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AV1 PROCESSO PENAL 1 - T6C - Roberto Gomes

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Rebecca Santos Gabriel – Direito Processual Penal I – T6C 
______________________________________________________________________ 
1. Paula e Jéssica são grandes amigas. Paula toma conhecimento que Maria, conhecida 
sua, vem violando a honra objetiva de sua amiga Jéssica, bem como atribuindo a mesma 
a prática de fatos típicos a partir de expressões pejorativas. Diante da situação, Paula conta 
a Jéssica, apresentando na oportunidade o print das postagens realizadas por Maria. Paula, 
ainda, afirma que outras pessoas sabem, fazendo com que Jéssica as procure e confirme 
a informação. Todas as informações, inclusive, os prints obtidos são registrados em ata 
notarial. Jessica ajuíza uma queixa crime pelo suposto crime de difamação praticado por 
Maria. Esta argumenta em juízo, por meio de habeas corpus, que a queixa crime deveria 
ser rejeitada por não estar pautada em inquérito policial, meio investigativo adequado e 
condição para a existência da ação penal. Assiste razão Maria? Fundamente. (12 linhas) 
(5,0 pontos) 
Não assiste razão à Maria. O HC não é o instrumento ideal no caso, haja vista sua 
utilização de maneira repressiva/preventiva, e de maneira excepcional, tranca o inquérito. 
O inquérito policial é um procedimento de caráter instrumental, cuja finalidade é 
esclarecer previamente os fatos tidos por delituosos, previamente à ação penal privada, e 
tem como uma das características a dispensabilidade. Diante disso, para que haja 
deflagração da persecução penal em juízo, são necessários elementos que possam compor 
um lastro probatório mínimo, e como traz o autor Renato Brasileiro, se a finalidade do 
inquérito policial é a colheita de elementos de informação quanto à infração penal e sua 
autoria, é forçoso concluir que, desde que o titular da ação penal disponha desse substrato 
mínimo necessário para o oferecimento da peça acusatória, o inquérito policial será 
dispensável. No caso em tela, Jéssica possui informações acerca da autoria e da 
materialidade do fato, sendo que as ofereceu em ata notarial, se encaixando no suporte 
fático do art. 39 §5º do CPP, e consequentemente, o Ministério Público poderá dispensar 
o inquérito. 
 
2. A Companhia Independente de Polícia Ambiental de Minas Gerais, em uma atuação 
operacional de rotina, identifica um caminhão em rodovia estadual MG contendo uma 
série de animais silvestres. Os animais estão localizados em um baú, escondidos no meio 
de sacas de farinha, com destino à Urandi na Bahia. Ao ser solicitada a autorização para 
o transporte dos animais ao motorista, o mesmo afirma não possuir, motivo pelo qual 
lavra- se um termo circunstanciado. Assim, os autos do TCO, bem como o caminhão, os 
animais apreendidos e o motorista são encaminhados para a Unidade de Polícia 
Ambiental em Espinosa em MG. Com base no TCO, produzido pela Polícia Militar, o 
Ministério Público oferta denúncia e a defesa argumenta que há ilegalidade da ação da 
polícia, pois a mesma tem função ostensiva e não pode presidir procedimentos 
investigativos de qualquer natureza. Responda fundamentadamente: assiste razão a defesa 
do suposto autor do fato? (12 linhas) (5,0 pontos) 
Não assiste razão à defesa do suposto autor. O TCO consiste numa peça despida de rigor 
formal, utilizada nas infrações de menor potencial ofensivo, com pena máxima de 2 anos, 
que visando a celeridade, substitui o inquérito (art. 69 CPP), como traz Nestor Távora 
(TÁVORA, 2021, p.119). Nesse sentido, apesar da legitimidade para presidir o TCO seja 
da autoridade policial, estando circunscrita à margem de atribuição da polícia judiciária, 
a jurisprudência atual tem admitido sua elaboração pela polícia militar, inclusive sendo 
entendimento do STF tanto na ADI 3807 (improcedente), quando no RE: 1050631-SE. 
Diante disso, o caso em tela se enquadra, tanto pela infração que se enquadra no requisito 
de menor potencial ofensivo (art.29/9.605), quanto pelo entendimento jurisprudencial, na 
admissão do TCO elaborado pela polícia militar de Minas Gerais. Apesar disso, parte da 
doutrina discorda desse posicionamento, por dois motivos: a apuração das infrações 
penais é atribuição constitucional da polícia civil, e o TCO ser base para proposta da 
transação penal, exigindo a coleta e lastro probatório por autoridade legítima.

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