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Análise de Contextos e Desafios Contemporâneos Créditos Centro Universitário Senac São Paulo – Educação Superior a Distância Diretor Regional Luiz Francisco de Assis Salgado Superintendente Universitário e de Desenvolvimento Luiz Carlos Dourado Reitor Sidney Zaganin Latorre Diretor de Graduação Eduardo Mazzaferro Ehlers Diretor de Pós-Graduação e Extensão Daniel Garcia Correa Gerentes de Desenvolvimento Claudio Luiz de Souza Silva Luciana Bon Duarte Roland Anton Zottele Sandra Regina Mattos Abreu de Freitas Coordenadora de Desenvolvimento Tecnologias Aplicadas à Educação Regina Helena Ribeiro Coordenador de Operação Educação a Distância Alcir Vilela Junior Professor Autor Antônio Marcos Feliciano Revisor Técnico Guilherme Nogueira Lopes Técnico de Desenvolvimento Elizabeth Ribeiro Coordenadoras Pedagógicas Ariádiny Carolina Brasileiro Silva Izabella Saadi Cerutti Leal Reis Nivia Pereira Maseri de Moraes Otacília da Paz Pereira Equipe de Design Educacional Alexsandra Cristiane Santos da Silva Ana Claudia Neif Sanches Yasuraoka Angélica Lúcia Kanô Anny Frida Silva Paula Cristina Yurie Takahashi Diogo Maxwell Santos Felizardo Flaviana Neri Francisco Shoiti Tanaka Gizele Laranjeira de Oliveira Sepulvida Hágara Rosa da Cunha Araújo Janandrea Nelci do Espirito Santo Jackeline Duarte Kodaira João Francisco Correia de Souza Juliana Quitério Lopez Salvaia Jussara Cristina Cubbo Kamila Harumi Sakurai Simões Katya Martinez Almeida Lilian Brito Santos Luciana Marcheze Miguel Mariana Valeria Gulin Melcon Mônica Maria Penalber de Menezes Mônica Rodrigues dos Santos Nathália Barros de Souza Santos Rivia Lima Garcia Sueli Brianezi Carvalho Thiago Martins Navarro Wallace Roberto Bernardo Equipe de Qualidade Ana Paula Pigossi Papalia Josivaldo Petronilo da Silva Katia Aparecida Nascimento Passos Coordenador Multimídia e Audiovisual Ricardo Regis Untem Equipe de Design Audiovisual Adriana Mitsue Matsuda Caio Souza Santos Camila Lazaresko Madrid Carlos Eduardo Toshiaki Kokubo Christian Ratajczyk Puig Danilo Dos Santos Netto Hugo Naoto Takizawa Ferreira Inácio de Assis Bento Nehme Karina de Morais Vaz Bonna Marcela Burgarelli Corrente Marcio Rodrigo dos Reis Renan Ferreira Alves Renata Mendes Ribeiro Thalita de Cassia Mendasoli Gavetti Thamires Lopes de Castro Vandré Luiz dos Santos Victor Giriotas Marçon William Mordoch Equipe de Design Multimídia Alexandre Lemes da Silva Cristiane Marinho de Souza Emília Correa Abreu Fernando Eduardo Castro da Silva Mayra Aoki Aniya Michel Iuiti Navarro Moreno Renan Carlos Nunes De Souza Rodrigo Benites Gonçalves da Silva Wagner Ferri Análise de Contextos e Desafios Contemporâneos Aula 01 O que é sociologia, quais temas aborda e suas implicações no entendimento da dinâmica social contemporânea Objetivos Específicos • Apresentar a disciplina de sociologia e contextualizar sua importância na compreensão da dinâmica contemporânea, de modo a desenvolver o entendimento integrado de aspectos históricos relacionados ao seu estudo. Temas Introdução 1 Contexto do surgimento da sociologia 2 Abordagem conceitual Considerações finais Referências Antonio Marcos Feliciano Professor Autor Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Análise de Contextos e Desafios Contemporâneos 2 Introdução A realidade social é complexa e difusa. Explicá-la a partir dos conhecimentos científicos consiste em atividade atribuída à sociologia. O surgimento da sociologia como ciência ocorreu em meio às significativas transformações sociais e econômicas vividas no continente europeu devido à Revolução Industrial e à Revolução Francesa. O contexto em que essas revoluções ocorreram era conturbado e questionado pela sociedade europeia. Enquanto testemunhavam o fim do sistema de produção feudal e o início do capitalismo, as pessoas se indignavam com o luxo da nobreza e da igreja em detrimento da situação de pobreza vivida pelo povo, que não mais se convencia das explicações oferecidas para justificar os fenômenos sociais como desígnio divino, entre outros aspectos. Os problemas contextuais foram se avolumando, junto com o avanço das transformações na sociedade. Surgiram, então, os movimentos sociais, as novas relações sociais no trabalho, os partidos políticos, os movimentos de classe, a violência, a degradação da sociedade, da família etc. O novo modo de produção redefinia a face da sociedade na Europa; contudo, trazia consigo problemas ainda não respondidos pela falta de uma ciência capaz de explicá- los e entendê-los. No escopo da investigação sociológica, são aplicados métodos e técnicas reconhecidos cientificamente para desenvolver pesquisas sociais, visando a apresentar resultados que expliquem as causas e as consequências desses problemas, apontando possíveis soluções para resolvê-los. Apresentaremos, aqui, o contexto que caracteriza o surgimento da sociologia e também abordaremos seu significado conceitual. 1 Contexto do surgimento da sociologia Na Idade Média, período de aproximadamente mil anos entre os séculos V e XV, os fenômenos que ocorriam no mundo eram explicados subjetivamente, com base na fé. A Igreja possuía forte influência sobre a sociedade, intervindo nas decisões do Estado e inibindo as explicações científicas e os argumentos racionais da filosofia, mantendo para si esse poder. Durante esse período, também conhecido como Idade das Trevas, muitos pensadores foram perseguidos e condenados à morte por se contraporem às explicações oferecidas pela Igreja e, também, esclarecerem cientificamente certos fatos e fenômenos que ocorriam no mundo. Como afirma Paixão (2012, p. 20), “[...] a fé impedia visões mais científicas sobre a sociedade”. Em meados do século XV, vários acontecimentos provocaram mudanças na forma de se pensar na sociedade europeia, como argumenta Gil (2011, p. 15): Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Análise de Contextos e Desafios Contemporâneos 3 O declínio da Igreja Católica e o consequente aparecimento de crenças que estimulavam os fiéis à leitura interpretativa das escrituras retomou-se o pensamento especulativo [...] o conhecimento deixou de ser fundamentado na revelação, adotada como postura de fé, para voltar a ser, como na Antiguidade greco-romana, decorrente da atividade racional. A partir da segunda metade do século XV, dois movimentos tomaram forças e foram fundamentais para que a ciência se constituísse como a principal fonte de explicações para os seguintes fenômenos sociais: o Renascimento, entre o fim do século XIV e o início do século XVI, e o Iluminismo, movimento nascido no século XVIII. Esses dois movimentos surgiram a partir do desenvolvimento do pensamento Humanista, corrente filosófica que apresentava o homem como centro do universo. O Renascimento influenciou muitos autores e pensadores, entre eles, Nicóllo Machiavelli (1469-1527), popularmente conhecido como Maquiavel. Uma das suas obras mais famosas, O Príncipe, que aborda as relações de poder, ainda hoje é considerado como um manual para os governantes. Para ter acesso à obra, acesse o link disponível na Midiateca da disciplina. No século XVIII, o “Século das Luzes”, o Iluminismo surgiu como um movimento intelectual que se propôs a explicar racionalmente os fenômenos do universo (PAIXÃO, 2012; LEAL, 2007). O movimento foi responsável por oferecer notoriedade às contribuições de autores como Voltaire (1694-1778), Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), John Lock (1632-1704), Thomas Hobbes (1588-1676), entre outros. O quadro a seguir sintetiza as diferenças entre as frentes que explicavam a realidade social no contexto do surgimento da sociologia: Quadro 1 – Formas de Explicação da Realidade Abordagem da Igreja (baseada na fé) Abordagem Científica (baseada na razão) Predominante do século V ao XV Predominante a partir da segunda metade do século XV, com o Renascimento, e no século XVIII, através do Iluminismo Usode elementos e argumentos não científicos para explicar os fenômenos do universo. Tudo era explicado como um desígnio divino Explicações científicas baseadas na razão, na observação e na experimentação Idade das Trevas Idade da Razão Essas correntes de pensamento filosófico, juntamente com a Revolução Industrial (iniciada no século XVIII e consolidada no século XIX) e a Revolução Francesa (1789), constituíram os alicerces para o surgimento da sociologia como ciência. Como Martins (1993, p. 11) afirma: Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Análise de Contextos e Desafios Contemporâneos 4 As transformações econômicas, políticas e culturais que se aceleram a partir dessa época (século XVIII) colocarão problemas inéditos para os homens que experimentavam as mudanças que ocorriam no ocidente europeu [...] A palavra sociologia apareceria somente um século depois, por volta de 1830, mas são os acontecimentos desencadeados pela dupla revolução que a precipitam e a tornam possível. 1.1 Revolução Industrial Sob o ponto de vista sociológico, a Revolução Industrial não tratou apenas de inserir tecnologias no processo produtivo, visto que estabeleceu novas relações de trabalho, distinguiu classes sociais e aprofundou a divisão social do trabalho, ou seja, as transformações foram econômicas e também sociais. Essa revolução foi a responsável pelo início do uso de máquinas na produção, eliminando o artesão independente como detentor do processo produtivo, transformando a atividade artesanal em manufatureira. Trouxe o surgimento do proletariado1 e das grandes cidades industriais como conhecemos ainda hoje. Esse sistema provocou mudanças rápidas e intensas, gerando muitas inquietações no seio da sociedade, que clamava por respostas para seus problemas: Naquele tempo não existia nenhuma lei que protegesse os trabalhadores e que garantisse direitos importantes, como o salário mínimo, jornada máxima de trabalho por dia e por semana, férias e todos os demais benefícios que hoje existem. Quem precisasse trabalhar para sobreviver, era obrigado a aceitar as condições impostas pelos patrões. (PAIXÃO, 2012, p. 30). O emprego de homens, mulheres, e inclusive de crianças, como mão de obra em escalas de trabalho que chegavam a 16 horas diárias era relativamente comum. O surgimento das indústrias em centros urbanos provocou um enorme fluxo migratório dos camponeses para as cidades. Porém, estas não tinham a menor condição infraestrutural de suportar tamanho crescimento populacional, o que agravou, ainda mais, a situação social já caótica. Os problemas sociais, que se manifestavam por meio de prostituição, aumento da criminalidade, fome, pobreza, falta de saneamento básico, acabaram provocando epidemias (sobretudo de tifo e cólera) e, consequentemente, a degradação da família. Martins (1993, p. 12-13) elucida o contexto europeu do início da Revolução Industrial da seguinte forma: Entre 1780 e 1860, a Inglaterra havia mudado de forma marcante a sua fisionomia. País de pequenas cidades, com uma população rural dispersa, passou a comportar enormes cidades, nas quais se concentravam suas nascentes indústrias, que espalhavam produtos para o mundo inteiro [...]. Estas cidades passavam por um vertiginoso crescimento demográfico, sem possuir, no entanto, uma estrutura de 1 Consiste na classe operária, caracterizada pela condição permanente de assalariada. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Análise de Contextos e Desafios Contemporâneos 5 moradias, de serviços sanitários, de saúde, capaz de acolher a população que se deslocava do campo. Manchester, que constitui em um ponto de referência indicativo desses tempos, por volta do início do século XIX era habitada por setenta mil habitantes; cinquenta anos depois, possuía trezentas mil pessoas. Nesse momento também surgiram manifestações sociais, sobretudo em razão das péssimas condições de trabalho impostas pela indústria nascente, como apresenta Paixão (2012, p. 30-31): As péssimas condições de vida e de trabalho dadas à classe trabalhadora, não foram aceitas passivamente e levaram a várias reações dos trabalhadores, desde manifestações mais descontroladas, como destruição de máquinas, sabotagem no trabalho, roubos e explosão de algumas oficinas, até iniciativas mais organizadas, como o movimento cartista, e as Trade Unions [...]. Estas últimas foram se organizando cada vez mais e mudando o seu teor, culminado na criação dos sindicatos. 1.2 Revolução Francesa Surgiu em 1789, motivada pelas desigualdades sociais causadas pelo absolutismo e pela influência da igreja sobre as decisões do Estado. A Revolução Francesa foi o movimento responsável pela queda do antigo regime, ou “Ancien Régime”, e pela ascensão ao poder de uma nova classe, os burgueses, que eram os comerciantes da época. Sob o lema: Liberdade, Igualdade e Fraternidade, a burguesia tomou o poder que antes pertencia aos monarcas, aos aristocratas e à Igreja, e estes perderam, ainda, parte do seu patrimônio com o confisco de terras. As revoluções juntas seguiam seu curso transformando, significativamente, a face socioeconômica da Europa e por onde mais se estendiam. Vários dos problemas de ordem social se aprofundavam e as respostas não eram suficientes para apontar soluções. Os impactos das mudanças na sociedade europeia foram tão profundos que a sociedade passou a ser vista como objeto de análise dos pensadores daquele momento. E estes, apesar de não serem sociólogos, convergiam para o fato de que os fenômenos provocados pelas revoluções mereciam ser analisados. A sociologia surgiu como uma resposta intelectual às novas conformações da realidade social provocadas por essa dupla revolução. O surgimento de um novo sistema – com as lutas de classe, as transformações tecnológicas e a individualização do pensamento e dos interesses – gerou um contexto cuja complexidade dos fenômenos definiu a sociedade como um “problema”, um “objeto” de investigação para a sociologia. Cabe destacarmos que o surgimento da sociologia também foi possível graças às contribuições teóricas dos pensadores, das correntes de pensamento surgidas do movimento renascentista, e das novas técnicas e dos novos métodos de investigação científica. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Análise de Contextos e Desafios Contemporâneos 6 2 Abordagem conceitual A compreensão da realidade social passa, necessariamente, pelo estudo dos inúmeros fatores que influenciam e são influenciados pelo comportamento humano, em cadeias ou redes de interações e relações, e criam novos fatos ou fenômenos sociais. Conforme Gil (2011, p. 1) afirma: “Sociologia é a ciência que estuda as relações sociais, as instituições e a sociedade”. O conceito de sociologia, apesar da complexidade dessa ciência, parece bastante simples. Figura 1 – As definições mais utilizadas sobre a sociologia Sociologia é a ciência que estuda a interação do indivíduo com a sociedade, as relações que ele mantém, a sua inserção na coletividade; é o estudo da vida social dos grupos e das sociedades; é o estudo da sociedade e da organização da vida social; é a ciência que estuda as sociedades. Para Durkheim (2008), o entendimento da sociologia deve passar pela compreensão do fato social, que consiste na unidade básica de análise social nessa área da ciência. O fato social tanto pode ser coercitivo, representando a expressão da vontade coletiva, como pode ser exterior, existindo independentemente do indivíduo. Nessa direção, podemos afirmar que o autor concebe o papel da sociologia como a ciência que se ocupa do estudo dos fatos sociais. A sociologia interage com muitas áreas do conhecimento em função de estudar aspectos do comportamento humano em sociedade. Ela não detém a exclusividade do conhecimento científico sobre a sociedade; portanto, há uma necessidade de interação com áreas como: direito, psicologia, economia, administração, política, história, antropologia,entre outras. A abordagem conceitual facilita o significado prático que a sociologia deve ter, porque se posiciona no campo das ciências sociais, considerando o homem e a sociedade como problema e objeto de estudos. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Análise de Contextos e Desafios Contemporâneos 7 Por meio da sociologia, podemos estudar várias questões, por exemplo: a violência é um produto da sociedade? Por que as mulheres recebem salários menores que os homens? Quais as causas e as consequências da violência contra as mulheres? Qual o papel dos movimentos sociais? Qual o papel dos partidos políticos? Quais são as implicações socioeconômicas do êxodo rural? Considerações finais Compreendemos o contexto inicial das grandes transformações que motivaram o surgimento da sociologia como ciência. Dessa forma, pensar em sociologia significa materializar, por meio da aplicação de métodos, técnicas e modelos de investigação social, as relações mantidas em sociedade. Você também pôde perceber que o surgimento da sociologia não ocorreu exclusivamente em razão dos problemas sociais advindos das supracitadas revoluções. O Renascimento e o Iluminismo, juntamente com a Revolução Industrial e a Revolução Francesa contribuíram para o surgimento da sociologia como ciência. Dessa forma, o maior desafio para os pensadores daquele contexto consistia em formular explicações para a nova ordem instalada, com base na ciência e na racionalidade. O movimento de transformações na sociedade é contínuo; portanto, as explicações possuem um contexto, e não são definitivas. Referências GIL, Antonio Carlos. Sociologia Geral. São Paulo: Atlas, 2011. LEAL, Rogério Gesta. Nicóllo Machiavelli. In: MEZZAROBA, Orides (Org.). Humanismo político: presença humanista no transverso do pensamento político. 1. ed. Florianópolis: Fundação Boiteux, 2007. v. 1. p. 141-152. MARTINS, Carlos Benedito. O que é sociologia. 32. ed. São Paulo: Editora Brasiliense, 1993. PAIXÃO, Alessandro Eziquiel da. Sociologia geral. Curitiba: Intersaberes, 2012. WEFFORT, Francisco Corrêa. Os clássicos da política: Maquiavel, Hobbes, Locke, Montesquieu, Rousseau, “O Federalista”. São Paulo: Atlas, 1993. v. 1. Análise de Contextos e Desafios Contemporâneos Aula 02 As contribuições de Comte, Durkheim, Marx e Weber Objetivos Específicos • Apresentar os principais autores estudados no curso, estabelecendo articulações entre suas produções acadêmicas e situações atuais. Temas Introdução 1 Os autores Considerações finais Referências Antonio Marcos Feliciano Professor Autor Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Análise de Contextos e Desafios Contemporâneos 2 Introdução A sociologia busca explicar, cientificamente, as questões existentes dentro dos fenômenos sociais, ainda que o indivíduo não os perceba ou compreenda. Outras ciências, por exemplo, medicina, física e química, oferecem à sociedade seus estudos e são creditadas com o status de uma ciência verdadeira. Da mesma forma, a sociologia cumpre esse papel oferecendo a possibilidade de compreensão e resolução dos problemas sociais. Seus fundadores – Comte, Durkheim, Marx e Weber – sempre trataram de destacar, em suas obras e teorias, a sociologia como uma ciência que busca a compreensão da realidade como ela é. A sociologia surgiu no século XIX, sob ampla influência filosófica do positivismo, e recebeu suas primeiras contribuições de Auguste Comte, as quais foram ampliadas, posteriormente, por Émile Durkheim. E o debate teórico se aprofundou. Outros pensadores, como Karl Marx, que apresentou uma nova perspectiva de análise da sociedade a partir da sua teoria socialista, e Max Weber, cujas ideias e teorias voltaram-se à ação social, desenvolveram o escopo de análise sociológica, oferecendo robustez teórica a ponto de serem considerados, esses quatro pensadores, os fundadores da sociologia como ciência. Faremos, nesta aula, uma abordagem sobre o papel da sociologia para esses autores, suas obras e, também, acerca dos olhares sobre a investigação científica da sociologia em relação à sociedade. 1 Os autores Como sabemos, a sociologia surgiu como a resposta intelectual para as transformações de ordem social vividas na Europa, decorrentes da chamada dupla revolução (Revolução Industrial e Revolução Francesa). E esse contexto de contradições vivido pela sociedade europeia, juntamente com o aparecimento de inúmeros pensadores, e suas contribuições teóricas estimularam o surgimento da sociologia como ciência. A seguir, vamos abordar um pouco mais sobre cada um desses pensadores, começando com Auguste Comte. 1.1 Auguste Comte Auguste Comte (1798-1857) nasceu em Montpellier, na França. Vivenciou, desde a infância, o contexto dos desdobramentos da dupla revolução. Teve formação em filosofia e matemática, chegando a estudar medicina e fisiologia. Comte também é considerado o “pai do positivismo”. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Análise de Contextos e Desafios Contemporâneos 3 O positivismo defende a ideia de que o conhecimento científico é a única forma de conhecimento verdadeiro. Para os positivistas, somente é possível afirmar que uma teoria é correta se ela for comprovada por meio de métodos científicos. Os positivistas desconsideram os conhecimentos ligados à metafísica ou qualquer outro conhecimento que não possa ser comprovado cientificamente, como forma de explicar os fenômenos sociais. Para os positivistas, o progresso da humanidade depende exclusivamente dos avanços científicos. Comte, em 1816, ingressou na Escola Politécnica de Paris, onde teve contato com obras e pensadores que o influenciaram. Segundo Gianotti (1978, p. 11), um ano depois de ingressar na Escola Politécnica, tornou-se discípulo de Saint Simon (1760-1825). Essa relação foi proveitosa para Comte, pois acelerou seu processo de desenvolvimento intelectual. Entre suas obras, destacamos: Curso de filosofia positiva, editado em seis volumes (1830- 1842); Discurso sobre o espírito positivo (1844); Política Positiva ou Tratado de Sociologia, dividido em quatro volumes (1851-1854); Catecismo Positivista ou Exposição Sumária da Religião Universal (1852); em 1856, publicou o primeiro volume (seriam quatro) da obra Síntese subjetiva. Seu falecimento, em 1857, deixou essa obra incompleta. Comte foi o criador do termo sociologia, publicado na obra Curso de filosofia positiva (1839), associando-o ao estudo sistemático da sociedade. Segundo Paixão (2012, p. 49), “[...] a primeira denominação que a sociologia recebeu foi a de física social [...] relacionada com a maneira como os primeiros sociólogos pensavam e viam a sociedade”. Predominou, nesse período, a ideia de que a sociedade poderia ser investigada da mesma forma como as demais ciências: pela aplicação de métodos das ciências naturais às ciências humanas. Essa lógica, ou maneira de conceber as ciências humanas, acabou denominada de positivismo. Comte viveu em meio aos desdobramentos da dupla revolução e acreditava que, por intermédio da observação e da lógica positivista, os problemas sociais poderiam ser explicados a partir de leis invariáveis, as mesmas que explicavam os fenômenos físicos, químicos e outros. A filosofia positivista negava a metafísica ou qualquer possibilidade de análise subjetiva dos problemas sociais. Para Comte, e do ponto de vista positivista, caberia à sociologia identificar as leis que regiam a sociedade, aplicá-las para organizar a sociedade, pois esta estaria, enfim, pronta para o progresso. 1.2 Émile Durkheim Durkheim nasceu em Épical, na França, em 1858. Estudou na École Normale Supérieure. Em 1877, assumiu a primeira cadeira de sociologia da Universidade de Bordeaux. Entre as obras mais importantes, estão: A divisão do trabalho social (1893); As regras do método sociológico (1894); O suicídio (1897); As formas elementares da vida religiosa (1912). Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Análise de Contextose Desafios Contemporâneos 4 Para Oliveira (2012, p. 2), Durkheim concebe a sociologia como “[...] a ciência que estuda os fatos sociais”. Ele considerava que a boa análise científica requer o distanciamento entre o pesquisador e o objeto pesquisado. Durkheim define o fato social como a unidade básica dos fenômenos sociais. E, para a análise desse fato, o pesquisador deverá se prender às suas propriedades, separando o envolvimento afetivo da análise racional. O fato social é exterior e definido como uma “coisa”; portanto, não é facilmente materializado como os fenômenos físicos. Para Paixão (2012, p. 57), outra importante contribuição de Durkheim à sociologia consiste na ideia de superioridade da sociedade em relação aos indivíduos. Para esse autor, a sociedade não é formada pela ação dos indivíduos; ao contrário, ela forma e molda os indivíduos. Por isso, é importante estudarmos o fato social como unidade básica para a compreensão dos fenômenos que ocorrem na sociedade, já que ele consiste na forma de agir e de pensar dos indivíduos. Para Durkheim (2008), os fatos sociais são colocados pela sociedade aos indivíduos. Isso significa que as leis e as regras de comportamento da vida individual são definidas pela sociedade. Durkheim (2008, p. 23) defende que o fato social possui três características: Figura 1 – Características do fato social Vamos analisar cada uma dessas características. Com relação à exterioridade, ao nascer, as regras de comportamento social estão prontas e são impostas ao indivíduo, cabendo a este moldar-se às regras da sociedade. A coercitividade é outra característica do fato social, e significa que ao indivíduo cabe obedecer à sociedade, para que não pesem sobre ele as coerções impostas aos que desrespeitam suas convenções. Há, ainda, a característica de generalidade, que expressa a vontade coletiva, o pensamento geral sobre o fato social. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Análise de Contextos e Desafios Contemporâneos 5 Podemos usar a educação e a formação como exemplo. Quando nascemos, são repassados, para nós, os códigos sociais do grupo ao qual pertencemos, as regras de comportamento, os hábitos etc. Assim, nossa forma de agir, sentir e pensar são moldadas pela sociedade e suas instituições. Na escola, aprendemos mais sobre as regras e os códigos de comportamento em sociedade. Gil (2011, p. 28) percebe que a ideia de superioridade também está presente na definição de Durkheim sobre a consciência coletiva, que é “[...] entendida como o sistema de representações coletivas numa determinada sociedade”. Durkheim se preocupava com a diferenciação da sociologia com as demais ciências. Na obra “As Regras do Método Sociológico”, procura caracterizar e definir um método de investigação sociológica, destacando regras para uso nas pesquisas de caráter eminentemente sociológicas. 1.3 Karl Marx Filósofo, economista e sociólogo, o alemão Karl Henrich Marx (1818-1883) nasceu em Trier, na Alemanha. Estudou na Universidade de Berlim, formando-se em 1841, com a tese “Sobre as Diferenças da Filosofia da Natureza de Demócrito e de Epicuro”. Em 1842, assumiu a chefia da redação do Jornal Renano em Colônia, e a publicação de seus artigos radical-democratas irritou as autoridades. Em 1843, mudou-se para Paris. E, em 1844, editou o primeiro volume dos Anais Germânico-Franceses, órgão principal dos hegelianos da esquerda, rompendo com os líderes desse movimento, Bruno Bauer e Ruge. Também neste ano, conheceu Friedrich Engels, que se tornou grande amigo e parceiro de muitas obras (KURKDJIAN; LIMA, 2014, p. 161). Das inúmeras obras de Marx, destacamos: A miséria da filosofia (1847); O 18 de Brumário de Luís Bonaparte (1852); O Capital (1867-1894). Em parceria com Engels, escreveu: A sagrada família (1844); A Ideologia alemã (1845); O Manifesto Comunista (1847). Um dos mais proeminentes resultados dessa parceria consistiu na idealização do socialismo como modo de produção. Marx baseava suas análises nas relações de trabalho e nas contradições que o sistema capitalista gerava, como a necessidade da pobreza e da mão de obra abundante. Marx aborda duas contradições características da sociedade capitalista: 1. A primeira ocorre entre as forças produtivas, que não cessam de crescer, enquanto as relações de produção não se transformam no mesmo ritmo. 2. Quanto mais cresce a riqueza, mais aumenta a miséria. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Análise de Contextos e Desafios Contemporâneos 6 Polêmico, e a exemplo dos demais pensadores, suas ideias mantêm-se vivas nos debates até os dias atuais. Inspirado nos ideais iluministas, Marx percebia a razão como fonte de explicação da realidade social e como forma de criação de uma sociedade mais justa. Assim como Comte e Durkheim, Marx argumenta que a sociedade é maior que o indivíduo, visto que ela possui a estrutura de domínio em relação aos demais atores. Para Gil (2011, p. 31): “Marx acentua o conflito e a luta de classes, colocando as relações de poder e de força como centrais para a explicação do funcionamento da sociedade”. Cabe destacarmos que, na visão de Marx, no escopo das relações produtivas, enquanto os empresários são proprietários dos meios de produção, o trabalhador possui apenas sua força para o trabalho, vendendo-a ou alugando-a ao empresário. Marx aponta que, nessa relação, o trabalhador, proletário, assalariado, sempre sai em desvantagem, pois é estabelecida a divisão social do trabalho, que são as relações produtivas ou de produção. Nessa relação, o trabalhador, dono de sua força de trabalho, não é o proprietário daquilo que produz, cuja propriedade é do capitalista. Todavia, o trabalhador não percebe a expropriação do seu trabalho, julgando ser normal receber um salário. O trabalho consiste em apenas uma parte da riqueza produzida pelo trabalhador. A parte do trabalho agregada ao patrimônio do capitalista é denominada por Marx como mais-valia. Visando a eliminar essas desigualdades nas relações de trabalho, Marx propõe a substituição do sistema capitalista pelo sistema socialista, pois neste os meios de produção não seriam de propriedade do capitalista, mas sim pertenceriam ao Estado. A evolução do sistema socialista é o comunismo1. Para aprender mais sobre o comunismo, seu surgimento, sua ideologia e relação com o sistema capitalista, sugiro que veja o vídeo no link disponível na Midiateca da disciplina. 1.4 Max Weber Karl Emil Maximilian Weber (1864-1920) nasceu em Erfurt, na Alemanha. Sua família era protestante, e seu pai foi um influente político liberal de direita. Com um ambiente doméstico estimulante, precocemente tornou-se um intelectual. Aos 17 anos, já cursava direito, abandonado, aos 19 anos, em função do serviço militar. Em 1894, foi nomeado professor de economia política na Universidade de Friburgo, Alemanha, transferindo-se para 1 O comunismo pode ser definido como uma doutrina ou ideologia que visa à criação de uma sociedade sem classes sociais. De acordo com essa ideologia, os meios de produção (fábricas, fazendas, minas etc.) pertencem ao estado. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Análise de Contextos e Desafios Contemporâneos 7 a Universidade de Hildelberg em 1896. Diversas foram as obras escritas por Max Weber, entre as quais destacamos: A ética protestante e o espírito do capitalismo (1904); Economia e sociedade (publicada postumamente em 1922). Diferentemente de Durkheim e Marx, que abordam as relações entre os indivíduos como produto da sociedade, Weber parte sua análise do indivíduo e de suas relações para compreender a dinâmica da sociedade. Quintaneiro, Barbosa e Oliveira (2002) e Paixão (2012) compartilham que o cerne da análise Weberiana é a ação social, considerando que o indivíduo racionalmente sempre possui alguma intencionalidade nas ações e relações. Na lógica Weberiana a partir da análise da intencionalidade dos indivíduos, é possível analisar os grupos, asinstituições; portanto, a sociedade. Weber considera haver muita subjetividade na ação social dos indivíduos, e que o conjunto delas é que move a sociedade. Para facilitar a compreensão da realidade, Weber desenvolve uma tipologia, denominada de tipo ideal. Quintaneiro, Barbosa e Oliveira (2002) e Paixão (2012) concordam que não existe materialmente o tipo ideal, visto que ele é fruto de uma construção teórica do pesquisador, baseada em aspectos históricos, sociais, econômicos do fenômeno ou contexto estudado. Segundo Paixão (2012, p. 122), Weber classifica a tipologia da ação social em quatro tipos: 1. Racional com relação a fins. 2. Racional com relação a valores. 3. Afetiva. 4. Tradicional. No quadro a seguir, vamos apresentar uma descrição sobre os tipos de tipologia. Quadro 1 – Tipologia das ações sociais Racional com relação a fins Racional com relação a valores Afetiva Tradicional O ator age racionalmente, selecionando e utilizando os meios mais adequados, para alcançar o fim desejado. O ator age racionalmente, com base em um valor, para alcançar o fim desejado. O valor pode ser estético, moral ou religioso. O ator age emotiva e emocionalmente para alcançar o fim desejado. Pode ser considerado “irracional”. O ator age com base na tradição e nos costumes para alcançar o fim pretendido. Fonte: Paixão (2012, p. 122). Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Análise de Contextos e Desafios Contemporâneos 8 Weber desenvolve sua tipologia de dominação na sociedade como forma de explicar o poder e a obediência dos indivíduos às regras de comportamento social. O próximo quadro apresenta a tipologia da dominação concebida por Weber. Quadro 2 – Tipologia da dominação Dominação Carismática Dominação Tradicional Dominação Racional-Legal Baseia-se em um poder mágico, religioso. O líder carismático encarna um herói, um salvador. Baseia-se em um poder herdado na tradição. O líder tradicional governa por uma “herança”. Baseia-se na legitimidade das leis e na posição que os indivíduos ocupam na estrutura burocrática. Fonte: Paixão (2012, p. 130). Considerações finais Nesta aula, estudamos que Comte, Durkheim e Marx entendem que a sociedade determina as relações entre os indivíduos. Também vimos a sociedade como objeto de análise. Entretanto, Weber aborda o caminho inverso, defendendo que o comportamento da sociedade define as relações individuais. No escopo teórico, para os fundadores da sociologia, o seu objeto de estudos possui variações. Para Durkheim, o objeto de estudo da sociologia consiste na análise dos fatos sociais; para Weber, essa análise recai sobre a ação social; para Marx, a análise sociológica deve partir das relações de produção. Com uma leitura histórica da evolução da sociedade, você pôde observar que os problemas ou as mudanças ocorrem no tempo e no espaço. Portanto, mesmo diante da robusta abordagem teórica que os autores ofereceram à sociologia, não contemplam, na sua amplitude, a resolução para todos os problemas que a sociedade enfrenta, devido à sua dinâmica, necessitando de novas análises teóricas e contextuais. Referências DURKHEIM, Émile. As regras do método sociológico. 10. ed. Lisboa: Presença, 2008. GIANOTTI, José Arthur. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1978. GIL, Antonio Carlos. Sociologia geral. São Paulo: Atlas, 2011. KURKDJIAN, Anouch Neves de Oliveira; LIMA, Bruna Della Torre de Carvalho. Karl Marx, a história de sua vida. Revista Crítica Marxista, São Paulo, n. 38, p. 161-164, 2014. Disponível em: <http:// www.ifch.unicamp.br/criticamarxista/sumario.php?id_revista=49&numero_revista=38>. Acesso em: 2 ago. 2015. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Análise de Contextos e Desafios Contemporâneos 9 OLIVEIRA, Eric Monné Fraga de. O papel da sociologia segundo Émile Durkheim e Max Weber. Pós – Revista Brasiliense de Pós-Graduação em Ciências Sociais, v. 11, p. 296-316, 2012. Disponível em: <http://periodicos.unb.br/index.php/revistapos/article/view/8664/6555>. Acesso em: 2 ago. 2015. PAIXÃO, Alessandro Eziquiel da. Sociologia geral. Curitiba: Intersaberes, 2012. QUINTANEIRO, Tania; BARBOSA, Maria Ligia de Oliveira; OLIVEIRA, Márcia Gardênia Monteiro. Um toque de clássicos: Marx, Durkheim e Weber. 2. ed. rev. ampl. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2002. Análise de Contextos e Desafios Contemporâneos Aula 03 Estrutura social, classes e interação entre agentes Objetivos Específicos • Definir interação social e sua importância nas estruturas sociais; distinguir as relações entre status, papel, relações e instituições. Temas Introdução 1 Estrutura social como fator relevante na dinâmica da sociedade Considerações finais Referências Antonio Marcos Feliciano Professor Autor Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Análise de Contextos e Desafios Contemporâneos 2 Introdução Uma frase antiga, dos tempos de Aristóteles (384-322 a.C.), diz que “o homem é um animal social”. Seu significado perpassa gerações e se mantém atual. Essa percepção consiste no fato de os seres humanos serem mais dependentes de seus pares do que os demais, ou seja, o homem precisa de seus pares para se desenvolver e, também, para aprimorar processos, como a comunicação, a interação social, a relação social, a socialização, entre outros, que são fundamentais. A espécie humana nasce com muitas habilidades, voltadas às relações sociais, às interações, ao processo de socialização, e que ampliam seu potencial de desenvolvimento. O ser humano depende da aprendizagem, obtida pela interação social, para sua sobrevivência. É por meio da aprendizagem que o indivíduo incorpora valores, regras e códigos de comportamento social que são importantes para a vida em sociedade. De forma geral, essa interação ampara as estruturas sociais. Evidentemente, alguns aspectos conferem nossa individualidade: nossos jeitos, nossas manias e preferências, por exemplo. Mas o fato é que, quando nascemos, a sociedade está constituída, com suas regras, leis e normas, enfim, com seus códigos que definem o comportamento humano. A sociedade muda, mas essa evolução ocorre por meio de transformações derivadas, entre outros aspectos, pelas mudanças no comportamento do todo social. E essa mudança, por sua vez, decorre das interações mantidas pelos indivíduos na sociedade. Nesta aula, abordaremos a interação social e sua importância na dinâmica da sociedade. Além disso, vamos apresentar e distinguir os elementos que compõem a estrutura social, quais sejam: status, papéis, relacionamentos e instituições sociais. 1 Estrutura social como fator relevante na dinâmica da sociedade Durante os primeiros anos de vida de um indivíduo, sua família é responsável por apresentar, por intermédio da educação, alguns códigos do comportamento social. Nesse momento, a criança aprende algumas regras como a prática de higiene, comportar-se à mesa ou respeitar os mais velhos, entre outras que tendem a facilitar sua entrada na sociedade. Durkheim (2008) pondera que a educação consiste em uma ação exercida pelas gerações adultas sobre as que ainda não estão amadurecidas para a vida social, executando papel fundamental na formação social do indivíduo. Já inserida na sociedade e em certos ambientes, como a escola, a criança depara-se com uma oportunidade de socialização com outras crianças; assim, inúmeras interações Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Análise de Contextos e Desafios Contemporâneos 3 sociais são mantidas. A partir da escola, dos grupos de jovens, das amizades, e outras tantas interações, um indivíduo agrega novos códigos de comportamento, refinando sua educação e ampliando sua formação por meio do processo contínuo de socialização. Existem alguns casos de isolamento humano, sobretudo entre crianças que foram privadas do convívio em sociedade, mantendo pouca ou nenhuma interação social. Esses indivíduos geralmente manifestam limitações significativasem relação aos comportamentos das pessoas que interagem com outras cotidianamente. É comum apresentarem problemas na fala, na articulação cognitiva, na compreensão das regras básicas de comportamento, na forma de se vestirem e de se alimentarem, com relação às práticas regulares de higiene, entre outras habilidades que foram limitadas pela ausência de interação social. A melhor forma de atribuir significado à realidade da sociedade é através da interação social, na qual os indivíduos conseguem, de forma facilitada, cumulativamente aprender os códigos e perceber a realidade em que vivem. Como podemos observar, na visão de Gil (2011), a interação social é o processo pelo qual pessoas agem e reagem em relação a outras, é uma ação de reciprocidade. Assim, é possível afirmarmos que o ator social orienta seus atos para outros indivíduos. Além disso, devemos perceber de que nem toda ação é social. Por exemplo, quando estamos nos alimentando, agimos por uma necessidade fisiológica e não em função de outros. Todavia, o nosso comportamento, aos nos alimentarmos, consiste em uma ação social, pois estamos considerando as outras pessoas quando seguimos regras de etiqueta. Portanto, sociologicamente o relevante não é a ação que o indivíduo faz para si, mas o que os sujeitos da ação fazem entre si. Por meio da interação social ocorrem diversas; por isso, ela é considerada por muitos autores como um processo social básico, que se encontra na fonte da ação humana, sendo também a fonte da socialização. Gil (2011, p. 77) afirma que: A interação é que determina o que somos, pois ela influencia nossas crenças, valores, atitudes, autoimagem e identidade. Somos formados, reafirmados e alterados à medida que interagimos. A rigor, o que cada um de nós é hoje o é em decorrência da interação [...]. A interação é, portanto, a base da estrutura social. Dessa forma, a interação é a base de sustentação da estrutura social, e esses dois elementos são fundamentais para a vida em sociedade. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Análise de Contextos e Desafios Contemporâneos 4 Vamos compreender que a estrutura social representa o contexto formado a partir das relações entre os indivíduos. Essa estrutura é formada por quatro elementos: status, papéis, relacionamentos (relações interpessoais) e instituições sociais. Para facilitar sua compreensão, vamos analisar cada um desses elementos. 1.1 Status De forma simplificada, Gil (2011, p. 82) afirma que o “[...] status corresponde à posição que o indivíduo ocupa na estrutura social”. O status de uma pessoa pode ser mais baixo ou elevado a partir do julgamento do grupo do qual esse indivíduo faz parte. Em qualquer sociedade, o status mais elevado confere poder, prestígio, privilégio, dependendo da valorização definida para cada posição social. Por isso, costuma-se rotular as pessoas de acordo com o status que ocupam, encaixando-as na sociedade. O status pode ser classificado em dois tipos: • Aquele que é atribuído pela sociedade. • Aquele que é adquirido por esforço próprio. O primeiro tipo de status está relacionado com o atribuído ao indivíduo pela sociedade. Pode ser definido conforme o papel que o indivíduo ocupa na sociedade, por exemplo, por seu gênero, sua idade, classe social ou profissão. No segundo tipo, a relação diz respeito à capacidade de projeção do indivíduo na sociedade. Por exemplo, uma pessoa que desempenha bem o papel de estudante pode se tornar um profissional bem-sucedido, ou seja, o esforço pessoal desse indivíduo acaba proporcionando um status de reconhecimento pela sociedade. 1.2 Papéis Na vida social, há um padrão de interação, o qual serve de referência a um indivíduo para que saiba como se comportar em determinadas situações e que comportamento deve esperar de outras pessoas. Gil (2011, p. 83) define o papel social como o “[...] conjunto de direitos, obrigações e expectativas que acompanha o status no sistema social”. Precisamos esclarecer que, de acordo com as regras dos grupos sociais, o comportamento do indivíduo está relacionado diretamente ao status que ele ocupa. Quando um indivíduo não cumpre seu papel social, ou seja, não age de acordo com que é esperado pelo grupo ao qual pertence, causa um desconforto entre os membros; e, nesse caso, diz-se que fez um “papelão”. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Análise de Contextos e Desafios Contemporâneos 5 A importância de haver um padrão nas relações sociais facilita que as pessoas entendam, de acordo com o status atribuído a cada uma delas, qual papel é esperado no dia a dia. Há também o conflito de papéis, situação em que o indivíduo fica dividido entre papéis distintos para o mesmo grupo ou diferentes instituições. Um exemplo simples é quando um colaborador de uma empresa possui a função de trabalhar e gerir um departamento; afinal, nessa situação, ele assume os papéis conflitantes de ser o supervisor e, ao mesmo tempo, o colega de trabalho dos demais colaboradores. Outros exemplos podem ser mencionados: um legislador não poder legislar em causa própria ou fato de um jurado não poder ter vínculo familiar ou afetivo com o réu. Enfim, diversas vezes, constatamos situações complexas. 1.3 Relacionamentos Vamos refletir: em nosso dia a dia, quais as atividades realizamos sem envolver nenhum outro indivíduo? Talvez você pense em alguma; mas, essa não será tarefa fácil, pois a grande maioria das nossas ações requer a presença de outras pessoas. Uma característica da socialização humana é a ação de várias pessoas em interação. Outras pessoas se envolvem ou são envolvidas nas suas ações sociais, seja no trabalho, na escola, em casa, na rua, na igreja ou, até mesmo, atuando no filme ao qual você está assistindo sozinho em casa. Segundo Gil (2011, p. 86), o que liga um indivíduo ao outro é “[...] a norma social da reciprocidade que estabelece a obrigatoriedade da resposta a determinados comportamentos”. Tal reciprocidade faz parte da teoria social da troca que permeia as relações humanas em sociedade, envolvendo basicamente custos e recompensas. Segundo essa teoria, os indivíduos avaliam os custos e as recompensas das suas ações ao agirem. O relacionamento entre os indivíduos pode ser caracterizado em quatro processos, estes podem se manifestar isoladamente ou combinados na mesma ação social, são eles: a competição, a cooperação, o conflito e/ou a troca. Podemos citar um exemplo: dois irmãos que estudam para o vestibular, no qual disputarão a mesma vaga. Sem dúvida, vemos uma mesma ação, visto que o relacionamento existente entre os dois indivíduos possui duas características, eles cooperam enquanto estudam juntos, porém competem pela vaga. 1.4 Instituições sociais Todas as sociedades mantêm suas instituições sociais que, segundo Gil (2011, p. 86), “[...] consistem no conjunto de normas, valores, status e papéis que proveem uma estrutura para o comportamento na vida social”. Na mesma direção, Paixão (2012) afirma que as instituições são tipos de organização estáveis, fundamentadas em regras e em regulamentos padronizados, que não precisam ser escritos em forma de leis, mas que são socialmente reconhecidos e aceitos. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Análise de Contextos e Desafios Contemporâneos 6 Você deve perceber que há um conjunto de instituições que disseminam as regras sociais para a sociedade, como a igreja, a escola, a família, as prisões, entre outras. Um exemplo: na escola, é assegurada a educação, e esta é baseada em determinados valores sociais de uma geração para a outra. Outro exemplo pode ser atribuído ao sistema de segurança pública, que atua com base no princípio da segurança individual; portanto, aplica regras sociais, obtendo ou corrigindo o curso dos que não respeitam essas regras e/ou os valores coletivos. O entendimento do papel das instituições como difusoras das regras sociais é fundamental para a compreensão conceitual do assunto que estamos abordandonesta aula. Por esse motivo, recorremos a exemplos simples, com base na nossa realidade social. De forma geral, essas instituições não somente contribuem para manter a continuidade e a estrutura da sociedade, respeitando regras e valores coletivos, mas também permitem que os indivíduos mudem seu status social e seus papéis. Para entender mais sobre a estrutura social, e a relação entre o indivíduo e a sociedade, veja o vídeo explicativo, o link está disponível na Midiateca de sua disciplina. Após entendermos cada um dos elementos da estrutura social, veremos um resumo com as principais características de cada um desses elementos no quadro a seguir. Quadro 1 – Elementos da estrutura social Status Papéis sociais Relacionamentos Instituições sociais Posição que o indivíduo ocupa na estrutura social. Funciona como um rótulo, pois mostra como o indivíduo se encaixa na sociedade. Conjunto de direitos, obrigações e expectativas que acompanham o status que o indivíduo ocupa. Habilitam as pessoas a lidar com o seu dia a dia. O conflito de papéis pode existir. Existem em quatro processos: competição, cooperação, conflito e trocas. Podem se manifestar isoladamente ou ser combinados na mesma ação social. Conjunto relativamente estável de normas, valores, status, papéis, o qual provém e mantém a estrutura social para o comportamento individual e coletivo. Fonte: Adaptado de Gil (2011, p. 89-90). Considerações finais Nesta aula, estudamos alguns aspectos relacionados à interação social, à estrutura social e a seus quatro elementos: o status, os papéis sociais, os relacionamentos e as instituições sociais. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Análise de Contextos e Desafios Contemporâneos 7 A relevância dessa abordagem refere-se à necessidade de socialização que o ser humano possui, pela sua condição de “animal social”. Você percebeu que, no âmbito da estrutura social, a complementaridade é uma importante característica dos seus elementos, pois estes refletem a vontade coletiva, a cultura de um grupo, de uma cidade, de um país. A conexão existente entre as pessoas em sociedade é visível a partir de seus elementos e sua dinâmica define mudanças no seio da sociedade. Referências DURKHEIM, Émile. As regras do método sociológico. 10. ed. Lisboa: Presença, 2008. GIL, Antonio Carlos. Sociologia geral. São Paulo: Atlas, 2011. PAIXÃO, Alessandro Eziquiel da. Sociologia geral. Curitiba: Intersaberes, 2012. Análise de Contextos e Desafios Contemporâneos Aula 04 A contribuição de Durkheim no entendimento da articulação social Objetivos Específicos • A sociedade, os fatos sociais e sua imposição sobre os indivíduos. Temas Introdução 1 Durkheim e a articulação social 2 Fato social Considerações finais Referências Antonio Marcos Feliciano Professor Autor Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Análise de Contextos e Desafios Contemporâneos 2 Introdução Para percebermos a amplitude das contribuições que Durkheim ofereceu à sociologia, é necessário compreendermos o papel por ele atribuído pela própria ciência e sua ideia a partir do seu elemento fundamental, a sua unidade básica, que é o fato social. Em sua construção teórica, Durkheim afirma existir uma relação de superioridade da sociedade em relação aos indivíduos, isto é, em sua concepção, o indivíduo encontra a sociedade já formada ao nascer, assim não é ele quem molda a sociedade, mas o contrário. Assim, por meio das instituições sociais e dos fatos sociais, a sociedade modela os indivíduos. Durkheim contribuiu muito com essa ciência ao divulgar e explicar seu método de investigação, e foi justamente a proposição de um método de investigação para a sociologia que possibilitou seu reconhecimento científico. Positivista e contemporâneo, dos desdobramentos das revoluções Industrial e Francesa, esse autor acreditava que, para enfrentar os problemas sociais, a sociedade teria de se organizar e atuar firmemente sobre a fragilidade moral que abalava o comportamento dos indivíduos. Para Durkheim, somente dessa forma, a sociedade estaria preparada para o progresso. Nesta aula, faremos uma abordagem que procura apresentar as contribuições de Émile Durkheim, um dos mais importantes autores clássicos da sociologia. Navegaremos por sua ampla construção teórica, apresentando sua teoria, as características do fato social, o poder coercitivo que a sociedade exerce sobre os indivíduos, entre outros assuntos. 1 Durkheim e a articulação social Nascido em 1858, na cidade francesa Épinal, o autor e pensador partia da ideia de que os valores morais constituem elementos eficazes ao enfrentamento das crises econômicas e políticas, e que também possibilitam o relacionamento estável e duradouro entre os homens. Nesse sentido, Durkheim compreendia que o comportamento individual não poderia prevalecer sobre os interesses coletivos; portanto, a sociedade, ainda que coercitivamente, moldaria os indivíduos. Dessa forma, dedicou-se à tarefa de estabelecer um objeto de estudo e um método de investigação para a sociologia, para que esta se tornasse independente, distinta das demais ciências, e que seu objeto de estudos não fosse confundido com o objeto de estudos de outras ciências. Segundo Gil (2011, p. 19): Durkheim se distinguiu dos demais porque suas ideias transcenderam o nível de reflexão da filosofia e passaram a constituir um conjunto sistemático de pressupostos teóricos e metodológicos sobre toda a sociedade. Foi ele quem realmente abandonou a especulação dos positivistas e apresentou a sociologia como uma ciência rigorosa, Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Análise de Contextos e Desafios Contemporâneos 3 centrada na verificação de fatos que poderiam ser observados, mensurados, e relacionados mediante dados coletados diretamente pelos cientistas. Martins (1993, p. 49) menciona que, na abordagem de Durkheim, a sociologia deveria se ocupar com os fatos sociais que se apresentavam aos indivíduos como exteriores e coercitivos, e destaca o papel impositivo que a sociedade deveria manter sobre eles, que se comportavam seguindo regras socialmente aprovadas. Nessa perspectiva, é possível identificar que Durkheim concebia os homens, individualmente, como sujeitos incapazes de negar e transformar sua realidade histórica; por isso, deveriam se sujeitar às regras sociais e à hierarquia social. A partir dessa abordagem, Martins (1993, p. 50) continua: “[...] a função da sociologia, seria a de detectar e buscar soluções para os problemas sociais, restaurando a normalidade social”. A normalidade social pode ser traduzida como a manutenção da ordem social, a organização da sociedade. Em razão disso, conforme Durkheim, era necessária a coercitividade dos fatos sociais. Resumidamente, ele se preocupava com os fenômenos sociais concretos, passiveis de estudos a partir de regras metodológicas de investigação; assim, através desse pensamento, via o objeto de estudo da sociologia de forma distinta. 2 Fato social Na sociedade atual, muito se fala sobre direitos e deveres. Durkheim (2008) aborda essa questão a partir de que tanto os direitos como os deveres são socialmente construídos e aceitos, ou seja, somente são legitimados pela coletividade. As exceções são tratadas na forma de penalidades previstas em leis. Como sabemos, para Durkheim (2008, p. 23), o fato social consiste na maneira de agir, pensar e sentir, imposta pela sociedade aos indivíduos. Como os fatos sociais representam a vontade coletiva, esta prevalece sobre os interesses individuais. Já Quintaneiro, Barbosa e Oliveira (2002, p. 62) adicionam que o fato social é algo dotado de vida própria, externo aos membros da sociedade e que exerce sobre o coração e a mente destes uma autoridade que os leva a agirem, pensarem e se sentirem de determinadas maneiras, seguindo os padrões sociais. Dessa forma, podemos perguntar: como materializar ou perceber o fato social na sociedadeou nas relações sociais? Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Análise de Contextos e Desafios Contemporâneos 4 Para responder a essa reflexão, devemos fazer a seguinte observação: embora haja divergências no seio de um movimento social, os indivíduos que fazem parte de determinado grupo agem de maneira muito semelhante, pois estão agindo em conformidade com a regra geral desse grupo, e também atuam a partir das regras gerais e das leis da sociedade. Para facilitar a compreensão, vamos analisar alguns exemplos. Como os motoristas agem ao se depararem com o sinal vermelho no semáforo? Todos sabem que a parada é obrigatória, pois esta ação está prevista no código de trânsito; no entanto, alguns avançam o sinal vermelho, desrespeitando as leis. Quais as regras do casamento? Existem algumas explicitadas em lei e outras fazem parte do código de conduta. Um homem e uma mulher podem se arriscar praticando um ato de traição mesmo sabendo que a lei poderá puni-los por isso; no entanto, possivelmente, em grupos mais conservadores, são as sanções morais que pesam mais sobre os indivíduos do que as punições legais aplicadas para esses casos. Esses exemplos procuram contextualizar a existência dos fatos sociais na sociedade, que se manifestam por meio de leis, regras sociais, valores, códigos de conduta e devem ser seguidos pelos indivíduos, pois são, ao mesmo tempo, coercitivos, externos e gerais. 2.1 Características do fato social Para Durkheim (2008), os fatos possuem três características: a coercitividade, a exterioridade e a generalidade. Com relação à exterioridade, Durkheim argumenta que, ao nascer, as regras e as normas de comportamento social estão prontas, sendo gradativamente apresentadas aos indivíduos, cabendo a estes aprender as regras da sociedade em que vivem. A coercitividade é outra característica do fato social, a qual determina que ao indivíduo cabe obedecer à sociedade, para que não pesem sobre ele as coerções impostas a quem desrespeita as convenções sociais. O fato social tem a característica de generalidade, porque expressa a vontade coletiva, o pensamento geral da sociedade. Os fatos sociais são exteriores ao indivíduo pelo fato de estarem presentes na sociedade e de ocorrerem independentemente da vontade individual. Além disso, como estão na sociedade e não sendo admitidos de forma particular, Durkheim (2008) considera que os fatos sociais também são gerais. Por último, se os fatos sociais existem independentemente da vontade individual e são legitimados pela sociedade – portanto, regrados pelo coletivo –,também são coercitivos, tanto que são previstas punições para os desvios individuais. Definindo o fato social como coisa, Durkheim (2008) busca estabelecer materialidade ao fato social, visto que este é passível de observação e investigação humana, requerendo, para sua explicação, uma abordagem científica mediante a aplicação do método de pesquisa. Com isso, afasta-se a possibilidade do uso do senso comum para explicar os fenômenos sociais. Na visão de Paixão (2012, p. 61), por tratar o fato social como objeto do conhecimento científico, Durkheim enfatiza a necessidade de o pesquisador social adotar uma posição de neutralidade Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Análise de Contextos e Desafios Contemporâneos 5 e objetividade em relação ao seu objeto de estudos, afastando qualquer possibilidade de ser influenciado por sua opinião ou posição pessoal em relação ao objeto investigado. Isso não significa que o pesquisador não possa ter opinião pessoal sobre os fatos estudados, que não possa ter preferência política. O que Durkheim acentua é que o pesquisador não pode se deixar influenciar por suas preferências ao analisar os fatos sociais. Durkheim (2008, p. 13) acentua que a coerção social está em tudo, tanto manifestada na forma de lei, como nos códigos sociais ou nas regras morais, no crime, na violência, na forma de se vestir, de se alimentar, no comportamento em público, cabendo ao indivíduo acatar. Nesse sentido, Durkheim alerta que até mesmo o que pensamos é produto da sociedade, por receber influências externas. A moral é outro aspecto que ocupa espaço importante na teoria durkheimiana, a partir da constatação de que os problemas da sociedade da época não poderiam ser percebidos apenas como desdobramentos de uma crise econômica, mas de uma crise moral. Para Quintaneiro, Barbosa e Oliveira (2002, p. 87) esse aspecto da teoria de Durkheim faz sentido, pois a moral é compartilhada socialmente; portanto, ela é formada por um conjunto de valores e normas, sendo aceita coletivamente por expressar a noção de dever e por constituir uma espécie de obrigação ao indivíduo. Por exemplo, é com base na moral que se estabelecem os julgamentos, tanto de opinião pública, como nos tribunais, pois a moral significa seguir o caminho do bem coletivo. Para aprender um pouco mais sobre Émile Durkheim e sua contribuição para a sociologia, veja o vídeo disponível na Midiateca da disciplina. Considerações finais Nesta aula, apresentamos alguns aspectos relacionados às contribuições de Durkheim para a sociologia. Abordamos o conceito de fato social, que, segundo Durkheim, consiste no objeto de estudo da sociologia. Também foram apresentadas as características do fato social, contextualizadas por meio de exemplos, por meio dos quais procuramos aproximar teoria e prática. Além disso, foram apresentados alguns aspectos sobre as regras do método sociológico desenvolvido por Durkheim. Durkheim embasa sua teoria na ideia de que a sociedade forma os indivíduos; portanto, esses atuam sob as regras e as normas coletivas. Esse aspecto fica muito evidente na sua conceituação de sociologia, considerada a ciência das instituições, da sua gênese e do seu Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Análise de Contextos e Desafios Contemporâneos 6 funcionamento; na verdade, Durkheim indica que, no pano de fundo das instituições sociais, pairam todas as crenças, todos os comportamentos instituídos pela coletividade, o que é reforçado a partir da sua teoria da superioridade da sociedade em relação ao indivíduo. Lembre-se de que a teria de Durkheim tem suas origens na filosofia positivista; para tanto, aborda a razão e a ciência como fatores determinantes à explicação dos fenômenos sociais, opondo-se às explicações de caráter empirista e emocional. Dessa forma, Durkheim destaca a necessidade fundamental de primeiramente organizar a sociedade para, em seguida, compreendê-la. Uma das análises que podemos fazer sobre as contribuições de Durkheim para a sociologia e para a sociedade relaciona-se com a sua ideia central, de que a sociedade é maior que os indivíduos; portanto, estes devem ser moldados por ela. De outra forma, reduzido aos preceitos individuais, o homem não seria distinto dos demais animais, isto é, não seria um homem, pois não poderia ser considerado um ser social, mesmo com sua capacidade de pensar por meio de conceitos. São os conceitos, na lógica de Durkheim, que representam o pensamento da sociedade, o que justifica o caráter universal e impessoal que possuem. Referências DURKHEIM, Émile. As regras do método sociológico. 10. ed. Lisboa: Presença, 2008. GIL, Antonio Carlos. Sociologia geral. São Paulo: Atlas, 2011. MARTINS, Carlos Benedito. O que é sociologia. 32. ed. São Paulo: Editora Brasiliense, 1993. PAIXÃO, Alessandro Eziquiel da. Sociologia geral. Curitiba: Intersaberes, 2012. QUINTANEIRO, Tania; BARBOSA, Maria Ligia de Oliveira; OLIVEIRA, Márcia Gardênia Monteiro. Um toque de clássicos: Marx, Durkheim e Weber. 2. ed. rev. ampl. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2002. Análise de Contextos e Desafios Contemporâneos Aula 05 O papel do trabalho na articulação dos indivíduos dentro das sociedades capitalistas, a partir da análise de Durkheim Objetivos Específicos • A articulação entre indivíduos na estrutura social capitalista. Temas Introdução 1 A divisão social do trabalhocomo elemento de manutenção do equilíbrio social 2 Tipos de solidariedade social Considerações finais Referências Antonio Marcos Feliciano Professor Autor Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Análise de Contextos e Desafios Contemporâneos 2 Introdução O contexto social vivido por Émile Durkheim passava por intensas transformações resultantes de sucessivas crises, sendo a maior delas, na visão dele, a crise moral. Essa crise se manifestava de forma contundente na geração de conflitos entre classes sociais, reforçada pela falta de ação das instituições sociais, tais como: a religião, o estado e a família. Como sabemos, Durkheim considera a sociedade como maior que os indivíduos, e a responsável por moldá-los, atribuindo, assim, a origem do fato social à sociedade e não aos indivíduos. Na sua visão, a sociedade pode ser comparada a um corpo vivo, em que cada parte cumpre com a sua função, como as células, mantendo o todo social. As partes não têm vida própria, mas criam uma relação harmônica de interdependência; dessa forma, necessitam manter relações harmônicas para garantir o equilíbrio do corpo social. E esse equilíbrio se torna relevante para a continuidade do modelo social. Depois da Revolução Industrial e da Revolução Francesa, a sociedade caracterizou- se por uma redução na eficácia de determinadas instituições anteriormente integradoras, como a religião e a família, já que as pessoas passaram a se agrupar segundo suas atividades profissionais. A família não era mais vista como uma unidade indivisível, perdendo sua influência sobre a vida privada de seus membros e da comunidade. Por outro lado, o Estado se distanciou das pessoas, aprofundando a individualidade, criando limites perigosos à coesão social. Nesse contexto, a divisão do trabalho social é abordada por Durkheim não apenas pelo viés da especialização econômica como um fato criado pela sociedade capitalista mas também como um instrumento de freio moral, existindo nas diferentes instâncias e instituições da sociedade. Durkheim apresenta a divisão do trabalho como um mecanismo de integração social capaz de produzir solidariedade, visto que é estabelecida pela relação de interdependência no trabalho entre os indivíduos, oferecendo sentido às ações individuais no conjunto da sociedade, facilitando as relações entre indivíduos e entre estes e as instituições sociais. Apresentaremos alguns novos conceitos de Durkheim, como o de anomia social, o de solidariedade mecânica e orgânica. Também iremos observar que a divisão do trabalho social cumpre, no escopo da teoria de Durkheim, o importante papel de articulação entre indivíduos e desses com a sociedade, por meio de relações interdependentes dos trabalhadores a partir da vocação profissional. 1 A divisão social do trabalho como elemento de manutenção do equilíbrio social Na visão de Durkheim (1999, 2008), a coesão social é fundamental para que os indivíduos partilhem dos mesmos códigos sociais e morais. Nesse sentido, a coesão social passa a ser percebida como uma necessidade para que sua ordem seja mantida. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Análise de Contextos e Desafios Contemporâneos 3 As instituições, como a religião, o estado e a família, são essenciais para que a sociedade molde os indivíduos, visando a seu relacionamento solidário; afinal, se permitirem que as pessoas exercitem excessivamente a individualidade, o equilíbrio social se tornará vulnerável, permanecendo à mercê dos caprichos e das vontades individuais. Quintaneiro, Barbosa e Oliveira (2002, p. 69), afirmam que, no âmbito da teoria durkheimiana, a sociedade tem vida própria, sendo um ente superior que antecede e sucede os indivíduos, que não depende destes e possui sobre eles uma autoridade que, apesar de constrangê-los, eles amam. É a sociedade que concede a humanidade aos indivíduos. Nessa direção, a sociedade deve procurar, permanentemente, revigorar a moral para que os indivíduos, em atividades coletivas, tenham fortalecidas suas relações sociais, fazendo renascer crenças e valores sociais compartilhados em cada um deles. Assim, Durkheim (2008) alerta para a necessidade da ação das instituições sobre os indivíduos com o objetivo de manter a coesão social e os padrões morais. Para Durkheim (1999, p. 18), moral é tudo o que é fonte de solidariedade, tudo o que força o indivíduo a contar com seu próximo ou a regular seus movimentos com base em outra coisa que não os impulsos de seu egoísmo, e a moralidade é tanto mais sólida quanto mais numerosos e fortes são esses laços. Nesse sentido, Durkheim apresenta a solidariedade como aspecto responsável pela coesão social, capaz de unir indivíduos e grupos e de estabelecer a boa relação entre eles e as instituições sociais. Quintaneiro, Barbosa e Oliveira (2002, p. 70) consideram que Durkheim parte da ideia de que há duas consciências no ser humano. Uma é individual, representa a individualidade, “nós com nós mesmos”. A segunda consciência é a coletiva, baseada em crenças e valores sociais. E ambas as consciências devem ser objeto de ação das instituições sociais, como a religião, o Estado e a família. São essas duas consciências que facilitam a articulação entre os indivíduos, e entre eles com as instituições da sociedade, criando condições à coesão social a partir do espírito solidário estabelecido entre esses atores. Segundo Durkheim (1999, p. 74), a consciência coletiva corresponde ao conjunto de crenças e sentimentos comuns à média dos membros de uma mesma sociedade, formando um sistema que tem vida própria. A partir dessa definição, podemos afirmar que a consciência coletiva deve ser maior que a individual, pelo fato de que, por meio da primeira, amplia- se a possibilidade de maior coesão entre os participantes da sociedade, formada a partir da congregação entre consciências particulares em torno de uma consciência comum, criando uma espécie de relação de interdependência entre as consciências individuais. Dessa forma, a consciência individual deve ser menor para que os interesses particulares não se sobreponham aos coletivos. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Análise de Contextos e Desafios Contemporâneos 4 Durkheim deposita na divisão do trabalho social um importante mecanismo à coesão social, facilitado pela solidariedade existente entre os indivíduos a partir da especialização de seus papéis no trabalho. Por exemplo, no atual momento de especialização das profissões, temos: advogados, médicos, engenheiros, padeiros, cozinheiros, policiais, professores, entre outros. E essa especialidade é o que cria neles uma dependência forte o suficiente para manter um alto grau de solidariedade. O que Durkheim quer dizer é que o padeiro precisa do médico e vice-versa, que estes precisam do professor, que precisa do motorista, que necessita do policial, e assim sucessivamente; e essa dependência acaba estabelecendo relações fundamentadas na complementação das funções individuais em sociedade, mantidas a partir da vocação profissional desses indivíduos. 2 Tipos de solidariedade social Conforme Gil (2011, p. 29), Durkheim define na obra Da Divisão do Trabalho Social, dois tipos de solidariedade social, quais sejam: a solidariedade mecânica e a solidariedade orgânica. O conceito de solidariedade torna-se importante nessa obra de Durkheim porque ele acreditava que a integração social seria encontrada mediante a interdependência entre os indivíduos, consolidada pela solidariedade social. • Solidariedade mecânica: esse tipo de solidariedade corresponde às sociedades tradicionais, pré-capitalistas, marcadas por ampla homogeneidade social. Nelas, as culturas tradicionais partilham de crenças e valores comuns, cujo controle de padrões morais era estabelecido principalmente pela religião ou pelo poder do clã ou da nobreza, havendo pouco espaço para divergências. Nessas culturas, há baixa divisão do trabalho. Segundo Quintaneiro, Barbosa e Oliveira(2002, p. 73), nesse processo, há uma aproximação entre os membros que formam a sociedade, em que a vida social generaliza-se, reduzindo os vácuos morais que separavam as pessoas. • Solidariedade orgânica: esse tipo de solidariedade é típico da sociedade capitalista industrializada, supondo uma maior complexidade social e acentuada divisão do trabalho. Com a alta especialização da sociedade capitalista, ocorre a ampliação da divisão do trabalho, havendo a necessidade de criação de um sistema com base em direitos e deveres a serem respeitados pelos indivíduos. Para Quintaneiro, Barbosa e Oliveira (2002, p. 74), a solidariedade orgânica institui um processo de individualização dos membros em sociedade que passam a ser solidários por terem uma esfera própria de ação, promovendo uma interdependência entre todos e cada um dos demais membros. Nessa direção, a função da divisão do trabalho consiste em: “[...] integrar o corpo social, assegurando-lhe a unidade”. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Análise de Contextos e Desafios Contemporâneos 5 O que faz com que os homens mantenham-se em sociedade, ou seja, por que os agrupamentos humanos não costumam desfazer-se facilmente e, ao contrário, desenvolvem mecanismos para lutar contra ameaças de desintegração? Como “pano de fundo” dessa discussão, sobretudo associada ao contexto do surgimento da sociologia, podemos apresentar a ideia de que a existência da vida em sociedade depende da sua capacidade de organização, que define sua preservação. A falta de organização na sociedade apresenta-nos outro conceito, o de anomia social, que, segundo Quintaneiro, Barbosa e Oliveira (2002, p. 83), consiste na manifestação social de desregramento e de insatisfação que leva ao descumprimento dos deveres individuais, tornando precária a vida e os relacionamentos sociais, promovendo um corte nos laços sociais entre os indivíduos. Nessa visão, podemos afirmar que a anomia social é um fenômeno típico da sociedade capitalista, porque ocorre pelo exercício excessivo da individualidade. A título de exemplo, podemos citar o caso da Síria, país que vive em meio a uma guerra civil, em que as instituições sociais deixaram de cumprir com o seu papel, e onde o individualismo está sendo praticado ao extremo. Nessas condições, ocorre um imenso fluxo migratório, porque os cidadãos preferem deixar o país, passando a morar em acampamentos de refugiados. Podemos também citar com exemplo o Brasil, em que as instituições, mesmo diante de uma grave crise econômica e de uma crise moral, mantêm-se atuantes, cumprindo com o papel de responder, ainda que vagarosamente, aos anseios da sociedade. No Brasil, a sociedade mantém suas relações com as instituições que a representa, fato que parece não ocorrer na Síria, onde as instituições perderam completamente a legitimidade social. Preocupado com a coesão social, Durkheim (1999) percebeu que a divisão do trabalho social possui a função de produzir a solidariedade criando uma espécie de pacto de convivência, partindo da ideia de que os indivíduos aceitam um lugar social desde que haja uma ordem social e que essa conduza todos, em iguais condições, a um sistema justo e equilibrado de relações na sociedade. Constituindo a divisão do trabalho social em um fato social, seu principal efeito implica aumentar o rendimento econômico das funções divididas e produzir solidariedade entre os indivíduos em sociedade. Se isso não acontece, é sinal de que as instituições sociais não estão cumprindo o seu papel, e estão deixando de garantir o equilíbrio da sociedade, abrindo espaço para os riscos da anomia social. Mais uma vez, é possível observarmos, conforme apresenta Durkheim (1999, p. 18), que a divisão do trabalho tem um importante papel no sistema moral, tornando a sociedade possível, fortalecendo os laços de relacionamento entre os atores sociais, e permitindo a Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Análise de Contextos e Desafios Contemporâneos 6 articulação entre os indivíduos e entre estes e a sociedade. Dessa forma, Durkheim afasta a possibilidade de a divisão do trabalho social ter o papel econômico na sociedade capitalista. Para você entender um pouco mais sobre a solidariedade na perspectiva de Durkheim, e também sobre os tipos de solidariedade social, assista ao vídeo disponível na Midiateca desta disciplina. Considerações finais Nesta aula, apresentamos alguns conceitos sociológicos de Durkheim. Vimos, por exemplo, os diferentes tipos de solidariedade, a mecânica e a orgânica, incluindo o papel de cada uma na sociedade. Vimos que a solidariedade orgânica é típica da nossa sociedade, a capitalista, na qual as relações de trabalho são complexas, principalmente pela especialização dos indivíduos, e esse aspecto torna as pessoas interdependentes, mantendo a coesão social. E, na visão de Durkheim, essa coesão se torna fundamental para que a sociedade mantenha- se constantemente equilibrada no curso do progresso. Essa solidariedade social baseada na interdependência entre os indivíduos é percebida por Durkheim como fruto da especialização no trabalho, ocorrendo da seguinte forma: com o aprofundamento do sistema capitalista, os trabalhadores tornaram-se especialistas, e é esse alto grau de especialização que facilita a solidariedade entre os indivíduos, evitando o exercício excessivo da individualidade. Dessa forma, torna-se simples perceber a ação solidária entre os profissionais. Por exemplo: para fazer reparos na sua casa, você deve contratar um marceneiro, um pedreiro, um encanador ou um eletricista, mas esses profissionais dependem de um engenheiro que definirá o projeto de reforma. E esse engenheiro depende do padeiro para se alimentar, que dependem de um policial para garantir segurança, que dependem do médico, do advogado, enfim, é estabelecida uma cadeia de dependência relativamente harmônica, baseada na vocação profissional. Você compreendeu, ainda, que a ausência de solidariedade tende a afetar perigosamente o equilíbrio da sociedade, a partir do rompimento dos laços individuais, e consiste em uma das características da anomia social. Esses são alguns exemplos que ilustram como é possível ler os fenômenos que ocorrem na sociedade a partir das contribuições oferecidas por Durkheim. O texto apresentado explicita, também, a relevância dos relacionamentos entre os indivíduos e desses com as instituições sociais, enaltecendo o trabalho como mecanismo na articulação entre os participantes da sociedade. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Análise de Contextos e Desafios Contemporâneos 7 Referências DURKHEIM, Émile. As regras do método sociológico. 10. ed. Lisboa: Presença, 2008. ______. Da divisão do trabalho social. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999. GIL, Antonio Carlos. Sociologia geral. São Paulo: Atlas, 2011. QUINTANEIRO, Tania; BARBOSA, Maria Ligia de Oliveira; OLIVEIRA, Márcia Gardênia Monteiro. Um toque de clássicos: Marx, Durkheim e Weber. 2. ed. rev. ampl. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2002. Análise de Contextos e Desafios Contemporâneos Aula 06 Indivíduo X Sociedade Objetivos Específicos • A importância das instituições e a tensão entre indivíduo e instituições no desenvolvimento das dinâmicas sociais. Temas Introdução 1 Aspectos relevantes na dinâmica social e mediadores do conflito em sociedade 2 O poder na sociedade Considerações finais Referências Antonio Marcos Feliciano Professor Autor Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Análise de Contextos e Desafios Contemporâneos 2 Introdução Max Weber considera o indivíduo e suas ações para fazer sua análise da sociedade. Ao contrário de Durkheim, não acredita na sociedade como algo exterior e superior aos indivíduos. Weber argumenta que a sociedade se desenvolve a partir da ação que o indivíduo pratica, orientado pela ação de outros indivíduos. Assim, somente existe ação social quando o indivíduo estabelece algum tipo de comunicação,
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