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1 - AULAS - 01 A 16 - ANÁLISE DE CONTEXTOS E DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS

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Análise de Contextos e
Desafios Contemporâneos
Créditos
Centro Universitário Senac São Paulo – Educação Superior a Distância
Diretor Regional 
Luiz Francisco de Assis Salgado
Superintendente Universitário 
e de Desenvolvimento 
Luiz Carlos Dourado
Reitor 
Sidney Zaganin Latorre
Diretor de Graduação 
Eduardo Mazzaferro Ehlers
Diretor de Pós-Graduação e Extensão 
Daniel Garcia Correa
Gerentes de Desenvolvimento 
Claudio Luiz de Souza Silva 
Luciana Bon Duarte 
Roland Anton Zottele 
Sandra Regina Mattos Abreu de Freitas
Coordenadora de Desenvolvimento 
Tecnologias Aplicadas à Educação 
Regina Helena Ribeiro
Coordenador de Operação 
Educação a Distância 
Alcir Vilela Junior
Professor Autor 
Antônio Marcos Feliciano 
Revisor Técnico 
Guilherme Nogueira Lopes
Técnico de Desenvolvimento 
Elizabeth Ribeiro 
Coordenadoras Pedagógicas 
Ariádiny Carolina Brasileiro Silva 
Izabella Saadi Cerutti Leal Reis 
Nivia Pereira Maseri de Moraes 
Otacília da Paz Pereira
Equipe de Design Educacional 
Alexsandra Cristiane Santos da Silva 
Ana Claudia Neif Sanches Yasuraoka 
Angélica Lúcia Kanô 
Anny Frida Silva Paula 
Cristina Yurie Takahashi 
Diogo Maxwell Santos Felizardo 
Flaviana Neri 
Francisco Shoiti Tanaka 
Gizele Laranjeira de Oliveira Sepulvida 
Hágara Rosa da Cunha Araújo 
Janandrea Nelci do Espirito Santo 
Jackeline Duarte Kodaira 
João Francisco Correia de Souza 
Juliana Quitério Lopez Salvaia 
Jussara Cristina Cubbo 
Kamila Harumi Sakurai Simões 
Katya Martinez Almeida 
Lilian Brito Santos 
Luciana Marcheze Miguel 
Mariana Valeria Gulin Melcon 
Mônica Maria Penalber de Menezes 
Mônica Rodrigues dos Santos 
Nathália Barros de Souza Santos 
Rivia Lima Garcia 
Sueli Brianezi Carvalho 
Thiago Martins Navarro 
Wallace Roberto Bernardo
Equipe de Qualidade 
Ana Paula Pigossi Papalia 
Josivaldo Petronilo da Silva 
Katia Aparecida Nascimento Passos
Coordenador Multimídia e Audiovisual 
Ricardo Regis Untem
Equipe de Design Audiovisual 
Adriana Mitsue Matsuda 
Caio Souza Santos 
Camila Lazaresko Madrid 
Carlos Eduardo Toshiaki Kokubo 
Christian Ratajczyk Puig 
Danilo Dos Santos Netto 
Hugo Naoto Takizawa Ferreira 
Inácio de Assis Bento Nehme 
Karina de Morais Vaz Bonna 
Marcela Burgarelli Corrente 
Marcio Rodrigo dos Reis 
Renan Ferreira Alves 
Renata Mendes Ribeiro 
Thalita de Cassia Mendasoli Gavetti 
Thamires Lopes de Castro 
Vandré Luiz dos Santos 
Victor Giriotas Marçon 
William Mordoch
Equipe de Design Multimídia 
Alexandre Lemes da Silva 
Cristiane Marinho de Souza 
Emília Correa Abreu 
Fernando Eduardo Castro da Silva 
Mayra Aoki Aniya 
Michel Iuiti Navarro Moreno 
Renan Carlos Nunes De Souza 
Rodrigo Benites Gonçalves da Silva 
Wagner Ferri
Análise de Contextos e Desafios 
Contemporâneos
Aula 01
O que é sociologia, quais temas aborda e suas implicações 
no entendimento da dinâmica social contemporânea
Objetivos Específicos
• Apresentar a disciplina de sociologia e contextualizar sua importância
na compreensão da dinâmica contemporânea, de modo a desenvolver o
entendimento integrado de aspectos históricos relacionados ao seu estudo.
Temas
Introdução
1 Contexto do surgimento da sociologia
2 Abordagem conceitual
Considerações finais
Referências 
Antonio Marcos Feliciano
Professor Autor
Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados
Análise de Contextos e Desafios Contemporâneos
2
Introdução
A realidade social é complexa e difusa. Explicá-la a partir dos conhecimentos científicos 
consiste em atividade atribuída à sociologia.
O surgimento da sociologia como ciência ocorreu em meio às significativas transformações 
sociais e econômicas vividas no continente europeu devido à Revolução Industrial e à Revolução 
Francesa. O contexto em que essas revoluções ocorreram era conturbado e questionado pela 
sociedade europeia. Enquanto testemunhavam o fim do sistema de produção feudal e o início 
do capitalismo, as pessoas se indignavam com o luxo da nobreza e da igreja em detrimento da 
situação de pobreza vivida pelo povo, que não mais se convencia das explicações oferecidas 
para justificar os fenômenos sociais como desígnio divino, entre outros aspectos.
Os problemas contextuais foram se avolumando, junto com o avanço das transformações 
na sociedade. Surgiram, então, os movimentos sociais, as novas relações sociais no trabalho, 
os partidos políticos, os movimentos de classe, a violência, a degradação da sociedade, da 
família etc. O novo modo de produção redefinia a face da sociedade na Europa; contudo, 
trazia consigo problemas ainda não respondidos pela falta de uma ciência capaz de explicá-
los e entendê-los.
No escopo da investigação sociológica, são aplicados métodos e técnicas reconhecidos 
cientificamente para desenvolver pesquisas sociais, visando a apresentar resultados que 
expliquem as causas e as consequências desses problemas, apontando possíveis soluções 
para resolvê-los. 
Apresentaremos, aqui, o contexto que caracteriza o surgimento da sociologia e também 
abordaremos seu significado conceitual.
1 Contexto do surgimento da sociologia
Na Idade Média, período de aproximadamente mil anos entre os séculos V e XV, os 
fenômenos que ocorriam no mundo eram explicados subjetivamente, com base na fé. A Igreja 
possuía forte influência sobre a sociedade, intervindo nas decisões do Estado e inibindo as 
explicações científicas e os argumentos racionais da filosofia, mantendo para si esse poder.
Durante esse período, também conhecido como Idade das Trevas, muitos pensadores 
foram perseguidos e condenados à morte por se contraporem às explicações oferecidas pela 
Igreja e, também, esclarecerem cientificamente certos fatos e fenômenos que ocorriam no 
mundo. Como afirma Paixão (2012, p. 20), “[...] a fé impedia visões mais científicas sobre 
a sociedade”.
Em meados do século XV, vários acontecimentos provocaram mudanças na forma de se 
pensar na sociedade europeia, como argumenta Gil (2011, p. 15):
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Análise de Contextos e Desafios Contemporâneos
3
O declínio da Igreja Católica e o consequente aparecimento de crenças que 
estimulavam os fiéis à leitura interpretativa das escrituras retomou-se o pensamento 
especulativo [...] o conhecimento deixou de ser fundamentado na revelação, adotada 
como postura de fé, para voltar a ser, como na Antiguidade greco-romana, decorrente 
da atividade racional.
A partir da segunda metade do século XV, dois movimentos tomaram forças e foram 
fundamentais para que a ciência se constituísse como a principal fonte de explicações para os 
seguintes fenômenos sociais: o Renascimento, entre o fim do século XIV e o início do século 
XVI, e o Iluminismo, movimento nascido no século XVIII. Esses dois movimentos surgiram a 
partir do desenvolvimento do pensamento Humanista, corrente filosófica que apresentava o 
homem como centro do universo.
O Renascimento influenciou muitos autores e pensadores, entre eles, Nicóllo Machiavelli 
(1469-1527), popularmente conhecido como Maquiavel. Uma das suas obras mais famosas, O 
Príncipe, que aborda as relações de poder, ainda hoje é considerado como um manual para os 
governantes. Para ter acesso à obra, acesse o link disponível na Midiateca da disciplina.
No século XVIII, o “Século das Luzes”, o Iluminismo surgiu como um movimento intelectual 
que se propôs a explicar racionalmente os fenômenos do universo (PAIXÃO, 2012; LEAL, 2007). 
O movimento foi responsável por oferecer notoriedade às contribuições de autores como 
Voltaire (1694-1778), Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), John Lock (1632-1704), Thomas 
Hobbes (1588-1676), entre outros.
O quadro a seguir sintetiza as diferenças entre as frentes que explicavam a realidade 
social no contexto do surgimento da sociologia:
Quadro 1 – Formas de Explicação da Realidade
Abordagem da Igreja (baseada na fé) Abordagem Científica (baseada na razão)
Predominante do século V ao XV
Predominante a partir da segunda metade do século 
XV, com o Renascimento, e no século XVIII, através do 
Iluminismo
Usode elementos e argumentos não científicos 
para explicar os fenômenos do universo. Tudo era 
explicado como um desígnio divino
Explicações científicas baseadas na razão, na 
observação e na experimentação
Idade das Trevas Idade da Razão
Essas correntes de pensamento filosófico, juntamente com a Revolução Industrial (iniciada 
no século XVIII e consolidada no século XIX) e a Revolução Francesa (1789), constituíram os 
alicerces para o surgimento da sociologia como ciência. Como Martins (1993, p. 11) afirma:
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Análise de Contextos e Desafios Contemporâneos
4
As transformações econômicas, políticas e culturais que se aceleram a partir dessa 
época (século XVIII) colocarão problemas inéditos para os homens que experimentavam 
as mudanças que ocorriam no ocidente europeu [...] A palavra sociologia apareceria 
somente um século depois, por volta de 1830, mas são os acontecimentos 
desencadeados pela dupla revolução que a precipitam e a tornam possível.
1.1 Revolução Industrial
Sob o ponto de vista sociológico, a Revolução Industrial não tratou apenas de inserir 
tecnologias no processo produtivo, visto que estabeleceu novas relações de trabalho, 
distinguiu classes sociais e aprofundou a divisão social do trabalho, ou seja, as transformações 
foram econômicas e também sociais.
Essa revolução foi a responsável pelo início do uso de máquinas na produção, eliminando 
o artesão independente como detentor do processo produtivo, transformando a atividade 
artesanal em manufatureira. Trouxe o surgimento do proletariado1 e das grandes cidades 
industriais como conhecemos ainda hoje. Esse sistema provocou mudanças rápidas e 
intensas, gerando muitas inquietações no seio da sociedade, que clamava por respostas para 
seus problemas:
Naquele tempo não existia nenhuma lei que protegesse os trabalhadores e que 
garantisse direitos importantes, como o salário mínimo, jornada máxima de trabalho 
por dia e por semana, férias e todos os demais benefícios que hoje existem. Quem 
precisasse trabalhar para sobreviver, era obrigado a aceitar as condições impostas 
pelos patrões. (PAIXÃO, 2012, p. 30).
O emprego de homens, mulheres, e inclusive de crianças, como mão de obra em escalas 
de trabalho que chegavam a 16 horas diárias era relativamente comum. O surgimento das 
indústrias em centros urbanos provocou um enorme fluxo migratório dos camponeses para 
as cidades. Porém, estas não tinham a menor condição infraestrutural de suportar tamanho 
crescimento populacional, o que agravou, ainda mais, a situação social já caótica. Os 
problemas sociais, que se manifestavam por meio de prostituição, aumento da criminalidade, 
fome, pobreza, falta de saneamento básico, acabaram provocando epidemias (sobretudo de 
tifo e cólera) e, consequentemente, a degradação da família.
Martins (1993, p. 12-13) elucida o contexto europeu do início da Revolução Industrial da 
seguinte forma:
Entre 1780 e 1860, a Inglaterra havia mudado de forma marcante a sua fisionomia. 
País de pequenas cidades, com uma população rural dispersa, passou a comportar 
enormes cidades, nas quais se concentravam suas nascentes indústrias, que 
espalhavam produtos para o mundo inteiro [...]. Estas cidades passavam por um 
vertiginoso crescimento demográfico, sem possuir, no entanto, uma estrutura de 
1 Consiste na classe operária, caracterizada pela condição permanente de assalariada.
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Análise de Contextos e Desafios Contemporâneos
5
moradias, de serviços sanitários, de saúde, capaz de acolher a população que se 
deslocava do campo. Manchester, que constitui em um ponto de referência indicativo 
desses tempos, por volta do início do século XIX era habitada por setenta mil 
habitantes; cinquenta anos depois, possuía trezentas mil pessoas.
Nesse momento também surgiram manifestações sociais, sobretudo em razão das 
péssimas condições de trabalho impostas pela indústria nascente, como apresenta Paixão 
(2012, p. 30-31):
As péssimas condições de vida e de trabalho dadas à classe trabalhadora, não 
foram aceitas passivamente e levaram a várias reações dos trabalhadores, desde 
manifestações mais descontroladas, como destruição de máquinas, sabotagem no 
trabalho, roubos e explosão de algumas oficinas, até iniciativas mais organizadas, 
como o movimento cartista, e as Trade Unions [...]. Estas últimas foram se organizando 
cada vez mais e mudando o seu teor, culminado na criação dos sindicatos.
1.2 Revolução Francesa
Surgiu em 1789, motivada pelas desigualdades sociais causadas pelo absolutismo e 
pela influência da igreja sobre as decisões do Estado. A Revolução Francesa foi o movimento 
responsável pela queda do antigo regime, ou “Ancien Régime”, e pela ascensão ao poder de 
uma nova classe, os burgueses, que eram os comerciantes da época.
Sob o lema: Liberdade, Igualdade e Fraternidade, a burguesia tomou o poder que antes 
pertencia aos monarcas, aos aristocratas e à Igreja, e estes perderam, ainda, parte do seu 
patrimônio com o confisco de terras.
As revoluções juntas seguiam seu curso transformando, significativamente, a face 
socioeconômica da Europa e por onde mais se estendiam. Vários dos problemas de ordem 
social se aprofundavam e as respostas não eram suficientes para apontar soluções. Os 
impactos das mudanças na sociedade europeia foram tão profundos que a sociedade passou 
a ser vista como objeto de análise dos pensadores daquele momento. E estes, apesar de não 
serem sociólogos, convergiam para o fato de que os fenômenos provocados pelas revoluções 
mereciam ser analisados.
A sociologia surgiu como uma resposta intelectual às novas conformações da realidade 
social provocadas por essa dupla revolução. O surgimento de um novo sistema – com as 
lutas de classe, as transformações tecnológicas e a individualização do pensamento e dos 
interesses – gerou um contexto cuja complexidade dos fenômenos definiu a sociedade como 
um “problema”, um “objeto” de investigação para a sociologia.
Cabe destacarmos que o surgimento da sociologia também foi possível graças às 
contribuições teóricas dos pensadores, das correntes de pensamento surgidas do movimento 
renascentista, e das novas técnicas e dos novos métodos de investigação científica.
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Análise de Contextos e Desafios Contemporâneos
6
2 Abordagem conceitual
A compreensão da realidade social passa, necessariamente, pelo estudo dos inúmeros 
fatores que influenciam e são influenciados pelo comportamento humano, em cadeias ou 
redes de interações e relações, e criam novos fatos ou fenômenos sociais.
Conforme Gil (2011, p. 1) afirma: “Sociologia é a ciência que estuda as relações sociais, 
as instituições e a sociedade”.
O conceito de sociologia, apesar da complexidade dessa ciência, parece bastante simples.
Figura 1 – As definições mais utilizadas sobre a sociologia
Sociologia
é a ciência que estuda a 
interação do indivíduo com 
a sociedade, as relações 
que ele mantém, a sua 
inserção na coletividade;
é o estudo da vida 
social dos grupos e 
das sociedades;
é o estudo da 
sociedade e da 
organização da 
vida social;
é a ciência que 
estuda as 
sociedades.
Para Durkheim (2008), o entendimento da sociologia deve passar pela compreensão 
do fato social, que consiste na unidade básica de análise social nessa área da ciência. O 
fato social tanto pode ser coercitivo, representando a expressão da vontade coletiva, como 
pode ser exterior, existindo independentemente do indivíduo. Nessa direção, podemos 
afirmar que o autor concebe o papel da sociologia como a ciência que se ocupa do estudo 
dos fatos sociais.
A sociologia interage com muitas áreas do conhecimento em função de estudar aspectos 
do comportamento humano em sociedade. Ela não detém a exclusividade do conhecimento 
científico sobre a sociedade; portanto, há uma necessidade de interação com áreas como: 
direito, psicologia, economia, administração, política, história, antropologia,entre outras.
A abordagem conceitual facilita o significado prático que a sociologia deve ter, porque 
se posiciona no campo das ciências sociais, considerando o homem e a sociedade como 
problema e objeto de estudos. 
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Análise de Contextos e Desafios Contemporâneos
7
Por meio da sociologia, podemos estudar várias questões, por exemplo: a violência é um 
produto da sociedade? Por que as mulheres recebem salários menores que os homens? Quais 
as causas e as consequências da violência contra as mulheres? Qual o papel dos movimentos 
sociais? Qual o papel dos partidos políticos? Quais são as implicações socioeconômicas do 
êxodo rural?
Considerações finais
Compreendemos o contexto inicial das grandes transformações que motivaram 
o surgimento da sociologia como ciência. Dessa forma, pensar em sociologia significa 
materializar, por meio da aplicação de métodos, técnicas e modelos de investigação social, as 
relações mantidas em sociedade.
Você também pôde perceber que o surgimento da sociologia não ocorreu exclusivamente 
em razão dos problemas sociais advindos das supracitadas revoluções. O Renascimento e o 
Iluminismo, juntamente com a Revolução Industrial e a Revolução Francesa contribuíram para 
o surgimento da sociologia como ciência. Dessa forma, o maior desafio para os pensadores 
daquele contexto consistia em formular explicações para a nova ordem instalada, com base 
na ciência e na racionalidade.
O movimento de transformações na sociedade é contínuo; portanto, as explicações 
possuem um contexto, e não são definitivas.
Referências 
GIL, Antonio Carlos. Sociologia Geral. São Paulo: Atlas, 2011.
LEAL, Rogério Gesta. Nicóllo Machiavelli. In: MEZZAROBA, Orides (Org.). Humanismo político: 
presença humanista no transverso do pensamento político. 1. ed. Florianópolis: Fundação 
Boiteux, 2007. v. 1. p. 141-152.
MARTINS, Carlos Benedito. O que é sociologia. 32. ed. São Paulo: Editora Brasiliense, 1993.
PAIXÃO, Alessandro Eziquiel da. Sociologia geral. Curitiba: Intersaberes, 2012.
WEFFORT, Francisco Corrêa. Os clássicos da política: Maquiavel, Hobbes, Locke, Montesquieu, 
Rousseau, “O Federalista”. São Paulo: Atlas, 1993. v. 1.
Análise de Contextos e Desafios 
Contemporâneos
Aula 02
As contribuições de Comte, Durkheim, Marx e Weber
Objetivos Específicos
• Apresentar os principais autores estudados no curso, estabelecendo 
articulações entre suas produções acadêmicas e situações atuais.
Temas
Introdução
1 Os autores
Considerações finais
Referências
Antonio Marcos Feliciano
Professor Autor
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Análise de Contextos e Desafios Contemporâneos
2
Introdução
A sociologia busca explicar, cientificamente, as questões existentes dentro dos fenômenos 
sociais, ainda que o indivíduo não os perceba ou compreenda.
Outras ciências, por exemplo, medicina, física e química, oferecem à sociedade seus 
estudos e são creditadas com o status de uma ciência verdadeira. Da mesma forma, a 
sociologia cumpre esse papel oferecendo a possibilidade de compreensão e resolução dos 
problemas sociais. Seus fundadores – Comte, Durkheim, Marx e Weber – sempre trataram de 
destacar, em suas obras e teorias, a sociologia como uma ciência que busca a compreensão 
da realidade como ela é.
A sociologia surgiu no século XIX, sob ampla influência filosófica do positivismo, e recebeu 
suas primeiras contribuições de Auguste Comte, as quais foram ampliadas, posteriormente, 
por Émile Durkheim.
E o debate teórico se aprofundou. Outros pensadores, como Karl Marx, que apresentou 
uma nova perspectiva de análise da sociedade a partir da sua teoria socialista, e Max Weber, 
cujas ideias e teorias voltaram-se à ação social, desenvolveram o escopo de análise sociológica, 
oferecendo robustez teórica a ponto de serem considerados, esses quatro pensadores, os 
fundadores da sociologia como ciência.
Faremos, nesta aula, uma abordagem sobre o papel da sociologia para esses autores, 
suas obras e, também, acerca dos olhares sobre a investigação científica da sociologia em 
relação à sociedade.
1 Os autores
Como sabemos, a sociologia surgiu como a resposta intelectual para as transformações 
de ordem social vividas na Europa, decorrentes da chamada dupla revolução (Revolução 
Industrial e Revolução Francesa). E esse contexto de contradições vivido pela sociedade 
europeia, juntamente com o aparecimento de inúmeros pensadores, e suas contribuições 
teóricas estimularam o surgimento da sociologia como ciência.
A seguir, vamos abordar um pouco mais sobre cada um desses pensadores, começando 
com Auguste Comte.
1.1 Auguste Comte
Auguste Comte (1798-1857) nasceu em Montpellier, na França. Vivenciou, desde a infância, o 
contexto dos desdobramentos da dupla revolução. Teve formação em filosofia e matemática, 
chegando a estudar medicina e fisiologia. Comte também é considerado o “pai do positivismo”.
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Análise de Contextos e Desafios Contemporâneos
3
O positivismo defende a ideia de que o conhecimento científico é a única forma de 
conhecimento verdadeiro. Para os positivistas, somente é possível afirmar que uma teoria é 
correta se ela for comprovada por meio de métodos científicos. Os positivistas desconsideram 
os conhecimentos ligados à metafísica ou qualquer outro conhecimento que não possa ser 
comprovado cientificamente, como forma de explicar os fenômenos sociais. Para os positivistas, 
o progresso da humanidade depende exclusivamente dos avanços científicos.
Comte, em 1816, ingressou na Escola Politécnica de Paris, onde teve contato com 
obras e pensadores que o influenciaram. Segundo Gianotti (1978, p. 11), um ano depois de 
ingressar na Escola Politécnica, tornou-se discípulo de Saint Simon (1760-1825). Essa relação 
foi proveitosa para Comte, pois acelerou seu processo de desenvolvimento intelectual.
Entre suas obras, destacamos: Curso de filosofia positiva, editado em seis volumes (1830-
1842); Discurso sobre o espírito positivo (1844); Política Positiva ou Tratado de Sociologia, 
dividido em quatro volumes (1851-1854); Catecismo Positivista ou Exposição Sumária da 
Religião Universal (1852); em 1856, publicou o primeiro volume (seriam quatro) da obra 
Síntese subjetiva. Seu falecimento, em 1857, deixou essa obra incompleta.
Comte foi o criador do termo sociologia, publicado na obra Curso de filosofia positiva 
(1839), associando-o ao estudo sistemático da sociedade. Segundo Paixão (2012, p. 49), “[...] 
a primeira denominação que a sociologia recebeu foi a de física social [...] relacionada com 
a maneira como os primeiros sociólogos pensavam e viam a sociedade”. Predominou, nesse 
período, a ideia de que a sociedade poderia ser investigada da mesma forma como as demais 
ciências: pela aplicação de métodos das ciências naturais às ciências humanas. Essa lógica, ou 
maneira de conceber as ciências humanas, acabou denominada de positivismo.
Comte viveu em meio aos desdobramentos da dupla revolução e acreditava que, por 
intermédio da observação e da lógica positivista, os problemas sociais poderiam ser explicados 
a partir de leis invariáveis, as mesmas que explicavam os fenômenos físicos, químicos e outros.
A filosofia positivista negava a metafísica ou qualquer possibilidade de análise subjetiva 
dos problemas sociais. Para Comte, e do ponto de vista positivista, caberia à sociologia 
identificar as leis que regiam a sociedade, aplicá-las para organizar a sociedade, pois esta 
estaria, enfim, pronta para o progresso.
1.2 Émile Durkheim
Durkheim nasceu em Épical, na França, em 1858. Estudou na École Normale Supérieure. 
Em 1877, assumiu a primeira cadeira de sociologia da Universidade de Bordeaux. Entre as 
obras mais importantes, estão: A divisão do trabalho social (1893); As regras do método 
sociológico (1894); O suicídio (1897); As formas elementares da vida religiosa (1912).
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Análise de Contextose Desafios Contemporâneos
4
Para Oliveira (2012, p. 2), Durkheim concebe a sociologia como “[...] a ciência que 
estuda os fatos sociais”. Ele considerava que a boa análise científica requer o distanciamento 
entre o pesquisador e o objeto pesquisado. Durkheim define o fato social como a unidade 
básica dos fenômenos sociais. E, para a análise desse fato, o pesquisador deverá se prender 
às suas propriedades, separando o envolvimento afetivo da análise racional. O fato social 
é exterior e definido como uma “coisa”; portanto, não é facilmente materializado como os 
fenômenos físicos.
Para Paixão (2012, p. 57), outra importante contribuição de Durkheim à sociologia 
consiste na ideia de superioridade da sociedade em relação aos indivíduos. Para esse autor, 
a sociedade não é formada pela ação dos indivíduos; ao contrário, ela forma e molda os 
indivíduos. Por isso, é importante estudarmos o fato social como unidade básica para a 
compreensão dos fenômenos que ocorrem na sociedade, já que ele consiste na forma de 
agir e de pensar dos indivíduos. Para Durkheim (2008), os fatos sociais são colocados pela 
sociedade aos indivíduos. Isso significa que as leis e as regras de comportamento da vida 
individual são definidas pela sociedade.
Durkheim (2008, p. 23) defende que o fato social possui três características:
Figura 1 – Características do fato social
Vamos analisar cada uma dessas características. Com relação à exterioridade, ao nascer, 
as regras de comportamento social estão prontas e são impostas ao indivíduo, cabendo a 
este moldar-se às regras da sociedade. A coercitividade é outra característica do fato social, 
e significa que ao indivíduo cabe obedecer à sociedade, para que não pesem sobre ele as 
coerções impostas aos que desrespeitam suas convenções. Há, ainda, a característica de 
generalidade, que expressa a vontade coletiva, o pensamento geral sobre o fato social.
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Análise de Contextos e Desafios Contemporâneos
5
Podemos usar a educação e a formação como exemplo. Quando nascemos, são 
repassados, para nós, os códigos sociais do grupo ao qual pertencemos, as regras de 
comportamento, os hábitos etc. Assim, nossa forma de agir, sentir e pensar são moldadas 
pela sociedade e suas instituições. Na escola, aprendemos mais sobre as regras e os códigos 
de comportamento em sociedade.
Gil (2011, p. 28) percebe que a ideia de superioridade também está presente na 
definição de Durkheim sobre a consciência coletiva, que é “[...] entendida como o sistema de 
representações coletivas numa determinada sociedade”.
Durkheim se preocupava com a diferenciação da sociologia com as demais ciências. 
Na obra “As Regras do Método Sociológico”, procura caracterizar e definir um método de 
investigação sociológica, destacando regras para uso nas pesquisas de caráter eminentemente 
sociológicas.
1.3 Karl Marx
Filósofo, economista e sociólogo, o alemão Karl Henrich Marx (1818-1883) nasceu 
em Trier, na Alemanha. Estudou na Universidade de Berlim, formando-se em 1841, com a 
tese “Sobre as Diferenças da Filosofia da Natureza de Demócrito e de Epicuro”. Em 1842, 
assumiu a chefia da redação do Jornal Renano em Colônia, e a publicação de seus artigos 
radical-democratas irritou as autoridades. Em 1843, mudou-se para Paris. E, em 1844, 
editou o primeiro volume dos Anais Germânico-Franceses, órgão principal dos hegelianos da 
esquerda, rompendo com os líderes desse movimento, Bruno Bauer e Ruge. Também neste 
ano, conheceu Friedrich Engels, que se tornou grande amigo e parceiro de muitas obras 
(KURKDJIAN; LIMA, 2014, p. 161).
Das inúmeras obras de Marx, destacamos: A miséria da filosofia (1847); O 18 de Brumário 
de Luís Bonaparte (1852); O Capital (1867-1894). Em parceria com Engels, escreveu: A 
sagrada família (1844); A Ideologia alemã (1845); O Manifesto Comunista (1847). Um dos 
mais proeminentes resultados dessa parceria consistiu na idealização do socialismo como 
modo de produção.
Marx baseava suas análises nas relações de trabalho e nas contradições que o sistema 
capitalista gerava, como a necessidade da pobreza e da mão de obra abundante.
Marx aborda duas contradições características da sociedade capitalista:
1. A primeira ocorre entre as forças produtivas, que não cessam de crescer, enquanto as 
relações de produção não se transformam no mesmo ritmo. 
2. Quanto mais cresce a riqueza, mais aumenta a miséria.
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Polêmico, e a exemplo dos demais pensadores, suas ideias mantêm-se vivas nos debates 
até os dias atuais. Inspirado nos ideais iluministas, Marx percebia a razão como fonte de 
explicação da realidade social e como forma de criação de uma sociedade mais justa.
Assim como Comte e Durkheim, Marx argumenta que a sociedade é maior que o 
indivíduo, visto que ela possui a estrutura de domínio em relação aos demais atores. Para Gil 
(2011, p. 31): “Marx acentua o conflito e a luta de classes, colocando as relações de poder e 
de força como centrais para a explicação do funcionamento da sociedade”.
Cabe destacarmos que, na visão de Marx, no escopo das relações produtivas, enquanto os 
empresários são proprietários dos meios de produção, o trabalhador possui apenas sua força 
para o trabalho, vendendo-a ou alugando-a ao empresário. Marx aponta que, nessa relação, 
o trabalhador, proletário, assalariado, sempre sai em desvantagem, pois é estabelecida a 
divisão social do trabalho, que são as relações produtivas ou de produção.
Nessa relação, o trabalhador, dono de sua força de trabalho, não é o proprietário 
daquilo que produz, cuja propriedade é do capitalista. Todavia, o trabalhador não percebe a 
expropriação do seu trabalho, julgando ser normal receber um salário. O trabalho consiste 
em apenas uma parte da riqueza produzida pelo trabalhador. A parte do trabalho agregada 
ao patrimônio do capitalista é denominada por Marx como mais-valia.
Visando a eliminar essas desigualdades nas relações de trabalho, Marx propõe a 
substituição do sistema capitalista pelo sistema socialista, pois neste os meios de produção 
não seriam de propriedade do capitalista, mas sim pertenceriam ao Estado. A evolução do 
sistema socialista é o comunismo1.
Para aprender mais sobre o comunismo, seu surgimento, sua ideologia e relação com o 
sistema capitalista, sugiro que veja o vídeo no link disponível na Midiateca da disciplina.
1.4 Max Weber
Karl Emil Maximilian Weber (1864-1920) nasceu em Erfurt, na Alemanha. Sua família 
era protestante, e seu pai foi um influente político liberal de direita. Com um ambiente 
doméstico estimulante, precocemente tornou-se um intelectual. Aos 17 anos, já cursava 
direito, abandonado, aos 19 anos, em função do serviço militar. Em 1894, foi nomeado 
professor de economia política na Universidade de Friburgo, Alemanha, transferindo-se para 
1 O comunismo pode ser definido como uma doutrina ou ideologia que visa à criação de uma sociedade sem classes sociais. De acordo com 
essa ideologia, os meios de produção (fábricas, fazendas, minas etc.) pertencem ao estado.
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a Universidade de Hildelberg em 1896. Diversas foram as obras escritas por Max Weber, 
entre as quais destacamos: A ética protestante e o espírito do capitalismo (1904); Economia 
e sociedade (publicada postumamente em 1922).
Diferentemente de Durkheim e Marx, que abordam as relações entre os indivíduos 
como produto da sociedade, Weber parte sua análise do indivíduo e de suas relações para 
compreender a dinâmica da sociedade. 
Quintaneiro, Barbosa e Oliveira (2002) e Paixão (2012) compartilham que o cerne da 
análise Weberiana é a ação social, considerando que o indivíduo racionalmente sempre 
possui alguma intencionalidade nas ações e relações. Na lógica Weberiana a partir da análise 
da intencionalidade dos indivíduos, é possível analisar os grupos, asinstituições; portanto, a 
sociedade. Weber considera haver muita subjetividade na ação social dos indivíduos, e que o 
conjunto delas é que move a sociedade. 
Para facilitar a compreensão da realidade, Weber desenvolve uma tipologia, denominada 
de tipo ideal. Quintaneiro, Barbosa e Oliveira (2002) e Paixão (2012) concordam que não existe 
materialmente o tipo ideal, visto que ele é fruto de uma construção teórica do pesquisador, 
baseada em aspectos históricos, sociais, econômicos do fenômeno ou contexto estudado.
Segundo Paixão (2012, p. 122), Weber classifica a tipologia da ação social em quatro tipos: 
1. Racional com relação a fins.
2. Racional com relação a valores.
3. Afetiva.
4. Tradicional.
No quadro a seguir, vamos apresentar uma descrição sobre os tipos de tipologia.
Quadro 1 – Tipologia das ações sociais
Racional com 
relação a fins
Racional com 
relação a valores
Afetiva Tradicional
O ator age 
racionalmente, 
selecionando e 
utilizando os meios 
mais adequados, para 
alcançar o fim desejado.
O ator age 
racionalmente, com 
base em um valor, 
para alcançar o fim 
desejado. O valor pode 
ser estético, moral ou 
religioso.
O ator age emotiva e 
emocionalmente para 
alcançar o fim desejado. 
Pode ser considerado 
“irracional”.
O ator age com base na 
tradição e nos costumes 
para alcançar o fim 
pretendido.
Fonte: Paixão (2012, p. 122).
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Weber desenvolve sua tipologia de dominação na sociedade como forma de explicar o 
poder e a obediência dos indivíduos às regras de comportamento social. O próximo quadro 
apresenta a tipologia da dominação concebida por Weber.
Quadro 2 – Tipologia da dominação
Dominação Carismática Dominação Tradicional Dominação Racional-Legal
Baseia-se em um poder mágico, 
religioso. O líder carismático 
encarna um herói, um salvador.
Baseia-se em um poder herdado 
na tradição. O líder tradicional 
governa por uma “herança”.
Baseia-se na legitimidade das leis 
e na posição que os indivíduos 
ocupam na estrutura burocrática.
Fonte: Paixão (2012, p. 130).
Considerações finais
Nesta aula, estudamos que Comte, Durkheim e Marx entendem que a sociedade 
determina as relações entre os indivíduos. Também vimos a sociedade como objeto de 
análise. Entretanto, Weber aborda o caminho inverso, defendendo que o comportamento da 
sociedade define as relações individuais.
No escopo teórico, para os fundadores da sociologia, o seu objeto de estudos possui 
variações. Para Durkheim, o objeto de estudo da sociologia consiste na análise dos fatos 
sociais; para Weber, essa análise recai sobre a ação social; para Marx, a análise sociológica 
deve partir das relações de produção.
Com uma leitura histórica da evolução da sociedade, você pôde observar que os 
problemas ou as mudanças ocorrem no tempo e no espaço. Portanto, mesmo diante da 
robusta abordagem teórica que os autores ofereceram à sociologia, não contemplam, na 
sua amplitude, a resolução para todos os problemas que a sociedade enfrenta, devido à sua 
dinâmica, necessitando de novas análises teóricas e contextuais.
Referências
DURKHEIM, Émile. As regras do método sociológico. 10. ed. Lisboa: Presença, 2008.
GIANOTTI, José Arthur. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1978.
GIL, Antonio Carlos. Sociologia geral. São Paulo: Atlas, 2011.
KURKDJIAN, Anouch Neves de Oliveira; LIMA, Bruna Della Torre de Carvalho. Karl Marx, a história 
de sua vida. Revista Crítica Marxista, São Paulo, n. 38, p. 161-164, 2014. Disponível em: <http://
www.ifch.unicamp.br/criticamarxista/sumario.php?id_revista=49&numero_revista=38>. 
Acesso em: 2 ago. 2015.
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OLIVEIRA, Eric Monné Fraga de. O papel da sociologia segundo Émile Durkheim e Max Weber. Pós 
– Revista Brasiliense de Pós-Graduação em Ciências Sociais, v. 11, p. 296-316, 2012. Disponível 
em: <http://periodicos.unb.br/index.php/revistapos/article/view/8664/6555>. Acesso em: 2 
ago. 2015.
PAIXÃO, Alessandro Eziquiel da. Sociologia geral. Curitiba: Intersaberes, 2012.
QUINTANEIRO, Tania; BARBOSA, Maria Ligia de Oliveira; OLIVEIRA, Márcia Gardênia Monteiro. 
Um toque de clássicos: Marx, Durkheim e Weber. 2. ed. rev. ampl. Belo Horizonte: Editora 
UFMG, 2002.
Análise de Contextos e Desafios 
Contemporâneos
Aula 03
Estrutura social, classes e interação entre agentes
Objetivos Específicos
• Definir interação social e sua importância nas estruturas sociais; distinguir as 
relações entre status, papel, relações e instituições.
Temas
Introdução
1 Estrutura social como fator relevante na dinâmica da sociedade
Considerações finais
Referências
Antonio Marcos Feliciano
Professor Autor
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Introdução
Uma frase antiga, dos tempos de Aristóteles (384-322 a.C.), diz que “o homem é um 
animal social”. Seu significado perpassa gerações e se mantém atual.
Essa percepção consiste no fato de os seres humanos serem mais dependentes de seus 
pares do que os demais, ou seja, o homem precisa de seus pares para se desenvolver e, 
também, para aprimorar processos, como a comunicação, a interação social, a relação social, 
a socialização, entre outros, que são fundamentais. A espécie humana nasce com muitas 
habilidades, voltadas às relações sociais, às interações, ao processo de socialização, e que 
ampliam seu potencial de desenvolvimento.
O ser humano depende da aprendizagem, obtida pela interação social, para sua 
sobrevivência. É por meio da aprendizagem que o indivíduo incorpora valores, regras e 
códigos de comportamento social que são importantes para a vida em sociedade. De forma 
geral, essa interação ampara as estruturas sociais.
Evidentemente, alguns aspectos conferem nossa individualidade: nossos jeitos, nossas 
manias e preferências, por exemplo. Mas o fato é que, quando nascemos, a sociedade 
está constituída, com suas regras, leis e normas, enfim, com seus códigos que definem o 
comportamento humano.
A sociedade muda, mas essa evolução ocorre por meio de transformações derivadas, 
entre outros aspectos, pelas mudanças no comportamento do todo social. E essa mudança, 
por sua vez, decorre das interações mantidas pelos indivíduos na sociedade.
Nesta aula, abordaremos a interação social e sua importância na dinâmica da sociedade. 
Além disso, vamos apresentar e distinguir os elementos que compõem a estrutura social, 
quais sejam: status, papéis, relacionamentos e instituições sociais.
1 Estrutura social como fator relevante na dinâmica da sociedade
Durante os primeiros anos de vida de um indivíduo, sua família é responsável por 
apresentar, por intermédio da educação, alguns códigos do comportamento social. Nesse 
momento, a criança aprende algumas regras como a prática de higiene, comportar-se à mesa 
ou respeitar os mais velhos, entre outras que tendem a facilitar sua entrada na sociedade.
Durkheim (2008) pondera que a educação consiste em uma ação exercida pelas gerações 
adultas sobre as que ainda não estão amadurecidas para a vida social, executando papel 
fundamental na formação social do indivíduo.
Já inserida na sociedade e em certos ambientes, como a escola, a criança depara-se 
com uma oportunidade de socialização com outras crianças; assim, inúmeras interações 
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sociais são mantidas. A partir da escola, dos grupos de jovens, das amizades, e outras tantas 
interações, um indivíduo agrega novos códigos de comportamento, refinando sua educação 
e ampliando sua formação por meio do processo contínuo de socialização.
Existem alguns casos de isolamento humano, sobretudo entre crianças que foram 
privadas do convívio em sociedade, mantendo pouca ou nenhuma interação social. Esses 
indivíduos geralmente manifestam limitações significativasem relação aos comportamentos 
das pessoas que interagem com outras cotidianamente. É comum apresentarem problemas 
na fala, na articulação cognitiva, na compreensão das regras básicas de comportamento, na 
forma de se vestirem e de se alimentarem, com relação às práticas regulares de higiene, entre 
outras habilidades que foram limitadas pela ausência de interação social.
A melhor forma de atribuir significado à realidade da sociedade é através da 
interação social, na qual os indivíduos conseguem, de forma facilitada, cumulativamente 
aprender os códigos e perceber a realidade em que vivem.
Como podemos observar, na visão de Gil (2011), a interação social é o processo pelo qual 
pessoas agem e reagem em relação a outras, é uma ação de reciprocidade. Assim, é possível 
afirmarmos que o ator social orienta seus atos para outros indivíduos.
Além disso, devemos perceber de que nem toda ação é social. Por exemplo, quando 
estamos nos alimentando, agimos por uma necessidade fisiológica e não em função de outros. 
Todavia, o nosso comportamento, aos nos alimentarmos, consiste em uma ação social, pois 
estamos considerando as outras pessoas quando seguimos regras de etiqueta.
Portanto, sociologicamente o relevante não é a ação que o indivíduo faz para si, mas o 
que os sujeitos da ação fazem entre si. Por meio da interação social ocorrem diversas; por 
isso, ela é considerada por muitos autores como um processo social básico, que se encontra 
na fonte da ação humana, sendo também a fonte da socialização.
Gil (2011, p. 77) afirma que:
A interação é que determina o que somos, pois ela influencia nossas crenças, valores, 
atitudes, autoimagem e identidade. Somos formados, reafirmados e alterados à 
medida que interagimos. A rigor, o que cada um de nós é hoje o é em decorrência da 
interação [...]. A interação é, portanto, a base da estrutura social.
Dessa forma, a interação é a base de sustentação da estrutura social, e esses dois 
elementos são fundamentais para a vida em sociedade.
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Vamos compreender que a estrutura social representa o contexto formado a partir das 
relações entre os indivíduos. Essa estrutura é formada por quatro elementos: status, papéis, 
relacionamentos (relações interpessoais) e instituições sociais.
Para facilitar sua compreensão, vamos analisar cada um desses elementos.
1.1 Status
De forma simplificada, Gil (2011, p. 82) afirma que o “[...] status corresponde à posição 
que o indivíduo ocupa na estrutura social”. O status de uma pessoa pode ser mais baixo ou 
elevado a partir do julgamento do grupo do qual esse indivíduo faz parte.
Em qualquer sociedade, o status mais elevado confere poder, prestígio, privilégio, 
dependendo da valorização definida para cada posição social. Por isso, costuma-se rotular as 
pessoas de acordo com o status que ocupam, encaixando-as na sociedade. O status pode ser 
classificado em dois tipos:
• Aquele que é atribuído pela sociedade.
• Aquele que é adquirido por esforço próprio.
O primeiro tipo de status está relacionado com o atribuído ao indivíduo pela sociedade. 
Pode ser definido conforme o papel que o indivíduo ocupa na sociedade, por exemplo, por 
seu gênero, sua idade, classe social ou profissão.
No segundo tipo, a relação diz respeito à capacidade de projeção do indivíduo na 
sociedade. Por exemplo, uma pessoa que desempenha bem o papel de estudante pode 
se tornar um profissional bem-sucedido, ou seja, o esforço pessoal desse indivíduo acaba 
proporcionando um status de reconhecimento pela sociedade.
1.2 Papéis
Na vida social, há um padrão de interação, o qual serve de referência a um indivíduo 
para que saiba como se comportar em determinadas situações e que comportamento deve 
esperar de outras pessoas.
Gil (2011, p. 83) define o papel social como o “[...] conjunto de direitos, obrigações 
e expectativas que acompanha o status no sistema social”. Precisamos esclarecer que, de 
acordo com as regras dos grupos sociais, o comportamento do indivíduo está relacionado 
diretamente ao status que ele ocupa. Quando um indivíduo não cumpre seu papel social, 
ou seja, não age de acordo com que é esperado pelo grupo ao qual pertence, causa um 
desconforto entre os membros; e, nesse caso, diz-se que fez um “papelão”.
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A importância de haver um padrão nas relações sociais facilita que as pessoas entendam, 
de acordo com o status atribuído a cada uma delas, qual papel é esperado no dia a dia.
Há também o conflito de papéis, situação em que o indivíduo fica dividido entre papéis 
distintos para o mesmo grupo ou diferentes instituições. Um exemplo simples é quando um 
colaborador de uma empresa possui a função de trabalhar e gerir um departamento; afinal, 
nessa situação, ele assume os papéis conflitantes de ser o supervisor e, ao mesmo tempo, o 
colega de trabalho dos demais colaboradores. Outros exemplos podem ser mencionados: um 
legislador não poder legislar em causa própria ou fato de um jurado não poder ter vínculo 
familiar ou afetivo com o réu. Enfim, diversas vezes, constatamos situações complexas.
1.3 Relacionamentos
Vamos refletir: em nosso dia a dia, quais as atividades realizamos sem envolver nenhum 
outro indivíduo? Talvez você pense em alguma; mas, essa não será tarefa fácil, pois a grande 
maioria das nossas ações requer a presença de outras pessoas. Uma característica da 
socialização humana é a ação de várias pessoas em interação. Outras pessoas se envolvem ou 
são envolvidas nas suas ações sociais, seja no trabalho, na escola, em casa, na rua, na igreja 
ou, até mesmo, atuando no filme ao qual você está assistindo sozinho em casa.
Segundo Gil (2011, p. 86), o que liga um indivíduo ao outro é “[...] a norma social da 
reciprocidade que estabelece a obrigatoriedade da resposta a determinados comportamentos”. 
Tal reciprocidade faz parte da teoria social da troca que permeia as relações humanas em 
sociedade, envolvendo basicamente custos e recompensas. Segundo essa teoria, os indivíduos 
avaliam os custos e as recompensas das suas ações ao agirem.
O relacionamento entre os indivíduos pode ser caracterizado em quatro processos, 
estes podem se manifestar isoladamente ou combinados na mesma ação social, são eles: a 
competição, a cooperação, o conflito e/ou a troca. Podemos citar um exemplo: dois irmãos 
que estudam para o vestibular, no qual disputarão a mesma vaga. Sem dúvida, vemos uma 
mesma ação, visto que o relacionamento existente entre os dois indivíduos possui duas 
características, eles cooperam enquanto estudam juntos, porém competem pela vaga.
1.4 Instituições sociais
Todas as sociedades mantêm suas instituições sociais que, segundo Gil (2011, p. 86), 
“[...] consistem no conjunto de normas, valores, status e papéis que proveem uma estrutura 
para o comportamento na vida social”.
Na mesma direção, Paixão (2012) afirma que as instituições são tipos de organização 
estáveis, fundamentadas em regras e em regulamentos padronizados, que não precisam ser 
escritos em forma de leis, mas que são socialmente reconhecidos e aceitos.
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Você deve perceber que há um conjunto de instituições que disseminam as regras sociais 
para a sociedade, como a igreja, a escola, a família, as prisões, entre outras.
Um exemplo: na escola, é assegurada a educação, e esta é baseada em determinados 
valores sociais de uma geração para a outra. Outro exemplo pode ser atribuído ao sistema de 
segurança pública, que atua com base no princípio da segurança individual; portanto, aplica 
regras sociais, obtendo ou corrigindo o curso dos que não respeitam essas regras e/ou os 
valores coletivos. O entendimento do papel das instituições como difusoras das regras sociais 
é fundamental para a compreensão conceitual do assunto que estamos abordandonesta 
aula. Por esse motivo, recorremos a exemplos simples, com base na nossa realidade social.
De forma geral, essas instituições não somente contribuem para manter a continuidade 
e a estrutura da sociedade, respeitando regras e valores coletivos, mas também permitem 
que os indivíduos mudem seu status social e seus papéis.
Para entender mais sobre a estrutura social, e a relação entre o indivíduo e a sociedade, 
veja o vídeo explicativo, o link está disponível na Midiateca de sua disciplina.
Após entendermos cada um dos elementos da estrutura social, veremos um resumo com 
as principais características de cada um desses elementos no quadro a seguir.
Quadro 1 – Elementos da estrutura social
Status Papéis sociais Relacionamentos Instituições sociais
Posição que o indivíduo 
ocupa na estrutura 
social. Funciona como 
um rótulo, pois mostra 
como o indivíduo se 
encaixa na sociedade.
Conjunto de 
direitos, obrigações 
e expectativas que 
acompanham o status 
que o indivíduo ocupa.
Habilitam as pessoas a 
lidar com o seu dia a dia.
O conflito de papéis 
pode existir.
Existem em quatro 
processos: competição, 
cooperação, conflito 
e trocas. Podem se 
manifestar isoladamente 
ou ser combinados na 
mesma ação social.
Conjunto relativamente 
estável de normas, 
valores, status, papéis, o 
qual provém e mantém 
a estrutura social para 
o comportamento 
individual e coletivo.
Fonte: Adaptado de Gil (2011, p. 89-90).
Considerações finais
Nesta aula, estudamos alguns aspectos relacionados à interação social, à estrutura social e 
a seus quatro elementos: o status, os papéis sociais, os relacionamentos e as instituições sociais.
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A relevância dessa abordagem refere-se à necessidade de socialização que o ser humano 
possui, pela sua condição de “animal social”.
Você percebeu que, no âmbito da estrutura social, a complementaridade é uma 
importante característica dos seus elementos, pois estes refletem a vontade coletiva, a cultura 
de um grupo, de uma cidade, de um país. A conexão existente entre as pessoas em sociedade 
é visível a partir de seus elementos e sua dinâmica define mudanças no seio da sociedade.
Referências
DURKHEIM, Émile. As regras do método sociológico. 10. ed. Lisboa: Presença, 2008.
GIL, Antonio Carlos. Sociologia geral. São Paulo: Atlas, 2011.
PAIXÃO, Alessandro Eziquiel da. Sociologia geral. Curitiba: Intersaberes, 2012.
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Contemporâneos
Aula 04
A contribuição de Durkheim no entendimento da articulação 
social
Objetivos Específicos
• A sociedade, os fatos sociais e sua imposição sobre os indivíduos.
Temas
Introdução
1 Durkheim e a articulação social
2 Fato social
Considerações finais
Referências
Antonio Marcos Feliciano
Professor Autor
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2
Introdução
Para percebermos a amplitude das contribuições que Durkheim ofereceu à sociologia, é 
necessário compreendermos o papel por ele atribuído pela própria ciência e sua ideia a partir 
do seu elemento fundamental, a sua unidade básica, que é o fato social.
Em sua construção teórica, Durkheim afirma existir uma relação de superioridade da 
sociedade em relação aos indivíduos, isto é, em sua concepção, o indivíduo encontra a 
sociedade já formada ao nascer, assim não é ele quem molda a sociedade, mas o contrário. 
Assim, por meio das instituições sociais e dos fatos sociais, a sociedade modela os indivíduos.
Durkheim contribuiu muito com essa ciência ao divulgar e explicar seu método de 
investigação, e foi justamente a proposição de um método de investigação para a sociologia 
que possibilitou seu reconhecimento científico.
Positivista e contemporâneo, dos desdobramentos das revoluções Industrial e Francesa, 
esse autor acreditava que, para enfrentar os problemas sociais, a sociedade teria de se organizar 
e atuar firmemente sobre a fragilidade moral que abalava o comportamento dos indivíduos. 
Para Durkheim, somente dessa forma, a sociedade estaria preparada para o progresso.
Nesta aula, faremos uma abordagem que procura apresentar as contribuições de Émile 
Durkheim, um dos mais importantes autores clássicos da sociologia. Navegaremos por sua 
ampla construção teórica, apresentando sua teoria, as características do fato social, o poder 
coercitivo que a sociedade exerce sobre os indivíduos, entre outros assuntos.
1 Durkheim e a articulação social
Nascido em 1858, na cidade francesa Épinal, o autor e pensador partia da ideia de que 
os valores morais constituem elementos eficazes ao enfrentamento das crises econômicas e 
políticas, e que também possibilitam o relacionamento estável e duradouro entre os homens.
Nesse sentido, Durkheim compreendia que o comportamento individual não poderia 
prevalecer sobre os interesses coletivos; portanto, a sociedade, ainda que coercitivamente, 
moldaria os indivíduos.
Dessa forma, dedicou-se à tarefa de estabelecer um objeto de estudo e um método de 
investigação para a sociologia, para que esta se tornasse independente, distinta das demais 
ciências, e que seu objeto de estudos não fosse confundido com o objeto de estudos de 
outras ciências. Segundo Gil (2011, p. 19):
Durkheim se distinguiu dos demais porque suas ideias transcenderam o nível de 
reflexão da filosofia e passaram a constituir um conjunto sistemático de pressupostos 
teóricos e metodológicos sobre toda a sociedade. Foi ele quem realmente abandonou 
a especulação dos positivistas e apresentou a sociologia como uma ciência rigorosa, 
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3
centrada na verificação de fatos que poderiam ser observados, mensurados, e 
relacionados mediante dados coletados diretamente pelos cientistas.
Martins (1993, p. 49) menciona que, na abordagem de Durkheim, a sociologia deveria se 
ocupar com os fatos sociais que se apresentavam aos indivíduos como exteriores e coercitivos, 
e destaca o papel impositivo que a sociedade deveria manter sobre eles, que se comportavam 
seguindo regras socialmente aprovadas.
Nessa perspectiva, é possível identificar que Durkheim concebia os homens, 
individualmente, como sujeitos incapazes de negar e transformar sua realidade histórica; por 
isso, deveriam se sujeitar às regras sociais e à hierarquia social. 
A partir dessa abordagem, Martins (1993, p. 50) continua: “[...] a função da sociologia, seria 
a de detectar e buscar soluções para os problemas sociais, restaurando a normalidade social”.
A normalidade social pode ser traduzida como a manutenção da ordem social, a 
organização da sociedade. Em razão disso, conforme Durkheim, era necessária a coercitividade 
dos fatos sociais. Resumidamente, ele se preocupava com os fenômenos sociais concretos, 
passiveis de estudos a partir de regras metodológicas de investigação; assim, através desse 
pensamento, via o objeto de estudo da sociologia de forma distinta.
2 Fato social
Na sociedade atual, muito se fala sobre direitos e deveres. Durkheim (2008) aborda 
essa questão a partir de que tanto os direitos como os deveres são socialmente construídos 
e aceitos, ou seja, somente são legitimados pela coletividade. As exceções são tratadas na 
forma de penalidades previstas em leis.
Como sabemos, para Durkheim (2008, p. 23), o fato social consiste na maneira de agir, 
pensar e sentir, imposta pela sociedade aos indivíduos. Como os fatos sociais representam a 
vontade coletiva, esta prevalece sobre os interesses individuais. 
Já Quintaneiro, Barbosa e Oliveira (2002, p. 62) adicionam que o fato social é algo dotado 
de vida própria, externo aos membros da sociedade e que exerce sobre o coração e a mente 
destes uma autoridade que os leva a agirem, pensarem e se sentirem de determinadas 
maneiras, seguindo os padrões sociais.
Dessa forma, podemos perguntar: como materializar ou perceber o fato social na sociedadeou nas relações sociais?
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Para responder a essa reflexão, devemos fazer a seguinte observação: embora haja 
divergências no seio de um movimento social, os indivíduos que fazem parte de determinado 
grupo agem de maneira muito semelhante, pois estão agindo em conformidade com a regra 
geral desse grupo, e também atuam a partir das regras gerais e das leis da sociedade.
Para facilitar a compreensão, vamos analisar alguns exemplos. Como os motoristas 
agem ao se depararem com o sinal vermelho no semáforo? Todos sabem que a parada é 
obrigatória, pois esta ação está prevista no código de trânsito; no entanto, alguns avançam 
o sinal vermelho, desrespeitando as leis. Quais as regras do casamento? Existem algumas 
explicitadas em lei e outras fazem parte do código de conduta. Um homem e uma mulher 
podem se arriscar praticando um ato de traição mesmo sabendo que a lei poderá puni-los 
por isso; no entanto, possivelmente, em grupos mais conservadores, são as sanções morais 
que pesam mais sobre os indivíduos do que as punições legais aplicadas para esses casos. 
Esses exemplos procuram contextualizar a existência dos fatos sociais na sociedade, que se 
manifestam por meio de leis, regras sociais, valores, códigos de conduta e devem ser seguidos 
pelos indivíduos, pois são, ao mesmo tempo, coercitivos, externos e gerais.
2.1 Características do fato social
Para Durkheim (2008), os fatos possuem três características: a coercitividade, a 
exterioridade e a generalidade.
Com relação à exterioridade, Durkheim argumenta que, ao nascer, as regras e as normas 
de comportamento social estão prontas, sendo gradativamente apresentadas aos indivíduos, 
cabendo a estes aprender as regras da sociedade em que vivem. A coercitividade é outra 
característica do fato social, a qual determina que ao indivíduo cabe obedecer à sociedade, 
para que não pesem sobre ele as coerções impostas a quem desrespeita as convenções 
sociais. O fato social tem a característica de generalidade, porque expressa a vontade coletiva, 
o pensamento geral da sociedade.
Os fatos sociais são exteriores ao indivíduo pelo fato de estarem presentes na sociedade 
e de ocorrerem independentemente da vontade individual. Além disso, como estão na 
sociedade e não sendo admitidos de forma particular, Durkheim (2008) considera que os 
fatos sociais também são gerais. Por último, se os fatos sociais existem independentemente 
da vontade individual e são legitimados pela sociedade – portanto, regrados pelo coletivo 
–,também são coercitivos, tanto que são previstas punições para os desvios individuais.
Definindo o fato social como coisa, Durkheim (2008) busca estabelecer materialidade ao 
fato social, visto que este é passível de observação e investigação humana, requerendo, para 
sua explicação, uma abordagem científica mediante a aplicação do método de pesquisa. Com 
isso, afasta-se a possibilidade do uso do senso comum para explicar os fenômenos sociais. Na 
visão de Paixão (2012, p. 61), por tratar o fato social como objeto do conhecimento científico, 
Durkheim enfatiza a necessidade de o pesquisador social adotar uma posição de neutralidade 
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e objetividade em relação ao seu objeto de estudos, afastando qualquer possibilidade de ser 
influenciado por sua opinião ou posição pessoal em relação ao objeto investigado.
Isso não significa que o pesquisador não possa ter opinião pessoal sobre os fatos estudados, 
que não possa ter preferência política. O que Durkheim acentua é que o pesquisador não 
pode se deixar influenciar por suas preferências ao analisar os fatos sociais.
Durkheim (2008, p. 13) acentua que a coerção social está em tudo, tanto manifestada na 
forma de lei, como nos códigos sociais ou nas regras morais, no crime, na violência, na forma 
de se vestir, de se alimentar, no comportamento em público, cabendo ao indivíduo acatar. 
Nesse sentido, Durkheim alerta que até mesmo o que pensamos é produto da sociedade, por 
receber influências externas.
A moral é outro aspecto que ocupa espaço importante na teoria durkheimiana, a partir 
da constatação de que os problemas da sociedade da época não poderiam ser percebidos 
apenas como desdobramentos de uma crise econômica, mas de uma crise moral.
Para Quintaneiro, Barbosa e Oliveira (2002, p. 87) esse aspecto da teoria de Durkheim 
faz sentido, pois a moral é compartilhada socialmente; portanto, ela é formada por um 
conjunto de valores e normas, sendo aceita coletivamente por expressar a noção de dever e 
por constituir uma espécie de obrigação ao indivíduo. Por exemplo, é com base na moral que 
se estabelecem os julgamentos, tanto de opinião pública, como nos tribunais, pois a moral 
significa seguir o caminho do bem coletivo.
Para aprender um pouco mais sobre Émile Durkheim e sua contribuição para a sociologia, 
veja o vídeo disponível na Midiateca da disciplina.
Considerações finais
Nesta aula, apresentamos alguns aspectos relacionados às contribuições de Durkheim 
para a sociologia. Abordamos o conceito de fato social, que, segundo Durkheim, consiste 
no objeto de estudo da sociologia. Também foram apresentadas as características do fato 
social, contextualizadas por meio de exemplos, por meio dos quais procuramos aproximar 
teoria e prática. Além disso, foram apresentados alguns aspectos sobre as regras do método 
sociológico desenvolvido por Durkheim.
Durkheim embasa sua teoria na ideia de que a sociedade forma os indivíduos; portanto, 
esses atuam sob as regras e as normas coletivas. Esse aspecto fica muito evidente na sua 
conceituação de sociologia, considerada a ciência das instituições, da sua gênese e do seu 
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funcionamento; na verdade, Durkheim indica que, no pano de fundo das instituições sociais, 
pairam todas as crenças, todos os comportamentos instituídos pela coletividade, o que é 
reforçado a partir da sua teoria da superioridade da sociedade em relação ao indivíduo.
Lembre-se de que a teria de Durkheim tem suas origens na filosofia positivista; para 
tanto, aborda a razão e a ciência como fatores determinantes à explicação dos fenômenos 
sociais, opondo-se às explicações de caráter empirista e emocional. Dessa forma, Durkheim 
destaca a necessidade fundamental de primeiramente organizar a sociedade para, em 
seguida, compreendê-la.
Uma das análises que podemos fazer sobre as contribuições de Durkheim para a 
sociologia e para a sociedade relaciona-se com a sua ideia central, de que a sociedade é maior 
que os indivíduos; portanto, estes devem ser moldados por ela. De outra forma, reduzido aos 
preceitos individuais, o homem não seria distinto dos demais animais, isto é, não seria um 
homem, pois não poderia ser considerado um ser social, mesmo com sua capacidade de 
pensar por meio de conceitos. São os conceitos, na lógica de Durkheim, que representam o 
pensamento da sociedade, o que justifica o caráter universal e impessoal que possuem.
Referências
DURKHEIM, Émile. As regras do método sociológico. 10. ed. Lisboa: Presença, 2008.
GIL, Antonio Carlos. Sociologia geral. São Paulo: Atlas, 2011.
MARTINS, Carlos Benedito. O que é sociologia. 32. ed. São Paulo: Editora Brasiliense, 1993.
PAIXÃO, Alessandro Eziquiel da. Sociologia geral. Curitiba: Intersaberes, 2012.
QUINTANEIRO, Tania; BARBOSA, Maria Ligia de Oliveira; OLIVEIRA, Márcia Gardênia Monteiro. 
Um toque de clássicos: Marx, Durkheim e Weber. 2. ed. rev. ampl. Belo Horizonte: Editora 
UFMG, 2002.
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Contemporâneos
Aula 05
O papel do trabalho na articulação dos indivíduos dentro das 
sociedades capitalistas, a partir da análise de Durkheim
Objetivos Específicos
• A articulação entre indivíduos na estrutura social capitalista.
Temas
Introdução
1 A divisão social do trabalhocomo elemento de manutenção do equilíbrio social
2 Tipos de solidariedade social
Considerações finais
Referências
Antonio Marcos Feliciano
Professor Autor
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Introdução
O contexto social vivido por Émile Durkheim passava por intensas transformações 
resultantes de sucessivas crises, sendo a maior delas, na visão dele, a crise moral. Essa crise 
se manifestava de forma contundente na geração de conflitos entre classes sociais, reforçada 
pela falta de ação das instituições sociais, tais como: a religião, o estado e a família. 
Como sabemos, Durkheim considera a sociedade como maior que os indivíduos, e a 
responsável por moldá-los, atribuindo, assim, a origem do fato social à sociedade e não aos 
indivíduos. Na sua visão, a sociedade pode ser comparada a um corpo vivo, em que cada parte 
cumpre com a sua função, como as células, mantendo o todo social. As partes não têm vida 
própria, mas criam uma relação harmônica de interdependência; dessa forma, necessitam 
manter relações harmônicas para garantir o equilíbrio do corpo social. E esse equilíbrio se 
torna relevante para a continuidade do modelo social.
Depois da Revolução Industrial e da Revolução Francesa, a sociedade caracterizou-
se por uma redução na eficácia de determinadas instituições anteriormente integradoras, 
como a religião e a família, já que as pessoas passaram a se agrupar segundo suas atividades 
profissionais. A família não era mais vista como uma unidade indivisível, perdendo sua influência 
sobre a vida privada de seus membros e da comunidade. Por outro lado, o Estado se distanciou 
das pessoas, aprofundando a individualidade, criando limites perigosos à coesão social.
Nesse contexto, a divisão do trabalho social é abordada por Durkheim não apenas pelo 
viés da especialização econômica como um fato criado pela sociedade capitalista mas também 
como um instrumento de freio moral, existindo nas diferentes instâncias e instituições da 
sociedade. Durkheim apresenta a divisão do trabalho como um mecanismo de integração social 
capaz de produzir solidariedade, visto que é estabelecida pela relação de interdependência 
no trabalho entre os indivíduos, oferecendo sentido às ações individuais no conjunto da 
sociedade, facilitando as relações entre indivíduos e entre estes e as instituições sociais.
Apresentaremos alguns novos conceitos de Durkheim, como o de anomia social, o de 
solidariedade mecânica e orgânica. Também iremos observar que a divisão do trabalho social 
cumpre, no escopo da teoria de Durkheim, o importante papel de articulação entre indivíduos 
e desses com a sociedade, por meio de relações interdependentes dos trabalhadores a partir 
da vocação profissional. 
1 A divisão social do trabalho como elemento de 
manutenção do equilíbrio social
Na visão de Durkheim (1999, 2008), a coesão social é fundamental para que os indivíduos 
partilhem dos mesmos códigos sociais e morais. Nesse sentido, a coesão social passa a ser 
percebida como uma necessidade para que sua ordem seja mantida.
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As instituições, como a religião, o estado e a família, são essenciais para que a sociedade 
molde os indivíduos, visando a seu relacionamento solidário; afinal, se permitirem que as 
pessoas exercitem excessivamente a individualidade, o equilíbrio social se tornará vulnerável, 
permanecendo à mercê dos caprichos e das vontades individuais.
Quintaneiro, Barbosa e Oliveira (2002, p. 69), afirmam que, no âmbito da teoria 
durkheimiana, a sociedade tem vida própria, sendo um ente superior que antecede e sucede 
os indivíduos, que não depende destes e possui sobre eles uma autoridade que, apesar 
de constrangê-los, eles amam. É a sociedade que concede a humanidade aos indivíduos. 
Nessa direção, a sociedade deve procurar, permanentemente, revigorar a moral para que 
os indivíduos, em atividades coletivas, tenham fortalecidas suas relações sociais, fazendo 
renascer crenças e valores sociais compartilhados em cada um deles. Assim, Durkheim (2008) 
alerta para a necessidade da ação das instituições sobre os indivíduos com o objetivo de 
manter a coesão social e os padrões morais.
Para Durkheim (1999, p. 18), moral é tudo o que é fonte de solidariedade, tudo 
o que força o indivíduo a contar com seu próximo ou a regular seus movimentos com 
base em outra coisa que não os impulsos de seu egoísmo, e a moralidade é tanto mais 
sólida quanto mais numerosos e fortes são esses laços.
Nesse sentido, Durkheim apresenta a solidariedade como aspecto responsável pela 
coesão social, capaz de unir indivíduos e grupos e de estabelecer a boa relação entre eles e as 
instituições sociais. Quintaneiro, Barbosa e Oliveira (2002, p. 70) consideram que Durkheim 
parte da ideia de que há duas consciências no ser humano. Uma é individual, representa a 
individualidade, “nós com nós mesmos”. A segunda consciência é a coletiva, baseada em 
crenças e valores sociais. E ambas as consciências devem ser objeto de ação das instituições 
sociais, como a religião, o Estado e a família. São essas duas consciências que facilitam a 
articulação entre os indivíduos, e entre eles com as instituições da sociedade, criando 
condições à coesão social a partir do espírito solidário estabelecido entre esses atores.
Segundo Durkheim (1999, p. 74), a consciência coletiva corresponde ao conjunto de 
crenças e sentimentos comuns à média dos membros de uma mesma sociedade, formando 
um sistema que tem vida própria. A partir dessa definição, podemos afirmar que a consciência 
coletiva deve ser maior que a individual, pelo fato de que, por meio da primeira, amplia-
se a possibilidade de maior coesão entre os participantes da sociedade, formada a partir 
da congregação entre consciências particulares em torno de uma consciência comum, 
criando uma espécie de relação de interdependência entre as consciências individuais. Dessa 
forma, a consciência individual deve ser menor para que os interesses particulares não se 
sobreponham aos coletivos.
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Durkheim deposita na divisão do trabalho social um importante mecanismo à coesão 
social, facilitado pela solidariedade existente entre os indivíduos a partir da especialização de 
seus papéis no trabalho. Por exemplo, no atual momento de especialização das profissões, 
temos: advogados, médicos, engenheiros, padeiros, cozinheiros, policiais, professores, entre 
outros. E essa especialidade é o que cria neles uma dependência forte o suficiente para 
manter um alto grau de solidariedade. O que Durkheim quer dizer é que o padeiro precisa do 
médico e vice-versa, que estes precisam do professor, que precisa do motorista, que necessita 
do policial, e assim sucessivamente; e essa dependência acaba estabelecendo relações 
fundamentadas na complementação das funções individuais em sociedade, mantidas a partir 
da vocação profissional desses indivíduos.
2 Tipos de solidariedade social
Conforme Gil (2011, p. 29), Durkheim define na obra Da Divisão do Trabalho Social, 
dois tipos de solidariedade social, quais sejam: a solidariedade mecânica e a solidariedade 
orgânica. O conceito de solidariedade torna-se importante nessa obra de Durkheim porque 
ele acreditava que a integração social seria encontrada mediante a interdependência entre 
os indivíduos, consolidada pela solidariedade social.
• Solidariedade mecânica: esse tipo de solidariedade corresponde às sociedades 
tradicionais, pré-capitalistas, marcadas por ampla homogeneidade social. Nelas, as 
culturas tradicionais partilham de crenças e valores comuns, cujo controle de padrões 
morais era estabelecido principalmente pela religião ou pelo poder do clã ou da 
nobreza, havendo pouco espaço para divergências. Nessas culturas, há baixa divisão 
do trabalho.
Segundo Quintaneiro, Barbosa e Oliveira(2002, p. 73), nesse processo, há uma 
aproximação entre os membros que formam a sociedade, em que a vida social 
generaliza-se, reduzindo os vácuos morais que separavam as pessoas.
• Solidariedade orgânica: esse tipo de solidariedade é típico da sociedade capitalista 
industrializada, supondo uma maior complexidade social e acentuada divisão do 
trabalho. Com a alta especialização da sociedade capitalista, ocorre a ampliação da 
divisão do trabalho, havendo a necessidade de criação de um sistema com base em 
direitos e deveres a serem respeitados pelos indivíduos.
Para Quintaneiro, Barbosa e Oliveira (2002, p. 74), a solidariedade orgânica institui 
um processo de individualização dos membros em sociedade que passam a ser 
solidários por terem uma esfera própria de ação, promovendo uma interdependência 
entre todos e cada um dos demais membros. Nessa direção, a função da divisão 
do trabalho consiste em: “[...] integrar o corpo social, assegurando-lhe a unidade”.
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O que faz com que os homens mantenham-se em sociedade, ou seja, por que os 
agrupamentos humanos não costumam desfazer-se facilmente e, ao contrário, desenvolvem 
mecanismos para lutar contra ameaças de desintegração?
Como “pano de fundo” dessa discussão, sobretudo associada ao contexto do surgimento 
da sociologia, podemos apresentar a ideia de que a existência da vida em sociedade depende 
da sua capacidade de organização, que define sua preservação. A falta de organização na 
sociedade apresenta-nos outro conceito, o de anomia social, que, segundo Quintaneiro, 
Barbosa e Oliveira (2002, p. 83), consiste na manifestação social de desregramento e de 
insatisfação que leva ao descumprimento dos deveres individuais, tornando precária a vida e 
os relacionamentos sociais, promovendo um corte nos laços sociais entre os indivíduos. Nessa 
visão, podemos afirmar que a anomia social é um fenômeno típico da sociedade capitalista, 
porque ocorre pelo exercício excessivo da individualidade.
A título de exemplo, podemos citar o caso da Síria, país que vive em meio a uma 
guerra civil, em que as instituições sociais deixaram de cumprir com o seu papel, e onde o 
individualismo está sendo praticado ao extremo. Nessas condições, ocorre um imenso fluxo 
migratório, porque os cidadãos preferem deixar o país, passando a morar em acampamentos 
de refugiados. Podemos também citar com exemplo o Brasil, em que as instituições, mesmo 
diante de uma grave crise econômica e de uma crise moral, mantêm-se atuantes, cumprindo 
com o papel de responder, ainda que vagarosamente, aos anseios da sociedade. No Brasil, a 
sociedade mantém suas relações com as instituições que a representa, fato que parece não 
ocorrer na Síria, onde as instituições perderam completamente a legitimidade social.
Preocupado com a coesão social, Durkheim (1999) percebeu que a divisão do trabalho 
social possui a função de produzir a solidariedade criando uma espécie de pacto de convivência, 
partindo da ideia de que os indivíduos aceitam um lugar social desde que haja uma ordem 
social e que essa conduza todos, em iguais condições, a um sistema justo e equilibrado de 
relações na sociedade.
Constituindo a divisão do trabalho social em um fato social, seu principal efeito implica 
aumentar o rendimento econômico das funções divididas e produzir solidariedade entre os 
indivíduos em sociedade. Se isso não acontece, é sinal de que as instituições sociais não 
estão cumprindo o seu papel, e estão deixando de garantir o equilíbrio da sociedade, abrindo 
espaço para os riscos da anomia social.
Mais uma vez, é possível observarmos, conforme apresenta Durkheim (1999, p. 18), 
que a divisão do trabalho tem um importante papel no sistema moral, tornando a sociedade 
possível, fortalecendo os laços de relacionamento entre os atores sociais, e permitindo a 
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articulação entre os indivíduos e entre estes e a sociedade. Dessa forma, Durkheim afasta a 
possibilidade de a divisão do trabalho social ter o papel econômico na sociedade capitalista.
Para você entender um pouco mais sobre a solidariedade na perspectiva de Durkheim, 
e também sobre os tipos de solidariedade social, assista ao vídeo disponível na Midiateca 
desta disciplina.
Considerações finais
Nesta aula, apresentamos alguns conceitos sociológicos de Durkheim. Vimos, por 
exemplo, os diferentes tipos de solidariedade, a mecânica e a orgânica, incluindo o papel de 
cada uma na sociedade. Vimos que a solidariedade orgânica é típica da nossa sociedade, a 
capitalista, na qual as relações de trabalho são complexas, principalmente pela especialização 
dos indivíduos, e esse aspecto torna as pessoas interdependentes, mantendo a coesão social. 
E, na visão de Durkheim, essa coesão se torna fundamental para que a sociedade mantenha-
se constantemente equilibrada no curso do progresso.
Essa solidariedade social baseada na interdependência entre os indivíduos é percebida 
por Durkheim como fruto da especialização no trabalho, ocorrendo da seguinte forma: com 
o aprofundamento do sistema capitalista, os trabalhadores tornaram-se especialistas, e é 
esse alto grau de especialização que facilita a solidariedade entre os indivíduos, evitando o 
exercício excessivo da individualidade. Dessa forma, torna-se simples perceber a ação solidária 
entre os profissionais. Por exemplo: para fazer reparos na sua casa, você deve contratar um 
marceneiro, um pedreiro, um encanador ou um eletricista, mas esses profissionais dependem 
de um engenheiro que definirá o projeto de reforma. E esse engenheiro depende do padeiro 
para se alimentar, que dependem de um policial para garantir segurança, que dependem 
do médico, do advogado, enfim, é estabelecida uma cadeia de dependência relativamente 
harmônica, baseada na vocação profissional.
Você compreendeu, ainda, que a ausência de solidariedade tende a afetar perigosamente 
o equilíbrio da sociedade, a partir do rompimento dos laços individuais, e consiste em uma 
das características da anomia social. 
Esses são alguns exemplos que ilustram como é possível ler os fenômenos que ocorrem 
na sociedade a partir das contribuições oferecidas por Durkheim.
O texto apresentado explicita, também, a relevância dos relacionamentos entre os 
indivíduos e desses com as instituições sociais, enaltecendo o trabalho como mecanismo na 
articulação entre os participantes da sociedade.
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Referências
DURKHEIM, Émile. As regras do método sociológico. 10. ed. Lisboa: Presença, 2008.
______. Da divisão do trabalho social. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
GIL, Antonio Carlos. Sociologia geral. São Paulo: Atlas, 2011.
QUINTANEIRO, Tania; BARBOSA, Maria Ligia de Oliveira; OLIVEIRA, Márcia Gardênia Monteiro. 
Um toque de clássicos: Marx, Durkheim e Weber. 2. ed. rev. ampl. Belo Horizonte: Editora 
UFMG, 2002.
Análise de Contextos e Desafios 
Contemporâneos
Aula 06
Indivíduo X Sociedade
Objetivos Específicos
• A importância das instituições e a tensão entre indivíduo e instituições no 
desenvolvimento das dinâmicas sociais.
Temas
Introdução
1 Aspectos relevantes na dinâmica social e mediadores do conflito em sociedade
2 O poder na sociedade
Considerações finais
Referências
Antonio Marcos Feliciano
Professor Autor
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Introdução
Max Weber considera o indivíduo e suas ações para fazer sua análise da sociedade. 
Ao contrário de Durkheim, não acredita na sociedade como algo exterior e superior aos 
indivíduos. Weber argumenta que a sociedade se desenvolve a partir da ação que o indivíduo 
pratica, orientado pela ação de outros indivíduos. Assim, somente existe ação social quando 
o indivíduo estabelece algum tipo de comunicação,

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