pelo incremento da quantidade produzida e vendida, buscando a maximização do uso dos custos e despesas fixas” (PADOVEZE, 2010, p. 377). Segundo Martins (2010, p. 52), “custos fixos e variáveis são uma classifi- cação que não leva em consideração o produto, e sim o relacionamento entre o valor total do custo num período e o volume de produção”. O volume de uma produção pode variar ou não, devido a essas oscilações, enquanto o volume é classificado como custos fixos e variáveis. De acordo com Padoveze (2010, p. 132), “depende da estrutura de custos da empresa (fixos e variáveis), que, por sua vez, decorrem da estrutura de ativos determinada (ativos de giro ou ativos fixos). Risco operacional é a possibilidade de redução do volume, sem possibilitar redução proporcional nos custos e despesas fixas”. 3Fundamentos da análise da relação CVL Lucro O lucro, também conhecido como margem de segurança (MS), nada mais é que o valor de venda total menos os custos e as despesas da produção do bem ou do serviço. Segundo Padoveze (2010, p. 395): “Margem de segurança pode ser definida como o volume de vendas que excede às vendas calculadas no ponto de equi- líbrio. O volume de vendas excedente para analisar a margem de segurança pode ser tanto das vendas orçadas como o valor real das vendas”. O ponto de equilíbrio (PE), a grosso modo, é quando as vendas se igualam aos custos da produção, ou seja, quando não há prejuízo nem lucro. Além disso, é partir do PE que a margem de contribuição/lucro da empresa é considerada. O lucro/margem pode ser calculado como: Lucro = Margem de contribuição unitária x Produção em unidades – Custos fixos Wernke (2004) afirma que a MS representa o volume de vendas que supera as vendas calculadas no PE e representa o quanto as vendas, em unidades ou valor, podem cair sem que a empresa passe a operar com prejuízo. Representação gráfica da análise CVL A representação gráfica da análise da relação CVL é importante, pois propor- ciona uma fácil compreensão das informações apresentadas. Graficamente, fica mais visível o comportamento dos custos fixos e variáveis e das receitas em função do volume produzido e vendido. Padoveze (2010, p. 394) cita que é extremamente interessante e importante que os dados que formam o PE sejam colocados em um gráfico. No eixo X serão indicados os dados de volume e no eixo Y os dados de valor (Figura 1). Fundamentos da análise da relação CVL4 Figura 1. Representação gráfica da análise CVL. Fonte: Adaptada de Martins (2010, p. 258). S Ponto de Equilíbrio Fixos Lucr o Variáveis Preju ízo (m) Custos e Despesas Totais Receitas Totais Volume Observa-se, na Figura 1, que o PE é o ponto em que a linha da receita cruza com a linha do custo total. Para se calcular o PE, faz-se necessário o conhecimento do conceito de MC. O PE mostra a quantidade suficiente para cobrir todos os custos fixos e variáveis, ou seja, o ponto em que não há lucro ou prejuízo contábil, além de também ser o ponto de igualdade entre a receita total e o custo total. O PE também é chamado de break-even point, ponto de ruptura ou ponto crítico. Para Padoveze (2010, p. 377), margem de contribuição é a margem bruta obtida pela venda de um produto que excede seus custos variáveis unitários. Em outras palavras, a margem de contribuição é o mesmo que o lucro variável unitário, ou seja, preço de venda unitário do produto deduzido dos custos e despesas variáveis necessários para produzir e vender o produto. A margem de contribuição será o resultado positivo, obtido pela receita, menos os custos variáveis. Esse resultado deverá ser igual aos custos fixos para que se chegue ao PE. 5Fundamentos da análise da relação CVL Podemos observar ainda, de acordo com a Figura 1, que a separação das despesas e dos custos em fixos e variáveis e o conceito de custeamento variável irão desenvolveras informações que auxiliam a gerência no desempenho de suas funções de planejamento e de tomada de decisões. Custeamento variável é um tipo de custeio que consiste em considerar como custo de produção do período apenas os custos variáveis incorridos. Após as verificações citadas, podemos dizer que o PE evidencia, em termos quantitativos, qual é o volume que a empresa precisa produzir ou vender para que seja possível pagar todos os custos e todas as despesas fixas, além de ser um dos fatores para o sucesso financeiro de uma empresa. Assim, considera- -se importante que, ao aplicar o PE, o gestor analise as situações para então tomar a melhor decisão. Suposições que fundamentam a análise do PE A análise do PE é um instrumento precioso para a gerência visualizar a situação econômica global das operações e tirar proveito das relações entre as variáveis CVL. Entretanto, é preciso levar em consideração algumas suposições básicas que são subjacentes ao modelo, o que influencia bastante a interação entre o modelo e o mundo real: 1. O preço de venda unitário permanece o mesmo ao longo da faixa efetiva de volume. 2. O custo unitário variável permanece constante ao longo da faixa efetiva de volume. 3. Os custos fixos não se alteram ao longo da faixa efetiva de volume. Fundamentos da análise da relação CVL6 4. Quando a empresa fabrica e vende mais de um produto, a combinção de vendas permanece constante ao longo da faixa de volume. 5. O que a empresa fabrica/produz em determinado período, ela vende nesse mesmo período. Os autores Busan e Dina (2009) elaboraram um estudo teórico sobre a análise CVL nas organizações e observaram que esse tipo de análise é útil somente quando as seguintes circunstâncias forem válidas: � Quando as alterações nas receitas e nos custos resultarem, unicamente, de mudanças no número de unidades de bens ou serviços produzidos ou vendidos. � Quando os custos totais puderem ser decompostos em um componente fixo que não varia com o volume de produção e em um componente variável que varia de acordo com a produção. � Quando a evolução das receitas e dos custos totais for linear em relação ao volume de produção em determinado período. � Quando o preço de venda, o custo variável unitário e os custos fixos forem conhecidos e constantes dentro do período. � Quando as análises se referirem a um único produto ou, no caso de haver diversos produtos, quando a proporção de vendas desses produtos permanecer constante, como a mudança no número total de unidades vendidas. � Quando todas as receitas e todos os custos puderem ser agregados e comparados sem considerar o valor do dinheiro no tempo. Por meio dos estudos analisados, observam-se diversos benefícios ao utilizar a análise CVL. Entre outros, destacam-se o auxílio às tomadas de decisões, a mensuração dos produtos mais rentáveis, a mensuração da quantidade mínima de venda para que não haja prejuízo nas organizações e a definição do volume de vendas necessário para alcançar o lucro desejado. No entanto, algumas limitações foram identificadas, como a não recomendação da utilização da análise CVL para tomadas de decisão em longo prazo e dificuldades para a implementação das ferramentas de CVL nas organizações. 7Fundamentos da análise da relação CVL Margem de contribuição A MC é o valor que cobrirá os custos fixos e as despesas fixas da empresa e proporcionará o lucro, ou seja, é a diferença entre o preço de venda e a soma dos custos e das despesas variáveis de cada produto ou serviço. Essa ferra- menta tem um significado igual ao termo ganho bruto sobre as vendas. Isso indica, para o gestor, o quanto sobra das vendas para que a empresa possa pagar suas despesas fixas e gerar lucro, além disso, também permite obter informações sobre quais são os produtos mais lucrativos e qual é o produto que mais contribui para a recuperação dos custos fixos e das despesas fixas. Custos e despesas variáveis Em inúmeras empresas, os únicos custos literalmente variáveis no verdadeiro sentido da palavra são as matérias-primas. Mesmo assim, pode acontecer de o grau de con- sumo delas, em algum tipo de empresa, não ser exatamente proporcional ao grau de produção. Por exemplo, certas indústrias têm perdas no processamento da matéria-prima, ou seja, quando o volume produzido é baixo, são altas, tendendo a diminuir percentual- mente quando a produção cresce. Você pode saber mais sobre custos e despesas variáveis consultando o livro Conta- bilidade de custos, de Eliseu Martins (2010, p. 255). Calcula-se a MC com a seguinte fórmula: MC = PV – CV Sendo que: MC = margem de contribuição PV = preço de venda CV = custo variável Mas o que essa fórmula quer dizer? Fundamentos da análise da relação CVL8 Se a MC é o que sobrou do preço de venda após descontar o custo variável, isso significa que o custo fixo precisa ser coberto por esse valor e ainda deve sobrar algo para que se tenha lucro. Exemplo: uma empresa tem os seguintes dados: PV = R$ 1.000,00 CV = R$ 500,00 CF = R$ 200,00 Então: MC = 1.000 – 500 = 500 O que sobrou do preço de venda, após descontar o custo variável, foi R$ 500,00. Índice de margem de contribuição (IMC) O IMC significa, em termos porcentuais, quanto cada unidade vendida ou o total das vendas contribui para cobrir o total do custo fixo e, se possível, conforme o nível de atividades (unidades fabricadas e/ou vendidas), também proporcionar lucro. Naturalmente, o IMC, sendo o complemento do índice do custo variável, pode também ser obtido ao dividir a MC unitária (preço de venda unitário menos o custo variável unitário) pelo preço de venda unitário ou, pensando em termos de receita total e custo variável total, dividindo a MC total (receita total de vendas menos o custo variável total) pela receita total de vendas, isto é, empregando-se os dados anteriores. Podemos calcular o IMC, que representa a porcentagem da MC sobre o valor da venda, ou seja: IMC = MC / PV Sendo que: MC = margem de contribuição PV =receita operacional bruta 9Fundamentos da análise da relação CVL Veja o demonstrativo de resultados de uma empresa Albatroz (fictícia) no Quadro 1. DRE 2017 Receita operacional bruta 150.000,00 Deduções das receitas – 25.000,00 (impostos, devoluções) Receita operacional líquida 125.000,00 Custos e despesas variáveis – 28.000,00 (fornecedores, matéria- prima, pessoal de produção) Lucro bruto (LB) 97.000,00 Quadro 1. Demonstrativo de resultados da empresa Albatroz, mostrando o lucro bruto. Com a MC, é possível definir o IMC, que é a relação entre a MC e a receita operacional bruta. IMC = MC / PV = 97.000/150.000 IMC = 65% Análise do CVL com valores do IMC Fazendo uma análise do IMC calculado anteriormente, ou seja, IMC = 65%, podemos dizer que 35% de suas vendas são destinadas ao pagamento de todos os custos diretamente ligados à produção e 65% serão utilizados para pagar todos os gastos fixos da empresa. Se for exatamente este o valor para pagar as despesas, a empresa terá atingido o seu PE. Caso sobre, a empresa teve lucro, do contrário, houve prejuízo. Mas afinal de contas, o IMC de 65% é bom, ruim ou mais ou menos? Na teoria, quanto maior o IMC, melhor, com isso, mais dinheiro disponível e maior é a probabilidade de se ter lucro. Fundamentos da análise da relação CVL10 Vejamos um exemplo de demonstrativo de resultados da empresa Albatroz no Quadro 2. DRE 2017 Receita operacional bruta 160.000,00 Deduções das receitas – 37.000,00 Receita operacional líquida 123.000,00 Custos e despesas variáveis – 118.000,00 Lucro bruto 5.000,00 Custos e despesas fixas – 27.000,00 Lucro operacional (LO) – 22.000,00 Quadro 2. Demonstrativo de resultados da empresa Albatroz, mostrando o lucro ope- racional. O cálculo do IMC será: IMC = MC / PV = 5.000/150.000 IMC = 0,033 x 100 = 3,3% Nesse exemplo, o IMC é baixo, apenas 3,3%, ou seja, 96,7% do valor do faturamento serve para pagar os gastos variáveis. O que sobra (R$ 5.000,00)será insuficiente para pagar os gastos fixos (R$ 27.000,00). Mas, e se a empresa aumentar suas vendas? Só precisará de mais R$ 22.000,00, certo? Errado! Lembre-se que os custos e as despesas variáveis devem aumentar também. Então, quanto a empresa precisa vender para atingir seu PE? É aí que entra o IMC. Dividindo seus custos e suas despesas fixas por esse índice, a empresa descobrirá quanto precisaria vender para ficar no zero a zero: R$ 27.000 0,033 = R$ 808.000,00 = Ponto de Equilíbrio 11Fundamentos da análise da relação CVL O PE atingindo foi de R$ 808.000,00, então vamos pensar em alternativas para essa empresa, além de aumentar as vendas, como, por exemplo, trocar de fornecedores, reajustar preços, conceder descontos, etc. Podemos concluir que avaliar a MC é fundamental para verificarmos se nosso negócio está caminhando bem. Lucro ou prejuízo? Nem sempre ter lucro ou prejuízo significa que um produto ou serviço é bom ou ruim. Há muitos outros fatores envolvidos na gestão de uma empresa e que devem ser considerados, sendo a MC um deles. Vejamos o caso da DRE no Quadro 3. DRE 2017 Receita operacional bruta 160.000,00 Deduções das receitas – 37.000,00 Receita operacional líquida 123.000,00 Custos e despesas variáveis – 118.000,00 Lucro bruto 5.000,00 Custos e despesas fixas – 27.000,00 Lucro operacional – 22.000,00 Receitas financeiras 27.000,00 Despesas financeiras – 1.500,00 Outras receitas 32.000,00 Lucro líquido (LL) 35.500,00 Quadro 3. Demonstrativo de resultados da empresa Albatroz, mostrando o lucro líquido. Note que o resultado final da empresa foi positivo, pois ela deu um lucro de R$ 35.500,00. Deve-se observar que esse lucro não ocorreu por conta dos produtos e serviços vendidos, mas, sim, pelas aplicações financeiras e doações. Fundamentos da análise da relação CVL12 Algumas aplicações de conceitos de CVL Iremos demonstrar como os conceitos desenvolvidos na análise de relação CVL podem ser usados para fins de planejamento e tomada de decisões. No Quadro 4, está a demonstração de resultado por contribuição elaborada pela empresa em um determinado mês. Total Por unidade Vendas (400 alto-falantes) R$ 100.000,00 R$ 250,00 Menos despesas variáveis R$ 60.000,00 R$ 150,00 Margem de contribuição R$ 40.000,00 R$ 100,00 Menos despesas fixas R$ 35.000,00 Lucro operacional líquido R$ 5.000,00 Quadro 4. Demonstração de resultado no formato de contribuição para o mês X. Alguns dados sobre o preço de venda são apresentados no Quadro 5. Por unidade Porcentagem da receita de venda Preço de venda R$ 250,00 100% Menos despesas variáveis R$ 150,00 60% Margem de contribuição R$ 100,00 40% Quadro 5. Dados sobre preços de venda. 13Fundamentos da análise da relação CVL Primeira aplicação: alteração do custo fixo e volume de vendas No caso da empresa Jota, que está atualmente vendendo 400 alto-falantes por mês (suas vendas mensais são de R$ 100.000), por exemplo, o gerente de vendas acredita que um aumento de R$ 10.000 na verba mensal de propaganda elevaria as vendas mensais em R$ 30.000 para um total de 520 unidades. Dessa forma, deve o orçamento de propaganda ser aumentado? O Quadro 6 indica o efeito da alteração proposta no orçamento mensal de propaganda. Vendas atuais Vendas com verba adicional de propaganda Diferença Porcentagem da receita de venda Vendas R$ 100.000,00 R$ 130.000,00 R$ 30.000,00 100% Menos despesas variáveis R$ 60.000,00 R$ 78.000,00* R$ 18.000,00 60% Margem de contribuição R$ 40.000,00 R$ 52.000,00 R$ 12.000,00 40% Menos despesas fixas R$ 35.000,00 R$ 45.000,00** R$ 10.000,00 Lucro operacional líquido R$5.000 R$7.000 R$2.000 *520 unidades x R$ 150,00 por unidade = R$ 78.000,00 **R$ 35.000,00 + verba mensal adicional de propaganda de R$ 10.000,00 = R$ 45.000,00 Quadro 6. Efeito da alteração proposta no orçamento mensal de propaganda. Segundo os dados do Quadro 6 e supondo que nenhum outro fator precise ser considerado, o aumento da verba de propaganda deve ser aprovado, pois ele aumentaria o lucro operacional líquido em R$ 2.000,00. Fundamentos da análise da relação CVL14 Segunda aplicação: alteração de custos variáveis e volume de vendas Considere os dados anteriores, lembrando que a empresa está, atualmente, vendendo 400 alto-falantes por mês. A administração está avaliando a pos- sibilidade de usar componentes de qualidade mais alta, o que aumentaria os custos variáveis (e, consequentemente, reduziria a MC) em R$ 10,00 por alto-falante. Entretanto, o gerente de vendas prediz que a qualidade mais alta elevaria as vendas a 480 alto-falantes por mês. Devem os componentes de maior qualidade ser usados? O aumento de R$ 10,00 dos custos variáveis reduzirá a MC em R$ 10,00 (de R$ 100,00 a R$ 90,00) (Quadro 7). MC esperada com componentes de qualidade mais alta: 480 alto-falantes x R$ 90,00 por alto-falante R$ 43.200,00 Margem total de contribuição atual: 400 alto-falantes x R$ 100,00 por alto-falante R$ 40.000,00 Aumento da MC total R$ 3.200,00 Quadro 7. Resultado da alteração dos custos variáveis. De acordo com essa análise, os componentes de qualidade mais alta devem ser usados. Como os custos fixos não se alteram, o aumento de R$ 3.200,00 da MC, mostrado, deve resultar em um aumento de R$ 3.200,00 do lucro operacional líquido. 15Fundamentos da análise da relação CVL Terceira aplicação: alteração de custo fixo, preço de venda e volume de vendas Examinemos novamente os dados originais e recordemos, mais uma vez, que a empresa está atualmente vendendo 400 alto-falantes por mês. Visando a aumentar as vendas, o gerente de vendas gostaria de reduzir o preço em R$ 20,00 por alto-falante e aumentar o orçamento de propaganda em R$ 15.000,00 por mês. O gerente de vendas crê que, se essas duas medidas forem tomadas, as vendas em unidades se elevarão em 50%, indo para o número de 600 alto- -falantes vendidos por mês. Devem ser efetuadas essas mudanças? Uma redução de preço de venda de R$ 20,00 por alto-falante faria com que a MC caísse de R$ 100,00 para R$ 80,00 (Quadro 8). Margem total de contribuição esperada com preço de venda mais baixo: 600 alto-falantes x R$ 80,00 por alto-falante R$ 48.000,00 Margem total de contribuição atual: 400 alto-falantes x R$ 100,00 por alto-falante R$ 40.000,00 Margem contribuição total incremental R$ 8.000,00 Variação de despesas fixas: Menos despesa incremental de propaganda R$ 15.000,00 Redução do lucro operacional líquido R$ (7.000,00) Quadro 8. Resultado da redução de preço de venda. De acordo com essa análise, as alterações propostas não devem ser feitas. A mesma solução pode ser obtida com a elaboração de demonstrações de resultado comparativas, conforme Quadro 9. Fundamentos da análise da relação CVL16 400 alto-falantes por mês atuais 600 alto-falantes por mês esperados Total Por unidade Total Por unidade Diferença Vendas R$ 100.000,00 R$ 250,00 R$ 138.000,00 R$ 230,00 R$ 38.000 Menos despesas variáveis R$ 60.000,00 R$ 150,00 R$ 90.000,00 R$ 150,00 R$ 30.000 MC R$ 40.000,00 R$ 100,00 R$ 48.000,00 R$ 80,00 R$ 8.000 Menos despesas fixas R$ 35.000,00 R$ 50.000,00* R$ 15.000 Lucro (prejuízo) operacional líquido R$ 5.000,00 R$ (2.000,00) R$ (7.000,00) * R$ 35.000,00 + verba mensal adicional de propaganda de R$ 15.000,00 = R$ 50.000,00 Quadro 9. Demonstrações comparativas de resultado. Note que o efeito sobre o lucro operacional líquido é idêntico ao obtido pela análise incremental anterior. 1. Para fabricar um produto de sua linha normal de produção, uma empresa faz os seguintes gastos: � Custos variáveis R$ 120,00 por unidade � Custos fixos R$ 400.000,00 por mês � Despesas variáveis R$ 80,00 por unidade � Despesas fixas R$ 200.000,00 por mês Sabendo-se que o preço de venda do produto é de R$ 250,00 por unidade, assinale a alternativa que contém quantas unidades a empresa deverá produzir para atingir o seu PE. 17Fundamentosda análise da relação CVL a) 15 mil unidades. b) 12 mil unidades. c) 11,5 mil unidades. d) 14,5 mil unidades. e) 10 mil unidades. 2. Uma indústria está lançando no mercado um produto com as seguintes características: � Custos indiretos fixos totais: R$ 650.000,00 � Depreciação incluída nos custos indi- retos fixos totais: R$ 32.500,00 � Montante do lucro desejado: R$ 97.500,00 � Custo variável unitário: R$ 12,50 � Preço de venda unitário: R$ 32,50 � Expectativa de venda mensal: 35 mil unidades Com base nos dados apresentados, assinale a alternativa correta. a) A MC unitária é de R$12,50 por unidade. b) O ponto de equilíbrio econômico (PEE) em unidades é de 20 mil. c) A MC unitária é de R$ 20,00 por unidade. d) O PEE em valor é de R$ 945.000,00. e) O IMC é de 56%. 3. O gráfico a seguir da representação gráfica do PE demonstra o ponto em que as retas de receitas e custos se cruzam e no qual seus valores são iguais. Nesse contexto, ao observar a representação gráfica do PE, pode-se afirmar que quanto mais: S Ponto de Equilíbrio Fixos Lucr o Variáveis Preju ízo (m) Custos e Despesas Totais Receitas Totais Volume a) alto ele for, maior é a área de lucro. b) baixo ele for, menor é a área de lucro. c) alto ele for, menor é a área de prejuízo. d) baixo ele for, menor é a área de prejuízo. e) alto ele for, maior é a área de prejuízo. 4. Coletando os dados de uma empresa em um período, apurou-se um custo variável unitário de R$ 15,00 e um preço de venda de R$ 20,00 para uma capacidade máxima de produção de 800 mil unidades. Quanto ao nível máximo de produção, assinale a alternativa correta em que se tem o valor da receita marginal ou a MC. a) R$ 2.800.000,00. b) R$ 4.000.000,00. c) R$ 6.800.000,00. d) R$ 12.000.000,00. e) R$ 10.000.000,00. 5. Joaquim vendeu, na sua empresa, um produto de R$ 500,00. Os custos e as despesas variáveis (impostos e comissão dos funcionários, p.ex.) foram de R$ 155,00. Com essas informações, assinale a alternativa correta que informa o resultado do IMC para a empresa. a) 55%. b) 35%. c) 34,5%. d) 60%. e) 69%. Fundamentos da análise da relação CVL18 http://p.ex/ BUSAN, G.; DINA, I. C. Using cost-volume-profit analysis in decision making. Annals of the University of Petrosani, Economics, Romania, v. 9, n. 3, p. 103-106, 2009. Disponível em: <https://www.upet.ro/annals/economics/pdf/2009/20090310.pdf>. Acesso em: 25 abr. 2018. GARRISON, R. H.; NOREEN, E. W. Contabilidade gerencial. 9. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2001. HORNEGREN, G. T.; DATAR, S. M.; FOSTER, G. Contabilidade de Custos: uma abordagem gerencial. 11. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2004. MAHER, M. Contabilidade de custos: Criando valor para a Administração. São Paulo: Atlas, 2001. MARTINS, E. Contabilidade de custos. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2010. PADOVEZE, C. L. Contabilidade Gerencial: um enfoque em sistema de informação contábil. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010. SANTOS, J. J. Análise de custos. São Paulo: Atlas, 2000. VICECONTI, P. E.; NEVES, S. Contabilidade de custos. 9. ed. São Paulo: Frase Editora, 2012. WERNKE, R. Gestão de custos: uma abordagem prática. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2004. Leituras recomendadas CREPALDI, S. A. Curso básico de Contabilidade de custos. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2002. DUTRA, R. G. Custos: uma abordagem prática. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003. LEONE, G. S. G. Curso de Contabilidade de custos. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009. LEONE, G. S. G. Curso de Contabilidade de custos: contém critério do custeio ABC. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1997. WARREN, C. S.; REEVE, J. M.; FESS P. E. Contabilidade gerencial. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2001. 19Fundamentos da análise da relação CVL https://www.upet.ro/annals/economics/pdf/2009/20090310.pdf Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Conteúdo:
Compartilhar