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Hidrologia UNIDADE 1 2 HIDROLOGIA UnIDADe I Palavras do Professor Seja muito bem-vindo a disciplina de Hidrologia da EAD UNINASSAU. Como já é conhecido por você o conteúdo é dividido em quatro unidades. Nesta unidade serão abordados os temas: Introdução à Hidrologia; O ciclo hidrológico; Bacia Hidrográfi- ca: Definições, Divisores e Parâmetros físicos; e Delimitação de Bacias No primeiro tema de Introdução a Hidrologia você vai conhecer a ciência chamada Hidrologia, sua im- portância, subdivisão e aplicações da Hidrologia nas Engenharias. Adicionalmente, você terá oportuni- dade de ter contato com algumas considerações sobre a distribuição da água no Planeta e seus diversos usos perante as atividades humanas. No segundo tema, você vai conhecer um dos conceitos centrais da Hidrologia que é o Ciclo Hidrológico, seu funcionamento e suas respectivas fases. No terceiro tema você terá oportunidade de estudar bacia hidrográfica, conceito, divisores e parâmetros físicos. E por fim você vai entender como se dá um processo de delimitação de bacias hidrográficas. É importante que você faça a leitura do seu Livro-texto e depois retorne para o guia de estudo de forma a subsidiar o seu aprendizado. Lembre-se! Ao término de cada unidade, participe das atividades avaliativas que estão no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) e em caso de dúvidas, consulte o tutor da disciplina. Ele está a sua dis- posição para orientá-lo no que for necessário. Vamos começar? Bons estudos! 3 INTrodUÇÃo À HIdroloGIa A Hidrologia é a ciência que trata do estudo da água na Natureza. Suprir as populações com água de qualidade é um dos grandes desafios da humanidade. Isso fica evidenciado a partir como momento que você analisa a distribuição da água no planeta Terra. De toda água do mundo 97,5% é água salgada e só 2,5% são considerados água doce. Esses 2,5% de água doce estão divididos da seguinte forma: 68,9% estão nas geleiras, 29,9% compre- endem a água subterrânea, 0,9% está disposta no solo e em áreas alagadas e somente 0,3% representa a água de rios e lagos, forma mais convencional e de fácil utilização pelas atividades humanas (Figura 1). Figura 1: Distribuição da Água no Planeta e o Total Global de Água Doce. Fonte: Adaptado de Shiklomanov, 1998, apud Tundisi, 2003 Analisando a distribuição da água no Planeta você percebe que há uma escassez da água disposta em rios e lagos. Daí a água já se torna um recurso natural escasso do ponto de vista quantitativo, porém a situação se agrava ainda mais devido a poluição crescente dos recursos hídricos. Sendo assim, hoje no cenário atual água é um recurso natural renovável escasso em termos quantitativos e qualitativos. Diante do exposto fica evidenciado a importância da Hidrologia no conhecimento desse recurso natural tão escasso, a água, e tão importante para a sobrevivência da humanidade e execução das suas diversas atividades. A Hidrologia é uma ciência considerada recente e com caráter interdisciplinar que tem tido evolução sig- nificativa diante dos problemas crescentes da humanidade, resultados muitas vezes do uso e ocupação desordenados das bacias hidrográficas, uso intenso da água por diversos setores da sociedade e dos resultantes impactos ambientais perante os recursos hídricos. A Hidrologia é uma ciência muito ampla e se encontra subdivida em algumas subáreas, como: • Hidrometeorologia: trata do estudo da água na atmosfera; • limnologia: refere-se ao estudo dos lagos e reservatórios; • Potamologia ou fluviologia: aborda o estudo dos rios; • Glaciologia ou Criologia: estuda a ocorrência de neve e gelo; • Hidrogeologia: trata das águas subterrâneas. 4 vIsITe a PáGINa Para você ter uma complementação do histórico, das definições da Hidrologia e suas subdivisões você dever ler o seguinte artigo através deste link. Usos da áGUa A água é um recurso natural muito utilizado em diversas atividades humanas, o que propicia vários tipos de uso de acordo com níveis de quantidade e também qualidade. Alguns usos da água vão requerer uma boa qualidade e outros usos vão requerer água em menor quali- dade. O uso da água de acordo com cada atividade humana pode ser classificado em usos consuntivos e não consuntivos. Usos Consuntivos: são usos que retiram a água de sua fonte natural diminuindo suas disponibilidades, espacial e temporalmente. Entre exemplos de uso consuntivos destaca-se: Abastecimento doméstico Abastecimento industrial Irrigação Dessedentação de animais Usos Não-Consuntivos: são usos que retornam à fonte de suprimento, praticamente a sua totalidade, podendo haver alguma modificação no seu padrão temporal de disponibilidade. Entre exemplos de uso não-consuntivos destaca-se: Geração de energia elétrica Navegação Recreação Pesca Preservação da flora e fauna Composição paisagística Diluição de despejos Aquicultura aCesse sUa BIBlIoTeCa vIrTUal Você terá uma complementação do assunto usos da água e seus requisitos de qualida- de no livro: “Introdução à Engenharia Ambiental”, do autor Benedito Braga, Capítulo 8, páginas 77 a 81. aplicações da Hidrologia nas engenharias Agora o momento é reservado para abordar as aplicações da Hidrologia nas diversas áreas das Engenha- rias. https://pt.wikipedia.org/wiki/Hidrologia 5 Vale destacar que a Hidrologia é uma ciência onde a prática é muito presente com atuação na solução de problemas da Engenharia relacionada a exploração dos recursos hídricos. Hoje se fala na Engenharia Hidrológica relacionada aos chamados usos da água e manejo das águas. Os estudos hidrológicos têm por finalidade avaliar a disponibilidade dos recursos hídricos de uma deter- minada região para os processos de planejamento e manejo destes recursos, e também subsidiar especí- ficos projetos de engenharia. Entre as aplicações da Hidrologia nas Engenharias destaca-se: • Otimização dos usos e Suporte na Gestão dos Recursos Hídricos; • Abastecimento de água doméstico e industrial; • Energia hidrelétrica; • Irrigação; • Dimensionamento de obras hidráulicas; • Proteção contra inundações; • Controle da poluição Ambiental; • Preservação dos recursos hídricos. A importância da Hidrologia na otimização dos usos e suporte na gestão dos recursos hídricos está base- ada na Lei Federal n° 9.433 de 1997 que institui a Política Nacional de Recursos Hídricos. Um dos fundamentos da política é prioridade dos usos múltiplos dos recursos hídricos e a Hidrologia constitui-se numa das bases da engenharia dos recursos hídricos, sendo ferramenta fundamental no processo de planejamento ambiental de uma região. vIsITe a PáGINa Você pode ter uma leitura complementar dos fundamentos da Lei Federal n° 9.433/1997 através do link. A Hidrologia dá suporte aos setores do abastecimento de água doméstico e industrial através da escolha de fontes de abastecimento tanto em termos quantitativos como qualitativos. A Hidrologia também é utilizada na determinação dos elementos necessários ao projeto e construção de usinas hidrelétricas, ou seja, no estudo econômico e dimensionamento das instalações, dando suporte no estudo da bacia hidrográfica, da previsão das vazões, dos volumes armazenáveis e estimativas de perdas de água por processos evaporação e infiltração. A Hidrologia pode ser utilizada pelos sistemas de irrigação para escolha do manancial, das perdas de água por processos evaporação e infiltração, no estudo da interação solo-água-planta. O estudo das precipitações e vazões na Hidrologia auxiliam fortemente o dimensionamento de grandes obras hidráulicas como, pontes e barragens e também no âmbito da área de manejo de água pluviais (drenagem urbana) como dimensionamento de bocas de lobo, de bueiros, de galerias e de canais. A Hidrologia também se destaca na regularização dos cursos d’água e controle das inundações, através do estudo das variações de vazão, previsão de vazões máximas e mínimas; análise das oscilações de nível e das áreas de inundação; assim como nodimensionamento da capacidade de reservatórios. Entre as aplicações da Hidrologia em estudos da Engenharia no controle da poluição, salienta-se a análise http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9433.htm 6 da capacidade de recebimento de corpos receptores (rios e lagos) dos efluentes de sistemas de esgotos, vazão mínima de cursos d’água, capacidade de reaeração/regeneração e velocidade de escoamento. vIsITe a PáGINa Para complementação dos campos de atuação da Hidrologia você deve ler este artigo. o CIClo HIdrolÓGICo O ciclo hidrológico é colocado muitas vezes como um dos conceitos centrais da Hidrologia. O ciclo hidrológico é impulsionado pela energia solar e consiste na movimentação permanente da água, resultante dos fenômenos de: evaporação, transpiração das plantas, precipitação, infiltração, escoamento superficial e escoamento subterrâneo. É importante o conhecimento do funcionamento do ciclo hidrológico para entender a constante movimentação da água nos três estados, líquido, sólido e gasoso, pela atmosfera, superfície terrestre, subsolo e massas líquidas, compreendidas pelos rios, lagos e oceanos. Para você entender melhor o funcionamento do ciclo hidrológico é apresentado a figura 2. Figura 2: Fases do ciclo hidrológico A evaporação muitas vezes é contemplada como a primeira fase do ciclo hidrológico, onde a água passa do estado líquido para o estado de vapor. A evaporação acontece de forma direta das superfícies líquidas como, rios, lagos e oceanos e também da água contida no solo como evidenciado na figura 2. Existe também produção de vapor considerável através da transpiração das plantas, essa etapa é chama- da de evapotranspiração. Na evapotranspiração é considerada a produção de vapor pela transpiração vegetal juntamente com a evaporação advinda do solo onde está inserida a cobertura vegetal, isso pode ser percebido na figura 2. Na figura 2 também é destacada a etapa de condensação que consiste na formação das nuvens por um processo de ascensão do vapor de água agregando cada vez mais vapor culminando com a formação das nuvens. https://pt.wikipedia.org/wiki/Hidrologia 7 As formas de precipitação, assim como os tipos de chuva serão abordadas mais adiante na segunda unidade da disciplina. Agora vamos considerar a forma mais comum da precipitação na forma líquida, a chuva. A chuva cai por toda superfície terrestre, quando a chuva cai numa área com cobertura vegetal ocorre a interceptação como na figura 2, ou seja, parte da chuva fica retida pela vegetação. Essa fase do ciclo hidrológico permite a atenuação do escoamento superficial e facilita a etapa de infil- tração da água no solo. A passagem da água da superfície terrestre para o interior do solo é chamada de infiltração. Nessa etapa, a água move-se pelos vazios do solo até atingir uma camada suporte, que compreende as reservas de água no solo, ou seja, a reserva de água subterrânea. As reservas de água subterrânea também chamadas de aquíferos, estão intimamente ligadas ao escoa- mento subterrâneo, como destacado na figura 2, que age muitas vezes na alimentação dos cursos de água superficiais como os rios. Vale destacar, que também extraímos facilmente água das nossas reservas de água subterrânea através de poços para utilização em diversas atividades humanas. A etapa de infiltração, assim como, a água subterrânea será foco da terceira unidade. Atingida a capacidade de infiltração do solo, o excede começa a escoar, temos então o escoamento super- ficial. Inicialmente o escoamento superficial age preenchendo as depressões do terreno, posteriormente vão percorrendo rotas preferenciais como canais e vales principais até atingir os cursos dos rios que chegam até os oceanos. aCesse sUa BIBlIoTeCa vIrTUal Você terá uma complementação do conteúdo referente ao ciclo hidrológico no livro: “Introdução à Engenharia Ambiental” do autor Benedito Braga, Capítulo 4, páginas 33 a 37. veja o vídeo! Veja agora o vídeo feito pela Agência Nacional das Águas (ANA) que reúne informa- ções da importância da água para nossa sobrevivência e do funcionamento do “ciclo hidrológico”. (Duração: 3:00). Acesse este link. Adicionalmente ao assunto, a etapa do escoamento superficial é fortemente aumentada no ambiente urbano devido a retirada de cobertura vegetal (desmatamento) e a impermeabilização do solo devido a construção dos asfaltos, edifícios, casas, comércio e indústria. Dessa forma, toda a chuva que atinge a superfície terrestre nas cidades escoa facilmente, pois não tem como se infiltrar, assim é maior o risco de enchentes em ambientes urbanos. vIsITe a PáGINa Informações complementares sobre alterações antrópicas no ciclo hidrológico você irá encontrar neste link. https://youtu.be/vW5-xrV3Bq4 http://ambientes.ambientebrasil.com.br/agua/aguas_urbanas/alteracoes_hidrologicas_e_ecossistema_aquatico.html# 8 Balanço Hídrico O ciclo hidrológico também pode ter um sentido quantificável através com conceito de balanço hídrico. O balanço hídrico é a representação quantificável do ciclo hidrológico, ou seja, o ciclo hidrológico e as respectivas medições de suas etapas nos levam a chamada relação do balanço hídrico. vIsITe a PáGINa Para entender mais sobre o balanço hídrico acesse este link. O balanço hídrico nada mais é do que um balanço de massa da água, relacionado ao cômputo das entradas e saídas de água de um sistema numa determinada escala de tempo. De modo muito simples o balanço hídrico é a representação matemática básica do ciclo hidrológico, como apresentado na relação abaixo. e – s = dv onde: e = entrada (esTíMUlo) s = saída (resPosTa) dv = variação armazenamento Para você entender como funciona o cômputo de entradas e saídas e o que fica armazenado no sistema no balanço hídrico a figura 3 é apresentada. Figura 3: Cômputo das entradas, saídas e armazenamento no sistema no balanço hídrico Num balanço é feita a soma de todas as contribuições positivas dadas pela precipitação, escoamento superficial e subterrâneo, e negativas como dadas pela evaporação, escoamento superficial e subterrâ- neo, que gera um armazenamento superficial e subterrâneo que fica retido no sistema. https://pt.wikipedia.org/wiki/Balan%C3%A7o_h%C3%ADdrico 9 O balanço hídrico numa bacia hidrográfica é dado pela relação abaixo, também chamada de Equação Geral do Balanço Hídrico: P – evT – Q = Δr Onde: P – total precipitado sobre a bacia, expressa em mm; EVT – perdas por evapotranspiração, expressa em mm; Q – escoamento superficial que sai da bacia - vazão média (m3/s ao longo do ano); ΔR – variação de todos os armazenamentos, superficiais e subterrâneos, expresso em m3 ou em mm. Quando o período de observação é de longa duração (um ou mais anos), pode-se considerar que ΔR é nulo ou desprezível face aos valores de P e Q. Sendo assim, a Equação Geral do Balanço Hídrico é dada pela relação abaixo: P – evT = Q Para você entender como se aplica esse conceito de balanço hídrico segue um exemplo: Uma bacia hidrográfica de 25 km² de área recebe uma precipitação de 1200 mm. Considerando que as perdas médias anuais valem 800 mm, determinar a vazão média de longo período da exutória da bacia. P – EVT – Q = ΔR → P – EVT = Q Resolução dados: Área = 25 km2 EVT = 800 mm P = 1200 mm Q =? Pela seguinte relação: P – EVT = Q Q = 1200 – 800 Q = 400 mm Porém, vazão é dada em m³/s, sedo assim é necessário você efetuar essa transformação. Q = 400 x 10-3 m x 25 x 106 m2/ (365 x 24 x 60 x 60) s = 0,317 m³/s Para esse exemplo a vazão no sistema através da Equação do Balanço Hídrico foi de 0,317 m³/s. BaCIa HIdroGráfICa A bacia hidrográfica é considerada uma unidade territorial de aplicação da gestão de recursos hídricos pela Lei Federal n° 9.433/1997 como já relacionada anteriormente. leITUra CoMPleMeNTar Faça uma leitura complementar da Lei Federal n° 9.433/1997 através do link. veja o vídeo! Você também deve ver ovídeo sobre a Lei Federal n° 9.433/1997 ou “Lei das Águas” realizado pela Agência Nacional das Águas a ANA, com duração aproximada de 4 minutos. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9433.htm https://youtu.be/bH08pGb50-k 10 Na gestão de recursos hídricos existem os chamados Comitês de Bacias Hidrográficas que devem procu- rar fazer uma gestão participativa com todos os entes da sociedade e deve ser descentralizada. veja o vídeo! Para você entender melhor a participação dos comitês de bacias na gestão dos recur- sos hídricos, veja o vídeo realizado pela ANA com duração aproximada de 4 minutos. Em relação ao conceito de uma bacia hidrográfica, você pode entender como uma porção da superfície terrestre drenada por um curso d’água principal conectado a seus tributários tal que toda vazão é descar- regada através de uma simples saída, chamada foz ou exutório. Além disso, as bacias hidrográficas são condicionadas principalmente pelas condições topográficas que ajudam a todo volume de água numa bacia hidrográfica ter conversão para a seção de saída. Para o entendimento do conceito e funcionamento de uma bacia hidrográfica é importante o conhecimen- to das partes de uma bacia como mostra a figura 4 abaixo. Figura 4: Partes de uma Bacia Hidrográfica É importante você conhecer as partes principais de uma bacia hidrográfica que compreendem: as nascen- tes, onde os rios têm origem; os tributários ou afluentes, caracterizados como pequenos cursos de água; o leito do rio, que é o espaço ocupado pelas águas do rio; a linha de cumeada ou linha divisora de água, nada mais é do que o divisor de águas (D. A.); e por fim a foz ou o exutório, que é o local onde os cursos de água desembocam, como mostrado na figura 4. leITUra CoMPleMeNTar Como forma complementar para conhecimento das partes de uma bacia hidrográfica você pode encontrar informações adicionais no link. https://youtu.be/uRzt9tv0EJU http://www.cuidedosrios.eco.br/bacia-hidrografica/ 11 leITUra CoMPleMeNTar Você também pode encontrar informações adicionais sobre o conceito de tributário ou afluente também chamados de contribuintes neste link. Um dos principais objetivos de se estudar as bacias hidrográficas é a propriedade de transformar chuva em vazão através da sua área de drenagem (Figura 5), e como já colocado aqui é compreendida pelo curso d’água principal e pelos tributários ou afluentes. Essa capacidade intrínseca das bacias hidrográficas evi- dencia a importância desses sistemas em produzir volumes consideráveis de água para os diversos usos da água e de total interesse para as Engenharias. Figura 5: Propriedades das Bacias Hidrográficas transformar chuva em vazão através de sua área de dre- nagem No Brasil, entre as principais bacias hidrográficas destacam-se, a Bacia do Rio Amazonas, a Bacia dos rios Tocantins-Araguaia, Bacia do rio Parnaíba, a Bacia do Rio São Francisco, a Bacia do Rio Paraná, a Bacia do Rio Paraguai, a Bacia do Rio Uruguai e a Bacia do rio Paraíba do Sul. leITUra CoMPleMeNTar Você poderá encontrar informações mais detalhadas sobre as principais bacias hidro- gráficas brasileiras no link. Destaca-se, que com o objetivo de respeitar as diversidades sociais, econômicas e ambientais do Brasil, o Conselho Nacional de Recursos hídricos (CNRH) através da resolução nº 32 de 2003, foi responsável pela Divisão Hidrográfica Nacional, através das Regiões Hidrográficas Brasileiras. vIsITe a PáGINa No Brasil temos 12 regiões hidrográficas, como leitura complementar sobre o assunto, leia o texto no artigo evidenciado no link. Um outro assunto de relevância é que as bacias hidrográficas são compostas por sub-bacias hidrográficas, ou seja, as sub-bacias são áreas de drenagem dos tributários do curso d’água principal, onde cada sub- -bacia é uma bacia hidrográfica que pode ser subdividida em sub-bacias, etc. Para melhor entendimento do que se trata as sub-bacias você deve analisar a figura 6 abaixo. Figura 6: Representação de uma Bacia Hidrográfica dividida em 5 sub-bacias https://pt.wikipedia.org/wiki/Afluente http://www.suapesquisa.com/geografia/bacias_hidrograficas.htm https://pt.wikipedia.org/wiki/Regi%C3%B5es_hidrogr%C3%A1ficas_do_Brasil 12 A relação das bacias hidrográficas com suas sub-bacias fica clara na música “Riacho do Navio” dos auto- res Luiz Gonzaga e Zé Dantas no ano de 1955. Essa música faz uma relação do riacho do navio que é um afluente da bacia hidrográfica do rio Pajeú que é uma sub-bacia da bacia hidrográfica do rio São Francisco. vIsITe a PáGINa Você poderá ter acesso a música e a letra “Riacho do Navio” através do link. Divisores de uma Bacia Hidrográfica Uma bacia hidrográfica é necessariamente contornada por um divisor, como já visto, caracterizado como uma linha de separação relacionada a maiores cotas altimétricas (Divisor de águas) que divide as precipi- tações que caem em bacias vizinhas como apresentado na figura 7. Figura 7: Divisores de água topográficos Basicamente os divisores de uma bacia hidrográfica compreende os divisores topográfico ou superficial e o freático ou subterrâneo. Villela e Matos (1975) são autores de grande tradicionalidade na Hidrologia pelo trabalho: VILLELA, Swami M.; MATTOS, Arthur. Hidrologia aplicada. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1975. 245 p. https://www.letras.mus.br/luiz-gonzaga/47101/ 13 Esses autores são conhecidos por evidenciar os divisores de uma bacia hidrográfica pelo esquema apre- sentado na figura 8 a seguir: Figura 8: Corte transversal através de 3 bacias adjacentes hipotéticas com destaque para os divisores topográficos e freáticos nas bacias hidrográficas. Fonte: Villela e Matos (1975) Os divisores topográficos são condicionados pela topografia relacionados as maiores cotas altimétricas, além disso, fixa a área da qual provém o deflúvio ou escoamento superficial da bacia hidrográfica. Já os divisores freáticos geralmente são determinados pela estrutura geológica dos terrenos, e influen- ciado também pela topografia. Esses divisores estão atrelados aos limites dos reservatórios de água subterrânea de onde é derivado o deflúvio ou escoamento básico da determinada bacia. Você percebe na figura 8 que o nível do lençol freático na estação das chuvas é maior do o nível do lençol freático nas estiagens, devido ao incremento de volume que a chuva confere ao lençol freático, portanto o divisor freático não é fixo, assim geralmente considera-se que a área de bacia de drenagem é dada pelo divisor topográfico. Parâmetros físicos Agora é o momento de falar sobre os parâmetros físicos de uma bacia hidrográfica. O conhecimento das características físicas de uma bacia hidrográfica é de fundamental importância para entender o seu comportamento hidrológico. Entre as características físicas de uma bacia hidrográfica destaca-se: • Área de drenagem • Rede de Drenagem • Densidade de Drenagem • Sinuosidade • Declividade • Relevo • Ordem dos Cursos d’água • Forma 14 área de drenagem A área de drenagem de uma bacia hidrográfica nada mais é do que a área plana de projeção horizontal inclusa entre seus os divisores topográficos. A determinação da área de drenagem de uma bacia hidrográfica é uma tarefa realizada a partir de fo- tografias aéreas, plantas altimétricas, mapas topográficos ou levantamento de campo, e hoje também é possível dados de área de drenagem de bacias com auxílio de programas computacionais. Uma observação importante é que a área de uma bacia é uma das características mais relevantes, no caso, a área da bacia reflete o volume total de água que pode ser gerado potencialmente na bacia, ou seja, está relacionada a potencialidade hídrica da bacia. Um exemplo claro para você entender o potencial de uma bacia hidrográfica em gerar escoamento, vazão ou deflúvio é dada pela relação: V = h X A Onde: V = volume captado pela bacia (m3/s) h = altura da lâmina de água precipitada A = área de drenagem da bacia Para um melhor entendimento segue um exemplo: Considereuma bacia impermeável e chuva constante, com uma área de drenagem de 60 km2 e altura da precipitação de 10 mm/hora. Calcule o volume captado para essa bacia hidrográfica. Resolução: Dados A = 60 km2 → 60 x 106 m2 h = 10 mm/hora (2,7 x 10-6 m/s) Seguindo a relação V = h x A V = 60 x 106 X 2,7 x 10-6 = 162 m3/s Como conclusão você pode elucidar que o volume captado ou a vazão no exutório de 162 m3/s foi dada pela relação da área da bacia pelo volume precipitado. Fica claro para você que a bacia hidrográfica tem uma função muito forte na produção de vazão ou es- coamento através da área de drenagem, em outras palavras, as bacias hidrográficas vão ter a função de transformar chuva em vazão ou escoamento como já abordado anteriormente. Quando se fala em vazão, se destaca a importância para os diversos usos da água pelas atividades hu- manas como também já retratado nesse guia de estudo. rede de drenagem A rede de drenagem é uma característica física que remete-se ao conjunto de todos os cursos d´água de uma bacia hidrográfica, sendo expressa em quilômetros (km). 15 Onde: li – é o comprimento dos cursos d´água. Como exemplo, destaca-se: Na bacia hidrográfica do rio A é apresentado o somatório dos comprimentos dos cursos de água é igual a 47.240,0 m. Calcule a rede de drenagem. Resolução: Rd = 47.240,0 m → Rd = 47,24 km A rede de drenagem de uma bacia hidrográfica é um parâmetro de simples compreensão, pois trata-se apenas do somatório em Km de todos os cursos d’água numa bacia hidrográfica como o curso d’água principal e também de seus afluentes ou tributários. vIsITe a PáGINa Através deste link você terá informações sobre a chamada rede de drenagem. densidade de drenagem A densidade de drenagem é a relação entre o comprimento total dos cursos d´água e a área de drena- gem, ou seja, trata da eficiência da drenagem na bacia, expressa em km/ km2. Onde: L = comprimento total dos cursos d´água A = área de drenagem O exemplo a seguir vai ajudar você ao melhor entendimento. A bacia hidrográfica do rio A possui uma área de 21,4 km2 e o somatório dos comprimentos dos cursos de água da bacia de ordem 1, 2 e 3 igual a 47240,0 m. Diante dessas informações determine a densida- de de drenagem da bacia hidrográfica. Resolução: Dados: A = 21,4 km2 L (somatório dos comprimentos dos cursos de água da bacia) = 47240,0 m → 47,24 km Dd = 47,24 km / 21,4 km 2 → Dd = 2,2 km/km 2 Para interpretação da Densidade de Drenagem em bacias hidrográficas, existe a seguinte relação: • Dd em torno de 0,5 km/km²: bacias com drenagem pobre. • Dd entre 0,5 e 3,5 km/km²: bacias com drenagem regular/boa • Dd maiores que 3,5 km/km²: bacias excepcionalmente bem drenadas https://pt.wikipedia.org/wiki/Rede_de_drenagem 16 No caso a bacia do exemplo acima apresenta uma drenagem considerada regular/boa com o valor de densidade de drenagem de 2,2 km/km2. sinuosidade A sinuosidade é a relação entre o comprimento do canal principal (L) e o comprimento de seu talvegue (Lt). A sinuosidade dos cursos d’água é considerada como um fator controlador da velocidade do escoa- mento. Além disso, o parâmetro sinuosidade é adimensional. Onde: L = comprimento do canal principal Lt = comprimento de seu talvegue Você deve notar que para o parâmetro físico sinuosidade faz referência ao comprimento do talvegue que é medido em LINHA RETA entre os pontos inicial e final do curso d’água principal. vIsITe a PáGINa O talvegue é colocado como um ponto mais profundo de um vale do rio, você pode encontrar informações sobre o conceito de talvegue neste link. Para você entender como o talvegue está configurado no vale de rio, segue a figura 9 abaixo. Figura 9: Componentes de um vale de rio com demarcação do talvegue. http://www.infoescola.com/agua/talvegue/ 17 Uma observação importante a se fazer é Sin = 1,0, significa que o curso d’água é retilíneo, ou seja, o tra- çado do curso d’água apresenta uma sinuosidade relativamente baixa e consequentemente a velocidade de escoamento não é tão considerável. Através da resolução do exemplo a seguir você irá entender melhor esse parâmetro físico das bacias hidrográficas a sinuosidade. A bacia hidrográfica do rio B possui um curso d’água principal com o comprimento igual a 22.200 m e o talvegue de 20.000 m. Calcule a sinuosidade do curso d’agua acima. Resolução: Sin = 22.200 m/ 20.000 m → Sin = 1,1 Diante desse resultado percebe-se que a sinuosidade da bacia hidrográfica do rio B apresente um perfil bastante retilíneo que tem influência na velocidade do seu escoamento. declividade Quanto maior a declividade de uma bacia hidrográfica, maior será a velocidade de escoamento, ou seja, a velocidade de escoamento em uma bacia hidrográfica depende da declividade dos canais fluviais. A declividade que abordaremos aqui é a chamada declividade máxima que é dada pela diferença de altitude entre o início e o fim da drenagem do curso d’água principal dividida pelo comprimento da dre- nagem do curso d’água principal. Dada em m/m ou m/km. Onde: S = declividade (m/m), H = diferença de cota (m) (início/fim canal) L = comprimento (início/fim canal) Para você entender melhor a declividade máxima segue um exemplo abaixo: Numa bacia hidrográfica o ponto de cota mais alto é de 300 m e o ponto de cota mais baixa é de 20 m, com o comprimento de drenagem de 7 km, calcule a declividade da bacia hidrográfica. Resolução: Dados: ΔH = 300 – 20 = 280 m L = 7 km S = 280m/7km ou S = 40 m/km u S = 0,04 m/m 18 De modo sucinto a declividade máxima é a declividade do curso d’água principal da nascente até a foz, tendo esse parâmetro físico uma relação direta com a velocidade de escoamento dos cursos d’água. relevo É uma característica física das bacias hidrográficas relacionada também a velocidades de escoamento, perceba que quanto mais acidentado o relevo da bacia teremos uma relação positiva quanto a velocida- de de escoamento na rede de drenagem. vIsITe a PáGINa Você terá algumas informações adicionais do relevo assim como de outros parâme- tros físicos das bacias hidrográficas no link. ordem dos cursos d’água A ordem dos cursos d’água é um parâmetro importante na referência do grau de ramificação dos rios em uma bacia hidrográfica. Esse método de hierarquização dos cursos d’água foi proposto por vários autores, a metodologia abordada aqui se refere aos critérios introduzidos por Strahler (1964). vIsITe a PáGINa Strahler foi um dos autores que se destacou nessa área de grau de hierarquização dos cursos d’água na Hidrologia, você poderá encontrar informações adicionais do método proposto por Strahler neste link. A figura 10 vai ajudar a você a entender o método de hierarquização proposto por Strahler. Figura 10: Ordem dos cursos d’água segundo Strahler De acordo com Strahler são considerados cursos d’água de ordem 1 os pequenos cursos d’água que não tenham tributários a partir das nascentes, quando dois cursos de ordem 1 se encontram formam um curso de ordem 2, quando dois cursos de ordem 2 se encontram formam um curso de ordem 3, quando dois http://www.portaleducacao.com.br/biologia/artigos/42298/parametros-fisicos-de-bacias-hidrograficas https://en.wikipedia.org/wiki/Strahler_number 19 cursos de ordem 3 se encontram formam um curso de ordem 4 e assim por diante. Uma observação importante a se fazer é que o parâmetro físico referente a forma das bacias hidrográficas será foco da nossa segunda unidade. delIMITaÇÃo de BaCIas Agora vamos abordar o processo de delimitação de bacias hidrográficas que por muito tempo foi realizado através de plantas planialtimétricas e hoje esse processo é feito com o auxílio de ferramentas computa- cionais. A figura 11 é apresentada para facilitar o entendimento de delimitação de bacias hidrográficas através de plantas planialtimétricas. No processo de delimitação de bacias hidrográficas em plantas planialtimétricas, primeiramente é feito um destaque da rede de drenagem da bacia, como mostraa figura 11A, posteriormente com base em fatores de ordem topográfica é verificada a localização dos pontos mais altos e cotados na carta topo- gráfica (Figura 11B), a partir daí é definida uma linha de cumeada a que chamamos linha de divisão das águas (Figura 11C), e por fim você tem o resultado final do traçado do divisor (Figura 11D). Figura 11: Delimitação de uma bacia hidrográfica numa planta planialtimétrica Diante da figura 11 você percebe que o resultado final do traçado do divisor de água não corta a rede de drenagem na bacia hidrográfica, exceto no exutório, ou seja, na sua seção de saída. Através da linha de cumeada é traçada uma linha divisora de águas (Divisor de águas) separando a ba- cia hidrográfica considerada das vizinhas, dividindo as precipitações que caem nas respectivas bacias 20 vizinhas. Hoje o processo de delimitação de bacias hidrográficas tem o incrível auxílio de ferramentas computa- cionais através de diversos programas como, o ArcGis, o SPRING e até mesmo o AUTOCAD. veja o vídeo! O vídeo “Delineamento de Bacias Hidrográficas” aborda um exemplo de delimitação de bacias hidrográficas com usos de programas computacionais. (Duração: 9:00). Acesse este link. Palavra fINal Olá, aluno (a)! Chegamos ao término do conteúdo da primeira unidade da nossa disciplina. Espero que o assunto estudado tenha contribuído para expandir seus conhecimentos sobre essa ciência tão importante para a engenharia. A partir desse momento, é fundamental que você realize as atividades avaliativas que estão no Am- biente Virtual de Aprendizagem (AVA). Elas irão ajudá-lo na compreensão do assunto e fortalecer o seu aprendizado Lembre-se! Faça a leitura na íntegra do livro-texto e em caso de dúvidas, consulte o nosso tutor. Ele está a sua disposição para orientá-lo. Nos encontramos na próxima unidade. Bons estudos e até lá! https://youtu.be/VNr7k4fQXy8
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